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Excelentíssimo senhor doutor juíz federal da 200ª vara do trabalho de São Paulo

Autos nº01010101-50.2020.5.02.0200

AUDITORIA PENTE FINO S/A, ja qualificado nos autos em epígrafe, neste ato representado por seu advo-
gado, abaixo assinado, com endereço profissional a R. ………., na cidade de ……., estado ….., vem respei-
tosamente a presença da Vossa Excelência, com fulcro no art. 847 da CLT aprestar

CONTENTAÇÃO

Em reclamatoria trabalhista movida por ERICA GRAMA VERDE, também ja qualificada nos autos, o que faz
bons seguintes termos.

DAS PRELIMINARES
DA PRESCRIÇÃO
A reclamante foi admitida em 29/09/2011 e trabalhou para o reclamado ate 07/01/2020. Ocorre que logo
após a extinção contratual ajuizou demanda, em 30/02/2020.
Prevê o art. 11 da CLT que as verbas trabalhistas prescreverão em 5 anos contados do ajuizamento da
ação. Assim, há que se reconhecer que as verbas anteriores a 30/01/2015 encontram-se prescritas.

DA INCOMPETÊNCIA MATERIAL
A Reclamante pleiteou o recolhimento do INSS não realizado pela Reclamada,
referente aos anos 2018 e 2019.
O artigo 114, VIII, da Constituição Federal de 1988 estabelece a competência da
justiça do trabalho para as contribuições previdenciárias decorrentes das
sentenças que proferir.
O artigo 114, VIII, da Constituição Federal de 1988 estabelece a competência da
justiça do trabalho para as contribuições previdenciárias decorrentes das
sentenças que proferir.
No exposto, a Reclamante quer discutir o não recolhimento do INSS pela
Reclamada referente aos anos de 2018 e 2019 na presente Reclamação
Trabalhista, junto à Justiça do Trabalho, porém a Justiça do Trabalho não é
competente para julgar questões referentes às contribuições previdenciárias,
salvo as decorrentes de suas sentenças condenatórias. Nesse caso, a competência
para tratar dessa questão é a Justiça Federal Comum.
Logo, resta configurada a incompetência absoluta da Justiça do Trabalho para
julgas as questões referentes às contribuições previdenciárias pleiteadas pela
Reclamante, devendo os autos serem remetidos para o juízo competente,
conforme disposto no art. 64 § 3º do Código de Processo Civil.

DA INÉPCIA: EQUIPARAÇÃO SALARIAL


A Reclamante pleiteia a equiparação salarial com a funcionária da Reclamada,
Silvana Céu Azul, sob a alegação de realizarem as mesmas atividades.
Apesar de expor o desejo de equiparação salarial ao narrar os fatos na causa de
pedir, na inicial, a Reclamante não coloca entre seus pedidos, a equiparação
salarial.
Segundo o artigo 330, § 1ª, II, do Código de Processo Civil, a petição inicial será
considerada inepta quando o pedido for genérico, salvo exceções.
O pedido de equiparação salarial pleiteado pela Reclamante é considerado
indeterminado, pois é citado esse suposto direito na narrativa fática, porém o
mesmo não consta nos pedidos, ou seja, há causa de pedir sem pedido.
Com base no exposto, requer o indeferimento da presente ação trabalhista com
base no artigo 330, § 1ª, II, do Código de Processo Civil, pois há causa de pedir,
sem pedido, razão pela qual requer a extinção do processo sem resolução do
mérito quanto a este pedido, nos termos do artigo 485, I, do CPC.
Civil.

DA PREJUDICIAL DE MÉRITO: PRESCRIÇÃO QUINQUENAL


A prescrição é a perda da exigibilidade do mérito, podendo ser bienal, (aquela em
que o empregado tem o prazo de 2 anos contados da extinção contratual para
ajuizar a Reclamação Trabalhista), e quinquenal, (aquela em que o empregado só
poderá discutir os últimos 5 anos retroativos trabalhados contados do
ajuizamento da ação), a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988,
em seu artigo 7º, XXIX, prevê esses 2 tipos de prescrição, incidentes na
Reclamação Trabalhista.

DO MÉRITO
DAS HORAS EXTRAS
A Reclamante requereu a condenação da Reclamada ao pagamento de horas
extras referente à sua jornada de trabalho, qual seja, de segunda-feira a sábado
das 08 às 20 h com intervalo de 1 h para refeição, porém a Reclamante não faz
jus a essas horas extras de acordo com o artigo 62, II, e parágrafo único, da CLT.
Para enquadramento do empregado que exerce cargo de confiança na regra do
artigo 62 da CLT, é preciso que o seu salário, compreendendo a gratificação de
função, seja igual ou superior ao seu salário básico acrescido de 40% de seu
valor, conforme o parágrafo único.
A Reclamante recebia R$ 20.000,00 (vinte mil reais), de salário acrescido de R$
10.000,00 (dez mil reais), de gratificação de função, totalizando R$ 30.000,00 (trinta mil reais) mensais, lo-
go, se enquadrando na regra do artigo 62 e, portanto,
não se aplica o pagamento de horas extras.
Diante do exposto, requer a improcedência do pedido de pagamento de horas
extras conforme o artigo 62, II, e parágrafo único, da CLT.

DA INDENIZAÇÃO DE 40% SOBRE O FGTS


A Reclamante está pleiteando o pagamento da indenização de 40% sobre o FGTS
depositado. De acordo com o artigo 18, § 1º da lei 8.036/90, (Lei do FGTS), o
empregador deverá depositar o equivalente a 40% do montante de todos os
valores de FGTS já depositados, acrescidos de juros, na conta vinculada ao
trabalhador no FGTS, em caso de demissão sem justa causa, porém a
Reclamante, por iniciativa própria, solicitou à Reclamada a extinção de seu
contrato de trabalho, não se enquadrando, portanto, na regra do artigo 18.
Diante do exposto, requer a improcedência do pedido de pagamento de
indenização referente aos 40 % do FGTS.

DA INTEGRAÇÃO DOS PRÊMIOS


A Reclamante requereu a integração em sua remuneração de valores dos prêmios
recebidos em pecúnia a partir de 2018, porém o artigo 457, § 2º, da CLT,
estabelece que as importâncias pagas em pecúnia a título de prêmio não integram
a remuneração do empregado e, consequentemente, não serão incorporados ao contrato de trabalho, e não
servirão de base para qualquer encargo de natureza
trabalhista e previdenciária.
Diante exposto, requer a improcedência do pedido de integração dos prêmios
à remuneração da Reclamante e de sus reflexos nas verbas salariais e rescisórias,
com o pagamento das eventuais diferenças recorrentes da integração, conforme o
artigo 457, § 2º, da CLT.

DA EQUIPARAÇÃO SALARIAL
A Reclamante pleiteia a equiparação salarial com a funcionária da Reclamada,
Silvana Céu Azul, sob a alegação de realizarem as mesmas atividades.
Para a realização da equiparação salarial, é preciso apreciar os artigos 460 e 461
da CLT.
É importante destacar que, com base no princípio da eventualidade, contesta-se o
pedido de equiparação salarial, no caso de não acolhimento da preliminar de
inépcia.
Os requisitos para equiparação salarial são cumulativos, ou seja, todos os
requisitos devem ser preenchidos, a falta de um deles, impede a equiparação.
Nesse sentido, o art. 461 da CLT e da Súmula n. 6 do TST.
A Reclamante, apesar de exercer a mesma função, (gerente de auditoria de
médias empresas), prestar serviços de igual valor, na mesma localidade e a
mesma e ao mesmo empregador que a funcionária paradigma, (Silvana Céu
Azul), a diferença de tempo na função entre elas é superior a 02 anos.Diante do exposto, com base
no princípio da eventualidade, requer a improcedência do pedido de equiparação salarial, haja vista o
não preenchimento de todos os requisitos, pois a diferença
de todos os requisitos, pois a diferença de tempo na função entre elas é superior a
02 anos, conforme os artigos 460 e 461, da CLT.
DO ADICIONAL DE PERICULOSIDADE
A Reclamante requereu pagamento de adicional de insalubridade por trabalhar ao
lado de uma comunidade muito violenta, por ter escutado barulhos de disparo de
arma de fogo e por ter assistido de sua janela a várias operações policiais no
local.
A CLT, no seu artigo 193, traz um rol de atividades consideradas perigosas,
reconhecendo ao empregado que exerça qualquer uma delas, o direito do
recebimento do adicional de periculosidade de 30 %.
A Reclamante não exercia nenhuma atividade ou operação perigosa prevista na
legislação trabalhista brasileira, CLT, e por isso não fazia jus ao recebimento do
adicional de periculosidade, conforme o artigo 193, da CLT.

DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS


A Reclamante requereu o pagamento de honorários advocatícios de 20% sobre o
valor da condenação com base no artigo 85, § 2º do Código de Processo Civil
Brasileiro.
É importante destacar que o Código de Processo Civil Brasileiro somente é
aplicado ao Direito Processual do Trabalho de forma supletiva e subsidiária, no
que for compatível com as regras trabalhistas, conforme o artigo 15 do CPC.
Com base nisso, entende-se que o CPC só será aplicado ao processo trabalhista
em caso de omissão da CLT.No entanto essa omissão não existe no caso em tela,
pois a CLT prevê expressamente o regramento de incidências dos honorários
advocatícios em seu artigo 791-A, caput, estabelecendo como porcentagem
mínima 5% e máxima 15%.
Logo, no presente caso, não incidirá o disposto no CPC, mas sim o disposto na
CLT, sobre os honorários advocatícios.
Com base no exposto, requer a limitação dos honorários advocatícios
sucumbenciais em 15%, conforme o artigo, artigo 791-A, caput, da CLT.

DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer;
a) O acolhimento da preliminar de incompetência absoluta em razão da matéria e
a remessa imediata dos autos ao juízo competente, para uma das Varas de Justiça
Federal Comum da Comarca de São Paulo /SP, conforme o artigo 64, § 3º, do
CPC;
b) O acolhimento da preliminar de inépcia quanto ao pedido de equiparação
salarial, pela existência de causa de pedir sem pedido, extinguindo-se o processo
sem julgamento do mérito, nos termos do artigo 485, I, do CPC;
c) O acolhimento da prejudicial de mérito quanto a declaração da prescrição
quinquenal sobre os supostos direitos anteriores a 30/01/2015;
d)A total improcedência dos pedidos da autora constantes na presente
Reclamação Trabalhistas, quais sejam:
I) o pagamento de horas extras, conforme o artigo 62, II e parágrafo único, da
CLT;
II)o pagamento da indenização de 40% sobre o FGTS, conforme o artigo 18, §1º,
da lei 8036/90 c/c artigo 9º,1º do Decreto 99684/90;
III)o pedido de integração dos prêmios à remuneração da Reclamante, conforme
o artigo 457, § 2º, da CLT;
IV) pedido de equiparação salarial, em razão do princípio da eventualidade,
conforme os artigos 460 e 461, ambos da CLT;
V) pagamento de adicional de periculosidade, conforme o artigo 193, da CLT,
VI) a limitação dos honorários advocatícios sucumbenciais em 15%, observando-
se a regra do artigo 791-A, da CLT, e não o artigo 85, §2º do CPC.
e) A condenação da Reclamante em honorários advocatícios, conforme o artigo
791-A, da CLT;
f) Protesta provar o alegado por todos os meios admitidos em direito.

Da conclusão
Ante todo exposto, pugna-se pelo deferimento das preliminares, e no mérito que a ação seja julgada total-
mente improcedente.
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito.
Termos em que,
Pede deferimento.
Loca, data.
Advogado/OAB

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