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DIREITO DO TRABALHO E PROCESSO DO TRABALHO

PETIÇÃO INICIAL

Livro Eletrônico
DIREITO DO TRABALHO E PROCESSO DO TRABALHO
Petição Inicial

Sumário
Maria Rafaela

Apresentação. . .................................................................................................................................. 3
Petição Inicial. . .................................................................................................................................. 4
1. Petição Inicial: Como Fazer? O Passo a Passo....................................................................... 4
2. Petição Inicial: Como Já Foi Cobrado na Prova da OAB?...................................................... 6
3. Petição Inicial: Resolução de uma Prova Já Cobrada na Prova da OAB. . .......................... 8
4. Petição Inicial: Peça Inédita e Dicas de Resolução.. ............................................................15
5. Direito Material: a Relação de Emprego e Dicas Doutrinárias Essenciais para
Revisão e para Auxiliar na Resolução de Provas Subjetivas................................................ 23
6. Resolução de Questões da Prova de 2021. . .......................................................................... 36
7. Enunciado das Questões da Prova Prática Processual de 2019...................................... 39
8. Resolução de Questões da Prova de 2022........................................................................... 41
9. Enunciado e Dicas de Resolução das Questões da Prova Prática Processual de
2021.2................................................................................................................................................ 45
10. Enunciado e Dicas de Resolução das Questões da Prova Prática Processual de
2022..................................................................................................................................................46
Resumo............................................................................................................................................. 50
Mapas Mentais............................................................................................................................... 52
Referências...................................................................................................................................... 53

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a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

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DIREITO DO TRABALHO E PROCESSO DO TRABALHO
Petição Inicial
Maria Rafaela

Apresentação
Olá!
Tudo bem contigo? Estudando firme e forte?
Eu vou me apresentar. Meu nome é Maria Rafaela de Castro. Atualmente sou Juíza do Tra-
balho no TRT 7a Região, doutoranda em Ciências Jurídicas pela Faculdade de Direito do Porto
em Portugal, professora de preparatórios e faculdades aqui no Ceará, “a Terra do Sol” e faço
parte do Time do GRAN CURSOS.
Registro que estou muito feliz em estar aqui escrevendo esse livro digital para você atingir
o sucesso na carreira que sonha, pois a advocacia é uma belíssima carreira para os fortes.
O mais importante da minha apresentação é para te dizer que eu entendo sua dor e pressa
para ser aprovado na OAB. Também entendo que você quer o máximo de informações de for-
ma objetiva e clara, sem rodeios e que quer gabaritar a prova, bem como entender as nuances
da legislação. Veio ao lugar certo. Isso porque a maioria não tem muito tempo para estudar,
seja porque trabalha, faz estágio, tem aulas na faculdade, aquela preocupação com o TCC etc.
Eu te parabenizo por você estar lendo este material, pois isso significa que você foi aprova-
do na 1ª fase da OAB. Então, você já está com 50% da vitória. Vamos nos dedicar mais um pou-
co com a leitura dos nossos materiais, pois vai dar certo se houve compromisso e empenho.
Eu e toda a equipe do Gran estamos aqui para te dar o máximo de dicas, teorias, exercícios,
respondendo questões de provas anteriores e criando questões inéditas para que você sur-
preenda a Banca examinadora e não, o contrário.
Nesse ponto, esse material vai te ajudar a chegar ao êxito final e já estou feliz e motivada
em elaborar isso para você. Sendo assim, estude a matéria de direito do trabalho num formato
diferente.
E acredite: saber direito do trabalho é imprescindível para a sua aprovação. Não é possível
ir para as provas sem ler esse material. Então, aproveite!
Espero que você goste do que vamos estudar e do material a seguir. Por favor: material
obrigatório! Então, pegue sua xícara de café (ou melhor, uma garrafa térmica gigante), o marca
texto, a caneta e se programe para ler tudo que preparei para você e ficar ligado no curso GRAN.
Por gentileza, se você curtiu essa aula, dê um feedback positivo lá no Fórum do Aluno. Se
tiver críticas construtivas, também use o fórum para melhorarmos o material, ok?
Vamos começar?
Maria Rafaela de Castro
@mrafaela_castro
@juizamariarafaela

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Petição Inicial
Maria Rafaela

PETIÇÃO INICIAL
1. Petição Inicial: Como Fazer? O Passo a Passo
A petição inicial é o instrumento da demanda e é ato inicial do processo. Portanto, precisa
preencher alguns requisitos obrigatoriamente. Na prova da OAB e na sua vida prática, é prefe-
rível apenas citar fontes e dispositivos, sem transcrições desnecessárias.
A redação deve ser mais clara e de fácil acesso. É preciso apontar os fatos realmente im-
portantes com os pedidos correlatos. Como requisitos devemos constar:
1. Endereçamento da petição inicial. A petição inicial deve indicar o juízo, o órgão ao qual
é dirigida no artigo 840 da CLT e artigo 319 do CPC. Aqui também você firma a competência
do juízo. Então o direcionamento, a depender da competência, pode ser direcionado ao juiz de
primeiro grau ou de tribunal. É preciso conhecer a competência originária.
2. Qualificação das partes. Deve indicar os dados pessoais mais importantes. Caso o autor
não dispuser dos dados de qualificação do reu, deve requerer ao juiz as diligências necessárias
a sua obtenção.
3. Exposição dos fatos e formulação de pedidos com os fundamentos jurídicos. É essen-
cial que apresente os fatos que embasam o pedido. O pedido deve ser formulado com as suas
especificações, nos termos do artigo 840 da CLT e artigo 319 do CPC.
4. Assinatura. Não pode constar a sua assinatura, sob pena de zerar a prova. Você deve
constar apenas o nome ADVOGADO.

O PULO DO GATO
Não assine na prova! Não ponha seu nome em nenhum lugar da prova! O caderno de textos de-
finitivos da prova prático-profissional não poderá ser assinado, rubricado e/ou conter qualquer
palavra e/ou marca que o identifique em outro local que não o apropriado (capa do caderno),
sob pena de ser anulado. Assim, a detecção de qualquer marca identificadora no espaço des-
tinado à transcrição dos textos definitivos acarretará a anulação da prova prático-profissional
e a eliminação do examinando. Ao texto que contenha outra assinatura, será atribuída nota 0
(zero), por se tratar de identificação do examinando em local indevido.

Na peça processual, não assine a prova. O que fazer? Quando da realização das provas prá-
tico-profissionais, caso a peça profissional e/ou as respostas das questões discursivas exijam
assinatura, o examinando deverá utilizar apenas a palavra “ADVOGADO...”.
5. Valor da causa. Aqui observar sobre a liquidação dos pedidos. Isso porque o valor da cau-
sa corresponde ao benefício econômico que o autor pretende obter. Em caso de vários pedidos
como é a regra trabalhista, deve-se somar todos os valores para fixação do valor da causa.

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Petição Inicial
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6. Requerimentos de provas e citação. O artigo 319 do CPC determina que a inicial deve
constar a indicação das provas para demonstrar a verdade dos fatos. No entanto, a CLT dispen-
sa esse requerimento.
7. Documentos indispensáveis à propositura: normas coletivas por exemplo. Isso está pre-
visto no artigo 787 da CLT e artigos 320 e 321 do CPC. A petição inicial deve ser acompanhada
dos documentos em que se fundar.
8. Tutela provisória. Se houver urgência no pedido, deve-se abrir um tópico para fins de pe-
dir seja a tutela de urgência ou de evidência, observando no momento da prova a inteligência
do artigo 311 do CPC.

 Obs.: Acerca das situações em que, na petição inicial, pode ter pedido de tutela de urgência
ou de evidência, podemos dar como exemplos: liberação do FGTS e seguro desem-
prego; reintegração em caso de garantia provisória de emprego. Também pode ser no
caso de reintegração em caso de dispensa discriminatória. Também pode pedir multa
diária ou astreintes. No pedido de tutela, você deve demonstrar se preenche os requi-
sitos legais. Não pode simplesmente colocar o dispositivo e requerer. Deve ser algo
mais concreto até para o examinador saber que você consegue aplicar a teoria com
a prática.

9. Requerimento de gratuidade judicial. Lembre-se da Reforma Trabalhista, principalmente,


observando o valor da remuneração do trabalhador, para fins de encaixar com o direito de gra-
tuidade inferior a 40% do maior benefício pago pelo INSS. Aqui se observa o teor do Art. 790,
§ 3º, da CLT.
10. Deverá ser requerido o pagamento de honorários advocatícios, conforme o Art. 791-A da
CLT. No caso, pode exigir o percentual máximo, principalmente, diante da Reforma Trabalhista.
Dicas para a sua petição inicial:
1. Frases curtas.
2. Frases diretas.
3. Detalhar todos os fatos.
4. Fazer a correspondência dos fatos e dos pedidos.
5. Evitar transcrição dos dispositivos legais, bastando para o examinador apenas citar e
fazer o correspondente com a Súmula ou OJ do TST. O examinador não se importa com a
transcrição.
6. Fazer sempre referência à CF/88 quando houver previsão do tema.
7. Em processo do trabalho, você pode aplicar subsidiariamente o CPC. Então sempre ficar
com ele por perto.
Com base nisso, vamos acompanhar com o mapa mental:

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Petição Inicial
Maria Rafaela

Documentação essencial

Se existe pedido de tutela provisória -


narrativa dos pressupostos
Qualificação das partes

Correspondente dispositivo legal e REQUISITOS DA


súmulas / OJ do TST Endereçamento do juízo
PETIÇÃO INICIAL

Narrativa dos fatos em frases curtas, Não assine a peça processual


diretas e objetivas

Pedidos

Citação

2. Petição Inicial: Como Já Foi Cobrado na Prova da OAB?


Posicionei abaixo as peças que foram cobradas nos últimos sete certames da OAB para
que você perceba a repetitividade das cobranças:
EXAME PEÇA
2021 CONTESTAÇÃO
2020 RECURSO ORDINÁRIO
2019 PETIÇÃO INICIAL
2019 CONTESTAÇÃO
2019 PETIÇÃO INICIAL
2018 RECURSO ORDINÁRIO
CONTESTAÇÃO E RECONVENÇÃO (PEÇA
2018
UNIFICADA)
Assim, passo a analisar duas provas já cobradas pela OAB, mas a resolução veremos no
próximo capítulo. Perceba que no ano de 2019, foi cobrada em duas ocasiões.
O examinador, na peça processual, narra fatos e quer que o candidato, primeiramente,
aponte qual a peça processual cabe na situação e, após, desenvolva a redação sobre a temáti-
ca, abordando os temas importantes.
No XXX Exame Unificado, o examinando deverá formular uma petição Inicial de reclamação
trabalhista dirigida ao juízo da Vara do Trabalho de Parauapebas /PA, qualificando as partes
envolvidas. Deverá requerer gratuidade de justiça, pois está desempregado atualmente, na for-
ma do Art. 790, § 3º, da CLT.
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Petição Inicial
Maria Rafaela

No caso da prova prática, deverá postular a integração das gorjetas espontaneamente con-
cedidas pelos clientes à remuneração, na forma do Art. 457 da CLT e Súmula 354 TST. Veja que
aqui basta narrar na prova o correspondente legal e sumulado do TST. Não há necessidade de
transcrição. Entre os pedidos, deverá requerer a retificação de sua carteira profissional para
que conste a média das gorjetas recebidas, conforme prevê o Art. 29, § 1º, da CLT. Deverá re-
querer a devolução do desconto de contribuição sindical efetuado no mês de março, porque
não autorizado pelo trabalhador, em violação aos artigos 545, 578, 579 e 582, todos da CLT.
Novamente, basta fazer as devidas anotações dos dispositivos da CLT.
Deverá requerer o pagamento de horas extras pelo excesso de 8 horas diárias ou 44 horas
semanais previstas no Art. 7º, inciso XIII, da CRFB/88 e no Art. 58 da CLT. Deverá requerer o
pagamento de 20 minutos diários pela pausa alimentar concedida parcialmente, conforme o
Art. 71, § 4º, da CLT. Deverá requerer o pagamento do adicional noturno na jornada realizada a
partir das 22.00h, conforme o Art. 73 da CLT.
Deverá requerer a reintegração no emprego pela estabilidade não observada em razão
do acidente do trabalho, conforme o Art. 118 e o Art. 21, inciso II, alínea a, ambos da Lei n.
8.213/91, e Súmula 378, I e II, do TST. Deverá requerer a tutela de urgência ou evidência ou pro-
visória para a reintegração imediata do trabalhador, na forma do art. 294 ou 300 ou 311 CPC
(tutela provisória).
Deverá requerer o pagamento de indenização pelo gasto com a vacina antirrábica (dano
emergente), conforme o Art. 186, Art. 927 e 949, do CC. Deverá requerer o pagamento de inde-
nização por dano moral pelo acidente do trabalho, conforme os artigos 186 e 927 do CC e os
artigos 223-B, 223-C e 223-G, todos da CLT. Deverá requerer o pagamento do adicional de peri-
culosidade por trabalhar com motocicleta, na forma do Art. 193, § 4º, da CLT. Deverá requerer
o pagamento de honorários advocatícios, conforme Art. 791-A da CLT, principalmente, após
a Reforma Trabalhista, em que você pode pleitear, no caso, o percentual máximo. Formular o
encerramento da peça, reiterando a tutela de urgência ou evidência ou provisória para a rein-
tegração imediata do trabalhador e a procedência dos pedidos, com indicação de data, local,
advogado(a) e OAB. Sem assinar, por favor!
No ano de 2019, no exame XXVII, também foi exigido que o candidato redigisse uma peti-
ção inicial. Deverá ser redigida uma Petição Inicial de Reclamação Trabalhista endereçada ao
juízo do Trabalho de Sete Lagoas/MG. As partes deverão ser qualificadas.
No caso prática, o candidato deveria requerer a anulação da justa causa porque o trabalha-
dor não cometeu nenhuma das irregularidades previstas no Art. 482 da CLT, sendo da empresa
o ônus de comprovar a falta grave praticada pelo empregado, conforme Arts. 818, II, da CLT e
373, II, do CPC e, consequentemente, deve ser postulado o pagamento das verbas resilitórias
típicas: aviso prévio, 13º salário proporcional, férias proporcionais acrescidas de 1/3, formulá-
rios para saque do FGTS e indenização de 40% sobre o FGTS.

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Deverá ser requerido o pagamento de horas extras com adicional de 50% pelo excesso de
jornada, das 20.00 às 5.00 h, conforme os Arts. 7º, inciso XIII, da CRFB/88 e 58 da CLT.
Lembre-se que se houver correspondência da matéria na CF/88, deve constar, necessa-
riamente, o dispositivo constitucional. Deverá ser requerido o pagamento de 40 minutos diá-
rios com adicional de 50% pelo intervalo intrajornada desrespeitado, conforme o Art. 71, §
4º, da CLT.
Deverá ser requerido o pagamento do adicional noturno de 20% sobre a jornada cumprida
a partir das 22.00h, conforme o Art. 73 da CLT. Deverá ser requerida a retificação da CTPS para
constar a verdadeira função exercida, conforme o Art. 29 da CLT e o Precedente Normativo
105 do TST, além da diferença salarial entre as funções de técnico de informática e auxiliar de
serviços gerais, conforme previsto na norma coletiva da categoria.
Deverá ser requerida indenização por dano moral pela anotação de penalidade na CTPS do
autor, conforme o Arts. 29, § 4º, da CLT, 223-C, CLT e 8º da Portaria 41 do Ministério do Trabalho.
Deverá ser requerida a devolução do desconto de FGTS, pois se trata de obrigação do
empregador, conforme os Arts. 15 da Lei n. 8.036/90, 27 Decreto 99684/90 e 7º, inciso III, da
CRFB/88. Deverá ser requerido o pagamento de honorários advocatícios, conforme o Art. 791-
A da CLT. Deverá ser requerida a procedência dos pedidos, a indicação das provas que a parte
pretende produzir e o valor atribuído à causa.
Não assine a prova. Faça o fechamento o mais formal possível.

3. Petição Inicial: Resolução de uma Prova Já Cobrada na Prova da OAB


No capítulo acima, abordamos dois exames. Nesse ponto do nosso livro, trarei aqui a ques-
tão e a forma como podemos resolver, bem como uma ideia de como seria a redação da peti-
ção inicial para que você tenha uma noção geral de como elaborar.

Questão da prova prática Pontos a serem desenvolvidos

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Petição Inicial
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Nelson Aviz procura você, como advogado(a),


1) Juízo competente e direcionar: Sete
afirmando que foi empregado da sociedade
Lagoas/MG
empresária Alfa Ltda. na sede desta, localizada
2) Qualificar as partes
em Sete Lagoas/MG, de 17/12/2017 a
3) Abrir um tópico: DOS FATOS/SINOPSE
28/04/2018, tendo exercido, na prática, a
FÁTICA: abordar os pontos da questão em
função de técnico de informática.
resumo, narrando, principalmente, os pontos
Nelson informa que foi despedido por justa
mais importantes do contrato de emprego,
causa, apesar de não ter feito nada de errado,
como data de admissão, dispensa, salário,
não recebendo qualquer indenização, mas
jornada e função.
apenas o saldo salarial do último mês; que
4) Observe se existe discussão quanto
a empresa não integrava, para fim algum,
à modalidade de término da relação de
o salário-família que Nelson recebia; que
emprego. No caso da prova em perspectiva,
trabalhava de segunda-feira a sábado, das 20h
temos a situação da justa causa.
às 5h,

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com intervalo de 20 minutos para refeição; que 5) Na jornada apontada, verifique se existe
o local de trabalho era de difícil acesso e não supressão do intervalo intrajornada ou
servido por transporte público regular, pelo interjornada ou ambos. Verifica se ultrapassa
que a empresa fornecia o transporte para ir ao as 8 horas diárias e as 44 horas semanais
trabalho e voltar dele, de forma que Nelson para ver se é o caso de pedido de pagamento
demorava uma hora no trajeto de ida e outra de horas extras. Lembre que a Reforma
uma hora no de volta; que realizou exame Trabalhista suprimiu as horas in itinere.
médico na admissão; que Nelson tem uma irmã 6) Veja que provas documentais são
que trabalha na mesma sociedade empresária, mencionadas na abordagem do examinador,
exercendo a função de programadora de principalmente, para fins de fundamentar os
jogos digitais. O trabalhador exibe cópias seus pedidos. No caso da prova, o examinador
dos contracheques, nos quais há, na parte de trouxe os contracheques do obreiro autor
crédito, salário de R$ 1.200,00 e uma cota de e, ainda, da existência de uma convenção
salário-família; já na parte de descontos, há coletiva de trabalho. No caso de negociação
INSS, vale-transporte e FGTS. Nelson ainda coletiva, observe se são normas/regras mais
exibiu sua CTPS, na qual consta admissão favoráveis, aplicando o princípio da aplicação
em 17/12/2017 e saída em 28/04/2018, da norma/condição mais benéfica.
na função de auxiliar de serviços gerais; na 7) Veja se é o caso de discussão de dispensa
parte de anotações gerais, há anotação de por justa causa, na medida em que esse tema
que o empregado foi dispensado por justa é cobrado com certa frequência pela OAB.
causa em razão de conduta inadequada. Observe se essa discussão da dispensa por
Em pesquisa pela Internet, você localiza a justa causa vem acompanhada de pedido de
convenção coletiva da categoria de Nelson, danos morais, como no caso de anotação
com os pisos normativos para todas as funções indevida do motivo da dispensa.
desempenhadas na sociedade empresária Alfa, 8) Atenha-se ao que foi mencionado pelo
dentre elas os seguintes: auxiliar de serviços examinador. Não crie situações que não
gerais: R$ 1.200,00; técnico em informática: existem, pois isso pode te prejudicar.
R$ 1.800,00; programador: R$ 3.500,00; e 9) Veja que o examinador vem colocando
engenheiro de computação: R$ 6.000,00. pontos relacionados com os descontos que
Elabore a peça prático-profissional que melhor são feitos no contracheque do trabalhador.
defenda os interesses de Nelson, sem usar Deverá ser requerida a devolução do
dados ou informações que não estejam no desconto de FGTS, pois se trata de obrigação
enunciado. (Valor: 5,00) do empregador, conforme os Arts. 15 da Lei
n. 8.036/90, 27 Decreto 99684/90 e 7º,
inciso III, da CRFB/88.
10) Deverá ser requerido o pagamento de
honorários advocatícios, conforme o Art. 791-
A da CLT. Deverá ser requerida a procedência
dos pedidos, a indicação das provas que a
parte pretende produzir e o valor atribuído à
causa.

Como poderíamos, em síntese, elaborar a peça processual? Acompanhe um passo a passo:

Excelentíssimo (a) Senhor (a) Juiz (a) da _____ Vara do Trabalho de Sete Lagoas/MG (DIRECIO-
NAMENTO DO JUÍZO)

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Nelson Aviz, brasileiro, casado, desempregado, CPF X, Rg Y, domiciliado e residente no seguin-


te endereço (…), com procuração anexada aos autos, interpõe RECLAMAÇÃO TRABALHISTA
em face da ré Alfa Ltda, pessoa jurídica de direito privado, com CNPJ ABC, cuja sede está loca-
lizada no endereço (….) em Sete Lagoas/MG. (QUALIFICAÇÃO DAS PARTES)
I – SINOPSE FÁTICA
O reclamante foi empregado da sociedade empresária Alfa Ltda, no período de 17/12/2017 a
28/04/2018, tendo exercido, na prática, a função de técnico de informática.
O término da relação foi dispensa por justa causa aplicada indevidamente pelo empregador,
haja vista que o autor não fez nada de errado e quando da dispensa, não recebeu qualquer inde-
nização, mas apenas o saldo salarial do último mês.
Além da injusta dispensa por justa causa, verifica-se na CTPS do trabalhador anotação inde-
vida relacionada ao suposto motivo da justa causa, pois consta admissão em 17/12/2017
e saída em 28/04/2018, na função de auxiliar de serviços gerais, e não na função realmen-
te desempenhada pelo trabalhador. Na parte de anotações gerais, conforme documento em
anexo, há anotação de que o empregado foi dispensado por justa causa em razão de conduta
inadequada, havendo uma exposição abusiva do trabalhador.
A empresa ré cometia irregularidades quando do pagamento dos valores, principalmente,
porque, nos termos dos contracheques anexados com a petição inicial, a empresa não integra-
va, para fim algum, o salário-família que recebia e ainda não fazia os devidos pagamentos das
horas extras trabalhadas.
O reclamante trabalhava de segunda-feira a sábado, das 20h às 5h, com intervalo de 20 minu-
tos para refeição, em contrariedade com a legislação em vigente.
Além da anotação indevida, o empregador não anotou corretamente a função e o salário do
autor, na medida em que há uma convenção coletiva da categoria, com os pisos normativos
para todas as funções desempenhadas na sociedade empresária Alfa, dentre elas os seguin-
tes: auxiliar de serviços gerais: R$ 1.200,00; técnico em informática: R$ 1.800,00; programador:
R$ 3.500,00; e engenheiro de computação: R$ 6.000,00.
A função desempenhada do reclamante é diversa do que consta na anotação, o que deve ser
retificado com as devidas alterações salariais e da base de cálculo. Com isso, em afronta ao
princípio da primazia da realidade sobre a forma, as irregularidades devem ser supridas por
prejudiciais ao trabalhador, importando enriquecimento indevido do empregador.
II – FUNDAMENTOS JURÍDICOS
Primeiramente, destaca-se o abuso do poder diretivo do empregador que incorreu em erro
grave ao encerrar o pacto laboral com o reclamante pela justa causa. Não há razão, pois não
preenchidos os requisitos legais, bem como a anulação da justa causa é a medida mais corre-
ta a ser feita pelo Judiciário, porque o trabalhador não cometeu nenhuma das irregularidades
previstas no Art. 482 da CLT.

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Ressalte-se que o ônus de comprovar a falta grave praticada pelo empregado, é da empresa,
conforme Arts. 818, II, da CLT e 373, II, do CPC e, consequentemente, deve ser postulado o
pagamento das verbas resilitórias típicas: aviso prévio, 13º salário proporcional, férias pro-
porcionais acrescidas de 1/3, formulários para saque do FGTS e indenização de 40% sobre o
FGTS. Observa-se que o obreiro agiu corretamente em suas atividades e, ainda, o comporta-
mento do empregador feriu a razoabilidade e a proporcionalidade exigidas.
Acerca da jornada do trabalhador no caso em comento, conforme narrado, percebe-se que havia
extrapolamento da jornada constitucionalmente permitida, o que leva ao direito ao recebimento
de horas extras, na medida em que não há nenhum banco de horas ou compensação de jorna-
da. Deverá ser requerido o pagamento de horas extras com adicional de 50% pelo excesso de
jornada, das 20.00 às 5.00 h, conforme os Arts. 7º, inciso XIII, da CRFB/88 e pelo artigo 58 da
CLT. A fundamentação jurídica está atrelada à narrativa fática desenvolvida. Logo, não pode o
empregador enriquecer indevidamente com o labor extraordinário do obreiro. O intrajornada
também foi descumprido, e, portanto, é devido o pagamento de 40 minutos diários com adicio-
nal de 50% pelo intervalo intrajornada desrespeitado, conforme o Art. 71, § 4º, da CLT.
Como a jornada do obreiro extrapolava o previsto na CF/88, ainda se observa que avançava
pela noite, concedendo ao obreiro o adicional noturno, pois a jornada avançava as 22 h. Dever
a ré proceder ao pagamento do adicional noturno de 20% sobre a jornada cumprida a partir das
22.00h, conforme o Art. 73 da CLT.
Pelo princípio da primazia da realidade sobre a forma, e, ainda, pelo princípio da proteção e a
súmula 12 do TST, nota-se que a atividade realmente desempenhada pelo obreiro não corres-
pondia ao que era anotado na CTPS.
E, com isso, deve a ré proceder com a devida retificação da CTPS para constar a verdadeira
função exercida, conforme o Art. 29 da CLT e o Precedente Normativo 105 do TST, além da dife-
rença salarial entre as funções de técnico de informática e auxiliar de serviços gerais, confor-
me previsto na norma coletiva da categoria. Afinal, com a juntada da CCT, nota-se o equívoco
da anotação, prejudicando o trabalhador no que tange à sua função e à sua remuneração.
Como a medida de justa causa aplicada pelo empregador foi indevida, o RH da empresa ainda
cometeu o grave erro de fazer anotações desabonadoras da conduta do obreiro e escrever tex-
tualmente a modalidade de ruptura contratual, o que gera um dano in re ipsa ao obreiro, geran-
do prejuízos de ordem moral e, ainda, um abuso do poder diretivo, ferindo frontalmente a CLT.
Diante desse cenário, reque-se o pagamento de indenização por dano moral pela anotação de
penalidade na CTPS do autor, conforme o Arts. 29, § 4º, da CLT, 223-C, CLT e 8º da Portaria 41
do Ministério do Trabalho.
Além dos sucessivos erros e afrontas à legislação trabalhista, a parte ré ainda fez descontos
indevidos no salário do obreiro, conforme se observa claramente na prova documentação em
anexo com essa petição inicial relacionada aos contracheques. Por isso, é justificado o pedido
de devolução do desconto de FGTS, pois se trata de obrigação do empregador, conforme os
Arts. 15 da Lei n. 8.036/90, 27 Decreto 99684/90 e 7º, inciso III, da CRFB/88.

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Petição Inicial
Maria Rafaela

E, ainda, pelo exercício do direito de ação e diante da Reforma Trabalhista, deve o reclamado
arcar com os créditos trabalhistas e, ainda, honorários advocatícios sucumbenciais, conforme
o Art. 791-A da CLT.
III – DOS PEDIDOS
Diante da argumentação fática e jurídica requer-se ao douto juízo:
Pedidos declaratórios (é importante quando dividimos no raciocínio e também para o examina-
dor entender que temos uma lógica argumentativa e plena da prova e do que foi solicitado por
ele): que seja declarada nula a dispensa por justa causa e a real jornada do trabalhador, bem
como a sua função e salário realmente devidos. Que seja declarada que a dispensa do obreiro
foi sem justa causa, com o direito ao recebimento de todas as verbas rescisórias nesta moda-
lidade. Que seja declarada a situação de pobre na forma da lei, com a concessão das benesses
da gratuidade judicial.
Obrigação de fazer: que seja retificada a data da dispensa, fazendo constar o aviso prévio
indenizado proporcional, com a devida projeção, bem como retificada a função e o salário do
obreiro, conforme o princípio da primazia da realidade sobre a forma. Se não fizer a retifica-
ção no prazo determinado pelo juízo, já requer a aplicação da multa de R$5.000,00 em prol do
trabalhador, sem prejuízo da anotação pela Secretaria da Vara. Requer também a expedição
de alvarás para o obreiro movimentar sua conta vinculada do FGTS e receber o devido seguro
desemprego. (aqui se poderia colocar como pedido de tutela provisória a liberação do FGTS
e do seguro desemprego pela peculiar situação pandêmica em que o mundo está passando,
pelo fato do obreiro estar desempregado, ser arrimo de família etc.)
Obrigação de pagar: que a ré seja condenada a pagar, com juros e correção monetária, as
seguintes obrigações trabalhistas: aviso prévio, 13º salário proporcional, férias proporcionais
acrescidas de 1/3, formulários para saque do FGTS e indenização de 40% sobre o FGTS; paga-
mento de horas extras com adicional de 50% pelo excesso de jornada, das 20.00 às 5.00 h;
pagamento de 40 minutos diários com adicional de 50% pelo intervalo intrajornada desrespei-
tado, conforme o Art. 71, § 4º, da CLT; pagamento do adicional noturno de 20% sobre a jornada
cumprida a partir das 22.00h, conforme o Art. 73 da CLT e planilha em anexo; pagamento da
diferença salarial entre as funções de técnico de informática e auxiliar de serviços gerais, con-
forme previsto na norma coletiva da categoria;indenização por dano moral pela anotação de
penalidade na CTPS do autor no importe de R$10.000,00 (dez mil reais); devolução do descon-
to de FGTS, pois se trata de obrigação do empregador, conforme os Arts. 15 da Lei n. 8.036/90,
27 Decreto 99684/90 e 7º, inciso III, da CRFB/88; pagamento de honorários advocatícios, con-
forme o Art. 791-A da CLT. (colocar todos os pedidos condenatórios, não precisando colocar a
liquidação exata de todos os valores correspondentes).
Requer a citação da ré para responder no prazo legal e, na sua inércia, já requer a declaração
dos efeitos da revelia e da confissão ficta. Requer a realização de audiência, ocasião em que
produzirá todos os meios de provas orais, comprometendo-se a trazer as testemunhas inde-

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pendentemente de intimação. Requer o recebimento da prova documental anexada com a pre-


sente peça e o deferimento de juntada de provas posteriores relacionadas a fatos novos ou
supervenientes.
Requer o deferimento da gratuidade judicial, tendo em vista o salário do obreiro na época em
que laborava e, pela atual conjuntura, encontrar-se desemprego, sem recursos.
Requer a procedência de todos os pedidos (não se diz procedência da ação), com a condena-
ção da ré em pagar tudo que está na planilha do PJE em anexo, além das custas processuais
e honorários advocatícios em 15% sobre o valor da condenação líquida (é sobre a condenação
líquida e, não bruta).
Requer que sejam recolhidos todos os encargos previdenciários e fiscais pelo empregador, ora
ré no processo.
Nestes termos, pede deferimento.
Dá-se à causa, nos termos da planilha, o importe de R$30.000,00 (imprescindível colocar o
valor da causa).
Localidade, data.
ADVOGADO (não coloque seu nome na peça)

Para ficar mais fácil ainda de fixar vamos criar um mapa mental sobre o que não se
pode esquecer:
capricho nas provas que o examinador já
te proporciona no enunciado da questão

cuidado com os endereçamentos

pedidos: pedir a procedência dos pedidos.


valor da causa tem que
Não se pede procedência da ação.
constar
ELABORAÇÃO DA
fundamentação jurídica: usar PETIÇÃO INICIAL
raciocionar o que é pedido
corretamente os dispositivos
declaratório, obrigação de
constitucionais, da CLT, da legislação e
fazer e pedido condenatório
das súmulas dos Tribunais Superiores

sinospe fática: trazer os fatos principais

pedir gratuidade judicial e honorárrios


advocatícios

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4. Petição Inicial: Peça Inédita e Dicas de Resolução


Nesse capítulo do nosso livro, trago uma questão nova/inédita para abordagens de assun-
tos atuais para ajudar a revisão da matéria, bem como já passar como seria a elaboração da
petição inicial no caso. Vou reproduzir aquele mesmo esquema do capítulo anterior. Vamos no
passo a passo que eu acho ser fundamental na sua aprendizagem:
Caso/questão inédita (2021): Rui da Silva foi contratado pela empresa SO MEDICOS e teve
seu contrato de trabalho devidamente assinado na data correta antes da pandemia, na data de
01.01.2019, porém com o salário a menor do que consta no acordo coletivo de trabalho que ele
levou ao seu escritório, junto com todos os contracheques do pacto laboral. Como enfermeiro
na época de COVID 19, Rui precisou trabalhar em plantões seguidos sendo que não foi conce-
dido intervalo para suas refeições e descansos e nem obedecida a jornada 12 x 36. Apesar da
situação pandêmica, o hospital não teve o cuidado de estabelecer um banco de horas ou de
compensação de jornada. Além disso, Rui batia o ponto manualmente em jornada britânica.
Rui só tinha 10 min de intrajornada e laborava, na prática, 24 horas folgando 24 horas. O ponto
clímax foi quando o hospital se recusou a trocar as máscaras N95 e oferecer luvas adequadas.
Temendo pela própria vida e contaminação de COVID 19 sendo que sua mãe de 85 anos mora-
va com ele, deixou de trabalhar na data de 01.02.2021, procurando um advogado para ver seus
direitos. O hospital fica localizado em Barreirinhas/MA.

Questão inédita/2021 Pontos a serem desenvolvidos

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Rui foi contratado pela empresa SO MEDICOS 1) Nesse caso, a questão trata de uma
e teve seu contrato de trabalho devidamente rescisão indireta do contrato de trabalho.
assinado na data correta antes da pandemia, Deve-se desenvolver a situação de que
na data de 01.01.2019, porém com o salário o empregador descumpriu regras básicas
a menor do que consta no acordo coletivo de trabalhistas como entregar EPI adequado
trabalho que ele levou ao seu escritório, junto para o desenvolvimento das atividades,
com todos os contracheques do pacto laboral. principalmente, sendo atividade de risco do
Como enfermeiro na época de COVID 19, trabalhador que é um enfermeiro num hospital
Rui precisou trabalhar em plantões seguidos privado atendendo pacientes com COVID 19.
sendo que não foi concedido intervalo para E, com isso, deve-se pleitear todos os direitos
suas refeições e descansos e nem obedecida a trabalhistas nesta modalidade, inclusive,
jornada 12 x 36. Apesar da situação pandêmica, aviso prévio indenizado, proporcional, com
o hospital não teve o cuidado de estabelecer um a devida projeção na CTPS do trabalhador
banco de horas ou de compensação de jornada. e anotação de baixa, com as liberações do
Além disso, Rui batia o ponto manualmente FGTS e do seguro desemprego.
em jornada britânica. Rui só tinha 10 min de 2) Também deve ser abordado que o salário
intrajornada e laborava, na prática, 24 horas do obreiro Rui está sendo pago de forma
folgando 24 horas. O ponto clímax foi quando o irregular, o que lhe assiste o direito de
hospital se recusou a trocar as máscaras N95 e pagamento de diferenças salariais e ainda
oferecer luvas adequadas. Temendo pela própria anotação na CTPS mediante retificação.
vida e contaminação de COVID 19 sendo que Observe que há prova documental referente
sua mãe de 85 anos morava com ele, deixou de ao ACT, aplicando-se o princípio da aplicação
trabalhar na data de 01.02.2021, procurando um da condição mais benéfica.
advogado para ver seus direitos.

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3) Outro ponto importante é que, muito


embora, Rui seja da área da saúde e laborou em
situação pandêmica, sob a égide de medidas
provisórias, o hospital réu não teve o máximo
de cuidado no que tange ao regime de banco
de horas ou compensação de jornada e que
descumpriu totalmente o regime de labor 12
x 36, na medida em que ele passou a laborar
em regime de 12x12, sendo devidas as horas
extras que extrapolam a jornada de 44 horas
semanais com percentual de 50% e reflexos
em todas as verbas rescisórias.
4) Deve-se pedir também a concessão
de gratuidade judicial e a condenação em
honorários advocatícios.
5) Pode pedir danos morais pelas péssimas
condições de trabalho e pela exposição
excessiva ao risco na negativa de fornecimento
de EPI para fins de realização das atividades.
6) Diante da jornada excessiva em que foi
descaracterizado o regime de 12 x 36 pode
pleitear também dano existencial.
7) Pedir a inversão do ônus da prova, haja
vista a jornada britânica nos cartões de
pontos anotados pelo Rui durante o pacto
laboral.
8) Pedir a citação do réu e a produção de
todos os meios de provas.
9) Ainda pode pedir aqui a aplicação das
multas dos artigos 467 e 477 da CLT.
10) As retificações na CTPS do obreiro, com
a devida baixa, pedindo desde logo aplicação
de multa caso o hospital se recuse a cumprir
a ordem judicial.

Como poderíamos, em síntese, elaborar a peça processual? Acompanhe um passo a passo:

Excelentíssimo (a) Senhor (a) Juiz (a) da _____ Vara do Trabalho de Barreirinhas/Maranhão
(DIRECIONAMENTO DO JUÍZO)
Rui da Silva, brasileiro, casado, desempregado, CPF X, Rg Y, domiciliado e residente no seguinte
endereço (…), com procuração anexada aos autos, interpõe RECLAMAÇÃO TRABALHISTA em
face da ré SÓ MÉDICOS, pessoa jurídica de direito privado, com CNPJ ABC, cuja sede está loca-
lizada no endereço (….) em Barreirinhas/MA. (QUALIFICAÇÃO DAS PARTES)
I – SINOPSE FÁTICA
O reclamante foi empregado da sociedade empresária SÓ MÉDICOS, no período de 01/01/2019
a 01/02/2021, tendo exercido, na prática, a função de enfermeiro. Na data de 01/02/2021, o

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reclamante teve seu último dia de trabalho, não conseguindo mais desempenhar suas ativi-
dades, haja vista a recusa do empregador em fornecer EPI para o labor, observando-se que a
atividade do reclamante se insere em alto risco, trabalhando em hospital que atende pacientes
com COVID 19.
Diante da recusa da ré em oferecer condições mínimas de trabalho, como máscaras N 95 e
luvas, o autor não mais retornou às suas atividades, com medo de adoecer, haja vista que sua
mãe de 85 anos mora com ele e esse fato era de conhecimento do empregador.
O término da relação foi a rescisão indireta, nada recebendo em relação às verbas rescisórias
até o presente momento, e, com isso, encontra-se desempregado.
Além rescisão indireta mediante o descumprimento reiterado do empregador em atender os
diversos comandos legais e constitucionais, verifica-se na CTPS do trabalhador que não foi
anotada a devida baixa.
A empresa ré cometia irregularidades quando do pagamento dos valores, principalmente,
porque, nos termos dos contracheques anexados com a petição inicial, o hospital descumpria
as regras impostas no acordo coletivo quanto ao valor do salário do enfermeiro e, ainda, des-
caracterizou a jornada de 12x36, quando, na verdade, o obreiro fazia jornada de 24x24, diverso
do que consta na CTPS e, com isso, a ré não fazia os devidos pagamentos das horas extras
trabalhadas.
O reclamante trabalhava com intervalo de 10 minutos para refeição, em contrariedade com
a legislação em vigente, verificando-se que além de extrapolar o regime do pacto de 12 x 36,
ainda, não se concedia sequer o intervalo de 1 hora, sobrecarregando o reclamante em jornada
extenuante, ocasionando-lhe um cansaço contínuo, acarretando diversos prejuízos nas varia-
das esferas de sua vida.
Além da anotação indevida do salário do reclamante, o empregador não anotou corretamente
o salário do autor, na medida em que há acordo coletivo de trabalho categoria, com os pisos
normativos para todas as funções desempenhadas no hospital. Com isso, em afronta ao prin-
cípio da primazia da realidade sobre a forma, as irregularidades devem ser supridas por preju-
diciais ao trabalhador, importando enriquecimento indevido do empregador.
II – FUNDAMENTOS JURÍDICOS
Primeiramente, destaca-se o abuso do poder diretivo do empregador que incorreu em erro
grave no descumprimento de fornecimento de EPI para que o autor pudesse desempenhar
suas funções, recaindo clara situação de rescisão indireta, com a justificada resistência do
autor em permanecer nessa situação empregatícia abusiva.
Nesse azo, atrai-se a aplicação da rescisão indireta, pois, além de não fornecer condições
de trabalho, o réu cometeu diversas irregularidades como pagamento a menor de salários e,
sobretudo, descumprindo a jornada inicial pactuada de 12 x 36.

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Além dos prejuízos financeiros, ainda se constata prejuízos morais, o que leva à compreensão
de clara situação de rescisão indireta, proporcionando ao obreiro o pagamento das verbas refe-
rentes ao aviso prévio indenizado, com a devida projeção na baixa da CTPS, a multa de 40% do
FGTS e liberação do seguro desemprego.
Ressalte-se que o ônus de comprovar a falta grave praticada pelo empregado, é da empresa,
conforme Arts. 818, II, da CLT e 373, II, do CPC e, consequentemente, deve ser postulado o
pagamento das verbas resilitórias típicas: aviso prévio, 13º salário proporcional, férias pro-
porcionais acrescidas de 1/3, formulários para saque do FGTS e indenização de 40% sobre o
FGTS. Observa-se que o obreiro agiu corretamente em suas atividades e, ainda, o comporta-
mento do empregador feriu a razoabilidade e a proporcionalidade exigidas.
Acerca da jornada do trabalhador no caso em comento, conforme narrado, percebe-se que
havia extrapolamento da jornada constitucionalmente permitida, o que leva ao direito ao rece-
bimento de horas extras, na medida em que não há nenhum banco de horas ou compensação
de jornada.
No caso em comento, apesar da situação pandêmica que admite certa flexibilização da jor-
nada, nota-se que a ré não cumpria uma jornada que ela mesma pactuou como 12 x 36, e não
concedia intervalo para o trabalhador fazer suas refeições, salvo 10 minutos.
Na realidade, o obreiro laborava em jornada 24 x 24, diverso do pactuado e não consta em
nenhum momento banco de horas ou compensação de jornada, sendo a anotação do horário
realizado de forma manual, sendo todos britânicos, invertendo o ônus da prova mais uma vez
em desfavor do Hospital demandado. E, portanto, aplica-se o teor da Súmula 338 do TST.
Deverá ser requerido o pagamento de horas extras com adicional de 50% pelo excesso de jor-
nada, e, ainda, deve ser considerado o abuso do poder diretivo, ocasionando um dano excessi-
vo ao obreiro, o que fundamenta o pedido de dano existencial pelo excesso de jornada 24 x 24,
destacadamente, em situação de stress ocasionado pela pandemia.
Sugere-se o pagamento de indenização pelo dano existencial o importe de dez mil reais. A
submissão habitual do empregado à jornada excessiva, por si só, caracterizava o dano existen-
cial, “que dispensa comprovação da existência e da extensão, sendo presumível em razão do
fato danoso. A fundamentação jurídica está atrelada à narrativa fática desenvolvida. Logo, não
pode o empregador enriquecer indevidamente com o labor extraordinário do obreiro, seja pela
supressão do intrajornada, seja pela descaracterização da jornada que fixou anteriormente e,
sobretudo, pelo cansaço ao obreiro sem precedentes, gerando diversos transtornos psicológi-
cos e em sua vida pessoal.
O intrajornada também foi descumprido, e, portanto, é devido o pagamento de 40 minutos diá-
rios com adicional de 50% pelo intervalo intrajornada desrespeitado, conforme o Art. 71, § 4º,
da CLT.
Nos termos do Acordo Coletivo do Trabalho juntado em anexo, nota-se que os pagamentos
salariais do obreiro eram inferiores ao piso fixado à função de enfermeiro. E, com isso, deve a

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ré proceder com a devida retificação da CTPS para constar o verdadeiro salário, conforme o
Art. 29 da CLT e o Precedente Normativo 105 do TST, além da diferença salarial da função de
enfermeiro, conforme previsto na norma coletiva da categoria – o acordo coletivo de trabalho.
Como o reclamante foi submetido a risco de sua própria vida e integridade, além de colocar
em risco de morte sua mãe de 85 anos que mora com ele, verifica-se o comportamento ina-
propriado e injusto do empregador em não fornecer sequer o EPI ao obreiro, gerando um risco
de morte de uma doença nefasta como a COVID 19. Diante desse cenário, reque-se o paga-
mento de indenização por dano moral nos termos do artigo 223-C, CLT, sugerindo-se o valor de
R$10.000,00.
E, ainda, pelo exercício do direito de ação e diante da Reforma Trabalhista, deve o reclamado
arcar com os créditos trabalhistas e, ainda, honorários advocatícios sucumbenciais, conforme
o Art. 791-A da CLT.
O reclamante está desempregado e é arrimo de família, razão pela qual requer que seja deferi-
da a gratuidade judicial.
III – DOS PEDIDOS
Diante da argumentação fática e jurídica requer-se ao douto juízo:
Pedidos declaratórios (é importante quando dividimos no raciocínio e também para o exami-
nador entender que temos uma lógica argumentativa e plena da prova e do que foi solicitado
por ele): que seja declarada a rescisão indireta no caso concreto e a real jornada do trabalha-
dor, bem como o salário realmente devidos. Que seja declarada que a dispensa do obreiro foi
mediante rescisão indireta, com o direito ao recebimento de todas as verbas rescisórias nesta
modalidade. Que seja declarada a situação de pobre na forma da lei, com a concessão das
benesses da gratuidade judicial.
Obrigação de fazer: que seja anotada a data da dispensa, fazendo constar o aviso prévio inde-
nizado proporcional, com a devida projeção, bem como retificado o salário do obreiro, confor-
me o princípio da primazia da realidade sobre a forma. Se não fizer a retificação no prazo deter-
minado pelo juízo, já requer a aplicação da multa de R$5.000,00 em prol do trabalhador, sem
prejuízo da anotação pela Secretaria da Vara. Requer também a expedição de alvarás para o
obreiro movimentar sua conta vinculada do FGTS e receber o devido seguro desemprego. (aqui
se poderia colocar como pedido de tutela provisória a liberação do FGTS e do seguro desem-
prego pela peculiar situação pandêmica em que o mundo está passando, pelo fato do obreiro
estar desempregado, ser arrimo de família etc.)
Obrigação de pagar: que a ré seja condenada a pagar, com juros e correção monetária, as
seguintes obrigações trabalhistas: aviso prévio, 13º salário proporcional, férias proporcionais
acrescidas de 1/3, formulários para saque do FGTS e indenização de 40% sobre o FGTS; paga-
mento de horas extras com adicional de 50% pelo excesso de jornada, declarando-se a jornada
do obreiro, desde o começo do pacto laboral, como 24 x 24; pagamento de 50 minutos diários
com adicional de 50% pelo intervalo intrajornada desrespeitado, conforme o Art. 71, § 4º, da

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CLT; pagamento da diferença salarial, conforme previsto na norma coletiva da categoria e refle-
xos em todas as verbas rescisórias;indenização por dano moral pelo dano existencial sofrido
pelo autor no importe de R$10.000,00 (dez mil reais); indenização pela situação de risco que
a empresa colocou o trabalhador com a recusa de EPI no importe de R$10.000,00 (dez mil
reais); pagamento de honorários advocatícios, conforme o Art. 791-A da CLT. (colocar todos os
pedidos condenatórios, não precisando colocar a liquidação exata de todos os valores corres-
pondentes).
Requer a citação da ré para responder no prazo legal e, na sua inércia, já requer a declaração
dos efeitos da revelia e da confissão ficta. Requer a realização de audiência, ocasião em que
produzirá todos os meios de provas orais, comprometendo-se a trazer as testemunhas inde-
pendentemente de intimação. Requer o recebimento da prova documental anexada com a pre-
sente peça e o deferimento de juntada de provas posteriores relacionadas a fatos novos ou
supervenientes.
Requer o deferimento da gratuidade judicial, tendo em vista o salário do obreiro na época em
que laborava e, pela atual conjuntura, encontrar-se desemprego, sem recursos.
Requer a procedência de todos os pedidos (não se diz procedência da ação), com a condena-
ção da ré em pagar tudo que está na planilha do PJE em anexo, além das custas processuais
e honorários advocatícios em 15% sobre o valor da condenação líquida (é sobre a condenação
líquida e, não bruta).
Requer que sejam recolhidos todos os encargos previdenciários e fiscais pelo empregador, ora
ré no processo.
Nestes termos, pede deferimento.
Dá-se à causa, nos termos da planilha, o importe de R$50.000,00 (imprescindível colocar o
valor da causa).
Localidade, data.
ADVOGADO (não coloque seu nome na peça)

Sugere-se, ainda, como dicas:


a) não use palavras ou expressões agressivas por mais grave e “revoltante” a situação fáti-
ca trazida pelo examinador. Mantenha-se numa linha ZEN, embora sua obrigação é pedir tudo;
b) diga o valor da indenização por danos morais;
c) analise fato por fato trazido pelo examinador para analisar se existe a afronta a alguma
legislação;
d) sempre fique atento para qual modalidade de ruptura contratual é o caso trazido pelo
examinador;
e) não esqueça de pedir a projeção do aviso prévio com o pagamento das verbas;

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f) no caso de verbas rescisórias ou verbas complementares, peça também os reflexos.


Muito cuidado com as gorjetas;
g) procure saber e expor de quem é o ônus da prova.

O PULO DO GATO
Devemos fazer uma observação relevante. No caso em comento, temos que se exigia 10 obrei-
ros por estabelecimento para fins de ser obrigatório o controle de ponto. Houve mudança na
CLT para 20 obreiros por estabelecimento. Ocorre que a Súmula 338 do TST ainda está com
base na CLT antes da alteração legislativa e, sendo assim, ainda não foi cancelada a Súmula
ou alterada pelo TST, mas na questão de prova, deve ser feita a observação mencionada, des-
tacando-se, no entanto, que há Súmula do TST em sentido diverso da legislação e que ainda é
fomentada na prática trabalhista. Na questão inédita acima, como tratei de jornada britânica,
mencione e revise a seguinte súmula do TST: Nº 338 JORNADA DE TRABALHO. REGISTRO.
ÔNUS DA PROVA. É ônus do empregador que conta com mais de 10 (dez) empregados o regis-
tro da jornada de trabalho na forma do art. 74, § 2º, da CLT. A não-apresentação injustificada
dos controles de frequência gera presunção relativa de veracidade da jornada de trabalho, a
qual pode ser elidida por prova em contrário. II -A presunção de veracidade da jornada de tra-
balho, ainda que prevista em instrumento normativo, pode ser elidida por prova em contrário.
III -Os cartões de ponto que demonstram horários de entrada e saída uniformes são inválidos
como meio de prova, invertendo-se o ônus da prova, relativo às horas extras, que passa a ser
do empregador, prevalecendo a jornada da inicial se dele não se desincumbir.
Na questão inédita acima, como tratei de jornada britânica, mencione e revise o conceito de
dano existencial, conforme notícia do TST: em 2020, a Subseção I Especializada em Dissídios
Individuais (SDI-1) do Tribunal Superior do Trabalho excluiu da condenação imposta à Tropical
Transportes Ipiranga Ltda., de Ourinhos (SP), o pagamento de indenização de R$ 15 mil a um
motorista de caminhão por dano existencial. Por maioria, o colegiado entendeu que o empre-
gado não conseguiu comprovar prejuízo familiar ou social em razão da jornada considerada
extenuante. Processo n. E-RR-402-61.2014.5.15.0030.

O PULO DO GATO
Na questão inédita acima, como tratei de jornada britânica, mencione e revise o conceito
de dano existencial, conforme notícia do TST: em 2020, a Subseção I Especializada em Dis-
sídios Individuais (SDI-1) do Tribunal Superior do Trabalho excluiu da condenação imposta à
Tropical Transportes Ipiranga Ltda., de Ourinhos (SP), o pagamento de indenização de R$ 15
mil a um motorista de caminhão por dano existencial. Por maioria, o colegiado entendeu que o

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Petição Inicial
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empregado não conseguiu comprovar prejuízo familiar ou social em razão da jornada conside-
rada extenuante. Processo n. E-RR-402-61.2014.5.15.0030

5. Direito Material: a Relação de Emprego e Dicas Doutrinárias Essen-


ciais para Revisão e para Auxiliar na Resolução de Provas Subjetivas

Já tratamos que a relação de trabalho é gênero e a relação de emprego é espécie. A relação


de emprego está caracterizada nos artigos 2 e 3 da CLT, bem como confere nessa relação ao
empregado os direitos que já estudamos no artigo 7 da CF/88. A relação de emprego cria a
relação contratual entre as partes – empregado e empregador.
Por sua vez, o contrato de trabalho pode ser escrito ou verbal, expresso ou tácito e, com
isso, é válido pata todos os fins, e a falta de assinatura da CTPS leva às sanções administra-
tivas pela Secretaria do Ministério do Trabalho, pois foi extinto o Ministério do Trabalho. Por
isso, muito cuidado nas provas em não confundir o gênero com a espécie.
Veja a diferença nesse quadro:
Relação de Trabalho (gênero) Relação de emprego (espécie)
Aqui é um exemplo de relação de trabalho.
É uma expressa ampla, abrangendo não só É a espécie, como o caso de quem tem
quem tem CTPS (Carteira de Trabalho e todos os requisitos dos artigos 2º e 3º da
Previdência Social) assinada, mas também CLT – Consolidação das Leis do Trabalho).
todos que prestam serviços de alguma É aquele que tem CTPS assinada ou que
forma. Exemplos: cooperativos, autônomos, preenche os requisitos legais como não
prestadores de serviços, a diarista, os eventualidade, onerosidade, pessoalidade,
estagiários, portuários avulsos etc. Aqui subordinação jurídica. A exclusividade não é
temos os trabalhadores. requisito essencial. Exemplo: a doméstica, o
assalariado etc. Aqui temos os empregados.
Para caracterização da relação de emprego é preciso reunir CUMULATIVAMENTE alguns
requisitos que chamamos de elementos fáticos jurídicos que a lei enumera em cinco e do qual
você deve ter em mente para fins de resolver as questões de provas:
A) prestação por PESSOA FÍSICA (ou pessoa natural). Podem, na prática, utilizarem uma
situação de pejotização para mascarar a realidade de uma relação de emprego, como uma
espécie de fraude. Nesse sentido, muitas empresas, em algumas situações, exigem que em-
pregados constituam Pessoas Jurídicas para emitirem notas fiscais, mas que, na prática, são
empregados, aplicando-se, com isso os efeitos da CLT: Art. 9º – Serão nulos de pleno direito
os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos
contidos na presente Consolidação. Logo, a essência do direito do trabalho na condição de
empregado é que seja PESSOA FÍSICA/OU NATURAL.

O PULO DO GATO

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Petição Inicial
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Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual
a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. Não haverá distinções relativas
à espécie de emprego e à condição de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técni-
co e manual.

B) PESSOALIDADE DO TRABALHADOR: confere uma natureza de infungibilidade no que


tange ao trabalhador. Para o empregador, pode haver mudança da sua situação societária ou
até sucessão trabalhista. Mas o empregado deve realizar a sua função, sendo possível, excep-
cionalmente, a sua substituição quando houve consentimento das partes para uma situação
provisória ou eventual, ou nas substituições previstas em lei ou por negociação coletiva. A re-
lação entre as partes desempenhada pelo empregado deve ser pessoal, ou seja, intuito perso-
nae, na medida em que o trabalhador não passa suas funções obrigacionais para terceiros ou
seus sucessores. Nesse sentido, GODINHO (2019;339) afirma e, na sequência, existe a Súmula
151 do TST:

Há, contudo, situações ensejadoras de substituição do trabalhador sem que se veja


suprimida a pessoalidade inerente à relação empregatícia. Em primeiro lugar, citem-se as
situações de substituição propiciadas pelo consentimento do tomador de serviços: uma
eventual substituição consentida (seja mais longa, seja mais curta no tempo), por exem-
plo, não afasta, necessariamente, a pessoalidade em relação ao trabalhador original.
Súmula n. 159 do TST
SUBSTITUIÇÃO DE CARÁTER NÃO EVENTUAL E VACÂNCIA DO CARGO
I – Enquanto perdurar a substituição que não tenha caráter meramente eventual, inclusive
nas férias, o empregado substituto fará jus ao salário contratual do substituído.
II – Vago o cargo em definitivo, o empregado que passa a ocupá-lo não tem direito a salá-
rio igual ao do antecessor.

O PULO DO GATO
Na relação de emprego o trabalho prestado tem caráter infungível, pois quem o executa deve
realizá-lo pessoalmente, não podendo fazer-se substituir por outra pessoa, salvo se, excep-
cionalmente, o empregador concordar. Substituições eventuais com o consentimento do em-
pregador ou substituições previstas e autorizadas por lei ou por norma coletiva, como, por
exemplo, férias, licença gestante, são válidas e não afastam a característica da pessoalidade;

C) NÃO EVENTUALIDADE: traduz a ideia de continuidade da relação empregatícia. Ou seja,


há a ideia de que o trabalhador pretende continuar no desempenho de suas funções (princí-
pio da continuidade da relação de emprego). Existem diversas teorias que regulamentam a
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não eventualidade, há diversas teorias que explicam, mas no direito do trabalho para analisar
esse pressuposto, pode-se levar em consideração os fins do empreendimento que emprega;
a teoria do evento e a teoria da fixação jurídica. A teoria dos fins do empreendimento analisa
a não eventualidade de acordo com seus negócios jurídicos, os fins normais da empresa. A
teoria do evento leva em consideração determinado EVENTO/FATO. A teoria da fixação jurídica
leva em consideração se o trabalho se fixa ou não a uma fonte de trabalho, ou seja, a questão
da exclusividade. Essas teorias apenas são o ponto de partida para tratar da eventualidade
na relação de emprego. Cuidado que na LEI COMPLEMENTAR que regulamenta o doméstico,
existe norma específica da não eventualidade que, no artigo 1, caput, da LC 150/2015 dispõe
ao doméstico (e se aplica somente a eles) o seguinte:

Ao empregado doméstico, assim considerado aquele que presta serviços de forma contínua, subor-
dinada, onerosa e pessoal e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família, no âmbito residencial
destas, por mais de 2 (dois) dias por semana, aplica-se o disposto nesta Lei.

PEGADINHA DA BANCA
Ao empregado doméstico, assim considerado aquele que presta serviços de forma contínua,
subordinada, onerosa e pessoal e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família, no âmbito
residencial destas, por mais de 2 (dois) dias por semana, aplica-se o disposto nesta Lei. OU
SEJA, A PARTIR DE 3 DIAS SEMANAIS JÁ CONFIGURA RELAÇÃO DE EMPREGO. Não se esque-
ça: pela lei tem possuir 18 anos, no mínimo.

D) mediante SUBORDINAÇÃO JURÍDICA: na relação de emprego, há subordinação jurídica


do empregado ao empregador, ou seja, a relação de dependência decorre do fato de que o
empregado transfere ao empregador o poder de direção e este assume os riscos da atividade
econômica, passando a estabelecer os contornos da organização do trabalho do emprega-
do (poder de organização), a fiscalizar o cumprimento pelo empregado das ordens dadas no
exercício do poder de organização (poder de controle), podendo, em caso de descumprimento
pelo empregado das determinações, impor-lhe as sanções previstas no ordenamento jurídico
(poder disciplinar). Para fins de identificação da subordinação jurídica, os meios telemáticos e
informatizados de comando, controle e supervisão se equiparam aos meios pessoais e diretos
de comando, controle e supervisão.
Sobre esse assunto, destaque-se a posição de GODINHO (2019;354):

Desse modo, o novo preceito da CLT permite considerar subordinados profissionais que realizem
trabalho a distância, submetidos a meios telemáticos e informatizados de comando, controle e su-
pervisão. Esclarece a regra que os “meios telemáticos e informatizados de comando, controle e su-
pervisão se equiparam, para fins de subordinação jurídica, aos meios pessoais e diretos do coman-
do, controle e supervisão do trabalhador alheio. Ora, essa equiparação se dá em face de dimensões

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objetiva e também estrutural que caracterizam a subordinação, já que a dimensão tradicional (ou
clássica) usualmente não comparece nessas relações de trabalho à distância.

O PULO DO GATO
a subordinação é um conceito dinâmico. Logo, a subordinação que importa para a configu-
ração da relação de emprego é a SUBORDINAÇÃO JURÍDICA. Nesse ponto, a subordinação,
atualmente, atinge o trabalho home office, por meios telemáticos, serviços de trabalho externo,
que se pode controlar por todos os meios, inclusive, é possível falar em subordinação estru-
tural em que vários empregados estão na estrutura produtiva, como ocorreu, por exemplo, em
casos de “facções de empresas de roupas” que revendiam para as grandes marcas.

Importante destacar a ideia de subordinação ESTRUTURAL, em que GODINHO (2019;352-


353) aborda a inserção do trabalhador na dinâmica do tomador de seus serviços, independen-
temente de receber ou não as ordens diretas, mas acolhendo a estrutura de sua dinâmica de
organização e funcionamento. Aqui temos a influência do direito italiano e aqui surge também
os PARASSUBORDINADOS, que são aqueles inseridos nessa subordinação em rede.
Um caso clássico temos aqui na condenação da ZARA e as demais facções “de fundo de
quintal” que forneciam a matéria-prima mediante mão de obra mais barata e sem vínculos for-
mais e documentais. Aqui temos a tal da subordinação RETICULAR. Destaque-se essa citação
abaixo de JOSIANE RODRIGUES JALES BATISTA:

Essa subordinação se justifica, na medida em que se acredita que a nova organização produtiva
faça nascer a empresa rede, que desenvolve uma forma correlata de subordinação, ou seja, de
empresas interligadas em rede, que, ao final, irão beneficiar uma empregadora. Logo, havendo a
subordinação econômica entre a empresa prestadora de serviços com a tomadora, esta será tam-
bém responsável pelos empregados daquela, o que configura a subordinação reticular. Para seus
idealizadores, esta modalidade de subordinação poderá alcançar vários casos de alguns trabalha-
dores em situações especiais, estendendo a eles os direitos celetistas.

E) em que o trabalho deve ser pago – ONEROSIDADE. Significa o ponto econômico da força
de trabalho (contrapartida econômica pela prestação do serviço feito pelo trabalhador). Ora, se
o contrato de trabalho é bilateral implica concessões e obrigações recíprocas, razão pela qual
o trabalhador oferece sua mão de obra em troca de uma contraprestação econômica. O que
importa não é o quantum a ser pago, mas, sim, o pacto. Significa que existirá um pagamento
pelo serviço prestado. A forma e o tempo de pagamento são acertados pelas partes, podendo
ser quinzenal, semanal, mensal. Na verdade, não ultrapassa, geralmente, o mês. O pagamento
é “MEDIANTE SALÁRIO”.
Lembre-se que, para fins de caracterização do contrato de trabalho, as anotações da CTPS
geram apenas presunção juris tantum, ou seja, relativa. Isso significa que as anotações ali pre-

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sentes, podem ser elididas (descaracterizadas) por prova contrária, nos termos da Súmula 12
do TST, nos seguintes termos:

Súmula n. 12 do TST
CARTEIRA PROFISSIONAL (mantida)
As anotações apostas pelo empregador na carteira profissional do empregado não geram
presunção juris et de jure”, mas apenas juris tantum”.

O PULO DO GATO
Alteridade que é justamente o risco do empreendimento é uma característica do EMPREGA-
DOR e, não, do empregado. A exclusividade na realização do trabalho também não é requisito
essencial para a caracterização do emprego. Cuidado com isso, porque é frequente em provas
cobrarem esses dois nomes: alteridade (risco do empreendimento) e exclusividade.

O trabalhador eventual é aquele que não preenche o requisito que tratamos acima da não
eventualidade.
Nesse caso, para desconfigurar a relação de emprego, o trabalho eventual é aquele que
não possui ânimo definitivo de continuar laborando, não se fixa a uma fonte de trabalho, de-
sempenha atividades de curto prazo, geralmente, laborando para um determinado evento e não
possui, em regra, relação com os fins do empreendimento.
Mas é preciso não confundir com o trabalhador intermitente que possui relação de empre-
go. Ele foi trazido pela Reforma Trabalhista, e, atualmente, ultrapassadas a MP 808, a literalida-
de para as provas é a seguinte na CLT:

Art. 452-A. O contrato de trabalho intermitente deve ser celebrado por escrito e deve conter especi-
ficamente o valor da hora de trabalho, que não pode ser inferior ao valor horário do salário mínimo
ou àquele devido aos demais empregados do estabelecimento que exerçam a mesma função em
contrato intermitente ou não
§ 1º O empregador convocará, por qualquer meio de comunicação eficaz, para a prestação de servi-
ços, informando qual será a jornada, com, pelo menos, três dias corridos de antecedência.
§ 2º Recebida a convocação, o empregado terá o prazo de um dia útil para responder ao chamado,
presumindo-se, no silêncio, a recusa.
§ 3º A recusa da oferta não descaracteriza a subordinação para fins do contrato de trabalho inter-
mitente.
§ 4º Aceita a oferta para o comparecimento ao trabalho, a parte que descumprir, sem justo motivo,
pagará à outra parte, no prazo de trinta dias, multa de 50% (cinquenta por cento) da remuneração
que seria devida, permitida a compensação em igual prazo
§ 5º O período de inatividade não será considerado tempo à disposição do empregador, podendo o
trabalhador prestar serviços a outros contratantes.

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§ 6º Ao final de cada período de prestação de serviço, o empregado receberá o pagamento imediato
das seguintes parcelas:
I – remuneração;
II – férias proporcionais com acréscimo de um terço;
III – décimo terceiro salário proporcional;
IV – repouso semanal remunerado; e
V – adicionais legais.
§ 7º O recibo de pagamento deverá conter a discriminação dos valores pagos relativos a cada uma
das parcelas referidas no § 6º deste artigo.
§ 8º O empregador efetuará o recolhimento da contribuição previdenciária e o depósito do Fundo
de Garantia do Tempo de Serviço, na forma da lei, com base nos valores pagos no período mensal e
fornecerá ao empregado comprovante do cumprimento dessas obrigações.
§ 9º A cada doze meses, o empregado adquire direito a usufruir, nos doze meses subsequentes,
um mês de férias, período no qual não poderá ser convocado para prestar serviços pelo mesmo
empregador.

O PULO DO GATO
TRABALHADOR INTERMITENTE tem direitos trabalhistas e é regulamentado na CLT.

Nesse ponto, temos a reunião dos cinco elementos primordiais: PRESTAÇÃO DE TRABA-
LHO POR PESSOA FÍSICA; COM PESSOALIDADE; NÃO EVENTUALIDADE; ONEROSIDADE E SU-
BORDINAÇÃO.
Em continuidade, as partes devem ser capazes, o objeto do contrato de trabalho deve
ser lícito, possível, determinado ou determinável; forma contratual prescrita em lei e vonta-
de das partes em continuar juntas no desempenho de uma atividade mediante recebimento
de salários.
Dispõe a CF/88 no artigo 7, XXXIII – proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre
a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição
de aprendiz, a partir de quatorze anos.
Além disso, é preciso tratar do objeto, que pode deve ser lícito. Com isso, já adianto uma
matéria muito importante: trabalho ilícito x trabalho proibido.
Há uma peculiaridade que já abordei antes e que preciso enfatizar pela frequência da co-
brança em provas: POLICIAL MILITAR que, inclusive, deixei ao fim do material uma notícia
importante do TST. (Por coincidência até julguei um caso parecido quando estava no TRT 14).
Então, veja lá no anexo de jurisprudências. Não se esqueça da Súmula n. 386 do TST:

POLICIAL MILITAR. RECONHECIMENTO DE VÍNCULO EMPREGATÍCIO COM EMPRESA


PRIVADA
Preenchidos os requisitos do art. 3º da CLT, é legítimo o reconhecimento de relação de
emprego entre policial militar e empresa privada, independentemente do eventual cabi-
mento de penalidade disciplinar prevista no Estatuto do Policial Militar.

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Petição Inicial
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Trabalho proibido Trabalho ilícito


É aquele que corresponde a um ilícito penal. É o
É aquela que ofende a CF/88, mas tem seus caso, por exemplo, da pessoa que trabalha como
direitos resguardados em âmbito trabalhista. “avião” no tráfico.
É o caso do trabalho infantil dos menores de No caso do jogo do bicho, veja o seguinte: OJ 199
18 anos feito de forma irregular, do trabalho do TST e uma notícia ao final do material: 199.
em condições insalubres, por exemplo, aos JOGO DO BICHO. CONTRATO DE TRABALHO.
menores de 18 anos. Consequência: a relação NULIDADE. OBJETO ILÍCITO É nulo o contrato
de trabalho deve ser preservada para os efeitos de trabalho celebrado para o desempenho de
trabalhistas e previdenciários. atividade inerente à prática do jogo do bicho, ante
Observações: 1) vamos aprofundar essa matéria a ilicitude de seu objeto, o que subtrai o requisito
na aula de contrato de aprendizagem; 2) de validade para a formação do ato jurídico.
também é chamado de trabalho IRREGULAR em Consequência: a relação de trabalho não é
algumas bancas. preservada para os efeitos trabalhistas e
previdenciários.
Aqui temos que estabelecer a competência da Justiça do Trabalho para fins de processar e
julgar servidores celetistas e empregados públicos que são os concursados submetidos à CLT.
Note-se, entendimento, recente do STF sobre a questão da competência no caso de greve,
nos termos de Repercussão Geral de número 544: A justiça comum, federal ou estadual, é com-
petente para julgar a abusividade de greve de servidores públicos celetistas da Administração
pública direta, autarquias e fundações públicas.
Logo, muito cuidado! Porque isso é pegadinha de prova!

PEGADINHA DA BANCA
(STF) A justiça comum, federal ou estadual, é competente para julgar a abusividade de gre-
ve de servidores públicos celetistas da Administração pública direta, autarquias e funda-
ções públicas.

Vamos tratar com profundidade em outras aulas sobre o tema, mas é preciso destacar o
caso dos servidores administrativos irregulares, ou seja, aqueles que não fizeram concurso pú-
blico e ocupam cargos na Administração. Nesse ponto, existe uma súmula específica acerca
do tema do TST:

SÚMULA N. 363 CONTRATO NULO. EFEITOS


A contratação de servidor público, após a CF/1988, sem prévia aprovação em concurso
público, encontra óbice no respectivo art. 37, II e § 2º, somente lhe conferindo direito ao
pagamento da contraprestação pactuada, em relação ao número de horas trabalhadas, res-
peitado o valor da hora do salário mínimo, e dos valores referentes aos depósitos do FGTS.

Mais uma vez, não se confunda: foi cancelada a OJ 205 do TST.


O STF entende o seguinte:

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DIREITO DO TRABALHO E PROCESSO DO TRABALHO
Petição Inicial
Maria Rafaela

1) A Justiça do Trabalho não é mais competente para dirimir dissídio individual entre traba-
lhador e ente público se há controvérsia acerca do vínculo empregatício.
2) A lei que disciplina a contratação por tempo determinado para atender a necessidade
temporária de excepcional interesse público (art. 37, inciso IX, da CF/1988) é suficiente para
deslocar a competência da Justiça do Trabalho para a Justiça Comum.
Logo, discussões sobre dúvidas se é contrato temporário ou não, quem vai resolver é a
Justiça Comum, Federal ou Estadual.

001. (INÉDITA/2020) Valentina ajuíza ação trabalhista na Justiça do Trabalho para discutir
controvérsia da relação de emprego com o Município de São Gonçalo do Amarante, aqui no
Ceará. Logo, ela pretende reconhecer o vínculo dela, mas há divergências sobre tais pontos.
Nesse sentido, o procedimento de Valentina está correto.

A resposta está errada, pois a OJ 205 do TST foi cancelada e, com isso, a Justiça do Trabalho
não é mais competente para dirimir dissídio individual entre trabalhador e ente público se há
controvérsia acerca do vínculo empregatício. Antes do cancelamento, a resposta estaria cor-
reta no gabarito. Veja que o centro da questão é CONTROVÉRSIA do vínculo entre o partes. Se
Valentina fosse celetista, a competência seria da Justiça do Trabalho.
Errado.

002. (INÉDITA/2020) Valentina está laborando em favor do Município de São Gonçalo do


Amarante, aqui no Ceará. Ajuizou ação trabalhista na Justiça do Trabalho e, de repente, anexou
no seu processo trabalhista uma legislação que disciplina a contratação por tempo determina-
do para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público. Além disso, existe
controvérsia da relação de trabalho.

Foi cancelada a OJ 205 do TST. O STF entende o seguinte: 1) A Justiça do Trabalho não é mais
competente para dirimir dissídio individual entre trabalhador e ente público se há controvérsia
acerca do vínculo empregatício. 2) A lei que disciplina a contratação por tempo determinado
para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público (art. 37, inciso IX, da
CF/1988) é suficiente para deslocar a competência da Justiça do Trabalho para a Justiça Co-
mum. Logo, discussões sobre dúvidas se é contrato temporário ou não, quem vai resolver é a
Justiça Comum, Federal ou Estadual.
Errado.

O estágio é diferente da relação de emprego. É regulamento pela Lei número 11.788/2008.

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DIREITO DO TRABALHO E PROCESSO DO TRABALHO
Petição Inicial
Maria Rafaela

Estágio é ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que


visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam frequentando o ensino
regular em instituições de educação superior, de educação profissional, de ensino médio, da
educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da
educação de jovens e adultos.
Logo, o estágio abrange todos os níveis: fundamental, médio e superior, tanto brasileiros
como estudantes estrangeiros que possuam visto para estudo no Brasil.
Se houver descumprimento de alguns dos requisitos do artigo 3º da legislação, IMPLICARÁ
CARACTERIZAÇÃO DE RELAÇÃO DE EMPREGO, com todas as consequências trabalhistas e
previdenciárias.
Nesse sentido, veja o artigo 3º muito importante para a sua prova:

Art. 3º O estágio, tanto na hipótese do § 1º do art. 2º desta Lei quanto na prevista no § 2º do mesmo
dispositivo, não cria vínculo empregatício de qualquer natureza, observados os seguintes requisitos:
I – matrícula e frequência regular do educando em curso de educação superior, de educação profis-
sional, de ensino médio, da educação especial e nos anos finais do ensino fundamental, na modali-
dade profissional da educação de jovens e adultos e atestados pela instituição de ensino;
II – celebração de termo de compromisso entre o educando, a parte concedente do estágio e a ins-
tituição de ensino;
III – compatibilidade entre as atividades desenvolvidas no estágio e aquelas previstas no termo de
compromisso.
§ 1ºO estágio, como ato educativo escolar supervisionado, deverá ter acompanhamento efetivo pelo
professor orientador da instituição de ensino e por supervisor da parte concedente, comprovado por
vistos nos relatórios referidos no inciso IV do caput do art. 7º desta Lei e por menção de aprovação
final.
§ 2º O descumprimento de qualquer dos incisos deste artigo ou de qualquer obrigação contida no
termo de compromisso caracteriza vínculo de emprego do educando com a parte concedente do
estágio para todos os fins da legislação trabalhista e previdenciária.

É importante destacar a jornada do estagiário: A jornada de atividade em estágio será de-


finida de comum acordo entre a instituição de ensino, a parte concedente e o aluno estagiário
ou seu representante legal, devendo constar do termo de compromisso ser compatível com as
atividades escolares e não ultrapassa:
(1) 4 (quatro) horas diárias e 20 (vinte) horas semanais, no caso de estudantes de educa-
ção especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional de educação
de jovens e adultos;
(2) 6 (seis) horas diárias e 30 (trinta) horas semanais, no caso de estudantes do ensino
superior, da educação profissional de nível médio e do ensino médio regular.
O estágio relativo a cursos que alternam teoria e prática, nos períodos em que não estão
programadas aulas presenciais, poderá ter jornada de até 40 (quarenta) horas semanais, des-
de que isso esteja previsto no projeto pedagógico do curso e da instituição de ensino.

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Petição Inicial
Maria Rafaela

Se a instituição de ensino adotar verificações de aprendizagem periódicas ou finais, nos


períodos de avaliação, a carga horária do estágio será reduzida pelo menos à metade, segundo
estipulado no termo de compromisso, para garantir o bom desempenho do estudante.
A duração do estágio, na mesma parte concedente, não poderá exceder 2 (dois) anos, ex-
ceto quando se tratar de estagiário portador de deficiência.
É assegurado ao estagiário, sempre que o estágio tenha duração igual ou superior a 1 (um)
ano, período de recesso de 30 (trinta) dias, a ser gozado preferencialmente durante suas férias
escolares.
O recesso deverá ser remunerado quando o estagiário receber bolsa ou outra forma de
contraprestação. Os dias de recesso previstos neste artigo serão concedidos de maneira pro-
porcional, nos casos de o estágio ter duração inferior a 1 (um) ano.
O descumprimento de qualquer das regras torna o estágio um contrato de emprego com
todas as benesses previdenciárias e trabalhistas.
A CLT não trata do estagiário, mas tão só do contrato de aprendizagem, referente ao me-
nor aprendiz.

O PULO DO GATO
A manutenção de estagiários em desconformidade com esta Lei que estamos estudando ca-
racteriza vínculo de emprego do educando com a parte concedente do estágio para todos os
fins da legislação trabalhista e previdenciária. o estagiário poderá receber bolsa ou outra forma
de contraprestação que venha a ser acordada, sendo compulsória a sua concessão, bem como
a do auxílio-transporte, na hipótese de estágio não obrigatório. A eventual concessão de be-
nefícios relacionados a transporte, alimentação e saúde, entre outros, não caracteriza vínculo
empregatício.

Por fim, é muito importante para os concursos o artigo 17 da LEI:

Art. 17. O número máximo de estagiários em relação ao quadro de pessoal das entidades conce-
dentes de estágio deverá atender às seguintes proporções:
I – de 1 (um) a 5 (cinco) empregados: 1 (um) estagiário;
II – de 6 (seis) a 10 (dez) empregados: até 2 (dois) estagiários;
III – de 11 (onze) a 25 (vinte e cinco) empregados: até 5 (cinco) estagiários;
IV – acima de 25 (vinte e cinco) empregados: até 20% (vinte por cento) de estagiários.
§ 1º Para efeito desta Lei, considera-se quadro de pessoal o conjunto de trabalhadores empregados
existentes no estabelecimento do estágio.
§ 2º Na hipótese de a parte concedente contar com várias filiais ou estabelecimentos, os quantita-
tivos previstos nos incisos deste artigo serão aplicados a cada um deles.
§ 3º Quando o cálculo do percentual disposto no inciso IV do caput deste artigo resultar em fração,
poderá ser arredondado para o número inteiro imediatamente superior.

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Maria Rafaela
§ 4º Não se aplica o disposto no caput deste artigo aos estágios de nível superior e de nível médio
profissional.
§ 5º Fica assegurado às pessoas portadoras de deficiência o percentual de 10% (dez por cento) das
vagas oferecidas pela parte concedente do estágio.

As pessoas jurídicas de direito privado e os órgãos da administração pública direta, au-


tárquica e fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios, bem como profissionais liberais de nível superior devidamente registrados em
seus respectivos conselhos de fiscalização profissional, podem oferecer estágio.
É diferente o contrato de aprendizagem com o de estágio, do qual passo a analisar no qua-
dro abaixo:
Estagiário Menor aprendiz
Relação de trabalho
Previsão na lei específica Relação de emprego
contrato formal específico Previsão na CLT
não pode exceder 2 anos, exceto quando se contrato formal específico
tratar de estagiário portador de deficiência. não pode exceder 2 anos, exceto quando se
Não existe limite de idade máximo tratar de aprendiz portador de deficiência.
Não tem direitos trabalhistas e Só até 24 anos, salvo se for aprendiz
previdenciários portador de deficiência.
Jornada: pode ser de 20 a 30 horas Direitos trabalhistas e previdenciários
semanais. Jornada: A duração do trabalho do menor
O estágio relativo a cursos que alternam regular-se-á pelas disposições legais
teoria e prática, nos períodos em que não relativas à duração do trabalho em geral.
estão programadas aulas presenciais, Após cada período de trabalho efetivo, quer
poderá ter jornada de até 40 (quarenta) contínuo, quer dividido em 2 (dois) turnos,
horas semanais, desde que isso esteja haverá um intervalo de repouso, não inferior
previsto no projeto pedagógico do curso e a 11(onze) horas.
da instituição de ensino. Tem anotação na CTPS
Não tem anotação da CTPS
Recebe bolsa aprendizagem Recebe salário

O estagiário poderá receber bolsa ou outra forma de contraprestação que venha a ser acor-
dada, sendo compulsória a sua concessão, bem como a do auxílio-transporte, na hipótese de
estágio não obrigatório. A eventual concessão de benefícios relacionados a transporte, alimen-
tação e saúde, entre outros, não caracteriza vínculo empregatício.
O trabalhador avulso, aquele contratado com intervenção obrigatória do sindicato ou do ór-
gão gestor de mão de obra (OGMO), equipara-se ao trabalhador com vínculo empregatício, con-
figurando exceção, pois possui todos os direitos trabalhistas inerentes à relação de emprego.
O trabalhador avulso é diferente do eventual, pois o avulso atua no mercado mediante enti-
dade intermediária. No caso é o OGMO ou sindicato. O eventual trabalha sem a intermediação
seja do sindicato ou do OGMO. Essa é a principal diferença: AVULSO X EVENTUAL.
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O PULO DO GATO
Associe a situação do avulso com o PORTUÁRIO E NÃO PORTUÁRIO. Aqui temos duas figuras
importantes: avulso portuário e não portuário.

Quanto à ideia do portuário, destaca-se a Lei n. 12.023/2009. A legislação é pequena, mas


você precisa saber alguns dados que colocarei na explicação desse capítulo.
Cuidado com as diferenças, mas é sempre bom ter a associação com o AVULSO. Impor-
tante destacar: intermediação do sindicato ou OGMO (órgão gestor de mão de obra portuária).
Também existe responsabilização das empresas tomadoras em relação ao trabalho desen-
volvido pelos portuários.
As empresas tomadoras do trabalho avulso respondem solidariamente pela efetiva remu-
neração do trabalho contratado e são responsáveis pelo recolhimento dos encargos fiscais e
sociais, bem como das contribuições ou de outras importâncias devidas à Seguridade Social,
no limite do uso que fizerem do trabalho avulso intermediado pelo sindicato.
As empresas tomadoras do trabalho avulso são responsáveis pelo fornecimento dos Equi-
pamentos de Proteção Individual e por zelar pelo cumprimento das normas de segurança
no trabalho.
Para você conhecer que tipo de atividades são desempenhadas pelos avulsos: as ativi-
dades da movimentação de mercadorias em geral desenvolvidas pelos avulsos: I – cargas e
descargas de mercadorias a granel e ensacados, costura, pesagem, embalagem, enlonamento,
ensaque, arrasto, posicionamento, acomodação, reordenamento, reparação da carga, amostra-
gem, arrumação, remoção, classificação, empilhamento, transporte com empilhadeiras, paleti-
zação, ova e desova de vagões, carga e descarga em feiras livres e abastecimento de lenha em
secadores e caldeiras; II – operações de equipamentos de carga e descarga; III – pré limpeza e
limpeza em locais necessários à viabilidade das operações ou à sua continuidade. Também te-
mos como atividades de portuários: I – capatazia: atividade de movimentação de mercadorias
nas instalações dentro do porto, compreendendo o recebimento, conferência, transporte inter-
no, abertura de volumes para a conferência aduaneira, manipulação, arrumação e entrega, bem
como o carregamento e descarga de embarcações, quando efetuados por aparelhamento por-
tuário; II – estiva: atividade de movimentação de mercadorias nos conveses ou nos porões das
embarcações principais ou auxiliares, incluindo o transbordo, arrumação, peação e despeação,
bem como o carregamento e a descarga, quando realizados com equipamentos de bordo; III
– conferência de carga: contagem de volumes, anotação de suas características, procedência
ou destino, verificação do estado das mercadorias, assistência à pesagem, conferência do

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manifesto e demais serviços correlatos, nas operações de carregamento e descarga de em-


barcações; IV – conserto de carga: reparo e restauração das embalagens de mercadorias, nas
operações de carregamento e descarga de embarcações, reembalagem, marcação, remarca-
ção, carimbagem, etiquetagem, abertura de volumes para vistoria e posterior recomposição; V
– vigilância de embarcações: atividade de fiscalização da entrada e saída de pessoas a bordo
das embarcações atracadas ou fundeadas ao largo, bem como da movimentação de mercado-
rias nos portalós, rampas, porões, conveses, plataformas e em outros locais da embarcação; e
VI – bloco: atividade de limpeza e conservação de embarcações mercantes e de seus tanques,
incluindo batimento de ferrugem, pintura, reparos de pequena monta e serviços correla

O PULO DO GATO
Despenca em prova o artigo da CF/88: art. 7, inciso XXXIV – igualdade de direitos entre o tra-
balhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso.

Para ficar mais didática a exposição dessa matéria, farei uma tabela abaixo com as distin-
ções entre as duas categorias.
PORTUÁRIO – Lei 12.815/2013 NÃO PORTUÁRIO – Lei 12.023/2009
Intermediação do Sindicato ou do OGMO.
Pode contratar mediante as regras
previstas na CLT por tempo indeterminado.
O trabalho portuário de capatazia, estiva,
conferência de carga, conserto de carga,
bloco e vigilância de embarcações, nos Podem desenvolver atividades gerais de
portos organizados, será realizado por movimentação de mercadorias, como
trabalhadores portuários com vínculo cargas e descargas de mercadorias a
empregatício por prazo indeterminado e por granel e ensacados, por exemplo.
trabalhadores portuários avulsos. As regras da Lei 12.023/2009 não se
A contratação de trabalhadores portuários aplicam aos trabalho avulso portuário que
de capatazia, bloco, estiva, conferência de é regulado pela Lei 12.815/2013.
carga, conserto de carga e vigilância de
embarcações com vínculo empregatício
por prazo indeterminado será feita
exclusivamente dentre trabalhadores
portuários avulsos registrados.

PEGADINHA DA BANCA
A disposição da CF/88 no artigo 7, inciso XXXIV – igualdade de direitos entre o trabalhador
com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso vale para os portuários e não
portuários.

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6. Resolução de Questões da Prova de 2021


Nesse capítulo do livro, passo a traçar as dicas do que você deveria redigir nas questões
subjetivas do exame XXXII, pois ler espelhos de provas vai te ajudar a ter um norte maior do
que esperar dos próximos concursos da OAB:
QUESTÃO 1
Jéssica trabalha como operadora de telemarketing em uma sociedade empresária, oferecendo
vários produtos, por telefone (seguro de vida, seguro saúde e plano de capitalização, entre ou-
tros). A empregadora de Jéssica propôs que ela trabalhasse de sua residência, a partir de feve-
reiro de 2018, o que foi aceito. Então, a sociedade empresária montou a estrutura de um home
office na casa de Jéssica, e o trabalho passou a ser feito do próprio domicílio da empregada.
Passados 7 (sete) meses, a sociedade empresária convocou Jéssica para voltar a trabalhar
na sede, a partir do mês seguinte, concedendo prazo de 30 (trinta) dias para as adaptações
necessárias. A empregada não concordou, argumentando que já havia se acostumado ao con-
forto e à segurança de trabalhar em casa, além de, nessa situação, poder dar mais atenção
aos dois filhos menores. Ela ponderou que, para que a situação voltasse a ser como antes,
seria necessário haver consenso, mas que, no seu caso, não concordava com esse retroces-
so. Diante da situação retratada e dos ditames da CLT, responda aos itens a seguir. A) Analise
se a empregada tem razão em negar-se a voltar a trabalhar fisicamente nas dependências da
sociedade empresária. Justifique. (Valor: 0,65) B) Se Jéssica ajuizasse ação postulando horas
extras no período em que atuou em seu domicílio, que tese você, contratado(a) pela sociedade
empresária, sustentaria? Justifique. (Valor: 0,60)

SUGESTÃO DE RESPOSTA
A) Você faz uma abordagem sobre o que seja teletrabalho e uma breve análise sobre esta nova
modalidade, regulamentada na CLT após a Reforma Trabalhista. Na sequência, responda que a
empregada não tem razão, pois é direito do empregador retornar do trabalho realizado em do-
micílio para o presencial, sendo desnecessária a concordância do empregado para mudança
do regime de teletrabalho para o presencial, conforme o Art. 75-C § 2º, da CLT. Você aqui pode
fazer alusão ao poder diretivo do empregador, principalmente, porque é sobre ele que recai o
risco do empreendimento. B) Você pode brevemente trazer as limitações constitucionais para,
na sequência, aduzir que nem todas as situações de uma relação de emprego se encaixam no
direito ao recebimento de horas extras, como é o caso do teletrabalho. A tese a ser apresenta-
da é a de que o teletrabalho não enseja pagamento de horas extras, estando excluído do regi-
me de duração horária, na forma do Artigo 62, inciso III, da CLT. O teletrabalho não gera horas
extras ou está excluído do regime de duração horária. Não havia aqui necessidade de tratar de
jurisprudência, na medida em que não existe qualquer regulamentação sobre o tema.

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QUESTÃO 2
A sociedade empresária Madeiras de Lei Ltda. contratou você, como advogado(a), para defen-
dê-la em uma reclamação trabalhista proposta pelo ex-empregado Roberto. Após devidamente
contestada e instruída a demanda, a sentença foi prolatada, julgando o pedido procedente em
parte. A sociedade empresária pretende recorrer da sentença porque acha que nada deve ao
ex-empregado e questiona o valor dos custos desse recurso. Cientificada por você do valor das
custas e do depósito recursal, a sociedade empresária diz que está acumulando capital para
abrir novas filiais e ampliar sua rede, de modo que, no momento, em razão de suas prioridades
internas, só tem valor disponível para as custas. Considerando a narrativa dos fatos e os ter-
mos da CLT, responda às indagações a seguir. A) Indique a alternativa jurídica que viabilizaria a
interposição do recurso ordinário sem a necessidade de a sociedade empresária desembolsar
o numerário do depósito recursal, considerando que, pela narrativa, ela não é beneficiária de
gratuidade de justiça. Justifique. (Valor: 0,65) B) Se a sociedade empresária tivesse a recu-
peração judicial deferida pela Justiça Comum antes da sentença, como ficaria a questão do
depósito recursal para fins de interposição do recurso ordinário por ela desejado? Justifique.
(Valor: 0,60)

SUGESTÃO DE RESPOSTA
A) Nesse tipo de questão, faça uma introdução explicando o que é depósito recursal. Na CLT,
há dispositivos legais dos quais você pode fazer um resumo introdutório para mostrar ao exa-
minador que você entende o tema chave da pergunta. Se puder, estabeleça rapidamente, a dis-
tinção entre custas e depósito recursal e, aí enfrente a questão, aduzindo que a substituição ou
apresentação do depósito recursal em dinheiro por fiança bancária ou seguro garantia judicial,
na forma do Art. 899, § 11, da CLT é possível. B) Ainda sobre a temática, desenvolva a resposta
no sentido de que a sociedade empresária ficaria isenta do depósito recursal, na forma do Art.
899, § 10, da CLT. Não há necessidade de transcrição de dispositivos ou de indicação de juris-
prudência do TST sobre este tema.

QUESTÃO 3
Rezende, contratado em 05/04/2019 como cozinheiro no restaurante Paladar Supremo Ltda,
trabalhava de segunda à sexta-feira, das 16h às 00h, sem intervalo. Em 04/09/2019, Rezende
foi dispensado sem justa causa e ajuizou reclamação trabalhista postulando o pagamento de
1 hora diária com adicional de 50%, em razão do intervalo para refeição não concedido, além
da integração dessa hora com adicional de 50% ao 13º salário, às férias, ao FGTS e ao repouso
semanal remunerado. Considerando a situação apresentada e os termos da CLT, responda aos
itens a seguir.
a) Caso você fosse contratado pela empresa, que reconhece não ter concedido o intervalo para
refeição, que tese jurídica você poderia advogar em defesa dos interesses da reclamada para
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reduzir eventual condenação? (Valor: 0,65) B) Caso a reclamação trabalhista proposta por Re-
zende não identificasse nenhum valor, mas apenas a indicação dos direitos que ele postulava,
que preliminar você advogaria em favor da empresa? (Valor: 0,60)

SUGESTÃO DE RESPOSTA
Seria importante você trazer para o examinador o conceito do intervalo intrajornada e as con-
sequências da sua supressão, principalmente, as mudanças da Reforma Trabalhista, princi-
palmente, acerca da natureza indenizatória. Na sequência, apontar a tese a ser apresentada
é a de que o intervalo para refeição devido, após o advento da Lei n. 13.467/17, tem natureza
indenizatória e, assim, não gera reflexo em outros direitos, conforme prevê o Art. 71, § 4º, da
CLT. No item B, sugiro que você fale que, na defesa dos interesses da empresa, deverá ser sus-
citada preliminar de inépcia para extinção do processo sem resolução do mérito porque não
houve indicação do valor na petição inicial, em desacordo com o que determina o Art. 840, §§
1º ou 3º, da CLT, Art. 852-B, I ou § 1º, da CLT, Art. 330, I ou § 1º, I ou II, do CPC ou Art. 337, IV, do
CPC. O TST tem um entendimento particular sobre isso a partir de 2020, mas você pode usar
o argumento acima.

QUESTÃO 4
Clotilde foi contratada, em 10/12/2019, pela sociedade empresária Viação Pontual Ltda., a títu-
lo de experiência, por 45 dias, recebendo o valor correspondente a 1,5 salário mínimo por mês.
Passado o prazo de 45 dias e não tendo Clotilde mostrado um bom desempenho no serviço, a
empregadora resolveu não dar prosseguimento ao contrato, que foi extinto no seu termo final.
Ocorre que o ex-empregador não pagou à Clotilde as verbas relativas ao rompimento contra-
tual, o que a levou a ajuizar reclamação trabalhista pedindo justamente essas verbas, que fo-
ram liquidadas na inicial e alcançaram o valor de R$ 4.000,00 (quatro mil reais). Na sentença,
e seguindo os pedidos formulados, considerando, ainda, que a sociedade empresária reconhe-
ceu que não pagou qualquer verba por estar em dificuldades financeiras, o juiz julgou proce-
dente o pedido e condenou a sociedade empresária ao pagamento de aviso prévio, 13º salário
proporcional, férias proporcionais acrescidas de 1/3, saldo salarial de 15 dias e honorários
advocatícios de 10% sobre o valor da execução, conforme rol de pedidos formulados na de-
manda. Diante da narrativa apresentada e dos termos da CLT, responda às indagações a seguir.
a) Caso você fosse contratado(a) pela sociedade empresária, que tese de mérito apresentaria
no recurso ordinário em relação ao objeto da condenação para tentar reduzi-lo? Justifique.
(Valor: 0,65)
b) Caso fosse necessário, quantas testemunhas, no máximo, a sociedade empresária poderia
conduzir à audiência na reclamação trabalhista de Clotilde? Justifique. (Valor: 0,60)

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SUGESTÃO DE RESPOSTA
a) Aborde a diferença do conceito e consequências jurídicas do contrato por prazo indetermi-
nado e determinado. Dentre este último, trate das espécies e aprofunde na ideia do contrato
de experiência, com ênfase na CLT. A tese defensiva é a de que na extinção de contrato a
termo, como é o caso do contrato de experiência, não é devido o pagamento do aviso prévio,
conforme Art. 487 da CLT, pois o contrato foi encerrado no termo final previsto. Faça menção
da exceção da cláusula assecuratória de direito recíproco que não é o caso da questão para
“conquistar de vez o coração do examinador”.
B) Explique, rapidamente para o examinador, a diferença entre o rito sumaríssimo, sumário
e ordinário. Por fim, diga que, uma vez que o valor dos pedidos submete a causa ao procedi-
mento sumaríssimo, a sociedade empresária poderia conduzir, no máximo, duas testemunhas,
conforme o Art. 852-H, § 2º, da CLT.

O PULO DO GATO
Não adianta fazer respostas muito longas para não passar a ideia ao examinador que você
está enrolando para não responder. Mas também não responda muito diretamente, sem pas-
sar para ele uma pequena noção do assunto, demonstrando seu conhecimento. A grande dica
é o velho clichê do equilíbrio. Passe um pouco de conceitos, mas não se alongue tanto, pois
você ser mal interpretado pelo examinador. Então, as dicas nas respostas da prova de 2021
dão um “caminho das pedras” de como deveria ser a redação das questões subjetivas. Espero
muito ter ajudado.

7. Enunciado das Questões da Prova Prática Processual de 2019


EXAME XXX DA OAB
Após juntar durante alguns anos suas economias e auxiliado por seus familiares, Tito
comprou uma motocicleta e começou a trabalhar em 15/12/2018 como motoboy na Pizzaria
Gourmet Ltda, localizada no Município de Parauapebas, Estado do Pará, realizando a entrega
em domicílio de pizzas e outros tipos de massas aos clientes do empregador. A carteira de
trabalho de Tito foi devidamente assinada, com o valor de 1 salário mínimo mensal. Em razão
da atividade desempenhada, Tito poderia escolher diariamente um item do cardápio para se
alimentar no próprio estabelecimento, sem precisar pagar pelo produto. Tito fazia em média
10 entregas em seu turno de trabalho, e normalmente recebia R$ 1,00 (um real) de bonificação
espontânea de cada cliente, gerando uma média de R$ 260,00 (duzentos e sessenta reais)
mensais. Tito exercia suas funções durante seis dias na semana, com folga na 2ª feira, sendo
que, uma vez por mês, a folga era em um domingo. A jornada cumprida ia das 18h às 3h30,
com intervalo de 40 minutos para refeição. No mês de agosto de 2019, Tito fez a entrega de
uma pizza na casa de um cliente. Ocorre que o cozinheiro da pizzaria se confundiu no preparo

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e assou uma pizza de calabresa, sendo que o cliente era alérgico a esse produto (linguiça). Ao
ver a pizza errada, o cliente foi tomado de fúria incontrolável, começou a xingar e a ameaçar
Tito, e terminou por soltar seus cães de guarda, dando ordem para atacar o entregador. Tito
correu desesperadamente, mas foi mordido e arranhado pelos animais, sendo lesionado gra-
vemente. Em razão disso, ele precisou se afastar por 30 dias para recuperação, recebendo o
benefício previdenciário pertinente do INSS. Tito gastou R$ 30,00 na compra de vacina antirrá-
bica, que por recomendação médica foi obrigado a tomar, porque não sabia se os cachorros
eram vacinados. Em 20 de setembro de 2019, após obter alta do INSS, Tito retornou à empre-
sa e foi dispensado, recebendo as verbas rescisórias. Nos contracheques de Tito, constam,
mensalmente, o pagamento do salário mínimo nacional na coluna de créditos e o desconto
de INSS na coluna de descontos, sendo que no mês de março de 2019 houve ainda dedução
de R$ 31,80 a título de contribuição sindical, sem que tivesse autorizado o desconto. Tito foi à
CEF e solicitou seu extrato analítico, onde consta depósito de FGTS durante todo o contrato de
trabalho. Considerando que, em outubro de 2019, Tito procurou você, como advogado(a), para
pleitear os direitos lesados, informando que continua desempregado, elabore a peça proces-
sual pertinente. (Valor: 5,00)
EXAME XXVII
Nelson Aviz procura você, como advogado(a), afirmando que foi empregado da socie-
dade empresária Alfa Ltda. na sede desta, localizada em Sete Lagoas/MG, de 17/12/2017 a
28/04/2018, tendo exercido, na prática, a função de técnico de informática.
Nelson informa que foi despedido por justa causa, apesar de não ter feito nada de errado,
não recebendo qualquer indenização, mas apenas o saldo salarial do último mês; que a em-
presa não integrava, para fim algum, o salário-família que Nelson recebia; que trabalhava de
segunda-feira a sábado, das 20h às 5h, com intervalo de 20 minutos para refeição; que o local
de trabalho era de difícil acesso e não servido por transporte público regular, pelo que a empre-
sa fornecia o transporte para ir ao trabalho e voltar dele, de forma que Nelson demorava uma
hora no trajeto de ida e outra uma hora no de volta; que realizou exame médico na admissão;
que Nelson tem uma irmã que trabalha na mesma sociedade empresária, exercendo a função
de programadora de jogos digitais.
O trabalhador exibe cópias dos contracheques, nos quais há, na parte de crédito, salário de
R$ 1.200,00 e uma cota de salário-família; já na parte de descontos, há INSS, vale-transporte
e FGTS. Nelson ainda exibiu sua CTPS, na qual consta admissão em 17/12/2017 e saída em
28/04/2018, na função de auxiliar de serviços gerais; na parte de anotações gerais, há anota-
ção de que o empregado foi dispensado por justa causa em razão de conduta inadequada. Em
pesquisa pela Internet, você localiza a convenção coletiva da categoria de Nelson, com os pi-
sos normativos para todas as funções desempenhadas na sociedade empresária Alfa, dentre
elas os seguintes: auxiliar de serviços gerais: R$ 1.200,00; técnico em informática: R$ 1.800,00;
programador: R$ 3.500,00; e engenheiro de computação: R$ 6.000,00.

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Elabore a peça prático-profissional que melhor defenda os interesses de Nelson, sem usar
dados ou informações que não estejam no enunciado. (Valor: 5,00)

8. Resolução de Questões da Prova de 2022

003. Cícero é piloto da aviação comercial. Após deixar de trabalhar para uma determinada
companhia aérea brasileira, porque seus salários estavam atrasados e já contava com cinco
anos sem desfrutar férias, foi contratado por uma companhia aérea chinesa, que faz apenas
voos locais. Cícero ajuizou reclamação trabalhista em face da ex-empregadora, mas, no dia e
na hora designados para a audiência, ele não poderia estar presente, pois estava a trabalho na
China, em voo de longa duração, sem a possibilidade de acesso à internet. Ocorre que Cícero
tem pressa na solução do processo. Com base na hipótese apresentada, com fundamento na
CLT, responda, como advogado(a) de Cícero, aos itens a seguir.
a) Considerando que a Vara do Trabalho para qual o processo foi distribuído utiliza o sistema
de audiência fracionada, que medida você deverá adotar para evitar o adiamento da audiência
ou o arquivamento do processo? Fundamente. (Valor: 0,65)
b) Acerca da ruptura do contrato de trabalho, que tese jurídica você sustentaria na reclamação
trabalhista? Fundamente. (Valor: 0,60)

a) No caso do reclamante não conseguir comparecer à audiência no processo trabalhista, no


caso, a 1ª audiência, de forma justificada – como é o caso do obreiro, por estar em viagem
internacional para a China, a serviço –, o advogado pode apresentar a prova documental soli-
citando o adiamento da audiência, mas, no caso de evitar a redesignação da audiência, para
garantir a maior celeridade possível, pode-se evitar o arquivamento do feito substituindo-o por
outro empregado, mediante a aplicação do art. 843 da CLT:

Art. 843. Na audiência de julgamento deverão estar presentes o reclamante e o reclamado, indepen-
dentemente do comparecimento de seus representantes, salvo nos casos de Reclamatórias Plúri-
mas ou Ações de Cumprimento, quando os empregados poderão fazer-se representar pelo Sindica-
to de sua categoria. (Redação dada pela Lei n. 6.667, de 3.7.1979)
§ 1º É facultado ao empregador fazer-se substituir pelo gerente, ou qualquer outro preposto que
tenha conhecimento do fato, e cujas declarações obrigarão o proponente.
§ 2º Se por doença ou qualquer outro motivo poderoso, devidamente comprovado, não for possível
ao empregado comparecer pessoalmente, poderá fazer-se representar por outro empregado que
pertença à mesma profissão, ou pelo seu sindicato.
Destaca-se, ainda, o teor do art. 844 da CLT:

Art. 844. O não comparecimento do reclamante à audiência importa o arquivamento da reclamação,


e o não comparecimento do reclamado importa revelia, além de confissão quanto à matéria de fato.
§ 1º Ocorrendo motivo relevante, poderá o juiz suspender o julgamento, designando nova audiência.
(Redação dada pela Lei n. 13.467, de 2017).

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b) No caso da questão narrada, o reclamante pode pleitear a rescisão indireta do contrato de


trabalho, tendo em vista o descumprimento das obrigações trabalhistas pelo seu empregador
como o sucessivo e constante atraso de salários. Conforme entendimento jurisprudencial, o
atraso de salários reiterado torna o empregador em mora e, portanto, inadimplente, atraindo a
aplicação do art. 483 da CLT. Destaca-se que a rescisão indireta do contrato de trabalho está
prevista no art. 483 da CLT, caracterizada pela falta grave que o empregador comete com o
funcionário. De modo mais claro, é uma demissão por justa causa inversa (do empregado para
o empregador), porém, com verbas rescisórias diferentes. No caso, os efeitos da rescisão indi-
reta são similares aos da dispensa sem justa causa.

004. Jorge Souza atua como auxiliar de produção em uma indústria alimentícia, recebendo
dois salários-mínimos mensais. Ainda com o contrato em vigor, Jorge ajuizou, no ano de 2020,
reclamação trabalhista contra o empregador, requerendo o pagamento de insalubridade em
grau mínimo, pois afirmou existir, no seu local de trabalho, um agente agressor à sua saú-
de. Designada audiência, as partes compareceram, e o juiz verificou que não era possível a
conciliação. Então, o magistrado determinou de ofício a realização de prova pericial e que a
sociedade empresária antecipasse os honorários do perito, afirmando que não reconsideraria
tal comando. Considerando a situação retratada, os ditames da CLT e o entendimento consoli-
dado do TST, responda às indagações a seguir.
a) Como advogado da sociedade empresária, que medida imediata você adotaria para evitar a
antecipação dos honorários periciais? Justifique. (Valor: 0,65)
b) Se a perícia confirmasse a insalubridade e, na sentença, o juiz condenasse a reclamada
ao pagamento do adicional desejado, na razão de 10% sobre o salário contratual do recla-
mante, que tese jurídica você adotaria no recurso, em defesa da empresa, para diminuir a
condenação? Justifique. (Valor: 0,60)

a) Não se admite agravo de instrumento ou retido das decisões interlocutórias na Justiça do


Trabalho. Portanto, se não há previsão de recursos, e, como a empresa precisa, de forma ime-
diata, neutralizar os efeitos da decisão, tem-se a situação de interposição do Mandado de
Segurança. Inclusive, esse é o entendimento do TST, principalmente, porque já há precedentes
naquela Corte, destacando-se o julgado no RO-518-66.2017.5.11.0000. Portanto, o TST já con-
solidou entendimento sobre a ilegalidade da exigência de depósito prévio para o custeio de
perícia (Orientação Jurisprudencial 98 da SDI-2). E a Reforma Trabalhista acrescentou o § 3º,
ao art. 790-B. da CLT, com a mesma tese contida na OJ 98. Além disso, só para fins de maiores
esclarecimentos, a Instrução Normativa 27 do TST faculta ao juiz exigir o depósito prévio, mas
ressalva as demandas decorrentes da relação de emprego. Logo, não é possível a exigência de
depósito prévio dos honorários periciais.

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b) A decisão do Magistrado está equivocada, cabendo no Recurso Ordinário sustentar que a base
de cálculo não é o salário contratual, mas sim o salário-mínimo vigente. No entanto, registre-se
entendimento de 2021 do TST que, embora o Supremo Tribunal Federal tenha estabelecido que a
base de cálculo para o adicional de insalubridade é o salário-mínimo, diz poder haver exceções a
essa regra, como nos casos em que o adicional é calculado, desde o início da relação trabalhista,
tendo como parâmetro o salário-base, conforme o TST. De qualquer forma, a tese pode ser encam-
pada no sentido de que o salário contratual não seria o parâmetro, o que diminuiria o quantum da
condenação, mas, sim, o salário-mínimo, com base na orientação do Supremo Tribunal Federal.

005. Você foi procurado, como advogado(a), por Hernani Gomes, que afirmou, em resumo,
ter adquirido um imóvel da sociedade empresária X, em 2000, onde reside com sua família,
e que, em setembro de 2021, recebeu a visita de um oficial de justiça informando a penhora
do imóvel, avaliado no ato em R$200.000,00, para pagamento de uma dívida trabalhista de
R$12.000,00. Hernani, que nunca foi proprietário ou sócio de empresa, e sequer sabia da exis-
tência de qualquer processo, procurou, pela internet, informação pelo número do processo
que estava no mandado e constatou que a penhora foi feita no bojo da execução trabalhista
de uma empregada que se ativou na sociedade empresária X de 2019 a 2020. Pelo fato de o
imóvel ter sido anteriormente da sociedade empresária X, o juiz deferiu a penhora sobre ele.
Sobre a hipótese apresentada, e considerando que Hernani jamais integrou o quadro societário
da executada, responda aos itens a seguir.
a) Que medida judicial você, agora contratado(a) por Hernani, adotaria para tentar levantar a
penhora sobre o bem imóvel? (Valor: 0,65)
b) Caso a medida judicial por você adotada fosse indeferida, que recurso você interporia para
tentar reverter a situação? (Valor: 0,60)

a) Efetuado o depósito ou a penhora, as partes têm cinco dias para impugnar o valor da dívida,
desde que o juiz não tenha aberto prazo para contestação antes de proferir a sentença de liqui-
dação ou que, aberto o prazo, na forma do § 2º, do art. 879, da CLT, a parte tenha impugnado sa-
tisfatoriamente. Já o recurso que pode ser interposto pelo executado é chamado de “embargos
à execução”. E, no caso de um terceiro, como é o caso da questão (ele não é parte no processo,
mas uma pessoa que adquiriu o imóvel da sociedade empresária), pode fazer uso dos embargos
de terceiros. Os embargos de terceiro têm natureza jurídica de ação possessória, sendo admissí-
veis quando houver a apreensão judicial de bem de propriedade de terceiro, como narra a ques-
tão. Uma das teses que pode suscitar, inclusive, é ser indevida a penhora porque sua situação
era a de terceiro de boa-fé e, ainda, do excesso de penhora, haja vista a discrepância do valor da
dívida e do imóvel. Pode, ainda, argumentar acerca da situação de bem de família.

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b) Após a decisão do juiz sobre quaisquer desses recursos, como se trata textualmente, nos
termos da questão, de uma EXECUÇÃO TRABALHISTA, é possível ingressar com um novo re-
curso, chamado de “Agravo de petição”, no prazo de oito dias. Esse recurso é julgado pelo Tri-
bunal Regional do Trabalho correspondente. No caso de execução trabalhista em curso, o cor-
reto recurso é o Agravo de Petição e, mesmo sendo embargos de terceiros, não cabe o Recurso
Ordinário. Logo, o recurso cabível em face da sentença que julga os embargos de terceiro é o
agravo de petição, conforme expressamente dispõe o art. 897, alínea “a”, da CLT. Há também
precedentes neste sentido no TST.

006. Ribamar trabalhou como atendente de loja na sociedade empresária Rei do Super Açaí
Ltda., de 06/02/2019 a 03/11/2021, quando foi desligado da sociedade. Ribamar não recebeu
qualquer indenização e, em razão disso, ele procurou você, como advogado(a), para requerer ju-
dicialmente o pagamento das verbas da saída e horas extras. Ajuizada a reclamação trabalhista,
a sociedade empresária apresentou contestação, afirmando que o motivo da extinção do contra-
to foi força maior, visto que sofreu muito com a pandemia de Covid-19, de modo que a indeniza-
ção, se cabível, deveria ser paga pela metade. Para ilustrar a situação, a ré informou que, dos 12
empregados que a sociedade empresária possuía à época dos fatos, atualmente, só restavam
5 funcionários. Para provar a alegação, exibiu as fichas de registro de seus empregados, que
confirmam o alegado, mas não juntou controles de ponto do reclamante. Considerando os fatos
narrados, a previsão legal e o entendimento consolidado do TST, responda aos itens a seguir.
a) Que argumento você apresentaria, em réplica, para tentar descaracterizar a tese de força
maior? Justifique. (Valor: 0,65)
b) De quem seria o ônus da prova de comprovar a jornada de trabalho e por qual razão? Justi-
fique. (Valor: 0,60)

a) Na defesa dos interesses do reclamante, deve-se sustentar que não se aplica a tese de força
maior porque não houve extinção do estabelecimento ou da empresa, como exige o art. 502 da CLT.
O dispositivo é claro em relação às hipóteses em que se aplica essa situação excepcional de resci-
são do contrato de trabalho. A força maior só existe quando a empresa tem a inviabilidade da sua
atividade econômica e não pode ser usada quando existe mera redução do quadro de funcionários.
b) O ônus da prova será do empregado, porque a reclamada contava com menos de 20 em-
pregados, sendo, então, desnecessário que ela mantivesse controle escrito dos horários de
entrada e saída deles, conforme o art. 74, § 2º, da CLT. No caso em liça, cabe ao autor fazer
uso de qualquer meio de prova para tais fins. Não há situação de inversão do ônus da prova.
Perceba--se que antes eram apenas 10 funcionários, mas houve alteração na CLT, aumentando
para o limite de 20 funcionários por estabelecimento.

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9. Enunciado e Dicas de Resolução das Questões da Prova Prática Pro-


cessual de 2021.2

001. Sheila Melodia procura você, na condição de advogado(a), em 27/08/2021, relatando


que é empregada da sociedade empresária Solução Ltda. desde 15/10/2019, recebendo 1
salário-mínimo por mês, estando com o contrato em vigor. Sheila informa que, desde o início
do contrato de trabalho, atua como auxiliar de manutenção terceirizada nas dependências da
sociedade empresária Tecnologia Ltda., localizada em Campinas/SP, pois existe contrato de
prestação de serviços entre ambas as empresas. A empregada informa que jamais assinou
qualquer documento ou autorização, sendo aprovada em processo seletivo para, logo após,
ter a CTPS anotada. Diz que trabalha de 2ª a 6ª feira, das 9h às 15h, com intervalo de 15
minutos para refeição, e aos sábados, das 8h às 14h, sem intervalo, marcando corretamente
os cartões de ponto. Sheila explica que o supervisor da empregadora, alocado junto à socie-
dade empresária Tecnologia Ltda. para controlar a qualidade dos serviços, foi substituído
há 2 meses, e o novo supervisor, de nome Carlos, tem o estranho e constrangedor hábito de
enfileirar as empregadas no início do expediente e exigir que cada trabalhadora lhe dê um
beijo no rosto. Carlos justifica esse procedimento dizendo que é uma forma de melhorar a
relação da chefia com as subordinadas, e afirma que quem se negar sofrerá punição. Com
receio de sofrer algo, Sheila se submete à vontade de Carlos, mesmo contrariada. Sheila lhe
apresenta um extrato atual do FGTS, no qual se verifica um único depósito referente à com-
petência de novembro de 2019, a certidão de nascimento do seu único filho, que tem 20 anos
de idade, uma fotografia na qual aparece com o uniforme da sociedade empresária Solução
Ltda., a cópia da ata de audiência de um processo anterior que ela ajuizou contra as empre-
sas, com as mesmas pretensões, e que foi extinta sem resolução do mérito (arquivada) de-
vido à ausência da trabalhadora à 1ª audiência, tendo ela pago as custas processuais, com
grande sacrifício (Reclamação número 0100217-58.2021.5.15.0170, que tramitou perante a
170ª Vara do Trabalho de Campinas), os contracheques de todo o período, nos quais consta,
na parte de créditos, o salário-mínimo e, na parte de descontos, a dedução de INSS, sendo
que, no mês de março de 2020, consta uma dedução da contribuição sindical de R$ 40,00.
Ressalta-se que Sheila nem sabia que havia um sindicato que a representava. A empregada
afirma que, diante das irregularidades que sofre, não deseja continuar o contrato de trabalho,
mas decidiu não pedir demissão porque foi alertada por familiares que, nesse caso, perderia
vários direitos. Por fim, diz que sua situação financeira é periclitante, e não tem recurso finan-
ceiro para ajuizar a ação, caso seja necessário adiantar alguma quantia.
Elabore, na condição de advogado(a), a peça prático-profissional que melhor defenda os inte-
resses de Sheila, sem usar dados ou informações que não estejam no enunciado. (Valor: 5,00)

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Petição Inicial
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Trata-se de uma Reclamação Trabalhista (petição inicial).
Deverá requerer a distribuição à 170ª VT de Campinas em razão da dependência/prevenção,
com base no Art. 286, inciso II, do CPC.
Qualificação das partes
Fatos: concentrar-se na narrativa do contrato de trabalho (datas de admissão, data da dispen-
sa, modalidade de dispensa, salário e função); narrativa das irregularidades do empregador.
Direito: tratar da situação de assédio moral e sobre a rescisão indireta do contrato de trabalho,
fundamentando as verbas rescisórias que deveriam ser pagas por ocasião desse reconheci-
mento de ruptura contratual.
Dos pedidos: pagamento de 15 minutos diários pelo intervalo desrespeitado nos sábados, com
adicional de 50%, na forma do art. 71, § 4º, da CLT; a devolução da contribuição sindical descon-
tada, porque a autora não era sindicalizada e não autorizou o desconto, sendo então indevido; a
diferença de FGTS não depositado, conforme o art. 15 da Lei n. 8.036/1990 ou art. 27, do Decreto
n. 99.684/1990; indenização por dano moral pela conduta do supervisor, na forma do art. 223-B
e do art. 223-C, da CLT; a resolução ou despedida indireta ou “rescisão indireta” do contrato, dian-
te das irregularidades cometidas pelo empregador, conforme o art. 483, alíneas d ou e, da CLT,
e o pagamento das seguintes verbas: aviso prévio, do 13º salário proporcional, das férias pro-
porcionais +1/3, saque/levantamento do FGTS, indenização de 40% sobre o FGTS e acesso ao
seguro-desemprego. Ainda deve pleitear a responsabilidade subsidiária do tomador/contratante,
conforme a Súmula 331, inciso IV, do TST, e o art. 5º-A, § 5º, da Lei n. 6.019/1974.

 Obs.: Deverá requerer a gratuidade de justiça com base no art. 790, §§ 3º e 4º, da CLT, pois
a trabalhadora relata insuficiência financeira e aufere salário inferior a 40% do limite
máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social. Deverá requerer hono-
rários advocatícios, com base no art. 791-A da CLT.

10. Enunciado e Dicas de Resolução das Questões da Prova Prática Pro-


cessual de 2022

001. Heitor Agulhas trabalhava na sociedade empresária Porcelanas Orientais Ltda. desde
26/10/2020, exercendo a função de vendedor na unidade localizada em Linhares/ES e rece-
bendo, em média, quantia equivalente a 1,5 salário-mínimo por mês, a título de comissão.

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Em janeiro de 2022, o dono do estabelecimento resolveu instalar mais duas prateleiras na loja
para poder expor mais produtos e, visando economizar dinheiro, fez a instalação pessoalmente.
As prateleiras foram afixadas logo acima do balcão em que trabalhavam os vendedores. Ocorre
que o dono da empresa tinha pouca habilidade manual, e, por isso, as prateleiras não foram fixa-
das adequadamente. No dia seguinte à instalação malfeita, com o peso dos produtos nelas co-
locadas, as prateleiras caíram com todo o material, acertando violentamente a cabeça de Heitor,
que estava logo abaixo fazendo um atendimento. Heitor desmaiou com o impacto, foi socorrido
e conduzido ao hospital público, onde recebeu atendimento e levou 50 pontos na cabeça, testa e
face, resultando em uma grande cicatriz que, segundo Heitor, passou a despertar a atenção das
pessoas, que reagiam negativamente ao vê-lo. Heitor teve o plano de saúde, que era concedido
pela sociedade empresária, cancelado após o dia do incidente e teve de usar suas reservas fi-
nanceiras para arcar com R$ 1.350,00 em medicamentos, para aliviar as dores físicas, além de
R$ 2.500,00 em sessões de terapia, pois ficou fragilizado psicologicamente depois do evento.
Heitor ficou afastado em benefício previdenciário por acidente do trabalho (auxílio por incapa-
cidade temporária acidentária, antigo auxílio-doença acidentário, código B-91), teve alta mé-
dica após 3 meses e retornou à empresa com a capacidade laborativa preservada, mas foi
dispensado, sem justa causa, no mesmo dia.
Heitor procura você, como advogado(a), querendo propor alguma medida judicial para defesa
dos seus direitos, pois está desempregado, sem dinheiro para se manter e sentindo-se injus-
tiçado porque ainda precisará de tratamento médico e suas reservas financeiras acabaram.
Além dos documentos comprobatórios do atendimento hospitalar e gastos, Heitor exibe a
CTPS devidamente assinada pela sociedade empresária e o extrato do FGTS, onde não cons-
tam depósitos nos 3 meses de afastamento pelo INSS. Como advogado de Heitor, elabore a
medida judicial em defesa dos interesses dele. (Valor: 5,00)

 Obs.: A peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para
dar respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não
confere pontuação. Nos casos em que a lei exigir liquidação de valores, o examinan-
do deverá representá-los somente pela expressão “R$”, admitindo-se que o escritório
possui setor próprio ou contratado especificamente para tal fim. “Qualquer semelhança
nominal e/ou situacional presente nos enunciados das questões é mera coincidência”.

Espelho de Provas
Trata-se de uma Reclamação Trabalhista (petição inicial)
Endereçamento para uma das Varas de Linhares/ES
Qualificação das partes

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Fatos: concentrar-se na narrativa do contrato de trabalho (datas de admissão, data da dispensa,


modalidade de dispensa, salário e função); narrativa do acidente e narrativa das irregularidades
do empregador (imputar nos fatos a culpa do acidente ao empregador e as ausências de recolhi-
mento do FGTS, bem como a indevida dispensa sem justa causa). Pode-se, aqui, fazer menção
que o reclamante está desempregado e sem recursos, e, ainda, precisando de dinheiro para cus-
tear seu tratamento, e, com isso, utilizar esse contexto para fins de solicitar a gratuidade judicial.
Direito: sustentar aqui a existência no caso de garantia provisória no emprego, diante do aci-
dente de trabalho, com supedâneo: de acordo com o art. 118, da Lei n. 8.213/1991, o segurado
que sofreu acidente de trabalho tem garantida, pelo prazo de 12 meses, a manutenção de seu
contrato de trabalho na empresa, após a cessação do auxílio-doença acidentário, independen-
te de percepção de auxílio-acidente. Além disso, pela imputação de culpa do empregador, faz
jus ao ressarcimento dos danos materiais e despesas médicas (inclusive, do psicológico).
Tratar do dano estético, pois ficou com uma cicatriz que causou uma percepção negativa em seu
visual. Tratar aqui de situação de rescisão indireta pelo descumprimento de obrigações trabalhis-
tas por parte do empregador. Conforme entendimento jurisprudencial, o atraso de recolhimentos
do FGTS reiterado torna o empregador em mora e, portanto, inadimplente, atraindo a aplicação
do art. 483 da CLT. Até porque, no que se refere aos recolhimentos do FGTS, ficam a cargo do em-
pregador, apesar do afastamento pelo INSS, pois foi o caso de acidente do trabalho típico, pois,
se o trabalhador recebeu o auxílio-doença acidentário (B-91), ele terá direito automaticamente ao
recolhimento do FGTS durante seu afastamento previdenciário e ainda terá direito à estabilidade
provisória no emprego pelo prazo de 12 meses após a alta do INSS. Destaca-se que a rescisão
indireta do contrato de trabalho está prevista no art. 483 da CLT, caracterizada pela falta grave
que o empregador comete com o funcionário. De modo mais claro, é uma demissão por justa
causa inversa (do empregado para o empregador), porém, com verbas rescisórias diferentes. No
caso, os efeitos da rescisão indireta são similares aos da dispensa sem justa causa.
Dos pedidos: pode aqui solicitar realização de perícia médica, documental e oral, bem como
pagamento de honorários advocatícios em 15% do valor da condenação líquida; gratuidade
judicial; declaração do juízo para fins de considerar o obreiro pobre na forma da lei, acidente
de trabalho por culpa do empregador e rescisão indireta do contrato de emprego após o fim do
período de estabilidade (acho mais técnico usar o termo garantia provisória no emprego). E,
quanto aos pedidos condenatórios, requerer o pagamento de todos os salários e recolhimentos
do FGTS no momento do afastamento do obreiro, e, ainda, o pagamento de todo o período de
garantia provisória no emprego, requerendo-o como indenização, pois se pode sustentar que a
reintegração não é viável. Requerer o pagamento de todas as verbas rescisórias e, com o fim
do período da estabilidade, projetar o período do aviso prévio indenizado pela caracterização
da rescisão indireta, com os recolhimentos de todo o FGTS com a multa dos 40%, bem como
as multas dos arts. 467 e 477 da CLT. Pode requerer, ainda, danos morais, materiais (todas as
despesas) e estéticos. Na obrigação de fazer, requer a baixa da CTPS do obreiro com a pro-
jeção do aviso prévio após o término da estabilidade que é de 12 meses após a alta do INSS.

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Especificação das verbas rescisórias para a discriminação: FGTS com multa dos 40%, multas
dos arts. 467 e 477 da CLT; aviso prévio indenizado, período entre a data da demissão e o final
da garantia ao emprego, podendo ser pleiteado inclusive os reflexos em todas as verbas sala-
riais e rescisórias; férias vencidas e proporcionais com 1/3; 13º salário proporcional e integral;
danos morais, materiais, estéticos. A base de cálculo deve ser a média salarial, com base nas
comissões. Pode requerer, ainda, a expedição de alvará para o levantamento do FGTS e para se
habilitar junto ao órgão competente para fins de seguro-desemprego.

 Obs.: Diante da situação econômica e de saúde do trabalhador, você pode pedir tutela de
urgência para fins de que o juízo libere o FGTS que está depositado na conta vinculada
do obreiro e, ainda, a expedição de alvará para seguro--desemprego. Não custa tentar!

 Você também poderia ter pedido a reintegração e, na impossibilidade, a indenização
estabilitária. Ou já justificar a impossibilidade de reintegração e pedir a indenização
estabilitária. Em caso de dispensa sem justa causa por iniciativa do empregador, é
possível pedir judicialmente a reintegração ao emprego, com o pagamento de todas as
verbas que deixou de receber durante esse período. Normalmente, quando a dispensa
é ilegal, por desrespeito a esse período de estabilidade, é conferido o direito de rein-
tegração no emprego. Entretanto, há casos em que essa reintegração não é aconse-
lhável, em decorrência da quebra da confiança mútua entre empregado e empregador.

Mais dicas para sintetizar a ideia: Deverá requerer a responsabilidade civil do empregador
que, na hipótese apresentada, envolverá indenização pelos danos materiais (arts. 186, 927
e 949, todos do CC), morais (arts. 223-B, 223-C ou 223-G, todos da CLT, e arts. 186 e 927,
ambos do CC) e estéticos (arts. 223-B, 223-C ou 223-G, todos da CLT, ou arts. 186 ou 927,
ambos do CC). Deverá requerer o FGTS dos três meses de afastamento, porque o evento
foi um acidente de trabalho, conforme art. 15, § 5º, da Lei n. 8.036/1990. Deverá requerer a
reintegração, porque o ex-empregado possui estabilidade/garantia no emprego em virtude
do acidente do trabalho, conforme o art. 118, da Lei n. 8.213/1991, e a Súmula 378, inciso
II, do TST. Deverá requerer o restabelecimento do plano de saúde, conforme a Súmula 440
do TST. Deverá requerer a concessão de tutela de urgência, evidência ou provisória para a
reintegração imediata e restabelecimento incontinente do plano de saúde.

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Fórum do Aluno. Bons estudos!

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DIREITO DO TRABALHO E PROCESSO DO TRABALHO
Petição Inicial
Maria Rafaela

RESUMO
1) Na relação de emprego o trabalho prestado tem caráter infungível, pois quem o executa
deve realizá-lo pessoalmente, não podendo fazer-se substituir por outra pessoa, salvo se, ex-
cepcionalmente, o empregador concordar.
2) Substituições eventuais com o consentimento do empregador ou substituições previs-
tas e autorizadas por lei ou por norma coletiva, como, por exemplo, férias, licença gestante, são
válidas e não afastam a característica da pessoalidade.
3) Na relação de emprego, há subordinação jurídica do empregado ao empregador, ou seja,
a relação de dependência decorre do fato de que o empregado transfere ao empregador o
poder de direção e este assume os riscos da atividade econômica, passando a estabelecer
os contornos da organização do trabalho do empregado (poder de organização), a fiscalizar o
cumprimento pelo empregado das ordens dadas no exercício do poder de organização (poder
de controle), podendo, em caso de descumprimento pelo empregado das determinações, im-
por-lhe as sanções previstas no ordenamento jurídico (poder disciplinar).
4) Relação de emprego não é gratuita ou voluntária, ao contrário, haverá sempre uma pres-
tação (serviços) e uma contraprestação (remuneração). Assim, podemos afirmar que onerosi-
dade caracteriza-se pelo ajuste da troca de trabalho por salário. O que importa não é o quantum
a ser pago, mas, sim, o pacto, a promessa de prestação de serviço de um lado e a promessa
de pagamento do salário de outro lado, e o fato de o empregador deixar de pagar o salário não
afasta a existência de onerosidade.
5) Existe a OJ 199 do TST e uma notícia ao final do material: 199. JOGO DO BICHO. CON-
TRATO DE TRABALHO. NULIDADE. OBJETO ILÍCITO É nulo o contrato de trabalho celebrado
para o desempenho de atividade inerente à prática do jogo do bicho, ante a ilicitude de seu
objeto, o que subtrai o requisito de validade para a formação do ato jurídico. Consequência: a
relação de trabalho não é preservada para os efeitos trabalhistas e previdenciários.
6) No trabalho proibido, temos claramente a preservação dos direitos trabalhistas e previ-
denciários. É o caso do trabalho em condição insalubre, perigosa e noturna para os menores
de 18 anos.
7) Preenchidos os requisitos do art. 3º da CLT, é legítimo o reconhecimento de relação de
emprego entre policial militar e empresa privada, independentemente do eventual cabimento
de penalidade disciplinar prevista no Estatuto do Policial Militar.
8) A manutenção de estagiários em desconformidade com esta Lei que estamos estudan-
do caracteriza vínculo de emprego do educando com a parte concedente do estágio para todos
os fins da legislação trabalhista e previdenciária.
9) O estagiário é diferente do menor aprendiz. O menor aprendiz tem uma relação de em-
prego, aplicando-se as regras trabalhistas e previdenciárias. O estagiário é segurado facultati-
vo da Previdência Social e o menor aprendiz é segurado obrigatório da Previdência Social.

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Petição Inicial
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10) As pessoas jurídicas de direito privado e os órgãos da administração pública direta,


autárquica e fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios, bem como profissionais liberais de nível superior devidamente registrados em
seus respectivos conselhos de fiscalização profissional, podem oferecer estágio.
11) O trabalhador avulso, aquele contratado com intervenção obrigatória do sindicato ou
do órgão gestor de mão de obra (OGMO), equipara-se ao trabalhador com vínculo emprega-
tício, configurando exceção, pois possui todos os direitos trabalhistas inerentes à relação
de emprego.

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Petição Inicial
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MAPAS MENTAIS

Documentação essencial

Se existe pedido de tutela provisória -


narrativa dos pressupostos
Qualificação das partes

Correspondente dispositivo legal e REQUISITOS DA


súmulas / OJ do TST Endereçamento do juízo
PETIÇÃO INICIAL

Narrativa dos fatos em frases curtas, Não assine a peça processual


diretas e objetivas

Pedidos

Citação

Capricho nas provas que o examinador já


te proporciona no enunciado da questão

Cuidado com os endereçamentos

Pedidos: pedir a procedência dos pedidos.


Valor da causa tem que
Não se pede procedência da ação.
constar
ELABORAÇÃO DA
Fundamentação jurídica: usar PETIÇÃO INICIAL
Raciocinar o que é pedido
corretamente os dispositivos
declaratório, obrigação de
constitucionais, da CLT, da legislação e
fazer e pedido condenatório
das súmulas dos Tribunais Superiores

Sinopse fática: trazer os fatos principais

Pedir gratuidade judicial e honorários


advocatícios

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REFERÊNCIAS

BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: Ltr, 2011.

Bernardes, Felipe. Manual de processo do trabalho. 3a edição. Salvador: Juspodivm, 2021.

BRASIL. Código Civil Brasileiro. Brasília: Senado, 2002.

BRASIL. Consolidação das Leis do Trabalho (1943). Consolidação das Leis do Trabalho. Brasí-
lia: Senado, 1943.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado,


1988.

­BRASIL. Lei Complementar n. 150 DE 01.06.2015 (regulamenta o trabalhador doméstico).

BRASIL. Lei n. 6.001, de 19 de dezembro de 1973. Estatuto do Índio.

BRASIL. Lei n. 5.889, De 8 De Junho De 1973. Lei do Trabalhador Rural.

______Supremo Tribunal Federal. Brasília: acesso em outubro/2020. Site oficial: www.stf.jus.br

_______Tribunal Superior do Trabalho. Brasília: acesso em outubro/2020. Site oficial: www.tst.


jus.br

CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do Trabalho. 11ª Ed. São Paulo: Editora Método, 2015.

DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 19ª Ed. São Paulo: Editora LTr, 2019.

DELGADO, Maurício Godinho; DELGADO, Gabriela Neves. A Reforma Trabalhista no Brasil: Com
os comentários à Lei n. 13.467/2017. São Paulo: Editora LTr, 2017.

Maria Rafaela

Juíza do trabalho substituta da 7ª Região. Doutoranda em Direito pela Universidade do Porto/Portugal.


Mestre em Ciências Jurídicas pela Universidade do Porto/Portugal. Professora de cursos de pós-gradua-
ção na Universidade de Fortaleza - Unifor. Palestrante. Professora convidada da Escola Judicial do TRT 7ª
Região. Especialista em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho. Professora de cursos preparatórios
para concursos públicos. Formadora da Escola de Magistratura do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará.
Cargos desempenhados: foi juíza do trabalho substituta no TRT 14ª Região, promotora de justiça titular do
MPRO, analista judiciária do TJCE; professora concursada do quadro permanente na Universidade Federal
de Rondônia; professora concursada temporária na Universidade Federal do Ceará. Aprovada em outros
concursos públicos. Autora de artigos científicos publicados.

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