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Manual da
AUDIÊNCIA
TRABALHISTA
Teoria e prática
2ª edição
Revista, atualizada e ampliada
2021
Parágrafo único. Se, até 15 (quinze) minutos após a hora marcada, o juiz ou
presidente não houver comparecido, os presentes poderão retirar-se, devendo
o ocorrido constar do livro de registro das audiências.
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3.3 R
EPRESENTAÇÃO DO EMPREGADOR: PREPOSIÇÃO –
PREPOSTO
Destarte, para não correr riscos de ser sancionada com o decreto de re-
velia e confissão, convém à demandada sempre munir o seu preposto da res-
pectiva carta de preposição, promovendo a sua juntada aos autos do processo.
Outro tema polêmico diz respeito à possibilidade de o advogado tam-
bém atuar como preposto da sua cliente reclamada. Pode haver a acumu-
lação das qualidades de advogado e preposto?
O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, na data de
19/10/2015, editou a Resolução nº 02/2015, aprovando o Código de Ética
e Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB. No seu art. 25, a
referida Resolução estabelece o seguinte: “Art. 25. É defeso ao advogado
funcionar no mesmo processo, simultaneamente, como patrono e preposto do
empregador ou cliente”.
Contudo, trata-se de norma interna, de âmbito administrativo, não
vinculando o juiz.
A propósito, convém relatar que, antes da vigência da Lei nº
13.467/2017 – ao tempo em que o TST entendia ser necessária a condição
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3.4 D
O NÃO COMPARECIMENTO DOS LITIGANTES NA
AUDIÊNCIA
CLT/Art. 844. O não-comparecimento do reclamante à audiência importa
o arquivamento da reclamação, e o não-comparecimento do reclamado importa
revelia, além de confissão quanto à matéria de fato.
O reclamante que não comparecer à primeira audiência do seu pro-
cesso terá a sua reclamação arquivada, só podendo repeti-la se recolher
as custas do processo ou se apresentar um motivo legalmente justificável.
A lei não cuidou de explicitar que motivos são esses. E não há dúvida de
que a Lei da Reforma Trabalhista dificultou as coisas para o trabalhador.
Já para os empregadores, no que diz respeito à ausência à audiência
inicial, a Lei da Reforma Trabalhista foi menos severa. Na verdade, os em-
pregadores passaram a usufruir de um tratamento bem melhor do que o
previsto antes da Lei nº 13.467/2017.
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muitas vezes miserável. Não havia porque onerá-lo com tal despesa. Por
conseguinte, sem maior embaraço, o trabalhador podia ingressar com uma
nova reclamação, após ter a primeira arquivada.
A Lei n. 13.467/2017, a chamada Lei da Reforma Trabalhista, trouxe
restrições à repetição da reclamação arquivada, exigindo que o trabalhador
comprove motivo “legalmente justificável” para ter faltado à audiência na
qual ocorreu o arquivamento ou recolha, previamente, as custas do proces-
so arquivado, isso como condição para admissão de sua nova reclamação.
Ou seja, mesmo quando ele seja beneficiário da justiça gratuita. Vejamos
a atual redação do art. 844 da CLT:
CLT/Art. 131. Não será considerada falta ao serviço, para os efeitos do artigo
anterior, a ausência do empregado:
I – nos casos referidos no art. 473;
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firmada pela parte ou por seu advogado, desde que munido de procuração
com poderes específicos para esse fim (art. 105 do CPC de 2015)”. Ressalta-se
que a nova redação do § 4º do artigo 790 da CLT não é incompatível com a
redação do artigo 99, § 3º, do CPC/2015, razão pela qual as duas normas
legais podem e devem ser aplicadas conjuntamente, por força dos artigos 15
e 769 da CLT. Conclui-se, portanto, que a comprovação a que alude o § 4º
do artigo 790 da CLT pode ser feita mediante declaração de miserabilidade
da parte. Nesse contexto, a simples afirmação do reclamante de que não tem
condições financeiras de arcar com as despesas do processo autoriza a conces-
são da Justiça gratuita à pessoa natural. Enfatiza-se, por fim, que o banco
recorrente nada provou em sentido contrário, ficando na cômoda posição
de negar validade à declaração de pobreza feita pelo reclamante, sem nada
alegar de substancial contra ela e seu conteúdo. Não cabe, portanto, a esta
Corte de natureza extraordinária afastar, sem nenhum elemento concreto
em contrário, a conclusão de ambas as instâncias ordinárias sobre o fato
de ser o reclamante pobre em sentido legal. Recurso de revista conhecido e
desprovido”. (TST-RR-340-21.2018.5.06.0001, 2ª Turma, rel. Min. José
Roberto Freire Pimenta, julgado em 19.2.2020). Informativo 215 - TST.
3.4.2 M
itigação dos efeitos da revelia e novos efeitos da
presença do advogado na audiência – Lei 13.467/17 –
Reforma Trabalhista
A Reforma Trabalhista não alterou a redação do caput do art. 844 da
CLT, o qual manteve a seguinte redação:
ponibilidade ou da aptidão para a prova, cabe à parte que detém, por imperativo
legal, a prova apresentá-la em juízo, sob pena de admitir-se como verdadeira
a alegação contida na exordial. (Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Re-
gião – 10ª Turma – RO 0001287-44.2010.5.01.0341 – DOERJ 28-05-2013).
É evidente que, caso o litigante tenha uma razão ponderosa para não
comparecer à audiência ou enfrente algum embaraço imprevisto e/ou in-
transponível, impeditivo de seu comparecimento, o juiz saberá ser sensato
e, arrimado na lei, adiará a audiência, de modo a possibilitar que todos os
litigantes nela se façam presentes. Caso o pedido de adiamento não seja
deferido pelo magistrado, sem dúvida estará ele cerceando o direito de
ampla defesa de uma das partes, como se pode colher da jurisprudência
adiante transcrita. Aliás, mesmo se houver decreto de revelia da reclama-
da, ainda assim, uma vez evidenciada a impossibilidade de seu oportuno
comparecimento à audiência, o juiz deverá afastar a revelia e reincluir o
processo em pauta de audiência inaugural.
3.8 C
UIDADOS COM O PEDIDO DE ADIAMENTO DA
AUDIÊNCIA
O advogado deve ter muito cuidado ao pleitear o adiamento da audiência.
Não me refiro à redação do pedido, embora nunca seja demasiado
alertar para o fato de que os juízes são muito ocupados e apreciam pedidos
sintéticos, curtos e objetivos. O cuidado ao qual me refiro é o de zelar
para que a apreciação do pedido ocorra logo. Se possível, o advogado
deverá tratar diretamente com o juiz ao qual dirigiu o aludido pleito, de
modo a que, quando da audiência, já saiba se o pedido de adiamento foi
ou não deferido.
Com efeito, caso o advogado atue como patrono do reclamante e o
seu cliente não tenha condições de se fazer presente na audiência inau-
gural do processo, sendo o pedido de adiamento negado, sabendo disso
com antecedência o causídico deverá se valer da regra do art. 843, § 2º,
da CLT, in verbis:
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