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Anotações

das Aulas
Processo do Trabalho
Processo do Trabalho
Direito Processual do Trabalho e seus Princípios
O Direito Processual do Trabalho é conceituado como um conjunto de princí-
pios, normas, regras e institutos jurídicos próprios destinadas a regular a ativi-
dade dos órgãos jurisdicionais do Estado na solução dos dissídios, individuais
e coletivos, decorrentes das relações de trabalho.

Princípios Aplicáveis ao Direito Processual do Tra-


balho
1) Princípio da Proteção ao Trabalhador

 Este princípio tem suma relevância no Direito do Trabalho, na medida em que visa
atenuar as diferenças processuais existentes entre as partes em razão da hipossu-
ficiência do empregado, equiparando-o ao seu empregador.
 Súmula n 212 do TST – O ônus de provar o término do contrato de trabalho,
quando negados a prestação de serviço e o despedimento, é do empregador,
pois o princípio da continuidade da relação de emprego constitui presunção fa-
vorável ao empregado.
 Súmula nº 338 do TST –
 I - É ônus do empregador que conta com mais de 10 (dez) empregados o re-
gistro da jornada de trabalho na forma do art. 74, § 2º, da CLT. A não-apresen-
tação injustificada dos controles de frequência gera presunção relativa de ve-
racidade da jornada de trabalho, a qual pode ser elidida por prova em contrá-
rio.
 II - A presunção de veracidade da jornada de trabalho, ainda que prevista em
instrumento normativo, pode ser elidida por prova em contrário.
 III - Os cartões de ponto que demonstram horários de entrada e saída unifor-
mes são inválidos como meio de prova, invertendo-se o ônus da prova, rela-
tivo às horas extras, que passa a ser do empregador, prevalecendo a jornada
da inicial se dele não se desincumbir.

2) Princípio da Oralidade

 O princípio da oralidade consubstancia-se na predominância dos atos processuais


realizados em audiência, na forma oral. Como exemplo da aplicação deste princí-
pio, temos:
 A leitura da reclamação – art. 847, CLT

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 A apresentação de defesa oral em 20 minutos – Art. 847, CLT
 Tentativas de conciliação – Art. 846 e 850, CLT
 Razões finais em 10 minutos – Art. 850, CLT

3) Princípio Da Concentração Dos Atos Processuais

 Deriva do princípio da celeridade e objetiva a realização do maior número de atos


em uma única audiência. No processo do trabalho, em regra, as audiências são
unas, todavia, os juízes vêm, em sua maioria, fracionando-as, como veremos em
momento oportuno.

4) Princípio da Irrecorribilidade Imediata das Decisões Interlo-


cutórias

 Decisões interlocutórias são aquelas que no curso do processo, resolvem questão


incidente, por exemplo, concessão de liminares.
 Previsto no art. 893, §1º, versa que no processo do trabalho as decisões interlocutó-
rias não comportam recurso de imediato. A exceção está prevista na Súmula 214,
do TST:
 Súmula nº 214 do TST –

Na Justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1º, da CLT, as decisões interlo-
cutórias não ensejam recurso imediato, salvo nas hipóteses de decisão: a) de
Tribunal Regional do Trabalho contrária à Súmula ou Orientação Jurispruden-
cial do Tribunal Superior do Trabalho; b) suscetível de impugnação mediante
recurso para o mesmo Tribunal; c) que acolhe exceção de incompetência ter-
ritorial, com a remessa dos autos para Tribunal Regional distinto daquele a
que se vincula o juízo excepcionado, consoante o disposto no art. 799, § 2º, da
CLT.

5) Princípio da Conciliação

 No processo do trabalho, segundo previsão do art. 764, § 1º, da CLT, os juízes deverão
usar dos seus bons ofícios e persuasão no sentido de solucionar os conflitos de
forma conciliatória.
 Neste sentido, impende salientar que, obrigatoriamente, em dois momentos pro-
cessuais específicos, o juiz deverá propor a conciliação, sob pena de nulidade.
 O primeiro momento é logo após a abertura da audiência, (art. 846, CLT) e o se-
gundo momento é após as razões finais (art. 850, CLT).
 Ademais, o juiz poderá propor ainda outras tentativas de conciliação no curso do
processo, até mesmo quando já tiver transitado em julgado, na fase de execução.
(art. 764, § 3º, CLT).

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6. Princípio do Jus Postulandi

 Este princípio tem previsão no art. 791, da CLT e versa que as partes poderão acom-
panhar seu processo até o final sem o auxílio de um advogado. Ocorre que o TST
editou, em 2010, a Súmula 425, limitando o exercício do jus postulandi até o Tribu-
nal Regional do Trabalho, não alcançando as os recursos de competência do TST.
 Referida Súmula também vedou o jus postulandi para a ação rescisória, ação cau-
telar e mandado de segurança.

7) Princípio da Busca da Verdade Real

 Deriva do princípio do Direito material do trabalho da primazia da realidade, onde


deverá prevalecer a verdade dos fatos sobre a verdade dos documentos.
 No processo do trabalho, este princípio tem aplicação com base no art. 765, da CLT,
os juízes e Tribunais poderão determinar qualquer diligência que reputar necessá-
ria para o deslinde da questão.

8) Princípio da Extrapetição

 Pelo princípio em tela, permite-se que o magistrado possa, em casos específicos,


previstos em lei, condenar o réu em pedidos não contidos na petição inicial, como
nos casos da multa do art. 467, da CLT e da Súmula 211, do TST.
 Súmula nº 211 do TST –

Os juros de mora e a correção monetária incluem-se na liquidação, ainda que


omisso o pedido inicial ou a condenação.

9) Princípio do Contraditório e da Ampla Defesa (art. 5º, LV,


CF/88)

 Pelo contraditório significa dar conhecimento às partes de todos os atos praticados


no processo, seja pelo órgão julgador, seja pela parte adversa.
 Pela ampla defesa entende que o Estado deve assegurar às partes todos os meios
necessários para que possam exercer o seu direito de defesa.

10) Princípio do Devido Processo Legal

 Previsto na Constituição Federal, art. 5º, LIV, dispõe que ninguém será privado de
sua liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal.
 Referido princípio assume relevância fundamental nos ramos processuais, base-
ando, inclusive outros princípios, como duplo grau de jurisdição, motivação das de-
cisões, etc.

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 Isto porque traz em seu bojo a garantia constitucional do acesso não apenas à or-
dem jurídica, mas à ordem jurídica justa.

11) Princípio do Dispositivo

 Também conhecido como princípio da demanda ou da inércia da jurisdição, versa


que cabe à parte interessada romper a inércia do Estado, na busca pela tutela do
seu direito lesado ou ameaçado de lesão.
 Este princípio comporta duas exceções:
 A primeira exceção está no art. 856, da CLT, que possibilita ao Presidente do Tribu-
nal suscitar, de ofício, dissídio coletivo que verse sobre greve no processo do traba-
lho.
 A segunda exceção está no art. 39, da CLT, que dize que a reclamação trabalhista
pode ter início mediante ofício encaminhado pela Superintendência Regional do
Trabalho para averiguação de vínculo de emprego.

12) Princípio do Inquisitivo ou do Impulso Oficial

 O princípio em tela diz que, uma vez iniciada a demanda, cabe ao juiz impulsioná-
lo até o final na busca da solução do litígio. No processo do trabalho encontra pre-
visão no art. 765, da CLT, que diz que os juízes terão amplos poderes de direção
processual, velando pelo seu andamento célere, podendo determinar qualquer di-
ligência necessária para o andamento do feito.

13) Princípio da Estabilidade da Lide

 O autor poderá aditar (acrescentar algo) ou emendar (consertar algo) a petição ini-
cial até o recebimento da defesa em audiência. Após isso, somente poderá modifi-
car a petição com a anuência da parte contrária.
 Assim, o processo adquire estabilidade, de modo que a petição inicial não mais po-
derá ser modificada.
 Sempre que o autor modificar a petição, será concedido prazo para o réu se mani-
festar, podendo esta manifestação ser feita na forma oral, ou marcando-se nova
audiência para apresentação de defesa.

Órgãos da Justiça do Trabalho – art. 111 da CF/88


 Tribunal Superior do Trabalho – TST
 Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs)
 Juízes do Trabalho

SÃO 3 GRAUS DE JURISDIÇÃO

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 TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO (TST) – ART. 111-A DA CF.
 É o órgão de cúpula, composto por 27 ministros com os seguintes requisitos:
 Acima de 35 anos e menos de 65.
 Nomeados pelo Presidente da República
 Após aprovação pela maioria absoluta do Senado
 Composição do TST:
 1/5 de advogados com mais de 10 anos de efetiva atividade profissional e de
membros do MPT com mais de 10 de efetivo exercício
 4/5 dentre juízes dos TRTs indicados pelo TST.
 Para a formação do quinto constitucional o órgão respectivo forma a lista sêx-
tupla, com membros com notório saber jurídico e reputação ilibada e o tribu-
nal forma lista tríplice para indicação do chefe do executivo. (Art. 94 CF/88)
 Órgãos do TST:
 Órgão Especial
 Tribunal Pleno
 Seção Administrativa
 Seção Especializada em Dissídios Coletivos (SDC)
 Seção Especializada em Dissídios Individuais (I e II)
 Turmas (oito)
 TRIBUNAIS REGIONAIS DO TRABALHO (TRT) - (ART. 115, CF/88).
 Os Tribunais Regionais do Trabalho são compostos de, no mínimo, sete juízes,
com os seguintes requisitos:
 mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos
 nomeados pelo Presidente da República
 Composição do TRT:
 1/5 de advogados com mais de 10 anos de efetiva atividade profissional e de
membros do MPT com mais de 10 de efetivo exercício.
 4/5 dentre juízes promovidos, antiguidade ou merecimento, alternadamente.
 A lista sêxtupla se forma da mesma maneira que o TST.

Observação: Existem 24 TRTs (Tocantins, Amapá, Roraima e Acre não pos-


suem TRT).

 VARAS DO TRABALHO (JUÍZES DO TRABALHO) – ART. 112, CF/88


 Todos os TRT tem um número de varas do trabalho onde atuam os juízes do
trabalho, sendo que nas comarcas não abrangidas por sua jurisdição, atuam os
juízes de direito, com recurso para o respectivo Tribunal Regional do Trabalho.
 A competência dos Juízes estende-se em um raio de 100km, desde que haja
meios de acesso e comunicação regulares com os referidos locais, definido pelos
TRTs. (Lei 6947/81).
 Súmula 10 do STJ – Instalada a Vara do Trabalho, cessa a competência do juiz
de Direito, inclusive para a execução das sentenças por ele proferidas.

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Jurisdição e Competência
 Jurisdição
 Dever do Estado de aplicar as normas jurídicas para prestar a tutela jurisdicional
a quem tem uma pretensão resistida.
 Competência
 Determinação da esfera da jurisdição, das atribuições dos cargos investidos na
função jurisdicional.

1) Competência em Razão da Matéria e da Pessoa

 É definida de acordo com o objeto da lide, de acordo com a natureza da ação pro-
posta.
 A competência em razão da matéria e da pessoa está prevista no art. 114, da CF/88.
 Antigamente, a redação continha a expressão “conciliar e julgar”. Ocorre que em
alguns casos não cabe conciliação. (incisos VII e VIII).
 Com a emenda 45/04, a Justiça do Trabalho passou a ter competência para pro-
cessar e julgar:
 as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público
externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios;
 Competência para processar e julgar apenas os de vínculo celetista > tem que
haver aprovação em concurso público.
 as ações que envolvam exercício do direito de greve;
 Súmula 189, TST – Competência para declarar abuso no exercício do direito.
 as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e traba-
lhadores, e entre sindicatos e empregadores;
 os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato questi-
onado envolver matéria sujeita à sua jurisdição;
 Atualmente, ações em primeiro grau. Antes não cabia. Exemplo: fiscalização
da DRT que fecha estabelecimento. Ato do delegado.
 Habeas corpus – esvaziado em face do Pacto de San José – depositário infiel
– Ver Súmula vinculante n.º 25, STF.
 os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista, ressalvado
o disposto no art. 102, I, o;
 as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação
de trabalho;
 Basta apenas o requisito do fundamento da relação de trabalho > pré ou pós
contratuais.
 as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores
pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho;
 Não se permite conciliação em autuação. Ações que dizem respeito a legali-
dade e validade da penalidade é da competência da JT.

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 a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a, e II, e
seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir;
 Apenas aquelas decorrentes da sentença referente aos pedidos. Súmula 368,
do TST.
 outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei.
 Em aberto, podem ser incluídas novas relações de trabalho.
 § 1. Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão eleger árbitros.
 § 2. Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbi-
tragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio cole-
tivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o con-
flito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho,
bem como as convencionadas anteriormente.
 § 3. Em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade de lesão
do interesse público, o Ministério Público do Trabalho poderá ajuizar dissí-
dio coletivo, competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito.

Conflitos de Competência

Os conflitos de competência podem ser:

 Positivos: Quando dois ou mais juízes se julgam competentes para julgar.


 Negativos: Quando dois ou mais juízes se julgam incompetentes.
 Controvérsia de dois ou mais juízes sobre a reunião de processos.
 Os conflitos de competência são sempre dirimidos por um Tribunal de instância
superior aos conflitantes.
 Pelo TRT, quando os suscitados entre Juntas e entre Juízos de Direito, ou entre
uma e outras, nas respectivas regiões;
 Pelo TST quando suscitados entre TRTs, entre Varas do Trabalho e juízes de di-
reito investidos na jurisdição trabalhista sujeitos a TRTs distintos;
 Pelo STJ quando suscitados por Juízes do Trabalho e juízes de direito não inves-
tidos da jurisdição trabalhista;
 Pelo STF quando suscitados entre o TST e órgãos de outros ramos do Judiciário;
quando suscitados pelo STJ, entre Tribunais Superiores ou entre estes e qual-
quer outro tribunal;
 Não se configura conflito de competência entre o TRT e a Vara a ele vinculada –
Súmula 420 TST:
 Quando o juiz acolhe exceção de incompetência em razão do lugar, remetendo
o processo para outro TRT, caberá recurso de imediato da decisão interlocutória,
com base no princípio do acesso à Justiça.

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Poder Normativo da Justiça do Trabalho

 Consiste na competência dos tribunais laborais de solucionar os conflitos coletivos


de trabalho, estabelecendo normas gerais e abstratas a serem observadas pelas
categorias envolvidas, repercutindo nas relações individuais de trabalho. (Art. 114,
§§ 2º e 3º, CF/88).

Competência Funcional da Justiça do Trabalho

 A competência funcional está relacionada com as funções do órgão judicante.


 Competência da Vara do Trabalho – Art. 652, CLT
 Competência TRT – Art. 678, CLT
 Competência TST – Lei 7.701/88

Competência Territorial Relativa

 A competência territorial é definida em razão do lugar. Estando disciplinada no art.


651 da CLT.
 Regra geral:
 A competência para julgamento será definida pela localidade da prestação de
serviços.
 Exceções:
 Agente ou viajante comercial
 Competência da localidade da filial da empresa que o empregado esteja vin-
culado. Na falta, será onde o empregado tenha domicílio ou localidade mais
próxima.
 Agência ou filial no estrangeiro
 Competência será a do local da prestação de serviços, desde que o empre-
gado seja brasileiro e não haja convenção internacional dispondo em contrá-
rio.
 Empregador que possua atividades em local diverso da contratação
 Poderá o empregado ajuizar ação tanto no foro da contratação como no local
da prestação de serviços.
 Função social do art. 651, da CLT
 A função social do artigo em tela atende à duas finalidades precípuas: a proteção
ao trabalhador e a facilitação à produção de provas.

Foro de Eleição

 Previsto no CPC, em casos de competência territorial e em razão do valor da causa,


a eleição de foro visa o direito das de partes de escolherem o foro para dirimir even-
tuais conflitos.

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 Em função de as normas de Direito do Trabalho serem de ordem pública, a eleição
de foro, embora não esteja prevista expressamente, é incompatível com o processo
do trabalho, tendo em vista, inclusive, que o objetivo do art. 651 da CLT é facilitar o
acesso e a produção de provas pelo hipossuficiente.

Modificação de Competência

 A competência absoluta, aquela definida em razão da matéria e da hierarquia é


imodificável. Já a competência relativa é aquela definida em razão do valor da
causa e do território poderá ser modificada.

Prorrogação dDe Competência

 Sendo a competência territorial relativa, prorrogável, não sendo oposta exceção no


prazo legal, prorrogar-se-á a competência.
 Proposta a exceção, o juiz abrirá prazo de 24 horas para o exceto se manifestar.
 Sentença prolatada por juízo ABSOLUTAMENTE incompetente é nula, podendo ser
objeto de ação rescisória.

Conexão

 Há conexão quando as causas têm em comum o objeto ou a causa de pedir.


 A reunião de processos conexos tem como objetivo evitar a prolação de decisões
conflitantes, somente podendo ser reunidas se for possível o julgamento simultâ-
neo das ações.
 Havendo várias ações com identidade de matéria e propostas por empregado da
mesma empresa, poderão também ser cumuladas por conexão – Art. 842 CLT.
 Como no processo do trabalho não há a figura do despacho saneador, será pre-
vento o juízo onde foi distribuída primeiro a petição inicial.

Continência

 Haverá continência quando em duas ou mais ações houverem identidade quanto


às partes e à causa de pedir, mas o objeto de uma, por ser mais amplo, abrange o
das outras.
 Neste caso, toda vez que há continência, há conexão.

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Processo e Ação
1) Ação

 A ação é o meio conferido ao indivíduo para obter a prestação jurisdicional, diante


de um direito violado ou ameaçado, em determinado conflito de interesses. O di-
reito de exigir do Estado que exerça sua função jurisdicional.
 A função jurisdicional do Estado, em regra, deve ser provocada, apresentando-se a
jurisdição inerte, aguardando a provocação da parte interessada.
 Para se obter uma sentença de mérito, o autor deve atender a alguns requisitos,
denominados de condições da ação, que são três.

2) Condições da Ação

 Há doutrinadores que consideram que não existem mais as condições da ação.


Fato é que, apenas a possibilidade jurídica do pedido que desapareceu com o ad-
vento do novo CPC.
 Independente da nomenclatura, temos ainda a legitimidade de parte e o interesse
de agir.
 Legitimidade da Ação: Qualidade que a parte tem de ser o titular, ativo ou pas-
sivo, do direito ou interesse que está sendo discutido no processo, que originou
o litígio.
 Legitimidade ordinária: a parte pleiteia direito próprio, na qualidade de titular
do direito.
 Legitimidade extraordinária: Via de regra, não se permite a parte pleitear em
nome próprio, direito alheio. (art. 18º, CPC). Um exemplo: quando o sindicato
atua na qualidade de substituto processual dos associados.
 Interesse Processual: Caracteriza-se pelo trinômio: necessidade-utilidade-ade-
quação. O processo deve ser necessário para que o autor obtenha o bem da vida
vindicado; deve ser útil para que o reclamante alcance o bem pretendido, visto
que o exercício do direito de ação somente pode ser exercido quando houver
lesão ou perigo de lesão e, por fim, o meio processual escolhido deve ser o ade-
quado a proporcionar a pretensão do autor.

Observações:

 As condições da ação representam os requisitos obrigatórios para o exercício desse


direito.
 A ausência das condições da ação ou dos pressupostos processuais pode ser de-
clarada de ofício pelo juiz e enseja a prolação de sentença sem julgamento do mé-
rito.
 Cumpre, ainda, registrar que uma ação é considerada idêntica a outra quando
coincidem os seus elementos, havendo a tríplice identidade, quais sejam.

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3) Elementos da Ação

 Partes: As partes são os elementos subjetivos da ação. Dizem respeito aos sujeitos
que irão figurar na lide. Por isso, alguns doutrinadores chamam de sujeitos da ação.
No processo do trabalho, historicamente conhecidos como reclamante e recla-
mado.
 Pedido: É o elemento objetivo da ação. Através do pedido, o autor delimita o objeto
da ação, sendo defeso ao juiz deferir em favor do autor pedido diverso do pleiteado,
bem como condenar ao réu em quantidade superior ou objeto diverso do que lhe
foi demandado.
 Causa de pedir: São os fundamentos fáticos e jurídicos que justificam o pedido. O
CPC determina, em seu art. 319, III, que ao elaborar a petição inicial, o autor deve
aduzir os fatos e fundamentos jurídicos do pedido.

Observação: A CLT em seu art. 840, § 1º, exige apenas que o autor formule o
pedido, sem fazer referência à causa de pedir, exigindo apenas uma breve ex-
posição dos fatos. Essa peculiaridade decorre do jus postulandi, (art. 791, CLT)
das partes que não possuem conhecimento técnico para aduzir os fundamen-
tos jurídicos do pedido.

4) Processo e Procedimento

 Procedimento é o modo e a forma como os atos processuais se movimentam, ou


seja, caminham no tempo, de acordo com a natureza do processo, podendo ser
mais complexa ou mais singela.

Tipos de Procedimento – Os procedimentos trabalhistas se dividem em:

 COMUM: O procedimento comum se subdivide em ordinário, sumário e sumarís-


simo e são definidos de acordo com o valor da causa.
 ESPECIAL: É o procedimento adotado para as ações especiais para ações previstas
na própria CLT, como o inquérito para a apuração de falta grave e o dissídio coletivo.
 PROCEDIMENTO SUMÁRIO: Também conhecido como dissídio de alçada, o pro-
cedimento sumário foi instituído pela lei 5.584/70 com a finalidade de empreender
maior celeridade às causas de até dois salários mínimos.
 Dispensabilidade do resumo dos depoimentos (devendo constar a conclusão
quanto a matéria de fato);
 Não caberá recurso da sentença, salvo sobre matéria constitucional; (exceção ao
princípio do duplo grau de jurisdição, vide art. 102, III, CF);
 PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO: o procedimento sumaríssimo tem previsão legal
nos arts. 852-A a 852-I, da CLT.
 Causas com valor até 40 salários mínimos;
 Estão excluídas do procedimento sumaríssimo as demandas em que é parte a
Administração Pública direta, autárquica e fundacional.

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 O pedido da petição e inicial deverá ser líquido certo, ou seja, indicando o valor
correspondente;
 Não se fará citação por edital, devendo o reclamante indicar corretamente o
nome e o endereço da reclamada.
 Caso não liquide os pedidos e/ou não indique corretamente o nome e o ende-
reço da reclamada, o processo deverá ser extinto sem resolução do mérito e o
reclamante condenado ao pagamento das custas processuais.
 A apreciação deverá ocorrer em no máximo 15 dias, podendo constar de pauta
especial, se necessário.
 O processo deverá ser instruído e julgado em audiência única (em regra).
 Não haverá juízo de conciliação obrigatório. O juiz deverá apenas esclarecer so-
bre as vantagens da conciliação;
 Serão decididos, de plano, todos os incidentes e exceções que possam interferir
no prosseguimento da audiência e do processo. As demais questões serão deci-
didas na sentença.
 Sobre os documentos apresentados por uma das partes manifestar-se-á imedi-
atamente a parte contrária, sem interrupção da audiência, salvo absoluta im-
possibilidade, a critério do juiz.
 Somente serão possíveis 2 testemunhas para cada parte, que se não compare-
cer o juiz pode determinar a sua condução coercitiva;
 Só será deferida intimação de testemunha que, comprovadamente convidada,
deixar de comparecer. Não comparecendo a testemunha intimada, o juiz po-
derá determinar sua imediata condução coercitiva.
 Caso seja realizada perícia, o juiz, desde logo, irá fixar o prazo, o objeto da perícia
e nomear perito. As partes irão se manifestar no prazo comum de 5 dias.
 Interrompida a audiência, o seu prosseguimento e a solução do processo dar-
se-ão no prazo máximo de trinta dias, salvo motivo relevante justificado nos au-
tos pelo juiz da causa.
 Somente caberá recurso de revista por contrariedade à Súmula do TST e viola-
ção direta à Constituição Federal. Não cabe recurso de revista por contrariedade
à OJ do TST.
 PROCEDIMENTO ORDINÁRIO: É o procedimento mais utilizado na Justiça do Tra-
balho. Deve ser adotado para as causas com valor acima de 40 salários mínimos.
 Previsão legal: art. 837 a 852 da CLT.

Petição Inicial
É a peça que inicia o processo, rompendo a inércia do estado, provocando o
seu poder-dever de prestar a tutela jurisdicional, definindo os limites subjeti-
vos e objetivos da lide. Em face dos princípios da simplicidade e da informali-
dade, a petição inicial trabalhista não obedece aos mesmos requisitos da
previsão do art. 319, do CPC.

 A petição inicial trabalhista é chamada de Reclamação Trabalhista.

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 O artigo 840, da CLT diz que a petição inicial poderá ser:
 Verbal: Deverá ser reduzida a termo pelo servidor em 2 duas vias.
 O reclamante deverá dirigir-se à Justiça do Trabalho a fim de prestar a sua
reclamação verbal, e retornar no prazo de 5 dias para reduzir a termo a sua
reclamação.
 Se o reclamante não retornar à Justiça do Trabalho no prazo de 5 dias para
reduzir a termo a sua reclamação verbal, aplicar-se-á a perempção, ficando
impossibilitado por 6 meses de ajuizar a mesma reclamação trabalhista con-
tra o mesmo empregador, conforme entendimento do art. 731 da CLT.
 Escrita: Sendo escrita deverá conter os seguintes elementos:
 a designação do Presidente da Junta, ou do juiz de direito a quem for dirigida
(o juízo competente);
 a qualificação das partes (art. 319, CPC, mais CTPS, RG, CPF / CNPJ, nome ou
razão social);
 uma breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio; (em face do jus pos-
tulandi, não é necessária a indicação dos fundamentos jurídicos do pedido,
parte da doutrina argumenta que fere o princípio do contraditório e o exame
de litispendência, coisa julgada, conexão, etc);
 o pedido (certo e determinado, com indicação do valor correspondente,
sendo defeso ao juiz deferir em favor do autor pedido diverso do pleiteado,
bem como condenar ao réu em quantidade superior ou objeto diverso do
que lhe foi demandado;
 a data e a assinatura do reclamante ou de seu representante (apócrifa im-
porta em inexistência do processo);

Observação: Os pedidos que não atendam ao disposto acima serão julgados


extintos sem resolução do mérito.

1) Do Aditamento da Petição Inicial

 O art. 329, I, do CPC faculta ao autor o aditamento da petição inicial até a citação
do réu. A CLT é omissa neste particular, cabendo a aplicação subsidiária do CPC,
uma vez que no processo do trabalho não existe a citação, apenas notificação do
réu para comparecer à audiência.
 Assim, ao autor, cabe o aditamento da petição inicial até o recebimento da resposta
do réu.
 Após a petição inicial somente poderá ser aditada com o consentimento do réu.
Caso o réu discorde, poderá o autor desistir ação e ajuizá-la novamente.
 Oferecida a contestação, ainda que eletronicamente, o reclamante não poderá,
sem o consentimento do reclamado, desistir da ação.
 Com o aditamento, o juiz abrirá vista à ao réu, podendo se manifestar em mesa,
com base no princípio da oralidade, ou designar-se-á nova audiência para apresen-
tação de resposta do réu.

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2) Da Emenda à Petição Inicial

 O art. 321, do CPC, prevê a possibilidade de o juiz determinar que o autor emende
ou complete a petição inicial, no prazo de 15(quinze) dias, caso verifique que não
estejam presentes os requisitos exigidos nos art. 319, do CPC, apresentando defei-
tos ou irregularidades de modo a dificultar o julgamento da ação, sob pena de in-
deferimento da inicial.
 Caso a petição inicial esteja desacompanhada dos documentos indispensáveis à
propositura da ação ou não preencher outro requisito legal, o autor será intimado
para suprir a irregularidade no prazo de 15 dias (quinze dias), devendo a intimação
indicar corretamente o que precisa ser corrigido ou completado.
 Caso não atenda as exigências, haverá o indeferimento da petição inicial, conforme
entendimento da Súmula 263 do TST.
 Caso já tenha sido apresentada a defesa, a inicial não poderá ser indeferida, de-
vendo o processo ser extinto sem julgamento do mérito, art. 485, IV, CPC.

3) Do Indeferimento da Petição Inicial

 O art. 330, do CPC prevê as hipóteses de indeferimento da petição inicial.


 A petição inicial será indeferida quando:
 for inepta;
 a parte for manifestamente ilegítima;
 o autor carecer de interesse processual;
 não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321.
 Considera-se inepta a petição inicial, conforme previsão do §1º, do art. 330 do CPC:
 lhe faltar pedido ou causa de pedir;
 o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite
o pedido genérico;
 da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão;
 contiver pedidos incompatíveis entre si.

Da Improcedência Liminar do Pedido

 A improcedência liminar do pedido ocorre quando o juiz verifica que os pedidos da


petição inicial estão em desacordo com a jurisprudência uniforme dos tribunais.
Nestes casos, o juiz irá, sem a citação do réu, analisar o mérito dos pedidos do autor,
julgando-os improcedentes.
 Desta forma, o processo será extinto com resolução do mérito, em relação a um ou
mais pedidos, em razão da sua improcedência.
 A improcedência liminar do pedido encontra previsão no artigo 332 do CPC, con-
tudo a sua aplicação no processo do trabalho estaria condicionada à uma adapta-
ção às decisões uniformes em matéria trabalhista.

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 O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se verificar,
desde logo, a ocorrência de decadência.

Resposta do Réu
 De acordo com os princípios do contraditório e da ampla defesa, uma vez que o
autor rompe a inércia do Estado na busca pela tutela do seu direito o Estado, deve
possibilitar ao réu o exercício do seu direito de defesa.
 O CPC, em seu artigo 335, prevê que, após a citação, o réu poderá oferecer exceção,
contestação e reconvenção.
 A CLT, todavia, prevê expressamente apenas a defesa, no sentido de contestação
e a exceção de foro (incompetência) e de suspeição, não havendo previsão especí-
fica para a reconvenção e para a exceção de impedimento, aplicando subsidiaria-
mente e supletivamente o CPC (art. 769, CLT e 15 do CPC). Ver art. 847, CLT.

1) Características

 A apresentação de defesa é uma faculdade do réu que, não sendo exercida, impor-
tará em revelia e confissão quanto à matéria fática.
 O reclamado pode, concomitantemente, apresentar uma, duas ou nenhuma
forma de defesa, vez que não é obrigado a se defender.
 A defesa poderá ser escrita, e deverá ser apresentada após o juízo de conciliação.
 Poderá ser verbal, devendo ser apresentada no prazo de 20 minutos, após a leitura
da petição inicial, podendo esta ser dispensada pelas partes.
 Caso haja mais de um reclamado, o prazo será de 20 minutos para cada um.
 O prazo do interstício legal mínimo para realização da audiência deve ser obser-
vado sob pena de nulidade absoluta, 05 dias.
 Sendo parte no processo pessoa jurídica de Direito Público, da União, Estados, Dis-
trito Federal, Municípios, suas autarquias e fundações que não explorem atividade
econômica, o prazo é quádruplo, ou seja, 20 dias.

2) Revelia e seus Efeitos

 A revelia é a aplicada quando a parte, devidamente citada, não comparece em au-


diência (art. 844, CLT) ou, comparecendo, não exerce o direito de defesa, nem ver-
bal nem escrito. (art. 344, CPC).

IMPORTANTE

Embora no processo civil seja considerado revel o réu que não apresentar de-
fesa, após o transcurso do prazo da citação, no processo do trabalho, virtude
da notificação ser automática, será considerado revel, o reclamado que,

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devidamente notificado, não comparece à audiência ou comparece, mas não
apresenta defesa.

Características:

 Na revelia reputar-se-ão verdadeiros os fatos alegados na exordial, uma vez que o


reclamado não os contestou, aplicando-se a confissão quanto a matéria fática, ge-
rando uma presunção relativa da matéria alegada na inicial.
 Haverá o julgamento antecipado da lide, salvo se exista alguma prova que a lei re-
pute indispensável, como nos casos dos pedidos de pagamento dos adicionais de
insalubridade e periculosidade, em que é necessária a produção da prova técnica
pericial, mesmo na hipótese de revelia.
 Haverá a fluência dos prazos processuais independente de notificação, para o réu
revel.
 Nos casos de responsabilidade subsidiária, caso a primeira reclamada seja revel, a
revelia afetar também a segunda reclamada, ainda que esta tenha oferecido con-
testação específica.
 O réu revel pode intervir no processo em qualquer fase, recebendo-o no estado em
que se encontrar. Com a intervenção, o réu passará, necessariamente, a ser inti-
mado dos atos processuais, por meio do seu advogado (CPC, art. 346 e seu pará-
grafo único);
 O réu revel pode, sem impugnar as alegações fáticas feitas pelo autor, demonstrar
que mesmo que tais alegações sejam verdadeiras delas não é possível extrair o
efeito jurídico desejado (ex.: tendo o autor descrito os fatos e invocado determinada
norma para embasar o seu pedido, o réu, sem atacar os fatos, pode demonstrar
que a norma aplicável é outra); e
 O réu revel pode alegar qualquer matéria da qual o juiz está obrigado a tomar co-
nhecimento de ofício, a exemplo da ilegitimidade das partes, da ausência de inte-
resse de agir, da falta de capacidade de ser parte, da falta de capacidade proces-
sual, da ausência de capacidade postulatória, da litispendência, da coisa julgada,
da perempção, do defeito na representação judicial do autor, da incompetência
absoluta, da prescrição e da decadência legal.

3) Espécies de Resposta do Réu

 Exceção
 A exceção está prevista no art. 799, da CLT e constitui espécie de defesa do re-
clamado, que objetiva resolver questão incidental, sem a extinção do processo,
atacando a parcialidade do magistrado ou a incompetência do juízo para pro-
cessar e julgar a demanda.
 As exceções são consideradas defesas processuais, pois não atacam o mérito do
processo, apenas irregularidades quanto a incompetência, impedimento ou
suspeição.

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IMPORTANTE

Embora o art. 337, II, do CPC, preceitue que a exceção deva ser alegada como
matéria de preliminar da contestação, no processo do trabalho a exceção é
processada nos próprios autos da reclamação trabalhista, em peça apartada.

 Espécies de suspeição
 Suspeição
 Impedimento
 Incompetência relativa
 Nada impede que seja oposta mais uma exceção, sendo que as exceções de im-
pedimento e suspeição deverão ser apreciadas antes da exceção de incompe-
tência, julgando-se primeiro, a exceção de impedimento, depois a suspeição e,
por último, julga-se a incompetência do juízo, uma vez que um juiz impedido ou
suspeito sequer pode se pronunciar acerca da competência do juízo.
 A oposição de exceção gera a suspensão do processo até que a questão seja
decidida, não levando à extinção do processo.
 No processo do trabalho, dado o jus postulandi e a simplicidade que impera, as
exceções são processadas nos próprios autos da reclamação trabalhista.
 A decisão que julga a exceção é considerada interlocutória, não admitindo re-
curso de imediato, salvo quando terminativa do feito (§2º do art. 799 da CLT e
Súmula 214, do TST).
 Exceção de suspeição e impedimento
 São defesas apresentadas pelo réu, que visam afastar a imparcialidade do juiz
para processar e julgar a demanda para preservar o princípio do juiz natural.
 As hipóteses de impedimento estão previstas no art. 144, do CPC.
 Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas funções no processo:
 em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou
como membro do Ministério Público ou prestou depoimento como testemu-
nha;
 de que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo proferido decisão;
 quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado ou mem-
bro do Ministério Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer parente,
consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclu-
sive;
 quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou companheiro, ou
parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau,
inclusive;
 quando for sócio ou membro de direção ou de administração de pessoa jurí-
dica parte no processo;
 quando for herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de qualquer das
partes;
 em que figure como parte instituição de ensino com a qual tenha relação de
emprego ou decorrente de contrato de prestação de serviços;

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 em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge,
companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral,
até o terceiro grau, inclusive, mesmo que patrocinado por advogado de outro
escritório;
 quando promover ação contra a parte ou seu advogado.
 As hipóteses de cabimento de suspeição estão previstas no art. 145, do CPC: Há
suspeição do juiz:
 I - amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de seus advogados;
 II - que receber presentes de pessoas que tiverem interesse na causa antes
ou depois de iniciado o processo, que aconselhar alguma das partes acerca
do objeto da causa ou que subministrar meios para atender às despesas do
litígio;
 III - quando qualquer das partes for sua credora ou devedora, de seu cônjuge
ou companheiro ou de parentes destes, em linha reta até o terceiro grau, in-
clusive;
 IV - interessado no julgamento do processo em favor de qualquer das partes.
 § 1. Poderá o juiz declarar-se suspeito por motivo de foro íntimo, sem necessi-
dade de declarar suas razões.
 § 2. Será ilegítima a alegação de suspeição quando:
 I - houver sido provocada por quem a alega;
 II - a parte que a alega houver praticado ato que signifique manifesta aceita-
ção do arguido.

Observação: As hipóteses de suspeição e impedimento também se aplicam


ao MPT, aos serventuários e aos peritos.

 No processo do trabalho, a oportunidade para opor exceção de suspeição ou de


impedimento é a primeira vez em que a parte tiver de falar nos autos ou em audi-
ência, desde que seja após a ciência do fato que ensejou a suspeição ou o impedi-
mento, sendo que este último encerra matéria de ordem pública, podendo ser ar-
guido em qualquer tempo ou grau de jurisdição, servindo de fundamento, inclu-
sive, para interposição de ação rescisória.
 A suspeição também é causa de nulidade, porém relativa.
 A CLT fala, em seu art. 802, que apresentada a exceção, o juiz ou tribunal designará
audiência dentro de 48h, para instrução e julgamento da exceção.
 O grande equívoco é que, com a EC 24/99, que extinguiu as Juntas de Conciliação,
o próprio juiz fará a instrução que julgará a sua suspeição ou impedimento.
 Reconhecendo a suspeição ou impedimento, remeterá os autos ao seu substituto.
Caso contrário, remeterá os autos ao Tribunal, juntamente com suas razões e tes-
temunhas, se for o caso.
 Exceção de incompetência relativa
 Vale frisar que a incompetência absoluta é arguida através de preliminar de con-
testação, enquanto que a incompetência relativa é arguida através de exceção.
 A exceção de incompetência relativa visa o reconhecimento da incompetência
do juízo em razão do valor da causa ou do território. No processo do Trabalho, o

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valor da causa é irrelevante para fins de competência do juízo, uma vez que o
mesmo julgará o processo, variando apenas o rito o qual será processado.
 Desta forma, a exceção de incompetência no processo do trabalho, ataca tão
somente a incompetência em razão do lugar ou território.
 A exceção de incompetência relativa é apresentada quando o reclamado não
concorda com a fixação da competência territorial em razão da distribuição do
processo, pretendendo o deslocamento para outro juízo indicado como compe-
tente para a apreciação da lide, conforme as regras do art. 651 da CLT.
 O prazo para apresentação da exceção de incompetência relativa é de cinco dias
a contar da notificação, antes da audiência e em peça que sinalize a existência
desta exceção.
 Protocolada a petição, será suspenso o processo e não se realizará a audiência
de instrução e julgamento até que se decida a exceção.
 Os autos serão imediatamente conclusos ao juiz, que intimará o reclamante e,
se existentes, os litisconsortes, para manifestação no prazo comum de cinco
dias.
 Se entender necessária a produção de prova oral, o juízo designará audiência,
garantindo o direito de o excipiente e de suas testemunhas serem ouvidos, por
carta precatória, no juízo que este houver indicado como competente.
 Decidida a exceção de incompetência territorial, o processo retomará seu curso,
com a designação de audiência, a apresentação de defesa e a instrução proces-
sual perante o juízo competente.
 Vale ressaltar que, em face da proteção ao hipossuficiente, cabe recurso ordiná-
rio da decisão que acolher a exceção de incompetência, remetendo os autos
para juízo vinculado a outro TRT, não violando o princípio da irrecorribilidade
imediata das decisões interlocutórias, por ter a decisão natureza terminativa, na
forma da letra “c”, da Súmula 214, TST.

4) Contestação

 A contestação é a forma mais usual de defesa do reclamado, também conhecida


como peça de resistência ou peça de bloqueio, sendo a única capaz de evitar a
revelia processual.
 A redação da contestação não exige requisitos específicos, como a petição ini-
cial, contudo o demandado não é plenamente livre para redigir a sua contestação,
pois deve obedecer a dois princípios:
 Princípio do ônus da impugnação específica (art. 336 do CPC);
 Princípio da eventualidade ou da concentração (art. 342 do CPC)
 De acordo com o princípio do ônus da impugnação específica, o acionado deve
impugnar especificamente cada fato afirmado pelo autor na petição inicial. Isso
porque fato não impugnado é incontroverso, havendo presunção relativa de vera-
cidade, não sendo objeto de prova.

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 Tal princípio veda a apresentação de contestação por negativa geral, compor-
tando as exceções previstas na lei, que são as mesmas do processo civil.
 Pelo princípio da eventualidade ou da concentração, cabe ao reclamado alegar
toda a matéria de defesa na peça contestatória, sendo vedado alegar posterior-
mente matéria de defesa não manifestada na contestação, pela preclusão consu-
mativa, salvo as exceções legais, ou seja, quando versar sobre direito superveniente
(matéria surgida após a apresentação da defesa); se se tratar de questões de ordem
pública, as quais o juiz pode conhecer de ofício em qualquer grau de jurisdição e a
qualquer tempo.
 Assim, o reclamado não poderá alegar a contestação por etapas.
 O reclamado deverá organizar o texto da sua contestação, alegando: primeira-
mente a defesa processual na forma de preliminares de contestação, que são aque-
las previstas no art. 337 do CPC; depois, deve dirigir a sua defesa ao mérito, ale-
gando as prejudiciais de mérito (prescrição, decadência) e, por fim, o mérito pro-
priamente dito.

IMPORTANTE

 A compensação está restrita a dívidas de natureza trabalhista. Vide Súmula n º 18


do TST.
 Súmula nº 18 do TST
 A compensação, na Justiça do Trabalho, está restrita a dívidas de natureza traba-
lhista.
 A compensação distingue-se da retenção. Na compensação existem créditos con-
trapostos, sendo que um deles será então extinto e o outro reduzido, ou se forem
iguais, extinguem-se mutuamente. A compensação é matéria prevista no Código
Civil, que em seu art. 368, apregoa: "Se duas pessoas forem ao mesmo tempo cre-
dor e devedor uma da outra, as duas obrigações extinguem-se, até onde se com-
pensarem.".
 Já na retenção, que é uma situação mais rara, não há dois créditos para serem com-
pensados. Na contestação, o reclamado demonstra que, ao contrário do pleiteado,
quem é credor é ele, reclamado. Então, para assegurar-se do recebimento a que
faz jus, requer ao juiz autorização para reter consigo o bem de propriedade do re-
clamante (p.ex.: ferramentas, equipamentos eletrônicos, cadastros). A Justiça do
Trabalho só tem competência para decidir sobre a legitimidade da retenção de
coisa do devedor entregue ao credor, se tal entrega tiver relação com o contrato
de trabalho.
 Com a reforma trabalhista, a parte poderá apresentar defesa escrita pelo sistema
de processo judicial eletrônico até a audiência.
 Oferecida a contestação, ainda que eletronicamente, o reclamante não poderá,
sem o consentimento do reclamado, desistir da ação.

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Fase Instrutória
 Como já visto anteriormente, a fase de instrução inicia-se em audiência, sem a
necessidade de protesto por produção de provas, tendo em vista que as provas são
produzidas, via de regra, em audiência.
 Audiência trabalhista é o ato solene, formal, caracterizado pelo comparecimento
das partes, dos advogados, e dos auxiliares do juízo, onde são realizados a maioria
dos atos processuais, como as tentativas obrigatórias de conciliação, o interrogató-
rio e o depoimento pessoal das partes, a oitiva de testemunhas e de peritos, em
que o magistrado formará o seu convencimento e, ao final, prolatará a sentença.

As principais características das audiências trabalhistas estão previstas nos


arts. 813 a 817 da CLT, o que impõe a leitura imediata:

 Características:
 As audiências serão públicas e ocorrerão no Tribunal, em dias úteis previamente
fixados, entre 8 (oito) e 18 (dezoito) horas, não podendo ultrapassar 5 (cinco) ho-
ras seguidas, salvo quando houver matéria urgente, podendo ser designado ou-
tro local, desde seja afixado edital na sede do Juízo com antecedência mínima
de 24h.
 Deverão estar presentes às audiências, as partes, juiz e servidores. O juiz tem
uma tolerância de 15 minutos para comparecer a audiência. Se, todavia, passa-
dos 15 minutos do horário da audiência, o juiz não tiver comparecido, as partes
poderão se retirar, devendo constar o ocorrido no livro de registros de audiência.
 O Estatuto da Advocacia, Lei n. 8.906/94, no inciso XX do art. 7º, dispõe que o
advogado pode retirar-se do recinto onde se encontre aguardando o pregão
para ato judicial, após 30 minutos do horário designado e ao qual ainda não te-
nha comparecido a autoridade que deva presidi-lo, mediante comunicação pro-
tocolada em juízo.

IMPORTANTE

 Vale frisar que apenas o juiz tem esse limite de tolerância. As partes e seus repre-
sentantes, não tem qualquer tolerância para o atraso. Vide OJ nº 245 da SDI –I do
TST:
 OJ Nº 245 REVELIA. ATRASO. AUDIÊNCIA. Inserida em 20.06.01. Inexiste previsão
legal tolerando atraso no horário de comparecimento da parte na audiência.
 O juiz é o responsável, na forma dos artigos, 816 da CLT, por manter a ordem na
audiência, podendo mandar se retirar quem estiver perturbando os trabalhos > é
o chamado poder de polícia processual.

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1) Audiência de Conciliação, Instrução e Julgamento

 No processo do Trabalho, em regra, como base nos princípios da concentração dos


atos processuais, da celeridade e da economia processual, as audiências são unas,
havendo conciliação, instrução e julgamento em uma única sessão.
 Ocorre que o art. 849, da CLT, faculta ao juiz o fracionamento da audiência, por
motivos de força maior, marcando a sua continuação para a primeira desimpedida,
independentemente de nova notificação.
 Nem todos os juízes fracionam as audiências, sendo motivo de extrema cautela,
sobretudo para os advogados e partes, que devem estar sempre preparados para
a audiência como se una fosse.
 As partes deverão estar presentes em audiência, independente de seus represen-
tantes legais. Art. 843, da CLT.

IMPORTANTE

 O sindicato pode substituir o empregado em caso de ações plúrimas ou ações de


cumprimento, ou por motivo de doença ou outro motivo poderoso, devidamente
comprovado.
 Em casos de doença ou qualquer outro motivo poderoso, devidamente compro-
vado, o empregado também poderá fazer-se representar por outro empregado
que pertença à mesma profissão.
 A substituição tem a finalidade de impedir o arquivamento dos autos (extinção do
processo sem resolução do mérito), não podendo o representante, transigir, con-
fessar, recorrer ou renunciar o direito que funda a ação.
 O empregador pode se fazer-se substituir pelo gerente, ou qualquer outro pre-
posto que tenha conhecimento do fato, e cujas declarações obrigarão o propo-
nente. Art. 843, § 1º, CLT.
 Com a reforma trabalhista, o preposto não mais precisará ser empregado da recla-
mada, em nenhuma hipótese.
 Sabe-se que na Justiça do Trabalho, a presença dos advogados acompanhando às
partes, é facultativa em face do jus postulandi, previsto no art. 791, da CLT.
 Contudo, o TST editou a Súmula 425, limitando o exercício do jus postulandi.
Sendo assim, o exercício do jus postulandi na Justiça do Trabalho passou a ter
duas espécies de limitações:
 Por ações: O jus postulandi não pode ser exercido pelas partes nos casos de
ação de competência do TST, ação rescisória, a ação cautelar, o mandado de
segurança.
 Por recursos: O jus postulandi não alcança também os recursos de compe-
tência do Tribunal Superior do Trabalho.

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Ausência das Partes e suas Consequências

 Como visto acima, é imprescindível a presença das partes em audiência, sendo fa-
cultada a sua substituição apenas em casos previstos em lei.
 Com a reforma trabalhista, ocorrendo motivo relevante, poderá o juiz suspender o
julgamento, designando nova audiência

Da ausência do reclamante:

 O reclamante deverá se fazer presente em audiência, sob pena de arquivamento


da reclamação. Art. 844, CLT.
 O arquivamento da reclamação importa em extinção do processo sem resolução
do mérito.
 Na hipótese de ausência do reclamante, este será condenado ao pagamento das
custas calculadas na forma do art. 789 da CLT, ainda que beneficiário da justiça
gratuita, salvo se comprovar, no prazo de quinze dias, que a ausência ocorreu por
motivo legalmente justificável. O pagamento das custas é condição para a propo-
situra de nova demanda.

Da ausência do reclamado:

 A ausência em audiência una ou inaugural do reclamado importará, nos termos do


art. 844, da CLT, em revelia e confissão quanto à matéria fática.
 Vale frisar que ainda que ausente o reclamado, presente o advogado na audiência,
serão aceitos a contestação e os documentos eventualmente apresentados.
 A revelia não produz o efeito mencionado se:
 I - havendo pluralidade de reclamados, algum deles contestar a ação;
 II - o litígio versar sobre direitos indisponíveis;
 III - a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei consi-
dere indispensável à prova do ato;
 IV - as alegações de fato formuladas pelo reclamante forem inverossímeis ou
estiverem em contradição com prova constante dos autos.
 Alguns julgados entendem que o advogado, desde que empregado, possa atuar
como causídico e como preposto do reclamado. Isso não parece ser válido, tendo
em vista que o advogado está obrigado manter sigilo profissional com o seu cliente,
o que torna incompatível o acúmulo das duas funções.
 Esse entendimento é também respaldado pelo art. 23 do Código de Ética e Disci-
plina da OAB, que proíbe a atuação conjunta do advogado como patrono e pre-
posto.

IMPORTANTE

Também importante ressaltar mais uma vez que se o reclamado não compa-
recer, mesmo estando presente o seu advogado munido de procuração, o juiz
não receberá a defesa e haverá a revelia, salvo se apresentar atestado médico
comprovando a impossibilidade de locomoção.

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 Caso o reclamado esteja ausente à audiência de instrução na qual fora intimado
para prestar depoimento, incorrerá em confissão ficta, aplicando-se a Súmula 74, I,
TST, como no caso do reclamante.

Não Comparecimento Simultâneo das Partes

 Situação interessante tratada neste tópico ocorre quando ambas as partes faltam
à audiência.
 Caso seja una audiência uma ou inaugural, deverá o juiz determinar o arquiva-
mento do processo, extinguindo sem resolução do mérito.
 Caso seja uma audiência em prosseguimento, deverá o juiz aplicar a pena de con-
fissão para ambas as partes, julgando o processo na forma da distribuição do ônus
da prova, prevista no artigo 818, da CLT e artigo 373 do CPC.

Provas
Como é sabido, as alegações feitas em juízo precisam ser comprovadas
para facilitar a formação do convencimento do magistrado, que é o destina-
tário das provas.

Provas são os instrumentos processuais considerados pelo ordenamento ju-


rídico como aptos para a demonstração da veracidade dos fatos alegados em
juízo.

1) Objeto de Prova

 Em suma, apenas os fatos dependem de prova, havendo uma presunção legal e


absoluta de que o juiz conhece o direito.
 Os fatos que não dependem de prova estão elencados no art. 334, do CPC.

2) Ônus da Prova

 O ônus da prova é a incumbência que a parte tem de provar os fatos alegados em


juízo. No processo do trabalho, a distribuição do ônus da prova é feita com base nos
artigos 818 da CLT e 333 do CPC, cabendo:
 Ao autor, o ônus da prova do fato constitutivo do seu direito;
 Ao réu, o ônus da prova do extintivo, modificativo e extintivo do direito do autor;
 Em face do princípio da proteção ao trabalhador, a parte hipossuficiente na relação
de emprego, em alguns casos, o ordenamento jurídico, admite a inversão do ônus
da prova, como exemplo:
 os cartões de ponto que demonstram horário de entrada e de saída uniformes
(cartões de ponto britânicos) são inválidos como meio de prova, invertendo-se
o ônus da prova, relativo às horas extras, que passa a ser do empregador,

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prevalecendo a jornada da inicial se dele não se desincumbir (inciso III da Sú-
mula 338 do TST).
 ônus de provar o término do contrato de trabalho, quando negados a presta-
ção de serviço e o despedimento, é do empregador, pois o princípio da continui-
dade da relação de emprego constitui presunção favorável ao empregado (Sú-
mula 212 do TST).
 Antigamente, a simples negativa de da parte excluía da parte o ônus de
prova-lo. Todavia, o entendimento atual é que, quando a negativa resulta de
uma afirmação que se pretende obter por via de uma declaração negativa,
impõe-se a parte que nega o ônus de prova-lo.

CLT

Art. 818. O ônus da prova incumbe:


I - ao reclamante, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
II - ao reclamado, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do reclamante.

 Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à


impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos deste
artigo ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juízo
atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamen-
tada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus
que lhe foi atribuído.
 A decisão não pode gerar situação em que a desincumbência do encargo pela
parte seja impossível ou excessivamente difícil.
 Trata-se da possibilidade de o juiz atribuir o ônus da prova àquele possui melho-
res condições de produzi-la. Vale frisar, neste sentido, que o juiz é o diretor pro-
cessual (art. 765 CLT), sendo, portanto, o destinatário das provas a serem produzi-
das. Ocorre que, por vezes, a parte não possui condições favoráveis de produzir a
prova relacionada a determinado fato. Nestes casos, o juiz pode atribuir o encargo
a quem possa produzir a prova com maior facilidade.
 A TEORIA DINÂMICA DO ÔNUS DA PROVA PODE SER APLICADA ENTÃO NAS SE-
GUINTES HIPÓTESES:
 Excessiva dificuldade probatória de quem detém o ônus da prova
 Maior facilidade de produção de prova pela parte que não detém o ônus proba-
tório.
 De outro lado, não se deve confundir a teoria dinâmica do ônus da prova, com a
inversão do ônus probatório. Isso porque, a inversão do ônus da prova pressupõe a
presença dos critérios previstos na lei e que exista uma regra pré-fixada. Já a teoria
dinâmica funda-se no princípio da aptidão da prova, não necessitando a presença
da verossimilhança na alegação da parte.
 Por fim, frise que, diferentemente do processo civil, não cabe no processo do tra-
balho a distribuição do ônus da prova por convenção das partes, por ser incompa-
tível com o processo do trabalho.

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3) Meios de Prova

Os meios de prova dividem-se em:

 Depoimento pessoal e interrogatório das partes


 Prova documental
 Prova pericial
 Inspeção judicial

Depoimento Pessoal x Interrogatório das Partes

 O interrogatório das partes é determinado de ofício pelo juiz, enquanto que o de-
poimento pessoal é requerido pelas partes.
 O juiz pode, a qualquer tempo interrogar as partes, enquanto que o depoimento
pessoal é único e deverá sempre ocorrer na audiência de instrução.
 O interrogatório tem a finalidade de obter esclarecimentos sobre os fatos, en-
quanto a principal finalidade do depoimento pessoal é a obtenção da confissão
real, embora não despreze os esclarecimentos.
 Caso a parte seja intimada para comparecer em audiência com o fim de prestar
depoimento, e não compareça, será aplicada a pena de confissão, nos termos da
Súmula 74, do TST. Sendo-lhe aplicada a mesma pena, caso compareça e não
queira responder alguma questão que lhe seja submetida.

Prova testemunhal

 Consiste no meio de prova pelo qual busca-se a elucidação dos fatos através do
depoimento de pessoa física a chamada a depor em juízo sobre um fato relevante
para o processo do qual tenha conhecimento.
 Em face do princípio da primazia da realidade sobre a forma, que rege o processo
do trabalho, a testemunha assume elevada importância na busca da verdade real,
constituindo, muitas vezes, o único meio de prova da parte.
 Todavia, a testemunha somente não é obrigada a depor sobre os fatos que lhe acar-
retem danos graves ou a seus parentes até terceiro grau, ou sobre fatos que deva
legalmente guardar segredo.
 Não podem depor como testemunhas as pessoas elencadas nos artigos 829, da
CLT e 447, §§§1º, 2º e 3º do CPC.

IMPORTANTE

O TST firmou entendimento, através da Súmula 357, no sentido de que não


torna suspeita a testemunha, o simples fato de litigar ou ter litigado contra o
mesmo empregador.

Súmula nº 357 do TST – Não torna suspeita a testemunha o simples fato de


estar litigando ou de ter litigado contra o mesmo empregador.

 Limite de testemunhas:
 No procedimento ordinário: 3

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 No procedimento sumaríssimo: 2
 No inquérito judicial para apuração de falta grave: 6
 Em casos de não comparecimento espontâneo da testemunha em audiência, é
que o juiz poderá, de ofício, ou a requerimento da parte, intimá-la, e inclusive, con-
duzi-la coercitivamente para depor em juízo, sob pena do pagamento da multa
prevista no art. 730 da CLT.
 Da contradita:
 É facultado à parte contraditar a testemunha, alegando incapacidade, suspei-
ção ou impedimento.
 O momento processual oportuno para apresentar a contradita é após a qualifi-
cação da testemunha, antes de prestar o compromisso de dizer a verdade do
que souber acerca do que lhe for perguntado.
 A qualificação da testemunha pode ser conceituada como o ato formal em que
ela informa os dados concernentes à sua identificação: nome, nacionalidade,
profissão, idade, residência, estado civil, se trabalhou ou trabalha para o empre-
gador e há quanto tempo.
 Caso a testemunha negue os fatos que lhes são imputados, a parte poderá pro-
var a contradita com documentos ou testemunhas, até o número de três, apre-
sentadas no ato e inquiridas em separado.
 Sendo provados ou confessados os fatos, o juiz dispensará a testemunha, ou lhe
tomará o depoimento sem o compromisso, na qualidade de informante, atribu-
indo o valor que possa merecer.

Da prova documental

 Documento é o meio probatório utilizado no processo para a prova material da


existência de um fato. Exemplos: escritos, fotografias, vídeos, desenhos, gráficos,
gravações etc.
 A CLT tem uma previsão minguada acerca da prova documental, devendo aplicar-
se o CPC subsidiariamente, observados os princípios e peculiaridades do processo
do trabalho.
 Os documentos devem ser juntados com a petição inicial e com a defesa, podendo
ser juntados até o encerramento da instrução processual.

IMPORTANTE

Em relação à juntada de documentos na fase recursal, deve ser aplicado o en-


tendimento consubstanciado na Súmula nº 8 do TST, in verbis:

SUM-8 JUNTADA DE DOCUMENTO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e


21.11.2003. A juntada de documentos na fase recursal só se justifica quando
provado o justo impedimento para sua oportuna apresentação ou se referir a
fato posterior à sentença.

 No processo do trabalho, os documentos constituem importante meio de prova,


contudo, na valoração da prova, o juiz deverá primar pela primazia da realidade
sobrepondo sobre a forma dos documentos.

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 Importante destaque para o art. 830, da CLT, que traz ao advogado a faculdade de
declaração de autenticidade das cópias dos documentos juntados com a petição
inicial e com a defesa.
 Impugnada a autenticidade da cópia, a parte que a produziu será intimada para
apresentar cópias devidamente autenticadas ou o original, cabendo ao serventuá-
rio competente proceder à conferência e certificar a conformidade entre esses do-
cumentos.
 Os documentos juntados pela parte adversa deverão ser impugnados especifica-
mente. Caso não sejam impugnados, ou sejam impugnados de forma genérica,
serão considerados como hábeis como meio de prova a que pretendem.
 Importantes espécies de prova documental: Contrato de trabalho, recibos de pa-
gamento, registros de jornada, anotação na CTPS.
 Quanto à anotação na CTPS, constitui presunção juris tantum em relação ao em-
pregado e júri et de júri em relação ao empregador, salvo se este comprovar erro
material.

Da prova pericial

 Quando a prova de determinados fatos depender de conhecimento técnico ou ci-


entífico, o juiz poderá designar um perito, que é considerado auxiliar da justiça.
 O perito deverá fazer exame, vistoria ou avaliação e elaborar um laudo elucidando
os fatos para o favorecimento da formação da convicção do juiz. Todavia o juiz não
está adstrito ao laudo pericial, podendo formar o seu convencimento com base em
outros meios de prova (art. 464, CPC).
 Não há mais a necessidade dos peritos prestarem o compromisso, uma vez que
podem ser substituídos nas hipóteses previstas em lei.
 Os peritos estão sujeitos às causas de impedimento e suspeição aplicadas aos juí-
zes. Contudo, não há que se falar em impedimento ou suspeição dos assistentes
técnicos, porquanto a sua indicação é faculdade das partes.
 Quanto ao indeferimento da prova pericial: conforme prevê o art. 464, §1º da CLT, o
juiz indeferirá a perícia quando:
 Quando a prova do fato não depender do conhecimento especial de técnico;
 Quando for desnecessária em vista de outras provas produzidas;
 Quando a verificação for impraticável.

Dos honorários periciais

 A responsabilidade pelo pagamento dos honorários periciais é da parte sucum-


bente na pretensão objeto da perícia, ainda que beneficiária da justiça gratuita.
 Ao fixar o valor dos honorários periciais, o juízo deverá respeitar o limite máximo
estabelecido pelo Conselho Superior da Justiça do Trabalho.
 O juízo poderá deferir parcelamento dos honorários periciais.
 O juízo não poderá exigir adiantamento de valores para realização de perícias.

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 Somente no caso em que o beneficiário da justiça gratuita não tenha obtido em
juízo créditos capazes de suportar a despesa referida, ainda que em outro processo,
a União responderá pelo encargo.

Inspeção Judicial

 A inspeção judicial consiste na investigação feita pelo magistrado em pessoas, coi-


sas, lugares, etc., a fim de elucidar fato relevante a decisão da lide (art. 481 do CPC).
 O juiz lavrará o auto de inspeção com as suas observações sobre a inspeção, po-
dendo mencionar e anexar fotos, desenhos, gráficos, etc.

Atos, Termos e Prazos Processuais


Art. 770 - Os atos processuais serão públicos salvo quando o contrário deter-
minar o interesse social, e realizar-se-ão nos dias úteis das 6 (seis) às 20 (vinte)
horas.

Art. 772 - Os atos e termos processuais, que devam ser assinados pelas partes
interessadas, quando estas, por motivo justificado, não possam fazê-lo, serão
firmados a rogo, na presença de 2 (duas) testemunhas, sempre que não hou-
ver procurador legalmente constituído.

Observação: A penhora poderá realizar-se em domingo ou dia feriado, medi-


ante autorização expressa do juiz ou presidente.

1) Prazos Processuais

 Os prazos estabelecidos neste Título serão contados em dias úteis, com exclusão
do dia do começo e inclusão do dia do vencimento.
 Os prazos podem ser prorrogados, pelo tempo estritamente necessário, nas se-
guintes hipóteses:
 I - quando o juízo entender necessário;
 II - em virtude de força maior, devidamente comprovada.
 Ao juízo incumbe dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos
meios de prova, adequando-os às necessidades do conflito de modo a conferir
maior efetividade à tutela do direito.

Art. 775-A. Suspende-se o curso do prazo processual nos dias compreendidos


entre 20 de dezembro e 20 de janeiro, inclusive.

 Durante a suspensão do prazo, não se realizarão audiências e nem sessões de jul-


gamento.
 O vencimento dos prazos será certificado nos processos pelos escrivães ou secre-
tários.

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 Caso a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a publicação com efeito de intimação
for feita nesse dia, o prazo judicial será contado da segunda-feira imediata, inclu-
sive, salvo se não houver expediente, caso em que fluirá no dia útil que se seguir.

Art. 777 - Os requerimentos e documentos apresentados, os atos e termos


processuais, as petições ou razões de recursos e quaisquer outros papéis refe-
rentes aos feitos formarão os autos dos processos, os quais ficarão sob a res-
ponsabilidade dos escrivães ou secretários.

Art. 778 - Os autos dos processos da Justiça do Trabalho, não poderão sair dos
cartórios ou secretarias, salvo se solicitados por advogados regularmente
constituído por qualquer das partes, ou quando tiverem de ser remetidos aos
órgãos competentes, em caso de recurso ou requisição.

Art. 779 - As partes, ou seus procuradores, poderão consultar, com ampla li-
berdade, os processos nos cartórios ou secretarias.

Art. 780 - Os documentos juntos aos autos poderão ser desentranhados so-
mente depois de findo o processo, ficando traslado.

Art. 781 - As partes poderão requerer certidões dos processos em curso ou


arquivados, as quais serão lavradas pelos escrivães ou secretários.

Parágrafo único - As certidões dos processos que correrem em segredo de


justiça dependerão de despacho do juiz ou presidente.

Art. 782 - São isentos de selo as reclamações, representações, requerimentos.


atos e processos relativos à Justiça do Trabalho.

2) Responsabilidade por Dano Processual

Art. 793-A. Responde por perdas e danos aquele que litigar de má-fé como
reclamante, reclamado ou interveniente.

Art. 793-B. Considera-se litigante de má-fé aquele que:

I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontro-


verso;

II - alterar a verdade dos fatos;

III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal;

IV - opuser resistência injustificada ao andamento do processo;

V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo;

VI - provocar incidente manifestamente infundado;

VII - interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório.

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Art. 793-C. De ofício ou a requerimento, o juízo condenará o litigante de má-
fé a pagar multa, que deverá ser superior a 1% (um por cento) e inferior a 10%
(dez por cento) do valor corrigido da causa, a indenizar a parte contrária pelos
prejuízos que esta sofreu e a arcar com os honorários advocatícios e com todas
as despesas que efetuou.

 Quando forem dois ou mais os litigantes de má-fé, o juízo condenará cada um na


proporção de seu respectivo interesse na causa ou solidariamente aqueles que se
coligaram para lesar a parte contrária.
 Quando o valor da causa for irrisório ou inestimável, a multa poderá ser fixada em
até duas vezes o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência
Social.
 O valor da indenização será fixado pelo juízo ou, caso não seja possível mensurá-lo,
liquidado por arbitramento ou pelo procedimento comum, nos próprios autos.

Art. 793-D. Aplica-se a multa prevista no art. 793-C desta Consolidação à tes-
temunha que intencionalmente alterar a verdade dos fatos ou omitir fatos es-
senciais ao julgamento da causa.

Parágrafo único. A execução da multa prevista neste artigo dar-se-á nos mes-
mos autos.

Fase Decisória
 Os juízes podem, no exercício da atividade jurisdicional, praticar os seguintes atos
decisórios (despachos, decisões interlocutórias, sentenças e acórdãos).
 Despacho: aqueles que apenas impulsionam o processo sem cunho decisório,
como determinação de remessa dos autos ao calculista da vara.
 Decisões interlocutórias: São as que no curso do processo, resolvem questão inci-
dente, por exemplo, concessão de liminares.
 Sentença: é o ato do juiz que implica alguma das situações previstas nos arts. 485
e 487, do CPC.

1) Classificação da Sentença

Quanto ao seu conteúdo, as sentenças se classificam em:

 Sentenças Declaratórias - o juiz se limita à declaração da existência ou inexistência


da relação jurídica, vínculo empregatício, ou da autenticidade ou falsidade do do-
cumento;
 Sentenças Constitutivas - o juiz cria, modifica ou extingue uma relação jurídica,
com eficácia ex nunc, ou seja, desde então;

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 Sentenças Condenatórias - o juiz profere um comando condenatório ao réu, tradu-
zindo uma obrigação de fazer, de não fazer, de entregar a coisa ou de pagar quantia
(mais comuns na Justiça do Trabalho);

Quanto ao resultado da lide, se classificam em:

 Terminativa - não aprecia o mérito, e permite interposição de nova ação, nos ter-
mos do art. 485 do CPC. Geralmente se dá quando falta uma das condições da ação
ou um dos pressupostos processuais. Esta sentença soluciona o processo de co-
nhecimento no primeiro grau de jurisdição, mas não soluciona o litígio.
 Definitiva - aprecia o mérito, e não permite interposição de outra ação, sob pena
da parte incorrer em litispendência ou coisa julgada, nos termos do art. 487 do CPC.

2) Requisitos da Sentença - art. 489 do CPC

 I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a identificação do caso, com a suma
do pedido e da contestação, e o registro das principais ocorrências havidas no an-
damento do processo;
 II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito;
 III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões principais que as partes lhe
submeterem.

O art. 832 da CLT, por sua vez, também traz os requisitos essenciais da sen-
tença, ao dispor que da decisão deverão constar:

 o nome das partes e o resumo do pedido e da defesa – equivalendo ao relatório;


 a apreciação das provas e os fundamentos da decisão – equivalendo à fundamen-
tação;
 a respectiva conclusão – equivalendo à parte dispositiva.

I. Relatório:

 No relatório, será realizada pelo julgador a descrição resumida das principais ocor-
rências do processo, com indicação do pedido formulado pelo demandante, bem
como as defesas opostas pelo demandado.

II. Fundamentos:

 Na motivação o magistrado deverá expor os fundamentos fáticos e jurídicos que


motivaram a sua convicção na prolação da decisão, mediante análise circunstanci-
ada dos argumentos dos litigantes. Em outras palavras, deverá o juiz indicar suas
razões de decidir, ou seja, apresentando os fatores que contribuíram para a forma-
ção do seu convencimento mediante a análise das questões processuais, as alega-
ções das partes e as provas produzidas.

III. Dispositivo:

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 O terceiro elemento essencial da sentença é o dispositivo, que se constitui na parte
da sentença que tem conteúdo decisório. É na parte dispositiva que o magistrado
apresentará sua conclusão, extinguindo o processo com ou sem julgamento do
mérito.
 O dispositivo é o elemento mais importante do decisum, pois é nele que encontra-
remos o “comando” contido na sentença, o qual será, posteriormente, coberto pelo
manto da coisa julgada.
 A ausência da parte dispositiva importa na inexistência da sentença.
 Os §§ 1º, 2º e 3º do art. 832 consolidado estabelecem alguns requisitos complemen-
tares da sentença, os quais serão inseridos na parte dispositiva da sentença.
 Também importante ressaltar que a sentença judicial se encontra subordinada ao
princípio da congruência, que significa que a decisão é uma resposta ao pedido,
devendo haver correlação, correspondência ou simetria entre um e outro ato pro-
cessual.
 Nesses termos, como é uma resposta aos pedidos formulados, a sentença decidirá
a lide nos limites em que foi proposta (art. 128 do CPC), não podendo o juiz proferir
sentença de natureza diversa da que foi pedida ou condenar o réu em quantidade
superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado (art. 460 do CPC).

Assim, a sentença que desconsiderar essa diretriz básica, será considerada:

 ultra petita – quando defere mais do que foi pedido;


 citra petita – quando defere menos do que foi pleiteado, com omissão na análise
das matérias invocadas;
 extra petita – quando defere algo diverso do que foi pleiteado.
 A existência desses vícios na sentença não a torna nula, mesmo em parte, pois, na
interposição do recurso, o tribunal poderá corrigir esse defeito, restituindo a con-
gruência e correlação entre o pedido e a decisão.
 Podemos concluir que a citra petita pode ter seu vício corrigido pela interposição
de embargos declaratórios para suprir omissão. Os embargos, nessa situação, terão
efeito modificativo ou infringente.

Recursos no Processo do Trabalho


A palavra recurso pode ser entendida com dois sentidos: amplo e restrito. Em
sentido amplo, significa um meio de proteger um direito, uma forma de agir.
Em sentido restrito, significa a provocação de um novo julgamento, em uma
mesma relação processual, da decisão pela mesma instância ou instâncias su-
periores. Assim, a parte que estiver inconformada com uma decisão poderá
via recurso reexaminar a decisão prolatada pelo mesmo juízo prolator ou
pelo juízo imediatamente superior, havendo um prolongamento do exercí-
cio do direito de ação.

Nesses termos, podemos afirmar que o recurso não é uma ação impugnativa
autônoma, pois não cria nova relação jurídica processual (ex.: ação rescisória).

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1) Princípios Aplicáveis

 Duplo Grau de Jurisdição


 A despeito de a CF não prevê expressamente o princípio do duplo grau de juris-
dição, garante aos litigantes, no seu art. 5º, os princípios da inafastabilidade da
jurisdição, do devido processo legal, do contraditório, da ampla defesa.
 Assim, sempre que houver previsão de recurso cabível contra o ato atacado, este
deve ser assegurado à parte, sob pena de violação ao princípio da ampla defesa.
 Frise-se, por fim, que das decisões oriundas de processos que tramitam sobre o
rito sumário, dissídio de alçada, não caberá recurso, salvo sobre matéria consti-
tucional.
 Princípio da Unirrecorribilidade
 Também conhecido como princípio da singularidade ou da unicidade recursal,
referido princípio veda a interposição de mais um recurso, simultaneamente,
contra a mesma decisão, apenas permitindo, sucessivamente.
 A doutrina prevê apenas duas exceções:
 A interposição de RO e antes do 5º dia, de um ED com efeito modificativo.
Assim, caso a decisão que julgar o ED modifique o julgado, a parte terá novo
prazo para interposição de RO, ou mesmo para aditar o RO já interposto.
 A segunda exceção está no art. 7º, §2º, da Lei 7.701/88, dispõe que nos dissídios
coletivos, caso não haja a publicação do acórdão em até 20 dias após o julga-
mento da lide, poderão as partes e o MPT interpor recurso ordinário, rea-
brindo o prazo para aditamento do recurso tão logo seja publicado o acórdão.
 Nesse sentido, um recurso somente pode ser interposto uma vez contra a
mesma decisão. Exemplo: cabe embargos declaratórios da decisão de embar-
gos declaratórios, e o segundo embargos são somente contra a decisão do pri-
meiro, e não contra a decisão principal (prestem atenção).
 Também cabe ressaltar que se um recurso é interposto antes do prazo, ou seja,
antes da publicação da decisão recorrida, e o outro após a publicação da decisão,
o primeiro é considerado inexistente, apreciando-se apenas o segundo, se inter-
posto dentro do prazo legal.
 Princípio da Taxatividade
 Esse princípio diz que somente podem ser interpostos os recursos previstos em
lei, não podendo a parte inovar, já que são taxativos, ou seja, numerus clausus,
não comportam ampliação.
 Cabe salientar que compete privativamente à União legislar sobre direito pro-
cessual, conforme estabelece o inciso I do art. 22 da CF.
 Como o rol dos recursos trabalhistas é taxativo, o recurso que não esteja previsto
em lei não será admitido, não sendo possível interpretação analógica ou exten-
siva, mas apenas restritiva.
 São os seguintes os recursos previstos no sistema processual trabalhista brasileiro
que nos interessam:
 Embargos de declaração (art. 897-A da CLT);
 Recurso ordinário (art. 895 da CLT);

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 Agravo de instrumento (art. 897 da CLT);
 Recurso de revista (art. 896 da CLT);
 Embargos para o TST (ART. 894 da CLT);
 Agravo regimental (art. 709, §1º, da CLT);
 Recurso extraordinário (art. 102, III, da CF).
 Embargos à execução
 Agravo de petição
 Exceção de pré-executividade
 O duplo grau de jurisdição obrigatório, também conhecido como reexame
necessário ou remessa de ofício, no DL 779/69, é aplicável ao processo do tra-
balho.
 Princípio da Fungibilidade
 Também conhecido como princípio da conversibilidade, permite que o juiz co-
nheça de um recurso que foi erroneamente interposto como se fosse o recurso
cabível, aproveitando-se, desde que existam 03 requisitos:
 inexistência de erro grosseiro ou de má-fé;
 existência de dúvida objetiva quanto ao recurso cabível no caso concreto;
 o recurso interposto de forma errada deve estar dentro do prazo do recurso
cabível.
 Assim, permite-se o aproveitamento do recurso interposto com o nome equivo-
cado, com base nos princípios da simplicidade e da finalidade, além de presti-
giar o princípio do jus postulandi.
 Princípio da Vedação do Reformatio in Pejus –
 Este princípio traz a idéia de que o tribunal competente para julgamento do re-
curso não pode piorar, agravar a situação do recorrente. Dizendo de outro modo,
o tribunal, ao julgar o recurso, não pode proferir decisão mais desfavorável ao
recorrente do que aquela recorrida.
 Com efeito, as matérias que poderão ser objeto de apreciação pelo tribunal já
foram delimitadas. Nessa linha de raciocínio, o julgamento proferido pelo tribu-
nal substituirá a sentença ou a decisão recorrida no que tiver sido objeto de re-
curso. Ao contrário, aquilo que não foi objeto de recurso transitou em julgado,
não podendo ser atingido pelo julgamento prolatado pelo tribunal.
 São exceções as matérias de ordem pública, que podem ser conhecidas de ofício
pelo juiz, em qualquer tempo e grau de jurisdição.

2) Prazos Recursais Trabalhistas Uniformes

O art. 6º da Lei 5.584/1970 prevê que será de 08 dias o prazo para interpor e
contra-arrazoar qualquer recurso trabalhista. Recursos que observam o refe-
rido prazo:

 Recurso ordinário;
 Agravo de instrumento;
 Recurso de revista;

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 Embargos no TST;
 Agravo de petição.

Contudo, deve-se prestar atenção nas exceções.

 Embargos de declaração – 05 dias, segundo o art. 897-A da CLT, tanto para inter-
por como contra-arrazoar;
 Recurso Extraordinário – 15 dias, na forma do art. 1003, §5º do CPC, tanto para in-
terpor como contra-arrazoar;
 Recurso de Revisão ou Pedido de Revisão – 48h, nos termos dos §§1º e 2º do art.
2º da Lei 5.584/70.
 Agravo Regimental – o prazo depende da previsão do respectivo regimento in-
terno dos tribunais trabalhistas, cabendo observar que o TST o fixou em 08 dias, e
os Tribunais Regionais, em regra, têm fixado o prazo em 05 dias.
 Fazenda Pública e Ministério Público do Trabalho – prazo em dobro para recorrer,
nos termos do inciso III do art. 1º do DL 779/69 e art. 496 CPC. Importante ressaltar
que vem prevalecendo o entendimento de que o prazo para contra-arrazoar será
simples.
 Quanto ao art. 229, §1º e §2º do CPC – que prevê prazo em dobro para contestar,
para recorrer e para falar nos autos de um modo geral, quando houver litisconsor-
tes com procuradores diferentes, não é aplicável ao processo do trabalho, como já
visto, tendo o TST se pronunciado sobre o assunto na OJ nº 310 da SDI-I do TST.

3) Irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias

 O conceito de decisão interlocutória está expresso no §2º do art. 203 do CPC, apli-
cado subsidiariamente ao processo do trabalho, por força do art. 769 da CLT, qual
seja, “é o pronunciamento judicial que não põe fim à fase cognitiva do procedi-
mento comum, bem como extingue a execução.”
 Essa regra da irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias no processo
do trabalho está inserta no §1º do art. 893 da CLT, que diz o seguinte:
 CLT. Art. 893. (...)
 §1º. Os incidentes do processo são resolvidos pelo próprio Juízo ou Tribunal, ad-
mitindo-se a apreciação do merecimento das decisões interlocutórias somente
em recursos da decisão definitiva.

Os recursos trabalhistas são dotados de apenas efeito devolutivo:

 No processo do trabalho, a regra geral é que os recursos são dotados de efeito de-
volutivo apenas, não possuindo efeito suspensivo, o que permite ao credor a extra-
ção da carta de sentença para realização da execução provisória, que vai até a pe-
nhora.
 Essa regra está disposta no caput do art. 899 da CLT.

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 Contudo, o efeito suspensivo dos recursos trabalhistas pode ser conseguido excep-
cionalmente, mediante o ajuizamento de ação cautelar, é o que estabelece a Sú-
mula 414, inciso I, parte final, do TST.

Inexigibilidade de fundamentação

 O art. 899 da CLT já lido acima estabelece que os recursos serão interpostos por
simples petição, ou seja, permite-se que sejam apresentados sem qualquer funda-
mentação ou razão do apelo, bastando a simples petição de interposição.
 No entanto, com o advento da CF/88, que traz os princípios do contraditório e da
ampla defesa, a doutrina trabalhista vem entendendo pela necessidade de funda-
mentação nos recursos trabalhistas, de modo que o recorrido possa contra-arra-
zoar, e o tribunal analisar as razoes do inconformismo.
 A necessidade de fundamentação nos recursos trabalhistas consubstancia o prin-
cípio da dialeticidade ou discursividade.
 Nesse contexto, pode-se concluir que: a CLT não prevê a necessidade de funda-
mentação para interpor recursos trabalhistas, mas o TST sim, ou seja, a jurisprudên-
cia sim. (cuidado com as questões de concurso).

Instância única nos dissídios de alçada:

 Embora o procedimento sumário, também conhecido como dissídio de alçada,


não esteja previsto no edital do concurso, e também na prática esteja em desuso,
cabe ressaltar que abarca os dissídios cujo valor de alçada não exceda a dois salá-
rios mínimos e as suas regras sobre recurso podem vir a ser cobradas na prova, no
tema “recursos”. Desse modo, cabe dizer que nos dissídios de alçada não caberá
recurso, salvo se versarem sobre matéria constitucional (§4º do art. 2º da Lei nº
5.584/1970).

4) Efeitos Dos Recursos

Cabe destacar os seguintes efeitos dos recursos trabalhistas:

 I. Efeito Devolutivo: Esse efeito encerra duas concepções: a devolução da matéria


impugnada ao Tribunal e a possibilidade da execução provisória do julgado.
 II. Efeito Suspensivo: No processo do trabalho, em regra, os recursos não são do-
tados de efeito suspensivo. O efeito suspensivo, como o próprio nome sugere, sus-
pende a eficácia da decisão enquanto pender de julgamento o recurso interposto
contra essa decisão.
 III. Efeito Translativo: Há a transferência e não a devolução à instância superior.
 Trata-se da possibilidade do tribunal conhecer de matérias que não foram ven-
tiladas nas razões e contrarrazões do recurso.
 Isso ocorre com as questões de ordem pública, que sempre devem ser conheci-
das de ofício pelo juiz, não se operando a preclusão, ou seja, o juiz pode decidir
ainda que não tenha sido suscitado pela parte, não havendo que se falar em
julgamento ultra, extra ou infra petita.

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 IV. Efeito Substitutivo: Estabelece o CPC que “O julgamento proferido pelo tribu-
nal substituirá a sentença ou a decisão recorrida no que tiver sido objeto de re-
curso”.
 O efeito substitutivo ocorre quando o tribunal aprecia e julga o mérito da causa,
operando-se a substituição da sentença a quo, pelo acórdão do tribunal, na
parte objeto do apelo.
 Importante ressaltar que ainda que o acórdão confirme a sentença pelos pró-
prios fundamentos, haverá a substituição integral.
 No entanto, caso o tribunal não julgue o mérito do recurso, não se operará o
chamado efeito substitutivo.
 V. Efeito Regressivo: O efeito regressivo consubstancia a possibilidade de retrata-
ção ou reconsideração do próprio órgão que proferiu a decisão impugnada. Na ver-
dade, trata-se de exceção à regra prevista no CPC, na medida em que, de acordo
com esse dispositivo, o juiz, ao publicar a sentença de mérito, cumpre e acaba o
ofício jurisdicional.
 Na seara recursal trabalhista, observa-se o efeito em análise nos recursos de
agravo de instrumento e agravo regimental.
 VI. Efeito Extensivo:
 Art. 1.005. O recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita, salvo
se distintos ou opostos os seus interesses.
 Parágrafo único. Havendo solidariedade passiva, o recurso interposto por um
devedor aproveitará aos outros quando as defesas opostas ao credor lhes forem
comuns.
 Desse modo, o recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita,
salvo se distintos ou opostos seus interesses, ocorrendo a extensão dos efeitos
do recurso.
 Contudo, impende salientar que somente se opera esse efeito na hipótese de
litisconsórcio unitário, situação na qual o juiz deve decidir a lide de modo uni-
forme para todos os litisconsortes.

5) Juízo de Admissibilidade

 Via de regra, o recurso interposto é submetido à análise de dois juízos de admissi-


bilidade, quais sejam:
 Juízo a quo – juízo prolator da decisão impugnada
 Juízo ad quem – juízo competente para julgar o recurso
 O juízo de admissibilidade visa, principalmente, a verificação do atendimento aos
pressupostos de admissibilidade, também conhecidos como requisitos de admis-
sibilidade recursal.
 O recurso somente será conhecido se estiverem atendidos concomitantemente,
todos os pressupostos recursais. Ou seja, a ausência de apenas um deles, induz o
não conhecimento do apelo.

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 Cumpre ressaltar que o despacho exarado pelo juízo a quo, não vincula o juízo ad
quem. Assim, um recurso pode ser conhecido por um juízo e não conhecido por
outro e vice-versa.
 Quanto ao juízo ad quem, pode ser exercido isoladamente pelo relator, ou em co-
legiado pelo tribunal.

6) Pressupostos Recursais

Os pressupostos recursais trabalhistas são classificados em objetivos ou ex-


trínsecos e subjetivos ou intrínsecos.

 objetivos ou extrínsecos: como preleciona Leone Pereira, dizem respeito a fatores


externos à decisão judicial que se pretende impugnar, sendo normalmente poste-
riores a ela. São eles:
 Cabimento ou recorribilidade do ato;
 Adequação;
 Tempestividade;
 Preparo;
 Regularidade formal
 subjetivos ou intrínsecos:
 Legitimidade;
 Capacidade;
 Interesse.

Recursos Sem Depósito Recursal:

 Embargos de declaração;
 Agravo de petição;
 Agravo regimental;
 Pedido de revisão.

Recursos com depósito recursal obrigatório por parte do empregador recor-


rente:

 Recurso ordinário;
 Recurso de revista;
 Embargos no TST;
 Recurso extraordinário;
 Recurso adesivo;
 Agravo de instrumento.

7) Justiça Gratuita

 É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos tribunais do trabalho de


qualquer instância conceder, a requerimento ou de ofício, o benefício da justiça

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gratuita, inclusive quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem sa-
lário igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios
do Regime Geral de Previdência Social.
 O benefício da justiça gratuita será concedido à parte que comprovar insuficiên-
cia de recursos para o pagamento das custas do processo.
 Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha obtido em juízo,
ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa, as obriga-
ções decorrentes de sua sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibi-
lidade e somente poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trân-
sito em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que deixou de
existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão de gratui-
dade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário.

8) Honorários Advocatícios

 Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos honorários de su-
cumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15%
(quinze por cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito
econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da
causa.
 Os honorários são devidos também nas ações contra a Fazenda Pública e nas
ações em que a parte estiver assistida ou substituída pelo sindicato de sua catego-
ria.

Ao fixar os honorários, o juízo observará:

I - o grau de zelo do profissional;

II - o lugar de prestação do serviço;

III - a natureza e a importância da causa;

IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.

Observação: São devidos honorários de sucumbência na reconvenção.

Recursos Em Espécie
1) Embargos De Declaração

Os embargos de declaração possuem previsão no artigo 897-A da CLT, apli-


cando-se subsidiariamente os artigos 1022 a 1026 do CPC.

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 Cabimento – Cabem embargos de declaração em face de sentença ou acórdão
que apresentem omissão, obscuridade, contradição ou manifesto equívoco na
análise dos pressupostos extrínsecos do recurso.
 Prazo – Os embargos de declaração devem ser opostos no prazo de 5 dias a contar
da ciência ou publicação da decisão. As pessoas jurídicas de Direito Público gozam
de prazo em dobro para oposição de ED, conforme prevê a OJ 192 da SDI-I do TST.
 A oposição de embargos de declaração interrompe o prazo recursal. Ou seja,
após o seu julgamento, zera o prazo para a interposição de um novo recurso,
salvo quando intempestivos, irregular a representação da parte ou ausente a
sua assinatura, conforme prevê o §3º do art. 897-A, da CLT.
 Efeito Modificativo – Nas hipóteses de omissão, contradição e manifesto equívoco
na análise dos pressupostos extrínsecos do recurso, os embargos de declaração
podem modificar a decisão embargada.
 A súmula 278 do TST prevê, expressamente, o efeito modificativo dos embargos
de declaração apenas na hipótese de omissão.
 Contraditório – Em tese, não há manifestação da outra parte nos embargos de de-
claração. Contudo, caso haja requerimento da parte embargante e/ou se o juiz vis-
lumbrar efeito modificativo no julgado, deverá permitir a manifestação da outra
parte em 5 dias, sob pena de nulidade da decisão, nos termos do art. 897-A, § 2º, da
CLT.
 Embargos Protelatórios – Quando manifestamente protelatórios os embargos de
declaração, o juiz ou o tribunal, em decisão fundamentada, condenará o embar-
gante a pagar ao embargado multa não excedente a dois por cento sobre o valor
atualizado da causa. (art. 1.026, §2º, CPC).
 Prequestionamento – Outra hipótese de cabimento dos embargos de declaração
está prevista nas súmulas 184 e 297, II do TST: embargos de declaração para fins de
prequestionamento. O prequestionamento é um pressuposto exclusivo dos recur-
sos de natureza extraordinária (recurso de revista, embargos ao TST e recurso ex-
traordinário).

2) Recurso Ordinário

O recurso ordinário o recurso próprio para atacar a sentença no processo do


trabalho, sendo cabível também, contra acórdãos do TRT e TST, bem como
contra decisões terminativas ou definitivas em ações especiais, como dissídio
coletivo, inquérito para apuração de falta grave, ação rescisória e mandando
de segurança, como veremos no nosso estudo.

2.1. Juízo de Admissibilidade – O juízo de admissibilidade é a verificação re-


quisitos do recurso, para saber se ele será ou não analisado (conhecido) e jul-
gado (dado ou não provimento). O primeiro juízo de admissibilidade é feito
sempre pelo órgão que proferiu a decisão (juízo o quo) para RECEBER o re-
curso, O segundo juízo de admissibilidade será feito pelo órgão que irá julgar
o recurso (juízo ad quem) para CONHECER o recurso.

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Para tanto, ao interpor o recurso, precisamos dirigi-lo para o juízo que proferiu
a decisão (juízo a quo), com uma folha de rosto (ou peça de interposição), para
que o juízo a quo faça a verificação dos seus pressupostos de admissibilidade
(requisitos).

Junto a folha de rosto, iremos juntar as nossas razões recursais (preliminares,


prejudiciais de mérito e mérito) do nosso recurso, dirigindo-as para o órgão
que irá julgar o recurso.

Em síntese, o recurso será sempre interposto com:

 Folha de rosto (ou de interposição)


 Razões recursais

2.2. Hipóteses de Cabimento – O recurso ordinário tem previsão legal no art.


895 da CLT (fulcro de peça) e cabível em 2 hipóteses.

3) Recurso de Revista

O recurso de revista é um recurso de natureza extraordinária. Isso significa que


somente pode ser objeto de recurso de revista matéria de direito, não po-
dendo ser objeto de recurso de revista matérias relacionadas a fatos e provas,
conforme súmula 126 do TST, pois visam a uniformização da jurisprudência.

 O recurso de revista está previsto no art. 896 da CLT e é cabível nas seguintes hipó-
teses:

3.1. Recurso de revistas e suas hipóteses específicas – O procedimento su-


mário é de única instância. Assim, de uma sentença neste procedimento não
cabe recurso ordinário, recurso de revista ou embargos ao TST. Da sentença
proferida neste procedimento é cabível recurso apenas se houver violação à
Constituição Federal

 No procedimento sumaríssimo, o recurso de revista é oportuno quando o acórdão


do TRT contrariar a Constituição Federal, súmula do TST, ou súmula vinculante do
STF (art. 896, § 9º, CLT). Não é hipótese de cabimento de recurso de revista neste
procedimento a contrariedade à orientação jurisprudencial (Súmula nº 442, TST).
 Recurso de revista na execução é cabível apenas quando houver ofensa literal e
direta à Constituição da República (art. 896, § 2°, CLT e Súmula nº 266, TST). Entre-
tanto, nas execuções fiscais e nas controvérsias da fase de execução que envolvam
a Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas (CNDT) cabe recurso de revista por vi-
olação à lei federal, divergência jurisprudencial e ofensa à Constituição Federal (art.
896, § 10º, CLT).
 No procedimento ordinário, nos termos do art. 896 "a" e "c", da CLT, o recurso de
revista é cabível nos seguintes casos: a) violação literal e direta à Constituição Fe-
deral; b) violação à lei federal; c) contrariedade à súmula do TST; d) contrariedade à
orientação jurisprudencial do TST (OJ 219, SDI-1, do TST); e) contrariedade à súmula

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vinculante do STF; f) quando, na interpretação de lei federal, a decisão recorrida
contrariar outro TRT (Pleno ou Turma) e g) quando o acórdão recorrido divergir, na
interpretação de lei federal, de decisão da Seção de Dissídios Individuais do TST.

3.2. Prequestionamento – O prequestionamento é pressuposto do recurso de


revista, assim como dos demais recursos de natureza extraordinária. A matéria
estará prequestionada quando houver sido tratada no acórdão impugnado
(Súmula nº 297, I, TST), ou seja, o TST só conhecerá o recurso se houver mani-
festação explícita do TRT no acórdão sobre a discussão abordada no recurso
de revista, inclusive quanto à matéria de ordem pública (OJ 62, SDI-I, TST).

3.3. Transcendência – Embora prevista no artigo 896-A da CLT, atualmente a


transcendência não é um pressuposto de admissibilidade do recurso de re-
vista, posto que ainda não está regulamentada. O recurso de revista é dirigido
ao Presidente do TRT (art. 896, § 1°, CLT), o qual poderá delegar o exame dos
pressupostos de admissibilidade ao vice-presidente, de acordo com a previsão
do Regimento Interno.

4) Agravo de Instrumento

 No processo civil, o agravo de instrumento serve para atacar as decisões interlocu-


tórias.
 Sabemos que no processo do trabalho as decisões interlocutórias, em regra, não
podem ser alvo imediato de recurso (Exceções no art. 799, §2º da CLT e Súmula 214
do TST).
 Sendo assim, na seara trabalhista, o agravo de instrumento possui outra finalidade:
destrancar um recurso que teve denegado o seu seguimento pelo juízo a quo.
 Isso significa que, quando o juízo a quo estiver fazendo o juízo de admissibilidade
e verificar a inexistência de qualquer dos pressupostos de admissibilidade, irá de-
negar seguimento ao recurso (trancar o recurso), sendo cabível o agravo de instru-
mento visando destrancar o recurso principal para que este seja analisado pelo ju-
ízo ad quem.
 Todavia, caso seja o juízo ad quem que denegue seguimento ao recurso, será cabí-
vel o agravo regimental, visando a análise do recurso principal.
 O agravo de instrumento tem previsão legal no art. 897, b, da CLT.
 Logo, interposto o agravo de instrumento, este será analisado pelo juízo ad quem,
responsável pela análise do recurso principal. O agravado será intimado para ofe-
recer resposta ao agravo e ao recurso principal, instruindo-a com as peças que con-
siderar necessárias ao julgamento de ambos os recursos.
 Provido o agravo, a Turma deliberará sobre o julgamento do recurso principal, ob-
servando-se, se for o caso, daí em diante, o procedimento relativo a esse recurso.
 No ato de interposição do agravo de instrumento, o depósito recursal correspon-
derá a 50% (cinquenta por cento) do valor do depósito do recurso ao qual se pre-
tende destrancar.

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 Quando o agravo de instrumento tem a finalidade de destrancar recurso de revista
que se insurge contra decisão que contraria a jurisprudência uniforme do Tribunal
Superior do Trabalho, consubstanciada nas suas súmulas ou em orientação juris-
prudencial, não haverá obrigatoriedade de se efetuar o depósito.

Fase Executória
Atualmente, o CPC em seu art. 591 dispõe que o devedor somente responde
pelas dívidas com seu patrimônio, sendo, portanto, invioláveis a sua vida, li-
berdade e integridade física. No processo do trabalho, a execução está disci-
plinada em 4 diplomas normativos que devem ser seguidos na seguinte or-
dem:

 CLT
 Lei 5584/70
 Lei 6830/80
 CPC

1) Autonomia do processo de execução

 Há na doutrina uma divergência quando à autonomia do processo de execução


trabalhista. Alguns doutrinadores consideram que o processo executivo na seara
laboral não seria autônomo, mas simples fase do processo do trabalho.
 Mas prevalece o entendimento de que o processo de execução é autônomo, pois
que há citação do devedor para pagamento, além de o processo de execução guar-
dar diferenças com o processo de conhecimento, como exemplo a possibilidade
de títulos executivos extrajudiciais, o que lhe dá autonomia.

2) Legitimidade Ativa

 Com a reforma trabalhista, a execução será promovida pelas partes, permitida a


execução de ofício pelo juiz ou pelo Presidente do Tribunal apenas nos casos em
que as partes não estiverem representadas por advogado.
 O art. 877 dispõe que é competente para a execução das decisões o Juiz ou Presi-
dente do Tribunal que tiver conciliado ou julgado originariamente o dissídio.
 Já o art. 877-A, prevê que é competente para a execução de título executivo extra-
judicial o juiz que teria competência para o processo de conhecimento relativo à
matéria.
 Percebe-se então que uma das características do processo de execução trabalhista
é que este pode ser promovido de ofício pelo magistrado nos casos em que a parte
estiver desassistida de advogado.
 Importante salientar que o TST entende que não é permitida a cessão de crédito
no âmbito laboral, pois que o ingresso de terceiro na relação jurídica processual

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geraria a incompetência material da justiça do trabalho. Todavia, a Lei 11.101/05, Lei
de falências, prevê a cessão de créditos a terceiros, apenas ressalvando que nestes
casos o crédito será enquadrado como crédito quirografário.
 Em alguns casos, o MPT também detém a legitimidade para promover a execução.

3) Legitimidade Passiva

 Normalmente, é o empregador (pessoa física ou jurídica), que figura no polo pas-


sivo da execução trabalhista.
 Todavia, em alguns casos, pode o empregado ser o sujeito passivo da execução
trabalhista, quando for devedor de custas, honorários periciais, indenização ao em-
pregador, devolução de materiais e instrumentos, etc.
 A Lei 6830/80, subsidiária ao processo trabalhista, legitima também como sujeitos
passivos no art. 4:

Lei 6.830/1980

Art. 4º - A execução fiscal poderá ser promovida contra:


I - o devedor;
II - o fiador;
III - o espólio;
IV - a massa;
V - o responsável, nos termos da lei, por dívidas, tributárias ou não, de pessoas físicas ou pessoas jurídicas de
direito privado; e
VI - os sucessores a qualquer título.

 O CPC, por sua vez, estabelece no art. 779 que a execução também poderá ser pro-
movida contra:

Código de Processo Civil

Art. 779. A execução pode ser promovida contra:


I - o devedor, reconhecido como tal no título executivo;
II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do devedor;
III - o novo devedor que assumiu, com o consentimento do credor, a obrigação resultante do título executivo;
IV - o fiador do débito constante em título extrajudicial;
V - o responsável titular do bem vinculado por garantia real ao pagamento do débito;
VI - o responsável tributário, assim definido em lei.

Títulos Executivos
Os títulos executivos no processo do trabalho se dividem em:

1) Judiciais

 Sentenças transitadas em julgado


 Sentenças sujeitas a recurso desprovido de efeito suspensivo
 Acordos judiciais não cumpridos

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2) Extrajudiciais

 Termos de compromisso de ajustamento de conduta firmados perante o Ministério


Público do Trabalho.
 Termos de conciliação firmados perante a CCP
 Estes termos extrajudiciais dispensam o processo de conhecimento, ense-
jando diretamente a ação executiva.

Espécies de Execução
1) Execução Provisória

 A execução provisória é cabível toda vez que a decisão exarada ainda pender de
recurso desprovido de efeito suspensivo (art. 876, CLT).
 Ou seja, a execução provisória será possível quando a decisão não tiver transitado
em julgado, sendo restrita, por isso, até a penhora, não transferindo o patrimônio
do devedor para o credor de forma definitiva, apenas impedindo que o credor se
desfaça do patrimônio, fraudando a execução. (art. 899, CLT).
 Os títulos executivos extrajudiciais jamais darão ensejo à execução provisória, mas
tão somente execução definitiva.
 Vale ressaltar que a execução provisória não pode ser requerido de ofício pelo ma-
gistrado, mas sempre a requerimento do interessado.

1.1. Requisitos – No processo do trabalho, a execução provisória é feita por


meio de carta de sentença, cujos requisitos para instrução estão previstos no
art. 520 do CPC.

 Na execução provisória não se exige caução para o credor, em face da hipossufici-


ência do empregado.
 A doutrina majoritária entende que no processo do trabalho, o credor pode fazer o
levantamento em dinheiro até o limite de 60 salários mínimos, desde que compro-
vada a sua real necessidade.

2) Execução Definitiva

O art. 876 da CLT prevê que a execução definitiva poderá ser feita nos seguin-
tes casos:

 Trânsito em julgado de sentença condenatória


 Inadimplemento de acordo realizado em juízo
 Inadimplemento da conciliação firmada perante a Comissão de Conciliação Prévia
 Inadimplemento dos Termos de Compromisso de Ajustamento de Conduta firma-
dos perante o Ministério Público do Trabalho.

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3) Da Liquidação da Sentença

 Todavia, no processo do trabalho, a CLT trata a liquidação da sentença ainda na


fase de execução, restando saber apenas se as alterações do CPC repercutem no
processo do trabalho.
 A rigor, não é a sentença que é liquidada, e sim o comando obrigacional nela con-
tido. As sentenças tornam certo apenas o débito, cabendo à liquidação a fixação do
quando devido.
 A execução para cobrança de crédito se fundará sempre em título líquido, certo e
exigível, devendo a liquidação sempre ser realizada quando a sentença não deter-
minar o valor ou não individualizar o objeto da condenação.
 As sentenças prolatadas no procedimento sumaríssimo, (abaixo de 40 salários mí-
nimos), deverão sempre ser líquidas, apurando-se apenas parcelas acessórias
como juros e correção monetária.
 No procedimento ordinário, vários são os fatores que levam o juiz a proferir uma
sentença ilíquida, como a quantidade excessiva de pedidos, ausência de elementos
nos autos, natureza do pedido, grande quantidade de processos etc.
 A liquidação da sentença está prevista no art. 879, da CLT.

I) Modalidades de Liquidação – A sentença no processo do trabalho poderá


ser feita por cálculo, por arbitramento ou por pelo procedimento comum

Vale ressaltar que a liquidação também pode ser mista, ou seja, mesclando
mais de uma modalidade de liquidação. Ressalte-se ainda que a sentença po-
derá vir parte líquida e parte ilíquida. A parte liquidada da sentença já poderá
ser executada através da extração da carta de sentença.

I.1. Liquidação por cálculos – A liquidação mais comum na Justiça do Traba-


lho, utilizada quando a determinação do valor depender de cálculo aritmético.
Assim, nesta modalidade de liquidação, todos os elementos necessários para
a realização dos cálculos devem constar dos autos (Art. 509, CLT).

 Na esfera laboral, continuou a processar a liquidação nos moldes previstos no art.


879, da CLT, cabendo ao exequente liquidar por cálculos a sentença, instruindo o
pedido com memória atualizada e discriminada de valores que entende devidos.
 Diversas são as parcelas que podem ser liquidadas por cálculos, desde que a sua
operação dependa apenas de operações aritméticas, como parcelas rescisórias, ho-
ras extras, saldo de salários, etc.
 Os juros e correção monetária, ainda que omissos na inicial, devem ser inseridos na
liquidação da sentença, conforme Súmula 211, do TST. Os juros são calculados na
proporção de 12% por ano e a correção monetária através de parcelas emitidas pe-
riodicamente pelo Poder Executivo.

I.2. Liquidação por Arbitramento – A liquidação por arbitramento será utili-


zada quando as partes expressamente assim convencionarem ou for

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determinado pela sentença ou ainda quando assim exigir a natureza do ob-
jeto da liquidação (Art. 509, CLT).

 Esta espécie de liquidação é muito utilizada diante de dificuldades encontradas


nas tentativas de apuração por simples cálculos.
 O arbitramento consiste no exame ou vistoria de pessoas ou coisas com a finali-
dade de apurar o quanto relativo à obrigação pecuniária que deverá ser adimplida
pelo devedor, ou, em determinados casos, de individuar, com precisão, o objeto da
condenação.
 Utiliza-se tal modalidade quando a liquidação, a despeito de não depender de fatos
novos, depender de conhecimentos específicos para a quantificação ou individua-
lização, surgindo a necessidade de nomeação de perito, especialista para apurar o
valor da sentença ou parte dela.
 Não se deve confundir o arbitramento com perícia. A perícia é meio de prova. Na
liquidação, as partes não podem indicar assistentes ou elaborar quesitos, sendo o
árbitro único, nomeado pelo juiz para auxiliar na liquidação da sentença.
 Vale frisar que o juiz, assim como na perícia, não está adstrito ao laudo árbitro, po-
dendo forma livremente o seu convencimento sobre a matéria.
 Comum utilizar-se o arbitramento na liquidação de parcelas in natura, podendo ser
usado também na fixação de salários quando reconhecido vínculo de emprego na
Justiça do Trabalho.

I.3. Liquidação por artigos – A liquidação por artigos será feita quando houver
necessidade de provar fatos novos que deviam servir de base para fixar o
quanto devido na condenação. A liquidação por artigos é feita quando sua li-
quidez depender de comprovação de fatos ainda não suficientemente escla-
recidos na fase conhecimento, como exemplo, o caso de sentença de defere
o pedido de horas extras, mas não as quantifica, objetivando prova-las por
meio de articulação das partes.

 Esta modalidade não pode ser determinada de ofício pelo magistrado, depen-
dendo de iniciativa das partes, observando sempre o rito da ação.
 Portanto, o interessado deve apresentar a petição inicial, alegando os fatos a serem
provados e os respectivos meios de prova, sendo a parte contrária notificada para,
em 15 dias, contestar o pedido, sob pena de serem considerados verdadeiros.
 Percebe-se, então que a liquidação constituir verdadeiro processo de cognição,
complexo, podendo haver indeferimento da petição inicial, suspensão e extinção
da liquidação, revelia, produção de provas, julgamento antecipado, sendo desacon-
selhável tal modalidade de liquidação de sentença, por contrariar o princípio da
celeridade processual.

Impugnação à Sentença de Liquidação

 A reforma trabalhista tornou obrigatória a intimação das partes para manifestação


sobre a conta, tão logo elaborados os cálculos.

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 Elaborada a conta e tornada líquida, o juízo deverá abrir às partes prazo comum de
oito dias para impugnação fundamentada com a indicação dos itens e valores ob-
jeto da discordância, sob pena de preclusão.
 Desta forma, o juiz não poderá mais homologar de imediato os cálculos, devendo
conceder prazo comum de 8 dias para as partes impugnarem os cálculos elabora-
dos.
 As impugnações devem ser específicas, não podendo ser genéricas.
 Frise-se por fim, que o juiz deverá de forma obrigatória proceder intimação para a
União. (§3º, art. 879, da CLT).

4) Da Execução por Prestações Sucessivas

 Art. 890 - A execução para pagamento de prestações sucessivas far-se-á com ob-
servância das normas constantes desta Seção, sem prejuízo das demais estabele-
cidas neste Capítulo.
 Art. 891 - Nas prestações sucessivas por tempo determinado, a execução pelo não-
pagamento de uma prestação compreenderá as que lhe sucederem.
 Art. 892 - Tratando-se de prestações sucessivas por tempo indeterminado, a exe-
cução compreenderá inicialmente as prestações devidas até a data do ingresso na
execução.

5) Execução por Quantia Certa

 Citação para pagamento, depósito para apresentação de embargos


 Tornada a dívida líquida e certa, com a respectiva homologação dos cálculos, inicia-
se a execução trabalhista.
 O objetivo da execução por quantia certa é expropriar os bens do devedor a fim de
satisfazer o direito do credor, respondendo o executado com seu patrimônio, pre-
sente ou futuro, para o cumprimento das obrigações.
 Será expedido então mandado para penhora e avaliação a ser cumprido pelo oficial
de justiça, sendo o executado citado para em 48h pagar a dívida ou garantir a exe-
cução, na forma do art. 880, da CLT.
 Vale destacar que a citação do devedor na execução trabalhista, ao contrário do
que ocorre no processo de cognição, é pessoal, sendo realizada pelos oficiais de
justiça, estando a validade do ato subordinado à sua realização na pessoa do exe-
cutado, ou de quem possua poderes expressos para recebê-la.

6) Penhora

 Se o executado não pagar a dívida, não efetuar o depósito judicial para apresenta-
ção de embargos à execução ou não nomear bens à penhora, no prazo de 48 horas
contados da citação, o oficial de justiça retornará ao local de execução e penhorará
tanto bens quantos bastem para a satisfação do julgado, inclusive custas, juros de

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mora, correção monetária e contribuição previdenciária, na forma do art. 883, da
CLT.
 Não pagando o executado, nem garantindo a execução, seguir-se-á penhora dos
bens, tantos quantos bastem ao pagamento da importância da condenação, acres-
cida de custas e juros de mora, sendo estes, em qualquer caso, devidos a partir da
data em que for ajuizada a reclamação inicial.
 Art. 883-A. A decisão judicial transitada em julgado somente poderá ser levada a
protesto, gerar inscrição do nome do executado em órgãos de proteção ao crédito
ou no Banco Nacional de Devedores Trabalhistas (BNDT), nos termos da lei, depois
de transcorrido o prazo de quarenta e cinco dias a contar da citação do executado,
se não houver garantia do juízo.
 A penhora será realizada onde quer que se encontrem os bens, ainda que na posse
de terceiros.
 O TST entende que o cargo de depositário depende de aceitação do nomeado, con-
forme OJ 89, da SDI – II.
 No ato da penhora, o oficial já irá avaliar os bens, não se aplicando mais o art. 888,
da CLT.
 O art. 847, do CPC dispõe que o executado pode, no prazo de 10 (dez) dias após
intimado da penhora, requerer a substituição do bem penhorado, desde que com-
prove cabalmente que a substituição não trará prejuízo algum ao exequente e será
menos onerosa para ele devedor.
 Por fim, destaque-se que o art. 874, do CPC prevê que o juiz, após a avaliação dos
bens pode ampliar ou reduzir a penhora, quando a requerimento da parte e, ouvida
a parte contrária.
 Caso haja resistência à penhora, deverá o oficial certificar o fato ao juiz, solicitando
reforço policial e, se for o caso, ordem de arrombamento.
 Os bens impenhoráveis estão previstos no art. 833, do CPC.

7) Embargos à Execução

 A doutrina diverge quanto à natureza jurídica deste instituto. A corrente minoritá-


ria entende que seria defesa do devedor, mas prevalece a corrente que este tem
natureza de ação incidental no processo de execução, já que a execução não é for-
mada pelo contraditório, não havendo que se falar em defesa.
 Os embargos à execução, no processo do trabalho encontram previsão no art. 884,
da CLT.
 Percebe-se que a CLT não previu de forma esgotada as possíveis matérias arguíveis
em sede de embargos à execução, aplicando-se subsidiariamente o art. 910, do
CPC.
 A compensação e a retenção somente podem ser matéria de contestação, não po-
dendo ser arguidas na execução.

Prazo e procedimento:

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 A apresentação de embargos à execução está condicionada à garantia do juízo,
seja por meio de pagamento, nomeação de bens à penhora ou mesmo penhora
coercitiva.
 Ou seja, os embargos somente serão conhecidos se o juízo estiver totalmente ga-
rantido.
 O prazo para apresentação dos embargos à execução será de 5 dias a contar da
garantia do juízo ou da penhora dos bens. A fazenda pública tem prazo de 30 dias.
 Os embargos à execução no processo do trabalho são processados nos mesmos
autos da execução, sendo sempre recebidos no efeito suspensivo, ficando sus-
pensa a execução até o julgamento dos embargos.

Código de Processo Civil

Art. 918. O juiz rejeitará liminarmente os embargos:


I - quando intempestivos;
II - nos casos de indeferimento da petição inicial e de improcedência liminar do pedido;
III - manifestamente protelatórios.
Parágrafo único. Considera-se conduta atentatória à dignidade da justiça o oferecimento de embargos mani-
festamente protelatórios.

 Caso considere necessário, o juiz poderá designar audiência para produção de pro-
vas, com oitiva de testemunhas arroladas pelo embargante, a qual será realizada
dentro de 05 dias (art. 884, §2º, da CLT).
 Não tendo sido arroladas testemunhas nos embargos, o juiz proferirá a decisão,
dentro de 05 dias, julgando subsistente ou insubsistente a penhora. Caso tenham
sido arroladas testemunhas, finda a sua inquirição em audiência, o processo será
concluso ao juiz no prazo de 48 horas, e este proferirá decisão em 05 dias.

8) Embargos à Penhora

 Alguns doutrinadores defendem a não existência deste instituto, mas a doutrina


majoritária entende que os embargos à execução objetivam impugnar o próprio
título executivo, enquanto que os embargos à penhora impugnam atos de constri-
ção judicial.

9) Praça e leilão

 A efetivação do processo de execução depende da expropriação dos bens do de-


vedor de modo a satisfazer o direito do credor. Com efeito, os bens do executado
serão alienados em hasta pública.
 O CPC passou a denominar como “praça” a hasta pública de bem imóvel e “leilão”,
a hasta pública de bem móvel.
 O art. 888 da CLT dispõe que, concluída a avaliação, dentro de dez dias, contados
da data da nomeação do avaliador, seguir-se-á a arrematação, que será anunciada
por edital afixado na sede do juízo ou tribunal e publicado no jornal local, se houver,
com a antecedência de vinte (20) dias.

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 Portanto, o edital de hasta pública é requisito indispensável, formal, essencial à va-
lidade do ato de expropriação dos bens levados à hasta pública, ensejando nuli-
dade do ato o desatendimento da formalidade prevista no artigo supra.
 No processo do trabalho, a hasta pública é única, sendo os bens, desde logo, ven-
didos pelo maior lance, conforme art. 888, §1º, da CLT.
 Caso não haja licitantes, e não requerendo o credor a adjudicação dos bens penho-
rados, poderão os mesmos ser vendidos por leiloeiro nomeado pelo juiz, conforme
previsão.

Da Prova de Inexistência de Débitos Trabalhistas


É instituída a Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas (CNDT), expedida
gratuita e eletronicamente, para comprovar a inexistência de débitos inadim-
plidos perante a Justiça do Trabalho.

O interessado não obterá a certidão quando em seu nome constar:

 o inadimplemento de obrigações estabelecidas em sentença condenatória transi-


tada em julgado proferida pela Justiça do Trabalho ou em acordos judiciais traba-
lhistas, inclusive no concernente aos recolhimentos previdenciários, a honorários,
a custas, a emolumentos ou a recolhimentos determinados em lei; ou
 o inadimplemento de obrigações decorrentes de execução de acordos firmados
perante o Ministério Público do Trabalho ou Comissão de Conciliação Prévia.
 Verificada a existência de débitos garantidos por penhora suficiente ou com exi-
gibilidade suspensa, será expedida Certidão Positiva de Débitos Trabalhistas em
nome do interessado com os mesmos efeitos da CNDT.
 A CNDT certificará a empresa em relação a todos os seus estabelecimentos,
agências e filiais.
 O prazo de validade da CNDT é de 180 (cento e oitenta) dias, contado da data de
sua emissão.

Ação Rescisória
É a ação que visa desconstituir ou anular uma decisão (sentença ou acórdão)
transitada em julgado, por conter vícios insanáveis. A ação rescisória tem pre-
visão nos artigos 966 e seguintes do CPC.

 Na CLT, a ação rescisória encontra amparo no art. 836 e condiciona a sua proposi-
ção ao depósito prévio de 20% (vinte por cento) do valor da causa, à título de multa,
salvo prova de miserabilidade jurídica do autor.
 O valor da multa será revertido ao réu na ação.

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1) Requisitos

 Sentença de mérito
 Trânsito em julgado da decisão (Súmula 299 TST)

IMPORTANTE!

 Para o ajuizamento da ação rescisória é necessário que seja uma sentença ou acór-
dão de mérito, pois somente as sentenças e acórdãos de mérito podem ser alvos
de ação rescisória, pois que o objeto desta ação é a coisa julgada material.
 Caso fosse uma decisão terminativa (que extingue o processo sem resolução do
mérito), possibilitaria o ajuizamento de uma nova decisão, não sendo cabível a ação
rescisória.
 Ademais, da decisão que se pretende rescindir, deve haver o trânsito em julgado
da decisão, conforme Súmula 299, do TST.

2) Competência

 A competência para processamento e julgamento da ação rescisória será sempre


dos Tribunais Regionais do Trabalho respectivos ou do Tribunal Superior do Traba-
lho, dependendo da decisão a ser rescindida. Cada tribunal terá competência para
rescindir as suas próprias decisões.
 Caso a decisão a ser rescindida seja do juiz do trabalho ou do Tribunal Regional do
Trabalho, a competência originária será do TRT. Caso a decisão a ser rescindida seja
do TST, a competência originária será do próprio TST, conforme entendimento da
Súmula 192 do TST.

3) Legitimidade

 A legitimidade para propor ação rescisória está prevista no art. 967 do CPC.

IMPORTANTE!

 O sindicato em ação que atuou como substituto processual e autor da reclamação


trabalhista, possui legitimidade para propor ação rescisória (Súmula 406, II, TST).
 As sentenças homologatórias de acordo, no processo civil, não podem ser objeto
de ação rescisória, podendo ser submetidas a simples ação anulatória, em caso de
verificação de vício de vontade.
 Todavia, no âmbito laboral, o parágrafo único do art. 831, da CLT prevê que o termo
de acordo é irrecorrível para as partes, salvo para a Previdência Social, no que tange
às contribuições previdenciárias que lhe forem devidas.

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 Assim, o TST, firmou o entendimento de que o termo de acordo somente é impug-
nável via ação rescisória (Súmula 259, TST):

4) Cabimento

 As hipóteses de cabimento da ação rescisória estão previstas no art. 966, do CPC.

5) Prazo

 O prazo para propositura de ação rescisória é de 2 (dois) anos a contar do trânsito


em julgado da decisão.

6) Recurso

 Quando a ação rescisória for julgada originalmente pelo Tribunal Regional do Tra-
balho, o recurso cabível é o recurso ordinário e será julgado pelo TST, conforme en-
tendimento da Súmula 158, do TST.

IMPORTANTE!

 Cumpre frisar que havendo recurso ordinário em sede de ação rescisória, o depó-
sito recursal só é exigível quando for julgado procedente o pedido e imposta con-
denação em pecúnia, devendo este ser efetuado no prazo recursal, sob pena de
deserção, vide Súmula 99, do TST.
 Impende destacar ainda que na ação rescisória não é possível a utilização do jus
postulandi, por força da Súmula 425 do TST.
 Ressalte-se ainda que na ação rescisória não é cabível o instituto da revelia, uma
vez que o seu objeto é o vício insanável da decisão e não o contraditório da parte,
sendo a coisa julgada matéria de ordem pública, conforme Súmula 398 do TST.
 Por fim, destaque-se que na ação rescisória é cabível a condenação em honorários
advocatícios de sucumbência, conforme Súmula 219 do TST.

Dissídio Coletivo
 A Constituição Federal de 1988 prestigiou em vários dispositivos a negociação co-
letiva, o que acaba por estimular a solução dos conflitos pelas partes envolvidas.
 Neste sentido, frise-se que as entidades sindicais possuem autonomia para repre-
sentar as respectivas categorias em questões administrativas e judiciais, tornando
obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho.
 Todavia, a autocomposição (espécie de solução de conflitos onde as partes envol-
vidas chegam a um consenso sem a participação de terceiros), acaba por não ser
materializada através de um acordo coletivo de trabalho ou uma convenção cole-
tiva de trabalho, em função das discordâncias das partes.

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 Neste sentido, impende salientar que o art. 114, §1º, da CF/88, define que, frustrada
a negociação coletiva, poderão as partes, eleger árbitros, ou, em comum acordo,
ajuizar dissídio coletivo, utilizando da espécie da heterocomposição para solucio-
nar o conflito.

Conceito – Ação que visa dirimir os conflitos coletivos de trabalho por meio do
pronunciamento do Poder Judiciário, seja fixando novas normas e condições
de trabalho, seja interpretando normas jurídicas preexistentes.

Poder Normativo
 O poder normativo da Justiça do Trabalho consiste na competência constitucional
assegurada aos tribunais trabalhistas de solucionar os conflitos coletivos de traba-
lho, estabelecendo através da chamada sentença normativa, normas gerais e abs-
tratas de conduta, de observância obrigatória para as categorias profissionais e
econômicas abrangidas na lide, com repercussão nas relações individuais de tra-
balho.
 Neste diapasão, cumpre frisar que a EC 45/04, limitou o Poder normativo da Justiça
do Trabalho, ao alterar o §2º do art. 114, da CF/88, visto que o dissídio coletivo de
natureza econômica somente poderá ser proposto se houver mútuo acordo entre
as entidades sindicais envolvidas no conflito.
 Logo, a Justiça do Trabalho somente poderá agir se ambos os entes sindicais esti-
verem de acordo com o ajuizamento do acordo.

1) Classificação

 De natureza econômica ou de interesse – São aqueles em que são reivindicadas


novas condições econômicas ou sociais que serão aplicáveis no âmbito das rela-
ções individuais de trabalho. Representam a maioria dos dissídios coletivos. A sen-
tença prolatada nestes dissídios coletivos tem natureza jurídica constitutiva, pois
cria novas regras jurídicas de observância obrigatória pelos entes sindicais envolvi-
dos e que repercutem nas relações de trabalho.
 De natureza jurídica – São aqueles que visam a interpretação de cláusulas de sen-
tenças normativas, de instrumentos de negociação coletiva, de acordos e conven-
ções coletivas, de disposições legais particulares de categoria profissional ou eco-
nômica e de atos normativos. A sentença normativa destes dissídios tem natureza
jurídica declaratória, pois objetivam interpretar normas de caráter genérico, con-
forme entendimento da OJ 7, da SDC, do TST.

2) Cabimento

 O dissídio coletivo somente poderá ser suscitado uma vez esgotada ou frustrada,
total ou parcialmente, a negociação coletiva implementada diretamente pelos

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entes interessados, ou mesmo intermediada pelo MTE, nas chamadas “mesas de
conciliação”.
 Neste sentido, caso seja suscitado um dissídio coletivo antes do esgotamento da
negociação coletiva prévia pelos entes interessados, será o processo extinto sem
resolução do mérito, com base no art. 267, IV, do CPC.
 Saliente-se que os dissídios coletivos de natureza jurídica, que objetivam interpre-
tar norma jurídica, a CF/88 não impôs o requisito do mútuo acordo dos entes sin-
dicais.
 Já o §3º do art. 114 da CF/88 prevê que em caso de greve de atividade essencial, com
possibilidade de lesão ao interesse público, o Ministério Público do Trabalho poderá
ajuizar dissídio coletivo perante à Justiça do Trabalho.
 Estabelece ainda o art. 856 da CLT que a instância poderá ser instaurada de ofício
por iniciativa do TRT ou a requerimento da Procuradoria Regional do Trabalho,
sempre que houver paralisação dos trabalhos.

3) Partes

 Independente da natureza do dissídio, quem suscita ou instaura-o é chamado de


suscitante e a parte adversa é chamado de suscitado.

4) Competência para julgamento

 Quando a base territorial dos sindicatos envolvidos estiver sob a jurisdição de um


mesmo Tribunal, será deste a competência originária para processar e julgar o dis-
sídio.
 Todavia, se os entes sindicais envolvidos abarcarem base territorial sob a jurisdição
de TRTs distintos, será do TST a competência para processar e julgar o dissídio co-
letivo.

5) Sentença normativa

 É a decisão proferida pelos tribunais ao julgarem um dissídio coletivo.


 Tratando-se de dissídio coletivo de natureza econômica, a sentença normativa terá
natureza jurídica constitutiva, pois cria novas regras jurídicas de observância obri-
gatória pelos entes sindicais envolvidos e que repercutem nas relações de trabalho.
 De outro lado, quando a sentença normativa resultar de dissídio coletivo de natu-
reza jurídica, terá natureza jurídica declaratória, pois que visa esta interpretar nor-
mas de caráter genérico, conforme entendimento da OJ 7, da SDC, do TST.

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6) Prazo e vigência da sentença normativa

 O prazo máximo de vigência da sentença normativa, com base no art. 868, pará-
grafo único, da CLT, é de no máximo 4 (quatro) anos.
 Vale frisar que o acordo coletivo e convenção coletiva possuem prazo máximo de
validade de 2(dois) anos. As condições de trabalho alcançadas por força de acordo
coletivo e convenção coletiva vigoram apenas no prazo assinalado integrando o
contrato de trabalho somente neste período.
 Ocorre que enquanto não vier a formalização de nova norma coletiva, a norma co-
letiva continuará vigente, produzindo efeitos, mesmo após a vigência do instru-
mento, conforme entendimento da Súmula 277 do TST.

7) Recursos

 O recurso cabível das sentenças normativas é o recurso ordinário, no prazo de 8


(oito) dias.
 Embora os recursos no processo do trabalho, em regra, sejam dotados apenas de
efeito devolutivo, nos dissídios coletivos, o presidente do Tribunal Superior do Tra-
balho, pode conceder efeito suspensivo ao recurso interposto em face de sentença
normativa prolatada pelo TRT.

8) Ação de cumprimento

 Vimos que nos dissídios coletivos, a sentença normativa, poderá ter apenas natu-
reza jurídica declaratória ou constitutiva, e, por não conter natureza condenatória,
não comporta execução.
 Assim, caso haja descumprimento da sentença normativa, a medida a ser adotada
será a propositura ação de cumprimento, e não de ação de execução.
 Neste diapasão, frise-se que a ação de cumprimento é uma ação de cumprimento
de cunho condenatório proposta pelo sindicato profissional ou pelos próprios tra-
balhadores interessados perante a Vara do Trabalho, onde serão discutidos apenas
questões de direito, pois as questões de fato já foram discutidas no dissídio coletivo.
 Não obstante o art. 872, da CLT disponha que é necessário o trânsito em julgado da
sentença normativa para o ajuizamento de ação de cumprimento, o TST, através
da Súmula 246, dispensou esse requisito.
 Vale frisar que a ação de cumprimento pode ser ajuizada também em caso de des-
cumprimento de acordo ou convenção coletiva, segundo a esteira da Súmula 286,
do TST.

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Inquérito para Apuração de Falta Grave
 O inquérito para apuração de falta grave é uma ação de natureza, constitutivo-ne-
gativa, promovida pelo empregador, para resolução de contrato de trabalho de
empregado estável, em razão de prática de falta grave pelo trabalhador.
 No inquérito, o empregador recebe o nome de requerente, e o empregado de re-
querido.
 O inquérito tem previsão nos artigos 494 e seguinte da CLT.
 Antes da Constituição Federal de 1988 entrar em vigor, determinando que o regime
de FGTS era obrigatório, os trabalhadores que contassem com mais de 10 (dez)
anos de serviços na mesma empresa, não poderiam ser despedidos, senão por
força maior ou falta grave devidamente comprovada. É a estabilidade decenal.
 Todavia, os empregados não optantes pelo regime do FGTS, que alcançaram a es-
tabilidade decenal, continuariam estáveis em função do direito adquirido.
 Importante frisar que o art. 19 do ADCT prevê que, com a promulgação da CF/88,
os servidores admitidos pela Administração pública direta e indireta, estatutários
ou celetistas, há mais de 5 anos, adquiririam estabilidade.
 De outro lado, a legislação estabeleceu alguns casos de estabilidade provisória em
que o empregado somente pode ser dispensado se cometer falta grave e regular-
mente apurada através da ação de inquérito para apuração de falta grave:
 Dirigente sindical – art. 8º, VIII, da CF/88 e art. 543, §3º da CLT
 Empregados membros da CNPS – Lei 8.213/91, art. 3º, §7º
 Empregados eleitos diretores de sociedades cooperativas – art. 55, Lei 5.764/71
 Estável decenal

Importante frisar que em relação à dispensa do dirigente sindical, a Súmula


379, do TST, exige o ajuizamento de inquérito para apuração de falta grave.

1) Procedimento e Prazo

 O procedimento do inquérito para apuração de falta grave está previsto nos artigos
853 a 855 da CLT.
 Dispõe o art. 853 que o empregador apresentará reclamação por escrito à Vara do
Trabalho ou Juízo de Direito, quando investido na jurisdição trabalhista, dentro de
30 (trinta) dias, contados da data da suspensão do empregado.
 Frise, neste sentido, que a reclamação deste procedimento deve obrigatoriamente
feita por escrito, sob pena de extinção do processo sem resolução do mérito.
 Ademais, o prazo para o ajuizamento da ação é decadencial, ou seja, passados os
30 dias da suspensão do empregado sem que o empregador tenha procedido o
ajuizamento, não mais poderá fazê-lo, por ter consumado o seu direito.
 É de decadência o prazo de trinta dias para instauração do inquérito judicial, a con-
tar da suspensão, por falta grave, de empregado estável.

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 Entendimento idêntico tem o Tribunal Superior do Trabalho, conforme previsão da
Súmula 62.
 O artigo 494, parágrafo único, da CLT prevê que o empregado poderá ficar sus-
penso de suas funções, mas a sua despedida somente pode ser efetivada após a
decisão final de procedência da ação.
 Impende salientar que não é obrigatória a suspensão do empregado estável para
o ajuizamento do inquérito para apuração de falta grave, podendo o empregador
fazê-lo sem que as atividades do empregado sejam suspensas.
 Assim, tem entendido a doutrina e a jurisprudência que o prazo para o ajuizamento
da ação é de 5(cinco) anos a contar da ciência pelo empregador da falta grave co-
metida pelo seu empregado.
 Todavia, parte da doutrina entende que caso empregador não ajuíze a ação em
curto espaço de tempo teria havido um perdão tácito, renunciando o empregador
ao direito de aplicar a punição pela aplicação do princípio da imediaticidade.
 No processo de inquérito para apuração de falta grave cometida por empregado
estável, as partes poderão, cada uma, utilizar-se de até 6 testemunhas.

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