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Do processo judiciário do trabalho: princípios gerais do processo trabalhista (aplicação

subsidiária do CPC).
Os princípios do direito são esse conjunto de preceitos que servem como referência,
um guia, um norte , ao estudar determinada matéria.

1- PRINCIPIO INQUISITIVO, INQUISITÓRIO OU IMPULSO OFICIAL


O princípio inquisitivo, ou inquisitório, é um dos princípios mais importantes do direito
processual, e não apenas do processo trabalhista, pois dispõe sobre a liberdade e a autonomia
assegurada aos magistrados na condução do processo.

De maneira simples, compete ao juiz, uma vez instaurada a relação processual, mover
o procedimento de fase em fase, até exaurir a função jurisdicional: O processo começa
por iniciativa das partes, mas se desenvolve por impulso oficial.

2- PRINCIPIO DA PROTEÇÃO AO HIPOSUFICIENTE


No direito material (direito do trabalho) por reconhecer a hipossuficiência do
empregado, trata-se desigualmente os desiguais, por aplicação do:

1. in dubio pro operário – na duvida, pro trabalhador


2. condição mais benéfica – na duvida, vale a condição mais benéfica ao
trabalhador
3. norma mais favorável - na duvida, vale a norma mais benéfica ao trabalhador

No Processo do trabalho também há aplicação de regras que beneficiam aquele que é


considerado a parte mais fraca. exemplos:

• Pagamento de custas ao final (art 789$1º clt)- tanto rico quanto pobre
podem entrar na justiça trabalhista
• § Pagamento de honorários da pericia ao final do processo o que não
impede o hipossuficiente de realiza-la.

• Se o ausente é o reclamante o processo é extinto sem resolução de


mérito. Caso o ausente seja o reclamado, será aplicada a revelia. (#
tratamentos).

3-CONCILIAÇÃO Art. 852-E Art. 846 e 850 Art. 764 da CLT


Extremamente importante no processo do trabalho. Verdadeira fixação do
legislador.Por meio dela são extintos milhares de processo do trabalho por ano. Há
dois momentos obrigatórios para a proposição da conciliação:

1. No início da audiência
2. No final da audiência
Ao ser homologado o acordo, o juiz sentenciará extinguindo o feito com resolução de
mérito. Porem o magistrado não é obrigado a aceitar o acordo. Segundo a sumula 418
do tst ,é ato facultativo do juiz. O magistrado não está obrigado a aceitar o que foi
proposta pela parte.A única forma de desfazer o acordo é através de ação
rescisória (sumula 259 do TST).
A reforma trabalhista inseriu o procedimento de homologação extrajudicial (ou seja
homologa tb acordos antes do ajuizamento das demandas trabalhistas).

4-IRRECORRIBILIDADE IMEDIATA DAS INTERLOCUTORIAS (art 893$1º clt)


São incabíveis recursos de decisões proferidas no curso do processo, devendo a parte
aguardar ser proferida decisão final para recorrer. Tal PP está totalmente atrelado a
celeridade processual da Justiça do trabalho. Há algumas exceções. Não significa que
não caiba recurso contra as decisões interlocutórias, mas sim que não cabe de
imediato, só quando for recorrer da sentença.

5-JUS POSTULANDI (art 791 CLT)


Possibilidade das partes ajuizarem por elas mesmas as suas ações sem necessidade
advogado. As exceções são ditadas pela SUMULA 425 o que permite dizer que tal pp
(jus postulandi) foi mitigado. As exceções são:

1) Mandado de segurança
2) Ação rescisória
3) Ação cautelar
4) Recursos direcionados ao TST

Mais uma restrição é o art. 855-B ao afirmar que o acordo extrajudicial deve ser
assinado por advogado.

6) ORALIDADE
Muitos dos atos processuais podem ser realizados oralmente na justiça o que facilita
o Jus Postulandi. Prevalência dos atos orais praticados em audiência, incluindo as
provas. Vale destaque aos seguintes atos que podem ser realizados oralmente:

• Petição inicial: 840 clt pode ser escrita ou oral por opção do autor
• Defesa pode ser oral (em 20 minutos) art 847 clt
• Razoes finais: art 850 clt (em ate 10 minutos para cada parte)
• Protesto em audiência: Sendo proferida decisão interlocutória deve a
parte manifestar seu protesto de forma oral para evitar a preclusão em
relação a matéria ; O protesto é a demonstração do inconformismo com
a decisão proferida, não sendo um recurso, mas a inclusão da informação
na ata da audiência.

7) PRINCIPIO DA CONCENTRAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS


O juiz deve tentar concentrar a maior parte dos atos processuais em uma única
audiência, para que a sentença seja prolatada o mais rápido possível. Art. 849 da CLT:
A audiência será contínua (hoje, é quase impraticável a audiência "una", e, portanto
quase todos os magistrados do trabalho costumam partilhar a audiência em três
sessões: audiência de conciliação (inaugural), audiência de instrução e audiência de
julgamento. No entanto, segundo o art. 852-C, as demandas que seguem o
procedimento sumaríssimo deverão ser de fato unas).

8) PRINCIPIO DA IDENTIDADE FISICA DO JUIZ:


O juiz que instruiu o processo deve ser o que vai proferir a sentença. Claro que há
exceções como férias, doença, promoções do magistrado,...

9) PP DO CONTRADITORIO E DA AMPLA DEFESA:


Princípio constitucional, Art. 5º, LV da CF/88. Também incide no âmbito trabalhista.
Direito ao pronunciamento daquele contra quem foi proposta a demanda, podendo
contrapor as alegações e produzir todas as provas admitidas.

10) Princípio da imediatidade ou imediação: (Art. 342, 440 e 446, II do CPC Art. 820
da CLT)
Permite um contato mais próximo entre o magistrado, partes e testemunhas. O juiz é
o destinatário da prova, e por isso o depoimento pessoal e as provas devem ser
apresentadas perante o juiz, é preciso haver um contato próximo para o juiz exercer a
tutela jurisdicional com mais eficiência.

Ex1: Juiz pode até mesmo comparecer em diligência com as partes para ver quem está
falando a verdade.

EX2: Reclamação trabalhista em que a reclamante requer o reconhecimento do vínculo


de emprego com a empresa “GHJ Ltda.”. A empresa reclamada, por sua vez, nega o
referido vínculo, alegando que a reclamante não trabalhou para ela, não tendo,
inclusive, jamais ingressado no interior do estabelecimento. O Magistrado converteu
a audiência em diligência e se dirigiu à empresa reclamada com as partes. No local, o
Magistrado solicitou que a reclamante indicasse o banheiro feminino. Esta não soube
indicar e o Magistrado percebeu qual das partes estava faltando com a verdade.

11) Princípio da Imparcialidade:


A pessoa tem o direito de ser julgada por um juiz imparcial, que não tenha interesse
nas partes ou no objeto do litígio.

12) Princípio do duplo grau de jurisdição:


Não está expresso na CF/88 e nem na CLT porem a CF não assegurou o princípio do
duplo grau de jurisdição obrigatório. Entretanto, é um princípio implícito em virtude
de Convenções Internacionais assinadas pelo Brasil. A Súmula 303 do TST regulamenta
a aplicação deste princípio na Justiça do Trabalho.
13) Princípio da busca da verdade real: (Art. 765 da CLT)
O que o juiz busca no processo é a verdade dos fatos, e não a verdade meramente
formal ou documental (semelhança com o princípio da primazia da realidade).

14) Princípio da normatização coletiva:


Possibilidade de a justiça do trabalho estabelecer o seu poder normativo, de proferir
a chamada sentença normativa de cunho obrigatório para os sindicatos dos
trabalhadores e sindicatos patronais, caso não haja o acordo entre eles. Art. 114, §
1º da CF/88. Chamado também de jurisdição normativa ou nomogênese derivada: a
Justiça do Trabalho exerce o Poder Normativo, pelo qual substitui as partes na
resolução de um conflito coletivo de natureza econômica. É feito por uma ação
chamada dissídio coletivo. Na prática, pode-se estabelecer normas e condições de
trabalho".
15) Princípio da extrapetição:
O magistrado pode condenar o reclamado em pedidos que não constaram no rol da
inicial (Ex.: condenação em juros e correção monetária). Art. 137, §§
1º e 2º da CLT (juiz pode determinar as férias do trabalhador e ao mesmo tempo pode
condenar o empregador a uma multa). Art. 467 da CLT: As parcelas incontroversas
devem ser pagas em audiência, sob pena de acréscimo de 50% pelo juiz.
Art. 496 e 497 da CLT: Na ação de reintegração, quando esta se tornar
desaconselhável, o juiz poderá converter a reintegração em indenização, mesmo que
a parte não peça. Portanto, o juiz pode condenar além da inicial, sem que se configure
uma sentença extra ou ultra-petita.

17-princípio da instrumentalidade das formas :


Se o ato atinge a sua finalidade sem causar prejuízo às partes, ainda que contenha
vício, não se declara a sua nulidade. O que vale é o fim (finalidade).

18- Eventualidade:
Verdadeira pegadinha esse principio devido ao nome! Compete ao réu alegar, na
contestação, toda matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito, com que
impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir. Não
confundir com o Princípio da Economia Processual que visa a obtenção do máximo
rendimento da lei com o mínimo de atos processuais.

19- PP DA NÃO PERMISSAO DA INQUIRIÇÃO DIRETA DAS TESTEMUNHAS PELA PARTE


De acordo com o Tribunal Superior do Trabalho, NÃO se aplica (m) ao processo laboral
a (s) norma (s) do novo Código de Processo Civil que Permite (m) a inquirição direta
das testemunhas pela parte.
Sabe-se que a aplicação do CPC ao processo do trabalho é subsidiária.
No caso, o art. 459 do NCPC fala que"as perguntas serão formuladas pelas partes
diretamente à testemunha...".
Ocorre que esse dispositivo é incompatível com o art. 820 da CLT" As partes
e testemunhas serão inquiridas pelo juiz ou presidente, podendo ser reinquiridas, por
seu intermédio, a requerimento dos vogais, das partes, seus representantes ou
advogados ".
Portanto, neste caso, prevalece o art. 820 da CLT por ser norma mais específica.
20- Princípio da paridade das armas
O princípio constitucional da igualdade substancial das partes no processo manifesta-
se por meio do princípio da paridade das armas, com o qual autorizam-se
desequilíbrios no direito de ação como forma de compensação da inferioridade
própria do hipossuficiente.

21-PRINCIPIO DA CELERIDADE
É um reflexo direto da simplicidade e da informalidade dos atos. O Processo
Trabalhista, por cuidar, na maior parte dos casos, de verbas salariais que serão usadas
para a subsistência da parte, deve ser realizado de maneira rápida e simples. É o fato
de que o empregado deve receber mais rapidamente as verbas que lhe são devidas,
porque é de natureza alimentar, devendo assim, haver simplificação de procedimento.

22- Principio dispositivo


Também conhecido como princípio da inércia da jurisdição, o princípio dispositivo
preconiza que o juiz não pode conhecer de matéria a cujo respeito a lei exige a
iniciativa da parte.A inércia se restringe apenas à iniciativa do processo, pois uma vez
provocada a Jurisdição, ou seja, uma vez ajuizada a demanda, haverá o impulso oficial
para o andamento do processo.

O direito processual trabalhista, contudo, em homenagem à celeridade que é uma de


suas marcas, bem como à simplicidade que é um de seus vetores, concebe algumas
mitigações ao princípio, como por exemplo, a execução ex officio pelo juiz, prevista no
art. 878, da CLT.
É fácil encontrarmos que o PP dispositivo é regra e o inquisitivo (o primeiro estudado
nesse artigo) é a exceção.

Segundo a doutrina, o pp inquisitivo não se aplica em detrimento do princípio


dispositivo, dependendo da manifestação das partes para que os atos sejam
praticados, ainda que na seara laboral haja um maior grau de inquisitoriedade (como
na aplicação do artigo 878 da CLT), mas isso não significa a aplicação do princípio
inquisitório plenamente.
O principio dispositivo se mostra antagônicos ao pp inquisitivo em parte.

Enquanto um está atrelado a necessidade de pedido da parte para que o poder


judiciário atue (sendo inclusive chamado de pp da inercia com previsão no cpc 2º) o
outro o judiciário age sem provocação das partes. Um outro exemplo: O
artigo 39 da Consolidação das Leis do Trabalho permite que a Delegacia Regional do
Trabalho - DRT encaminhe processo administrativo à Justiça do Trabalho, onde conste
reclamação de trabalhador no tocante a recusa de anotação da CTPS pela empresa.
Este é um exemplo de exceção ao princípio DISPOSITIVO.

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