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DIREITO FINANCEIRO E TRIBUTÁRIO II

Aula de 01/03/2021

EXTINÇÃO DO CREDITO TRIBUTÁRIO (EXTINÇÃO DA DÍVIDA)

Uma vez nascida a obrigação tributária, a unida forma de ela ser


eliminada é mediante sua extinção.

AS formas de extinguir a obrigação tributária podem ser:

PAGAMENTO – previsto no artigo 157 e seguintes do CTN, o


pagamento constitui uma modalidade de extinção, podendo se dar através de
moeda corrente, cheque ou vale postal e, nos casos previstos em lei, em
estampilha, papel selado ou por processo mecânico.

COMPENSAÇÃO – nessa modalidade de extinção de crédito tributário, o


contribuinte, sendo credor e devedor ao mesmo tempo, consegue promover um
acerto de contas, mas esse procedimento precisa ser previsto em lei.

TRANSAÇÃO – trata-se de um acordo entre sujeito passivo e ativo,


visando a extinção do crédito tributário, por meio de concessões mútuas. Por
meio da transação, é possível, por exemplo, que o sujeito ativo aceite que
parcela dos tributos seja paga em mercadorias, devendo esse procedimento
também estar previsto em lei.

REMISSÃO – consiste no perdão do valor devido pelo contribuinte, de


forma total ou parcial, sendo uma das formas de extinção do crédito tributário,
já constituído por meio de lançamento. Esse tipo de extinção também precisa
se dar por meio de lei, devendo ser realizada por despacho fundamentado da
autoridade administrativa. Trata-se do perdão da dívida principal e não da
multa e dos juros.

CONVERSÃO DE DEPÓSITO EM RENDA – ocorre ao final de um


processo judicial tributário, com a realização de depósito judicial, quando a
decisão é desfavorável ao contribuinte, sendo nesse caso os depósitos judiciais
convertidos em renda ao sujeito ativo da relação, ou seja, entregues à União,
Estado ou município, extinguindo-se o crédito tributário respectivo na proporção
dos depósitos convertidos.

O PAGAMENTO ANTECIPADO E O LANÇAMENTO NOS TERMOS DO


DISPOTOS NO ARTIGO 150 E SEUS §1º E 4º -

CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO – trata-se de um proteção do direito


que o sujeito passivo tem de pagar sua dívida e obter quitação, nos casos em
que haja recusa de recebimento, ou subordinação desta ao pagamento de
outro tributo ou penalidade. Essa forma de extinção do crédito tributário se
caracteriza pela boa fé do credor.

Suponhamos que dois municípios estejam cobrando valores de IPTU de


um mesmo imóvel, havendo uma disputa entre esses credores, caberá ao
contribuinte ajuizar uma ação e efetuar o deposito do valor cobrado em juízo,
de tal sorte que, encerrada a disputa judicial entre os credores, caberá ao
vencedor da lide dispor do valor depositado pelo contribuinte, a fim de que seja
extinto o crédito tributário.

DECISÃO ADMINISTRATIVA IRREFORMÁVEL – o contribuinte recorre


na esfera administrativa contra determinado lançamento tributário efetuado, e
tendo seu recurso deferido, o referido crédito será extinto. Deve haver um
prazo de 02 anos para que essa decisão não possa ser anulada, e somente
esse prazo ocorre de fato a extinção do crédito.

DECISÃO JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO - o contribuinte


recebe a notificação de uma dívida e contesta judicialmente o crédito tributário,
e lhe sendo favorável a decisão judicial e transitada em julgado, tal dívida será
extinta.

DAÇÃO DE PAGAMENTO EM BENS IMÓVEIS NA FORMA E


CONDIÇÕES ESTABELECIDAS EM LEI – primeiramente, importante observar
que a DAÇÃO EM PAGAMENTO é o pagamento da dívida por meio diverso
daquele anteriormente acordado, ou seja, o devedor pagará o crédito tributário
por meio de bens diversos. No caso aqui explicado, essa dação em pagamento
do crédito tributário poderá se dar tão somente pela dação de um imóvel,
conforme prevê o artigo 156 do CTN.

PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA

A prescrição consiste na perda do direito de ação enquanto a


decadência consiste na perda do direito.

No DIREITO TRIBUTÁRIO a prescrição está ligada ao direito do


Estado em cobrar judicialmente o tributo, enquanto que a decadência está
ligada ao prazo para que o Estado constitua o crédito tributário.

DECADÊNCIA

O prazo de decadência é aquele que existe após o fato gerador, para


que o Fisco proceda ao lançamento, consistindo assim o seu direito, ou seja, o
direito de receber o imposto.

O prazo decadencial é de 5 anos. Uma vez procedido o lançamento


(notificação do contribuinte), o direito do fisco já foi constituído, de maneira que
não se pode mais tratar de perda de direito.

Quanto ao prazo decadencial de 05 anos que o Fisco tem para notificar


o contribuinte, sua contagem irá depender do tipo de tributo, por exemplo, no
IPTU e no IPVA a constituição do crédito ocorre quando as cobranças são
enviadas ao contribuinte através de carnê (IPTU) e boleto (IPVA).

O prazo de decadência começa a contar no primeiro dia do exercício


seguinte ao que o lançamento poderia ser efetuado, ou seja, suponhamos que
uma prefeitura não envie a determinado contribuinte o carnê de IPTU relativo
ao exercício de 2021, esse prazo começa a contar em 01/01/2022.

Nos casos de LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO, que é aquele em


que o contribuinte deve antecipar o pagamento sem prévio exame da
autoridade de administrativa, como no caso do ISS, o prazo começa a contar a
partir da data do fato gerador, ou seja, se determinado prestador de serviços
executou um trabalho na data de 01/04/2021, essa é a data em que começa a
contar o prazo decadencial.

Caso não ocorra o recolhimento dos impostos devidos (ISS), esse prazo
decadencial também começa a contar no primeiro dia do exercício seguinte, ou
seja, em 01/01/2022.

   Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito


tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados:

        I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o


lançamento poderia ter sido efetuado;

        II - da data em que se tornar definitiva a decisão que houver


anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado.

        Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extingue-


se definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da
data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário
pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória
indispensável ao lançamento.

A entrega de declaração pelo contribuinte reconhecendo débito fiscal


constitui o crédito tributário, dispensada qualquer outra providência por parte
do fisco. (SUMULA 436 STJ)

PRESCRIÇÃO

A prescrição do direito de ação para cobrança do credito tributário


prescreve em 5 anos, contados da data de sua constituição definitiva.

Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco


anos, contados da data da sua constituição definitiva.

        Parágrafo único. A prescrição se interrompe:

        I – pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução


fiscal; (Redação dada pela Lcp nº 118, de 2005)
        II - pelo protesto judicial;

        III - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;

        IV - por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que


importe em reconhecimento do débito pelo devedor.

Aula de 08/03/2021

A constituição do crédito tributário ocorre com o lançamento. No entanto,


de acordo com o artigo 174 do CTN, a contagem do prazo prescricional terá
inicio com a constituição definitiva, vindo esta a ocorrer no momento em
que não houver mais possibilidade de discussão administrativa do débito
tributário.

A constituição definitiva poderá ocorrer em três momentos:

1º momento: quando não apresentada defesa administrativa no prazo


legal;

2º momento: a ausência de interposição de recurso administrativo no


prazo legal;

3º momento: após esgotados todos os meios administrativos de defesa


pelo contribuinte.

PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE

Trata-se de prescrição ocorrida no curso do processo de execução


fiscal, representando uma verdadeira punição para a inércia ou ineficiência da
administração pública.

Diante da tentativa infrutífera de localização de bens em nome do


devedor, após dada ciência à Fazenda Pública a execução fiscal ficará
suspensa pelo prazo de 01 ano. Terminado esse prazo, terá início a contagem
do prazo quinquenal da prescrição intercorrente. Dessa forma, esse prazo
prescricional será reconhecido após 06 anos de inércia da administração
pública, podendo também essa prescrição ser reconhecida de ofício por se
tratar de matéria de ordem pública.

Esse tipo de prescrição está expressamente previsto no artigo 40 da Lei


8.630/80 (Lei de Execuções Fiscais).

Art. 40 - O Juiz suspenderá o curso da execução, enquanto não for


localizado o devedor ou encontrados bens sobre os quais possa
recair a penhora, e, nesses casos, não correrá o prazo de prescrição.

§ 1º - Suspenso o curso da execução, será aberta vista dos autos ao


representante judicial da Fazenda Pública.

§ 2º - Decorrido o prazo máximo de 1 (um) ano, sem que seja


localizado o devedor ou encontrados bens penhoráveis, o Juiz
ordenará o arquivamento dos autos.

§ 3º - Encontrados que sejam, a qualquer tempo, o devedor ou os


bens, serão desarquivados os autos para prosseguimento da
execução.

§ 4o Se da decisão que ordenar o arquivamento tiver decorrido o


prazo prescricional, o juiz, depois de ouvida a Fazenda Pública,
poderá, de ofício, reconhecer a prescrição intercorrente e decretá-la
de imediato. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004)

§ 5o A manifestação prévia da Fazenda Pública prevista no § 4o


deste artigo será dispensada no caso de cobranças judiciais cujo
valor seja inferior ao mínimo fixado por ato do Ministro de Estado da
Fazenda. (Incluído pela Lei nº 11.960, de 2009). (Lei 68308/80
Dispõe sobre a cobrança judicial da Dívida Ativa da Fazenda
Pública, e dá outras providências.)

Em execução fiscal, não localizados bens penhoráveis, suspende-se


o processo por um ano, findo o qual se inicia o prazo da prescrição
quinquenal intercorrente. (Sumula 314 STJ)

A prescrição intercorrente traduz a materialização do princípio da


segurança jurídica, impedindo a continuação eterna de um processo, inibindo a
falta de manifestação da parte interessada.
Aula de 22/03/2021

ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA

É o braço do Governo que cria, fiscaliza e arrecada os tributos.

PROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO

Em sentido amplo, PROCESSO é uma sequencia de procedimentos


para a consecução de determinado objetivo, não devendo ser confundido
“processo” com “procedimento” ou com “processo judicial tributário”.

O processo administrativo tributário consiste em direito de contribuinte,


assegurando a ampla defesa e o contraditório já consagrado na Constituição
Federal.

Assim, sempre que o contribuinte não concordar com o lançamento


tributário, poderá ingressar com impugnação administrativa, requerendo
anulação ou revisão do lançamento efetuado, instaurando assim o “processo
administrativo tributário” ou “processo administrativo fiscal”.

Muito embora seja adotada a expressão “processo”, é preciso diferencia-


lo do processo judicial, que se desenvolve perante do Poder Judiciário e não
em esfera administrativa.

Portanto, no processo administrativo temos uma atuação do próprio


Poder Executivo para avaliar um ato administrativo emitido por ele mesmo.

Esse processo nada mais é que um processo de cobrança, e na prática


nasce com o lançamento tributário, ou seja, a partir do momento em que o
contribuinte é notificado pela administração pública.

PROCESSO JUDICIAL TRIBUTÁRIO


Aqui o processo sai da esfera administrativa e vai para a esfera judicial,
tratando-se uma ação em que a fazendo publica leva a juízo a cobrança de
uma dívida tributária, sendo portanto uma ação de Execução Fiscal de iniciativa
do Estado e não do contribuinte.

O titulo que autoriza o Estado a ingressar com uma ação de execução


fiscal é a CERTIDÃO DE DÍVIDA ATIVA.

Nesse tipo de processo, o contribuinte se defende junto ao Poder


Judiciário, utilizando dois dispositivos legais: EXCEÇÃO DE PRE-
EXECUTIVIDADE ou EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL.

Importante salientar que não existe um código processual tributário,


sendo aplicável subsidiariamente a legislação esparsa e o código de processo
civil.

Embora essa ação seja de iniciativa do Estado, o contribuinte pode


ajuizar ações judiciais contra o estado, como MANDADO DE SEGURANÇA,
AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO, AÇÃO E REPETIÇÃO DE
INDÉBITO FISCAL, AÇÃO ANULATÓRIA DE DÉBITO FISCAL, AÇÃO
DECLARATÓRIA DE INEXISTENCIA DE RELAÇÃO JURIDICO TRIBUTÁRIA.

Aula de 29/03/2021

A Lei 6830/80 é utilizada para a cobrança judicial da Divida Ativa da


Fazenda Publica.

Art. 1º - A execução judicial para cobrança da Dívida Ativa da União,


dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e respectivas
autarquias será regida por esta Lei e, subsidiariamente, pelo Código
de Processo Civil. (Lei 6830/80)

Art. 2º - Constitui Dívida Ativa da Fazenda Pública aquela definida


como tributária ou não tributária na Lei nº 4.320, de 17 de março de
1964, com as alterações posteriores, que estatui normas gerais de
direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e
balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal.
Art. 3º - A Dívida Ativa regularmente inscrita goza da presunção de
certeza e liquidez.

Parágrafo Único - A presunção a que se refere este artigo é relativa e


pode ser ilidida por prova inequívoca, a cargo do executado ou de
terceiro, a quem aproveite.

Art. 4º - A execução fiscal poderá ser promovida contra:

I - o devedor;

II - o fiador;

III - o espólio;

IV - a massa;

V - o responsável, nos termos da lei, por dívidas, tributárias ou não,


de pessoas físicas ou pessoas jurídicas de direito privado; e

VI - os sucessores a qualquer título.

Art. 5º - A competência para processar e julgar a execução da Dívida


Ativa da Fazenda Pública exclui a de qualquer outro Juízo, inclusive o
da falência, da concordata, da liquidação, da insolvência ou do
inventário.

As cobranças judiciais pela Fazenda Publica são realizadas através das


Varas das Execuções Fiscais, da seguinte forma:

Vara das Execuções Fiscais Municipais para cobrança de tributos


Municipais;

Vara das Execuções Fiscais Estaduais para cobrança de tributos


Estaduais;

Vara das Execuções Fiscais Federais para cobrança de tributos


Federais;

Nos municípios que não houver varas especializadas, os processos


tramitarão pelos juízos das varas cíveis, após sorteio e distribuição. Nessas
Comarcas, os processos de execução fiscal não permanecem no cartório da
respectiva vara cível, mas no anexo fiscal, onde permanecem custodiados.

A petição inicial relativa ao processo de execução fiscal será dirigida ao


juízo de anexo fiscal respectivo.

O contribuinte, após ser citado sobre a execução fiscal, tem um prazo de


05 dias para indicar bens para penhora, ou então apresentar defesa
argumentando pontos de discordância, oferecendo embargos, no prazo de 30
dias.

Art. 16 - O executado oferecerá embargos, no prazo de 30


(trinta) dias, contados:

I - do depósito;

II - da juntada da prova da fiança bancária ou do seguro garantia;

III - da intimação da penhora.

§ 1º - Não são admissíveis embargos do executado antes de


garantida a execução.

§ 2º - No prazo dos embargos, o executado deverá alegar toda


matéria útil à defesa, requerer provas e juntar aos autos os
documentos e rol de testemunhas, até três, ou, a critério do juiz, até o
dobro desse limite.

§ 3º - Não será admitida reconvenção, nem compensação, e as


exceções, salvo as de suspeição, incompetência e impedimentos,
serão argüidas como matéria preliminar e serão processadas e
julgadas com os embargos.

É importante salientar que embora seja admitida de forma subsidiária


aplicação do disposto no Código de Processo Civil, cujo prazo para opor
embargos é de 15 dias, em casos de execução fiscal aplica-se o princípio
de especialidade, de tal sorte que o artigo 16 da Lei 6830/80 garante o
prazo de 30 dias para que o contribuinte oponha embargo após a citação.
Os embargos à execução fiscal possuem regramento próprio e não
admitem reconvenção, compensação ou exceções, salvo de suspeição,
incompetência ou impedimento.

Oposto embargos à execução, este terá distribuição por dependência no


processo de execução fiscal já existente em desfavor do embargante.

Aula de 05/04/2021

EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE

A exceção de pré-executividade é admissível na execução fiscal


relativamente às matérias conhecíveis de ofício que não demandem
dilação probatória. (Súmula 393 STJ)

A exceção de pré-executividade não se encontra positivada no Código


Tributário Nacional, tratando-se de um entendimento jurisprudencial, inclusive
sumulado pelo STJ.

É diferente dos embargos à execução, que possuem natureza de ação,


com prazos e etapas dentro do processo. Já a exceção de pré-
executividade tem como objetivo apontar vícios e erros em matéria de ordem
pública no processo, não necessitando dilação probatória, ou seja, a produção
de novas provas, para tal.

Na ação de pre executividade podem ser alegados prescrição,


decadência, ilegitimidade passiva, nulidade do título, pagamento já efetuado e
tributos com inconstitucionalidade já reconhecida pelo STF.

Não existe prazo para ingressar com ação de pre executividade.

Se a ação de pré-execuitvidade for rejeitada pelo juiz, cabe agravo de


instrumento por parte do contribuinte e no caso de recebimento, pode ser
impetrada apelação por parte do Estado.
Anotações em 12/04/2021 (relembrando assuntos já citados em
aulas anteriores)

A constituição do crédito ocorre com o ato do lançamento com


notificação do contribuinte. Essa data é utilizada para contagem do prazo
decadencial, ou seja, com a notificação do contribuinte não se falará mais em
decadência, pois a contagem desse prazo será realizada até a data dessa
notificação.

Dessa forma a contagem do prazo decadencial ocorrerá até a data da


constituição do crédito e não da constituição definitiva.

Por sua vez a constituição definitiva é o momento inicial para contagem


do prazo prescricional.

Dessa forma podemos concluir que: a constituição do crédito, ou


notificação do contribuinte corresponde à data final para contagem do prazo
decadencial. Por outro lado a constituição definitiva é data inicial para
contagem do prazo prescricional.

Aula de 10/05/2021

AÇÕES JUDICIAIS DE INICIATIVA DO CONTRIBUINTE

É importante frisar que as ações de execução fiscal são de iniciativa do


Estado, visando a intervenção judicial para obrigar o contribuinte a pagar os
impostos devidos, mas existem também as ações judiciais de iniciativa do
contribuinte.

Primeiramente vamos estudar duas dessas ações, a DECLARATÓRIA e


a ANULATÓRIA, que podem ser ajuizadas pelo contribuinte contra o Estado.

A competência para julgar tais ações irá depender, se a comarca tiver


vara especializada (Vara da Fazenda Pública), esta será competente para
julgar ação e, nos municípios em que não houver tais varas, a Vara Cível dessa
cidade será competente para julgar tal ação.

Quanto ao cabimento, a AÇÃO DECLARATÓRIA se dá antes do


lançamento tributário, ou seja, suponhamos que o Estado venha a criar uma
norma para cobrança de imposto a partir do ano de 2022, o contribuinte poderá
pedir a manifestação do Poder Judiciário para declarar a inexistência de
relação jurídico-tributária.

Já a AÇÃO ANULATÓRIA se dá após o lançamento tributário, quando o


contribuinte é notificado para o pagamento do tributo e se manifesta no sentido
de pedir para que o Poder Judiciário anule o ato administrativo.

Portanto, a AÇÃO DECLARATÓRIA é proposta antes da cobrança,


enquanto a AÇÃO ANULATÓRIA é impetrada após a cobrança do tributo.

Cabimento – em relação ao cabimento dessas duas ações o elemento


que irá definir qual ação a ser utilizada será a constituição do crédito tributário.

Dessa forma podemos resumir do seguinte modo o cabimento dessas


ações: Em momento anterior à constituição do crédito terá cabimento a ação
declaratória de inexistência de relação jurídico-tributária com pedido de
tutela antecipada.

Por outro lado, caso já tenha ocorrido a constituição do crédito, a ação


cabível será anulatória de débito fiscal com pedido de tutela antecipada.

A constituição do crédito tributário para fins de identificação da peça


processual cabível será identificada através das seguintes expressões:
notificação, auto de infração, tomada de ciência, lançamento tributário,
etc.

FUNDAMENTO LEGAL

AÇÃO DECLARATÓRIA – artigo 19, inciso I e artigo 300, ambos do


CPC:
Art. 19. O interesse do autor pode limitar-se à declaração:

I - da existência, da inexistência ou do modo de ser de uma relação


jurídica;

II - da autenticidade ou da falsidade de documento.

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos


que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco
ao resultado útil do processo.

§ 1 o  Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o


caso, exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos
que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada
se a parte economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la.

§ 2º A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após


justificação prévia.

§ 3º A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida


quando houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão.

AÇÃO ANULATÓRIA - artigo 38 da Lei 6.830/80 a artigo 300 do CPC:

Art. 38 - A discussão judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública só é


admissível em execução, na forma desta Lei, salvo as hipóteses de
mandado de segurança, ação de repetição do indébito ou ação
anulatória do ato declarativo da dívida, esta precedida do depósito
preparatório do valor do débito, monetariamente corrigido e acrescido
dos juros e multa de mora e demais encargos.

Parágrafo Único - A propositura, pelo contribuinte, da ação prevista neste


artigo importa em renúncia ao poder de recorrer na esfera administrativa
e desistência do recurso acaso interposto.

A ação anulatória é cabível desde o momento da constituição do


crédito até o ajuizamento da ação de execução fiscal, cumprindo
esclarecer que pode ser impetrada até o momento da citação do
contribuinte, ou seja, se o contribuinte ainda não foi citado da existência
de ação de execução fiscal, há o cabimento da ação anulatória.

Aula 31/05/2021.

ESTRUTURA DAS AÇOES DECLARATÓRIAS E AÇÕES


ANULATÓRIAS

Endereçamento

Qualificação e Fundamento Legal

Dos Fatos

Do Direito

Da Concessão da Tutela de Urgência

Dos Pedidos

Das Provas

Do Valor da Causa

Tanto nas ações declaratórias como nas anulatórias, as peças têm


estrutura idênticas, mudando apenas no objeto, na argumentação, ou seja, na
ação declaratória o autor pretende que o Poder Judiciário de manifeste,
declarando uma determinada situação que, via de regra, consiste na
inexistência de relação jurídico tributária, enquanto na ação anulatória a
medida judicial se destina à anulação do ato administrativo que o crédito
tributário, para desconstituí-lo.

Aula de 14/06/2021
AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDEBITO FISCAL

A ação de REPETIÇÃO DO INDÉBITO é aplicável para casos em que o


contribuinte pagou um valor que não era devido aos cofres do Estado, ou seja,
a Fazenda Pública cobrou o valor de forma errônea, portanto o contribuinte tem
o direito de pedir a restituição desse valor. Portanto, o vocabulário “repetição
do indébito” refere-se à possibilidade do contribuinte reaver um valor pago
indevidamente.

Não é uma ação muito comum, haja vista que quando ocorreu um erro
nesse sentido, normalmente a Fazenda Pública restitui o valor
administrativamente, sem que haja real necessidade de ajuizamento de ação
para tanto.

Normalmente ocorre de a Fazenda Publica aplicar alguma alíquota o


base de calculo errada, ocasiões em que o contribuinte acaba pagando a mais
o valor que deveria recolher aos cofres públicos, podendo então pleitear a
devolução desses valores pagos a mais.

Pode ocorrer também quando há pagamento em duplicidade de


determinado tributo e, caso não haja devolução voluntária dos valores por parte
da Fazenda, cabe ao contribuinte pleitear judicialmente essa devolução.

Esse tipo de ação encontra fundamento no artigo 165 do CTN.

De acordo com o que estabelece o artigo 168 do CTN, o prazo para


restituição desse valor é de 5 anos, contados da data do pagamento do valor
indevido.

Nessa ação não há pedido de tutela de urgência.

AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO

Trata-se de uma ação sem muita repercussão prática em direito


tributário. Trata-se de uma medida judicial cabível na hipótese em que o credor
se recuse ou dificulte o recebimento do pagamento, ou ainda haja dúvida em
relação ao montante devido ou ao real credor da obrigação tributária.

Assim, o contribuinte poderá se utilizar dessa medida judicial para


extinguir a obrigação tributária, não ficando em mora.

A previsão legal encontra-se no artigo 164 do CTN.

É importante salientar que a recusa é bastante incomum, haja vista que


o recolhimento dos tributos normalmente ocorre na rede bancária e dificilmente
o fisco recusa esse recebimento.

Essa hipótese é possível quando os sistemas eletrônicos acabam por


engessar procedimentos operacionais, como a não emissão de uma guia de
recolhimento, por exemplo.

São hipóteses de cabimento:

- recusa de recebimento, ou subordinação deste ao pagamento de


outro tributo ou de penalidade, ao cumprimento da obrigação acessória;

Suponhamos que um prefeito crie uma taxa a ser paga por pequenas
empresas do município, cujo valor seja de R$ 80.000. Nesse caso o credor irá
discutir a legalidade dessa cobrança. Suponhamos que essa taxa seja atrelada
ao pagamento do IPTU, ou seja, a prefeitura estaria condicionando o
pagamento do IPTU ao pagamento da taxa, que será discutida em uma ação
autônoma, sendo certo que a ação de consignação de pagamento servirá para
que o valor do IPTU seja depositado judicialmente.

- exigência, por mais de uma pessoa jurídica de direito público, de


tributo idêntico sobre um mesmo fato gerador;

Um exemplo muito comum seria uma residência que fica na divisa entre
dois municípios, havendo dúvidas sobre sua real localização, podendo ocorrer
de dois municípios cobrarem valor de IPTU. Nesse caso, não seria razoável
exigir do contribuinte o pagamento do valor duas vezes, cabendo portanto ao
Poder Judiciário decidir para qual dos municípios irá o valor depositado
judicialmente pelo proprietário da residência.

Essa ação somente pode versar sobre o crédito que o consignante se


propõe a pagar e julgada procedente, o pagamento se refuta efetuado, ou seja,
o contribuinte não se constitui em mora.

AÇÃO ANULATORIA DE DECISÃO ADMINISTRATIVA


IRREFORMÁVEL

Tem por finalidade invalidar decisão administrativa ou da fazenda


pública.

O prazo para prescrição é interrompido pelo inicio da ação judicial e


recomeça o seu curso, por metade, a partir da data da intimação feita ao
representante da Fazenda Pública interessada.

Tem fundamento legal no artigo 169 do CTN.

Nessa ação pode haver pedido de tutela de urgência, quando o principal


objetivo do contribuinte é compensar a dívida, visando suspender a
exigibilidade das parcelas vincendas, visando assim evitar mora e
inadimplemento.

MANDADO DE SEGURANÇA

Constitui uma garantia das pessoas físicas e jurídicas contra os abusos


e violações e direitos líquidos e certos (não protegidos por habeas corpus e
habeas data), promovidos por agentes públicos e equiparados.

Caso um ato emanado por um agente público viole as disposições


legais, seja por ação ou por omissão, o contribuinte poderá requerer ao
Judiciário pela via do mandado de segurança, que a autoridade publica
(impetrada ou autoridade coatora) promova ou se abstenha de promover ato
ilegal (ator coator).
Para o mandado de segurança são necessários dois requisitos básicos:
Um ato ilegal e uma prova pré-constituída, ou seja, a prova já tem que estar
demonstrada para procedência judicial.

Esse tipo de ação encontra fundamentação legal no artigo 5º, inciso


LXIX da Constituição Federal e a Lei 12016/09.

A tutela de urgência no mandado de segurança encontra-se prevista no


artigo 300 CPP, e a liminar encontra-se no artigo 7º da Lei 12016/09

A autoridade coatora sempre será aquele agente público que tenha


competência para revogar o ato, ou seja, quando um servidor publico comete
uma ilegalidade, somente poderá ser considerado coator se tiver capacidade
legal para revogar aquele ato.

Trata-se de uma medida judicial com atos judiciais mais rápidos, mais
céleres, visando atender a urgência do contribuinte.
Laboratório de Peças/Sexta-feira dia 20/08/2021

São 8 Peças de Tributário

Utiliza o Código Civil e Execuções Fiscais

Lei 6830/80 de Ação de Execução Fiscal

São 6 peças que podem ser ajuizadas pelo contribuinte

Ação de Execução Fiscal

2 (duas) peças são de defesa: Embargos a Execução Fiscal (artigo 16


da lei 6830) e Exceção de Pré Executividade (não posso discutir qualquer
matéria, só pode ser matéria de ordem pública e que possa ser reconhecida de
oficio pelo juiz e que não demandem dilação probatória (quando não há
elementos de prova)) Não tem previsão Legal (súmula 393 STJ). Em comum
elas têm execução fiscal e citação válida e não tem decisão Judicial.

Matéria de ordem pública (exceção de pré-executividade)

 Prescrição
 Decadência
 Ilegitimidade passiva
 Pagamento já efetuado
 Tributo com inconstitucionalidade já reconhecida pelo STF.

Só cabem embargos de execução fiscal se houver garantia do juízo


(depósito judicial conta do dia de deposito), Garantia Seguro Fiança (conta do
dia da juntada da apólice), Penhora (conta a partir do dia de intimação da
penhora).

Pode ser defender alegando qualquer matéria.

Se não tem execução fiscal, não cabem embargos e nem execução


(será uma das outras 6 peças)

 Ação declaratória de inexistência de relação jurídica


tributária;
 Ação anulatória débito fiscal (ou de lançamento tributário);
 Ação de repetição de indébito fiscal;
 Ação de consignação em pagamento;
 Mandado de segurança;
 Ação anulatória de decisão administrativa;

Aula de 10/09/2021

EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE

A exceção de pré-executividade é admissível na execução


fiscal relativamente às matérias conhecíveis de ofício que
não demandem dilação probatória. (Súmula 393 STJ)

A exceção de pré-executividade não se encontra positivada no Código


Tributário Nacional, tratando-se de um entendimento jurisprudencial, inclusive
sumulado pelo STJ.

É diferente dos embargos à execução, que possuem natureza de ação,


com prazos e etapas dentro do processo. Já a exceção de pré-
executividade tem como objetivo apontar vícios e erros em matéria de ordem
pública no processo, não necessitando dilação probatória, ou seja, a produção
de novas provas, para tal.

Na ação de pre executividade podem ser alegados prescrição,


decadência, ilegitimidade passiva, nulidade do título, pagamento já efetuado e
tributos com inconstitucionalidade já reconhecida pelo STF.

Não existe prazo para ingressar com ação de pre executividade.

Se a ação de pré-execuitvidade for rejeitada pelo juiz, cabe agravo de


instrumento por parte do contribuinte e no caso de recebimento, pode ser
impetrada apelação por parte do Estado.

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