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ESTUDO DIRIGIDO DE DIREITO TRIBUTÁRIO – UNIDADE 14

UNIDADE 14- Suspensão do Crédito Tributário, Extinção do Crédito Tributário e Exclusão


do Crédito Tributário

1. Quais as hipóteses de suspensão, extinção e exclusão do crédito tributário? Explique


com suas próprias palavras, em apertada síntese, cada uma delas.

Suspensão do Crédito Tributário: o artigo 151, do CTN, cuidou de estabelecer hipóteses


em que a exigibilidade do crédito tributário ficará suspensa, ou seja, a constituição do crédito
é feita, mas, não é exigível, impedindo o Fisco de praticar atos de cobrança.
Importante dizer que não dispensa o cumprimento das obrigações acessórias, ou mesmo
impede o lançamento.
i. Moratória: é a dilação de prazo de vencimento de uma obrigação tributária, ou
seja, prorroga-se a data de pagamento, podendo ser concedida antes ou mesmo depois
da data de vencimento original. Pode ter caráter geral, por lei, ou individual, por ato
declaratório de cumprimento de requisitos previstos em lei.
ii. Depósito do seu montante integral: em caso de litígio judicial ou administrativo,
sendo ele instaurado ou em iminência. Nesse sentido, sendo reconhecida a
improcedência do lançamento, o sujeito passivo receberá, total ou parcialmente o
depósito, com os acréscimos legais, se for devido, converte o depósito em renda. É ato
voluntário do sujeito passivo, possuindo caráter de garantia.
iii. Reclamações e recursos: ocorre nos termos das normas reguladoras do processo
administrativo fiscal, quando há interposição de recurso administrativo tempestivo.
iv. Concessão de medida liminar em mandado de segurança: objetiva evitar um
possível dano ao contribuinte em razão de periculum in ora e fumus boni juris. Na
hipótese em questão, não é necessária sequer a ocorrência do fato gerador, a
suspensão da exigibilidade se configura com a concessão de liminar em MS.
v. Concessão de medida liminar ou de tutela antecipada em outras espécies de
ação judicial: acrescentada pela LC 104/2001, sendo que, independentemente de ser
um mandado de segurança, a medida liminar ou concessão de tutela antecipada, há
suspensão da exigibilidade.
vi. Parcelamento: é a ampliação do prazo de pagamento e o parcelamento do valor da
dívida. Diferente da moratória, que é concedida por evento alheio à vontade do
contribuinte e em caráter excepcional, o parcelamento é aplicado a dívidas vencidas e
não pagas. Não exclui os juros e multas.

B. Extinção: se dá após a ocorrência do fato gerador e da constituição do crédito tributário.


Ocorre a extinção da obrigação tributária e, consequentemente, o desaparecimento do crédito,
que deixa de existir.
i. Pagamento: não apenas da multa, mas da obrigação principal, além disso, o
pagamento que extingue a obrigação é o total e do crédito a que se refere. Em caso de
omissão do prazo, utiliza-se 30 dias da data da notificação do lançamento.
ii. Compensação: exige lei específica que autorize a compensação de créditos
líquidos e certos, vencidos ou vincendos. Ressalta-se que é proibida a compensação
de tributo que seja objeto de contestação judicial, antes da ocorrência do trânsito em
julgado da decisão judicial.
iii. Transação: estabelecida no artigo 171, do CTN, dispõe que a lei pode facultar ao
sujeito ativo e passivo celebrar transação, feitas concessões mútuas, de forma a
solucionar o litígio, extinguindo-se o crédito tributário. A autoridade competente será
indicada pela lei.
iv. Remissão: é o perdão da dívida, sendo implementado por lei que autorize a
autoridade administrativa a conceder, por meio de despacho devidamente
fundamentado, a remissão do crédito. Desde que observados os critérios dispostos no
artigo 172, do CTN.
v. Decadência: prazo do Fisco para constituir o crédito tributário por meio do
lançamento, sendo de 5 anos, com a contagem estabelecida pelo artigo 173, I, II e
parágrafo único.
Prescrição: é o prazo para a ação de cobrança do crédito tributário, contados 5 anos
da data da constituição definitiva. O CTN, no parágrafo único do artigo 174
estabelece causas de interrupção da prescrição, sendo elas: despacho judicial que
ordena citação na execução fiscal; protesto judicial; qualquer ato judicial que
constitua em mora o devedor; ato inequívoco, judicial ou extrajudicial, em que o
devedor reconheça o débito.
vi. Conversão de depósito em renda: é a conversão do depósito integral (causa de
suspensão da exigibilidade), sendo julgado procedente, converte-se em renda,
consequentemente extinguindo-se o crédito tributário.
vii. Pagamento antecipado e homologação do lançamento: a homologação pelo
Fisco do lançamento feito pelo contribuinte extingue o crédito tributário, assim como
a antecipação do pagamento, nos termos do artigo 150, §1° e §4°, do CTN.
viii. Consignação em pagamento: o pagamento extingue o crédito, todavia, há
situações em que o contribuinte se vê impossibilitado de adimplir com o pagamento,
sendo as hipóteses constantes no artigo 164, do CTN.
ix. Decisão administrativa irreformável: decisão proferida em esfera administrativa
e que não seja passível de ensejar ação anulatória. É a decisão que tem natureza de
definitiva, extinguindo o crédito tributário.
x. Decisão judicial transitada em julgado: tal qual na hipótese anterior, a decisão
judicial transitada em julgado é aquela definitiva, não mais passível de recurso,
considerando o crédito tributário extinto.
xi. Dação em pagamento em bens imóveis: conforme disposto pelo próprio CTN,
passíveis apenas imóveis. Estipulou-se que, além do pagamento em moeda, a entrega
de bem imóvel, desde que na forma e condição estabelecida em lei (lei 13.259/2016,
art. 4°), extingue o crédito tributário.

C. Exclusão: as situações estão previstas no campo de incidência da lei tributária, a


obrigação surge com a ocorrência do fato gerador, mas a lei retira a possibilidade/prerrogativa
de lançamento por parte do Fisco. Ou seja, não há formação do crédito, não se constitui.
i. Isenção: é disposta por lei específica, ainda que contratual, sendo que há
especificação de condições e requisitos para sua concessão, além do prazo de duração.
Em regra não se estende às taxas, contribuições de melhoria e tributos instituídos após
a concessão de isenção. Pode ser restrita ou geral. Pode ser revogada a qualquer
tempo, com exceção das isenções onerosas (por condição e termo).
ii. Anistia: perdão concedido às penalidades cometidas antes da lei que a institui,
afastando a infração e a penalidade decorrente. Altera a consequência jurídica, não se
aplicando a crimes ou contravenções, a atos praticados por dolo, fraude ou simulação
ou resultantes de conluio. Pode ser geral ou limitada

2. Quais os efeitos da suspensão da exigibilidade do crédito tributário?


A suspensão da exigibilidade do crédito tributário retira a possibilidade de que o Fisco efetue
a cobrança do tributo e, por consequência, não podendo ajuizar a execução fiscal. Desse
modo, o prazo prescricional é suspenso.
Com a suspensão da exigibilidade do crédito é possível que o contribuinte retire certidão
positiva de crédito, que possui os mesmos efeitos da certidão positiva, resguardando o
patrimônio do devedor enquanto não for decidida a validade dos procedimentos
fiscalizatórios, é o que leciona o artigo 206, do CTN. Ressalta-se que não atinge as
obrigações acessórias.

3. Qual a diferença existente entre remissão, isenção, imunidade e anistia? Em sua


opinião, é correto, lógica e tecnicamente, como faz o CTN em classificar a isenção como
modalidade de “exclusão do crédito tributário”? Justifique.

A remissão, em síntese, é o perdão da dívida que atinge somente os créditos já lançados,


diversamente da anistia, em que atinge os créditos ainda não lançados, abrange somente
infrações cometidas antes da vigência da lei. Ambas as hipóteses necessitam de lei específica,
assim como a isenção, que por seu turno, impede a incidência de tributação, se dá antes do
lançamento, consiste em um benefício fiscal, em situações futuras. Já a imunidade é hipótese
em que se retira do fisco o poder de tributar, é uma incompetência de tributar, hipótese de não
incidência constitucionalmente prevista, diferentemente da exclusão, em que há fato gerador
e a situação está prevista no campo de incidência, todavia, não há prerrogativa para
lançamento do crédito tributário, não se formando.

A isenção, como já dito anteriormente, impede o lançamento, o surgimento do crédito


tributário, ele sequer “nasce”. Há ocorrência de fato gerador, se configurando como
benefício/incentivo fiscal, motivo pelo qual causa estranheza sua classificação como forma de
exclusão do crédito, já que não há formação/surgimento do crédito.

4. Qual o lapso temporal do prazo decadencial? Qual o marco inicial e final? É correto
afirmar que o início da contagem do prazo decadencial pode ser diferente dependendo
do tipo de lançamento? Justifique.

O prazo decadencial, ou seja, o prazo para constituir o crédito tributário é de 5 anos, datados:
i. do primeiro dia do exercício seguinte àquele que o lançamento poderia ter sido efetuado; ou
ii. da data em que tornar definitiva a decisão que anular lançamento anteriormente efetuado;
É o que consta do artigo 173, I e II, do CTN.
Sim, a contagem depende do tipo de lançamento.
Para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, utiliza-se a previsão do artigo 150,
§4°, do CTN, mas se não houver realizado pagamento, utiliza-se a regra do artigo 173, I, do
CTN. Se recolhido a menos, utiliza-se também o art. 150, §4°, iniciando a contagem a partir
do fato gerador. Se for sujeito a lançamento de ofício ou declaração, utiliza-se a regra do art.
173, I, do CTN.
- Lançamento por ofício: art. 173, I
- Lançamento por homologação: art. 150, §4°, do CTN
- pagamento indevido ou menor: da data do fato gerador (art. 150, §4°, CTN)
- lançado mas não pago: prazo é prescricional
- não declarado e não pago: art. 173, I, do CTN

5. Qual o lapso temporal do prazo prescricional? Qual o marco inicial e final do lustro
prescricional?

O prazo inicial da contagem de prazo prescricional é da data em que se constituir o crédito


(art. 174, do CTN), sendo o prazo final 5 anos contados da constituição.

6. Existe prescrição durante o trâmite do processo no âmbito administrativo ?


Justifique. E no âmbito do processo judicial? Justifique.

A constituição definitiva do crédito tributário só ocorre com a conclusão do processo


administrativo tributário. Nos termos do artigo 151, III, do CTN, há previsão de que fica
suspensa a exigibilidade do crédito tributário, ou seja, não se constitui, motivo pelo qual não
há que se falar em prazo prescricional. É o que confirma o REsp n. 1.113.959, que firmou
entendimento de que não corre prazo prescricional em processo administrativo tributário, e,
sequer, de prescrição intercorrente.
No que diz respeito ao processo judicial, o artigo 174, I, estabelece que interrompe o prazo
prescricional o despacho do juiz que ordenar citação em execução fiscal. Mas, na Lei de
Execução Fiscal, o art. 40, determina a suspensão da execução fiscal e do prazo prescricional
em 1 ano quando não localizado o devedor ou bens penhoráveis.
Entende o STJ que o prazo é automático da data em que a Fazenda toma ciência da
inexistência de bens ou da não localização do devedor. Findo o prazo, inicia-se
automaticamente o prazo da prescrição intercorrente, de 5 anos.
REFERÊNCIAS

AVALLONE, Erica. Suspensão da exigibilidade do Crédito Tributário: conceito e


modalidades. conceito e modalidades. Disponível em:
https://ericaavallone.jusbrasil.com.br/artigos/267771698/suspensao-da-exigibilidade-do-credi
to-tributario-conceito-e-modalidades#:~:text=Suspendem%20a%20exigibilidade%20do%20c
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jul. 2022.

OLIVEIRA, Ricardo Pereira de. Exclusão do Crédito Tributário. 2022. Disponível em:
https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/exclusao-do-credito-tributario/. Acesso em: 02
ago. 2022.

ALENCAR, Morgana. Causas de Extinção do Crédito Tributário. Disponível em:


https://www.turivius.com/portal/extincao-do-credito-tributario-conheca-seus-aspectos-gerais-
e-previsao-legal/#:~:text=Em%20regra%2C%20a%20extin%C3%A7%C3%A3o%20do,quan
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https://cleversonteixeira.adv.br/decadencia-e-prescricao-tributaria-2/

https://murilobudaz.jusbrasil.com.br/artigos/305953756/aprenda-a-contar-o-prazo-decadencia
l-no-direito-tributario

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