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Casos Práticos- Atos legislativos, princípios e competências

Direito Constitucional (Universidade Lusófona do Porto)

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Casos práticos
Atos legislativos, princípios e competências

1. Que atos legislativos conhece?


Artigo 112 nº1
Os atos normativos são atos normativos que são aprovados no contexto de um
procedimento legislativo.

2. Explique o que entende por princípio da reserva de lei e da prevalência da lei.


As matérias elencadas nestes artigos 16 e 165, só podem ser objetos de lei da
Assembleia da República. No âmbito do artigo 165, a Assembleia da República tem
competência exclusiva para legislar sobre essas matérias, salvo se aprovar uma ei de
autorização que tenha por objetivo considerar a autorização de legislar do governo ou
das Assembleias Legislativas Regionais.
A reserva de lei divide-se assim em: Reserva absoluta de lei- Por exemplo: Só a
Assembleia da República pode legislar sobre o regime geral, de sítio ou de emergência
(Art.164 alínea E) Reserva relativa de lei- Por exemplo: Só a Assembleia da República
pode legislar sobre as restrições aos direitos fundamentais, salvo se autorizar o
governo a legislar sobre essas matérias, mediante uma lei de autorização (Art.165
alínea B).
A prevalência da lei significa que as leis de valor reforçado da Assembleia da República
prevalecem sobre as demais leis da Assembleia da República, os decretos-leis do
governo e os demais atos normativos à exceção da lei constitucional. A lei de valor
reforçado só pode ser modificada ou revogada por lei de igual valor ou pela lei
constitucional. (Art.166 nº2 + Art.164 alínea F-Lei orgânica da nacionalidade + Art.112
nº2).

3. Explique o que entende por princípio da tendencial paridade entre lei e


decreto-lei. Nos termos do artigo 1112 nº2 1ªparte, as leis e decretos-leis tem
igual valor, isto significa que a lei da Assembleia da República sem valor
reforçado, pode revogar ou modificar os decretos-leis do governo e os decretos-
leis do governo podem modificar ou revogar estas leis da Assembleia da
República.
Este princípio fundamenta a competência legislativa concorrencial entre a Assembleia
da República e o governo (Art.161 alínea C 1ªparte + Art.198 nº1 alínea A). As matérias
objeto de lei e decretos-leis de igual valor são todos aqueles que não estão
expressamente previstas no Art.164 e 165 + Art.198 nº2.

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4. O que são leis de valor reforçado? As leis de valor reforçado são leis da
Assembleia da República que prevalecem sobre os demais atos normativos a
exceção da Constituição, e podem ser leis orgânicas (Art.166 nº2), leis de
enquadramento (Art.164/165 -que não sejam leis de bases nem leis orgânicas),
leis de autorização (Art.165), leis de bases (Art.164 alínea I + Art.165 alínea F, G,
N, T, U e Z) e as leis do artigo 168 nº6.

5. Defina, através de um exemplo prático, no contexto do poder legislativo o que


entende por: • Competência absoluta- Uma lei de enquadramento sobre a
autonomia organizativa- administrativa do apoio ao Presidente da República
(Art.164 alínea V).
• Competência relativa- (Da Assembleia da República) - Art.165 nº1 alínea A, ou seja, a
Assembleia da República aprova uma lei de autorização mediante a qual autoriza o
governo a legislar sobre o estado e capacidade das pessoas. A Assembleia da República
aprova uma lei de autorização sobre o arrendamento urbano, mediante a qual autoriza
as Assembleias Legislativas Regionais a legisla sobre esta matéria (Art.165 nº2 alínea H
+Art.227 nº1 alínea B).
• Competência exclusiva- Competências próprias: Assembleia da República-Art.164 e
165. : Governo (só o governo pode legislar sobre a sua organização e funcionamento) -
Art.198 nº2. : Assembleias Legislativas Regionais- Art.227 nº1 alínea A; Açores-
Art.37+47+67; Madeira- Art.37 alínea C +40.
• Competência concorrencial- Art.112 nº2 1ªparte + Art.161 alínea C + Art.198 nº1. O
governo e a Assembleia da República podem legislar sobre qualquer umas das matérias
que não são estão abrangidas pelos artigos 164 e 165 e 198 nº2 (leis de
alteração climática que não sejam leis de bases do ambiente).

Leis de Valor Reforçado

AR decide alterar a lei-quadro da política de emprego que estabelece os princípios


gerais de enquadramento da política de emprego. - As leis de enquadramento são leis
que apenas podem incidir sobre matérias da competência legislativa exclusiva da
Assembleia da República, absoluta ou relativa. As políticas de emprego não se
enquadram nesses artigos. - Neste contexto a lei-quadro será apenas uma lei de
princípios à semelhança de uma lei de bases aprovado no contexto da competência
concorrencial entre o governo e a Assembleia da República, mas não deixa de ser uma
lei com valor reforçado por estabelecer os princípios gerias de um regime.
A. Será que a Assembleia da República pode alterar esta lei-quadro?
Pode. Se a lei for criada no âmbito da competência concorrencial da Assembleia da
República, então a Assembleia da República pode alterar.

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B. Será que esta lei pode conter normas procedimentais sobre a prática de atos
jurídicos pelos Centros de Emprego?
Se fosse uma lei de enquadramento, tal norma poderia ter norma de procedimento.
Contendo apenas princípios gerais assemelha-se mais a uma lei de bases.

C. Será que o Governo pode criar uma lei-quadro sobre esta matéria?
O governo pode aprovar no uso da sua competência concorrencial com a Assembleia
da República um decreto-lei sobre a política de emprego uma vez que se trata de uma
matéria abrangida pela competência legislativa concorrencial entre estes dois órgãos
de soberania (Art.161 alínea C 1ªparte + Art.198 alínea A).

D. Será que o Governo pode desenvolver esta lei-quadro? Sim, o governo pode
desenvolver uma lei-quadro no âmbito da sua competência de
desenvolvimento (Art.198 nº1 alínea C).
E a Assembleia Legislativa Regional da Madeira?
A Assembleia Legislativa Regional da Madeira pode legislar no âmbito da sua
competência própria sobre o trabalho (Art.40 alínea N- do estatuto da região
autónoma da madeira + Art.37 nº1 alínea C + Art.227 nº1 alínea A- da Constituição
Portuguesa).
Mas as Assembleias Legislativas Regionais também podem desenvolver certas leis com
valor reforçado da Assembleia da República, por exemplo: Leis de bases ou leis quadro
que em virtude do artigo 227 nº1 alínea B e C não estão vedados atividade legislativa
das Assembleias Legislativas Regionais. No entanto esta matéria não se enquadra em
nenhum destas alíneas referentes à competência exclusiva da Assembleia da República
na qual a competência legislativa autorizada e complementar das Assembleias
Legislativas Regionais (se situa). Por outras palavras, esta matéria é da competência
concorrencial entre a Assembleia da República e do governo, por isso não é
competência legislativa neste contexto (porque não existe competência concorrencial
entre Assembleias Legislativas Regionais e as Assembleia da República) da Assembleias
Legislativas Regionais.

2. AR decide alterar a Lei de Bases do Ambiente.


A. Será que o pode fazer?
Sim. Artigo 165 alínea g) da CRP= Lei de Bases do Ambiente, princípio da reserva
relativa de lei. A Assembleia da República pode aprovar uma Lei de Bases desta forma
também pode modificar e revogar esta lei de bases no âmbito do princípio da reserva
relativa de lei.

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B. E Governo? Assembleia Legislativa Regional?


Não. Em virtude do princípio da reserva relativa de lei da Assembleia da República
previsto no artigo 165 da CRP onde se inclui as bases relativas à proteção da natureza
na alínea g).

C. Será que o Governo e a Assembleia Legislativa Regional podem desenvolver


esta lei de bases?
O Governo pode desenvolver a lei de bases da Assembleia da República através de um
decreto-lei de desenvolvimento (artigo 165 g) + 198 nº 1 c) da CRP). As Assembleias
Legislativas Regionais podem desenvolver a lei de bases através de um decreto
legislativo regional de desenvolvimento (artigo 227 nº 1 c) da CRP + 37 e) do Estatuto
da Madeira + 38 do Estatuto da Madeira.
D. Será que a lei de bases pode conter normas procedimentais?
Não. A lei de bases não contém regras processuais.

E. Será que lei de bases pode revogar um decreto-lei de desenvolvimento anterior


contrário às disposições novas da lei de bases?
Sim. Em conformidade com o princípio da prevalência da lei de valor reforçado sobre o
decreto-lei de desenvolvimento (artigo 112 nº 2 terceira ou última parte da CRP “que
desenvolvem as bases gerais dos regimes jurídicos”).
F. Se a lei de bases for modificada e o decreto-lei de desenvolvimento não o for,
qual a consequência?
O decreto-lei é ilegal em virtude da violação do princípio da prevalência da lei de valor
reforçado (artigo 112 nº 2 terceira ou última parte) (desconformidade com o conteúdo
de uma lei de valor reforçado e também é inconstitucional porque o princípio da
prevalência da lei de valor reforçado também é um princípio constitucional.

3. AR decide conceder uma lei de autorização ao Governo para que este legisle
sobre matéria de saúde pública?
A. Será que o pode fazer?
Sim. A Assembleia da República, em conformidade com o princípio da reserva relativa
de lei, pode aprovar uma lei de autorização (lei de valor reforçado) mediante a qual
autoriza o governo a legislar sobre saúde pública (artigo 165 f) se for sobre o sistema
nacional de saúde ou artigo 165 b) se for sobre o direito fundamental à saúde + 198 nº
1 b) da CRP)

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B. Será que um particular pode invocar num tribunal uma lei de autorização para
fazer valer os seus direitos?
A lei de autorização tem por destinatários o Governo (artigo 165 da CRP) ou as
Assembleias Legislativas Regionais (artigo 227 nº 1 b) da CRP). No entanto, um cidadão,
no contexto de um processo judicial no qual é parte, pode invocar o conteúdo de uma
lei de autorização para fundamentar a ilegalidade de um decreto-lei autorizado ou de
decreto legislativo regional autorizado, que se aplica ao caso concreto e que deveria
estar em conformidade com o conteúdo da lei de autorização.

C. A modificação do sentido da lei de autorização tem por consequência a


revogação de um decreto-lei autorizado sobre matérias objeto da anterior
autorização?
Não, se o governo aprovou um decreto-lei autorizado em conformidade com uma lei
de autorização e dentro do prazo que ela prevê, a nova lei de autorização só produz
efeitos para o futuro. Deverá ser o governo a aprovar novo decreto-lei autorizado em
conformidade com a nova lei de autorização para modificar o decreto-lei autorizado
anterior (artigo 165 nº 2 (a lei de autorização define um prazo para o governo legislar)
+ nº 3 (as autorizações legislativas não podem ser utilizadas mais de uma vez, salvo se
o seu conteúdo prevê a sua execução parcelada).

D. A lei de autorização autoriza o Governo a legislar sobre esta matéria até ao dia
27 de março. No dia 5 de março a AR decide revogar a autorização. Será que o
Governo ainda poderia legislar?
O Governo deveria legislar antes da entrada em vigor da lei que revoga a lei de
autorização anterior, ou seja, da lei de 5 de março (princípio da prevalência da lei de
autorização artigo 112 nº 2 segunda parte da CRP “sem prejuízo da subordinação às
correspondentes leis dos decretos-leis publicados no uso de autorização legislativa).

Poder legislativo das Regiões Autónomas Versus Poder Legislativo da


Assembleia da República
A Assembleia Legislativa Regional (ALR) dos Açores cria um decreto legislativo regional
em matéria de saúde. Explique se a ALR poderia legislar sobre esta matéria. Quais os
poderes legislativos próprios da ALR e quais as limitações do poder legislativo das
regiões autónomas?
A Assembleia Legislativa Regional (ALR) da Madeira pretende legislar em matéria de
fronteiras marítimas. Poderá fazê-lo? A Assembleia Legislativa Regional da Madeira
aprova um decreto legislativo regional sobre atos ilícitos de mera ordenação social sem
lei de autorização da Assembleia da República. Qual a consequência?

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