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Casos práticos
Atos legislativos, princípios e competências
4. O que são leis de valor reforçado? As leis de valor reforçado são leis da
Assembleia da República que prevalecem sobre os demais atos normativos a
exceção da Constituição, e podem ser leis orgânicas (Art.166 nº2), leis de
enquadramento (Art.164/165 -que não sejam leis de bases nem leis orgânicas),
leis de autorização (Art.165), leis de bases (Art.164 alínea I + Art.165 alínea F, G,
N, T, U e Z) e as leis do artigo 168 nº6.
B. Será que esta lei pode conter normas procedimentais sobre a prática de atos
jurídicos pelos Centros de Emprego?
Se fosse uma lei de enquadramento, tal norma poderia ter norma de procedimento.
Contendo apenas princípios gerais assemelha-se mais a uma lei de bases.
C. Será que o Governo pode criar uma lei-quadro sobre esta matéria?
O governo pode aprovar no uso da sua competência concorrencial com a Assembleia
da República um decreto-lei sobre a política de emprego uma vez que se trata de uma
matéria abrangida pela competência legislativa concorrencial entre estes dois órgãos
de soberania (Art.161 alínea C 1ªparte + Art.198 alínea A).
D. Será que o Governo pode desenvolver esta lei-quadro? Sim, o governo pode
desenvolver uma lei-quadro no âmbito da sua competência de
desenvolvimento (Art.198 nº1 alínea C).
E a Assembleia Legislativa Regional da Madeira?
A Assembleia Legislativa Regional da Madeira pode legislar no âmbito da sua
competência própria sobre o trabalho (Art.40 alínea N- do estatuto da região
autónoma da madeira + Art.37 nº1 alínea C + Art.227 nº1 alínea A- da Constituição
Portuguesa).
Mas as Assembleias Legislativas Regionais também podem desenvolver certas leis com
valor reforçado da Assembleia da República, por exemplo: Leis de bases ou leis quadro
que em virtude do artigo 227 nº1 alínea B e C não estão vedados atividade legislativa
das Assembleias Legislativas Regionais. No entanto esta matéria não se enquadra em
nenhum destas alíneas referentes à competência exclusiva da Assembleia da República
na qual a competência legislativa autorizada e complementar das Assembleias
Legislativas Regionais (se situa). Por outras palavras, esta matéria é da competência
concorrencial entre a Assembleia da República e do governo, por isso não é
competência legislativa neste contexto (porque não existe competência concorrencial
entre Assembleias Legislativas Regionais e as Assembleia da República) da Assembleias
Legislativas Regionais.
3. AR decide conceder uma lei de autorização ao Governo para que este legisle
sobre matéria de saúde pública?
A. Será que o pode fazer?
Sim. A Assembleia da República, em conformidade com o princípio da reserva relativa
de lei, pode aprovar uma lei de autorização (lei de valor reforçado) mediante a qual
autoriza o governo a legislar sobre saúde pública (artigo 165 f) se for sobre o sistema
nacional de saúde ou artigo 165 b) se for sobre o direito fundamental à saúde + 198 nº
1 b) da CRP)
B. Será que um particular pode invocar num tribunal uma lei de autorização para
fazer valer os seus direitos?
A lei de autorização tem por destinatários o Governo (artigo 165 da CRP) ou as
Assembleias Legislativas Regionais (artigo 227 nº 1 b) da CRP). No entanto, um cidadão,
no contexto de um processo judicial no qual é parte, pode invocar o conteúdo de uma
lei de autorização para fundamentar a ilegalidade de um decreto-lei autorizado ou de
decreto legislativo regional autorizado, que se aplica ao caso concreto e que deveria
estar em conformidade com o conteúdo da lei de autorização.
D. A lei de autorização autoriza o Governo a legislar sobre esta matéria até ao dia
27 de março. No dia 5 de março a AR decide revogar a autorização. Será que o
Governo ainda poderia legislar?
O Governo deveria legislar antes da entrada em vigor da lei que revoga a lei de
autorização anterior, ou seja, da lei de 5 de março (princípio da prevalência da lei de
autorização artigo 112 nº 2 segunda parte da CRP “sem prejuízo da subordinação às
correspondentes leis dos decretos-leis publicados no uso de autorização legislativa).