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As leis (em sentido formal) são os atos que fazem parte da função legislativa e que a
CRP qualifica como atos legislativos.
Os regulamentos administrativos são os atos regulamentares que fazem parte da função
administrativa e dizem respeito à aplicação dessas normas, e são emanados por órgãos ou
autoridades competentes no exercício da função administrativa.
Hierarquia dos atos normativos:
1. CRP
2. Lei (as leis têm de respeitar a CRP, sob pena de serem inconstitucionais)
3. Escalão infralegal (composto pelos atos administrativos que, se não respeitarem a
Lei, são ilegais, de acordo com o princípio da legalidade da administração – a
administração está subordina à Lei)
Aquilo que vamos estudar é a função legislativa e os atos legislativos (as leis).
1. Leis e Decretos-Leis
A AR e o Governo têm uma competência legislativa genérica e produzem,
respetivamente, leis e decretos-leis.
Nos termos do artigo 112.º/2, as leis e os decretos-leis possuem o mesmo valor porque se
encontram no mesmo nível da hierarquia da lei. Portanto, um decreto-lei pode revogar ou
alterar uma lei da AR ou vice-versa, prevalecendo aquele que vier por último.
O Governo tem competência legislativa própria, por direito próprio. Pode legislar de
forma independente da AR e vale a lógica de igual valor.
O Governo tem de responder perante a AR e esta pode fazer cair o Governo (isto porque
a AR, no plano político, domina o Governo), embora sejam os dois órgãos de soberania
com competência legislativa única.
De certa forma, nos Estados sociais atuais, é natural que os executivos tenham
competência legislativa: fazer uma lei, pela AR, é um processo muito mais complexo do
que o de um decreto-lei. No entanto, o processo dos decretos-leis também tem
inconvenientes em relação às leis.
Vantagens:
- Há mais eficácia, rapidez e capacidade de resposta - Muitas vezes, é preciso que o
Governo tenha capacidade de responder aos problemas diários de forma rápida, e o
processo dos decretos-leis é mais fechado, (“de um dia para o outro”, pode-se fazer um
decreto-lei).
Inconvenientes:
- Há menos transparência e democracia – A AR tem uma legitimidade democrática mais
forte do que a do Governo. O processo legislativo parlamentar é transparente, aberto à
sociedade e plural (é mais burocrático, uma vez que participam todas as correntes
políticas com assento parlamentar). A AR prevalece no que diz respeito aos valores
democráticos, embora não tenha uma capacidade de resposta tão boa quanto a do
Governo.
Em todo o caso, a AR continua a ser o órgão legislativo por excelência por representar a
democracia – a AR detém a supremacia legislativa. Esta manifesta-se, sobretudo, no
facto de ter exclusividade quanto às matérias mais importantes (artigo 161.º + artigo 164.º
+ artigo 165.º).
Portanto, a simetria entre Governo e AR é, no fundo, aparente, no sentido em que o
Governo tem muito menos autonomia legislativa em termos de matéria política, social,
económica, etc. O Governo, salvo autorização da AR, só legisla acerca do seu próprio
funcionamento e organização.
Artigo 136.º CRP – Promulgação e veto
- O Presidente da República tem competência para promulgar e mandar publicar as leis e
os decretos-leis – artigo 134.º/b).
- O veto tem que ver com o poder de promulgação do Presidente da República.
- Nº1: O veto presidencial é um veto suspensivo – suspende a entrada em vigor dos
diplomas, devolvendo-os à AR.
- Nº2 e Nº3: Veicula-se que o PR fica obrigado a promulgar o diploma se a AR o
confirmar. A AR pode superar o veto, na maioria dos casos, quando existe uma maioria
absoluta dos Deputados em efetividade de funções. Nas matérias mais sensíveis, é
necessária uma maioria absoluta de 2/3 dos Deputados em efetividade de funções para
superar o veto presidencial.
- Nº4: Veicula-se que, no conflito entre o PR e o Governo, a maior força é dada ao PR.
Ao contrário da AR, que pode superar o veto do PR, o veto dos diplomas do Governo é
definitivo. No entanto, nos casos de maiorias absolutas, e uma vez que a AR passa a estar
“controlada” pelo Governo, a AR confirma aquilo que o Governo deseja – as maiorias
absolutas enfraquecem o poder de veto do PR.
Artigo 137.º CRP – Falta de promulgação ou de assinatura
- A falta de promulgação ou de assinatura determina a inexistência jurídica do ato.
- A lei adquire existência jurídica quando é promulgada. Enquanto não é promulgado, o
ato legislativo é um decreto. Quando é publicado em Diário da República, passa a ser lei
e adquire nome próprio.
Artigo 140.º CRP – Referenda ministerial
- A falta de referenda ministerial leva à inexistência jurídica do ato.
❖ Leis de bases
As leis de bases apresentam os princípios base sobre os quais trabalham os decretos-lei
de desenvolvimento – artigo 198.º/1/c). Estes decretos-leis de desenvolvimento:
• devem respeitar os princípios contidos nas respetivas leis de bases (artigo
112.º/2/2.ª parte);
• se contrariarem as leis de bases, estamos perante uma ilegalidade (regulada pelo
TC).