Você está na página 1de 42

Regente do curso: Dr.

João Caupers

Professor das aulas teóricas: Dr. José Tavares


Professor das aulas práticas: Dr. Manuel Freire Barros

Bibliografia:
Introdução ao Direito Administrativo, Dr. João Caupers 7ª edição, Âncora
editora
Curso de Direito Administrativo, Dr. Freitas do Amaral, volume I, 2ªedição,
Almedina

Constituição da República Portuguesa


Permanentemente debaixo do braço !!

Código do Procedimento Administrativo

O regulamento administrativo
O procedimento regulamentar

Fundamento jurídico geral


O fundamento jurídico do poder regulamentar no Estado social de
direito, encontra-se nas normas constitucionais e legais atributivas
de competência regulamentar.

Regulamento administrativo
Conjunto de normas jurídicas editadas por um órgão de uma
pessoa colectiva pública, no exercício do poder administrativo.

1
Vários critérios de distinção entre regulamento e lei

Lei Regulamento

 À lei cabe a fixação dos princípios de  Ao regulamento cabe estabelecer o


um certo regime jurídico. detalhe de tais princípios.

 Encarregar-se-ia dos aspectos visando


 Ideia de novidade, conteria previsões
facilitar a aplicação da lei, sem inovar.
normativas novas.

 As leis aprovadas pelo Governo  Os regulamentos independentes do


revestem a forma de decretos--leis e Governo revestem a forma de decretos
são editadas ao abrigo do art. 198° da regulamentares (art. 112°/ 7 da CRP) e
CRP. são editados ao abrigo do art. 199° da
CRP.

 A lei só pode ver a sua validade  O regulamento tem também de


aferida pela CRP. respeitar a lei.

Distinção entre regulamento e acto administrativo

Regulamento Acto administrativo


 Apresenta carácter normativo.  É individual e concreto.
 Em matéria de interpretação,  Em matéria de interpretação,
integração de lacunas e validade, integração de lacunas e validade,
aplicar-se-ão, subsidiariamente os aplicar-se-ão, subsidiariamente os
princípios e regras relativos às leis. princípios e regras relativos aos
negócios jurídicos.

Classificações dos regulamentos administrativos

Critério da dependência face à lei:

 Regulamentos complementares (ou de execução)


Desenvolvem e detalham uma determinada lei, em cujo texto a
sua emissão se encontra expressamente prevista (operam como
condição de exequibilidade de algumas das normas legais que regulamentam)

 Regulamentos independentes (ou autónomos)


Não se referem a nenhuma lei em especial (mas tem de identificar a
norma legal que atribui competência regulamentar ao seu autor)

2
Critério do objecto das normas regulamentares:

 Regulamentos de organização
Estruturam um aparelho administrativo.

 Regulamentos de funcionamento
Incidem sobre os métodos de actuação de órgãos e serviços
públicos

 Regulamentos de polícia
Operam restrições à liberdade individual.

Critério da projecção da eficácia do regulamento:

 Regulamentos internos
Apenas produzem efeitos no interior da pessoa colectiva pública
cujo órgão os editou.

 Regulamentos externos
Projectam os seus efeitos nas esferas jurídicas de outros sujeitos
de direito

Limites do poder regulamentar

3 limites :

 Reserva de competência legislativa da A.R (arts.164°e165°


CRP)
Nas matérias que integram esta reserva, o Governo somente
pode aprovar regulamentos de execução.

 Regulamentos das autarquias locais ( art. 241° CRP)


Os regulamentos editados por órgãos da freguesia, não podem
dispor em contrário dos regulamentos do município em cujo
território se inclua o território da freguesia.

 Eficácia retroactiva
As normas dos regulamentos administrativos, não podem ter
eficácia retroactiva.

3
Competência regulamentar
Decreto regulamentar
Forma obrigatória dos regulamentos independentes (art. 112°/6 CRP)

Resolução do Conselho de Ministros


Pode ter ou não, natureza regulamentar

Portaria
Quando possui natureza regulamentar, é da autoria de um ou mais
Governo ministros em nome do Governo.

Despacho normativo
Regulamento editado por um ou mais ministros em nome próprio.

Despacho simples
Geralmente têm a forma de actos administrativos, mas por vezes
apresentam natureza regulamentar.

Decreto regional (arts 232°/1 e 227°/1/d CRP)


Quando se trata de regulamentar uma lei Geral da República
a competência pertence à Assembleia Legislativa Regional.
Regiões
Autónomas Decreto regulamentar regional
Quando a regulamentação tem por objecto um decreto
legislativo regional, a competência é do Governo regional.

Assembleia de freguesia
Competência para aprovar regulamentos com eficácia externa,
sob proposta da Junta de freguesia.

Autarquias Câmara municipal


Locais Competência para aprovar regulamentos em matérias da sua
(art. 241°CRP) exclusiva competência.
(Lei n° 169/99)
Assembleia Municipal
Compete a aprovação dos restantes regulamentos do município,
sob proposta da Câmara municipal

Institutos públicos
Podem dispor de competência
Entidades Públicas Empresariais regulamentar, nos termos das
respectivas leis orgânicas ou
estatutos.
4
Associações públicas

Modo de produção dos regulamentos


(artigos 114° a 119° do CPA)

 Iniciativa procedimental dos interessados

Artigo 115º

Petições
1 - Os interessados podem apresentar aos órgãos competentes petições
em que solicitem a elaboração, modificação ou revogação de
regulamentos, as quais devem ser fundamentadas, sem o que a
Administração não tomará conhecimento delas.

2 - O órgão com competência regulamentar informará os interessados do


destino dado às petições formuladas ao abrigo do nº 1, bem como dos
fundamentos da posição que tomar em relação a elas.

Artigo 116º

Projecto de regulamento
Todo o projecto de regulamento é acompanhado de uma nota justificativa
fundamentada.

 Direito de participação procedimental dos interessados

Artigo 117º

Audiência dos interessados

1 - Tratando-se de regulamento que imponha deveres, sujeições ou


encargos, e quando a isso se não oponham razões de interesse público,
as quais serão sempre fundamentadas, o órgão com competência
regulamentar deve ouvir, em regra, sobre o respectivo projecto, nos
termos definidos em legislação própria, as entidades representativas dos
interesses afectados, caso existam.

2 - No preâmbulo do regulamento far-se-á menção das entidades ouvidas.

5
 Apreciação pública dos projectos de regulamento

Artigo 118º
Apreciação pública

1 - Sem prejuízo do disposto no artigo anterior e quando a natureza da


matéria o permita, o órgão competente deve, em regra, nos termos da
legislação referida no artigo anterior, submeter a apreciação pública, para
recolha de sugestões, o projecto de regulamento, o qual será, para o
efeito, publicado na 2ª série do Diário da República ou no jornal oficial da
entidade em causa.

2 - Os interessados devem dirigir por escrito as suas sugestões ao órgão


com competência regulamentar, dentro do prazo de 30 dias contados da
data da publicação do projecto de regulamento.

3 - No preâmbulo do regulamento dar-se-á menção de que o respectivo


projecto foi objecto de apreciação pública, quando tenha sido o caso.

Publicação
Decretos regulamentares
1.ª Série - B do
Resoluções do Conselho de Ministros
Diário da República
Portarias
Despachos normativos

Boletim autárquico Posturas


Regulamentos autárquicos
ou
Edital Regulamentos de polícia

Vigência

Os regulamentos podem cessar a sua vigência por :

 Caducidade (por decurso do seu prazo ou revogação sem substituição da lei


respectiva)

 Revogação (com substituição da lei que visava regulamentar art. 119° / 1


CPA)
6
 Anulação contenciosa

 Ilegalidade

Artigo 119º

Regulamentos de execução e revogatórios

1 - Os regulamentos necessários à execução das leis em vigor não podem


ser objecto de revogação global sem que a matéria seja objecto de
revogação global e sem que a matéria seja simultaneamente objecto de
nova regulamentação.

2 - Nos regulamentos far-se-á sempre menção especificada das normas


revogadas.

Contratos administrativos
Contrato administrativo (art. 178° /1 CPA)
Acordo de vontades pelo qual é constituída, modificada ou extinta
uma relação jurídico-administrativa.

CAPITULO III
Do contrato administrativo

Artigo 178º

Conceito de contrato administrativo

1 - Diz-se contrato administrativo o acordo de vontades pelo qual é


constituída, modificada ou extinta uma relação jurídica administrativa.

Distinção entre contratos administrativos e contratos


privados

Critérios:
 Da sujeição
Assenta na ideia de inferioridade do contraente privado.

 Do objecto
Aquele que constitui, modifica ou extingue uma relação jurídica
de direito administrativo. (Art. 178° / 1 CPA)
7
 Estatutário
Concepção do Direito administrativo como o direito da
Administração Pública

CAPITULO III

Do contrato administrativo

Artigo 178º

Conceito de contrato administrativo

1 - Diz-se contrato administrativo o acordo de vontades pelo qual é


constituída, modificada ou extinta uma relação jurídica
administrativa.

2 - São contratos administrativos, designadamente, os contratos de:

a) Empreitada de obras públicas


b) Concessão de obras públicas;
c) Concessão de serviços públicos;
d) Concessão de exploração do domínio público;
e) Concessão de uso privativo do domínio público;
f) Concessão de exploração de jogos de fortuna ou azar;
g) Fornecimento contínuo;
h) Prestação de serviços para fins de imediata utilidade pública.

As competências dos órgãos da Administração Pública


podem ser exercidas por via da outorga de contratos
administrativos (art. 179° CPA)

Artigo 179º

Utilização do contrato administrativo

Os órgãos administrativos, na prossecução das atribuições da pessoa


colectiva em que se integram, podem celebrar contratos administrativos,
salvo se outra coisa resultar da lei ou da natureza das relações a
estabelecer.

8
Formação do contrato
Princípio da igualdade
Por força dele, a lei estabelece normas detalhadas quanto à
escolha do co-contratante.

Formas que pode revestir tal escolha (art. 182° CPA):

 Concurso público
 Concurso limitado por prévia qualificação.
 Concurso limitado sem apresentação de candidaturas.
 Negociação, com ou sem publicação prévia de anúncio.
 Ajuste directo

Artigo 182º

Escolha do co-contratante
1 - Salvo o disposto em legislação especial, nos contratos que visem
associar um particular ao desempenho regular de atribuições
administrativas o co-contratante deve ser escolhido por uma das
seguintes formas:

a) Concurso público;
b) Concurso limitado por prévia qualificação;
c) Concurso limitado sem apresentação de candidaturas;
d) Negociação, com ou sem publicação prévia de anúncio;
e) Ajuste directo.

2 - Ao concurso público são admitidas todas as entidades que satisfaçam


os requisitos gerais estabelecidos por lei.

3 - Ao concurso limitado por prévia qualificação somente podem ser


admitidas as entidades seleccionadas pelo órgão administrativo
adjudicante.

4 - Ao concurso limitado sem apresentação de candidaturas apenas serão


admitidas as entidades convidadas, sendo o convite feito de acordo com
o conhecimento e a experiência que o órgão administrativo adjudicante
tenha daquelas entidades.

5 - Os procedimentos por negociação implicam a negociação do conteúdo


do contrato com um ou vários interessados.

6 - O ajuste directo dispensa quaisquer consultas.

9
Regra geral
Obrigatoriedade de concurso público (art. 183° CPA)

Artigo 183º

Obrigatoriedade de concurso

Com ressalva do disposto nas normas que regulam a realização de


despesas públicas ou em legislação especial, os contratos
administrativos devem ser precedidos de concurso público.

Decreto-Lei n° 197/98
Norma legal reguladora da realização de despesas inerentes aos
contratos da administração (administrativos ou não)

Adjudicação
Acto administrativo que corporiza a escolha do co-contratante .

Os contratos estão sujeitos à forma escrita


(art. 184° CPA)

Artigo 184º

Forma dos contratos

Os contratos administrativos são sempre celebrados por escrito, salvo se


a lei estabelecer outra forma.

Execução do contrato (art. 180°)


Poderes da Adm. Pública durante a execução do contrato
administrativo:
 Poder de fiscalização
 Poder de direcção do modo de execução das prestações devidas
 Poder de modificação unilateral
 Poder de aplicar sanções (em caso de inexecução, execução
defeituosa ou mora)

10
 Poder de rescisão unilateral

Artigo 180º

Poderes da Administração

Salvo quando outra coisa resultar da lei ou da natureza do contrato, a


Administração Pública pode:

a) Modificar unilateralmente o conteúdo das prestações, desde que seja


respeitado o objecto do contrato e o seu equilíbrio financeiro;

b) Dirigir o modo de execução das prestações;

c) Rescindir unilateralmente os contratos por imperativo de interesse


público devidamente fundamentado, sem prejuízo do pagamento de justa
indemnização;

d) Fiscalizar o modo de execução do contrato;

e) Aplicar as sanções previstas para a inexecução do contrato.


Espécies de contratos administrativos
(Art. 178°/ 2 CPA)
Artigo 178º

Conceito de contrato administrativo

1 - Diz-se contrato administrativo o acordo de vontades pelo qual é


constituída, modificada ou extinta uma relação jurídica administrativa.

2 - São contratos administrativos, nomeadamente, os contratos de:


i) Empreitada de obras públicas

j) Concessão de obras públicas;

k) Concessão de serviços públicos;

l) Concessão de exploração do domínio público;

m) Concessão de uso privativo do domínio público;

n) Concessão de exploração de jogos de fortuna ou azar;

o) Fornecimento contínuo;

p) Prestação de serviços para fins de imediata utilidade pública.

11
Contrato de empreitada de obras públicas
Através do qual um particular se encarrega de executar uma obra
pública, mediante uma retribuição a pagar pela Administração
Pública.

Contrato de concessão de obras públicas


Por via do qual um particular se encarrega de construir e explorar
uma obra pública mediante uma retribuição a pagar pelos utentes
sob a forma de taxas de utilização.

Contrato de concessão de serviços públicos


Idêntico ao precedente, mas em que o objecto é a exploração de
um serviço público.

Contrato de concessão de uso privativo do domínio público


Através do qual a Administração Pública proporciona a um
particular a utilização económica exclusiva de bens do domínio
público.

Contrato de concessão de exploração do domínio público


Através do qual a Administração Pública transfere para um
particular a gestão de bens do domínio público, cujo gozo este, por
sua conta e risco, se encarregará de proporcionar aos interessados.

Contrato de concessão de exploração de jogos de fortuna ou


azar
Através do qual a Administração Pública encarrega um particular da
exploração de um casino, sendo retribuído pelo lucro das receitas
provenientes do jogo.

Contrato de fornecimento contínuo


Pelo qual um particular se obriga a entregar regularmente à
Administração Pública, durante um certo período, bens necessários
ao funcionamento de um serviço público.

C. de prestação de serviços para fins de imediata utilidade


pública
Através do qual um particular se obriga perante a Administração
Pública a assegurar a deslocação de pessoas ou coisas entre
lugares determinados (contrato de transporte), ou a prestar-lhe a sua
actividade profissional como funcionário público (contrato de
provimento).

12
A invalidade do contrato
(art. 185° CPA)

Artigo 185º Regime de invalidade dos contratos

1 - Os contratos administrativos são nulos ou anuláveis, nos termos do


presente Código, quando forem nulos ou anuláveis os actos
administrativos de que haja dependido a sua celebração.

2 - São aplicáveis a todos os contratos administrativos as disposições do


Código Civil relativas à falta e vícios da vontade.

3 - Sem prejuízo do disposto no número 1, à invalidade dos contratos


administrativos aplicam-se os regimes seguintes:
a) Quanto aos contratos administrativos com objecto passível de acto
administrativo, o regime de invalidade do acto administrativo
estabelecido no presente Código;
b) Quanto aos contratos administrativos com objecto passível de
contrato de direito privado, o regime de invalidade do negócio jurídico
previsto no Código Civil.

Regra geral
O contencioso dos contratos administrativos segue a via da acção
administrativa comum (art. 37°/ 2 / h do CPTA)

Responsabilidade civil da Administração Pública

Responsabilidade extracontratual (por actos de gestão pública)


A obrigação que recai sobre uma pessoa colectiva que, actuando
sob a égide de regras de direito público, tiver causado prejuízos aos
particulares.

Qual o objectivo da responsabilização do Estado


e de outras entidades envolvidas no exercício de
actividades administrativas públicas?

O objectivo principal é a transferência do dano sofrido pelo


cidadão para o seu causador, através do pagamento de uma
quantia em dinheiro, a indemnização.
13
Responsabilidade subjectiva
Envolve um juízo de censura sobre o comportamento culposo do
causador do dano.

A responsabilidade subjectiva encontra-se enquadrada pelos artigos


22° e 271° da CRP e regulada nos artigos 1° a 4°, 6° e 7° do
Decreto-Lei n° 48 051, 21 de Novembro de 1967

Pressupostos da obrigação de indemnizar:

 Um acto ilícito
Culpa pessoal
 A culpa Culpa funcional
 O dano
 O nexo de causalidade
Regras quanto à obrigação de indemnizar:
(arts.2° e 7° do Dec-Lei n° 48051)

 Respondem solidariamente a pessoa colectiva e o agente


Pelos actos praticados no exercício de funções públicas e por causa
desse exercício.

 Responde exclusivamente o agente


Pelos actos praticados fora do exercício das funções ou no seu
exercício mas não por causa dele.

Responsabilidade objectiva pelo risco


(regulada no art. 8° do Dec-Lei n° 48051)
A sua razão de ser assenta na ideia de compensar as vantagens
que o exercício de determinadas actividades particularmente
perigosas proporciona àquele que as exerce, ou em favor de quem
são exercidas, com o dever de suportar os danos que elas causem
a terceiros.

Responsabilidade objectiva pela prática de actos líciitas


(assenta no art. 9°/ 1 do Dec-Lei n° 48051)
A razão de ser da sua existência é o princípio da justa repartição
dos encargos públicos: não seria justo que aquele que sofreu um
prejuízo causado por um comportamento administrativo praticado
no interesse e para proveito da colectividade não fosse ressarcido.

14
AS GARANTIAS DOS PARTICULARES

Garantias
São meios jurídicos de defesa dos particulares contra a
Administração Pública.
Políticas (por terem conteúdo político e se dirigem aos órgãos políticos)

Administrativas (graciosas)
Garantias
Provedor de Justiça

Jurisdicionais (contenciosas)

Dt° de petição (lei n° 43/90 de 10 de Agosto)


Garantias políticas
Dt° de Resistencia

Garantias administrativas
Efectivam-se através dos órgãos da Administração Pública,
aproveitando as próprias estruturas administrativas e os controlos
de mérito e de igualdade nelas utilizados.

De legalidade
De mérito
Mistas Direito de petição
Direito de representação (de resistência)
Petitórias Direito de denúncia
Garantias Direito de oposição administrativa
Administrativas Direito de queixa ao Provedor de J.

Reclamação
impugnatórias Recurso hierárquico
Recurso hierárquico impróprio
Recurso tutelar

15
Garantias petitórias

As que não pressupõem a prévia prática de uma acto


administrativo

Direito de petição ( Art. 52° CRP, Lei 43/90 de 10 de Agosto, Lei 6/93 1 de
Março)
Faculdade de solicitar aos órgãos da Administração Pública,
providências que se consideram necessárias. (esta garantia é
cumulável com qualquer outra garantia)

Direito de representação (de resistência) (art. 21° CRP)


Faculdade de chamar a atenção de um órgão da Administração
Pública responsável por uma determinada decisão administrativa,
para as consequências prováveis desta.

!!! Defesa dos cidadãos contra a execução de actos nulos!!!

Direito de denúncia
Faculdade de chamar a atenção de um órgão da Administração
Pública por um facto ou situação que este tenha a obrigação de
averiguar

Pode ser…

Direito de queixa
Quando o objecto da denúncia é o comportamento de um
funcionário ou agente da Administração Pública, com o objectivo de
que se proceda ao apuramento da responsabilidade disciplinar
deste.

Direito de oposição administrativa


Faculdade de contestar decisões que um órgão da Administração
Pública projecta tomar.

Direito de queixa para o Provedor de Justiça


O Estatuto do Provedor de Justiça consta da Lei n° 9/91, de 9 de
Abril, alterada pela Lei n° 30/96, de 14 de Agosto.

16
O âmbito subjectivo de actuação do Provedor de justiça encontra-se
constitucionalmente delimitado pelo n° 1 do artigo 23° da CRP

Garantias impugnatórias

Pressupõem sempre um comportamento administrativo e


consubstanciam-se em meios de ataque a tal comportamento

Reclamação (art. 158°/2/a CPA)

Consiste no pedido de reapreciação do acto administrativo, dirigido


ao seu autor.

Artigo.158º

Princípio geral

1 - Os particulares têm direito a solicitar a revogação ou a modificação dos


actos administrativos, nos termos regulados neste Código.
2 - O direito reconhecido no número anterior pode ser exercido, consoante os
casos:
a) Mediante reclamação para o autor do acto;

 Pode fundar-se na ilegalidade ou no demérito (art. 159 CPA)


Artigo 159º

Fundamentos da impugnação

Salvo disposição em contrário, as reclamações e os recursos podem ter por


fundamento a ilegalidade ou a inconveniência do acto administrativo
impugnado.

 O prazo de interposição da reclamação é de 15 dias (162° CPA)


Artigo 162º

Prazo da reclamação

A reclamação deve ser apresentada no prazo de 15 dias a contar:


a) Da publicação do acto no Diário da República ou em qualquer outro periódico
oficial, quando a mesma seja obrigatória;
b) Da notificação do acto, quando esta se tenha efectuado, se a publicação não
for obrigatória;
c) Da data em que o interessado tiver conhecimento do acto, nos restantes
casos.

17
 O prazo de decisão da reclamação é de 30 dias (art. 165° CPA)
Artigo 165º

Prazo para decisão

O prazo para o órgão competente apreciar e decidir a reclamação é de 30 dias.

 Qualquer reclamação ou qualquer outro meio de impugnação


administrativa, suspende o prazo de impugnação contenciosa do
acto sobre que incide ( art. 59°/4 CPTA )

Recurso hierárquico
Consiste no pedido de reapreciação do acto administrativo, dirigido
ao superior hierárquico do seu autor (art. 166°CPA).

Artigo 166º

Objecto
Podem ser objecto de recurso hierárquico todos os actos administrativos
praticados por órgãos sujeitos aos poderes hierárquicos de outros órgãos,
desde que a lei não exclua tal possibilidade.

 Distinguem-se duas espécies de recurso hierárquico:

1. Necessário,
Porque a sua não interposição inviabiliza a posterior impugnação
contenciosa

2. Facultativo
Se a sua não interposição, não afecta a posterior impugnação
contenciosa
 O recurso hierárquico pode fundar-se na ilegalidade ou no
demérito do comportamento administrativo (arts. 159° e 167°/2
CPA)
Artigo 167º

Espécies e âmbito

1 - O recurso hierárquico é necessário ou facultativo, consoante o acto a


impugnar seja ou não insusceptível de recurso contencioso.
2 - Ainda que o acto de que se interpõe recurso hierárquico seja susceptível de
recurso contencioso, tanto a ilegalidade como a inconveniência do acto podem
ser apreciados naquele.

18
 Recurso hierárquico é dirigido ao mais elevado superior
hierárquico do autor do acto recorrido (art. 169°/2 CPA)

Artigo 169º

Interposição

1 - O recurso hierárquico interpõe-se por meio de requerimento no qual o


requerente deve expor todos os fundamentos do recurso, podendo juntar os
documentos que considere convenientes.
2 - O recurso é dirigido ao mais elevado superior hierárquico do autor do acto,
salvo se a competência para a decisão se encontrar delegada ou subdelegada.
3 - O requerimento de interposição do recurso pode ser apresentado ao autor
do acto ou a quem seja dirigido.

 Se se tratar de recurso hierárquico necessário, o seu prazo de


interposição é de trinta dias (art. 168°/1 CPA)

 No caso de recurso hierárquico facultativo, o seu prazo de


interposição é idêntico ao da impugnação contenciosa e corre
paralelamente a este (art. 168°/2 CPA)

Artigo 168º

Prazos de interposição

1 - Sempre que a lei não estabeleça prazo diferente, é de 30 dias o prazo para a
interposição do recurso hierárquico necessário.
2 - O recurso hierárquico facultativo deve ser interposto dentro do prazo
estabelecido para interposição do recurso contencioso do acto em causa.

!!! O recurso hierárquico, ainda que facultativo, suspende o prazo de


impugnação contenciosa do acto sobre que incide (art. 59°/4 CPTA)
!!!!

 Quanto à tramitação do recurso hierárquico, o aspecto mais


relevante é a previsão da intervenção dos contra-interessados
(art. 171° CPA) e da intervenção do autor do acto recorrido,
podendo o recurso ser decidido, em sentido favorável ao
recorrente, por este (art. 172° CPA)
19
Artigo 171º

Notificação dos contra-interessados

Interposto o recurso, o órgão competente para dele conhecer deve notificar


aqueles que possam ser prejudicados pela sua procedência para alegarem, no
prazo de 15 dias, o que tiverem por conveniente sobre o pedido e os seus
fundamentos.

Artigo 172º

Intervenção do órgão recorrido

1 - No mesmo prazo referido no artigo anterior deve também o autor do acto


recorrido pronunciar-se sobre o recurso e remetê-lo ao órgão competente para
dele conhecer, notificando o recorrente da remessa do processo.
2 - Quando os contra-interessados não hajam deduzido oposição e os
elementos constantes do processo demonstrem suficientemente a procedência
do recurso, pode o autor do acto recorrido revogar, modificar ou substituir o
acto de acordo com o pedido do recorrente informando da sua decisão o órgão
competente para conhecer do recurso.

 A decisão do recurso hierárquico deve ser tomada no prazo de


30 dias (art. 175° CPA)

Artigo 175º

Prazo para a decisão

1 - Quando a lei não fixe prazo diferente, o recurso hierárquico deve ser decidido
no prazo de 30 dias contado a partir da remessa do processo ao órgão
competente para dele conhecer.
2 - O prazo referido no número anterior é elevado até ao máximo de 90 dias
quando haja lugar à realização de nova instrução ou de diligências
complementares.
3 - Decorridos os prazos referidos nos números anteriores sem que haja sido
tomada uma decisão, considera-se o recurso tacitamente indeferido.

 O superior hierárquico pode sempre confirmar ou revogar o acto


recorrido, declarar a respectiva nuliidade; podendo também
modificar ou substituir aquele acto, excepto se a competência do
autor for exclusiva (art.174° CPA)

20
Artigo 174º

Decisão

1 - O órgão competente para conhecer do recurso pode, sem sujeição ao pedido


do recorrente, salvas as excepções previstas na lei, confirmar ou revogar o acto
recorrido; se a competência do autor do acto recorrido não for exclusiva, pode
também modificá-lo ou substituí-lo.
2 - O órgão competente para decidir o recurso pode, se for caso disso, anular,
no todo ou em parte, o procedimento administrativo e determinar a realização de
nova instrução ou de diligências complementares.

Recurso hierárquico impróprio

É o pedido de reapreciação de um acto administrativo dirigido a um


órgão da mesma entidade pública a que pertence o autor do acto
recorrido e que exerce sobre este um poder de supervisão
(art.178°CPA)

SUBSECÇÃO IV

Do recurso hierárquico impróprio e do recurso tutelar

Artigo 176º

Recurso hierárquico impróprio

1 - Considera-se impróprio o recurso hierárquico interposto para um órgão que


exerça poder de supervisão sobre outro órgão da mesma pessoa colectiva, fora
do âmbito da hierarquia administrativa.
2 - Nos casos expressamente previstos por lei, também cabe recurso
hierárquico impróprio para os órgãos colegiais em relação aos actos
administrativos praticados por qualquer dos seus membros.

3 - São aplicáveis ao recurso hierárquico impróprio, com as necessárias


adaptações, as disposições reguladoras do recurso hierárquico.

 Também o recurso hierárquico impróprio se pode fundar na ilegalidade ou no demérito (arts


159° e 167°/2 CPA)

Existem duas espécies de recurso hierárquico impróprio:


 Por natureza
O recurso hierárquico que decorre da existência de poder de
supervisão de um órgão sobre outro (art. 176°/1 CPA)
 Por determinação da lei
21
O recurso hierárquico que resulta de uma outra previsão
normativa que o institui (art. 176°/2 CPA)

Recurso tutelar

É o pedido de reapreciação de um acto administrativo praticado por


um órgão de uma entidade pública, dirigido a um órgão de outra
entidade pública, que exerce sobre aquela um poder de
superintendência ou de tutela (art. 177 / 1° CPA)

Artigo 177º

Recurso tutelar

1 - O recurso tutelar tem por objecto actos administrativos praticados por


órgãos de pessoas colectivas públicas sujeitas a tutela ou superintendência.

2 - O recurso tutelar só existe nos casos expressamente previstos por lei e tem,
salvo disposição em contrário, carácter facultativo.

3 - O recurso tutelar só pode ter por fundamento a inconveniência do acto


recorrido nos casos em que a lei estabeleça uma tutela de mérito.

4 - A modificação ou substituição do acto recorrido só é possível se a lei conferir


poderes de tutela substitutiva e no âmbito destes.

5 - Ao recurso tutelar são aplicáveis as disposições do recurso hierárquico, na


parte em que não contrariem a natureza própria daquele e o respeito devido à
autonomia da entidade tutelada.

GARANTIAS JURISDICIONAIS
(OU CONTENCIOSAS)

São as que se efectivam através dos Tribunais Administrativos

Justiça administrativa
O conjunto das garantias jurisdicionais ou contenciosas

Jurisdição administrativa
O conjunto dos tribunais administrativos

22
Processo de jurisdicionalização dos Tribunais Administrativos

 Decreto-Lei n° 250/74, de 12 de Junho


Procedeu à transferência dos tribunais administrativos do âmbito
da Presidência do Conselho de Ministros para o Ministério da
Justiça

 Artigo 212°/ 3 da CRP de 1976


Previu a existência de tribunais administrativos integrados no
poder judicial.

 Decreto-Lei n° 256-A/77, de 17 de Junho


Jurisdicionalizou o processo de execução das sentenças dos
tribunais administrativos

 Artigo 16° do antigo ETAF de 1984


Determinou a eleição do Presidente do Supremo Tribunal
Administrativo pelos seus pares.

 ETAF e LEPTA leis de 1984 e 1985


Procederam apenas a uma modesta actualização do
ordenamento jurídico do contencioso administrativo, tudo sob
pressão das modificações introduzidas no art. 268° da CRP

 2002 ano da publicação da reforma de fundo do contencioso


administrativo

 1 de Janeiro de 2004, entrada em vigor da Reforma de 2002

Órgãos da jurisdição administrativa

São órgãos da jurisdição administrativa e fiscal (art. 8° ETAF):

 O Supremo Tribunal Administrativo, (STA)


 Os tribunais centrais administrativos, (TCA)
 Os tribunais administrativos de círculo (TAC)

A orgânica dos tribunais administrativos

23
Comporta 3 instâncias:

1ª Instância
Preenchida pelos tribunais administrativos de círculo e pelos
tribunais agregados, em todos os processos de âmbito da jurisdição
administrativa, com excepção daqueles cuja competência, em
primeiro grau de jurisdição, esteja reservada aos tribunais
superiores. (art. 44°/ 1 ETAF)

2ª Instância
Ocupada pela Secção do Contencioso Administrativo dos TCA. (art.
37° ETAF)

Última instância
Encontra-se a 1ª Secção do STA, também chamada Secção do
Contencioso Administrativo (art. 24° ETAF).

Âmbito da jurisdição administrativa

Formulação positiva
O artigo 4°/ 1 do ETAF, contem uma enumeração exemplificativa
dos litígios considerados incluídos no âmbito da jurisdição
administrativa.

Delimitação negativa
Operada pelo artigo 4°/ 2 / 3, onde está nomeadamente excluída
do âmbito da jurisdição administrativa a apreciação de litígios que
tenham por objecto a impugnação de :

 Actos praticados no exercício da função política e da função


legislativa;

 Actos relativos ao inquérito e instrução criminais e ao exercício


da acção penal.

 A fiscalização de comportamentos da autoria de magistrados dos


tribunais comuns e dos órgãos de governo próprio desta
magistratura

Responsabilidade civil

A jurisdição administrativa passa a ter competência…


24
 Para apreciar as questões de responsabilidade civil emergente
de actos das funções política, legislativa e jurisdicional.

 Para a apreciação de todas as questões de responsabilidade civil


que envolvam pessoas colectivas de direito público,
independentemente da questão de saber se tais questões se
regem por um regime de direito público ou por um regime de
direito privado

Contratação pública (Influência do art. 185° CPA)


A competência da jurisdição administrativa para o contencioso
contratual

Assenta num destes três factores:

1° - Na Lei

2° - Na vontade das partes

3° - Nas ligações entre a actividade contratual e a actividade


unilateral da administração pública.

Não se verificando nenhum destes factores, os litígios


emergentes da relação contratual serão da competência da
jurisdição comum

Artigo 185º

Regime de invalidade dos contratos

1 - Os contratos administrativos são nulos ou anuláveis, nos termos


do presente Código, quando forem nulos ou anuláveis os actos
administrativos de que haja dependido a sua celebração.
2 - São aplicáveis a todos os contratos administrativos as
disposições do Código Civil relativas à falta e vícios da vontade.
3 - Sem prejuízo do disposto no número 1, à invalidade dos
contratos administrativos aplicam-se os regimes seguintes:
c) Quanto aos contratos administrativos com objecto passível de
acto administrativo, o regime de invalidade do acto administrativo
estabelecido no presente Código;

25
d) Quanto aos contratos administrativos com objecto passível de
contrato de direito privado, o regime de invalidade do negócio
jurídico previsto no Código Civil.

De acordo com o disposto nas alíneas b), e) e f) do art. 4°/ 1 do


ETAF...

A jurisdição administrativa tem competência :

 Relativamente a quaisquer contratos outorgados no


exercício da função administrativa
Para verificar a respectiva invalidade quando esta seja consequente
da invalidade do acto administrativo em que se fundou a celebração
do contrato.
 Relativamente a contratos a respeito dos quais haja lei
específica que os submeta a um procedimento pré-
contratual regulado por normas de direito público.
Para resolver as questões relativas à validade de actos pré-
contratuais e à interpretação, validade e execução dos contratos

 Relativamente a contratos de objecto passível de acto


administrativo, de contratos especificamente a respeito dos
quais existam normas de direito público que regulem
aspectos do respectivo regime substantivo, ou de contratos
que as partes tenham expressamente submetido a um
regime substantivo de direito público.
Para resolver as questões relativas à interpretação, validade e
execução de tais contratos.

Competência dos tribunais administrativos

Competência material

Conhecimento da competência e do âmbito da jurisdição (Art.


13° do CPTA)
O âmbito da jurisdição administrativa e a competência dos tribunais
administrativos é de ordem pública e o seu conhecimento precede o
de qualquer outra matéria.

Fixação da competência (Art. 5°/ 1 ETAF)


A competência dos tribunais da jurisdição administrativa fixa-se no
momento da propositura da causa, sendo irrelevantes as
modificações de facto e de direito que ocorram posteriormente
26
Competência dos tribunais administrativos de círculo (TAC)
(Art. 44°/ 1 ETAF)

A 1ª instância da jurisdição administrativa


é preenchida pelos tribunais administrativos de círculo, constituindo
estes os tribunais comuns da jurisdição administrativa.

Pertence-lhes conhecer em 1ª instância:


"todos os processos do âmbito da jurisdição administrativa, com
excepção daqueles cuja competência, em 1° grau de jurisdição,
esteja reservada aos tribunais superiores e da apreciação dos
pedidos que nestes processos sejam cumulados"

Competência da Secção do Contencioso Administrativo dos


TCA (art. 37° ETAF)
 Em 1ª instância,
é atribuído o conhecimento das acções de regresso propostas
contra magistrados judiciais e do Ministério Público dos tribunais
administrativos de círculo .

 Em 2ª instância
Dos recursos das decisões proferidas em matérias do contencioso
administrativo por tribunais arbitrais e dos recursos das decisões
dos tribunais administrativos de círculo, para que não seja
competente o STA.

Competência da Secção do Contencioso Administrativo do


STA
(art. 24° ETAF)

Encontra-se reservado o conhecimento…

 Em 1ª instância
Dos processos relativos a actos ou omissões de titulares de órgãos
de Soberania e de outros órgãos superiores do Estado;
Dos procedimentos cautelares relativos a processos da sua
competência, da execução dos seus julgados e dos pedidos
cumulados nos seus processos;
Das acções de regresso contra magistrados judiciais ou do
ministério Público do STA e do TCA

27
 Em 2ª instância
Dos recursos de acórdãos do TCA proferidos em primeiro grau de
jurisdição;
Dos recursos de revista sobre matéria de direito, interpostos de
acórdãos da Secção de Contencioso Administrativo do TCA e de
decisões dos tribunais administrativos de círculo (arts 150° e 151°
do CPTA)

 Dos conflitos de competência entre tribunais administrativos

Competência territorial

 STA (art. 11°/ 1 ETAF)


O Supremo Tribunal Administrativo tem sede em Lisboa e jurisdição
em todo o território nacional.

 TCA's (art. 31°/ 1/ 2 ETAF)


São tribunais centrais administrativos, o Tribunal Central
Administrativo Sul, com sede em Lisboa e o Tribunal Central
Administrativo Norte, com sede no Porto.

 TAC's (art. 39° ETAF, art. 3° D-L 325/2003 e portaria


n°1418/2003)
A sede dos Tribunais administrativos de círculo são determinadas
por Decreto-Lei

 As regras de competência territorial em 1ª instância


Constam dos arts.16° a 22 do CPTA

Petição a tribunal incompetente (art.14°


CPTA)

 O autor enganou-se no tribunal administrativo competente


Mas não se enganou na jurisdição; neste caso o processo será
oficiosamente remetido ao tribunal administrativo competente. (art.
14°/ 1 CPTA)

 O autor enganou-se na jurisdição

28
Não há lugar à remessa oficiosa do processo, mas o interessado
dispõe do prazo de trinta dias a contar do trânsito em julgado da
decisão que declare a incompetência para requerer tal remessa ao
tribunal competente. (art. 14°/ 2 CPTA)

Elementos do processo administrativo contencioso


Aquilo que constitui o processo, sem o que este não existe

Elementos :
 Os sujeitos

 O objecto

 O pedido

 A causa de pedir
Os sujeitos
 O autor
São as partes do processo
 O réu

 O tribunal (composto por 1 ou mais juízes)

 O Ministério Público

As partes
Legitimidade activa (art. 9° e 55° CPTA)
O autor é considerado parte legítima quando alegue ser parte na
relação material controvertida.

Legitimidade passiva (art. 10° CPTA)


Cada acção deve ser proposta contra a outra parte na relação
material controvertida

O autor
Legitimidade activa (do autor)
Assenta, geralmente, na titularidade de um interesse egoístico, mas a lei
admite que os interesses difusos possam ser defendidos judicialmente por

29
quem não é pessoalmente seu titular (cidadãos, autarquias, associações ,
fundações etc (art. 9°/ 2 CPTA))

O réu
É o autor quem "escolhe " o réu, é o autor que aponta ao tribunal com quem
quer litigar, isto é, quem é na sua versão o outro sujeito da relação material
controvertida.

Legitimidade passiva (do réu)


A legitimidade passiva pertence ao réu, mas também a quem for titular de
"interesses contrapostos aos do autor" (art. 10°/ 1 CPTA)

O juiz
Cabe a delicada missão de solucionar o conflito

Missão do juiz
Apenas lhe cabe julgar do cumprimento pela Administração Pública das
normas e princípios jurídicos a que deve obediência ; não tem por missão
controlar o mérito ou a oportunidade da actuação administrativa pública

Estatuto próprio dos juízes dos TAF


Essencialmente integrado pelas normas dos arts. 57° a 84° do
ETAF

Garantias de independência (art. 3°/ 1/ 2/ 3 ETAF)


Os juízes da jurisdição administrativa podem incorrer em
responsabilidade pelas suas decisões, exclusivamente nos casos
previstos na lei.

Os tribunais administrativos podem condenar a Administração


Pública à prática de um acto administrativo legalmente devido

Condenação à prática de acto devido


A lei, dentro dos limites decorrentes deste princípio, permite que o juiz
administrativo atribua a sentenças proferidas contra a Administração Pública,
os efeitos de um acto administrativo que deveria ter sido praticado e, contra as
normas e princípios jurídicos que impunham tal prática, não o foi . (arts. 66° e
segs. CPTA)

Fixação de prazos

30
A lei permite ao juiz administrativo fixar aos órgãos da Administração Pública
prazos para cumprir os deveres que o tribunal decida impor-lhes e aplicar-lhes
sanções pecuniárias pelo desrespeito de tais prazos.

Processos em massa
A lei autoriza o juiz administrativo, em determinadas circunstâncias,
a juntar vários processos, a fim de simplificar e acelerar a respectiva
decisão (art. 48° CPTA)

O Ministério Público
Ministério Público (art. 51° ETAF)
O artigo 51° do ETAF comete ao Ministério Público as funções de
representação do Estado, de defesa da legalidade democrática e de
promoção da realização do interesse público.

 O Ministério Público exerce a acção pública.

Ver os artigos do CPTA :

- 9°/ 2
- 11°/ 2
- 40°/ 2/ c)
- 55°/ 1/ b) f)
- 68°/ 1/ c)
- 73°/ 3/ 4
- 77°/ 1
- 104°/ 2

 Assiste-lhe legitimidade para interpor recursos.

Ver os artigos do CPTA :

- 141°
- 155°/ 1

 Tem legitimidade para suscitar ao STA que proceda à


uniformização de jurisprudência (art. 152°/ 1 CPTA)

 Tem a faculdade de se substituir ao autor da acção (art.62°


CPTA)
31
 Poderes processuais, quando não é autor nem seu
substituto
(Arts. 85° e 146°/ 1CPTA)

 Faculdades especiais em tutela cautelar (arts 124°/1 e 130°/3


CPTA)

 Faculdades especiais no âmbito da solução de conflitos de


competência jurisdicional e de atribuições (art. 136° CPTA)

O objecto
O objecto do processo
O legislador considerou que o objecto do processo é a
pretensão do autor (art. 46°/ 1 CPTA)
No CPTA, o objecto do processo é referido a propósito da acção
administrativa especial.

O pedido
O pedido
É aquilo que o interessado quer do tribunal

6 espécies diferentes de pedidos :

 Pedidos de simples apreciação (art. 2º/ 2/ a)b)c)d) segunda


parte, e h) CPTA)

 Pedidos constitutivos (art. 2º/ 2/ d) primeira parte CPTA)

 Pedidos condenatórios (art. 2º/ 2/ e) f) i) j) e l) CPTA)

 Pedidos de execução (arts. 157º/ 3 e 176º/ 1 CPTA)

 Pedidos cautelares (art. 2º/ 2/ m CPTA)

 Pedidos de recurso (art; 141°/ 1 CPTA)

32
…o pedido de declaração da nulidade é
um pedido de simples apreciação

o pedido de anulação é um pedido


constitutivo

!!! No âmbito da justiça administrativa, é habitual a


aproximação destes dois pedidos tendo em conta os
seus objectos comuns e utiliza-se habitualmente a
expressão IMPUGNAÇÃO ou pedido de impugnação, para
os designar a todos.

A causa de pedir

A causa de pedir (art.78°/ 2/ g) 1ª parte e l) CPTA)


Consiste nos factos constitutivos da situação jurídica que o autor
pretende fazer valer em juízo

Cumulação de pedidos (art. 4°/ 1 CPTA)


Esta norma prevê a cumulação de pedidos quando a "causa de
pedir" seja a mesma (alínea a) ou mesmo em certos casos que a
"causa de pedir é diversa (alínea b)

A causa de pedir é tão essencial à apreciação e


eventual satisfação do pedido do autor como o próprio
pedido !!!!

33
Os grandes princípios do processo
administrativo

 P° do acesso à justiça administrativa


(art. 20° CRP, 7° CPTA)
Justiça "à medida"
Justiça oportuna
 P° da tutela jurisdicional efectiva "flexibilidade" da instância
Justiça estável
(art.268°/ 4 CRP, arts. 2° / 1, 45°, 63°, 70°, 64°/ 1, 15°, 142°/3/d)
CPTA)

 P° da igualdade das partes


(arts. 6°, 8°/ 3 CPTA

 P° da cumulação de pedidos
(art. 4°/ 1/ 2 CPTA)

 P° da cooperação e da boa fé processual


(art. 8° CPTA Em matéria de impugnação de actos administrativos, existe
ainda hoje uma configuração atípica, reflectindo, ora o
 P° dispositivo princípio dispositivo
(art. 51°/ 4 CPTA) Onde o juiz se encontra geralmente vinculado ao pedido do
autor e à respectiva causa de pedir,
ora o
 P° do inquisitório princípio do inquisitório
(art. 62° CPTA) onde o impugnante não dispõe do objecto do processo,
pois em caso de desistência, o Ministério Público pode
substituir-se-lhe na posição de autor.

Os meios processuais
Formas tipificadas de veicular cada pretensão dirigida aos TAF

1° pedido de intervenção judicial

Os meios processuais dividem-se em dois grupos :

Meios principais e meios acessórios

Meios principais

34
A utilização de cada meio principal é independente do eventual
uso de qualquer outro meio processual.

Este grupo pode dividir-se em dois subgrupos:

Urgentes
Os que beneficiam de regras que visam acelerar a sua tramitação

Tais como:

- As impugnações em matéria eleitoral

- As impugnações de actos administrativos de natureza pré-


contratual

- As intimações para prestação de informações, consulta de


processos ou passagem de certidões

- A intimação para protecção de direitos, liberdades e garantias

Normais
Os que são tramitados a uma velocidade dita "normal"

Tais como:

- A acção administrativa comum

- A acção administrativa especial

Meios acessórios
A utilização de um meio acessório encontra-se na dependência
de um meio processual de carácter principal.
Os meios processuais acessórios, encontram-se englobados no
grupo dos processos cautelares
Após uma 1ª intervenção judicial
Existem meios processuais somente utilizados após uma 1ª
intervenção de um órgão da jurisdição administrativa

Processos executivos
Com os quais se pretende assegurar a eficácia de uma anterior
sentença de um tribunal administrativo.

recursos
35
Através dos quais se visa conseguir uma alteração de uma decisão
jurisdicional anterior.

Valor da causa (art. 31°/ 1 CPTA)


Valor da causa ((arts 31°, 32° 33° CPTA)
Representa a utilidade económica do pedido

Valor indeterminável (art. 34°/ 1 CPTA)


Existem casos em que não é possível estabelecer o valor da causa

Formas do processo
Remete para os níveis de complexidade da intervenção judicial, que
dependem da importância dos interesses em jogo.

Duas formas :

Acção administrativa comum


Á qual são apenas dedicados 9 artigos (arts 37° a 45° CPTA) e
corresponde às antigas "acções administrativas" na terminologia
anterior à Reforma de 2002.

Pode ser:
Ordinária, sumária e sumaríssima, (art. 43° CPTA)
Dependendo do valor da causa e da alçada do tribunal (valor legalmente
estabelecido até ao qual um tribunal de 1ª e 2ª instância julga definitivamente as causas da sua
competência

A escassez de regulamentação da acção administrativa comum


encontra a sua justificação na circunstância de a respectiva
tramitação ser regulada pelo Código de Processo Civil (art. 42°/ 1
CPTA)

Acção administrativa especial


À qual o código dedica 51 artigos ( arts 46° a 96°CPTA)

Patrocínio judiciário (art. 11°/ 1/ 2 CPTA)


Regra da obrigatoriedade da representação por advogado

36
Acção administrativa especial (Arts. 46° a 96° CPTA)
A acção administrativa especial
Veicula pedidos intimamente ligados ao estatuto competencial da
Administração Pública.

2 Tipos de pedidos :

Impugnações (art. 46°/ 2/ a)/ c)/ d) CPTA)

Com o objectivo de obter do tribunal a:

 Anulação ou a declaração da nulidade ou da inexistência jurídica


de um acto administrativo

 Declaração da ilegalidade de uma norma regulamentar ou da sua


omissão

Pedidos condenatórios (art. 46°/ 2/ b) CPTA)


Com os quais se pretende obter do tribunal que obrigue um órgão
da Administração Pública a praticar um acto administrativo
legalmente devido

Impugnação de actos administrativos


O objectivo é conseguir uma decisão do tribunal que anule ou
declare a nulidade ou a inexistência jurídica do acto administrativo
impugnado, por se apresentar desconforme com as regras e
princípios jurídicos que deveria respeitar ou resultar de uma
vontade administrativa viciada. (art. 50° / 1 CPTA)

Objecto da impugnação

O objecto da impugnação é sempre um acto administrativo lesivo de


direitos e interesses legalmente protegidos

O indeferimento tácito não é um acto administrativo, logo a via


processual adequada é o pedido de condenação à prática de acto
devido (arts. 51°/ 4 e 67°/ 1/ a) CPTA)

37
Do acto administrativo impugnável
O CPTA procede à delimitação do círculo dos actos administrativos
susceptíveis de impugnação judicial.
Arts. 51°/ 1/ 2, 52°/ 1, 53° e 54°/ 1 CPTA

!!! Apenas são impugnáveis os actos


administrativos dotados de eficácia externa!
Actos administrativos com eficácia externa
Com capacidade para projectar os seus efeitos nas relações
jurídicas que se estabelecem entre a Administração Pública e os
particulares

São especialmente impugnáveis os actos


lesivos

A impugnabilidade do acto não depende da forma que este


revista

A impugnabilidade do acto é independente da respectiva


eficácia

A protecção jurisdicional administrativa depende


da natureza pública da actividade desenvolvida

Causa de pedir
É a alegada invalidade do acto administrativo

Pressupostos processuais
São as condições que se têm de verificar para que o tribunal
possa apreciar o pedido

38
Competência

Competência do tribunal (arts; 24°, 37° e 44° ETAF)


Os pedidos de impugnação de actos administrativos, são em regra,
da competência dos tribunais administrativos de circulo.

Competência territorial dos TAC (arts. 20°/ 1/ 2 e 16° CPTA)

Legitimidade

Legitimidade activa (art. 55° CPTA)


Legitimidade para impugnar actos administrativos

Legitimidade passiva (arts. 10°/2 /3/ 4 e 57° CPTA)


Determinação daquele contra quem é dirigido o pedido de
impugnação

Oportunidade

Os prazos que devem ser respeitados nos pedidos de impugnação


de actos administrativos anuláveis, constam do art. 58°/2 CPTA

Condenação à prática de acto administrativo


devido
Pedido
O pedido apresenta natureza condenatória. O objecto do processo
é a pretensão do interessado a ver praticado um acto
administrativo. (art. 66° CPTA)

Pressupostos processuais

Competência do tribunal
Mutatis mutantis relativamente ao que foi dito para os pedidos de
impugnação de actos administrativos

Legitimidade activa
O artigo 68° CPTA regula a legitimidade activa para estes pedidos

39
Legitimidade passiva
Art. 10°/ 2/ 3/ 4 CPTA como para os pedidos de impugnação

oportunidade
 Tratando-se de um caso de indeferimento (art. 69°/ 2 CPTA)
 Tratando-se de uma omissão (art. 69°/ 1 CPTA)

Pressuposto processual específico


O pedido de condenação à prática do acto devido só pode ser
formulado quando se verificar uma das circunstâncias previstas no
artigo 67° CPTA. (Ver também o art. 71°/2 CPTA)

Impugnação de normas e declaração de


ilegalidade por omissão
Objecto
É constituído por normas regulamentares (art. 72°/ 1 CPTA)

Causa de pedir
A alegada contradição material de tais normas com uma lei (art.
72°/ 1, 2ªparte CPTA)

Pressupostos processuais

Competência do tribunal
O processo deve ser instaurado num TAC, excepto quando a norma
impugnada for da autoria de uma das autoridades mencionadas no
artigo 24°/ 1/ a), caso em que o processo será instaurado no STA

Legitimidade
Regulada nos termos do artigo 73° CPTA

Oportunidade
A lei não estabelece qualquer prazo para estes pedidos (art. 74°
CPTA)

Pressuposto processual específico


Ver artigo 73° CPTA

Efeitos da decisão
Ver os arts. 73°/ 2, 76° e 77°/ 2 CPTA

40
Tramitação
A marcha do processo designa a análise cronológica do evoluir do
mesmo

Fase dos articulados


Fase inicial do processo, onde o propósito fundamental é o
esclarecimento das posições das partes através da troca de
documentos. Ver arts. 78°/ 2, 81°/ 1, 82°, 85°/ 1, 83°CPTA

Fase da condensação
O centro do processo passa das partes para o juiz . (Ver arts 87°/
1/ a), 89°/ 1, 87°/ 1, 88°/ 1, 88°/ 2, 89°/ 1/ 2 , 88°/ 4, 89°/ 2, 89°/ 3,
87°/ 1/ c) CPTA)

Fase da instrução
Apuramento da matéria de facto, consistindo na recolha e
tratamento da prova (art. 90°/ 1/ 2 CPTA)

Fase de discussão
Terminada a produção da prova, pode o juiz considerar necessário
proceder à realização de uma audiência pública destinada à
discussão oral da matéria de facto. (art. 91°/ 1/ 2 CPTA)
(Ver também o art. 92°/ 1 e 93° CPTA)

conteúdo da sentença ou acórdão


deve respeitar o determinado pelo art. 94° CPTA

Tchin-tchin !!! Felicitações para todas e


todos que passaram com sucesso este
ano escolar e muita coragem para
aqueles e aquelas que ainda têm que
sofrer um pouco mais. FORÇA !!

41
42

Você também pode gostar