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UNIPAR - UNIVERSIDADE PARANAENSE

Geraldo Scramin Neto – RA: 6829

FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA:


MINISTÉRIO PÚBLICO, ADVOCACIA PÚBLICA E
PRIVADA E A DEFENSORIA PÚBLICA

CIANORTE
2010
Geraldo Scramin Neto – RA: 6829

FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA:


MINISTÉRIO PÚBLICO, ADVOCACIA PÚBLICA E
PRIVADA E A DEFENSORIA PÚBLICA

Trabalho acadêmico apresentado à disciplina


de Direito Constitucional do Curso de Direito
da Universidade Paranaense – UNIPAR, como
requisito parcial de avaliação e obtenção do
Título de Bacharel em Direito. Orientador:
Prof. Sérgio.

CIANORTE
2010
SUMÁRIO

1............................................................................................................... IN
TRODUÇÃO..............................................................................................................03
2............................................................................................................... F
UNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA.......................................................................03
2.1 Ministério Público........................................................................................................03
2.1.1 Histórico...........................................................................................................03
2.1.2 Conceito............................................................................................................04
2.1.3 Princípios..........................................................................................................05
2.1.4 Funções.............................................................................................................06
2.2 Advocacia Pública e Privada........................................................................................06
2.3 Defensoria Pública........................................................................................................08
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................................09
4 REFERÊNCIAS..................................................................................................................09
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1 INTRODUÇÃO

Este trabalho tem por objetivo analisar funções essenciais à justiça, estabelecidas
constitucionalmente e por lei infraconstitucional que regulamenta a matéria seguinte.
Para isto será necessário que seja feito uma revisão bibliográfica a fim de angariar
conhecimentos mais além sobre o tema proposto, cuja finalidade é ampliar o campo de visão
daqueles que são e dos virão a ser operadores do direito.
Sabe-se que existem órgãos que por várias circunstâncias tem uma maior eficácia. Já
outros não tanto, por falta de regulamentação legislativa, interesse político-social, estrutura
administrativa etc.
Algumas dessas especificidades iremos ver agora em diante nos tópicos que seguem.

2 FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA

A seguir serão pormenorizadas funções como o Ministério Público, Advocacia


Pública e Privada e, que como serão vistas são essenciais à promoção da justiça, inclusive
exercer o direito positivo nas relações concretas, a fim de garantir o acesso à justiça,
principalmente daqueles que sofrem com os mais variados obstáculos impostas por tantas
circunstâncias que influem na vida dos cidadãos.

2.1 Ministério Público

2.1.1 Histórico

Autores como Mazzilli (apud MORAES, 2008, p. 597), procuram a origem do


Ministério Público lá no antigo Egito, por volta de quatro mil anos atrás, na figura do Egito
Magiai, que dentre suas funções, protegia os cidadãos pacíficos e castigos aqueles que assim
não se portavam.
Ainda, complementando, Alexandre Moraes (2008, p. 597), cita outros
posicionamentos, que acreditam ter surgido o Ministério Público nos Éforos de Esparta; ou
ainda em Roma com os advocatus fisci e os procuratores caesaris; já na Idade Média, nos
saions germânicos, nos bailos e senecais; em Portugal, o Rei Don Juan I criou “El Ministerio
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Fiscal”; por fim, surgiu na França o Ministério Público, que se referia aos procuradores do
Rei.
No Brasil, o Ministério Público surgiu no Código de Processo Criminal de 1832, com
a referência “promotor da ação penal”. Quanto à regulamentação do Ministério Público, o
Decreto n° 120, de 21 de janeiro de 1843, veio para essa finalidade. No decorrer do processo
histórico e legislativo, o Ministério Público vai adquirindo força e ganhando seu espaço. Até
que na atual Constituição, em capítulo destacado, inclusive da própria estrutura dos poderes
da República, o Ministério Público com total autonomia e independência ampliam suas
funções (arts. 127/130). (MORAES, 2008, p. 598-601).

Assim, constitucionalmente, o Ministério Público abrange: 1. O Ministério


Público da União, que compreende: a. o Ministério Público Federal; b. o
Ministério Público do Trabalho; c. o Ministério Público Militar; d. o
Ministério Público do Distrito Federal e Territórios. 2. os Ministérios
Públicos dos Estados.

Conforme Nagib Slaibi Filho:

O Ministério Público brasileiro, com a moldura e a consistência que lhe foi


dada pela Constituição de 1988, bem representa a contradição decorrente de
tais influências, pois (a) dos Estados Unidos, herdou a desvinculação com o
Poder Judiciário, a denominação de sua chefia, o controle externo de
determinadas atividades administrativas ligadas ao Poder Executivo, o
resquício de poder participar da política partidária, ainda que em hipóteses
previstas em lei, a postura independente que aqui somente se subordina à
consciência jurídica de seu membro, como, aliás, está na Lei Maior ao
assegurar sua autonomia funcional e administrativa (art. 127); (b) da Europa
continental, herdou a simetria da carreira com a magistratura, inclusive as
prerrogativas similares, o direito de assento ao lado dos juízes, as vestes
próprias e até mesmo o vezo de atuar como se magistrado fosse, embora
devesse ter o ardor do advogado no patrocínio da causa. O Ministério
Público desenvolveu-se sob a influência do Novo e Velho Mundo, e da
simbiose vem a sua força... (SLAIBI FILHO, 1994, p. 152 apud MORAES,
2008, p. 601).

2.1.2 Conceito

Nas palavras de Alexandre Moraes:

O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função


jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do
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regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis (art.


127 da Constituição Federal, art. 1° da Lei n° 8.625/93, art. 1° da Lei
Complementar Federal n° 75/93 e art. 1° da Lei Complementar/SP n°
734/93). (MORAES, 2008, p. 603).

2.1.3 Princípios

Na Constituição está prevista princípios institucionais do Ministério Público, os quais


são: “a unidade, a indivisibilidade, a independência funcional e o princípio do promotor
natural”. (MORAES, 2008, p. 604). O que se entende por cada um desses princípios, o
mesmo autor, comenta, respectivamente à ordem acima:

A unidade significa que os membros do Ministério Público integram um só


órgão sob a direção única de um só Procurador-geral, ressalvando-se, porém,
que só existe unidade dentro de cada Ministério Público, inexistindo entre o
Ministério Público Federal e os dos Estados, nem entre o de um Estado e o
de outro, nem entre os diversos ramos do Ministério Público da União.
(MORAES, 2008, p. 604).

O Ministério Público é uno porque seus membros não se vinculam aos


processos nos quais atuam, podendo ser substituídos uns pelos outros de
acordo com as normas legais. Importante ressaltar que a indivisibilidade
resulta em verdadeiro corolário do princípio da unidade, pois o Ministério
Público não se pode subdividir em vários outros Ministérios Públicos
autônomos e desvinculados uns dos outros. (DECOMAIN, 1996, p.19 apud
MORAES, 2008, p. 605).

O órgão do Ministério Público é independente no exercício de suas funções,


não ficando sujeito às ordens de quem quer que seja, somente devendo
prestar contas de seus atos à Constituição, às leis e à sua consciência. (RTJ
147/142 apud MORAES, 2008, p.605).

O Plenário do Supremo Tribunal Federal reconheceu a existência do


presente princípio por maioria de votos, no sentido de proibirem-se
designações casuísticas efetuadas pela chefia da Instituição, que criariam a
figura do promotor de exceção, em incompatibilidade com a Constituição
Federal, que determina que somente o promotor natural é que deve atuar no
processo, pois ele intervém de acordo com seu entendimento pelo zelo do
interesse público, garantia esta destinada a proteger, principalmente, a
imparcialidade da atuação do órgão do Ministério Público, tanto em sua
defesa quanto essencialmente em defesa da sociedade, que verá a Instituição
atuando técnica e juridicamente. (MORAES, 2008, p. 606).
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De acordo com o mesmo autor supracitado, há ainda os princípios


infraconstitucionais, que são: “o exercício da ação penal, a irrecusabilidade e a
irresponsabilidade”.

Os princípios institucionais do Ministério Público devem ser analisados e


interpretados em relação a cada um dos ramos do Parquet – MPU (com suas
quatro previsões: MPF, MPT, MP/DF e MPM) e MPEs –, uma vez que
inexiste hierarquia entre eles, mas tão-somente distribuição constitucional de
atribuições. (MORAES, 2008, p. 604).

2.1.4 Funções

De acordo com Alexandre Moraes, o Ministério Público se transformou num


verdadeiro defensor da sociedade, quando a Constituição Federal de 1988 ampliou suas
funções. Isso vale tanto para o campo penal, onde o parquet exerce a titularidade exclusiva da
ação penal pública, como para o “campo cível como fiscal dos demais Poderes Públicos e
defensor da legalidade e moralidade administrativa, inclusive com a titularidade do inquérito
civil e da ação civil pública. (MORAES, 2008, p. 607).

São funções institucionais do Ministério Público: I – promover,


privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; II – zelar pelo efetivo
respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos
direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias
a sua garantia; III – promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a
proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros
interesses difusos e coletivos; IV – promover a ação de
insconstitucionalidade ou representação para fins de intervenção da União e
dos Estados, nos casos previstos nesta Constituição; V – defender
judicialmente os direito e interesses das populações indígenas; VI – expedir
notificações nos procedimentos administrativos de sua competência,
requisitando informações e documentos para instruí-los, na forma da lei
complementar respectiva; VII – exercer o controle externo da atividade
policial, na forma da lei complementar mencionada no artigo anterior; VIII –
requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial,
indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais.
(MORAES, 2008, p. 607-8).

2.2 Advocacia Pública e Privada

De acordo com Alexandre Moraes:


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A advocacia Pública é a instituição que, diretamente ou através de órgão


vinculado, representa a União, judicial e extrajudicialmente, cabendo-lhe,
nos termos da lei complementar que dispuser sobre sua organização –
prevendo o ingresso nas classes iniciais das carreiras da instituição mediante
concurso público – e funcionamento, as atividades de consultoria e
assessoramento jurídico do Poder Executivo. (MORAES, 2008, p. 635).

Ainda, para o mesmo autor, a Constituição Federal de 1988 trouxe essa inovação,
fazendo com que o Ministério Público deixasse de representar judicialmente a União. O
Advogado-Geral da União será chefe da Advocacia-Geral da União. (MORAES, 2008, p.
635).

Os procuradores dos Estados e do Distrito Federal exercerão a representação


judicial e a consultoria jurídica das respectivas unidades federadas e serão
organizados em carreira, na qual o ingresso dependerá de concurso público
de provas e títulos, trazendo a Emenda Constitucional n° 19/98 a novidade
da obrigatoriedade da participação da Ordem dos Advogados do Brasil em
todas suas fases. Aos procuradores será assegurada estabilidade após três
anos de efetivo exercício, mediante avaliação de desempenho perante os
órgãos próprios, após relatório circunstanciado das corregedorias, ressalvada
a situação daqueles que já se encontrassem em estágio probatório à época da
promulgação da Emenda Constitucional n° 19/98, aos quais será assegurado
o prazo de dois anos de efetivo exercício para aquisição da estabilidade, nos
termos do art. 28 da citada EC n° 19/98. Aplica-se à Advocacia Pública as
normas remuneratórias previstas no art. 39, § 4° e os teto e subteto previstos
pelo inciso XI, do art. 37, com sua redação dada pela EC n° 41/03.
(MORAES, 2008, p. 635-6).

A Constituição Federal de 1988, em seu art. 133, estabeleceu que: “O advogado é


indispensável à administração da Justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no
exercício da profissão, nos limites da lei.” Nesse dispositivo fica expresso a participação dos
advogados nesse Estado Democrático de Direito.
Sobre esses princípios constitucionais, quais sejam, indispensabilidade do advogado
e imunidade do advogado, que Alexandre Moraes assim explicitou:

O princípio constitucional da indispensabilidade da intervenção do


advogado, previsto no art. 133 da Carta Maior, não é absoluto. Assim, apesar
de constituir fator importantíssimo a presença do advogado no processo, para
garantia dos direitos e liberdades públicas previstos na Constituição Federal
e em todo o ordenamento jurídico, continua existindo a possibilidade
excepcional da lei outorgar o ius postulandi a qualquer pessoa, como já
ocorre no habeas corpus e na revisão criminal.[...] O advogado deve
comprovar sua efetiva habilitação profissional, demonstrando a regularidade
de sua inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil, sob pena de
inexistência dos atos processuais praticados.
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A inviolabilidade do advogado, por seus atos e manifestações no exercício


da profissão, não é absoluta, sujeitando-se aos limites legais, pois como
decidiu o Superior Tribunal de Justiça. (MORAES, 2008, p. 636-7).

Os advogados prestam importante serviço e contribuição para o bom


exercício da Justiça, sendo natural que, no exercício regular da atividade, o
façam, até, com ardor e veemência. Nunca, porém, deixando de lado o
essencial, que é a defesa da causa, para uma luta contra o colega adverso, ou
contra o representante do Ministério Público, ou ofendendo a honra,
desabusada e desnecessariamente, fora dos limites da causa ou da defesa de
direitos e prerrogativas de que desfrutam. (STJ, Recurso em Habeas corpus
n° 4804/RS, 1996).

2.3 Defensoria Pública

Também para Defensoria Pública, o constituinte reservou dispositivo legal


expressamente tratando sobre essa temática, visando o acesso à justiça daqueles que
necessitarem dessa função jurisdicional do Estado.

O Congresso Nacional, através da Lei Complementar, organizará a


Defensoria Pública da União e do Distrito Federal e dos Territórios e
prescreverá normas gerais para sua organização nos Estados, em cargos de
carreira, providos, na classe inicial, mediante concurso público de provas e
títulos, assegurada a seus integrantes a garantia da inamovibilidade e vedado
o exercício da advocacia fora das atribuições institucionais. Nos termos do
art. 22 do ADCT, o texto constitucional assegurou, de forma excepcional e
taxativa, aos defensores públicos investidos na função até a data de
instalação da Assembléia Nacional Constituinte o direito de opção pela
carreira, com a observância das garantias e vedações previstas no art. 134,
parágrafo único, da Constituição. A EC n° 45/04 fortaleceu as Defensorias
Públicas Estaduais, assegurando-lhes autonomia funcional e administrativa e
a iniciativa de sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na
lei de diretrizes orçamentárias. (MORAES, 2008, p. 638-9).

Vejamos o que diz, Paulo Galliez neste sentido:

Aqui se consolida o desempenho maior da Defensoria Pública, cabendo-lhe,


de imediato, uma dupla tarefa, qual seja, a de proporcionar a justa
distribuição da justiça e a de prestar solidariedade às pessoas que buscam
apoio na Instituição. ( GALLIEZ, 1999, p. 5).

[...] no sentido de manter o equilíbrio, pelo menos em relação ao aspecto


jurídico, entre os “os donos do poder” e os oprimidos, é que a Defensoria
Pública se impõe como instituto essencial do Estado de Direito, a fim de
enfrentar o desenvolvimento desigual entre as classes sociais. (GALLIEZ,
1999, p. 7).
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3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Todas essas funções que são essenciais à justiça têm seu processo histórico,
originando-se normalmente de correntes mundiais que por fim vieram a surtir seus efeitos no
ordenamento jurídico pátrio, e produzem seus efeitos atualmente. Alguns mais outros menos,
devido circunstâncias que envolvem outra discussão muito mais aprofundada sobre esse
assunto.
Tanto o Ministério Público, como a Advocacia Pública e Privada e, também, a
Defensoria Pública, estão previstas constitucionalmente, inclusive com seus princípios
próprios, e exercem suas funções regulamentadas por lei a fim de promover principalmente o
interesse social.

4 REFERÊNCIAS

MAZZILLI, Hugo Nigro. O ministério público na Constituição de 1988. 3. ed. São Paulo:
Saraiva, 1996, p.2.

SLAIBI FILHO, Nagib. Ação declaratória de constitucionalidade. Rio de Janeiro: Forense,


1994, p. 152.

DECOMAIN, Pedro Roberto. Comentários à lei orgânica nacional do ministério público.


Florianópolis: Obra Jurídica, 1996, p. 16.

STJ – Recurso em Habeas corpus n° 4804/RS – 6°T.-v.u.-Rel. Min. Anselmo Santiago,


Diário da Justiça, Seção I, 23 set. 1996.

GALLIEZ, Paulo. A Defensoria Pública: O Estado e a cidadania. Rio de Janeiro: Lumen


Júris,1999.

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