Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo
aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do
Vale do Itajaí, a Coordenação do Curso de Mestrado em Ciência Jurídica, a
Banca Examinadora e o Orientador, de toda e qualquer responsabilidade acerca
do mesmo.
ABSTRACT ........................................................................................................... ix
INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 10
This thesis aims to analyze the possibility of decriminalizing abortion and the
practice of Brazilian law, in compliance with commitments made by Brazil to the
international community, as well as in recognition of the freedom of reproductive
autonomy of women. The prohibition of abortion in Brazil, while it does not stop its
practice in the country, leads thousands of women, every year to have it done
illegally, resulting in high mortality rates among these women (especially within the
working class, the sector of the population most affected). Brazil is a signatory to
all international human rights treaties, having assumed the commitment to
integrate, within its law, the international guidelines that seek to defend the rights
of those who historically have been vilified by Brazilian society: Black people,
children, women and homosexuals, among others. Thus, the decriminalization of
abortion is a humane and dignified right, giving the status of human rights to the
sexual and reproductive rights of women, and placing them in the role of modifying
agent of social relations, within a perspective of gender.
1
MARMELSTEIN, George. Curso de direitos fundamentais. São Paulo: Atlas, 2008
2
MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais. São Paulo: Atlas, 2007.
3
COMPARATO, Fábio Konder. A afirmação histórica dos direitos humanos. São Paulo:
Saraiva, 2010.
4
GUERRA, Sidney. Direitos humanos na ordem jurídica internacional e reflexos na ordem
constitucional brasileira. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008.
14
institutos considerados atuais, como a divisão das funções estatais por diversos
órgãos, a existência de um sistema judicial e a preeminência da lei, esta, gerada
por um processo formal adequado e válida para todos.” 5
5
BARROSO, Luis Roberto. Curso de direito constitucional contemporâneo. Os conceitos
fundamentais e a construção do novo modelo. São Paulo: Saraiva, 2010.
6
MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais, p. 6.
7
MARMELSTEIN, George. Curso de direitos fundamentais, p. 30.
8
Na lição de Comparato (Fábio Konder. A afirmação histórica dos direitos humanos, p. 20-
21), “no centro do período axial, entre 600 e 480 a.C., coexistiram, sem se comunicarem entre
si, cinco dos maiores doutrinadores de todos os tempos: Zaratustra na Pérsia, Buda na Índia,
Confúcio na China, Pitágoras na Grécia e o Dêutero-Isaías em Israel. Todos eles, cada um a
seu modo, foram autores de visões do mundo, a partir das quais estabeleceu-se a grande linha
divisória histórica: as explicações mitológicas anteriores são abandonadas, e o curso posterior
da História não constitui senão um longo desdobramento das idéias e princípios expostos
durante esse período.”
9
KLINGEN, Germán Doig. Direitos humanos e o ensinamento social. São Paulo: Loyola,
1994, p. 38.
15
10
A peça Antígona, escrita por Sófocles, destacava a insurgência de Antígona contra as normas
positivadas, ao acreditar que toda família tinha o dever de enterrar piedosamente os parentes.
Determinada, Antígona enfrenta o Estado, na figura de seu tio, o Rei Creonte, e sepulta seu
irmão Polínices, considerado traidor pelo Rei, sendo condenada à morte por seu gesto.
11
MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais, p. 6.
12
MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais, p. 7.
13
BARROSO, Luis Roberto. Curso de direito constitucional contemporâneo. Os conceitos
fundamentais e a construção do novo modelo, p. 10.
16
todavia, permitiu que, ao longo do tempo, assumisse o caráter de uma carta geral
de liberdades públicas.
14
BARROSO, Luis Roberto. Curso de direito constitucional contemporâneo. Os conceitos
fundamentais e a construção do novo modelo, p. 14.
15
MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais, p. 7.
16
O Human Right Act possibilitou a declaração de incompatibilidade, no caso concreto, no conflito
entre uma lei e os direitos fundamentais previstos no novo estatuto. Embora não haja
vinculação entre as partes do processo, tampouco seja declarada a nulidade da lei, tem o
condão de demonstrar ao Parlamento a contrariedade de seu ato aos Direitos Humanos. Tem-
se que o instituto foi aprovado como decorrência da participação do Reino Unido na União
Européia, sendo influenciado pelo direito comunitário e suas instituições.
17
17
Está-se num contexto em que inexiste separação orgânica entre o Poder Judiciário e o
Parlamento. Nesse sentido, o Constitutional Right Act recomendou mudanças no Poder
Judiciário inglês. A um só tempo, criou uma Corte Constitucional fora do parlamento e
independente deste e esvaziou as funções judiciais da Câmara dos Lordes – que
desempenhavam, tradicionalmente, a função jurisdicional máxima - e o Lorde Chanceler.
18
18
GUERRA, Sidney. Direitos humanos na ordem jurídica internacional e reflexos na ordem
constitucional brasileira. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008, p. 11. No mesmo sentido,
Barroso (BARROSO, Luis Roberto. Curso de direito constitucional contemporâneo. Os
conceitos fundamentais e a construção do novo modelo, p. 16), para quem “a declaração
foi inspirada por idéias de John Locke, especialmente pelo Second treatise on civil government.
O texto, de teor retórico, procura enunciar as causas que levaram à decisão extrema. Logo, ao
início, sua profissão de fé jusnaturalista: “Consideramos estas verdades como evidentes por si
mesmas, que todos os homens foram criados iguais, foram dotados pelo Criador de certos
direitos inalienáveis, que entre estes estão a vida, a liberdade e a busca da felicidade”. E, ao
final, o rompimento com a monarquia inglesa: “Nós, por conseguinte, representantes dos
Estados Unidos da América, reunidos em Congresso Geral, apelando para o Juiz Supremo do
mundo pela retidão de nossas intenções, em nome e por autoridade do bom povo destas
colônias, publicamos e declaramos solenemente: que estas colônias unidas são e de direito
têm de ser Estados livre e independentes; que estão desoneradas de qualquer vassalagem
para com a Coroa Britânica, e que todo vínculo político entre elas e a Grã-Bretanha está e deve
ficar totalmente dissolvido.”
19
MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais, p. 9.
20
BOBBIO, Norberto, 1909 - A era dos direitos. Tradução de Carlos Nelson Coutinho;
apresentação de Celso Lafer. – Nova ed. – Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. – 10ª reimpressão.
19
21
O preâmbulo da Constituição Francesa de 24 de junho de 1793: “O povo francês, convencido
de que o esquecimento e o desprezo dos direitos naturais do homem são as causas das
desgraças do mundo, resolveu expor, numa declaração solene, esses direitos sagrados e
inalienáveis, a fim de que todos os cidadãos, podendo comparar sem cessar os atos o governo
com a finalidade de toda a instituição social, nunca se deixem oprimir ou aviltar pela tirania; a
fim de que o povo tenha sempre perante os olhos as bases da sua liberdade e da sua
felicidade, o magistrado a regra dos seus deveres, o legislador o objeto de sua missão. Por
conseqüência, proclama, na presença do Ser Supremo, a seguinte declaração dos direitos do
homem e do cidadão.”
22
MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais, p. 11.
20
23
COMPARATO, Fábio Konder. A afirmação histórica dos direitos humanos, p. 190. No
mesmo trecho, afirma o autor que “a Constituição de Weimar, em 1919, trilhou a mesma via da
Carta mexicana, e todas as convenções aprovadas pela então recém-criada Organização
Internacional do Trabalho, na Conferência de Washington do mesmo ano de 1919, regularam
matérias que já constavam na Constituição mexicana: a limitação da jornada de trabalho, o
desemprego, a proteção da maternidade, a idade mínima de admissão de empregados nas
fábricas e o trabalho noturno dos menores na indústria.”
24
COMPARATO, Fábio Konder. A afirmação histórica dos direitos humanos, p. 193.
25
A situação na Alemanha, dos mais variados pontos de vista, era desoladora. Ao fim do primeiro
conflito mundial, o país estava devastado política, social e militarmente, não sendo possível
sequer que a Assembléia Constituinte, convocada para instituir um novo quadro constitucional,
se reunisse na capital, Berlim. Daí o nome outorgado à Carta alemã.
21
26
BARROSO, Luis Roberto. Curso de direito constitucional contemporâneo. Os conceitos
fundamentais e a construção do novo modelo, p. 35.
27
COMPARATO, Fábio Konder. A afirmação histórica dos direitos humanos, p. 205. Para o
autor, “a democracia social representou efetivamente, até o final do século XX, a melhor defesa
da dignidade humana, ao complementar os direitos civis e políticos – que o sistema comunista
negava – com os direitos econômicos e sociais, ignorados pelo liberal-capitalismo. De certa
forma, os dois grandes Pactos internacionais de direitos humanos, votados pela Assembléia
Geral das Nações Unidas, em 1966, foram o desfecho do processo de institucionalização da
democracia social, iniciado por aquelas duas Constituições do início do século.”
28
COMPARATO, Fábio Konder. A afirmação histórica dos direitos humanos, p. 238. Na
mesma passagem, o autor assevera: “Além disso, nem todos os membros das Nações Unidas,
à época, partilhavam por inteiro as convicções expressas no documento: embora aprovado por
unanimidade, os países comunistas (União Soviética, Ucrânia e Rússia Branca,
Tchecoslováquia, Polônia e Iugoslávia) a Arábia Saudita e a África do Sul abstiveram-se de
votar.
22
29
FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Princípios fundamentais do direito constitucional. 2ª
ed. – São Paulo: Saraiva, 2010.
30
BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 26ª ed. atual. – São Paulo : Malheiros,
2011.
23
31
MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais, p. 13.
32
BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional, p. 369.
24
“legislava por via de decretos-leis que ele próprio depois aplicava, como órgão do
Executivo.”33
33
SILVA, José Afonso da.. Curso de Direito Constitucional Positivo. 34ª ed. rev. e atual (até a
Emenda Constitucional n° 67). São Paulo: Malheiros, 2011. Para o autor, a Constituição
Federal de 1937 não teve aplicação regular e vários dispositivos nela inscritos nunca foram
aplicados, embora tenham sofrido um total de 21 emendas, por meio de leis constitucionais que
lhe alteravam o texto, ao sabor das necessidades e conveniências do momento e, não raro, até
do capricho do chefe do governo.
34
MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais, p. 14. Cumpre enfatizar que, nos
38 parágrafos do seu art. 141, a Constituição de 1946 trouxe previsões específicas sobre
direitos e garantias constitucionais. Pode-se citar as seguintes: a) a lei não poderá excluir da
apreciação do Poder Judiciário qualquer lesão de direito individual; b) para proteger direito
líquido e certo não amparado por habeas corpus, conceder-se-á mandado de segurança, seja
qual for a autoridade responsável pela ilegalidade ou abuso de poder; c) contraditório; d) sigilo
das votações, plenitude de defesa e soberania dos veredictos do Tribunal do Júri; e) reserva
legal em relação a tributos; f) direitos de certidão.
35
Art. 157 da Constituição Federal de 1946: “A legislação do trabalho e a da previdência social
obedecerão nos seguintes preceitos, além de outros que visem a melhoria da condição dos
trabalhadores: IV - participação obrigatória e direta do trabalhador nos lucros da empresa, nos
termos e pela forma que a lei determinar.”
36
MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais, p. 15.
37
SILVA, José Afonso da.. Curso de Direito Constitucional Positivo, p. 87.
25
38
MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais, p. 15.
39
A Lei para proteção do sangue e da honra alemãs, de 15 de setembro de 1935, previa: “Ficam
proibidos os casamentos entre judeus e alemães ou pessoas de sangue alemão. Os enlaces já
contratados, contrariamente a esta disposição, são nulos, mesmo nos casos em que se devem
celebrar no estrangeiro. As relações sexuais entre judeus e alemães ou pessoas de sangue
alemão são proibidas.”
40
RÉMOND, René. O século XX: de 1914 aos nossos dias. São Paulo: Editora Cultrix, 1993, p.
128. O autor afirma que o estudo em comento concluiu que somente a Polônia perdeu algo em
torno de 6 a 7 milhões de pessoas, ou seja, um quarto de sua população.
26
41
MARMELSTEIN, George. Curso de direitos fundamentais, p. 66.
27
42
O art. 60 da Constituição de 1988, em seu § 4º, aduz que “não será objeto de deliberação a
proposta de emenda tendente a abolir: IV - os direitos e garantias individuais.” Importante
ressaltar que os direitos fundamentais não estão previstos somente no início do texto
constitucional, mas em vários de seus dispositivos, a exemplo do direito ao meio ambiente, que,
hodiernamente, é considerado um direito de terceira dimensão. Para Bobbio (Bobbio, Norberto,
1909. A era dos direitos, p. 5), o direito a viver num ambiente não poluído é o mais importante
dos direitos de terceira dimensão).
43
MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais, p. 23.
28
44
“conceder-se-á habeas-corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer
violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder” (art.
5°, inc. LXVIII).
45
“conceder-se-á habeas-data: a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à
pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades
governamentais ou de caráter público;b) para a retificação de dados, quando não se prefira
fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo” (art. 5°, inc. LXXII).
46
“conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por
habeas-corpus ou habeas-data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público”
(art. 5°, inc. LXIX).
47
“o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: a) partido político com
representação no Congresso Nacional; b) organização sindical, entidade de classe ou
associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos
interesses de seus membros ou associados” (art. 5°, inc. LXX).
48
“conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne
inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à
nacionalidade, à soberania e à cidadania” (art. 5°, inc. LXXI).
49
“qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao
patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao
meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé,
isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência” (art. 5°, inc. LXXIII).
50
“Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: [...] III - promover o inquérito civil e a
ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros
interesses difusos e coletivos.”
51
“Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição,
cabendo-lhe: I - processar e julgar, originariamente: a) a ação direta de inconstitucionalidade de
lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou
ato normativo federal.”
52
“A argüição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta Constituição, será
apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei.” (art. 102, § 1°).
53
“a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito” (art. 5°, inc.
XXXV).
54
BOBBIO, Norberto, 1909. A era dos direitos, p. 1.
29
55
BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional, p. 577.
56
HESSE, Konrad. A força normativa da Constituição. Porto Alegre: Sérgio Fabris Editor, 1991,
p. 19. Para o autor, “embora a Constituição não possa, por si só, realizar nada, ela pode impor
tarefas. A Constituição transforma-se em força ativa se essas tarefas forem efetivamente
realizadas, se existir a disposição de orientar a própria conduta segundo a ordem nela
estabelecida, se, a despeito de todos os questionamentos e reservas provenientes dos juízos
de conveniência, se puder identificar a vontade de concretizar essa ordem. Concluindo, pode-
se afirmar que a Constituição converter-se-á em força ativa se fizerem-se presentes, na
consciência geral – particularmente, na consciência dos principais responsáveis pela ordem
constitucional -, não só a vontade de poder (Wille zur Macht), mas também a vontade de
Constituição (Wille zur Verfassung).”
57
MARMELSTEIN, George. Curso de direitos fundamentais, p. 57.
30
58
BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional, pp. 571-572.
59
SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais : uma teoria geral dos
direitos fundamentais na perspectiva constitucional. – 10. ed. rev. atual. e ampl.; 2. tir. –
Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2010.
60
MARMELSTEIN, George. Curso de direitos fundamentais, p. 58.
31
61
BOBBIO, Norberto, 1909 - A era dos direitos. p. 18.
62
O Ministro do Supremo Tribunal Federal Celso de Mello destacou que “enquanto os direitos de
primeira geração (direitos civis e políticos) – que compreendem as liberdades clássicas,
negativas ou formais – realçam o princípio da liberdade e os direitos de segunda geração
(direitos econômicos, sociais e culturais) – que se identificam com as liberdades positivas, reais
ou concretas – acentuam o princípio da igualdade, os direitos de terceira geração, que
materializam poderes de titularidade coletiva atribuídos genericamente a todas as formações
sociais, consagram o princípio da solidariedade e constituem um momento importante no
processo de desenvolvimento, expansão e reconhecimento dos direitos humanos,
caracterizados, enquanto valores fundamentais indisponíveis, pela nota de uma essencial
inexauribilidade” (STF – Pleno – MS n° 22164/SP – rel. Min. Celso de Mello, Diário da Justiça,
Seção I, 17 nov. 1995, p. 39.206).
32
63
FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Princípios fundamentais do direito constitucional. p.
84. Para o autor, é desnecessário falar-se em quarta geração de direitos. Na mesma
passagem, afirma que “em cada uma prepondera um tipo de direito considerado fundamental,
embora não tenha nisso exclusividade. Assim, por exemplo, o direito aos socorros públicos é
um direito social, mas foi reconhecido já na Declaração francesa de 1793 (art. 21). A liberdade
sindical é uma liberdade, contudo não foi identificada como tal senão após a Primeira Guerra
Mundial. O direito à comunicação é incluído entre os direitos de solidariedade, mas num
aspecto – o direito de informar – é uma liberdade; noutro, o de ser informado, é um direito
social. Trata-se, portanto, de uma questão de predominância. Por outro lado, cada uma delas
reflete as exigências de um quadro sociopolítico.”
64
BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. pp. 563-564.
65
BONAVIDES, Paulo. Os direitos fundamentais e a globalização. In: George Salomão Leite
(coord.) Dos princípios constitucionais. Considerações em torno das normas
principiológicas da Constituição. 2ª ed. rev., atual. e ampl. - São Paulo: Método, 2008, p.
130. Na mesma passagem, afirma o autor que os direitos de primeira geração “entram na
categoria do status negativus da classificação de Jellinek e fazem também ressaltar na ordem
dos valores políticos a nítida separação entre a Sociedade e o Estado. Sem o reconhecimento
dessa separação, não se pode aquilatar o verdadeiro caráter antiestatal dos direitos da
liberdade, conforme tem sido professado com tanto desvelo teórico pelas correntes do
pensamento liberal de teor clássico.”
33
66
MARMELSTEIN, George. Curso de direitos fundamentais, p. 42.
67
MARMELSTEIN, George. Curso de direitos fundamentais, p. 42.
68
MARMELSTEIN, George. Curso de direitos fundamentais, p. 42.
69
MARMELSTEIN, George. Curso de direitos fundamentais, p. 43.
70
Atribui-se a Voltaire, um dos principais personagens do Iluminismo, a célebre frase que resume
o princípio em favor da liberdade: “Posso não concordar com nenhuma das palavras que dizeis,
mas defenderei até a morte teu direito de dizê-las.”
34
71
LOCKE, John. Segundo tratado sobre o governo. São Paulo: Martin Claret, 2003, p. 76.
72
MARMELSTEIN, George. Curso de direitos fundamentais, p. 44. A título de exemplo, o autor
cita a Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão, aprovada em 1789 pelo parlamento
francês, que começa seu texto proclamando que “os homens nascem e permanecem livres e
iguais em direitos”. Apesar disso, na mesma época, ficou decidido que o direito de voto seria
restrito aos homens que tinham posses (voto censitário). O sufrágio universal sequer foi
mencionado. Com isso, grande parcela da população ficava à margem do jogo político,
inclusive as mulheres. Os ‘homens e cidadãos’, mencionados no texto, eram mesmo pessoas
do sexo masculino e não uma figura de linguagem”
35
73
FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Princípios fundamentais do direito constitucional, p.
85.
74
BONAVIDES, Paulo. Os direitos fundamentais e a globalização. In: George Salomão Leite
(coord.) Dos princípios constitucionais. Considerações em torno das normas
principiológicas da Constituição, p. 130.
75
BONAVIDES, Paulo. Os direitos fundamentais e a globalização. In: George Salomão Leite
(coord.) Dos princípios constitucionais. Considerações em torno das normas
principiológicas da Constituição, p. 130.
36
riqueza e das vantagens estatais usufruídas pela burguesia. O Estado, por sua
vez, já não garantia a simetria entre as classes sociais. A classe trabalhadora
passou a se organizar politicamente e a reivindicar direitos que lhes
proporcionassem melhorias nas condições de trabalho.76
76
MARMELSTEIN, George. Curso de direitos fundamentais, p. 48.
77
MARMELSTEIN, George. Curso de direitos fundamentais, p. 49.
78
MARMELSTEIN, George. Curso de direitos fundamentais, p. 49.
37
79
MARMELSTEIN, George. Curso de direitos fundamentais, p. 49.
80
MARMELSTEIN, George. Curso de direitos fundamentais, p. 51.
81
FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Princípios fundamentais do direito constitucional, p.
93.
82
BONAVIDES, Paulo. Os direitos fundamentais e a globalização. In: George Salomão Leite
(coord.) Dos princípios constitucionais. Considerações em torno das normas
principiológicas da Constituição, p. 132.
38
83
Constituição Federal de 1988, art. 225: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao
Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações.”
84
MARMELSTEIN, George. Curso de direitos fundamentais, p. 53.
85
SARLET, Ingo Wolfgang. Direito constitucional ambiental. Estudos sobre a Constituição,
os Direitos Fundamentais e a proteção do ambiente. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2011, p. 36.
39
86
BONAVIDES, Paulo. Os direitos fundamentais e a globalização. In: George Salomão Leite
(coord.) Dos princípios constitucionais. Considerações em torno das normas
principiológicas da Constituição, p. 133.
87
BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional, p. 571.
88
BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional, p. 581-585.
40
CAPÍTULO 2
89
GONÇALVES, Tamara Amoroso, CHAMBOULEYRON, Ingrid Cyfer. Direitos humanos das
mulheres: não discriminação, direitos sexuais e direitos reprodutivos. In: Daniela Ikawa,
Flávia Piovesan, Melina Girardi Fachin (coords.). Direitos humanos na ordem
contemporânea. Proteção nacional, regional e global. Curitiba: Juruá, 2010.
90
PIOVESAN, Flávia. A proteção dos direitos reprodutivos no direito internacional e no
direito interno. In: Temas de direitos humanos. 3a. ed. – São Paulo : Saraiva, 2009.
41
91
PIOVESAN, Flávia. A proteção dos direitos reprodutivos no direito internacional e no
direito interno. In: Temas de direitos humanos, p. 251.
92
PIOVESAN, Flávia. A proteção dos direitos reprodutivos no direito internacional e no
direito interno. In: Temas de direitos humanos, p. 252.
42
93
Disponível em http://www.escueladefeminismo.org/spip.php?article383. Acesso em 02 out.
2011.
43
94
O plano de ação da Conferência do México identificava três objetivos prioritários: a) a igualdade
plena de gênero e a eliminação da discriminação por motivos de gênero; b) a plena
participação das mulheres no desenvolvimento; c) uma maior contribuição das mulheres à paz
mundial. Destarte, tinha-se o Plano como um guia de ação para o avanço da condição das
mulheres no mundo durante os próximos dez anos e seus objetivos gerais eram a promoção da
igualdade entre gêneros, além de assegurar a integração e contribuição das mulheres ao
desenvolvimento e à paz mundial.
95
Valério Mazzuoli salienta algumas diferenças entre os tratados e as convenções, afirmando que
usualmente são utilizados como sinônimos e em nada diferem estruturalmente. Para o autor,
emprega-se o termo tratado “nos ajustes solenes, cujo objeto, fim, número e poder das partes
contratantes têm maior importância, por criarem situações jurídicas.”. São exemplos os
“tratados de paz”. Já o termo convenção é empregado “nos acordos que criam ou estabelecem
normas gerais, como a Convenção de Havana de 1928 sobre Condições dos Estrangeiros.”
(MAZZUOLI, Valério de Oliveira, 1977. Tratados internacionais : (com comentários à
Convenção de Viena de 1969). 2ª ed. rev., ampl. e atual. – São Paulo : Editora Juarez de
Oliveira, 2003, pp. 48-49).
96
O Estado brasileiro assinou a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação contra a Mulher no dia 31 de março de 1981, com reservas aos seus artigos 15,
§ 4°, e 16, § 1°, alíneas a, c, g e h, cuja aprovação deu-se por meio do Decreto Legislativo n°
93, de 14 de novembro de 1983. Posteriormente, por meio do Decreto Legislativo n° 26, de 22
de junho de 1994, revogou-se o Decreto Legislativo n° 93 e o texto da Convenção foi aprovado
sem as referidas reservas.
97
PIOVESAN, Flávia. Os direitos humanos da mulher na ordem internacional. In Temas de
direitos humanos. 3a. ed. – São Paulo : Saraiva, 2009, p. 208.
44
98
ESPINOZA, Olga. Convenção sobre a eliminação de Todas as Formas de Discriminação
Contra a Mulher. In: Direito internacional dos direitos humanos : instrumentos básicos.
2a. ed. – São Paulo : Atlas, 2007.
45
99
Preâmbulo da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra a
Mulher. Saliente-se ainda a preocupação com o fato da mulher continuar sendo objeto de
grandes discriminações, malgrado as resoluções, declarações e recomendações aprovadas
pelas Nações Unidas e pelas agências especializadas para favorecer a igualdade de direitos
entre o homem e a mulher.
100
PIOVESAN, Flávia. Os direitos humanos da mulher na ordem internacional. In Temas de
direitos humanos. 3a. ed. – São Paulo : Saraiva, 2009, p. 209.
101
Art. 4° da Convenção: “A adoção pelos Estados-partes de medidas especiais de caráter
temporário destinadas a acelerar a igualdade de fato entre o homem e a mulher não se
considerará discriminação na forma definida nesta Convenção, mas de nenhuma maneira
implicará, como conseqüência, a manutenção de normas desiguais ou separadas; essas
medidas cessarão quando os objetivos de igualdade de oportunidade e tratamento houverem
sido alcançados.”
102
PIOVESAN, Flávia. Os direitos humanos da mulher na ordem internacional. In Temas de
direitos humanos, p. 211.
46
103
A redação do art. 11 assim dispunha: “Cada partido ou coligação poderá registrar candidatos
para a Câmara Municipal até cento e vinte por cento do número de lugares a preencher. § 3º
Vinte por cento, no mínimo, das vagas de cada partido ou coligação deverão ser preenchidas
por candidaturas de mulheres”.
104
Importante ressaltar a postura adotada pelo Estado brasileiro, no tocante às medidas visando
uma maior participação das mulheres no processo eleitoral. Em 30 de setembro de 1997,
entrou em vigor a Lei n° 9.503 que, em seu art. 10, § 3°, previu que “do número de vagas
resultantes das regras previstas neste artigo, cada partido ou coligação deverá reservar o
mínimo de trinta por cento e o máximo de setenta por cento para candidaturas de cada sexo”.
105
Artigo 2º da Convenção: “Os Estados-partes condenam a discriminação contra a mulher em
todas as suas formas, concordam em seguir, por todos os meios apropriados e sem dilações,
uma política destinada a eliminar a discriminação contra a mulher, e com tal objetivo se
comprometem a: a) consagrar, se ainda não o tiverem feito, em suas Constituições nacionais
ou em outra legislação apropriada, o princípio da igualdade do homem e da mulher e assegurar
por lei outros meios apropriados à realização prática desse princípio; b) adotar medidas
adequadas, legislativas e de outro caráter, com as sanções cabíveis e que proíbam toda
discriminação contra a mulher; c) estabelecer a proteção jurídica dos direitos da mulher em
uma base de igualdade com os do homem e garantir, por meio dos tribunais nacionais
competentes e de outras instituições públicas, a proteção efetiva da mulher contra todo ato de
discriminação”.
47
106
também, na implementação, pelos Estados-partes, de medidas afirmativas (as
ações afirmativas), com vistas à aceleração do processo de obtenção da
igualdade.107
106
Tem-se as ações afirmativas como poderoso instrumento de inserção social, pelo qual os
Estados-partes adotariam medidas especiais e temporárias, cujo objetivo é tornar célere o
processo de igualdade material por parte dos chamados grupos vulneráveis, dentre eles, as
mulheres, visando-se remediar todo um passado de discriminação. Como exemplo de ação
afirmativa no Brasil, temos a Constituição Federal de 1988 que, em seu art. 7°, XX, versa sobre
a proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos. Tal dispositivo
foi regulamentado pela Lei n. 9.799/99, que inseriu na Consolidação das Leis do Trabalho
regras que possibilitaram um melhor acesso feminino ao mercado de trabalho. (PIOVESAN,
Flávia. Implementação do direito à igualdade. In: Temas de direitos humanos. 3a. ed. –
São Paulo : Saraiva, 2009, p. 190.
107
Artigo 3º da Convenção: “Os Estados-partes tomarão, em todas as esferas e, em particular, nas
esferas política, social, econômica e cultural, todas as medidas apropriadas, inclusive de
caráter legislativo, para assegurar o pleno desenvolvimento e progresso da mulher, com o
objetivo de garantir-lhe o exercício e o gozo dos direitos humanos e liberdades fundamentais
em igualdade de condições com o homem”.
108
Art. 2° da Convenção, alíneas: f) adotar todas as medidas adequadas, inclusive de caráter
legislativo, para modificar ou derrogar leis, regulamentos, usos e práticas que constituam
discriminação contra a mulher; g) derrogar todas as disposições penais nacionais que
constituam discriminação contra a mulher.
109
PIOVESAN, Flávia. Os direitos humanos da mulher na ordem internacional. In Temas de
direitos humanos, p. 210.
48
113
Art. 22 da Convenção: “As agências especializadas terão direito a estar representadas no
exame da aplicação das disposições desta Convenção que correspondam à esfera de suas
atividades. O Comitê poderá convidar as agências especializadas a apresentar relatórios sobre
a aplicação da Convenção em áreas que correspondam à esfera de suas atividades.
114
ESPINOZA, Olga. Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação
Contra a Mulher. In: Direito Internacional dos Direitos Humanos : instrumentos básicos.
p. 46.
50
115
Art. 2° do Protocolo: “As comunicações podem ser apresentadas por indivíduos ou grupos de
indivíduos, que se encontrem sob a jurisdição do Estado Parte e aleguem ser vítimas de
violação de quaisquer dos direitos estabelecidos na Convenção por aquele Estado Parte, ou em
nome desses indivíduos ou grupos de indivíduos. Sempre que for apresentada em nome de
indivíduos ou grupos de indivíduos, a comunicação deverá contar com seu consentimento, a
menos que o autor possa justificar estar agindo em nome deles sem o seu consentimento”.
116
Art. 10 do Protocolo: “1. Cada Estado Parte poderá, no momento da assinatura ou ratificação
do presente Protocolo ou no momento em que a este aderir, declarar que não reconhece a
competência do Comitê disposta nos Artigos 8 e 9 deste Protocolo. 2. O Estado Parte que fizer
a declaração de acordo com o Parágrafo 1 deste Artigo 10 poderá, a qualquer momento, retirar
essa declaração através de notificação ao Secretário-Geral”.
51
117
GARCIA, Emerson. Proteção internacional dos Direitos Humanos: breves reflexões sobre
os sistemas convencional e não-convencional. 2. ed. – Rio de Janeiro : Lumen Juris, 2009.
118
MEDEIROS, Noé de. Os direitos humanos e os efeitos da globalização. Barueri, São Paulo :
Minha Editora, 2011.
52
119
Art. 39 da Conferência: “39. A Conferência Mundial sobre Direitos Humanos apela à
erradicação de todas as formas de discriminação, flagrantes ou ocultas, de que as mulheres
são vítimas. As Nações Unidas deverão encorajar a ratificação universal, por todos os Estados,
até ao ano 2000, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação
contra as Mulheres. Deverá ser estimulada a procura de formas e de meios para lidar com o
número particularmente elevado de reservas à Convenção. O Comitê para a Eliminação da
Discriminação contra as Mulheres deverá continuar, inter alia, o exame às reservas formuladas.
Exortam-se os Estados a retirar as reservas contrárias ao objeto e fim da Convenção ou que
sejam, a qualquer título, incompatíveis com o Direito Internacional dos tratados.”.
120
PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e o direito constitucional internacional. 3. ed. atual. –
São Paulo : Max Limonad, 1997, p. 207.
121
CANÇADO TRINDADE, Antonio Augusto. Tratado de direito internacional dos direitos
humanos, vol. II. – Porto Alegre : Sérgio Antonio Fabris Editor, 1999, pp. 187-192.
122
O art. 8° da Convenção dispõe: “A democracia, o desenvolvimento e o respeito aos direitos
humanos e liberdades fundamentais são conceitos interdependentes que se reforçam
mutuamente. A democracia se baseia na vontade livremente expressa pelo povo de determinar
seus próprios sistemas políticos, econômicos, sociais e culturais e em sua plena participação
em todos os aspectos de suas vidas. Nesse contexto, a promoção e proteção dos direitos
humanos e liberdades fundamentais, em níveis nacional e internacional, devem ser universais e
incondicionais. A comunidade internacional deve apoiar o fortalecimento e a promoção de
democracia e o desenvolvimento e respeito aos direitos humanos e liberdades fundamentais no
mundo inteiro.”
53
123
MEDEIROS, Noé de. Os direitos humanos e os efeitos da globalização, p. 52.
124
MEDEIROS, Noé de. Os direitos humanos e os efeitos da globalização, p. 57.
54
125
Art.38 da Conferência: “A Conferência sobre Direitos Humanos salienta principalmente a
importância de se trabalhar no sentido da eliminação da violência contra as mulheres na vida
pública e privada, da eliminação de todas as formas de assédio sexual, exploração e tráfico de
mulheres para prostituição, da eliminação de tendências sexistas na administração da justiça e
da erradicação de quaisquer conflitos que possam surgir entre os direitos das mulheres e os
efeitos nocivos de certas práticas tradicionais ou consuetudinárias, preconceitos culturais e
extremismos religiosos. A Conferência Mundial sobre Direitos Humanos apela à Assembléia
Geral para que adote o projeto de declaração sobre a violência contra as mulheres, e insta os
Estados a combaterem a violência contra as mulheres em conformidade com as disposições
contidas na declaração. As violações dos direitos das mulheres em situações de conflito
armado constituem violações dos princípios internacionais fundamentais de Direitos Humanos e
de Direito Humanitário. Todas as violações deste tipo, incluindo especialmente, o homicídio, as
violações sistemáticas, a escravatura sexual e a gravidez forçada exigem uma resposta
particularmente eficaz”.
126
PIOVESAN, Flávia. Os direitos humanos da mulher na ordem internacional. In Temas de
direitos humanos, p. 213.
55
127
PIOVESAN, Flávia. A proteção dos direitos reprodutivos no direito internacional e no
direito interno. In: Temas de direitos humanos, p.253.
128
CANÇADO TRINDADE, Antonio Augusto. Tratado de direito internacional dos direitos
humanos, vol. II, p. 308.
56
129
CANÇADO TRINDADE, Antonio Augusto. Tratado de direito internacional dos direitos
humanos, vol. II, p. 308.
130
Nesse sentido é o item 7.2 do Plano de Ação da Conferência Mundial do Cairo: “Saúde
reprodutiva é um estado de completo desenvolvimento físico, mental e bem-estar social e não
meramente a ausência de doença ou enfermidade, em todas as questões relacionadas ao
sistema reprodutivo e suas funções e processos. Saúde reprodutiva implica, portanto, que as
pessoas são capazes de ter uma vida sexual satisfatória e segura e que eles têm a capacidade
de reproduzir e a liberdade de decidir se, quando e quantas vezes a fazê-lo. Implícito nesta
última condição está o direito de homens e mulheres de ser informado e ter acesso a métodos
seguros, eficazes, acessíveis e aceitáveis de planejamento familiar de sua escolha, bem como
outros métodos de sua escolha para a regulação da fertilidade, que não são contra a lei, e o
direito de acesso aos apropriados serviços de saúde que permitam às mulheres para ir com
segurança através da gravidez e ao parto e aos casais com a melhor chance de ter um bebê
saudável.”
131
PIOVESAN, Flávia. A proteção dos direitos reprodutivos no direito internacional e no
direito interno. In: Temas de direitos humanos, p. 253.
132
PIOVESAN, Flávia. A proteção dos direitos reprodutivos no direito internacional e no
direito interno. In Temas de direitos humanos, p. 254.
57
133
LINHARES, Leila. As conferências das nações unidas influenciando a mudança legislativa
e as decisões do poder judiciário. In: Seminário “Direitos Humanos: rumo a uma
jurisprudência da igualdade.” Belo Horizonte, de 14 a 17 de maio de 1998.
134
FLORES, Joaquín Herrera. Teoria crítica dos direitos humanos: os direitos humanos como
produtos culturais. Rio de Janeiro : Editora Lumen Juris, 2009.
135
Capítulo VII do Plano de Ação.
136
PIOVESAN, Flávia. A proteção dos direitos reprodutivos no direito internacional e no
direito interno. In Temas de direitos humanos, p. 254.
58
137
PIOVESAN, Flávia. A proteção dos direitos reprodutivos no direito internacional e no
direito interno. In Temas de direitos humanos, pp. 255-256. Finalizando acerca dos direitos
reprodutivos, o Programa de Ação recomenda que, “No exercício desses direitos, as pessoas
devem levar em conta as necessidades de suas vidas e de seus futuros filhos e suas
responsabilidades para com a comunidade. A promoção do exercício responsável desses
direitos por todas as pessoas deve constituir a base fundamental das políticas e programas
estatais e comunitários na área da saúde reprodutiva, inclusive do planejamento familiar. Como
parte desse compromisso, deve-se dar plena atenção à promoção do respeito mútuo e das
relações equitativas de gênero e particularmente às necessidades educacionais e de serviços
dos adolescentes, para torná-los aptos a tratar de forma positiva e responsável sua
sexualidade.”
138
PIOVESAN, Flávia. A proteção dos direitos reprodutivos no direito internacional e no
direito interno. In Temas de direitos humanos, p. 256
59
139
CANÇADO TRINDADE, Antonio Augusto. Tratado de direito internacional dos direitos
humanos, vol. II, p. 316. O autor também afirma que a Plataforma de Ação da Conferência de
Beijing visou à eliminação de todos os aspectos que impedem as mulheres de exercer um
papel ativo em todos os domínios da vida pública e privada, inclusive na tomada de decisões e
se baseou no princípio da repartição de poderes e responsabilidades entre e mulheres em toda
parte, tanto nos locais de trabalho como nos lares, e nos planos nacional e internacional.
140
PIOVESAN, Flávia. A proteção dos direitos reprodutivos no direito internacional e no
direito interno. In Temas de direitos humanos, p. 257. A autora destaca o parágrafo 89 do
art. IV da Plataforma de Ação de Beijing, que dispõe: “A mulher tem o direito de desfrutar do
mais elevado nível possível de saúde física e mental. O gozo deste direito é essencial para sua
vida e seu bem-estar, e para sua capacidade de participar em todas as esferas da vida pública
e privada. A saúde não é só a ausência de enfermidade ou moléstia, mas sim um estado de
pleno bem-estar físico, mental e social. A saúde da mulher inclui o seu bem estar: emocional,
social e físico; contribuem para determinar sua saúde tanto fatores biológicos quanto o contexto
social, político e econômico em que vive. Contudo, a maioria das mulheres não goza de saúde
nem de bem-estar. O obstáculo principal que impede a mulher de alcançar o mais alto nível
possível de bem-estar é a desigualdade entre a mulher e o homem e entre mulheres de regiões
geográficas, classes sociais e grupos indígenas e étnicos diferentes. Em foros nacionais e
internacionais, as mulheres têm ressaltado que a igualdade, inclusive na distribuição das
obrigações familiares, o desenvolvimento e a paz são condições necessárias para que possam
gozar de ótima saúde durante todo o seu ciclo vital”.
141
Capítulo IV, parágrafo 24 da Declaração.
142
Capítulo IV, parágrafo 30 da Declaração.
143
PIOVESAN, Flávia. A proteção dos direitos reprodutivos no direito internacional e no
direito interno. In Temas de direitos humanos, p. 257.
60
144
PIOVESAN, Flávia. A proteção dos direitos reprodutivos no direito internacional e no
direito interno. In Temas de direitos humanos, p. 257..
145
§ 8.25 do Plano de Ação do Cairo: “Em nenhum caso se deve promover o aborto como método
de planejamento familiar. Exorta-se todos os Governos e as organizações intergovernamentais
e não-governamentais a aumentar seu compromisso com a saúde da mulher; a ocupar-se dos
efeitos sobre a saúde das mulheres dos abortos realizados em condições não adequadas (...) e
a reduzir o recurso ao aborto mediante a prestação dos mais amplos e melhores serviços de
planificação familiar”.
61
146
PIOVESAN, Flávia. A proteção dos direitos reprodutivos no direito internacional e no
direito interno. In Temas de direitos humanos, p. 259.
147
SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais: uma teoria geral dos
direitos fundamentais na perspectiva constitucional, p. 63.
148
SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais: uma teoria geral dos
direitos fundamentais na perspectiva constitucional, p. 63.
149
PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e o princípio da dignidade da pessoa humana. In:
Dos princípios constitucionais: considerações em torno das normas principiológicas da
Constituição. George Salomão Leite (coordenação). – 2. ed. rev. atual. e ampl. – São Paulo:
Método, 2008, p. 149. Na mesma passagem, afirma a autora que o texto constitucional introduz
“extraordinário avanço na consolidação das garantias e direitos fundamentais, situando-se
como o documento mais abrangente e pormenorizado sobre os direitos humanos jamais
adotado no Brasil. A Carta de 1988 destaca-se como uma das Constituições mais avançadas
no mundo no que diz respeito à matéria. Ressalta-se, ainda, a influência, no constitucionalismo
brasileiro, das Constituições alemã (Lei Fundamental – GrundGesetz, 23.05.1949), portuguesa
(02.04.1976) e espanhola (29.12.1978), na qualidade de Constituições que primam pela
linguagem dos direitos humanos e da proteção à dignidade humana.”
62
150
SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais: uma teoria geral dos
direitos fundamentais na perspectiva constitucional, p. 66. No mesmo trecho da obra, o
autor complementa: “Além disso, a própria utilização da terminologia ‘direitos e garantias
fundamentais’ constitui novidade, já que nas Constituições anteriores costumava utilizar-se a
denominação “direitos e garantias individuais”, desde muito superada e manifestamente
anacrônica, além de desafinada em relação à evolução recente no âmbito do direito
constitucional e internacional. A acolhida dos direitos fundamentais sociais em capítulo próprio
no catálogo dos direitos fundamentais ressalta, por sua vez, de forma incontestável, sua
condição de autênticos direitos fundamentais, já que nas Cartas anteriores os direitos sociais se
encontravam positivados no capítulo da ordem econômica e social, sendo-lhes, ao menos em
princípio e ressalvadas algumas exceções, reconhecido caráter meramente programático.”
151
PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e o princípio da dignidade da pessoa humana. In:
Dos princípios constitucionais: considerações em torno das normas principiológicas da
Constituição, p. 150.
152
PIOVESAN, Flávia. A proteção dos direitos reprodutivos no direito internacional e no
direito interno. In: Temas de direitos humanos, p. 257.
63
153
SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 34ª ed. rev. e atual. (até a
Emenda Constitucional n. 67, de 22.12.2010). – São Paulo: Malheiros, 2011. Para o autor, “o
direito de igualdade não tem merecido tantos discursos somo a liberdade. As discussões, os
debates doutrinários e até as lutas em torno desta obnubilaram aquela. É que a igualdade
constitui signo fundamental da democracia. Não admite os privilégios e distinções que um
regime simplesmente liberal consagra. Por isso é que a burguesia, cônscia de seu privilégio de
classe, jamais postulou um regime de igualdade tanto quanto reivindicara o de liberdade. É que
um regime de igualdade contraria seus interesses e dá à liberdade sentido material que não se
harmoniza com o domínio de classe em que assenta a democracia liberal burguesa”.
154
PIOVESAN, Flávia. A proteção dos direitos reprodutivos no direito internacional e no
direito interno. In: Temas de direitos humanos, p. 259. A autora ainda afirma que “o art. 5°,
em seu inciso X, assegura ainda serem invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação. Este inciso consolida importantes cláusulas de defesa dos direitos
sexuais, garantindo o direito à intimidade, à vida privada, à honra, etc.”.
155
BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional, p. 376.
64
156
PIOVESAN, Flávia. A proteção dos direitos reprodutivos no direito internacional e no
direito interno. In: Temas de direitos humanos, p. 260.
157
SARLET, A eficácia dos direitos fundamentais: uma teoria geral dos direitos
fundamentais na perspectiva constitucional, p. 70.
158
SARLET, A eficácia dos direitos fundamentais: uma teoria geral dos direitos
fundamentais na perspectiva constitucional, p. 78.
159
PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e o direito constitucional internacional, p. 111.
160
CANÇADO TRINDADE, Antonio Augusto. Tratado de direito internacional dos direitos
humanos, vol. II, p. 631.
65
161
SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo, pp. 182-183.
162
SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo, p. 285. O autor conceitua
os direitos sociais como “dimensão dos direitos fundamentais do homem, são prestações
positivas proporcionadas pelo Estado direta ou indiretamente, enunciadas em normas
constitucionais, que possibilitam melhores condições de vida aos mais fracos, direitos que
tendem a realizar a igualização de situações sociais desiguais. São, portanto, direitos que se
ligam aos direitos de igualdade. Valem como pressupostos do gozo dos direitos individuais na
medida em que criam condições materiais mais propícias ao auferimento da igualdade real, o
que, por sua vez, proporciona condição mais compatível com o exercício efetivo da liberdade.”
66
163
São exemplos da luta pela igualdade de gêneros a Primeira Conferência Mundial da Mulher,
realizada no México, em 1975, a Convenção sobre a Eliminação de todas as Formas de
Discriminação contra a Mulher, realizada pela ONU, em 1979 e, mais recentemente, a
Convenção Interamericana para Prevenir, Punir, e Erradicar a Violência contra a Mulher,
realizada no Brasil, em 1994.
164
SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo, p. 216. Na mesma
passagem, acrescenta ainda o autor: “Aqui, a igualdade não é apenas no confronto marido e
mulher. Não se trata apenas da igualdade no lar e na família. Abrange também essa situação,
que, no entanto, recebeu formulação específica no art. 226, § 5°: “Os direitos e deveres
referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher”. Vale
dizer: nenhum pode mais ser considerado cabeça do casal, ficando revogados todos os
dispositivos da legislação ordinária que outorgava primazia ao homem”.
67
165
Ainda sobre o tema, ressalte-se a previsão do inciso L, do art. 5° da Constituição Federal do
Brasil: “Às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus
filhos durante o período de amamentação”. Tal previsão reafirma a disposição do Constituinte
em assegurar os direitos relativos à reprodução, pois, ao tempo em que garante à mãe reclusa
o direito à amamentação e ao contato com seu filho, garante ao mesmo o direito de ser
alimentado naturalmente.
166
PIOVESAN, Flávia. A proteção dos direitos reprodutivos no direito internacional e no
direito interno. In: Temas de direitos humanos, p. 260
167
Constituição Federal de 1988, art. 196: “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido
mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros
agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e
recuperação”. Acerca do tema, vale ressaltar a seguinte decisão: STF – “Paciente com
HIV/AIDS. Pessoa destituída de recursos financeiros. Direito à vida e à saúde. Fornecimento
gratuito de medicamentos. Dever constitucional do Estado (CF, art. 5°, caput e 196)” (STF –
Pleno – Rextr. 232.335-1/RS – Rel. Min. Celso de Mello, Diário da Justiça, Seção I, 25 ago.
2000, p. 99. Conferir a íntegra da decisão do Min. Celso de Mello no Informativo STF, n° 202).
168
Constituição Federal de 1988, art. 201: “A previdência social será organizada sob a forma de
regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que
preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: II - proteção à
maternidade, especialmente à gestante”.
68
169
José Afonso da Silva (Curso de direito constitucional positivo, p. 312), assevera que “o
direito à assistência social constitui a face universalizante da seguridade social, porque ‘será
prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição’ (art. 203)”.
170
PIOVESAN, Flávia. A proteção dos direitos reprodutivos no direito internacional e no
direito interno. In: Temas de direitos humanos, p. 262. A autora destaca importante decisão
da 4ª Turma do Superior Tribunal de Justiça nesse sentido: “Trata-se de ação declaratória de
união homoafetiva. [...] a impossibilidade jurídica de um pedido só ocorre quando há expressa
proibição legal e não existe nenhuma vedação para o prosseguimento da demanda que busca
o reconhecimento da união estável entre pessoas do mesmo sexo. [...] o legislador, caso
desejasse, poderia utilizar expressão restritiva de modo a impedir que a união entre pessoas do
mesmo sexo ficasse definitivamente excluída da abrangência legal, mas não procedeu dessa
maneira”. (REsp 820.475-RJ – Rel. Min. Antonio de Pádua Ribeiro- Rel. p/ acórdão Min. Luis
Felipe Salomão – j. em 02/09/2008).
69
171
PIOVESAN, Flávia. A proteção dos direitos reprodutivos no direito internacional e no
direito interno. In: Temas de direitos humanos, cit., p. 262.
172
PIOVESAN, Flávia. A proteção dos direitos reprodutivos no direito internacional e no
direito interno. In: Temas de direitos humanos, p. 265
70
173
Código Civil Brasileiro, art. 1.511: “O casamento estabelece comunhão plena de vida, com base
na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges”.
174
Código Civil Brasileiro, art. 1.565: “Pelo casamento, homem e mulher assumem mutuamente a
o
condição de consortes, companheiros e responsáveis pelos encargos da família. § 1 :
o
Qualquer dos nubentes, querendo, poderá acrescer ao seu o sobrenome do outro. § 2 O
planejamento familiar é de livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos
educacionais e financeiros para o exercício desse direito, vedado qualquer tipo de coerção por
parte de instituições privadas ou públicas.”
175
Código Civil Brasileiro, art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges: I - fidelidade recíproca; II
- vida em comum, no domicílio conjugal; III - mútua assistência; IV - sustento, guarda e
educação dos filhos; V - respeito e consideração mútuos.
176
Código Civil comentado : doutrina e jurisprudência : Lei n. 10.406, de 10.01.2002, coordenador
Cezar Peluso. – 5. ed. rev. e atual. – Barueri, SP : Manole, 2011
72
179
Comentários acerca do Projeto n° 478/2007 estão disponíveis no site do Centro Feminista de
Estudos e Assessoria – CFEMEA (http://www.cfemea.org.br). Acesso em 08 jul. 2011.
180
Disponível em http://www.camara.gov.br/sileg/integras/747985.pdf. Acesso em 08 jul. 2011.
181
Destacam-se, entre os grupos que integram o movimento nacional de defesa dos direitos das
mulheres, o Centro Feminista de Estudos e Assessoria - Cfemea (http://www.cfemea.org.br), a
Organização não-governamental Católicas pelo Direito de Decidir – CDD
(http://www.católicasonline.org.br) e o Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero – ANIS
(http://www.anis.org.br).
74
182
STRECK, Lênio Luis. Hermenêutica jurídica e(m) crise: uma exploração hermenêutica da
construção do direito. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1999, p. 31.
183
CANOTILHO, Joaquim José Gomes. Direito constitucional e teoria da constituição. 3. ed.
Coimbra: 1998, p. 321.
184
SARLET, Ingo Wolfgang. Direitos fundamentais sociais e proibição de retrocesso:
algumas notas sobre o desafio da sobrevivência dos direitos sociais num contexto de
crise. Revista do Instituto de Hermenêutica Jurídica, Porto Alegre, n. 2, 2004, p. 162
185
Comentando as modalidades de aborto previstas na legislação criminal, Carlos Roberto
Siqueira Castro afirma que “a questão do aborto é, reconhecidamente, a que mais atiça o
galope das paixões e a explosão de controvérsia, ensejando o interminável enfrentamento entre
as óticas religiosa, filosófica, médica, jurídica e econômico-social. Conquanto incomportável um
aprofundamento global nessa matéria nos estreitos limites desta obra, não se pode
desconhecer a atualidade da questão para o direito constitucional pós-moderno e a proteção
supralegal dos direitos fundamentais do homem. A visão legalista brasileira continua até este
fim de século desconsiderando as dramáticas realidades sociais que envolvem o problema do
abortamento, capitulando-o como crime nas modalidades dos artigos 124 a 128 do Código
Penal vigente”. (A Constituição aberta e os direitos fundamentais. Ensaios sobre o
constitucionalismo pós-moderno e comunitário. 2ª ed.- Rio de Janeiro : Forense, 2010, p.
678).
76
186
BITTENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal, 2 : parte especial : dos crimes
contra a pessoa. – 10. ed. – São Paulo : Saraiva, 2010.
77
187
Nesse sentido, deve-se ressaltar o voto do Ministro do Supremo Tribunal Federal, Ayres de
Brito, no julgamento que admitiu a Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental
(ADPF) sobre a descriminalização do aborto nos casos de fetos anencefálicos. A ADPF foi
ajuizada no ano de 2010, pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde – CNTS –
e o pedido de liminar foi concedido pelo Ministro Marco Aurélio, que concedeu o direito de
interrupção da gravidez às gestantes de fetos anencefálicos, prescindindo, para tanto, de
autorização judicial. No referido voto, Ayres de Brito afirma que “a antecipação terapêutica do
parto de feto anencéfalo é fato típico, sim, é aborto, sim, mas sem configurar prática
penalmente punível. Pois se a razão fundamental desse tipo de despenalização reside na
consideração final de que o abalo psíquico e a dor moral da gestante são bens jurídicos a
tutelar para além da potencialidade vital do feto, essa mesma fundamental e definitiva razão
pode se fazer presente na gestação anencéfala; aliás, pode se fazer presente com uma força
ainda maior de convencimento, se considerados os aspectos de que o feto anencéfalo dificulta
sobremodo a gravidez e nem sequer tem a possibilidade de viver extrauterinamente; senão
para se debater nos estertores que são próprios daqueles que, já com morte cerebral
comprovada, se vêem desligados dos aparelhos hospitalares que lhes davam uma aparência
de vida. Donde o mais que justificado emprego do brocardo latino ubi eadem ratio, ibi eadem
legis dispositio, a se traduzir na fórmula de que “onde existe a mesma razão decisiva prevalece
a mesma regra de Direito.” Disponível em: http://www.conjur.com.br/2005-abr-
28/votou_carlos_britto_aborto_anencefalo. acesso em: 11 set. 2011.
78
188
Segundo o Centro Feminista de Estudos e Assessoria – CFEMEA –, 1 em cada 7 mulheres já
praticou aborto e sua prática clandestina é responsável por 602 internações diárias no Brasil,
além de ser a terceira causa de morte materna. Disponível em <www.cfemea.org.br>. Acesso
em: 12 jul. 2011.
189
PIOVESAN, Flávia. A proteção dos direitos reprodutivos no direito internacional e no
direito interno. In: Temas de direitos humanos, p. 268. A autora, manifestando-se
favoravelmente acerca da interrupção da gravidez em razão da condição do feto anencefálico,
afirma que “a jurisprudência tem apresentado tendências de perfilhar esse segundo ponto de
vista, autorizando a prática do aborto nos casos de a gravidez por em risco a saúde da gestante
ou de não haver viabilidade de nascimento com vida. Quanto à má-formação do embrião ou
feto, a matéria é polêmica, havendo julgados que autorizam a interrupção da gravidez em tais
casos e outros que negam tal interrupção. [...] Embora o inciso refira-se somente aos casos de
gravidez resultante de estupro, por respeito à coerência, devem ser estendidos seus efeitos
para os casos de gravidez resultante de outros atos de violência sexual sofridos pela mulher,
que não o estupro propriamente dito.”
79
190
PIOVESAN, Flávia. A proteção dos direitos reprodutivos no direito internacional e no
direito interno. in: Temas de direitos humanos, p. 271. Acrescenta, ainda, a autora: “A
respeito, reitere-se a recomendação da Plataforma de Ação de Beijing, no sentido de que os
países considerem a possibilidade de revisar as leis que estabelecem medidas punitivas contra
as mulheres que praticam abortos ilegais, situando a questão do aborto no âmbito da saúde
publica.”
80
CAPÍTULO 3
191
SARMENTO, Daniel. Legalização do aborto e constituição. In: Daniel Sarmento e Flávia
Piovesan (coords.). Nos limites da vida: aborto, clonagem humana e eutanásia sob a
perspectiva dos direitos humanos.– Rio de Janeiro : Lumen Juris Editora, 2007.
192
A Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento, realizada no Cairo, em 1994,
reconheceu como direitos humanos os direitos sexuais e de reprodução, prevendo, em seu
preâmbulo que a “saúde reprodutiva é um estado de completo desenvolvimento físico, mental e
bem-estar social e não meramente a ausência de doença ou enfermidade, em todas as
questões relacionadas ao sistema reprodutivo e suas funções e processos. Saúde reprodutiva
implica, portanto, que as pessoas são capazes de ter uma vida sexual satisfatória e segura e
que eles têm a capacidade de reproduzir e a liberdade de decidir se, quando e quantas vezes a
fazê-lo”. Nesse mesmo sentido, a IV Conferência Mundial sobre a Mulher, Desenvolvimento e
Paz, realizada no ano de 1995, em Beijing, por força de seu art. 14: “Os direitos das mulheres
são direitos humanos” e do art. 17: “O reconhecimento explícito e a reafirmação do direito de
todas as mulheres de controlar todos os aspectos de sua saúde, em particular sua própria
fertilidade, é básico para seu fortalecimento”.
81
193
A Conferência do Cairo reconhece, em seu princípio 4, que a “promoção da igualdade e a
eqüidade de gênero e o empoderamento das mulheres e a eliminação de todos os tipos de
violência contra as mulheres, e garantir a capacidade das mulheres de controlar sua própria
fertilidade, são pilares da população e desenvolvimento relacionados com os programas. Os
direitos humanos das mulheres e crianças do sexo feminino são uma parte inalienável, integral
e indivisível dos direitos humanos universais. A participação plena e igualitária das mulheres na
vida civil, cultural, econômico, político e social, nos níveis nacional, regional e internacional, e a
erradicação de todas as formas de discriminação em razão do sexo, são objetivos prioritários
da comunidade internacional.
194
PIOVESAN, Flávia. Direitos sexuais e reprodutivos: aborto inseguro como violação aos
direitos humanos. In: Daniel Sarmento e Flávia Piovesan (coords.). Nos limites da vida:
aborto, clonagem humana e eutanásia sob a perspectiva dos direitos humanos. – Rio de
Janeiro : Lumen Juris Editora, 2007.
82
196
SARMENTO, Daniel. Legalização do aborto e constituição. In: Daniel Sarmento e Flávia
Piovesan (coords.). Nos limites da vida: aborto, clonagem humana e eutanásia sob a
perspectiva dos direitos humanos, pp. 8-9. Na mesma passagem, o autor cita um trecho do
decisão do Juiz Harry Blackmun: “O direito de prevacidade (...) é amplo o suficiente para
compreender a decisão da mulher sobre interromper ou não sua gravidez. A restrição que o
Estado imporia sobre a gestante ao negar-lhe esta escolha é manifesta. Danos específicos e
diretos, medicamente diagnosticáveis até no início da gestação, podem estar envolvidos. A
maternidade ou a prole adicional podem impor à mulher uma vida ou futuro infeliz. O dano
psicológico pode ser iminente. A saúde física e mental podem ser penalizadas pelo cuidado
com o filho. Há também a angústia, para todos os envolvidos, associada à criança indesejada e
também o problema de trazer uma criança para uma família inapta, psicologicamente ou por
qualquer outra razão, para criá-la. Em outros casos, como no presente, a dificuldade adicional e
o estigma permanente da maternidade fora do casamento podem estar envolvidos (...).
197
DWORKIN, Ronald. Domínio da vida: aborto, eutanásia e liberdades individuais, p. 7.
198
DWORKIN, Ronald. Domínio da vida: aborto, eutanásia e liberdades individuais, p. 141. O
autor afirma ainda: “Contudo, muitos dos críticos mais sofisticados adotam outro ponto de vista.
Não argumentam que a opinião do tribunal sobre essas grandes questões filosóficas tenha sido
um erro, mas que não lhe cabia, em absoluto, decidi-las em julgamento, pois a Constituição
atribui às assembléias legislativas estaduais, democraticamente eleitas, e não aos juízes, que
não são eleitos, o poder de decidir se e quando o aborto pode ser legítimo”.
84
199
SARMENTO, Daniel. Legalização do aborto e constituição. In: Daniel Sarmento e Flávia
Piovesan (coords.). Nos limites da vida: aborto, clonagem humana e eutanásia sob a
perspectiva dos direitos humanos, p. 9.
200
DWORKIN, Ronald. Domínio da vida: aborto, eutanásia e liberdades individuais, p. 142.
201
SARMENTO, Daniel. Legalização do aborto e constituição. In: Daniel Sarmento e Flávia
Piovesan (coords.). Nos limites da vida: aborto, clonagem humana e eutanásia sob a
perspectiva dos direitos humanos, p. 10. O autor cita, como exemplo, o caso Harris vs.
McRae (448 U.S.297), de 1980.
85
204
FERRAND, Michèle. O aborto, uma condição para a emancipação feminina. Caderno
Espaço Feminino. In: Instituto de Estudos de Gênero. Disponível em:
http://www.ieg.ufsc.br/revista_detalhe.php?id=9. Acesso em 17 jul. 2011.
205
SARMENTO, Daniel. Legalização do aborto e constituição. In: Daniel Sarmento e Flávia
Piovesan (coords.). Nos limites da vida: aborto, clonagem humana e eutanásia sob a
perspectiva dos direitos humanos, pp. 11-12. No mesmo trecho, o autor cita a decisão n°
2001-446, do Conselho Constitucional: “Ao ampliar de 10 para 12 semanas o período durante o
qual pode ser praticada a interrupção voluntária da gravidez quando a gestante se encontre
numa situação de angústia, a lei, considerando o estado atual dos conhecimentos e técnicas,
não rompeu o equilíbrio que o respeito à Constituição impõe, entre, de um lado, a salvaguarda
da pessoa humana contra toda forma de degradação, e, do outro, a liberdade da mulher, que
deriva da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão”.
206
Trata-se da chamada pílula do dia seguinte. Segundo a U.S. News, a droga mifepristona,
também conhecida por RU-486, tem esse nome porque as iniciais R.U. são do seu fabricante
francês, Roussel Uclaf. Nos Estados Unidos, sua subsidiária, a Hoechst Marion Roussel, diante
das discussões acabou doando os direitos para a Population Council em 1994, para que esta
encontrasse um fabricante, jogando para frente a questão da liberação do RU-486, que vem de
muito antes do governo Clinton. Disponível em http://boasaude.uol.com.br/lib/emailorprint.cfm.
Acesso em 18 jul. 2011.
87
207
Núcleo de Estudos da Mulher e Relações Sociais de Gênero – NEMGE. Aborto: conquista
feminina em perigo na França, publicado em 9 mar. 2011. Disponível em:
http://nemge.wordpress.com/2011/03/09/aborto-conquista-feminina-em-perigo-na-franca/.
Acesso em 18 jul. 2011.
88
208
SARMENTO, Daniel. Legalização do aborto e constituição. In: Daniel Sarmento e Flávia
Piovesan (coords.). Nos limites da vida: aborto, clonagem humana e eutanásia sob a
perspectiva dos direitos humanos, pp. 19-20. O autor cita parte da decisão proferida pela
Corte Constitucional da Espanha, que asseverou que os casos envolvendo aborto “não podem
contemplar-se tão-somente desde a perspectiva dos direitos da mulher nem desde a proteção
da vida do nascituro. Nem esta pode prevalecer incondicionalmente frente àqueles, nem os
direitos da mulher podem ter primazia absoluta sobre a vida do nascituro... Por isso, na medida
em que não se pode afirmar de nenhum deles (os interesses em conflito) seu caráter absoluto,
o intérprete constitucional se vê obrigado a ponderar os bens e direitos... tratando de
harmonizá-los se isto for possível ou, em caso contrário, precisando as condições e requisitos
em que se poderia admitir a prevalência de um deles.” Disponível em: http://www.boe.es/.
Acesso em 19 jul. 2011.
89
209
Estadão.com.br/saúde. Nova lei do aborto entra em vigor na Espanha com grande
polêmica. Disponível em: http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,nova-lei-do-aborto-entra-
em-vigor-na-espanha-com-grande-polemica,576643,0.htm. Acesso em 19 jul. 2011.
210
A entrevista realizada com a Ministra Bibiana Aído encontra-se disponível em:
http://www.dn.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=1233259&seccao=Europa. Acesso em 19
jul. 2011.
90
211
SARMENTO, Daniel. Legalização do aborto e constituição. In: Daniel Sarmento e Flávia
Piovesan (coords.). Nos limites da vida: aborto, clonagem humana e eutanásia sob a
perspectiva dos direitos humanos, p. 16. Na mesma passagem, o autor destaca alguns
trechos da decisão: “A idéia de uma capacidade jurídica apenas restrita ao nascituro perde... o
caráter chocante se se considera que o nascituro, enquanto já concebido, é já um ser vivo,
humano, portanto, digno de proteção, mas enquanto ‘não nascido’, não é ainda um indivíduo
autônomo e, nesta medida, é só um homem em devir. Em todo caso, o sacrifício de uma em
face da outra, embora devendo ser proporcional, adequado e necessário à salvaguarda da
outra..., pode ser maior ou menor, em face da ponderação que o legislador faça no caso
concreto, sempre restando então uma certa liberdade conformativa para o legislador,
dificilmente controlável pelo juiz, pelo Tribunal Constitucional.”
212
SARMENTO, Daniel. Legalização do aborto e constituição. In: Daniel Sarmento e Flávia
Piovesan (coords.). Nos limites da vida: aborto, clonagem humana e eutanásia sob a
perspectiva dos direitos humanos, p. 17.
91
213
A Lei n° 90/97 modificou o art. 142 do Código Penal lusitano, estendendo o prazo para a
interrupção nas seguintes hipóteses: “c) Houver seguros motivos para prever que o nascituro
virá a sofrer, de forma incurável, de grave doença ou malformação congênita, e for realizada
nas primeiras 24 semanas de gravidez, comprovadas ecograficamente ou por outro meio
adequado de acordo com as leges artis, excepcionando-se as situações de fetos inviáveis, caso
em que a interrupção poderá ser praticada a todo o tempo e; d) A gravidez tenha resultado de
crime contra a liberdade e autodeterminação sexual e a interrupção for realizada nas primeiras
16 semanas.
92
214
SARMENTO, Daniel. Legalização do aborto e constituição. In: Daniel Sarmento e Flávia
Piovesan (coords.). Nos limites da vida: aborto, clonagem humana e eutanásia sob a
perspectiva dos direitos humanos, p. 18-19.
215
Diário da República n° 183, de 10.8.1998, disponível em:
http://dre.pt/pdf1sdip/1998/08/183A00/38563857.PDF. Acesso em 19 jul. 2011.
216
Cada cidadão inscrito deveria responder ao seguinte questionamento: "Concorda com a
despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas
10 primeiras semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?".
93
217
Segundo o Mapa Oficial n° 1/2007, da Comissão Nacional de Eleições, 8.814.016 cidadãos
portugueses inscreveram-se para votar, mas somente 3.840.176 (43,57%) efetivamente
participaram do pleito. Deste total, 2.231.529 (59,25%) disseram sim, e 1.534.669 disseram não
concordar com a prática livre do abortamento. Disponível em:
http://dre.pt/pdf1sdip/2007/03/04300/14291429.PDF. Acesso em 19 jul. 2011.
218
Diário da República n° 75, de 17.4.2007, disponível em:
http://www.dre.pt/pdf1sdip/2007/04/07500/24172418.PDF. Acesso em 19 jul. 2011.
94
219
EMMERICK, Rulian. Aborto: (des) criminalização, direitos humanos, democracia. Rio de
Janeiro : Editora Lumen Juris, 2008.
220
EMMERICK, Rulian. Aborto: (des) criminalização, direitos humanos, democracia, p. 55.
221
EMMERICK, Rulian. Aborto: (des) criminalização, direitos humanos, democracia, p. 55.
95
propaganda religiosa contra o aborto, este não era previsto legalmente como
crime.222
222
DEL PRIORE, Mary. Ao sul do corpo: condição feminina, maternidade e mentalidades no
Brasil Colônia. 2ª ed. - São Paulo: Unesp, 2009. A autora, na mesma passagem, salienta que
“as teses moralistas e canonistas tornavam-se perceptíveis às camadas populares e aos fiéis,
sobretudo pelos manuais de confessores. Eles traziam recomendações precisas para condenar
sistematicamente o aborto, controlar suas formas, de puni-lo com penitências que variavam de
três a cinco anos de duração. (...) A Igreja matava, assim, dois coelhos com uma só cajadada,
além, é claro, de afirmar-se como juíza dos comportamentos femininos e de vincar o seu poder
de instituição moralizadora sobre as novas terras coloniais. O aborto passava a ser visto,
sobretudo depois dessa longa campanha da igreja, como uma atitude que ‘emporcalhava’ a
imagem ideal que se desejava para a mulher.”
223
EMMERICK, Rulian. Aborto: (des) criminalização, direitos humanos, democracia, p. 58.
96
mais com a segurança da mulher, mas com sua honra, e menos ainda com a
proteção da vida do feto. Nesse sentido,
224
EMMERICK, Rulian. Aborto: (des) criminalização, direitos humanos, democracia, p. 59.
225
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta (...) § 4º - Não será objeto de
deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: IV - os direitos e garantias individuais.
98
não se pune a mulher por tal ato (art. 128, II), tampouco o médico que a auxilie
(art. 128, I).226
226
Sobre a estruturação e classificação das formas de aborto criminoso ou legal, vide o item 2.4 do
2° Capítulo deste trabalho.
99
objetivo, mais uma vez, não foi a proteção da vida do feto, mas a integridade
corporal e a vida da gestante.227
Insere-se no rol das medidas urgentes e necessárias para o
efetivo exercício dos direitos reprodutivos e sexuais das mulheres brasileiras, por
parte do legislador, o reconhecimento legal à interrupção da gravidez em razão de
anomalia fetal incompatível com a vida extra-uterina, na esteira das corajosas e
históricas decisões de países como Estados Unidos da América, França, Espanha
e Portugal, não sem a devida pressão do movimento organizado de mulheres por
seus direitos reprodutivos de reprodução livre.
227
EMMERICK, Rulian. Aborto: (des) criminalização, direitos humanos, democracia, pp. 61-
62.
228
De acordo com o Conselho Federal de Medicina (CFM), o anencéfalo é um natimorto cerebral,
por não possuir os hemisférios cerebrais e o córtex cerebral, mas somente o tronco. Como
causas de tal problema podem ser apontadas anormalidades genéticas, fatores ambientais,
entorpecentes, enfermidades metabólicas, interação de fatores genéticos e ambientais e
deficiências nutricionais e vitamínicas, especialmente a baixa ingestão de ácido fólico.
Disponível em: http://www.medicosecurador.com/sncfetal/articulos/anomalias2htm. Acesso em
20 jul. 2011.
100
229
Segundo a Federação Brasileira de das Associações de Ginecologia e Obstetrícia
(FEBRASGO), a anencefalia “constitui grave malformação fetal que resulta da falha de
fechamento do tubo neural, cursando com ausência de cérebro, calota craniana e couro
cabeludo (...), resultado de um processo irreversível, de causa conhecida e sem qualquer
possibilidade de sobrevida, por não possuir o cérebro. Disponível em:
http://itpack31.itarget.com.br/uploads/fba/arquivos/Carta-FETO-ANENCEFALO.pdf. Acesso em
2 ago. 2011.
230
Disponível em http://www.febrasgo.org.br/anencefalia1.htm. Acesso em 2 ago. 2011.
231
O Conselho Federal de Medicina, por meio da Resolução n° 1752/2004, publicada no Diário
Oficial da União de 13 de setembro de 2004, seção I, p. 140, declara que o anencéfalo é um
natimorto cerebral, por não possuir os hemisférios cerebrais, sofrendo parada
cardiorrespiratória ainda durante as primeiras horas pós-parto, quando muitos órgãos e tecidos
podem ter sofrido franca hipoxemia, o que torna inviável e inaplicável ao mesmo os critérios de
morte encefálica, por sua inviabilidade vital ante à ausência de cérebro.
101
232
FERNANDES, Maíra Costa. Interrupção de gravidez de feto anencefálico: uma análise
constitucional. In: Daniel Sarmento e Flávia Piovesan (coords.). Nos limites da vida: aborto,
clonagem humana e eutanásia sob a perspectiva dos direitos humanos. – Rio de Janeiro:
Lumen Juris Editora, 2007.
233
Disponível em http://www.febrasgo.org.br/anencefalia1.htm. Acesso em 2 ago. 2011.
102
234
GOLLOP, Thomaz Rafael. Riscos graves à saúde da mulher. In: ANIS: Instituto de Bioética,
Direitos Humanos e Gênero. (Org). Anencefalia, o pensamento brasileiro em sua
pluralidade. Brasília: Editora Letras Livres, 2004.
235
REZENDE, Jorge de e MONTENEGRO, Carlos Antonio Barbosa.Obstetrícia Fundamental.
Rio de Janeiro: Ed. Guanabara Koogan, 9ª ed., 2003, p. 227.
236
FERNANDES, Maíra Costa. Interrupção de gravidez de feto anencefálico: uma análise
constitucional. In: Daniel Sarmento e Flávia Piovesan (coords.). Nos limites da vida: aborto,
clonagem humana e eutanásia sob a perspectiva dos direitos humanos, p. 15.
103
237
GOLLOP, Thomaz Rafael. Riscos graves à saúde da mulher. In: ANIS: Instituto de Bioética,
Direitos Humanos e Gênero. (Org). Anencefalia, o pensamento brasileiro em sua
pluralidade, p. 28.
238
FRIGÉRIO, Marcos Valentim. Aspectos bioéticos, médicos e jurídicos do abortamento por
anomalia fetal grave no Brasil. In: Revista brasileira de ciências criminais (RBCC), ano 11,
jan.-mar. 2003, pp. 268-270.
104
239
FRIGÉRIO, Marcos Valentim. Aspectos bioéticos, médicos e jurídicos do abortamento por
anomalia fetal grave no Brasil. In: Revista brasileira de ciências criminais (RBCC), pp.
270. O autor cita o Projeto de Lei n° 4.403/04, de autoria de Deputada Federal Jandira Fechali e
o Projeto de Lei n° 4.834/2005, dos Deputados Federais Luciana Genro e Dr. Pinotti, ambos
versando sobre a inclusão, ao art. 128 do Código Penal Brasileiro, da hipótese de anencefalia
como causa a justificar o aborto e, via de conseqüência, isentar o médico de qualquer tipo de
penalidade.
240
GOLLOP, Thomaz Rafael. Riscos graves à saúde da mulher. In: ANIS: Instituto de Bioética,
Direitos Humanos e Gênero. (Org). Anencefalia, o pensamento brasileiro em sua
pluralidade, p. 28.
241
DINIZ, Débora; RIBEIRO, Diaulas Costa. Aborto por anencefalia fetal. Brasilía: Ed. Letras
Livres, 2003. p. 47. A autora, ao analisar as pesquisas recentes sobre o tema, afirma que “não
há, no Brasil, até o momento, nenhum registro de autorização de aborto para casos de má-
formação fetal compatível com a vida (...) Até onde se tem conhecimento da dinâmica do
processo judicial, as autorizações foram apenas para casos de anomalias fetais gravíssimas
em que a sobrevida do feto era cientificamente considerada impossível.”
105
242
A relatora do recurso, em sua decisão, afirma: “Não se pode ficar insensível ao sofrimento
desta mãe. Mais do que qualquer outra pessoa, a apelante busca um fim ao seu sofrimento,
positivado cabalmente nos autos às fls. 12 pelo atestado médico que refere-se a ‘estado
emocional abalado, necessitando de cuidados especiais’ (...) É justo condenar-se a mãe a
meses de sofrimento, de angústia, de desespero, quando, desde logo, já se sabe que o feto
está condenado de forma irremediável ao óbito, logo após o parto? (...) Não se pode impor à
gestante o insuportável fardo de, ao longo de meses, prosseguir na gravidez já fadada ao
insucesso. A morte do feto, logo após o parto, é inquestionável. Logo, infelizmente, nada se
pode fazer para salvar o ser em formação.”
106
parto, sobrevivendo o feto por apenas sete minutos, encerrando-se a sessão, com
a consequente extinção do processo, pela perda do objeto.
244
FERNANDES, Maíra Costa. Interrupção de gravidez de feto anencefálico: uma análise
constitucional. In: Daniel Sarmento e Flávia Piovesan (coords.). Nos limites da vida: aborto,
clonagem humana e eutanásia sob a perspectiva dos direitos humanos, p. 125.
245
FERNANDES, Maíra Costa. Interrupção de gravidez de feto anencefálico: uma análise
constitucional. In: Daniel Sarmento e Flávia Piovesan (coords.). Nos limites da vida: aborto,
clonagem humana e eutanásia sob a perspectiva dos direitos humanos, p. 126.
109
246
Votaram a favor da ADPF os Ministros Carlos Ayres Brito, Sepúlveda Pertence, Nelson Jobim,
Marco Aurélio Mello, que foi seu relator e Joaquim Barbosa. Deste último, destaca-se o
seguinte trecho de sua manifestação: “Não tenho dúvidas de que centenas de mulheres
espalhadas pelo País vêm sendo ou correm risco potencial de ser molestadas, ameaçadas,
constrangidas por atos do poder público, caso venham a tomar a decisão, de profundo
conteúdo autonômico, de interromper a gestação, se constatado, por atos médicos apropriados,
que o feto de que são gestantes tem a deformação congênita denominada anencefalia. O risco
de lesão a um direito fundamental da mulher parece-me evidente.”
247
O andamento processual da ADPF n° 54 pode ser feito pelo endereço eletrônico,
http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=54&classe=ADPF&or
igem=AP&recurso=0&tipoJulgamento=M
110
com vida, terá este o tratamento dispensado a todos os fetos, por ser titular de
todos os direitos das crianças, por força da legislação brasileira. Terá ele
dignidade, por ser humano, mas não terá vida digna, pela precariedade de sua
existência, ou seja, não apresenta nem apresentará qualquer grau de consciência
da sua existência e da relação com o mundo e com os outros, uma vez que não
tem estrutura cerebral que lhe dê competência para alcançar essa condição de
desenvolvimento humano.248
248
LIMA, Carolina Alves de Souza. Aborto e anencefalia: direitos fundamentais em colisão. 1ª
ed. (ano 2008), 2ª reimp. Curitiba: Juruá, 2010.
111
249
Em pesquisa encomendada pelas organizações não-governamentais Católicas pelo Direito de
Decidir e Anis – Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero e publicada na versão online
do Jornal O Estadão, o IBOPE entrevistou 2.002 pessoas nas 24 unidades da federação, mais
o Distrito Federal, entre 11 e 15 de setembro de 2008, utilizando como fonte de dados para a
elaboração da amostra a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2005 e o
Censo de 2000, ambos do IBGE. A pesquisa mostrou que 72% das mulheres católicas
entrevistadas são a favor de que grávidas de feto anencéfalo tenham o direito de optar entre
interromper a gestação ou mantê-la. O índice vai a 77% na faixa dos 25 aos 29 anos. Os
entrevistados (77,6% da população em geral e 78,7 dos católicos) ainda afirmaram ser um
dever dos hospitais públicos o atendimento à mulher que deseja interromper a gestação de feto
anencéfalo. Entre os entrevistados com nível superior, o apoio ao atendimento nas instituições
públicas sobe para 79% e entre moradores das capitais aumenta mais: chega a 84,2%. Os
jovens, novamente, demonstraram maior concordância com a interrupção: 85% dos
entrevistados entenderam que o atendimento deve ser obrigação do Estado. Disponível em:
http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,72-defendem-aborto-de-feto-
anencefalo,267088,0.htm. Acesso em: 11 ago. 2011.
250
LIMA, Carolina Alves de Souza. Aborto e anencefalia: direitos fundamentais em colisão, p.
115.
251
DWORKIN, Ronald. Domínio da vida : aborto, eutanásia e liberdades individuais, p. 18.
252
O direito à vida, além do art. 5° da Constituição Federal de 1988, encontra guarida na
Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica), prevendo, em
seu art. 4°, que “toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida. Esse direito deve ser
protegido pela lei e, em geral, desde o momento da concepção. Ninguém pode ser privado da
vida arbitrariamente.”
112
253
FERNANDES, Maíra Costa. Interrupção de gravidez de feto anencefálico: uma análise
constitucional. In: Daniel Sarmento e Flávia Piovesan (coords.). Nos limites da vida: aborto,
clonagem humana e eutanásia sob a perspectiva dos direitos humanos, p. 134. A autora,
na mesma passagem, afirma que o crime de aborto somente existirá se a morte do feto for
conseqüência direta da interrupção da gravidez, numa relação de causa/efeito, o que não
ocorrerá na hipótese de feto anencéfalo, dada a inevitabilidade de sua morte.
113
com que seja atípica tanto a conduta da gestante, quanto a conduta do médico
que realize o procedimento.254
254
HUNGRIA, Nelson. Comentários ao Código Penal. Rio de Janeiro: Forense, 1942. Sobre o
tema, assim manifestou-se o autor: “O feto expulso (para que se caracterize o aborto) deve ser
um produto fisiológico, e não patológico. Se a gravidez se apresentar como um processo
verdadeiramente mórbido, de modo a não permitir sequer uma intervenção cirúrgica que
pudesse salvar a vida do feto, não há [como] falar-se em aborto, para cuja existência é
necessária a presumida possibilidade de continuação da vida do feto (...). Afirmando, ainda,que
não estaria em jogo a vida de outro ser, não podendo o produto da concepção atingir
normalmente vida própria, de modo que as conseqüências dos atos praticados se resolvem
unicamente contra a mulher.”
255
A ponderação “consiste, portanto, em uma técnica de decisão jurídica aplicável a casos difíceis,
em relação aos quais a subsunção se mostrou insuficiente, especialmente quando uma
situação concreta dá ensejo à aplicação de normas de mesma hierarquia que indicam soluções
diferenciadas.” (BARROSO, Luís Roberto. A nova interpretação constitucional: ponderação,
argumentação e papel dos princípios. In: George Salomão Leite (coord.) Dos princípios
constitucionais. Considerações em torno das normas principiológicas da Constituição.
2ª ed. rev., atual. e ampl. - São Paulo: Método, 2008).
256
Para Alexy, o que ocorre é que “um dos princípios tem precedência em face do outro sob
determinadas condições. Sob outras condições a questão da precedência pode ser resolvida de
forma oposta. Isso é o que se quer dizer quando se afirma que, nos casos concretos, os
princípios têm pesos diferentes e que os princípios com o maior peso têm precedência.”
(ALEXY, Robert. Teoria dos direitos fundamentais, p. 94).
114
257
EMMERICK, Rulian. Aborto: (des) criminalização, direitos humanos, democracia, p. 88.
258
DWORKIN, Ronald. Domínio da vida : aborto, eutanásia e liberdades individuais, p. 143.
259
O princípio de n° 4 da Conferência Internacional do Cairo dispõe que a “promoção da igualdade
e a eqüidade de gênero e o empoderamento das mulheres e a eliminação de todos os tipos de
violência contra as mulheres, e garantir a capacidade das mulheres de controlar sua própria
fertilidade, são pilares da população e desenvolvimento relacionados com os programas. Os
direitos humanos das mulheres e crianças do sexo feminino são uma parte inalienável, integral
e indivisível dos direitos humanos universais. A participação plena e igualitária das mulheres na
vida civil, cultural, econômico, político e social, nos níveis nacional, regional e internacional, e a
erradicação de todas as formas de discriminação em razão do sexo, são objetivos prioritários
da comunidade internacional.”
115
260
O Plano de Ação da Conferência Mundial de Beijing, em seu Capítulo I, item 2, “reafirma o
princípio fundamental, estabelecido na Declaração e no Programa de Viena, aprovados pela
Conferência Mundial de Direitos Humanos, de que os direitos humanos das mulheres e das
meninas são uma parte inalienável, integral e indivisível dos direitos humanos universais. Como
programa de ação, a Plataforma objetiva promover e proteger o gozo pleno de todos os direitos
humanos e liberdades fundamentais por todas as mulheres, ao longo de toda a vida.”
261
BARSTED, Leila Linhares. Direitos humanos e descriminalização do aborto. In: Daniel
Sarmento e Flávia Piovesan (coords.). Nos limites da vida: aborto, clonagem humana e
eutanásia sob a perspectiva dos direitos humanos. – Rio de Janeiro: Lumen Juris Editora,
2007.
116
262
ALEXY, Robert. Teoria dos direitos fundamentais. 5. ed. alemã. Tradução de Virgílio Afonso
da Silva. São Paulo: Malheiros, 2008.
263
ALEXY, Robert. Teoria dos direitos fundamentais, p. 90.
117
264
ALEXY, Robert. Teoria dos direitos fundamentais. 5. ed. alemã. Tradução de Virgílio Afonso
da Silva. São Paulo: Malheiros, 2008. p. 167. O autor explica que tal regra “expressa uma lei
que vale para todos os tipos de sopesamento de princípios e pode ser chamada lei do
sopesamento. Segundo a lei do sopesamento, a medida permitida de não-satisfação ou de
afetação de um princípio depende do grau de importância da satisfação do outro. Na própria
definição do conceito de princípio, com a cláusula ‘dentro das possibilidades jurídicas’, aquilo
que é exigido por um princípio foi inserido em uma relação com aquilo que é exigido pelo
princípio colidente. A lei de colisão expressa em quê essa relação consiste. Ela faz com que
fique claro que o peso dos princípios não é determinado em si mesmo ou de forma absoluta e
que só possível falar em pesos relativos.”
265
Dworkin, Ronald. Levando os direitos a sério. São Paulo: Martins Fontes, 2010, pp. 39-42.
118
266
Pesquisa realizada pela organização não-governamental Católicas pelo Direito de Decidir,
durante os anos de 1989 e 2002, constatou que, em tal período, foram registrados 845 abortos
legais no Brasil. A pesquisa envolveu 58 instituições nas 24 unidades da federação e, em 78%
dos hospitais pesquisados, o máximo de procedimentos realizados foi de 30. Do total de 845,
270 foram realizados no Estado de São Paulo. A pesquisa também atestou que, embora o
Código Penal Brasileiro autorize o aborto nas hipóteses de risco de morte à gestante ou no
caso de gravidez decorrente de estupro, somente a partir do ano de 1989 o serviço passou a
ser implantado na rede pública – e de forma precária -, ou seja, cinco décadas após a entrada
em vigor do Diploma Penal, revelando o descaso do País quanto ao respeito e à proteção dos
direitos reprodutivos femininos. Os dados da pesquisa estão disponíveis em:
http://www.adital.com.br/site/noticia2.asp?lang=PT&cod=18934. Acesso em 11 ago. 2011.
267
EMMERICK, Rulian. Aborto: (des) criminalização, direitos humanos, democracia, p. 90.
119
abortos para interrupção de gravidez indesejada, dos quais 19 milhões são feitos
de forma insegura e 70 mil resultam em morte materna.268
268
A pesquisa destaca destaca o exemplo da Romênia, onde o taxa de mortalidade materna caiu
depois que uma lei que proibia o aborto foi revogada. A lei havia sido aprovada em 1966. Entre
1964 e 1988, a mortalidade materna no país subiu de 80 mortes por grupo de 100 mil nascidos
vivos para 180 mortes. Após a revogação da lei, a taxa de mortalidade caiu para 40 mortes
para cada 100 mil nascidos vivos. Os dados da pesquisa podem ser consultados no site da
IPPF, em:
http://www.direitos.org.br/index.php?option=com_content&task=view&id=3300&Itemid=1.
Acesso em 14 ago. 2011.
269
Para o diretor-geral da Federação Internacional de Planejamento Familiar, Steven Sinding, “o
abortamento inseguro é uma das maiores causas de mortalidade materna em todo o mundo:
uma tragédia humana que poderia ser evitada e que revela o fracasso dos governos nacionais
e da comunidade internacional em solucionar um tema de saúde pública e que perpetua uma
das maiores injustiças sociais, separando as nações ricas das pobres.” Disponível em:
http://www.direitos.org.br/index.php?option=com_content&task=view&id=3300&Itemid=1.
Acesso em 14 ago. 2011. Nesse sentido ver também ÉBOLI, Evandro. Aborto de alto risco é
a terceira causa de morte materna no país. O Globo, Rio de Janeiro, 20 de maio de 2007.
Caderno O País. p. 3.
120
270
Segundo a diretora da IPPF, Carmem Barroso, é preocupante o índice de abortos praticados
pelas mulheres brasileiras, que engravidam cada vez mais cedo, aumentando o número de
abortos entre as meninas e as adolescentes. Em 2005 foram registrados 2.781 atendimentos
no Sistema Único de Saúde (SUS) de meninas de 10 a 14 anos para tratamento de
complicações pós-aborto. entre as mulheres de 15 a 19 anos, foram 46.504 atendimentos.
Carmem Barroso, para quem o problema assume um caráter coletivo, e não individual, “as
meninas de 10 a 14 anos são as que têm menos informações e menos recursos para evitar
uma gravidez e menos recursos para se submeter a um aborto mais seguro.” Disponível em:
http://www.direitos.org.br/index.php?option=com_content&task=view&id=3300&Itemid=1.
Acesso em 14 ago. 2011
271
EMMERICK, Rulian. Aborto: (des) criminalização, direitos humanos, democracia, p. 93.
272
EMMERICK, Rulian. Aborto: (des) criminalização, direitos humanos, democracia, p. 92.
121
273
MAGENTA, Matheus. Menina de 9 anos estuprada interrompe gravidez de gêmeos em
Recife (PE). Folha.com. Caderno Cotidiano, 04 mar. 2009. Disponível em:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u529301.shtml. Acesso em 14 ago. 2011.
274
Disponível em: http://www.paulopes.com.br/2009/03/igreja-tentou-impedir-aborto-em-
menina.html. acesso em: 14 ago. 2011.
122
275
O Cardeal Giovanni Batista Re, em declarações feitas ao jornal italiano La Stampa, em matéria
publicada no site do Jornal O Estado de São Paulo, firmou o apoio ao arcebispo brasileiro,
alegando que “os gêmeos tinham o direito de viver”, declarando como injustas as críticas feitas
contra a Igreja Católica brasileira e que o arcebispo estava correto ao excomungar a mãe e a
equipe médica que atuou na interrupção da gravidez. Disse ainda que se trata de “um caso
triste, mas o problema real é que os gêmeos concebidos eram pessoas inocentes que tinham o
direito de viver e não podiam ser eliminados”. As declarações do Cardeal Giovanni Batista
estão disponíveis em: http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,vaticano-apoia-excomunhao-
apos-aborto-no-brasil. Acesso em 14 ago. 2011.
123
279
Disponível em: http://catolicasonline.org.br/ExibicaoNoticia.aspx?cod=1248. Acesso em: 15
ago. 2011.
125
282
PIMENTEL, Sílvia. Um pouco de história da luta pelo direito constitucional à
descriminalização e à legalização do aborto: alguns textos, várias argumentações. Assim
temos falado há décadas. In: Daniel Sarmento e Flávia Piovesan (coords.). Nos limites da
vida: aborto, clonagem humana e eutanásia sob a perspectiva dos direitos humanos, p.
180.
127
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Estado, numa bizarrice que só se justifica na cabeça daqueles que não têm a
menor noção sobre o significado da expressão dignidade da pessoa humana.
DINIZ, Débora; RIBEIRO, Diaulas Costa. Aborto por anencefalia fetal. Brasilía:
Ed. Letras Livres, 2003.
GOLLOP, Thomaz Rafael. Riscos graves à saúde da mulher. In: ANIS: Instituto
de Bioética, Direitos Humanos e Gênero. (Org). Anencefalia, o pensamento
brasileiro em sua pluralidade. Brasília: Editora Letras Livres, 2004.
LOCKE, John. Segundo tratado sobre o governo. São Paulo: Martin Claret,
2003.
RÉMOND, René. O século XX: de 1914 aos nossos dias. São Paulo: Editora
Cultrix, 1993.
SILVA, José Afonso da.. Curso de Direito Constitucional Positivo. 34ª ed. rev.
e atual (até a Emenda Constitucional n° 67). São Paulo: Malheiros, 2011.
137