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DIREITO

CONSTITUCIONAL
Funções Essenciais à Justiça

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Direito Constitucional

Sumário

1. FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA ........................................................................................................................... 2


1.1 Ministério Público ........................................................................................................................................................2
Organização e Estrutura do Ministério Público ........................................................................................................3
Chefia do Ministério Público ...................................................................................................................................... 4
Princípios Institucionais do Ministério Público ........................................................................................................6
Autonomia Funcional, Administrativa e Orçamentária .......................................................................................... 8
Funções Institucionais do Ministério Público...........................................................................................................9
Ingresso na Carreira ................................................................................................................................................. 12
Garantias Funcionais dos Membros do Ministério Público ................................................................................... 13
Vedações aos Membros do Ministério Público ....................................................................................................... 13
Ministério Público junto aos Tribunais de Contas ................................................................................................. 14
Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP)................................................................................................... 15
1.2 Advocacia Pública .................................................................................................................................................... 18
1.3 Advocacia Privada .................................................................................................................................................... 21
1.4 Defensoria Pública .................................................................................................................................................. 22
Princípios Institucionais da Defensoria Pública ................................................................................................... 23
Autonomia Funcional, Administrativa e Orçamentária ........................................................................................ 23
Carreira de Defensor Público .................................................................................................................................. 24

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Direito Constitucional

1. FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA

O Poder Judiciário não atua de ofício, por iniciativa própria. Em razão do princípio da inércia, ele só age mediante
provocação externa, o que representa verdadeira limitação à função jurisdicional do Estado.
Devido a essa característica, é necessário que existam entidades que movimentem a ação do Poder Judiciário.
São as chamadas “Funções Essenciais à Justiça”: o Ministério Público, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública e a
Advocacia Privada. Ao contrário do que muitos pensam, esses sujeitos não integram o Poder Judiciário. Na verdade,
são entidades estranhas a este, mas cujas funções são imprescindíveis ao exercício da função jurisdicional do Es-
tado.

1.1 MINISTÉRIO PÚBLICO

O Ministério Público, por definição constitucional, é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do
Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais
indisponíveis. E, portanto, uma instituição voltada para a defesa da sociedade e do Estado Democrático de Direito.
O fortalecimento dessa instituição ocorreu com a Constituição Federal de 1988, pois resguardou a importante
missão de defender os interesses sociais, fiscalizar o cumprimento da lei (função custus legis) e defender os inte-
resses individuais indisponíveis.
a) Interesses sociais. Exemplo: combater a criminalidade, pois o Ministério Público, por meio de seu membro
(Promotor de Justiça ou Procurador da República), apresenta denúncia judicial; resguardar o patrimônio pú-
blico contra desvios de verbas públicas; evitar danos ao meio ambiente por meio de ação civil pública, entre
tantas outras atribuições.
b) Fiscal da lei. Exemplo: quando o Ministério Público é intimado para apresentar parecer sobre determinada
questão em processo judicial, como no caso de mandado de segurança.
c) Defender interesses individuais indisponíveis. Exemplo: defesa de menores e incapazes.
O Ministério Público não é um quarto Poder, embora popularmente faça-se menção como se assim o fosse, em
razão das muitas atribuições que lhe são confiadas pela Constituição, desenvolvendo um relevante papel social.
Trata-se de instituição autônoma e independente, que não está subordinada a nenhum dos poderes estatais. A pró-
pria Constituição Federal de 1988, ao tratar do Ministério Público, o faz em capítulo separado do Poder Executivo,
Legislativo e Judiciário.

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Art. 127, CF/88. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado,
incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indis-
poníveis.

Organização e Estrutura do Ministério Público

O Ministério Público abrange o Ministério Público da União (MPU) e os Ministérios Públicos dos Estados - MPE (art.
128, I e II, CF).
O Ministério Público da União (MPU) abrange:
- O Ministério Público Federal (MPF);
- O Ministério Público do Trabalho (MPT);
- O Ministério Público Militar (MPM);
- O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).
Existe, ainda, o Ministério Público Eleitoral (MP Eleitoral), que não tem estrutura própria, sendo composto de
membros do MPE e do MPF.

Art. 128, CF/88. O Ministério Público abrange:


I - o Ministério Público da União, que compreende:
a) o Ministério Público Federal;
b) o Ministério Público do Trabalho;
c) o Ministério Público Militar;
d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios;
II - os Ministérios Públicos dos Estados.

A organização do Ministério Público da União (MPU) e do Ministério Público dos Estados (MPE) é efetuada com
base em leis complementares (art. 128, § 5º, CF/88). No primeiro caso (organização do MPU), uma lei complementar
federal versa sobre o tema; no segundo caso (organização dos MPEs), cada estado edita lei complementar para or-
ganizar seu próprio Ministério Público. Há, ainda, a previsão constitucional de uma lei federal sobre normas gerais
de organização do Ministério Público dos Estados, Distrito Federal e Territórios.
A lei de organização do Ministério Público da União é da iniciativa concorrente do Presidente da República e do
Procurador-Geral da República. Por simetria, as leis de organização dos Ministérios Públicos Estaduais são de inici-
ativa concorrente do Governador e do Procurador-Geral de Justiça.
Por fim, enfatizamos que não há hierarquia entre o Ministério Público da União (MPU) e os Ministérios Públicos
Estaduais (MPEs). O Procurador-Geral da República (PGR) exerce a chefia do Ministério Público da União, mas não a

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dos Ministérios Públicos Estaduais (MPEs). Apesar disso, segundo o STF, eventual conflito de atribuições entre um
membro de Ministério Público Estadual (MPE) e um membro do Ministério Público Federal (MPF) será resolvido pelo
Procurador-Geral da República.

Chefia do Ministério Público

O Ministério Público da União (MPU) tem por chefe o Procurador-Geral da República (PGR), nomeado na forma do
art. 128, § 1º da CF/88:

Art. 128, § 1º, CF/88. O Ministério Público da União tem por chefe o Procurador-Geral da República, no-
meado pelo Presidente da República dentre integrantes da carreira, maiores de trinta e cinco anos, após a
aprovação de seu nome pela maioria absoluta dos membros do Senado Federal, para mandato de dois anos,
permitida a recondução.

Em resumo, temos que:


- O PGR é nomeado pelo Presidente da República.
- O PGR deve ter mais de 35 anos e deve ser integrante do MPU.
- O PGR, antes de ser nomeado pelo Presidente, deve ser aprovado pelo Senado Federal (votação secreta).
- O mandato do PGR é de 2 anos, sendo permitida a recondução.
Perceba que a Constituição não limita o número de reconduções. Contudo, o art. 25 da Lei Complementar no
75/93 determina que a recondução deverá ser precedida de nova aprovação do Senado Federal. A recondução se
assemelha, assim, a uma nova nomeação.
Presidente da República poderá escolher qualquer membro do Ministério Público da União (ou seja, do Ministério
Público Federal, do Trabalho, Militar ou do Distrito Federal e Territórios) para o cargo de PGR. Nesse sentido, entende
o STF que o Procurador-Geral pode provir de quaisquer das carreiras do Ministério Público da União (MS 21.239, DJ de
23.04.1993).
O Procurador-Geral da República (PGR) poderá ser destituído por iniciativa do Presidente da República, desde que
haja autorização do Senado Federal, por maioria absoluta.

Art. 128, § 2º, CF/88. A destituição do Procurador-Geral da República, por iniciativa do Presidente da
República, deverá ser precedida de autorização da maioria absoluta do Senado Federal.

Continuando, os Procuradores-Gerais de Justiça são os Chefes dos Ministérios Públicos dos Estados (MPEs). O
Chefe do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) também é denominado Procurador-Geral de

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Justiça. Observe:

Art. 128, § 3º, CF/88. Os Ministérios Públicos dos Estados e o do Distrito Federal e Territórios formarão
lista tríplice dentre integrantes da carreira, na forma da lei respectiva, para escolha de seu Procurador-Geral,
que será nomeado pelo Chefe do Poder Executivo, para mandato de dois anos, permitida uma recondução.

Assim como o Procurador-Geral da República, os Procuradores-Gerais de Justiça também são nomeados pelo
Chefe do Poder Executivo. O Governador nomeia os Chefes dos MPEs e o Presidente da República nomeia o Chefe do
MPDFT.
Os Procuradores-Gerais de Justiça são nomeados para mandato de 2 anos, sendo permitida apenas uma recon-
dução. É diferente do que ocorre para o Procurador-Geral da República, que pode ser reconduzido múltiplas vezes.
No processo de nomeação dos Procuradores-Gerais de Justiça, não há qualquer participação do Poder Legisla-
tivo. Será elaborada lista tríplice pela própria instituição (MPE ou MPDFT), a qual será enviada ao Chefe do Poder
Executivo, que escolherá um nome para ser nomeado como Procurador-Geral de Justiça. Segundo o STF, é inconsti-
tucional lei que exija prévia aprovação do nome do Procurador-Geral de Justiça pela maioria absoluta do Legislativo
local.
Já no processo de destituição dos Procuradores-Gerais de Justiça, haverá participação do Poder Legislativo.
Atente:

Art. 128, § 4º, CF/88. Os Procuradores-Gerais nos Estados e no Distrito Federal e Territórios poderão ser
destituídos por deliberação da maioria absoluta do Poder Legislativo, na forma da lei complementar respectiva.

QUESTÃO COMENTADA 1: (CESPE/CEBRASPE-2021 | MPE-AP) Considerando as disposições da Constituição Federal de 1988


a respeito do Ministério Público, é correto afirmar que o chefe do Ministério Público da União é o
a) procurador-geral da República, nomeado pelo presidente da República entre integrantes da carreira, maiores de trinta
e cinco anos de idade, após a aprovação de seu nome pela maioria absoluta dos membros do Senado Federal, para
mandato de dois anos, permitida a recondução.
b) procurador-geral de justiça, nomeado pelo presidente da República entre integrantes da carreira, maiores de trinta e
cinco anos de idade, após a aprovação de seu nome pela maioria simples dos membros da Câmara dos Deputados, para
mandato de dois anos, permitida a recondução.
c) procurador-geral de justiça, nomeado pelo presidente da República entre integrantes da carreira, maiores de trinta e
cinco anos de idade, após a aprovação de seu nome pela maioria simples dos membros do Senado Federal, para mandato
de dois anos, vedada a recondução.
d) procurador-geral de justiça, nomeado pelo presidente da República entre integrantes da carreira, após a aprovação
de seu nome pela maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, para mandato de dois anos, permitida a

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recondução.
e) procurador-geral da República, nomeado pelo presidente da República entre integrantes da carreira, após a aprova-
ção de seu nome pela maioria absoluta dos membros da Câmara dos Deputados, para mandato de dois anos, vedada a
recondução.
RESOLUÇÃO: O art. 128, § 1º da CF prevê que o Ministério Público da União tem por chefe o Procurador-Geral da República,
nomeado pelo Presidente da República dentre integrantes da carreira, maiores de trinta e cinco anos, após a aprovação
de seu nome pela maioria absoluta dos membros do Senado Federal, para mandato de dois anos, permitida a recondução
(Alternativa A).

QUESTÃO COMENTADA 2: (CESPE/CEBRASPE-2021 | MPE-AP) Considerando as disposições da CF acerca do Ministério Pú-


blico, é correto afirmar que os procuradores-gerais nos estados e no Distrito Federal e territórios poderão ser destituídos
a) por deliberação da maioria absoluta do Poder Legislativo, na forma da lei complementar respectiva.
b) por deliberação da maioria simples do Poder Legislativo, na forma da lei complementar respectiva.
c) por deliberação da maioria simples do Poder Legislativo, na forma da lei ordinária respectiva.
d) por deliberação da maioria absoluta do Poder Legislativo, na forma da lei ordinária respectiva.
e) por deliberação da maioria relativa do Poder Legislativo, na forma da lei ordinária respectiva.
RESOLUÇÃO: Segundo o art. 128, § 4º da CF, os Procuradores-Gerais nos Estados e no Distrito Federal e Territórios poderão
ser destituídos por deliberação da maioria absoluta do Poder Legislativo, na forma da lei complementar respectiva (Al-
ternativa A).

Princípios Institucionais do Ministério Público

Segundo o art. 127, § 1º da CF, são princípios institucionais do Ministério Público a unidade, a indivisibilidade e a
independência funcional.

Art. 127, § 1º, CF/88. São princípios institucionais do Ministério Público a unidade, a indivisibilidade e a
independência funcional.

Pelo PRINCÍPIO DA UNIDADE, os membros do Ministério Público fazem parte de um só órgão, sob o comando do
Procurador-Geral da República (âmbito federal) e do Procurador-Geral de Justiça (âmbito estadual). O Ministério Pú-
blico é uno, composto por um só corpo institucional, que visa promover o interesse público e o bem comum.
Todavia, o Ministério Público está organicamente dividido. Há o Ministério Público da União (MPU) e os Ministérios
Públicos Estaduais (MPEs), cada um deles com seu chefe. Essa divisão existe em razão da repartição constitucional

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de competências entre os entes federativos e não impede que consideremos a existência de um MP nacional.
Em razão dessa divisão orgânica, a doutrina considera que a unidade somente se aplica dentro de cada um dos
Ministérios Públicos. Assim, não existe unidade entre o Ministério Público da União e os Estaduais.
Já o PRINCÍPIO DA INDIVISIBILIDADE permite que os integrantes do Ministério Público possam ser substituídos uns
pelos outros ao longo do processo, desde que sejam da mesma carreira. Por esse princípio, os membros do Ministério
Público não estão vinculados a um processo e, justamente por isso, podem ser substituídos. Veja que o princípio da
indivisibilidade está intimamente relacionado ao princípio da unidade, sendo verdadeiro corolário (consequência)
deste.
Por fim, o PRINCÍPIO DA INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL se manifesta em duas acepções: independência externa ou
orgânica (referindo-se ao Ministério Público como um todo) e independência interna (referindo-se a cada membro
individualmente).
Na primeira acepção, o Ministério Público deve ser compreendido como uma instituição que não está sujeita a
qualquer interferência de outro órgão ou Poder da República. O Ministério Público deve buscar a satisfação do inte-
resse social e do bem comum.
Na segunda acepção, fica claro que os membros do Ministério Público se vinculam apenas ao ordenamento jurí-
dico e à sua convicção. Os membros do Ministério Público não estão subordinados a qualquer hierarquia funcional.
A hierarquia que existe dentro do Ministério Público é meramente administrativa.
A independência funcional limita o princípio da indivisibilidade, pois impõe a necessidade de que existam regras
preestabelecidas para a substituição de membros do Ministério Público no curso de um processo.

QUESTÃO COMENTADA: (CESPE/CEBRASPE-2022 | DPE-RO) Acerca do Ministério Público (MP), assinale a opção correta.
a) O MP é uma instituição única, embora tenha divisões funcionais.
b) A hierarquia no MP é funcional.
c) É permitida aos membros do MP a filiação partidária.
d) É permitido aos membros do MP em disponibilidade exercer outra função pública além do magistério.
e) No desempenho de suas funções, o MP está subordinado ao Supremo Tribunal Federal.
RESOLUÇÃO: Vejamos cada uma das alternativas:
a) Correta. Como decorrência do princípio da unidade o Ministério Público é uma instituição única, embora possua divi-
sões funcionais.
b) Errada. Coimo decorrência da independência funciona, a hierarquia do MP é meramente administrativa, nunca funci-
onal.
c) Errada. O art. 128, § 5º, II, “e” da CF veda ao membro do MP o exercício de atividade político-partidária, o que inclui a
filiação partidária.
d) Errada. Segundo o art. 128, § 5º, II, “d” da CF, é vedado ao membro do Ministério Público exercer, ainda que em

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disponibilidade, qualquer outra função pública, salvo uma de magistério.


e) Errada. Em consonância com o princípio da autonomia funcional, o MP não se submete a nenhum dos Poderes nem a
quaisquer órgãos ou autoridades no desempenho de suas funções.

Autonomia Funcional, Administrativa e Orçamentária

A Constituição Federal de 1988 reconhece autonomia funcional, administrativa e orçamentário-financeira ao Mi-


nistério Público, assegurando seu autogoverno. São garantias institucionais do Ministério Público, destinadas a per-
mitir que este órgão possa atuar com independência e sem interferência de nenhum outro Poder.
A AUTONOMIA ADMINISTRATIVA do Ministério Público se materializa na sua competência para propor ao Poder
Legislativo a criação e extinção de seus cargos e serviços auxiliares. Ainda no campo da autonomia administrativa,
o Procurador-Geral da República e os Procuradores-Gerais de Justiça têm iniciativa (concorrente com os Chefes do
Poder Executivo) para propor projeto de lei complementar que estabeleça a organização, as atribuições e o estatuto
de cada Ministério Público. Está disposta no § 2º do art. 127 da CF/88:

Art. 127, § 2º, CF/88. Ao Ministério Público é assegurada autonomia funcional e administrativa, podendo,
observado o disposto no art. 169, propor ao Poder Legislativo a criação e extinção de seus cargos e serviços
auxiliares, provendo-os por concurso público de provas ou de provas e títulos, a política remuneratória e os
planos de carreira; a lei disporá sobre sua organização e funcionamento. (Redação EC 19/1998)

Já a AUTONOMIA FUNCIONAL é garantida com os princípios institucionais que vimos acima.


Finalmente, a AUTONOMIA ORÇAMENTÁRIO-FINANCEIRA, por sua vez, se manifesta pela prerrogativa de que o Mi-
nistério Público elabore a sua proposta orçamentária, encaminhando-a ao Poder Executivo. Cabe destacar que a
proposta orçamentária do Ministério Público deverá ser elaborada em conformidade com os limites definidos pela
lei de diretrizes orçamentárias (LDO). Está dispostas nos parágrafos 3º a 6º do art. 127 da CF:

Art. 127, § 3º, CF/88. O Ministério Público elaborará sua proposta orçamentária dentro dos limites estabe-
lecidos na lei de diretrizes orçamentárias.
§ 4º Se o Ministério Público não encaminhar a respectiva proposta orçamentária dentro do prazo estabele-
cido na lei de diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo considerará, para fins de consolidação da proposta
orçamentária anual, os valores aprovados na lei orçamentária vigente, ajustados de acordo com os limites esti-
pulados na forma do § 3º. (Incluído pela EC 45/2004)
§ 5º Se a proposta orçamentária de que trata este artigo for encaminhada em desacordo com os limites
estipulados na forma do § 3º, o Poder Executivo procederá aos ajustes necessários para fins de consolidação da
proposta orçamentária anual. (Incluído pela EC 45/2004)

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§ 6º Durante a execução orçamentária do exercício, não poderá haver a realização de despesas ou a assun-
ção de obrigações que extrapolem os limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, exceto se previa-
mente autorizadas, mediante a abertura de créditos suplementares ou especiais. (Incluído pela EC 45/2004)

QUESTÃO COMENTADA: (CESPE/CEBRASPE | MPE-CE) Acerca do Poder Judiciário e das funções essenciais à justiça, julgue
o item que se segue.
O Ministério Público, observando sua autonomia funcional e administrativa, pode propor ao Poder Legislativo a extinção
e a criação de cargos e serviços auxiliares para o próprio Ministério Público.
RESOLUÇÃO: Segundo o art. 127, § 2º da CF, ao Ministério Público é assegurada autonomia funcional e administrativa,
podendo propor ao Poder Legislativo a criação e extinção de seus cargos e serviços auxiliares (Assertiva Correta).

Funções Institucionais do Ministério Público

Como vimos no começo do material, o Ministério Público (Parquet) assume o importante papel de custos societatis
(“guardião da sociedade”) e de custos legis (“guardião da lei”). Para desempenhar essa importante missão, a Consti-
tuição atribui ao Ministério Público uma série de funções.
O art. 129 da CF enumera as funções Ministério Público, que, por sua vez, não são taxativas, ou seja, outras fun-
ções desempenhadas não estão expressas no referido dispositivo.

Art. 129, CF/88. São funções institucionais do Ministério Público:


I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;
II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos asse-
gurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia;
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do
meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;
IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fins de intervenção da União e dos
Estados, nos casos previstos nesta Constituição;
V - defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas;
VI - expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua competência, requisitando informações
e documentos para instruí-los, na forma da lei complementar respectiva;
VII - exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar mencionada no artigo
anterior;
VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos
jurídicos de suas manifestações processuais;

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IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com sua finalidade, sendo -lhe
vedada a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas.
§ 1º A legitimação do Ministério Público para as ações civis previstas neste artigo não impede a de terceiros,
nas mesmas hipóteses, segundo o disposto nesta Constituição e na lei.
§ 2º As funções do Ministério Público só podem ser exercidas por integrantes da carreira, que deverão residir
na comarca da respectiva lotação, salvo autorização do chefe da instituição. (Redação EC 45/2004)

O Ministério Público é responsável por promover, privativamente, a ação penal pública (art. 129, I, CF). Mas existe
também a ação penal privada subsidiária da pública, que poderá ser ajuizada quando a ação penal pública não tiver
sido intentada dentro do prazo legal.
O Ministério Público também tem como função promover o inquérito civil e a ação civil pública (art. 129, III, CF),
cujo objetivo é a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos.
Mas a ação civil pública não é exclusiva do Ministério Público, podendo ser apresentada por diversos outros legiti-
mados (art. 129, § 1º, CF). Segundo o STF, a Defensoria Pública possui competência para ajuizar ação civil pública para
a tutela de interesses transidividuais (direitos difusos e coletivos) e individuais homogêneos.
Segundo a teoria dos poderes implícitos, quando a Constituição outorga competência explícita a determinado
órgão estatal, implicitamente atribui, a esse mesmo órgão, os meios necessários para a efetiva e completa realização
de suas funções. Com base nessa teoria, o STF, ao analisar a temática dos poderes investigatórios do Ministério
Público, entendeu que a denúncia poderia ser fundamentada em peças de informação obtidas pelo próprio Parquet,
não havendo necessidade de prévio inquérito policial.
Caso não queira conduzir a investigação criminal, o Ministério Público pode requisitar diligências investigatórias
e a instauração de inquérito policial (art. 129, VIII, CF). O inquérito policial é procedimento administrativo conduzido
por Delegado de Polícia com vistas a subsidiar uma ação penal.
O Ministério Público, no desempenho da sua função de “custos societatis”, é responsável pelo controle externo da
atividade policial. O art. 129, VII da CF, que confere tal competência ao Ministério Público, é norma constitucional de
eficácia limitada, dependente de regulamentação por lei complementar. O controle externo da atividade policial con-
siste na fiscalização da Polícia pelo Ministério Público. É denominado “externo” porque o Ministério Público não inte-
gra a estrutura da Polícia.
Por fim, observe que o Ministério Público tem competência para defender judicialmente os direitos e interesses
das populações indígenas (art. 129, V, CF).

QUESTÃO COMENTADA 1: (FGV-2019 | MPE-RJ) De acordo com a Constituição da República de 1988, o Ministério Público é
instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica e do
regime democrático, sendo exemplo de sua função institucional promover:
a) a ação penal privada e a ação de inconstitucionalidade, na forma da lei;
b) a representação para fins de intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos na referida Constituição;

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c) a representação da União e dos Estados, para fins de consultoria e assessoramento jurídico do Executivo;
d) a orientação jurídica, de forma integral e gratuita, aos necessitados que comprovarem insuficiência de recursos finan-
ceiros;
e) o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção de quaisquer direitos e interesses individuais de índole consti-
tucional.
RESOLUÇÃO: Vejamos cada uma das alternativas para respondermos a questão.
a) Errada. O Ministério Público promove a ação penal pública, e não a privada (art. 129, I, CF).
b) Correta. Essa competência está prevista no art. 129, IV da CF.
c) Errada. A representação da União e dos Estados é feita pela Advocacia Pública (art. 131, CF), não pelo Ministério Público.
d) Errada. A orientação jurídica aos necessitados que comprovarem insuficiência de recursos financeiros é papel da
Defensoria Pública (art. 134, CF).
e) Errada. O inquérito civil e a ação civil pública são instrumentos utilizados somente para a proteção do patrimônio
público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos (art. 129, III, CF), e não para interesses
individuais.

QUESTÃO COMENTADA 2: (FGV-2022 | MPE-BA) O Ministério Público do Estado da Bahia recebeu representação dando conta
de que o supermercado Beta, de forma recorrente, estava vendendo alimentos impróprios para o consumo e fora da
validade. Na esfera extrapenal, o Ministério Público instaurou o procedimento próprio cabível e reuniu provas ratificando
os fatos noticiados.
Assim sendo, deve o promotor de Justiça:
a) impetrar mandado de segurança individual em face do supermercado Beta;
b) impetrar mandado de segurança coletivo em face do supermercado Beta;
c) ajuizar representação de inconstitucionalidade em face do supermercado Beta;
d) ajuizar ação civil pública em face do supermercado Beta;
e) ajuizar ação popular em face do supermercado Beta.
RESOLUÇÃO: Vamos analisar cada uma das alternativas:
a) Errada. Não há direito líquido e certo na situação narrada, o que impede a impetração de mandado de segurança.
b) Errada. O Ministério Público não pode impetrar mandado de segurança coletivo, já que os legitimados são somente
aqueles previstos no art. 5º, LXX da CF.
c) Errada. Um ato de empresa privada não pode ser objeto de ADI, mas somente lei ou ato normativo.
d) Correta. O art. 129, III da CF prevê como função do MP promover a ação civil pública para a proteção do patrimônio
público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos.
e) Errada. A ação popular só pode ser ajuizada por cidadão (art. 5º, LXXII, CF).

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Ingresso na Carreira

Determina a Carta Magna (art. 129, § 3º) que o ingresso na carreira do Ministério Público far-se-á mediante con-
curso público de provas e títulos, assegurada a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em sua realização,
exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, 3 ANOS de atividade jurídica (que somente podem ser contados após
a obtenção do título de bacharel em Direito, comprovados momento da inscrição definitiva no concurso) e obser-
vando-se, nas nomeações, a ordem de classificação. Observe:

Art. 129, § 3º, CF/88. O ingresso na carreira do Ministério Público far-se-á mediante concurso público de
provas e títulos, assegurada a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em sua realização, exigindo -se
do bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica e observando-se, nas nomeações, a ordem de
classificação. (Redação EC 45/2004)

Já o § 4º do mesmo artigo prevê a aplicação do art. 93 da CF aos membros do MP. Trata-se das normas do Estatuto
da Magistratura. Assim, para evitar repetições desnecessárias, veja os comentários que fizemos a esse dispositivo.

Art. 129, § 4º, CF/88. Aplica-se ao Ministério Público, no que couber, o disposto no art. 93. (Redação EC
45/2004)

Por fim, o § 5º do art. 129 apenas prevê que a distribuição dos processos no Parquet se dá de forma imediata,
assim como ocorre no Poder Judiciário. Veja:

Art. 129, § 5º, CF/88. A distribuição de processos no Ministério Público será imediata. (Incluído pela EC
45/2004)

OBSERVAÇÃO
A doutrina majoritária classifica os membros do Ministério Público (Promotor de Justiça e Procurador da Repú-
blica) de agentes políticos, excluindo-se da qualificação de servidor público em sentido estrito. Isso porque a Cons-
tituição possui normas específicas para o cargo, ao tempo em que reserva atribuições de alta relevância para o
Estado Democrático de Direito.

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Direito Constitucional

Garantias Funcionais dos Membros do Ministério Público

As garantias conferidas pela Constituição aos membros do Ministério Público são semelhantes às garantias atri-
buídas aos membros do Poder Judiciário: vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de subsídio. As garantias
funcionais não podem ser consideradas privilégios, mas sim prerrogativas que possuem os membros do Ministério
Público para lhes preservar a liberdade de convicção, com o objetivo de resguardar a autonomia da instituição.
A VITALICIEDADE garante que, após dois anos de cumprido o estágio probatório, o membro do Ministério Público
somente pode perder o cargo por decisão judicial transitada em julgado.
Por sua vez, a INAMOVIBILIDADE é garantia de que os membros do Ministério Público não possam ser transferidos
compulsoriamente de seus cargos, exceto se for em razão do interesse público, mediante decisão do órgão colegiado
da instituição, por maioria absoluta dos votos, sendo assegurados o contraditório, ampla defesa e devido processo
legal.
Segundo o art. 130-A, § 2º, III, o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) tem competência para determinar
a remoção de membro do Ministério Público. Nesse caso, trata-se de verdadeira sanção administrativa aplicada pelo
CNMP, que não viola a garantia de inamovibilidade.
Já a IRREDUTIBILIDADE DE SUBSÍDIO visa proteger os ganhos dos membros do Ministério Público contra ingerên-
cias políticas, vedando reduções. Mas essa irredutibilidade é nominal (e não real), ou seja, não leva em consideração
a inflação.

Art. 128, § 5º, CF/88. Leis complementares da União e dos Estados, cuja iniciativa é facultada aos respec-
tivos Procuradores-Gerais, estabelecerão a organização, as atribuições e o estatuto de cada Ministério Público,
observadas, relativamente a seus membros:
I - as seguintes garantias:
a) vitaliciedade, após dois anos de exercício, não podendo perder o cargo senão por sentença judicial tran-
sitada em julgado;
b) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, mediante decisão do órgão colegiado competente
do Ministério Público, pelo voto da maioria absoluta de seus membros, assegurada ampla defesa; (Redação EC
45/2004)
c) irredutibilidade de subsídio, fixado na forma do art. 39, § 4º, e ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI,
150, II, 153, III, 153, § 2º, I; (Redação EC 19/1998)

Vedações aos Membros do Ministério Público

A Constituição Federal, além de estabelecer as garantias do Ministério Público, também prevê certas vedações
aos seus membros, com o objetivo de preservar a própria instituição. Essas vedações são verdadeiras garantias de

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imparcialidade. Elas estão dispostas no art. 158, § 5º, III e § 6º:

Art. 128, § 5º, II, CF/88. as seguintes vedações:


a) receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, honorários, percentagens ou custas processuais;
b) exercer a advocacia;
c) participar de sociedade comercial, na forma da lei;
d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função pública, salvo uma de magistério;
e) exercer atividade político-partidária; (Redação EC 45/2004)
f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou
privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei. (Incluída pela EC 45/2004)
§ 6º Aplica-se aos membros do Ministério Público o disposto no art. 95, parágrafo único, V. (Incluído pela
EC 45/2004)

A previsão do § 6º acima diz respeito à “quarentena de saída”, ou seja, a vedação de exercer a advocacia no juízo
ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exone-
ração.

Ministério Público junto aos Tribunais de Contas

Perante os Tribunais de Contas da União (TCU), dos Estados (TCEs) e dos Municípios (TCMs) atua um Ministério
Público “especial”: o Ministério Público junto aos Tribunais de Contas.
O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) não integra o MPU. Em verdade, integra a própria
estrutura orgânica do TCU. Isso porque o rol de órgãos que compõem o MPU, previsto no art. 128, I, da CF/88 é taxativo.
Os Ministérios Públicos que atuam perante as Cortes de Contas não possuem as atribuições do art. 129 da CF/88.
Sua atuação se dá exclusivamente na área de competência dos Tribunais de Contas. Trata-se, conforme já afirma-
mos, de um Ministério Público “especial”.
A lei que regulamenta a estrutura orgânica do Ministério Público que atua junto ao TCU é de iniciativa do próprio
TCU, conforme se deduz do art. 73, caput, da CF/88. Por simetria, é de iniciativa do TCE a lei de organização do
Ministério Público que atua junto à Corte de Contas estadual.
De qualquer forma, a Constituição assegura aos membros do MP junto às Cortes de Contas as disposições pre-
vistas para o MP em relação aos direitos, às vedações e à forma de investidura:

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Art. 130, CF/88. Aos membros do Ministério Público junto aos Tribunais de Contas aplicam-se as disposi-
ções desta seção pertinentes a direitos, vedações e forma de investidura.

Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP)

Da mesma forma que foi criado o Conselho Nacional de Justiça ao Poder Judiciário, a Emenda Constitucional n°
45/2004 trouxe o Conselho Nacional do Ministério Público com a função primordial de controle da atividade admi-
nistrativa e financeira do Ministério Público, assim como dos deveres funcionais dos seus membros.
Não se trata de interferir na independência funcional dos membros, sendo vedada qualquer atividade que sub-
meta o Promotor de Justiça ou Procurador da República a vontades políticas de autoridades ou da própria Chefia da
instituição.
A estrutura do Conselho Nacional do Ministério Público tem sua composição formada por 14 membros nomeados
pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal, para um mandato
de 2 anos, admitida uma recondução, sendo:
- o PGR, que o preside;
- 4 membros do MPU, assegurada a representação de cada uma de suas carreiras;
- 3 membros do MPEs;
- 2 juízes, indicados um pelo STF e outro pelo STJ;
- 2 advogados, indicados pelo Conselho Federal da OAB;
- 2 cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados e outro
pelo Senado Federal.

Art. 130-A, CF/88. O Conselho Nacional do Ministério Público compõe-se de quatorze membros nomeados
pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal, para
um mandato de dois anos, admitida uma recondução, sendo: (Incluído pela EC 45/2004)
I - o Procurador-Geral da República, que o preside;
II - quatro membros do Ministério Público da União, assegurada a representação de cada uma de suas
carreiras;
III - três membros do Ministério Público dos Estados;
IV - dois juízes, indicados um pelo Supremo Tribunal Federal e outro pelo Superior Tribunal de Justiça;
V - dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
VI - dois cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados
e outro pelo Senado Federal.
§ 1º Os membros do Conselho oriundos do Ministério Público serão indicados pelos respectivos Ministérios
Públicos, na forma da lei.

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Dentre os 2 advogados indicados pelo Conselho Federal da OAB não pode estar incluído o Presidente da Ordem.
Isso porque o § 4º do art. 130-A da CF prevê que ele deverá oficiar junto ao CNMP, não podendo compô-lo:

Art. 130-A, § 4º, CF/88. O Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil oficiará
junto ao Conselho.

O CNMP deverá escolher, em votação secreta, um Corregedor nacional. O Corregedor nacional deverá ser esco-
lhido entre os membros do Ministério Público que integram o Conselho, vedada sua recondução. As competências do
Corregedor nacional estão dispostas no art. 130-A, § 3º da CF:

Art. 130-A, § 3º, CF/88. O Conselho escolherá, em votação secreta, um Corregedor nacional, dentre os
membros do Ministério Público que o integram, vedada a recondução, competindo-lhe, além das atribuições que
lhe forem conferidas pela lei, as seguintes:
I - receber reclamações e denúncias, de qualquer interessado, relativas aos membros do Ministério Público
e dos seus serviços auxiliares;
II - exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e correição geral;
III - requisitar e designar membros do Ministério Público, delegando-lhes atribuições, e requisitar servido-
res de órgãos do Ministério Público.

Para complementar a atuação do Corregedor nacional, a CF/88 prevê que leis da União e dos Estados criarão
ouvidorias do Ministério Público. O objetivo é receber reclamações e denúncias de qualquer interessado contra mem-
bros ou órgãos do Ministério Público, inclusive contra seus serviços auxiliares, representando diretamente ao Con-
selho Nacional do Ministério Público.

Art. 130-A, § 5º, CF/88. Leis da União e dos Estados criarão ouvidorias do Ministério Público, competentes
para receber reclamações e denúncias de qualquer interessado contra membros ou órgãos do Ministério Pú-
blico, inclusive contra seus serviços auxiliares, representando diretamente ao Conselho Nacional do Ministério
Público.

O Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), conforme já comentamos, é responsável por efetuar o controle
da atuação administrativa e financeira do Ministério Público e do cumprimento dos deveres funcionais de seus mem-
bros. Suas competências estão enumeradas no art. 130-A, § 2º, CF/88:

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Art. 130-A, § 2º, CF/88. Compete ao Conselho Nacional do Ministério Público o controle da atuação admi-
nistrativa e financeira do Ministério Público e do cumprimento dos deveres funcionais de seus membros, cabendo
lhe:
I - zelar pela autonomia funcional e administrativa do Ministério Público, podendo expedir atos regulamen-
tares, no âmbito de sua competência, ou recomendar providências;
II - zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a legalidade dos atos
administrativos praticados por membros ou órgãos do Ministério Público da União e dos Estados, podendo
desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as providências necessárias ao exato cumprimento
da lei, sem prejuízo da competência dos Tribunais de Contas;
III - receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Ministério Público da União ou dos
Estados, inclusive contra seus serviços auxiliares, sem prejuízo da competência disciplinar e correicional da
instituição, podendo avocar processos disciplinares em curso, determinar a remoção, a disponibilidade ou a
aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções adminis-
trativas, assegurada ampla defesa;
IV - rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de membros do Ministério Público
da União ou dos Estados julgados há menos de um ano;
V - elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar necessárias sobre a situação do Ministério
Público no País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar a mensagem prevista no art. 84, XI.

Quanto a essas competências, o STF decidiu em 2020 que compete ao CNMP dirimir conflitos de atribuições entre
membros do MPF e de Ministérios Públicos estaduais (Info 985)

QUESTÃO COMENTADA 1: (FCC-2021 | DPE-SC) Nos termos da Constituição Federal de 1988, compete ao Conselho Nacional
do Ministério Público
a) elaborar relatório semestral, propondo as providências sobre a situação do Ministério Público no País e as atividades
do Conselho, o qual deve integrar a mensagem do Chefe do Poder Judiciário ao Congresso Nacional.
b) zelar pela autonomia funcional e administrativa do Ministério Público da União, podendo apenas recomendar provi-
dências aos Procuradores-Gerais de Justiça.
c) apreciar, de ofício ou mediante provocação, a legalidade dos atos administrativos praticados por membros ou órgãos
do Ministério Público da União e dos Estados, com prejuízo da competência dos Tribunais de Contas.
d) receber e conhecer das reclamações apenas contra membros ou órgãos do Ministério Público da União ou dos Estados,
ou seus serviços auxiliares, sem prejuízo da competência disciplinar e correcional da instituição.
e) rever somente mediante provocação os processos disciplinares de membros do Ministério Público da União ou dos
Estados julgados há mais de um ano e dia.
RESOLUÇÃO: Teremos que analisar cada uma das alternativas para encontrarmos a correta:

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a) Errada. O relatório é anual, não semestral (art. 130-A, § 2º, V, CF).


b) Errada. É possível ao CNMP também expedir atos regulamentares no âmbito de sua competência, e não apenas reco-
mendar providências (art. 130-A, § 2º, I, CF).
c) Errada. O erro da alternativa está no final, pois não há prejuízo para a atuação também do Tribunal de Contas (art.
130-A, § 2º, II, CF).
d) Correta. É exatamente o que prevê o art. 130-A, § 2º, II da CF.
e) Errada. O CNMP também pode rever de ofício os processos disciplinares, não somente por provocação (art. 130-A, §
2º, IV, CF).

QUESTÃO COMENTADA 2: (CESPE/CEBRASPE-2021 | MPE-AP) Considerando os dispositivos constitucionais e a jurisprudên-


cia do STF sobre as funções essenciais à justiça é correto afirmar que dirimir conflitos de atribuições entre membros
do Ministério Público Federal e de Ministérios Públicos estaduais compete
a) ao Superior Tribunal de Justiça.
b) ao procurador-geral da República.
c) ao Supremo Tribunal Federal.
d) ao Conselho Nacional de Justiça.
e) ao Conselho Nacional do Ministério Público.
RESOLUÇÃO: O conflito de atribuições não é um conflito jurisdicional. Por isso o STF considera que é atribuição do CNMP,
e não de um órgão judicial (Alternativa E).

1.2 ADVOCACIA PÚBLICA

A Advocacia Pública compreende a função de consultoria e assessoramento do Poder Executivo, incluindo-se o


âmbito Federal, Estadual e Municipal, no qual representará os interesses em juízo e extrajudicialmente.
a) Federal: a Advocacia-Geral da União;
b) Estadual: Procuradoria-Geral do Estado;
c) Municipal: Procuradoria-Geral do Município (é a única função essencial à justiça de atuação no município).
A Advocacia-Geral da União compreende os Advogados da União e os Procuradores da Fazenda Nacional. Os
Advogados da União exercem a função de consultoria e assessoramento da administração pública direta, envolvendo
a Presidência da República e os Ministérios. Os Procuradores da Fazenda Nacional têm a atribuição de recuperação
da dívida ativa de natureza tributária, assim como a representação e consultoria da União nessa esfera.
É de se destacar que a carreira de Procurador Federal não está inserida na Advocacia-Geral da União como parte

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integrante, mas apenas vinculada por meio da Procuradoria-Geral Federal. Entretanto, em razão da semelhança de
atribuições, prerrogativas e vedações, em breve a Procuradoria-Geral Federal será integrada à Advocacia-Geral da
União por uma questão de coerência jurídica.
O chefe da instituição é o Advogado-Geral da União, cargo de livre nomeação do Presidente da República, sendo
escolhido entre cidadãos maiores de trinta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada. Observe que
o AGU não necessariamente será membro da carreira. Trata-se de cargo comissionado, de confiança do Presidente
da República e, portanto, podendo qualquer pessoa ser nomeada. Ademais, não há necessidade de aprovação do
Senado Federal para nomeação do AGU.
A Advocacia-Geral da União (AGU) integra o Poder Executivo e o ingresso em sua carreira se dá por meio de
concurso público de provas e títulos. A organização e funcionamento da AGU é regulada por meio de lei complementar
(art. 131, caput).

Art. 131, CF/88. A Advocacia-Geral da União é a instituição que, diretamente ou através de órgão vinculado,
representa a União, judicial e extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos da lei complementar que dispuser
sobre sua organização e funcionamento, as atividades de consultoria e assessoramento jurídico do Poder Exe-
cutivo.
§ 1º A Advocacia-Geral da União tem por chefe o Advogado-Geral da União, de livre nomeação pelo Pre-
sidente da República dentre cidadãos maiores de trinta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação
ilibada.
§ 2º O ingresso nas classes iniciais das carreiras da instituição de que trata este artigo far-se-á mediante
concurso público de provas e títulos.
§ 3º Na execução da dívida ativa de natureza tributária, a representação da União cabe à Procuradoria -
Geral da Fazenda Nacional, observado o disposto em lei.

Segundo o art. 131 da CF/88 acima, a Advocacia-Geral da União (AGU) é uma instituição com duas tarefas centrais:
a) representar a União, judicial e extrajudicialmente: a representação judicial pelos advogados públicos decorre
de lei e, portanto, fica dispensada a juntada de instrumento de mandato em autos de processo judicial. To-
davia, a existência da Advocacia Pública não impede que o Estado constitua mandatário ad judicia para cau-
sas específicas. A representação estatal em juízo não é, dessa maneira, uma atribuição exclusiva da Advo-
cacia Pública.
b) realizar as atividades de consultoria e assessoramento jurídico do Poder Executivo, nos termos de lei com-
plementar: a AGU somente presta consultoria e assessoramento jurídico ao Poder Executivo (e não aos de-
mais Poderes). Com efeito, a jurisprudência do STF reconhece a constitucionalidade da manutenção de as-
sessoria jurídica própria por Poder autônomo
A Procuradoria-Geral do Estado e a do Distrito Federal têm a atribuição de representar judicial e extrajudicial-
mente os Estados-membros, além da atividade de consultoria e assessoramento. A chefia da Procuradoria-Geral do
Estado é feita pelo Procurador-Geral do Estado, de livre nomeação do Governador.

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A Constituição não faz menção expressa às Procuradorias Municipais, embora por simetria, nos termos do mo-
delo federal adotado pelo Brasil, deve-se reconhecer a mesma ideia de Procuradoria do Estado às Procuradorias de
Municípios.
O ingresso na carreira da Advocacia Pública ocorre por meio de concurso público de provas e títulos, com a
participação da Ordem dos Advogados do Brasil. A estabilidade é adquirida após três anos de efetivo exercício, me-
diante avaliação de desempenho. Veja que não há a garantia da vitaliciedade, mas sim de estabilidade.

Art. 132, CF/88. Os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal, organizados em carreira, na qual o
ingresso dependerá de concurso público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do
Brasil em todas as suas fases, exercerão a representação judicial e a consultoria jurídica das respectivas unida-
des federadas. (Redação EC 19/1998)
Parágrafo único. Aos procuradores referidos neste artigo é assegurada estabilidade após três anos de efe-
tivo exercício, mediante avaliação de desempenho perante os órgãos próprios, após relatório circunstanciado
das corregedorias. (Redação EC 19/1998)

Os Procuradores Estaduais não têm foro por prerrogativa de função perante o Tribunal de Justiça. Segundo o
STF, apenas excepcionalmente é que a Constituição Federal atribuiu prerrogativa de foro para autoridades federais,
estaduais e municipais. Desse modo, é inconstitucional norma da Constituição Estadual que atribui foro por prerro-
gativa de função aos Procuradores Estaduais, Procuradores da Assembleia Legislativa, Defensores Públicos e Dele-
gados de Polícia (como consta, por exemplo, na Constituição do Estado do Maranhão).
Para finalizar, ainda segundo o STF, é inconstitucional a criação de procuradorias autárquicas pelos Estados-
membros. Isso porque o modelo definido pela CF/88 consagra o princípio da unicidade da representação judicial e
consultoria jurídica dos Estados e do Distrito Federal, atividades estas exercidas pela PGE (Procuradoria-Geral do
Estado). Não

QUESTÃO COMENTADA 1: (VUNESP-2019 | Pref. São José dos Campos-SP) Segundo a Carta Magna brasileira, na execução
da dívida ativa de natureza tributária, a representação da União, observado o disposto em lei, cabe à
a) Advocacia-Geral da União.
b) Procuradoria-Geral da República.
c) Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional.
d) Corregedoria-Geral da União.
e) Receita Federal.
RESOLUÇÃO: Tratando-se de execução de natureza tributária, o art. 131, § 3º da CF prevê que a representação da União
cabe à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (Alternativa C).

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QUESTÃO COMENTADA 2: (CESPE/CEBRASPE-2021 | Polícia Federal) Com base no disposto na Constituição Federal de 1988
(CF), julgue o item subsequente.
Compete à Advocacia-Geral da União exercer as atividades de consultoria e assessoramento jurídico à Polícia Federal.
RESOLUÇÃO: A Advocacia Geral da União é órgão que representa a União judicial e extrajudicialmente, além de exercer
atividades de consultoria e assessoramento jurídico do Poder Executivo (art. 131, CF), o que inclui a Polícia Federal, que
está vinculada ao Executivo (Assertiva Correta).

QUESTÃO COMENTADA 3: (CESPE/CEBRASPE-2021 | TJ-RJ) No que se refere às funções essenciais à justiça, é correto
afirmar que a advocacia pública caracteriza-se por
a) prestar atividades de consultoria e assessoramento jurídico do Poder Legislativo.
b) auxiliar o Congresso Nacional na fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União.
c) buscar a realização dos interesses da sociedade.
d) ser inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei.
e) ser essencial à função jurisdicional do Estado e promover gratuitamente a orientação jurídica e a defesa dos neces-
sitados.
RESOLUÇÃO: Teremos que examinar cada uma das alternativas para encontrarmos a correta.
a) Errada. A consultoria e o assessoramento realizados pela advocacia pública são para o Poder Executivo, e não o Poder
Legislativo (art. 131, CF), que pode ter sua própria procuradoria.
b) Errada. O auxílio da fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União para o Con-
gresso Nacional é feito pelo TCU (art. 71, CF), e não pela advocacia pública.
c) Errada. A advocacia pública funciona como um “advogado” do ente político e não busca a realização dos interesses
da sociedade.
d) Correta. O advogado público, assim como qualquer advogado, é inviolável por seus atos e manifestações no exercício
da profissão (art. 133, CF).
e) Errada. Quem promove gratuitamente a orientação jurídica e defesa dos necessitados é a Defensoria Pública (Art. 134,
CF).

1.3 ADVOCACIA PRIVADA

Segundo o art. 133, CF/88, o advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos
e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei. Cuida-se aqui da advocacia privada.
O Advogado assume a função de representar as partes em juízo, assim como prestar consultoria acerca dos
direitos de que dispõem. A Advocacia deve ser entendida como um dever a serviço da distribuição de justiça,

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considerando que é uma função essencial nesse mister.


Tem como prerrogativa a inviolabilidade por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei.

Art. 133, CF/88. O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e
manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei.

1.4 DEFENSORIA PÚBLICA

O conceito de Defensoria Pública está no caput do art. 134. Veja:

Art. 134, CF/88. A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado,
incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do regime democrático, fundamentalmente, a orientação jurí-
dica, a promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos
individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º desta
Constituição Federal.

Como observamos no dispositivo acima, a Defensoria Pública é essencial à função jurisdicional do Estado. Em
resumo, jurisdição é a função do Estado de resolver conflitos, atribuição primordialmente conferida ao Poder Judi-
ciário. E a Defensoria Pública é essencial a essa função, como o art. 134 diz. Após diversas Emendas Constitucionais,
veremos que atualmente a Defensoria Pública não está submetida a nenhum dos Poderes, assim como o Ministério
Público, gozando de autonomia institucional, administrativa e financeira.
O art. 134 da CF/88 foi alterado pela Emenda Constitucional nº 80/2014. Essa EC é fundamental para a Defensoria
Pública. Antes dela, a norma previa apenas que a Defensoria Pública era "instituição essencial à função jurisdicional
do Estado, incumbindo-lhe a orientação jurídica e a defesa, em todos os graus, dos necessitados, na forma do art.
5º, LXXIV". Percebam a modificação substancial do conteúdo, aumentando o leque de atribuições da DP, reconhe-
cendo-a como "metagarantia".
A referida Emenda também colocou a Defensoria Pública em uma Seção separada da Advocacia (agora está
isolada na Seção IV do Capítulo IV do Título IV da CF/88). Isso fortalece a autonomia da DP e demonstra que ela não
é apenas uma espécie de advocacia paga pelo Estado. Ela tem atribuições muito maiores, de inclusão na cidadania
e democracia.
A DP foi criada como instituição de assistência jurídica somente aos economicamente vulneráveis (veremos que
essa vulnerabilidade pode acontecer de outras formas). Sendo assim, ela não pode agir em prol de órgãos ou enti-
dades públicos. Quem tem esse papel é a Procuradoria do Estados (ou a Advocacia Geral da União). A DP também não
pode defender os servidores públicos de forma geral. Esta defesa pode até acontecer, desde que esses servidores
comprovem insuficiências de recursos.

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Princípios Institucionais da Defensoria Pública

A EC nº 80/2014 também passou a prever os princípios institucionais da Defensoria Pública, acrescentando o §


4º ao art. 134:

Art. 134, § 4º, CF/88. São princípios institucionais da Defensoria Pública a unidade, a indivisibilidade e a
independência funcional, aplicando-se também, no que couber, o disposto no art. 93 e no inciso II do art. 96
desta Constituição Federal.

Esse parágrafo reforça a autonomia da Defensoria Pública, trazendo princípios institucionais idênticos aos do
Ministério Público, além da mesma previsão da aplicação dos artigos 93 e 96, II da CF. Essa determinação é impor-
tante, pois no art. 96, II está prevista a iniciativa legislativa para alterar sua organização e seu funcionamento.
Os princípios institucionais são repetidos no art. 3º da Lei Complementar nº 80/1994. Vamos entendê-los melhor?
• Princípio da unidade: a Defensoria Pública deve ser vista como um único órgão, sob a direção de um só Chefe,
que é o Defensor Público-Geral. Isso significa que, como exemplo, quando há atuação de um defensor público
em um processo, não é exatamente ele quem está atuando, mas sim a instituição Defensoria Pública.
• Princípio da indivisibilidade: decorre do princípio da unidade, garante que um defensor público seja substi-
tuído por outro, dentro da mesma função, sem que haja qualquer consequência prática nisso, observando
sempre o ordenamento jurídico. Quem atua é a Defensoria Pública, não o defensor.
• Princípio da independência funcional: significa que o defensor público segue sua consciência quando atua,
sem se submeter a poder hierárquico em suas funções. É a autonomia de convicção. Em suas atribuições
funcionais ele não precisa obedecer a seu Chefe. A hierarquia existe somente em questões administrativas.

Autonomia Funcional, Administrativa e Orçamentária

A Constituição dá autonomia a todas as Defensorias Públicas. É o que podemos extrair dos parágrafos 2º e 3º do
art. 134 da CF:

Art. 134, § 2º, CF/88. Às Defensorias Públicas Estaduais são asseguradas autonomia funcional e adminis-
trativa e a iniciativa de sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orça-
mentárias e subordinação ao disposto no art. 99, § 2º.
§ 3º Aplica-se o disposto no § 2º às Defensorias Públicas da União e do Distrito Federal.

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Detalhando cada um dos aspectos dos parágrafos acima:


• Autonomia funcional: significa que os membros da Defensoria Pública não se submetem a nenhum órgão ou
entidade, de qualquer Poder, quando estão cumprindo seus deveres institucionais. Eles possuem liberdade
para agir como achar melhor, sempre dentro do ordenamento jurídico.
• Autonomia administrativa: quer dizer que a Defensoria Pública se autogerencia, auto direciona. Sendo assim,
dentro dos limites orçamentários, ela administra seus próprios servidores e patrimônio, sem que qualquer
órgão ou entidade, de qualquer Poder, possa interferir. Por exemplo, é a própria Defensoria Pública que sabe
quando realizar concurso público para ingresso de servidores ou abrir processos licitatórios para aquisição
de novos bens.
• Autonomia financeira: a Defensoria Pública, dentro dos limites da Lei de Diretrizes Orçamentárias. Ou seja, a
DP tem a liberdade de alocar seus recursos financeiros onde achar mais necessário, de acordo com a LDO. E
o repasse, em duodécimos1, será feito diretamente à instituição, sem passar por qualquer órgão ou entidade
de qualquer Poder, como previsto no art. 168 da CF/88. Mas a autonomia é financeira, e não orçamentária!
Isso porque a liberdade dada pela Constituição para elaborar sua proposta orçamentária não é plena. Ela
deve obedecer aos limites da Lei de Diretrizes Orçamentárias.
Como você pode perceber, a Defensoria Pública tem autonomia, e não está vinculada a qualquer Poder. Várias
leis e constituições estaduais tentam vincular a DP ao Poder Executivo, submetendo-a a alguma Secretaria de Estado
ou ao próprio Governador. O STF vem declarando inconstitucionais essas expressões em diversas ocasiões (por
exemplo, ADI 5.286, ADI 5.287, ADPF 339 e ADI 5.381)

Carreira de Defensor Público

A competência para legislar sobre Defensoria Pública é concorrente, cabendo à União legislar sobre normas
gerais e aos Estados e ao DF editar normas específicas (art. 24, XIII, CF/88). Na realidade, a União estabelecerá
normas gerais das Defensorias Públicas da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. Mas também
editará normas específicas sobre a Defensoria Pública da União e dos Territórios, através de Lei Complementar. É o
que podemos extrair do art. 134, § 1º, da CF/88:

Art. 134, § 1º, CF/88. Lei complementar organizará a Defensoria Pública da União e do Distrito Federal e
dos Territórios e prescreverá normas gerais para sua organização nos Estados, em cargos de carreira, providos,
na classe inicial, mediante concurso público de provas e títulos, assegurada a seus integrantes a garantia da
inamovibilidade e vedado o exercício da advocacia fora das atribuições institucionais.

1
Duodécimo é a forma de repasse prevista no art. 168 da CF/88, em que os órgãos recebem 1/12 por mês do orçamento previsto para o ano.

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Primeiramente, esse dispositivo traz três detalhes que temos que trabalhar:
- Concurso público de provas e títulos: a seleção para Defensores Públicos não pode consistir apenas de pro-
vas, sendo obrigatória a análise de títulos também.
- Inamovibilidade: a Constituição garante que o defensor público não será removido de ofício, contra a sua
vontade, para garantir que atue com independência. Mas veremos, ao estudar a Lei Complementar nº 80/1994,
que é possível a remoção compulsória como penalidade quando a falta praticada tornar incompatível sua
permanência na localidade.
- Vedado o exercício da advocacia: a dedicação do defensor público deve ser exclusiva, salvo a atividade de
magistério. Ele não pode sequer patrocinar causas próprias. Essa proibição visa assegurar que os defensores
possam melhor exercer suas funções.
Perceba que não há previsão de vitaliciedade. Os Defensores Públicos possuem estabilidade após aprovação no
estágio probatório. A vitaliciedade é para membros do Judiciário, do Ministério Público e do Tribunal de Contas, por
exemplo.

QUESTÃO COMENTADA 1: (CESPE/CEBRASPE-2022 | PC-PB) São princípios institucionais tanto do Ministério Público quanto
da Defensoria Pública expressos na Constituição Federal
a) a unidade, a indivisibilidade e a publicidade.
b) a unidade, a publicidade e a independência funcional.
c) a indivisibilidade e a independência funcional, somente.
d) a unidade e a publicidade, somente.
e) a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional.
RESOLUÇÃO: Segundo os artigos 127, § 1º e 134, § 4º, ambos da CF, são princípios institucionais tanto do Ministério Público
quando da Defensoria Pública a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional (Alternativa E).

QUESTÃO COMENTADA 2: (CESPE/CEBRASPE | TJ-PA) Assinale a opção que apresenta o princípio constitucional que se
aplica diretamente à carreira de defensoria pública.
a) livre exercício da ação penal
b) independência funcional
c) inamovibilidade
d) vitaliciedade
e) irrecusabilidade
RESOLUÇÃO: Inicialmente, quem exerce a ação penal é o Ministério Público (art. 129, I, CF). Ademais, a inamovibilidade e
a vitaliciedade são apenas para os magistrados e membros do Ministério Público (art. 128, § 5º CF). Por fim, não há a

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previsão de “irrecusabilidade” no texto constitucional. Assim, dentre as alternativas apresentadas, é princípio da defen-
soria pública a independência funcional, prevista no art. 134, § 4º da CF (Alternativa B).

QUESTÃO COMENTADA 3: (FCC-2022 | DPE-PB) A Emenda Constitucional n° 45/2004, que ficou conhecida como Reforma
do Judiciário, promoveu diversas alterações constitucionais que tiveram por objetivo o aperfeiçoamento do sistema de
justiça, inclusive da Defensoria Pública, dentre as quais se destaca a
a) previsão constitucional dos princípios institucionais da Defensoria Pública.
b) criação do Conselho Nacional de Justiça, do Conselho Nacional do Ministério Público e do Conselho Nacional da De-
fensoria Pública.
c) entrega em duodécimos, até o dia 20 de cada mês, dos recursos correspondentes à dotação orçamentária da Defen-
soria Pública.
d) iniciativa legislativa por parte da Defensoria Pública.
e) inclusão da Defensoria Pública em seção exclusiva do texto constitucional.
RESOLUÇÃO: Vejamos cada uma das alternativas para respondermos a questão:
a) Errada. Os princípios institucionais da Defensoria Pública foram incluídos pela EC 80/2014.
b) Errada. Não existe Conselho Nacional da Defensoria Pública.
c) Correta. A EC 45/2004 deu autonomia às Defensorias Públicas, incluindo a autonomia financeira. Dessa forma, elas
receberão seus recursos na forma de duodécimos.
d) Errada. A iniciativa legislativa das Defensorias Públicas foi dada pela EC 80/2014.
e) Errada. A separação da seção da Defensoria Pública da Advocacia foi feita pela EC 80/2014.

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