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Introdução ao Direito

12º ano do Curso Técnico de


Turismo
Módulo 10 – Legislação Turística
ANO LETIVO 2016|2017
Law, says the judge as he looks down his nose,
Speaking clearly and most severely
Law is as I’ve told you before
Law is as you know I suppose,
Law is but let me explain it once more
Law is The Law

MURPHY e COLEMAN, p.6 (citando W. H. Auden)


Origem Etimológica
 A palavra direito deriva etimologicamente de ius rectum, que
significa "aquilo que é justo", o Direito visa a prossecução
daquilo que é justo.
 O Homem é um ser eminentemente social, vive em
sociedade. Para que esta convivência social seja possível, é
necessário que a sua conduta seja regulada, de modo a que
seja possível a realização do seu interesse próprio e a
convivência com os outros Homens. É necessário o
estabelecimento de normas de conduta jurídicas que
ordenem a convivência humana segundo o que é justo, ou
seja, segundo a Justiça.
O “Espírito Jurídico”
Funções do Direito
 O Direito é um fator essencial de organização da sociedade e de todas
as suas instituições, uma vez que é aí que cumpre as suas funções. A
sua função principal é de ordenador e criador de segurança jurídica, ao
conformar o comportamento humano, ele está a superar os conflitos
privados para atingir um consenso, possibilitando assim a convivência
do Homem em sociedade. A compatibilização de interesses entre o
Homem e a sociedade é possível devido a uma característica do direito -
as suas normas são coercivas, ou seja, as suas normas são impostas, não
sendo necessário um recurso à força privada, uma vez que cada um tem
os seus direitos protegidos bastando para isso colocar em
funcionamento um sistema processual, servindo assim este de
instrumento.
O factos e o Direito

O direito é a justiça e a verdade. O característico do direito


é conservar-se perpetuamente puro e belo. O facto, ainda o
mais necessário, segundo as aparências, ainda o melhor
aceite pelos contemporâneos, se só existe como facto,
contendo pouco ou nada de direito, é infalivelmente
destinado a tornar-se, com o andar dos tempos, disforme,
imundo, talvez até monstruoso.

Vítor Hugo, Os Miseráveis


O que é uma Norma?
Como sabemos que um certo texto constitui uma
norma? Ou que não constitui uma norma?
Qual o significado da palavra da norma?
O que é um comportamento normal?
E que sentido tem o termo normalização?
Qual a diferença entre normal e normativo?
Uma norma é uma regra?
Exemplos de Normas
Amanhã não deve chover.
Compete ao Presidente da República marcar a data das
eleições legislativas.
Os homens não devem entrar numa igreja de chapéu.
O município é uma das espécies de autarquia local.
As taxas de juro tendem a aumentar com a inflação.
A água entra em ebulição à temperatura de 100 graus
centígrados.
Deve evitar-se ingerir açúcar em excesso.
Quem cometer homicídio incorre na pena máxima de 25 anos
de prisão.
A questão jurídica
A consideração de que uma situação de facto é uma questão
jurídica depende de uma pré-compreensão, uma “intuição
educada” do jurista que lhe permite estabelecer uma conexão
entre a vida e o direito, através de um processo de “depuração
jurídica”
Uma vez “juridificada” a situação de facto, há que procurar a
norma jurídica adequada ao seu tratamento, “navegando”
através do ordenamento jurídico
O principal instrumento de “navegação” do jurista é a
semelhança implícita encontrada entre a situação da vida em
causa e outras situações semelhantes que se lhe depararam no
passado
Ramos do Direito
 O Direito divide-se em dois ramos principais: o Direito Público
e o Direito Privado.
 Enquanto o primeiro protege o interesse público e o bem
comum, regulando as relações entre os entes públicos e entre
estes e os privados, já o Direito Privado regula as relações
jurídicas entre os privados, protegendo os interesses privados
assim como o bem comum, visando ambos a realização da
justiça. No entanto, o termo Direito pode ser utilizado em várias
aceções como por exemplo, Direito da Sucessões, Direito da
Família, Direito da Coisas, Direito Administrativo, Direito
Fiscal, Direito Económico, Direito da Propriedade Industrial e
outros mais.
Órgãos de Soberania em Portugal
 Em democracia, o povo é o detentor do poder político e é exercido,
segundo a nossa Lei Fundamental (Constituição da República
Portuguesa).

 Os órgãos de soberania em Portugal são:


 o Presidente da República (chefe do Estado);
 a Assembleia da República (representa os cidadãos);
 o Governo (governa o país) e
 os Tribunais (administram a justiça).
Presidente da República
 [Constituição da República Portuguesa, art.ª 120º ao 146º]

 O Presidente da República é diretamente eleito,


por maioria absoluta, sob candidatura direta dos
cidadãos (e não de partidos). O seu mandato é de
cinco anos.
 Entre outras atribuições, o Presidente tem o
direito de:
 veto (proibição, voto contra);
 de dissolução da Assembleia da República;
 de demissão do Governo.
Funções do Presidente da República
 Ao Presidente são cometidas competências que exerce com total
independência, mas em articulação com outros órgãos de soberania:
 Marcar o dia das eleições do Presidente da República, dos
Deputados à Assembleia da República;
 Convocar extraordinariamente a Assembleia da República.
 Promulgar e mandar publicar as leis, os decretos-leis e os decretos
regulamentares;
 Declarar o estado de sítio ou o estado de emergência;
 Declarar a guerra em caso de agressão efetiva ou iminente e fazer a
paz;
 Nomear os embaixadores, sob proposta do Governo.
Presidência da República
 As suas funções constitucionais (como órgão de soberania)
são, fundamentalmente:
 representação da República Portuguesa,
 garantia da independência nacional,
 garantia da unidade do Estado
 promover o regular funcionamento das instituições,
 é, por inerência, Comandante Supremo das Forças
Armadas.
2006-2016
Trabalho de Investigação
 Individualmente selecione um Presidente da República
Portuguesa e elabore um trabalho de caraterização do mesmo.
 Tópicos:
 - Biografia
 - Aspetos relevantes do seu mandato

 Apresentação: PPT (5 min.)


Assembleia da República
[do artigo 147º ao artigo 181º da Constituição da República Portuguesa]
 A Assembleia da República (A.R.) é a assembleia que representa
 
todos os cidadãos portugueses. É o órgão legislativo por
excelência e o principal fórum de debate político e de fiscalização
da atividade do Governo.
 É composta por, no mínimo 180 deputados e, no máximo, 230
deputados, que representam todo o País, e não os círculos eleitorais
onde foram eleitos. O mandato dos deputados tem a duração de 4
anos (uma legislatura).
 Na Assembleia da República debatem-se as questões essenciais da
vida nacional e elaboram-se as leis que regulam a nação.
Assembleia da República
 Algumas competências da Assembleia da
República:
 Revisão da Constituição;
 Fazer leis;
 Aprovar o Orçamento do Estado.
Governo
[do artigo 182º ao artigo 201º da Constituição da República Portuguesa]
 O Governo é o responsável pela condução da política geral do país,
interna e externa, civil e militar. É nomeado pelo Presidente da
República, podendo ser exonerado por este, se estiver em risco o
normal funcionamento das instituições democráticas.
 O Governo é o órgão supremo da Administração Pública e é
constituído pelo Primeiro-Ministro, que dirige e coordena a atividade
do Governo, pelos Ministros, Secretários e Subsecretários de Estado.
 Aos Ministros cabe gerir os ministérios, em conformidade com o
programa do Governo, com as medidas definidas em Conselho de
Ministros e com as orientações do Primeiro-Ministro.
Algumas competências políticas do Governo (art.º
197):

 Apresentar propostas de lei e de resolução à


Assembleia da República (A.R.);
 Apresentar à Assembleia da República as contas
do Estado;
 Negociar e ajustar convenções internacionais.
Algumas competências legislativas do Governo (art.º 198):

 Fazer decretos-lei em matéria de competências não


reservadas à Assembleia da República;
 Fazer decretos-lei, mediante autorização legislativa da
Assembleia da República, em matéria da competência da
A.R.;
 Legislar em matéria da competência exclusiva do Governo
(organização e funcionamento do Governo).
Algumas competências administrativas do
Governo
(art.º 199):

 Fazer executar o Orçamento do Estado;


 Praticar todos os atos respeitantes aos funcionários
e agentes do Estado;
 Fazer regulamentos necessários à execução das
leis.
Tribunais
 Os tribunais são os órgãos de soberania com
competência para administrar a justiça em nome
do povo. Os tribunais são independentes, estando
apenas sujeitos à lei.
Tribunais

 Como órgãos de soberania, compete-lhes assegurar os


direitos dos cidadãos, não podendo aplicar leis que sejam
contrárias à Constituição ou aos princípios fundamentais de
direito.
 As funções principais são:
 administrar a justiça em nome do povo
 assegurar a defesa dos direitos e interesses dos cidadãos
 reprimir a violação da legalidade democrática
 dissolver conflitos
Ministério Público
 Ao Ministério Público compete representar o
Estado e defender os interesses que a lei
determinar (…) participar na execução da política
criminal definida pelos órgãos de soberania,
exercer a ação penal orientada pelo princípio da
legalidade e defender a legalidade democrática.
Sistema Judicial
O sistema judicial é constituído por várias
categorias de tribunais, cada um com a sua
estrutura e regime próprios.
 Tribunal Constitucional
 Tribunal Judicial
 Tribunal Fiscal
 Tribunal de Contas
 Tribunal do Trabalho…
Tribunal Constitucional
 O Tribunal Constitucional é o tribunal ao qual compete
especificamente administrar a justiça em matérias de
natureza jurídico-constitucional.
 É composto por treze juízes, sendo dez designados pela
Assembleia da República e três cooptados por estes. O
mandato dos juízes do Tribunal Constitucional tem a
duração de nove anos e não é renovável.
 Compete ao Tribunal Constitucional apreciar a
inconstitucionalidade e a ilegalidade, nos termos dos artigos
277.º e seguintes.
Supremo Tribunal de Justiça e os tribunais judiciais
de primeira e de segunda instância
O Supremo Tribunal de Justiça é o órgão superior
da hierarquia dos tribunais judiciais, sem prejuízo
da competência própria do Tribunal
Constitucional. Os tribunais de primeira instância
são, em regra, os tribunais de comarca e os de
segunda instância são, em regra, os tribunais da
Relação.
Processo de Elaboração de Leis em Portugal
 O Homem é um ser social e apresenta uma tendência para se
associar ao seu semelhante, formando grupos com uma determinada
hierarquia (família, tribo, cidade, nação) – vida em sociedade.
Porém, não existe nenhuma sociedade sem organização ou regras
que disciplinem a atividade dos seus membros. É assim que nasce o
Direito, enquanto ferramenta que soluciona conflitos, define e
impõe regras de conduta.
 Existem várias categorias de leis de diferente valor relativo, sendo
necessário reconhecer entre elas uma determinada orientação.
Hierarquicamente, podem-se dividir as leis em três grandes grupos
ou classes:
Processo de Elaboração de Leis
em Portugal
 Os diplomas legislativos são, por norma, constituídos por um
preâmbulo (onde o legislador explica/justifica a razão da sua
realização e o que se pretende com o mesmo), seguido da
matéria legislada dividida por:
 Capítulos
 Secções;
 Artigos;
 Números;
 Alíneas e subalíneas.
Quando, em exercícios, se solicitar o ARTICULADO, este deve ser
apresentado da seguinte forma:

 Capítulo
 (apresenta a temática a tratar naquela parte)
 Artigo
 (especifica o assunto, dentro da temática)
 Número
 Alíneas
 Decreto-Lei n.º108/2009, art. 3º, nº.2, alínea b)
Capítulo

(apresenta a temá tica a tratar naquela parte)

Artigo

(especifica o assunto, dentro da temá tica)

Número

Alíneas

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