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Teoria Jurídica do

Direito Penal

PROFESSOR:
MIGUEL PINTO NETTO
FILHO DE MILITAR.

SEM FAMÍLIA TRADICIONAL.

GRADUADO EM DIREITO PELA


FACULDADE ANHANGUERA.

PÓS GRADUANDO EM DIREITO


Quem sou eu? TRIBUTÁRIO PELA
UNIVERSIDADE DE SERRA
GERAL, PENAL E
PROCESSO PELA FACULDADE
IBRA.

CONCILIADOR E MEDIADOR
JUDICIAL E EXTRAJUDICIAL.

PERITO JUDICIAL
AUTOMOTIVO E
GRAFOTÉCNICO.

PROPRIETÁRIO DA EMPRESA
NETTO SOMENZARI
PARALEGAIS LTDA.
Plano de Ensino e Aprendizagem

1 - ELEMENTOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO PENAL 3 - TEORIA GERAL DO CRIME


1 - Noções iniciais de Direito Penal 1 - Introdução à Teoria Geral do Crime
2 - Princípios fundamentais do Direito Penal I 2 - Iter Criminis
3 - Princípios fundamentais do Direito Penal II 3 - Institutos correlatos à tentativa

Obrigado
4 - Princípios fundamentais do Direito Penal III 4 - Ilicitude ou Antijuridicidade
4 - CULPABILIDADE, TEORIA DO ERRO E CONCURSO DE
2 - TEORIA DA NORMA PENAL PESSOAS

1 - Norma Penal em Branco 1 - Culpabilidade

2 - Aplicação da Lei Penal no Tempo 2 - Teoria do Erro

3 - Aplicação da Lei Penal no Espaço 3 - Concurso de Pessoas I

4 - Conflito Aparente de Normas Penais 4 - Concurso de Pessoas II


Datas Importantes

Avaliação B1:
29/09/2023

Obrigado
Avaliação B2:
24/11/2023
Regras do JOGO.

I. Atividade Manuscrita entregue presencialmente em sala de aula.

II. Apresentação em Sala de Aula

VI. Apresentação em Sala de Aula


I. Presença;
(Oratória);
II. Celulares;
VII. Comunicação Docente/Discente;
III. Conversa Paralela;
VIII. Faltas (Justificativas);
IV. Questões Discursivas em
IX. Segunda Chamada (Exigibilidade/Datas);
Provas;
X. Exame (Exigibilidade/Datas);
V. Trabalhos Manuscritos;
CONCEITO DE DIREITO PENAL
Direito penal é o ramo do direito público que define as infrações penais, estabelecendo as penas e as
medidas de segurança aplicáveis aos infratores.

Distingue-se o direito penal objetivo, que é o conjunto de normas penais em vigor no país, do direito penal
subjetivo, que é o direito de punir que surge para o Estado com a prática de uma infração penal.

LEGISLAÇÃO PENAL BRASILEIRA

Obrigado O estatuto mais importante em vigor em matéria penal é o Código Penal (Dec.-Lei n. 2.848/40, cuja Parte
Geral foi alterada pela Lei n. 7.209/84). Há, entretanto, inúmeras leis espe­ciais, como a Lei das Contravenções
Penais (Dec.-Lei n. 3.688/41), Lei Antidrogas (Lei n. 11.343/2006), Lei dos Crimes Contra a Ordem Tributária (Lei
n. 8.137/90), Estatuto do Desarmamento (Lei n. 10.826/2003), Crimes de Trânsito (Lei n. 9.503/97), Crimes de
Tortura (Lei n. 9.455/97), Crimes Ambientais (Lei n. 9.605/98) etc.
FUNÇÕES

Como todo ramo, o Direito Penal possui funções principais, que o destacam das outras áreas.

- Proteção de Bens Jurídicos

Não são todos e quaisquer bens jurídicos que merecem a proteção do Direito Penal, mas apenas os mais
relevantes.

O legislador penal realiza uma tarefa seletiva, isto é, ele faz um juízo de valor positivo quando irá criar um

Obrigado
crime ou cominar uma pena.

VIDA, PATRIMÔNIO, MORAL, SAÚDE

- Instrumental de controle social

O Direito Penal deve colaborar na preservação da paz pública, ou seja, na ordem que deve reinar na
DÚVIDAS?
coletividade.

O Direito Penal se dirige a todas as pessoas, embora apenas uma minoria da população cometa infrações
penais.
FUNÇÕES

- Função de garantia

O Direito Penal serve para proteger as pessoas do arbítrio do Estado. Essa é uma manifestação do princípio
da reserva legal, isto é, só a lei pode criar um crime e cominar uma pena.

Antes do princípio da reserva legal, todo o poder estava na mão do governante, de um rei, de um soberano,
assim ele poderia punir qualquer pessoa ao seu bel-prazer. Com isso, a partir do momento em que temos leis penais,
consagra-se o princípio da reserva legal o ser humano apenas poderá ser punido se praticar uma conduta descrita na

Obrigado
lei penal.

- Função ético-social do Direito Penal

Também conhecida como “função criadora dos costumes” ou ainda como “função configuradora dos costumes”.

A função ético-social em origem na estreita relação entre o Direito Penal e os valores éticos reinantes de uma
DÚVIDAS?
determinada sociedade e busca o chamado “efeito moralizador”, se busca assegurar o mínimo ético e moral que deve
existir em toda e qualquer sociedade.

A função ético-social também é alvo de criticas, porque ela confere ao Direito Penal um papel educativo.
FUNÇÕES
A crítica que se faz aqui é que o papel do Direito Penal é proteger bens jurídicos e não educar pessoas,
pois a educação das pessoas é uma tarefa da família, da escola, do Estado, mas não do Direito Penal.

- Função simbólica do Direito Penal

A função simbólica é aquela que não produz efeitos externos, mas apenas internos, ou seja, na mente
das pessoas.

Função ligada ao terror, medo, consiste na tentativa de amedrontar as pessoas, ou dar uma falsa

Obrigado
sensação de proteção.

A função simbólica é muito criticada porque, em curto prazo, ela serve para fazer propaganda de
governos e isso não é papel do Direito Penal.

A médio e longo prazo, leva ao descrédito do Direito Penal, ou seja, depois de tanta propaganda a
sociedade ficará com a impressão de que as leis penais não serviram para nada.
DÚVIDAS?
- Função motivadora

Similar a função Simbólica, entende-se como função motivadora a ameaça de sanção penal que motiva as pessoas
a respeitarem o Direito Penal.
FUNÇÕES
- Função de redução da violência estatal

A aplicação de uma sanção penal pelo Estado, embora legítima, representa uma violência do Estado
contra cidadão e contra a sociedade. Isto posto, o Direito Penal deve ser cada vez mais pautado pela intervenção
mínima, ou seja, reservada somente para os casos estritamente necessários, “ultima ratio”.

- Função Promocional

Cuida-se de reconhecer o Direito Penal como instrumento de transformação social, ou seja, uma

Obrigado
ferramenta para a evolução da sociedade.

ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO


O Estado Democrático de Direito é diferente do Estado de Direito pela soberania do que chamamos de
“vontade geral”, conceito que é trabalhado por Rousseau no livro “O contrato social”.

Contudo, cabe aqui uma diferenciação importante: a vontade geral não é sinônimo de vontade da maioria
DÚVIDAS?
ou de todos.

Isso porque a vontade da maioria é uma simples soma numérica de vontades particulares que não reflete o uso
da razão.
ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO
“Resumidamente, no Estado Democrático de Direito, as leis são criadas pelo povo e para o povo,
respeitando-se a dignidade da pessoa humana”

Contudo, cabe aqui uma reflexão: se estamos em um Estado Democrático de Direito, por que não
criamos as leis? Essa é uma pergunta que pode ser respondida se olharmos para o nosso regime político: vivemos
em uma democracia representativa, ou seja, em vez de participarmos de cada decisão do Estado, elegemos
representantes que exprimirão nossas vontades.

Dessa forma, o Estado Democrático de Direito é uma forma de Estado em que a soberania popular é

Obrigado
fundamental.

Além disso, é marcado pela separação dos poderes estatais, a fim de que o legislativo, executivo e
judiciário não se desarmonizem e comprometam a soberania popular.

Outro ponto importante que caracteriza essa forma de Estado é o respeito aos Direitos Humanos que
são fundamentais e naturais a todos os cidadãos. Assim, é possível perceber a importância do que está escrito no
artigo 1º da Constituição Federal.
DÚVIDAS?
“Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e
tem como fundamentos (…)”
ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO
Ou seja, o Estado Democrático de Direito permite que nos organizemos em uma sociedade minimamente
justa e estável, com relações de poder que tragam mais benefícios que prejuízos.

FONTES DO DIREITO PENAL


- Fontes de produção / materiais ou substanciais

É o órgão responsável pela elaboração do direito penal. Conforme o artigo 22,


inciso I da Constituição Federal (CF) de 1988 a nossa única fonte de produção do direito penal é a União.

“Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:


I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário,
marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;”

Isso quer dizer que apenas a União pode ditar normas gerais de direito penal, proibir ou impor
determinadas condutas – sejam elas comissivas/ação ou omissivas - ameaçando aplicar uma sanção caso
haja a violação das leis penais.
DÚVIDAS?
Então, quem pode propor leis em matéria penal?
FONTES DO DIREITO PENAL
Podem propor a criação de leis penais:

a) Os membros do Congresso Nacional (art. 61, caput, CF);


b) O Presidente da República (art. 61, caput, CF);
c) A iniciativa popular através da apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de
lei (art. 61, § 2º CF).

Embora seja competência privativa da União legislar sobre matéria penal, no mesmo
artigo 22, parágrafo único da CF, dispomos da possibilidade de os Estados legislarem sobre questões
específicas em matéria penal.

“Art. 22, parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre
questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.”

Apesar de não ter sido ainda aplicada, esta previsão pretende autorizar que os Estados possam
estabelecer um tipo penal incriminador específico de uma determinada região.

DÚVIDAS?
É importante atentar-se ao seguinte detalhe: a delegação, se houver, deverá ser indistinta para
todos os Estados.

Não poderá haver delegação para apenas um ou alguns Estados, sob pena de ferir o princípio do
equilíbrio federativo.
FONTES DO DIREITO PENAL
Os Estados não poderão legislar sobre normas inseridas na parte geral do Código Penal, ou seja,
matéria de direito penal fundamental, uma vez que essas normas devem ter alcance nacional mantendo a
integridade do sistema penal.

As súmulas vinculantes proferidas nas decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) também
possuem o efeito de lei visto que o seu cumprimento é compulsório, sendo uma fonte material secundária.

- Fontes de conhecimento ou formais

As fontes de conhecimento são os meios pelos quais o direito se exterioriza.

Essas fontes se subdividem em:

1) fonte formal imediata;


2) fonte formal mediata.

- Fonte formal Imediata ou Direta


DÚVIDAS?
É a lei em seus dois sentidos.

No sentido amplo, são as leis que completam o sistema penal com os seus princípios gerais e que
dispõem sobre a aplicação e os limites das normas incriminadoras.
FONTES DO DIREITO PENAL
No sentido estrito é a norma de direito que manifesta a vontade do Estado (normas penais
incriminadoras).

- Fonte formal Mediata ou Indireta

As fontes formais mediatas ou indiretas são os costumes, princípios gerais do direito e os atos
administrativos.

Costumes são normas de conduta que as pessoas obedecem de maneira constante e uniforme
com a convicção de que esta norma é obrigatória. Os costumes não são fonte de normas incriminadoras,
mas ajudam em sua interpretação, como na definição de certos elementos do tipo penal: honra, decoro,
ato obsceno, etc.

LIMITES DE CONTROLE MATERIAL DE TIPO


INCRIMINADOR
Diz respeito a necessária verificação do conteúdo da norma, que deve ser em
caráter excepcional e somente quando houver clara afronta à Constituição.
DÚVIDAS?
É tarefa exclusiva do legislador selecionar dentre todas as condutas do gênero
humano, as mais perniciosas, capazes de colocar em risco a tranqüilidade social e a ordem
pública, defini-las como tipos penais e cominar-lhes penas. A esta atividade dá-se o nome
de “função seletiva do tipo.”.
LIMITES DE CONTROLE MATERIAL DE TIPO
INCRIMINADOR
O controle judicial de constitucionalidade material do tipo deve ser excepcional e exercido em caso de
flagrante atentado aos princípios constitucionais sensíveis. Assim, o controle material é excepcional e deve ser feito
apenas em casos óbvios de afronta a direitos fundamentais do homem.

ESPÉCIES DE NORMAS PENAIS


I. INCRIMINADORAS
São aquelas que definem as infrações e fixam as respectivas penas.

Ex.: art. 121. “Matar alguém” – É o chamado preceito primário da norma penal incriminadora.

“Pena – reclusão, de 6 (seis) a 20 (vinte) anos” – É o chamado preceito secundário.

As normas penais incriminadoras estão previstas na Parte Especial do Código Penal e também em leis
especiais.
II. PERMISSIVAS
São as que preveem a licitude ou a impunidade de determinados comportamentos, apesar de estes se
enquadrarem na descrição típica.

Podem estar na Parte Geral, nos arts. 20 a 25, que tratam das excludentes de ilicitude (legítima defesa,
estado de necessidade etc.), ou na própria Parte Especial (arts. 128, 142 etc.).

III. COMPLEMENTARES OU EXPLICATIVAS


São as que esclarecem o significado de outras normas ou limitam o âmbito de sua aplicação.

Podem estar na Parte Geral (arts. 4º, 5º, 7º, 10 a 12 etc.) ou na Parte Especial (art. 327)

Ex: define funcionário público para fins penais como sendo aquele que embora transitoriamente ou sem
remuneração exerce cargo, emprego ou função pública).
CARACTERÍSTICAS DA LEI PENAL
a) Exclusividade. Somente ela define crimes e comina penas (princípio da legalidade).

b) Imperatividade. A lei penal é imposta a todos, independentemente de sua vontade. Assim, praticada
uma infração penal, o Estado deverá buscar a aplicação da pena.

c) Generalidade. A lei penal vale para todos (erga omnes).

D) Impessoalidade. A lei penal é abstrata, sendo elaborada para punir acontecimentos futuros e não para
punir pessoa determinada.

INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL


Tem por finalidade buscar o exato significado da norma penal.

Quanto à origem, ou seja, quanto ao sujeito que interpreta a lei, ela pode ser: autêntica, doutrinária e
jurisprudencial.
INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL
- Autêntica:

Dada pela própria lei, a qual, em um dos seus dispositivos, esclarece determinado assunto.

Ex.: o art. 150, §§ 4º e 5º, diz o que se considera e o que não se considera como “casa”, no crime de
violação de domicílio.

Na própria Exposição de Motivos, existem alguns esclarecimentos quanto a institutos contidos na lei.

- Doutrinária:

Interpretação feita pelos estudiosos, professores e autores de obras de direito, por seus livros, artigos,
conferências, palestras etc.

- Jurisprudencial:

É aquela feita pelos tribunais e juízes em seus julgamentos.


INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL

Quanto ao modo, a interpretação pode ser:

- Gramatical:

Leva em conta o sentido literal das palavras contidas na lei;

- Teleológica:

Busca descobrir o seu significado por uma análise acerca dos fins a que ela se destina;

- Histórica:

Que avalia os debates que envolveram sua aprovação e os motivos que levaram à apresentação do projeto
de lei;

- Sistemática:

Busca o significado da norma pela integração com os demais dispositivos de uma mesma lei e com o
sistema jurídico como um todo.
INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL
Quanto ao resultado, a interpretação pode ser:

- Declarativa:

Na qual se conclui que a letra da lei corresponde exatamente àquilo que o legislador quis dizer;

- Restritiva:

Quando se conclui que o texto legal abrangeu mais do que queria o legislador (por isso a interpretação irá
restringir seu alcance);

-Extensiva:

Quando se conclui que o texto da lei ficou aquém da intenção do legislador (por isso a interpretação irá
ampliar sua aplicação).

INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA E ANALOGIA


A interpretação analógica é possível quando, dentro do próprio texto legal, após uma sequência
casuística, o legislador se vale de uma fórmula genérica, que deve ser interpretada de acordo com os casos
anteriores:
INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA E ANALOGIA
Exs.:

1) o crime de estelionato (art. 171), de acordo com a descrição legal, pode ser cometido mediante artifício,
ardil ou qualquer outra fraude;

2) o art. 28, II, estabelece que não exclui o crime a embriaguez por álcool ou por substância de efeitos
análogos.

A analogia somente é aplicável em casos de lacuna da lei, ou seja, quando não há qualquer norma regulando
o tema. Fazer uso dela significa aplicar uma norma penal a um fato não abrangido por ela nem por qualquer outra lei,
em razão de tratar-se de fato semelhante àquele que a norma regulamenta. A analogia, portanto, é forma de integração
da lei penal e não forma de interpretação.

Em matéria penal, ela só pode ser aplicada em favor do réu (analogia in bonam partem), e ainda assim se
ficar constatado que houve mera omissão involuntária (esquecimento do legislador). Dessa forma, é óbvio que não
pode ser utilizada quando o legislador intencionalmente deixou de tratar do tema, justamente para excluir algum
benefício ao acusado.

É vedado o uso da analogia para incriminar condutas não abrangidas pelo texto legal, para reconhecer
qualificadoras ou quaisquer outras agravantes. A vedação da analogia in malam partem visa evitar que seja
desrespeitado o princípio da legalidade.
SUJEITOS ATIVO E PASSIVO
- Sujeito ativo ou agente:

É a pessoa que comete o crime. Em re­gra, só o ser humano, maior de 18 anos, pode ser sujeito ativo de uma
infração. Excepcionalmente, as pessoas jurídicas poderão co­meter crimes, uma vez que a Constituição Federal
estabelece que as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas
ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar o dano (art. 225, § 3º).

As penas, evidentemente, são aquelas compatíveis com a sua condição: multa, proibição de contratar com o
Poder Público etc. A punição criminal da empresa se dá sem prejuízo da concomitante punição dos responsáveis
diretos pelo ato lesivo ao meio ambiente.

A Constituição Federal, em seu art. 173, § 5º, também permite a punição criminal de pessoa jurídica em
razão de ato por ela praticado contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular.

- Sujeito passivo:

É a pessoa ou entidade que sofre os efeitos do delito (vítima do crime). No homicídio, é a pessoa que foi
morta. No furto, é o dono do bem subtraído. No estupro, é a pessoa que foi violada.
SUJEITOS ATIVO E PASSIVO
Em regra, uma só pessoa não pode ser, ao mesmo tempo, sujeito ativo (autor) e passivo (vítima) de um
delito.

No crime de fraude para recebimento de seguro (art. 171, § 2º, V), por exemplo, o agente lesiona o próprio
corpo para receber o valor daquele, mas não é punido pela autolesão, e sim pelo golpe dado na seguradora, de modo
que esta é a vítima do delito.

Excepcionalmente, porém, no crime de rixa (art. 137), em que os envolvidos agridem-se mutuamente, todos
são considerados, concomitantemente, autores e vítimas do delito

OBJETIVIDADE JURÍDICA (OBJETO JURÍDICO)


É o bem ou interesse que a lei visa proteger quando incrimina determinada conduta.

Assim, no crime de furto, o objeto jurídico é o patrimônio; no homicídio, é a vida humana extrauterina; no
aborto, é a vida humana intrauterina etc.

OBJETO MATERIAL
É a coisa sobre a qual recai a conduta delituosa.

No crime de furto, o objeto material é o bem que foi subtraído da vítima no caso concreto (p. ex.: a carteira, a bolsa, o
veículo etc.).
SUJEITOS ATIVO E PASSIVO
Em regra, uma só pessoa não pode ser, ao mesmo tempo, sujeito ativo (autor) e passivo (vítima) de um
delito.

No crime de fraude para recebimento de seguro (art. 171, § 2º, V), por exemplo, o agente lesiona o próprio
corpo para receber o valor daquele, mas não é punido pela autolesão, e sim pelo golpe dado na seguradora, de modo
que esta é a vítima do delito.

Excepcionalmente, porém, no crime de rixa (art. 137), em que os envolvidos agridem-se mutuamente, todos
são considerados, concomitantemente, autores e vítimas do delito

ESCOLAS PENAIS
São chamadas “escolas penais” as diversas correntes filosófico-juridico em matéria penal que surgiram nos
com o passar dos anos.

Elas se formaram e se distinguiram umas das outras. Lidam com problemas que abordam o fenômeno do
crime e os fundamentos e objetivos do sistema penal.

“As escolas penais são um sistema de idéias e teorias políticas-jurídicas e filosóficas que, num
determinado momento histórico, expressaram o pensamento dos juristas sobre as questões criminais
fundamentais”.José Leal
ESCOLAS PENAIS
São chamadas “escolas penais” as diversas correntes filosófico-juridico em matéria penal que surgiram nos
com o passar dos anos.

Elas se formaram e se distinguiram umas das outras. Lidam com problemas que abordam o fenômeno do
crime e os fundamentos e objetivos do sistema penal.

“As escolas penais são um sistema de idéias e teorias políticas-jurídicas e filosóficas que, num determinado
momento histórico, expressaram o pensamento dos juristas sobre as questões criminais fundamentais”.José Leal

- Escola Clássica.

Também chamada de Idealista, Filosófico-jurídica, Crítico Forense, nasceu sob os ideais iluministas.
Para a Escola Clássica a pena é um mal imposto ao indivíduo merecedor de um castigo por motivo de uma falta
considerada crime, cometida voluntária e conscientemente.

A finalidade da pena é o restabelecimento da ordem externa na sociedade.

Esta doutrina possui princípios básicos e comuns, de linha filosófica, de cunho humanitário e liberal (defende os
direitos individuais e o principio da reserva legal, sendo contra o absolutismo, a tortura e o processo inquisitório). Foi
uma escola importantíssima para a evolução do direito penal na medida em que defendeu o individuo contra o arbítrio
do Estado.
ESCOLAS PENAIS
A Escola Clássica dividiu-se em dois grandes períodos:

- Filosófico/teórico: no qual a figura de maior destaque foi Beccaria.

Ele desenvolveu sua tese com base na idéias de Rousseau e de Montesquieu, construindo um sistema baseado
na legalidade, onde o Estado deveria punir os delinqüentes mas tinha de se submeter às limitações da lei.

O pacto social define que o individuo se comprometa a viver conforme as leis estipuladas pela sociedade e
deverá ser punido pelo Estado quando transgredi-las, para que a ordem social seja restabelecida.

- Jurídico ou prático: em que o grande nome foi Franchesco Carrara, sumo mestre de Pisa. Ele estudou o
crime em si mesmo, sem se preocupar com a figura do criminoso.

Defendia que o crime era uma infração da lei do Estado (promulgada pra proteger os cidadãos); é impelido
por duas forças: a física, movimento corpóreo que produzirá o resultado, e a moral, a vontade consciente e livre de
praticar um delito.
ESCOLAS PENAIS
- Escola Positivista:

Esta corrente filosófica teve como precursor Augusto Comte, que representou a ascensão da burguesia
emergente após a Revolução de 1789. Foi a fase em que as ciências fundamentais adquiriram posição como a biologia e
a sociologia.

O crime começou a ser examinado sob o ângulo sociológico, e o criminoso passou também a ser estudado, se
tornando o centro das investigações biopsicológicas.

Este movimento foi iniciado pelo médico Cesare Lombroso (1835-1909) com sua obra L´uomo delinqüente
(1875). Na concepção deste médico existia a idéia de um criminoso nato, que seria aquele que já nascia com esta
predisposição orgânica, era um ser atávico uma regressão ao homem primitivo.

Lombroso estudou o cadáver de diversos criminosos procurando encontrar elementos que os distinguissem
dos homens normais. Após anos de pesquisa declarou que os criminosos já nasciam delinqüentes e que apresentam
deformações e anomalias anatômicas físicas e psicológicas.

- Físicos: assimetria craniada, orelhas de abano, zigomas salientes, arcada superior predominante, face ampla
e larga, cabelos abundantes, além de aspectos como a estatura, peso, braçada, insensibilidade física, mancinismo e
distúrbio dos sentidos.

- Psicológicos: insensibilidade moral, impulsividade, vaidade, preguiça e imprevidência.


ESCOLAS PENAIS
Contudo esta concepção ainda não explicava a etiologia do delito, então Lombroso tentou achar a causa desta
degeneração na epilepsia.

As idéias deste médico não se sustentaram; eram inconsistentes perante qualquer análise científica. Isto nos
remete ao nazismo e seus parâmetros que visavam provar a superioridade da raça ariana, como o ângulo do nariz em
relação à orelha, a proporcionalidade entre os tamanhos da testa, nariz e queixo etc.

Também classificou-se os criminosos em:

-Natos: são aqueles indivíduos com atrofia do senso moral;

-Loucos: também se incluíam os matóides, que são aqueles indivíduos que estão na linha entre a sanidade e a
insanidade, atualmente a psicologia utiliza o termo “Border line” para classificar esse tipo de disfunção.

-Habitual: é aquele indivíduo que sofreu a influência de aspectos externos, de meio social inadequado.

Ex: ao cometer um pequeno delito, o jovem vai cumprir pena em local inadequado, entrando em contato com
delinqüentes que acabam por o corromper.

-Ocasional: é aquele ser fraco de espírito, sem nenhuma firmeza de caráter.


ESCOLAS PENAIS
-Passional ( sob o efeito da paixão): ser de bom caráter mas de temperamento nervoso e com sensibilidade
exagerada. Normalmente o crime acontece na juventude, vindo o indivíduo a confessar e arrepender-se depois.
Freqüentemente ocorrem suicídios.

Outro expoente foi Rafael Garafalo (1851-1934). Em sua obra Criminologia (1891) insiste que o crime está
no indivíduo, pois é um ser temível, um degenerado. O delinqüente é um ser anormal portador de anomalia de sentido
moral.

Verifica-se então que esta escola nega o livre-arbítrio, abomina a idéia da Escola Clássica que afirmava que o
crime era o resultado da vontade livre do homem.

- Escola Técnico-Jurídica:

Esta escola inicia-se em 1905 e é uma reação à corrente positivista. Procura restaurar o critério propriamente
jurídico da ciência do Direito Penal.

O maior objetivo é desenvolver a idéia que a ciência penal é autônoma, com objeto e métodos próprios, ou
seja ela é única não se misturando com outras ciências (antropologia, sociologia, filosofia, estatística, psicologia e
política) numa verdadeira desorganização.

O Direito Penal continha de tudo, menos Direito. Arturo Rocco propõe uma reorganização onde o estudo do
Direito Criminal se restringiria apenas ao Direito Positivo vigente.
ESCOLAS PENAIS
O Direito penal seria aquele expresso na lei, e o jurista deve-se ater apenas a ela.O Direito Penal é o que está
na lei.

O seu estudo compõe-se de três partes:

- exegese: irá dar sentido as disposições do ordenamento jurídico;

- dogmática: investigação dos princípios que irão nortear o direito penal fixando assim os seus elementos;

- crítica: que irá orientar na consideração do direito vigente demonstrando assim o seu acerto ou a sua conveniência de
reforma;

PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
Esse princípio, consagrado no art. 5º, XXXIX, da Constituição Federal, encontra-se também descrito no art.
1º do Código Penal. Segundo ele, “não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação
legal”.

A doutrina subdivide o princípio da legalidade em:


PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
a) Princípio da anterioridade, segundo o qual uma pessoa só pode ser punida se, à época do fato por ela praticado,
já estava em vigor a lei que descrevia o delito. Assim, consagra-se a irretroatividade da norma penal (salvo a exceção do art.
2º do CP).

b) Princípio da reserva legal. Apenas a lei em sentido formal pode descrever condutas criminosas. É vedado ao
legislador utilizar-se de decretos, medidas provisórias ou outras formas legislativas para incriminar condutas.

As chamadas normas penais em branco não ferem o princí­pio da reserva legal.

Normas penais em branco são aquelas que exigem com­ple­mentação por outras normas, de igual nível (leis) ou de
nível diverso (decretos, regulamentos etc.).

Na primeira hipó­tese (complemento de igual nível), existe a chamada norma penal em branco em sentido amplo
(ou lato) ou homogênea.

Ex.: o art. 237 do Código Penal pune quem contrai casamento, conhecendo a existência de impedimento que lhe
cause a nulidade absoluta.
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
Esse impedimento está previsto no art. 1.521, I a VII, do atual Código Civil. Na segunda hipótese
(complemento de nível diverso), existe a norma penal em branco em sentido estrito ou heterogênea.

Ex.: o crime de tráfico de drogas, previsto no art. 33, caput, da Lei n. 11.343/2006, não elenca as substâncias
consideradas como drogas, esclarecimento este que é feito pela Portaria n. 344/98 da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa).

Nesse caso, não há violação ao princípio da reserva legal, pois o tipo penal está descrito em lei, apenas o
complemento não. Saliente-se, outrossim, que o próprio art. 1º, parágrafo único, da Lei n. 11.343/2006 permite que o
complemento em questão seja feito por lei ou por meio de listas de órgãos do Poder Executivo da União, tal como a Anvisa.

RETROATIVIDADE DA LEI PENAL BENÉFICA


O art. 2º, caput, do Código Penal determina que “ninguém pode ser punido por fato que lei posterior
deixa de considerar crime, cessando em virtude dela (da lei posterior) a execução e os efeitos penais da sentença
condenatória”.

É o que se chama de abolitio criminis.

Nessa mesma linha, a Constituição Federal, em seu art. 5º, XL, estabelece que a lei penal só retroagirá para
beneficiar o acusado.
RETROATIVIDADE DA LEI PENAL BENÉFICA
Assim, se uma pessoa comete um delito na vigência de determinada lei e, posteriormente, surge outra lei
que deixa de considerar o fato como crime, deve-se considerar como se essa nova lei já estivesse em vigor na data do delito
(retroatividade) e, dessa forma, não poderá o agente ser punido.

O dispositivo é ainda mais abrangente quando determina que, mesmo já tendo havido condenação transitada em
julgado em razão do crime, cessará a execução, ficando também afastados os efeitos penais da condenação.

Por isso, se no futuro o sujeito vier a cometer novo crime, não será considerado reincidente.

Já o parágrafo único do art. 2º dispõe que a lei posterior, que de qualquer modo favoreça o réu, aplica-se a fatos
anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.

Nessa hipótese, a lei posterior continua a considerar o fato como criminoso, mas traz alguma benesse ao acusado:

i. pena menor,

ii. maior facilidade para obtenção de livramento condicional ou progressão da pena etc.

É o que se denomina novatio legis in mellius.


RETROATIVIDADE DA LEI PENAL BENÉFICA
Dessa forma, pela combinação dos arts. 1º e 2º do Código Penal, podemos chegar a duas conclusões:

a) a norma penal, em regra, não pode atingir fatos passados. Não pode, portanto, retroagir;

b) a norma penal mais benéfica, entretanto, retroage para atingir fatos pretéritos.

Como aplicar essas regras à norma penal em branco, quando ocorre alteração no complemento?

São também duas regras:

a) Quando o complemento da norma penal em branco não tiver caráter temporário ou excepcional, sua alteração
benéfica retroagirá, uma vez que o complemento integra a norma, dela constituindo parte fundamental e indispensável.

Exs.: no crime consistente em contrair matrimônio conhecendo a existência de impedimento que lhe cause
nulidade absoluta (art. 237), o complemento está no art. 1.521, I a VII, do Código Civil.

Assim, se houver alteração no Código Civil, de forma a se excluir uma das hipóteses de impedimento, aquele que
se casou na vigência da lei anterior infringindo esse impedimento será beneficiado; no tráfico de drogas, caso ocorra exclusão
de determinada substância do rol dos entorpecentes constantes em portaria da Anvisa, haverá retroatividade da norma,
deixando de haver crime de tráfico.
RETROATIVIDADE DA LEI PENAL BENÉFICA
A alteração alcança, ademais, a própria figura abstrata do tipo penal, uma vez que a palavra droga integra o tipo
penal do tráfico.

b) Quando o complemento tiver natureza temporária ou excepcional, a alteração benéfica não retroagirá. Ex.: no
crime do art. 2º da Lei n. 1.521/51 (Lei de Economia Popular), que consiste na venda de produto acima do preço constante
nas tabelas oficiais, a alteração posterior dos valores destas não exclui o crime, se à época do fato o agente desrespeitou a
tabela então existente.

Combinação de leis. Discute-se qual solução deve ser tomada quando uma nova lei é em parte benéfica e em parte
prejudicial ao acusado.

Duas são as opiniões a respeito:

a) Não se admite a combinação das leis, para se aplicar apenas as partes benéficas, pois, nesse caso, o juiz estaria
criando uma terceira lei. Ele deve, portanto, escolher aquela que entenda mais favorável.

b) Admite-se a combinação. Segundo Damásio de Jesus, o juiz não está criando nova lei, mas movimentando-se
dentro do campo legal em sua missão de integração legítima. Se ele pode escolher uma ou outra lei para obedecer ao
mandamento constitucional da aplicação da lex mitior, nada o impede de efetuar a combinação delas, com o que estaria mais
profundamente seguindo o preceito da Carta Magna.
RETROATIVIDADE DA LEI PENAL BENÉFICA
A recente Súmula 501 do STJ veda a combinação de leis, entendimento também adotado no Supremo Tribunal
Federal.

Vigência da lei. A lei começa a produzir efeitos a partir da data em que entra em vigor, passando a regular os fatos
futuros (e, excepcionalmente, os passados). Tal lei valerá até que outra a revogue (art. 2º da LINDB).

Essa revogação pode ser expressa, quando a lei posterior expressamente declara a revogação da ante­rior, ou tácita,
quando a lei posterior é incompatível com a anterior, ou quando regula integralmente a matéria tratada nesta.

Segundo a Súmula 711 do Supremo Tribunal Federal, “a lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao
crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência”.

LEI EXCEPCIONAL OU TEMPORÁRIA


Lei excepcional é aquela feita para vigorar em épocas especiais, como guerra, calamidade etc. É aprovada para
vigorar enquanto perdurar o período excepcional.

Lei temporária é aquela feita para vigorar por determinado tempo, estabelecido previamente na própria lei. Assim, a
lei traz em seu texto a data de cessação de sua vigência.
LEI EXCEPCIONAL OU TEMPORÁRIA
Nessas hipóteses, determina o art. 3º do Código Penal que, embora cessadas as circunstâncias que a determinaram
(lei excepcional) ou decorrido o período de sua duração (lei temporária), aplicam-se elas aos fatos praticados durante sua
vigência.

São, portanto, leis ultra-ativas, pois regulam atos praticados durante sua vigência, mesmo após sua revogação.

PRINCÍPIO DA EXCLUSIVA PROTEÇÃO DOS BENS


JURÍDICOS OU FRAGMENTARIEDADE
Em um Estado Democrático de Direito, por estar associado à restrição de direitos fundamentais, principalmente o
de liberdade, o Direito Penal deve tutelar apenas os bens jurídicos mais importantes para o convívio em sociedade. Por isso,
diz-se que o Direito Penal possui caráter fragmentário.

PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA OU BAGATELA


Como já vimos o Direito Penal é o último instrumento a ser utilizado pelo Estado para a pacificação social.
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA OU BAGATELA
Portanto, apenas as relevantes lesões aos bens jurídicos mais importantes podem ensejar a incidência do poder
punitivo estatal.

Desse modo, para que uma conduta seja reprimida na seara penal não basta que ela seja considerada infração; é
necessário que ela lese o bem jurídico protegido pela norma.

Condutas irrelevantes, como o furto de quantias irrisórias, não podem ser punidas penalmente, visto que elas não
ofendem o bem jurídico protegido.

Atenção, a possibilidade de aplicação do princípio da insignificância é analisada caso a caso.

Para isso, segundo entendimento dos Tribunais Superiores, devem ser levados em consideração a ofensividade da
conduta, a reprovabilidade do comportamento, as condições pessoais do agente e a expressividade da lesão jurídica.

PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MINIMA


O Estado é uma instituição a serviço do cidadão, e por isso deve permanecer limitado pelos direitos pertencentes a
quem a ele serve.

A intervenção penal a forma mais grave do Estado reagir ao delito, a atuação do Direito penal no Estado
Democrático de Direito deve ser fragmentária e subsidiária.
PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MINIMA
O Estado é uma instituição a serviço do cidadão, e por isso deve permanecer limitado pelos direitos pertencentes a
quem a ele serve.

A intervenção penal a forma mais grave do Estado reagir ao delito, a atuação do Direito penal no Estado
Democrático de Direito deve ser fragmentária e subsidiária.

Aliás, sua estrutura é totalmente inapta e pesada para auxiliar com efetividade no desenvolvimento da sociedade e
proporcionar a ela a sonhada paz.

O Direito penal não deve ser utilizado para garantir bens jurídicos de menor relevância, e que normalmente já estão
sob a proteção de outras partes do Direito.

Ademais, somente os ataques mais sérios e não tolerados pela sociedade merecem a garantia penal, tanto na esfera
legislativa como na esfera judiciária. Ataques insignificantes a bens jurídicos são penalmente atípicos.

PRINCÍPIO DA OFENSIVIDADE OU LESIVIDADE


A efetiva lesão ou perigo concreto de lesão a um bem jurídico como pressuposto de punibilidade é um princípio
decorrente da função do Direito penal de exclusiva proteção de bens jurídicos.

O Estado não pode se meter com os cidadãos a menos que suas condutas afetem os demais.
PRINCÍPIO DA OFENSIVIDADE OU LESIVIDADE

A efetiva lesão ou perigo concreto de lesão a um bem jurídico como pressuposto de punibilidade é um princípio
decorrente da função do Direito penal de exclusiva proteção de bens jurídicos.

O Estado não pode se meter com os cidadãos a menos que suas condutas afetem os demais.

Não menos importante, Através de uma fórmula simples é possível concluir sobre a necessidade da efetiva ofensa
ao bem jurídico ou concreto perigo de sua lesão, para se pensar em incriminação da conduta.

Este ponto, consiste em considerar que somente através da efetiva lesão ou perigo real de sua ocorrência que se
pode verificar a própria existência do bem jurídico protegido.

Uma ação que não cause lesão ou não tenha capacidade de lesionar concretamente o bem jurídico, não tem também
o poder de dar vida jurídica penal a ele, e portanto é irrelevante criminalmente.

O princípio da ofensividade confronta-se com os crimes de perigo abstrato, já que a ausência de um resultado
externo, desacoplado da ação, não caracteriza o injusto penal.
PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE PESSOAL
O inc. XLV da Constituição Federal brasileira estabelece o princípio da personalidade da pena.

Proíbe assim, a penalização por obra de outrem.

Diferentemente do que ocorre, p. ex., com a responsabilidade tributária que pode ser transferida para sócios e
sucessores, a responsabilidade penal só deve recair sobre quem participou do evento causal delituoso.

“nunca se pode interpretar uma lei penal no sentido de que a pena transcende da pessoa que é autora ou partícipe do
delito. A pena é uma medida de caráter estritamente pessoal, em virtude de consistir numa ingerência ressocializadora sobre o
apenado.”

A sanção penal de um sujeito afeta necessariamente ao seu grupo familiar e as pessoas que lhe tem afeto, ou que de
forma estreita se relacionem com ele.

O sentido do princípio deve ser entendido como o de evitar que a transcendência a terceiros exceda o marco do
razoável e acabe constituindo uma sanção também para eles.
PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE SUBJETIVA
O sistema penal é constituída pelo dolo e pela culpa.

O Código Penal brasileiro dispõe, no seu art. 18, inc. I que o crime será doloso quando o agente quis o resultado ou
assumiu o risco de produzi-lo. Com essa definição foi abrangido tanto o dolo direto (querer o resultado), como também o
dolo eventual (assumiu o risco de produzi-lo).

Já o inc. II do mesmo artigo traz a definição do crime culposo, como sendo aquele em que o agente deu causa ao
resultado por imprudência, negligência ou imperícia.
PRINCÍPIO DA IGUALDADE OU ISONOMIA
Este princípio foi consagrado pela Constituição federal no seu artigo 5°, inciso I:

”Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes.’’

O principio da igualdade ou isonomia, é fundamentado no pensamento de que todos os seres humanos, nascem
iguais e desta forma devem possuir as mesmas oportunidades de tratamento.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas afirma também em seu artigo
1°:

"Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência,
devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade’’

O conceito de igualdade esta diretamente ligado ao sentimento de justiça. E este princípio pode ser analisado sob
dois enfoques interligados entre si. Uma igualdade entendida como formal e outra considerada como material.
PRINCÍPIO DA IGUALDADE OU ISONOMIA
Este princípio foi consagrado pela Constituição federal no seu artigo 5°, inciso I:

”Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes.’’

O principio da igualdade ou isonomia, é fundamentado no pensamento de que todos os seres humanos, nascem
iguais e desta forma devem possuir as mesmas oportunidades de tratamento.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas afirma também em seu artigo
1°:

"Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência,
devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade’’

O conceito de igualdade esta diretamente ligado ao sentimento de justiça. E este princípio pode ser analisado sob
dois enfoques interligados entre si. Uma igualdade entendida como formal e outra considerada como material.
PRINCÍPIO DA IGUALDADE OU ISONOMIA
I. FORMAL

Refere-se a expressão utilizada de que’’ todos são iguais perante a lei’’ , é a igualdade diante da lei vigente e da lei a
ser elaborada, impedindo privilégios a qualquer grupo.

E proibindo o tratamento diferenciado aos indivíduos com base em critérios como : raça, sexo, classe social,
religião e convicções filosóficas e políticas como consta no artigo 3º inciso IV da Constituição Federal.

II. MATERIAL

Pressupõe que as pessoas inseridas em situações diferentes sejam tratadas de forma desigual, tratando igualmente
os iguais e desigualmente os desiguais na medida de suas desigualdades. Servindo de instrumento de concretização da
igualdade em sentido formal, para aplica-la ao mundo prático.

Esta desigualdade é necessária, com o objetivo de obter um resultado mais justo , já que as diferenças existentes
entre os cidadãos não podem ser ignoradas. O tratamento desigual não tem como finalidade descriminar negativamente , e
sim reduzir essas desproporcionalidades na sociedade.
PRINCÍPIO DA HUMANIDADE
Trata-se da benevolência, garantia do bem-estar da coletividade, incluindo os condenados.

O direito penal deverá pautar-se em tais condutas.

Os condenados ou acusados em processo criminal, não devem ser excluídos da sociedade pelo fato de terem
cometido uma infração penal, nem tampouco poderão receber tratamentos desumanos em razão disso.

É com base no princípio da humanidade que a CF/88, conhecida como Constituição Cidadã, proíbe que existam
penas de caráter perpétuo, de banimentos, cruéis, de trabalhos forçados e de morte (salvo em caso de guerra declarada),
devendo ser assegurado o respeito e a integridade física e moral do preso.

CF/88. Art. 5º (…) XLVII – não haverá penas:

a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) Cruéis

CF/88. Art. 5º (…) XLIX – é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;
PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA
O princípio da presunção de inocência está positivado no Art. 5º, LVII, da Constituição Federal, cuja redação
determina que:

“ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória.”

O mesmo princípio encontra-se inscrito no Art. 8º, item 2, da Convenção Americana de Direitos Humanos
(CADH), a qual prevê que:

“toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma sua inocência enquanto não se comprove legalmente a
sua culpa”.

O sentido e alcance do princípio da presunção de inocência possui uma finalidade tríplice:

(I) Assegurar garantias ao acusado frente ao direito de punir do Estado,

(II) evitar que o acusado sofra com medidas que restrinjam seus direitos enquanto não for verificada a sua culpa no
caso concreto e, por fim;

(III) atribuir o ônus probatório para a acusação, isto é, o réu não precisa provar a sua inocência, mas tão somente
demonstrar que a acusação não se mostrou capaz de comprovar a sua culpa.
PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA
Este princípio foi abordado mais de uma vez na corte máxima, o Supremo Tribunal Federal, por se tratar de um
ponto sensível do processamento da Ação Penal.

Anteriormente, o entendimento aplicado ao HC nº 126.292/2017 foi de que a execução provisória da condenação


poderia se iniciar após o julgamento de um tribunal de 2ª instância.

O raciocínio utilizado foi o seguinte: como o STJ e o STF não analisam questões fáticas, a culpabilidade do agente
resta comprovada antes da interposição dos recursos para os tribunais referidos.

Entretanto, em 2019, o STF julgou três Ações Declaratórias de Constitucionalidade (nº 43, 44 e 54) e reverteu a
tese anterior. Essas ações tinham como objeto o art. 283 do Código de Processo Penal:
PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA
Julgando-as como procedentes, o STF firmou o entendimento de que o esgotamento das vias
processuais disponíveis deve existir para que se configure a coisa julgada e, portanto, para que se inicie a
pena. Logo, o princípio da presunção de inocência é aplicado pelo tribunal sem ser mitigado.

Quando se trata de prisões preventivas, é importante lembrar que o princípio não é aplicado porque
esse tipo de prisão não é a pena em si, mas um ato processual determinado pela autoridade judicial para
garantir a manutenção do processo e a segurança comum.

O princípio da presunção de inocência impõe a observação de, no mínimo, duas regras.

Regra probatória:

Caracterizada pelo termo latino in dubio pro reo, ou seja, "na dúvida, adote-se a resolução que for
mais favorável ao réu".

De acordo com essa primeira concepção, o Ministério Público ou o querelante têm o ônus, ou seja, a
obrigação de provarem a culpa daquele que acusam.

Regra de tratamento e suas dimensões:

Sua finalidade é de fazer com que o juiz enxergue o réu como um inocente, considerando a
imposição de medidas cautelares apenas em último caso, além de absolve-lo quando a acusação não
PRINCÍPIO DO NON BIS IN IDEM
O Princípio do Non Bis In Idem, embora não esteja expressamente previsto constitucionalmente, tem sua presença
garantida no sistema jurídico-penal de um Estado Democrático de Direito.

Certamente se avolumou com o incremento do respeito à dignidade da pessoa humana e com a consolidação de
um Direito Penal que se ocupa precipuamente do fato delituoso, ao invés de concentrar-se na obstinada perseguição,
rotulação e segregação do indivíduo ao qual se apôs o rótulo de criminoso.

O princípio em comento estabelece, em primeiro plano, que ninguém poderá ser punido mais de uma vez por uma
mesma infração penal.

Mas não é só.

A partir de uma compreensão mais ampla deste princípio, desenvolveu-se o gradativo aumento da sua importância.

Uma das suas mais relevantes funções é a de balizar a operação de dosimetria (cálculo) da pena, realizada pelo
magistrado.

Temos que observar que se consolidou o entendimento de que uma mesma circunstância não deverá ser valorada
em mais de um momento ou em mais de uma das fases que compõem o sistema trifásico estabelecido pelo art. 68 do Código
Penal.
PRINCÍPIO DO NON BIS IN IDEM
Ex:

Hoje, uma condenação penal transitada em julgado que se presta à caracterização da reincidência, não pode
funcionar, na fase da fixação da pena-base, como mau antecedente (Súmula 241, STJ).

Um exemplo elucidativo: imaginemos que alguém tenha praticado um furto, e que o tenha feito por motivo torpe (o
agente subtraiu do seu desafeto o dinheiro que seria destinado à compra de alimentos para a sua família, justamente com o
intuito de acarretar a privação).

É bem provável que o juiz, após análise do caso, se desconhecer a motivação do crime, venha a fixar a pena-base
próxima do mínimo legal (digamos, um ano de reclusão).

Sabendo da torpeza da motivação, no entanto, e atendendo aos critérios do artigo 59 do CP, suponhamos que ele
estabeleça uma pena-base mais elevada: 3 anos de reclusão.

Quando passa ao segundo estágio do sistema de dosimetria da pena, reconhece a já mencionada agravante do art.
61, II, "a", e faz incidir um aumento de 1/6 sobre a pena-base anteriormente fixada.

Supondo a ausência de quaisquer outras circunstâncias agravantes ou atenuantes, e também de causas de aumento e
de diminuição da pena, torna-se definitiva a punição em 3 anos e 6 meses de reclusão.
PRINCÍPIO DO NON BIS IN IDEM
Percebamos que, no presente caso, o peso exercido pelo motivo do crime na pena atribuída, na primeira fase, é de
hipotéticos 2 anos de reclusão; e que, num momento posterior, ao ser reconhecido como circunstância agravante, o mesmo
fator levou a novo aumento da pena (mais 6 meses de reclusão). Esta dupla (ou múltipla) valoração é vedada pelo Princípio
do Non Bis In Idem.

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