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Direito Penal – Parte Geral – Carreiras Jurídicas CERS

Professor: Rogério Sanches

1. CONCEITO DE DIREITO PENAL

a) Aspecto formal ou estático: Direito penal é o conjunto de normas que qualifica certos
comportamentos humanos como infrações penais, define os seus agentes e fixa
sanções a serem aplicadas. Define crimes e comina pena.

b) Aspecto material: Refere-se a comportamentos considerados altamente reprováveis


ou danosos ao organismo social, afetando bens jurídicos indispensáveis à própria
conservação e progresso da sociedade.

c) Aspecto Sociológico ou Dinâmico (Controle Social): É mais um instrumento de


controle social, visando assegurar a necessária disciplina para a harmônica convivência
dos membros da sociedade.

Aprofundando no enfoque sociológico...


- A manutenção da paz social demanda a existência de normas destinadas a
estabelecer diretrizes. Regras!
- Quando violadas as regras, surge para o estado o dever de aplicar sanções, civis ou
penais. Infrações! Penais ou não!
- Nessa tarefa de controle social atuam vários ramos do Direito.
- Quando a conduta atenta contra bens jurídicos especialmente tutelados, merece
reação mais severa por parte do Estado, valendo-se do Direito Penal, que é um
soldado de reserva. Isto porque o Direito Penal oferece a consequência jurídica da
pena privativa de liberdade.

NÃO SE DEVE CONFUNDIR O ASPECTO SOCIOLÓGICO COM POLÍTICA CRIMINAL OU


CRIMINOLOGIA!

Direito Penal Criminologia Política Criminal


Analisa os fatos humanos Estuda o crime, a pessoa do Trabalha estratégias e meios
indesejados, define quais criminoso e o de controle da criminalidade.
devem ser infrações e comportamento da Estuda como diminuir essa
anuncia as sanções. sociedade. Fatores que violência.
contribuem para a violência.
Ciência empírica.
Objeto: Crime enquanto Estuda o crime enquanto Estuda o crime enquanto
norma. fato. valor.

Obs.: Criminalização primária é a definição de crimes e penas pelo Direito penal e


criminalização secundária é a realizada pelo Sistema de Justiça Criminal (polícia, justiça
e prisão).

→ DIREITO PENAL DE INTERVENÇÃO:

"De fato, as inadequações e insuficiências de aparato penal diante da complexidade desses


novos fenômenos nocivos inspiram modificações em suas premissas e nos seus métodos de
atuação. Tudo isso acontece em decorrência do avanço tecnológico que a sociedade presencia
e que traz muitos benefícios e ao mesmo tempo muitos problemas como é o caso dos delitos
de ordem econômica ou delitos modernos, que usa o aparato tecnológico a seu favor
dificultando a comprovação e até a investigação para se chegar aos responsáveis pelo crime.

Opondo-se a todas as tendências do direito penal do risco, Hassemer defende a redução do


direito penal a um direito penal nuclear, formado apenas por delitos de lesão a clássicos bens
jurídicos individuais ou a bens jurídicos supra-individuais estritamente vinculados à pessoa,
delitos de perigo concreto, graves e evidentes e por regras de imputação rígidas e princípios de
garantia clássicos. Dessa forma, a proteção aos bens jurídicos transindividuais em face de
novos riscos tecnológicos seria definitivamente afastada do direito penal, evitando-se, assim,
qualquer tentativa de expansão da tutela penal. E também não ficaria a cargo do direito
administrativo. A proposta de Hassemer é a criação de uma nova seara de tutela diferenciada
dentro do direito penal, um campo jurídico chamado de direito de intervenção.

Esse campo de regulação, segundo Hassemer estaria entre o direito penal e o direito
administrativo e entre o direito civil e o direito público, atuaria no combate especialmente em
matéria de drogas, crimes econômicos e ecológicos de modo prioritariamente preventivo.

Sendo assim, tal sistema, por ser muito mais flexível em relação às garantias materiais e
formais, disporia de sanções menos intensas que as penais tradicionais, renunciando
definitivamente à imposição das penas privativas de liberdade. Para começar necessita-se de
instrumentos eficientes contra as pessoas jurídicas, distintos do direito penal clássico que está
totalmente voltado para o indivíduo, para a pessoa física, ou seja, deve ser feito um
reaparelhamento dos órgãos responsáveis pela apuração dos fatos. O que Hassemer propõe é
um direito cujas penas sejam mais brandas, mais que ao mesmo tempo sejam efetivas, ou seja,
aplicadas de fato.

→ DIREITO PENAL SECUNDÁRIO:

Com a tendência de os crimes de perigo abstrato serem considerados inconstitucionais,


pretende-se com este trabalho expor uma possível legitimação desses, valendo-se da base
gnosiológica do Direito Penal Secundário. Este, por seu turno, visa à proteção dos direitos
sociais, ou seja, o homem passa a ser entendido na sua coletividade e não individualmente,
como o Direito Penal Clássico leciona. A prevenção é o principal objetivo do Direito Penal
Secundário, visto que o Direito Penal Clássico encontra-se em déficit de eficiência para
enfrentar as novas realidades delitivas. Surge, então, a inovadora teoria que busca evitar
possíveis lesões ao bem jurídico, antecipando assim, a atuação do Direito na punição do
agente. No caso dos bens ambientais, sendo os danos causados de difícil reparação, é
necessária uma postura antecipada por parte do legislador para a preservação deles. Eis o
motivo de alguns crimes ambientais serem classificados como de perigo abstrato.

“A sociedade da atualidade, ‘do risco’ é, pois, uma sociedade que se põe por seus próprios atos
em perigo.”

2. MISSÕES DO DIREITO PENAL

a) Função Mediata
I) Controle social. (ao lado dos demais ramos do direito)
II) Limitação ao poder de punir do Estado.
Obs.: Ao mesmo tempo em que o Estado o controla o cidadão, evitando suas práticas
criminosas. De outro lado, é necessário também limitar seu próprio poder de controle,
evitando-se a hipertrofia da punição.
b) Função Imediata
I) 1ª corrente: Proteger bens jurídicos. Roxin e o Funcionalismo Teleológico.
II) 2ª corrente: Assegurar o ordenamento jurídico, assegurar a vigência da norma. Jakobs e o
Funcionalismo Sistêmico, defende o sistema.

Obs.: O Brasil segue o Funcionalismo de Roxin com algumas adaptações.

CLASSIFICAÇÕES DOUTRINÁRIA DO DIREITO PENAL.

a) Direito Penal Substantivo X Direito Penal Adjetivo


Substantivo: Cria as figuras criminosas, é o direito material.
Adjetivo: Processual penal, processo e procedimento. Classificação ultrapassada.

b) Direito Penal Objetivo X Direito Penal Subjetivo


Objetivo: Conjunto de leis penais em vigor no país. Código Penal, Lei de drogas.
Subjetivo: Direito de punir do Estado.

Obs.: Um não vive sem o outro!

Subjetivo Positivo: Criação e execução das normas penais.


Subjetivo Negativo: Poder de derrogar normas penais ou restringir seu alcance. STF
especialmente no controle de constitucionalidade.

Obs.: O direito de punir é limitado, não é incondicionado, possui alguns limites


importantes:
Modo: O direito de punir deve respeitar os direitos e garantias fundamentais. Princípio da
Dignidade da Pessoa Humana.
Espaço: Em regra aplica-se a lei penal somente aos fatos ocorridos no território nacional.
Tempo: O direito de punir não é eterno, por isso existe a prescrição. Prescrição é
justamente o limite temporal ao direito de punir. É uma garantia do cidadão contra a
eternização do direito de punir do Estado.

Obs.: O direito de punir é monopólio do Estado, a justiça privada pode caracterizar o crime
de exercício arbitrário das próprias razões. 345 CP.
Exceção: Artigo 57 do Estatuto do Índio: Sanção penal imposta pelo índio, desde que não
possuam caráter cruel ou infamante, proibida a pena de morte em qualquer caso.
Obs.: O TPI não é exceção ao direito de punir do Estado, pois ele não impede e nem
concorre com o Estado Brasileiro no seu direito de punir, ele apenas complementa no caso
de o Estado Brasileiro não punir, possui caráter subsidiário.

c) Direito Penal de Emergência X Direito Penal Promocional/Político/Demagogo

Emergência: Criado para atender a demanda de criminalização, para atender ao anseio da


sociedade, então o Estado cria crime e comina penas, o que gera sensação de segurança
para o povo. Exemplo: Lei dos Crimes Hediondos

Promocional/Político/Demagogo: O Estado, visando a consecução dos seus objetivos


políticos, emprega leis penais desconsiderando o princípio da intervenção mínima, a
finalidade é usar o direito penal para a transformação social. Ex: Contravenção penal de
mendicância (revogada) para acabar com mendigos, ao invés de melhorar políticas públicas.

Obs.: Direito Penal Simbólico: É aquele que produz uma satisfação retórica da opinião
pública. Explora o medo e a sensação de segurança, mas se revela ineficaz.
Há criminalização de condutas sem quaisquer fundamentos criminológicos e de política
criminal, cumprindo apenas uma função simbólica.

Obs.: Direito Penal Subterrâneo: Trata-se do exercício arbitrário da lei pelos agentes da
administração pública, em que a atuação ocorre à margem dos ditames legais, por meio do
cometimento dos mais variados delitos, como sequestro, tortura, execuções sumárias,
dentre outros.

d) As velocidades do Direito Penal: O tempo que o Estado leva para punir o autor de uma
infração penal. (Silva Sanches)

1ª velocidade: Infrações penais mais graves. Portanto, o Estado vai punir a infração com
pena privativa de liberdade, então o processo é demorado, pois vai garantir todos os
direitos do cidadão.

2ª velocidade: Flexibiliza direitos e garantias fundamentais, possibilitando punição mais


célere. Em compensação, a sanção será pena alternativa.

3ª velocidade: Mescla das duas primeiras velocidades. Punição com pena privativa de
liberdade, e para determinados crimes, permite a flexibilização de direitos. Crimes graves!
Direito Penal do Inimigo de Jakobs.

4ª velocidade: Também conhecida como NEOPUNITIVISMO. Está ligada ao Direito


Internacional. Para aqueles que ostentam uma posição de Chefe do Estado, e como tais,
violarem gravemente tratados internacionais de direitos humanos. Serão aplicadas a eles as
normas internacionais do TPI, havendo nítida diminuição das garantias individuais penais e
processuais penais, defendida inclusive pelas ONGs.

3. FONTES DO DIREITO PENAL: Lugar de onde vem (material) e como se exterioriza (formal) o
Direito Penal.

a) Material (Fábrica): É a fonte de produção da norma, o órgão encarregado de criação do


Direito Penal. No Brasil é a União. Vale lembrar que lei complementar pode autorizar os
Estados a legislar sobre questões específicas de competência da União, mesmo que direito
penal incriminador!

b) Formal: Instrumento de exteriorização do Direito Penal, fonte de conhecimento ou


cognição.

Doutrina Clássica: Imediata é Lei. Fontes Mediatas são costumes e princípios gerais do
Direito.

Doutrina Moderna: Imediata é Lei, CF, TIDH, Jurisprudência, Princípios e Atos


Administrativos. Mediata é a Doutrina.

I) Fontes Imediatas
Lei: É a primeira fonte formal imediata. É o único instrumento normativo capaz de criar
infrações penais e cominar sanções!
Constituição Federal: Fonte formal imediata. Muito embora não possa criar infrações
penais, mas possui os chamados mandados constitucionais de criminalização, que
vinculam o legislador, reduzindo sua margem de atuação e obriga-os a proteger certos
temas (bens ou interesses). Ex: Crime de Racismo. Estes são explícitos. Existem também os
implícitos: São os imperativos de tutela, com a finalidade de evitar a intervenção
insuficiente do Estado. Ex: Direito à vida, seria um mandado implícito de criminalização do
homicídio.

Por que a CF não pode criar tipos penais, se é superior a lei? Em razão de seu processo
moroso de alteração.

Tratados e Convenções Internacionais de Direitos Humanos: Não podem criar infrações


penais ou cominar sanções para o Direito Interno, mas apenas para o Direito Penal
Internacional, julgados perante o TPI. É fonte não incriminadora, só a lei é fonte
incriminadora do Direito Interno!

Jurisprudência: Revela Direito Penal, podendo ter inclusive, caráter vinculante


Exemplo: No crime continuado, a lei não revela quais são as condições de tempo, mas a
jurisprudência sedimentou o entendimento de que é 30 dias.

Princípios: Não raras vezes os Tribunais absolvem ou reduzem penas com fundamentos em
princípios. Ex: Princípio da Insignificância, que é causa de atipicidade.

Atos Administrativos: São fontes formais imediatas quando complementam a norma penal
em branco. Ex: Portaria 344/98 da ANVISA que revela o conceito do que é droga ou não.

II) Fontes Mediatas

Doutrina

Obs.: Costumes tornam-se fontes informais.

4. INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL

O ato de interpretar é necessariamente feito por um sujeito que, empregando determinado


modo, chega a um resultado.

a) Interpretação quanto ao SUJEITO (ORIGEM)

Interpretação autêntica (legislativa): É aquela fornecida pela própria lei. Ex: Artigo 327 de
CP, conceito de funcionário público para fins penais.

Interpretação doutrinária (científica): É aquela feita pelos estudiosos. Ex: Doutrina.

Interpretação Jurisprudencial: Significado da lei dado pelos Tribunais. Ex: Súmulas.

Obs.: A exposição de motivos do Código Penal é interpretação doutrinária, a do CPP é


dada por lei, sendo, portanto, interpretação autêntica ou legislativa.

b) Interpretação quanto ao MODO:


Gramatical Filológica ou Literal: Considera-se o sentido literal das palavras, etimologia.

Teleológica: Busca a intenção objetivada na lei. Volunta Legis. Ex: Crime de entrar com
celular em presídio abarcam também todos os seus acessórios.

Histórica: Indaga a origem da lei, identificando os fundamentos da sua criação.

Sistemática: Interpretação em conjunto com a legislação em vigor, todo o ordenamento


jurídico, bem como os princípios gerais do direito.

Progressiva ou Evolutiva: Busca o significado legal de acordo com o progresso da ciência.

c) Interpretação quanto ao RESULTADO:

Declarativa ou Declaratória: A letra da lei corresponde exatamente ao que o legislador quis


dizer

Restritiva: A interpretação reduz o alcance das palavras da lei para corresponder à vontade
do texto.

EXTENSIVA: Amplia-se o alcance das palavras da lei para que corresponda à vontade do
texto. Casos em que o legislador disse menos do que queria dizer.
Ex: Conceito de arma no crime de roubo, bigamia abrange poligamia.

Aprofundando sobre a Interpretação Extensiva... Amplia-se o alcance da expressão!

1ª corrente: NUCCI e PRADO: É indiferente se a interpretação extensiva beneficia ou


prejudica o réu, ela é possível! A tarefa do intérprete não é prejudicar ou beneficiar o réu,
mas sim evitar a injustiça. A CF não proíbe a interpretação extensiva em prejuízo do réu.

2ª corrente: LFG: Não se admite em prejuízo do réu. Na dúvida, o juiz deve interpretar a
favor do réu.

3ª corrente: Zaffaroni: Admite que em regra deve ser proibida a interpretação extensiva
que prejudique o réu. Mas caso a sua proibição resultar em escândalo por sua notória
irracionalidade, deve ser admitida. Ex: Arma no Art. 157, não é somente instrumento
bélico, mas também faca, madeira, lâmina etc.

INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA: O texto da lei abrange uma cláusula genérica logo em


seguida de uma fórmula casuística, sendo que a cláusula genérica deve ser interpretada e
compreendida segundo os casos análogos descritos. Exemplo: outro motivo torpe.

ANALOGIA – INTEGRAÇÃO DA LEI PENAL: Não é forma de interpretação, mas sim


integração, pois não existe norma para o caso concreto, motivo pelo qual se socorre de
previsão legal empregada à outra situação similar. São pressupostos para analogia no
direito penal: a ausência de lei para o caso concreto e que seja em benefício ao réu!
Exemplo: Cônjuge -> Companheiro
Obs.: A omissão do legislador deve ter sido involuntária.

Obs.: INTERPRETAÇÃO SUE GENERIS: Exofórica e Endofórica.


Exofórica: o significado da norma interpretada não esta no ordenamento normativo. Não
encontra na norma o significado daquilo que você quer. Ex: Erro sobre elemento
constitutivo do TIPO. Tipo é definido pela doutrina e não pela norma.
Endofórica: o significado da norma interpretada esta no ordenamento normativo. Utilizado
nas normas penais em branco. Ex: Impedimento no casamento é interpretado de acordo
com o Código Civil.

Obs.: INTERPRETAÇÃO CONFORME A CONSTITUIÇÃO. A CF informa e conforma as normas


que lhe são hierarquicamente inferiores.

5. PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL

a) Princípios relacionados com a MISSÃO fundamental do Direito Penal

- PRINCÍPIO DA EXCLUSIVA PROTEÇÃO DOS BENS JURÍDICOS: O Direito Penal deve servir
apenas e tão somente para proteger bens jurídicos relevantes. (Roxin)
O que é um bem jurídico? Ente material ou imaterial reputado como essencial para a
coexistência e o desenvolvimento do homem em sociedade.
Exemplo: O Direito Penal não tem que proteger determinada religião, deve ser respeitada a
liberdade de crença.

→ A noção positivista de bem jurídico parte da ideia de que o bem jurídico se reduz a um
elemento da própria norma, porque somente a lei expressa os objetos jurídicos ao encerrar
a vontade declarada do Estado.A visão neokantiana exprime o bem jurídico como um valor
que se identifica com a própria finalidade da norma, considerando-o como elemento de
todos os pressupostos do complexo cultural de que emana o direito. Tanto na visão
positivista quanto na visão neokantiana, o bem jurídico é visto como um pressuposto
formal da incriminação, trabalhando com os dados existentes na ordem jurídica, sem
questioná-los.

O que Espiritualização do Direito Penal? Expansão da tutela penal para abranger bens
jurídicos de caráter COLETIVO e DIFUSO. Ex: Tutela penal do meio ambiente, crimes contra
a ordem econômica, consumidor. “Administrativização, Desmaterialização ou
Dinamização.”

- PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA: O Direito Penal só deve ser aplicado quando


estritamente necessário. O Direito Penal é subsidiário, fragmentário. Caráter última ratio
do Direito Penal. Sua intervenção fica condicionada ao fracasso das demais esferas de
controle (subsidiário), observando somente os casos de relevante lesão ou perigo de lesão
ao bem jurídico tutelado (fragmentário).
O princípio da insignificância é desdobramento lógico de qual característica da
intervenção mínima? Subsidiário ou Fragmentário? FRAGMENTÁRIO!

→ Parte da doutrina defende que o princípio da intervenção mínima foi recepcionado pela
CF através da cláusula geral prevista pelo § 2º do art. 5º, tendo sua raiz no art. 8º da
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (Paris, 1789), ao proclamar que a lei deve
estabelecer penas estrita e absolutamente necessárias.

- PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA: Desdobramento lógico da fragmentariedade. É um


princípio limitador do Direito Penal. É causa de atipicidade material.
Requisitos “PROL”: Ausência de Periculosidade da ação, Reduzido grau de Reprovabilidade
do comportamento, Mínima Ofensividade da conduta do agente, Inexpressividade da Lesão
jurídica causada.
Obs.: STF/STJ estão considerando a capacidade econômica da vítima.
STF/STJ estão negando o princípio da insignificância para o reincidente, portador de maus
antecedentes ou criminoso habitual, pois não existe reduzido grau de reprovabilidade.

O paciente dá mostras de fazer das práticas criminosas o seu modus vivendi, uma vez que
possui extensa lista de inquéritos policias e ações penais, várias, inclusive, pela suposta
prática de outros furtos. No caso, aplicação do princípio da insignificância poderia significar
um verdadeiro estímulo à prática destes pequenos furtos, já bastante comuns nos dias
atuais, o que contribuiria para aumentar, ainda mais, o clima de insegurança vivido pela
coletividade. (lnfo STF 706).

STF/STJ entendem não ser possível a aplicação no furto qualificado, também não há
reduzido grau de reprovabilidade.
STF/STJ não admitem nos crimes contra a fé pública, mais precisamente moeda falsa.
STF/STJ admite nos crimes contra a Adm Pública praticados por particulares.
STF admite contra a Adm Pública. STJ não.
STF/STJ não admitem no porte de drogas para uso próprio e nenhuma forma de tráfico.
STF/STJ admitem nos crimes ambientais.

O princípio da insignificância deve ser aplicado ao delito de descaminho quando o valor


sonegado for inferior ao estabelecido no art. 20 da Lei 10.522/02, atualizado pelas Portarias
75/2012 e 130/2012 do Ministério da Fazenda, que, por se tratar de normas mais benéficas
ao réu, devem ser imediatamente aplicadas, consoante o disposto no art. 5°, XL, da Carta
Magna. (Info STF 739).

No crime do art. 183 da Lei n. 9.472/97, a prova pericial é necessária para que se constate,
in loco, se a rádio comunitária operava ou não com potência efetiva radiada acima do
limite de segurança. Diante da ausência de perícia, não se pode comprovar a materialidade
do crime. Logo, é possível absolver o réu porque não ficou constatada a lesão aos bens
jurídicos penalmente tutelados. Restará ao Poder Público adotar apenas as medidas
administrativas contra a rádio clandestina. (Info STF 738).

O Plenário do STF, ao analisar o tema, afirmou que não é possível fixar uma regra geral
(uma tese) sobre o assunto. A decisão sobre a incidência ou não do princípio da
insignificância deve ser feita caso a caso. (Info STF 793).

O STJ e o STF não admitem a aplicação dos princípios da insignificância e da bagatela


imprópria aos crimes e contravenções praticados com violência ou grave ameaça contra a
mulher, no âmbito das relações domésticas, dada a relevância penal da conduta. Vale
ressaltar que o fato de o casal ter se reconciliado não significa atipicidade material da
conduta ou desnecessidade de pena. (Info STF 825)

Nos casos de evasão de divisas praticada mediante operação do tipo "dólar-cabo", não é
possível utilizar o valor de R$ 10 mil como parâmetro para fins de aplicação do princípio da
insignificância. (Info STJ 578)

Obs.: Bagatela Própria X Bagatela Imprópria

Própria/Insignificância propriamente dita: Os fatos nascem irrelevantes, causa de


atipicidade material, irrelevância da lesão. Ex: subtração de uma caneta bic.
Imprópria: Embora relevante a infração penal, falta interesse de punir. Exclui-se a
punibilidade. O fato é típico, ilícito e culpável, só não é punível. Ex: perdão judicial no
homicídio culposo.
- PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO SOCIAL-WELZEL: Apesar de uma conduta se ajustar a um tipo
penal, não será considerada típica se for socialmente adequada ou reconhecida. Também
serve para limitar o Direito Penal. A maioria entende que configura exclusão de tipicidade.

Nucci: “Parece-nos que a adequação social é, sem dúvida, motivo para exclusão da
tipicidade, justamente porque a conduta consensualmente aceita pela sociedade não se
ajusta ao modelo legal incriminador, tendo em vista que este possui, como finalidade
precípua, proibir condutas que firam bens jurídicos tutelados. Ora, se determinada conduta
é acolhida como socialmente adequada deixa de ser considerada lesiva a qualquer bem
jurídico, tornando-se um indiferente penal.”

Francisco de Assis Toledo: “Não se deve, contudo, confundir “adequação social” com
“causa de justificação”, pecado que o próprio Welzel confessa ter cometido inicialmente. A
ação socialmente adequada está desde o início excluída do tipo, porque se realiza dentro
do âmbito de normalidade social, ao passo que a ação amparada por uma causa de
justificação só não é crime, apesar de socialmente inadequada, em razão de uma
autorização especial para a realização da ação típica.”

-PRINCÍPIO DA FRAGMENTARIEDADE: O Direito Penal não constitui um sistema exaustivo


de proteção de bens jurídicos, de sorte a abranger todos os bens que constituem o universo
de bens do indivíduo, mas representa um sistema descontínuo de seleção de ilícitos
decorrentes da necessidade de criminalizá-los ante a indispensabilidade da proteção
jurídico-penal. Isto é, não todos, mas apenas os bens jurídicos mais fundamentais, quando
frente às ameaças e ataques mais intoleráveis, requerem a proteção da lei penal

Obs.: Concepção privatista de Feuerbach:


Juarez Tavares citando Feuerbach, diz que o mesmo entendia o delito como uma
transgressão a um direito individual, não uma lesão para com o Estado. Dito isto, o conceito
de delito se subordinava a um princípio material que preservava a liberdade individual,
independente dos propósitos do Estado.
Esse conceito constituía uma forma de limitação da incriminação e do arbítrio do estado na
configuração de tipos penais. Dessa forma, o Estado, só poderia incriminar as condutas que
implicassem numa transgressão de direito subjetivo e, consequentemente, um dano social.

b) Princípios relacionados com o FATO do Agente

- PRINCÍPIO DA EXTERIORIZAÇÃO OU MATERIALIZAÇÃO DO FATO OU ALTERIDADE OU


TRANSCENDENTALIDADE: O Estado só pode incriminar condutas humanas voluntárias, isto
é, fatos. Veda-se o Direito Penal do Autor, consistente na punição do indivíduo baseada em
seus pensamentos, desejos e estilo de vida. Art. 2º Ninguém pode ser punido por fato que
lei posterior...

Obs.: Embora tenha sido adotado o Direito Penal do Fato, mas que considera circunstâncias
relacionadas ao autor, especificamente quando da análise da pena. Ex: Art. 59 e
Reincidência.

- PRINCÍPIO DA OFENSIVIDADE OU LESIVIDADE: Exige que do fato praticado ocorra lesão


ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. O princípio da lesividade ou da ofensividade,
entre outros aspectos, repele a punição do cidadão cuja conduta sequer se inicia.

→ Para o Código Penal há preponderância do desvalor do resultado sobre o desvalor da


ação, pois não há crime sem ofensa ao bem jurídico tutelado. Corroborando essa ideia,
Nucci leciona "Não ocorrendo o resultado, não há consumação do crime." (Manual de
Direito Penal, 7ª edição, página 211).

Da mesma forma, LFG, ao dissertar sobre o desvalor da ação e o desvalor do resultado,


explica:

"Partindo-se da premissa de que não há delito sem ofensa ao bem jurídico, jamais poderá
incidir qualquer sanção penal sem a constatação de um resultado jurídico (da lesão ou
perigo concreto de lesão ao bem jurídico)."

Obs.: Crime de Dano X Crime de Perigo

Crime de Dano: Ocorre efetiva lesão ao bem jurídico.

Crime de Perigo: Basta risco de lesão ao bem jurídico.

Perigo abstrato: O risco de lesão é presumido por lei, não se admite prova em sentido
contrário. Ex: Embriaguez ao volante, Arma desmuniciada.

Perigo concreto: Aqui o risco deve ser demonstrado. Com vítima determinada ou
difusa.

Obs.: Parte da doutrina entende que o crime de perigo abstrato é inconstitucional. Porém,
o STF entende que representa uma proteção eficiente do Estado.

- PRINCÍPIO DA LEGALIDADE: Trata-se de real limitação ao poder estatal de interferir na


esfera de liberdades individuais.

Previsto no Art. 1º do CP, Art. 5º, II da CF. Nullum crimen, nulla poena sine lege.

Documentos internacionais: Convênio para a Proteção dos DH e Liberdades Fundamentais,


Convenção Americana de Direitos Humanos (San José da Costa Rica) e Estatuto de Roma.

LEGALIDADE = Reserva Legal (não há crime sem lei) + Anterioridade (lei deve ser anterior)

Obs.: Fundamentos do princípio da legalidade:

Político: Vincula o Poder Executivo e Judiciário a leis formuladas de forma abstratas,


impedindo o poder punitivo arbitrárias.

Democrático: Respeito ao princípio da divisão de poderes. Compete ao parlamento a


função de elaborar as leis.

Jurídico: A lei prévia e clara possui efeito intimidativo.

Crime abrange contravenção penal? Pena abrange medida segurança? SIM!

Aprofundando o Princípio da Legalidade...

DESDOBRAMENTOS DO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE:

a) Não há crime ou pena sem LEI. Reserva legal: lei ordinária (regra) ou lei complementar.

Obs.: Medida Provisória não pode criar crime, mas podem versar sobre Direito Penal não
incriminador. Ex: extinguir a punibilidade ou abrandar penas.
Obs.: Leis Delegadas e Resoluções também não podem criar infrações penais e cominar
penas.

b) Não há crime ou pena sem LEI ANTERIOR. Proibição da retroatividade maléfica da lei penal.

c) Não há crime ou pena sem LEI ESCRITA. Proibição do costume incriminador. Para que serve
o costume no Direito Penal? Ele é importante na interpretação. Ex: “Repouso noturno” O
código não explica o que é.

Obs.: Costume pode revogar infração penal?


1ª corrente: Admite-se o costume abolicionista quando a infração não mais contraria o
interesse social, deixando de repercutir negativamente na sociedade.
2ª corrente: Não é possível o costume abolicionista. Entretanto, quando o fato já não é
mais indesejado pelo meio social, a lei não deve ser aplicada pelo magistrado.
3ª corrente: Somente a lei pode revogar outra lei. Não existe costume abolicionista.

d) Não há crime ou pena sem LEI ESTRITA. Proibição da utilização da analogia para criar tipo
incriminador. Somente é admitida a analogia em benefício do réu e a lacuna seja
involuntária.
Ex: Equipara-se a coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor
econômico. Pergunta-se: Abrange Sinal de TV?
1ª corrente: Abrange
2ª corrente: Não abrange, pois seria analogia incriminadora.
Ex2: Associação para o tráfico não é equiparado a hediondo.

e) Não há crime ou pena sem LEI CERTA. Princípio da Taxatividade ou da Determinação.


Exige-se clareza na redação dos tipos penais. Fundamento jurídico do princípio da
legalidade: lei prévia e clara produz efeito intimidativo.

f) Não há crime ou pena sem LEI NECESSÁRIA. Desdobramento lógico do princípio da


intervenção mínima. Nesse sentido, o legislador revogou o delito de adultério e o de
sedução.

Em síntese: Não há crime sem lei anterior, escrita, estrita, certa, necessária. “LACEEN”

Obs.: Legalidade Formal X Legalidade Material

Legalidade Formal: Obediência ao devido processo legal. Lei vigente.


Legalidade Material: O conteúdo do tipo respeita direitos e garantias fundamentais do
cidadão. Lei válida.

Obs.: Lei Penal

Lei Penal Completa: Dispensa complemento valorativo (dado pelo juiz na análise do caso
concreto – tipo aberto) ou normativo (dado por outra norma – norma penal em branco).
Lei Penal Incompleta: Depende de complemento valorativo ou normativo.

Tipo Aberto: devem ser construídos depende de complemento valorativo judicial.


Norma penal em branco: depende de complemento normativo.

TIPO ABERTO: Espécie de lei penal incompleta, pois depende de complemento valorativo,
aquele que é dado pelo juiz na análise do caso concreto.
Ex: Crimes culposos são descritos em tipos abertos, pois o legislador não enuncia as formas
de negligência, imprudência e imperícia, ficando a critério do magistrado na análise do caso
concreto.

Excepcionalmente o legislador descreve a negligência (sentido amplo), como por exemplo,


a receptação culposa, que descreve os comportamentos negligentes.

Obs.: Para não ofender o princípio da legalidade, a redação típica do tipo aberto deve trazer
o mínimo de determinação.

NORMA PENAL EM BRANCO: Espécie de lei penal incompleta, pois depende de


complemento normativo, aquele que é dado por outra norma.

Em sentido estrito/heterogênea/própria: O complemento normativo não emana do


legislador, mas sim de fonte normativa diversa. Ex: Lei de Drogas e portaria da ANVISA.

Em sentido amplo/homogênea/imprópria: O complemento normativo emana do próprio


legislador, da mesma fonte de produção normativa.

Lei penal/mesmo ramo: homovitelina/homóloga.

Lei diversa da penal/ramo diferente: heterovitelina/heteróloga.

Obs.: Norma penal em branco ao revés: O complemento refere-se ao preceito secundário


do tipo, ou seja, a sanção, e não ao conteúdo da proibição. Tal complemento deve ser
fornecido necessariamente por lei. Ex: Lei de genocídio, as penas estão no Código Penal.

Obs.: Norma penal em branco ao quadrado: Neste caso, a norma penal requer um
complemento que, por sua vez, deve também ser integrado por outra norma. É o caso do
art. 38 da Lei 9.605/98, que pune as condutas de destruir ou danificar floresta considerada
de preservação permanente. O conceito de floresta de preservação permanente é obtido
no Código Florestal, que, dentre várias disposições, estabelece uma hipótese em que a área
de preservação permanente será assim considerada após declaração de interesse social por
parte do Chefe do Poder Executivo.

Lei de crimes ambientais - Conceito de floresta › Código Florestal › Definição de Área de


preservação permanente

Obs.: Norma penal em branco de complemento internacional: É possível que a


complementação da norma penal em branco seja proveniente de tratados internacionais,
como ocorre atualmente na Lei 12.850/13, que, no art. 1º, § 2º, dispõe ser aplicável a lei
“às organizações terroristas internacionais, reconhecidas segundo as normas de direito
internacional (...)”.

c) Princípios relacionados com o AGENTE do fato.

- PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE PESSOAL: Proíbe o castigo pelo fato de outrem. Está


vedada a responsabilidade penal coletiva.
Desdobramentos: É proibida denúncia genérica, obrigatoriedade da individualização da
pena.
- PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE SUBJETIVA: Não basta que o fato seja materialmente
causado pelo agente, ficando sua responsabilidade condicionada à existência da
voluntariedade (dolo/culpa). É vedada a responsabilidade penal objetiva!

→ Existem vozes doutrinárias que defendem a presença de responsabilidade objetiva na


embriaguez voluntária e na rixa qualificada:

“Actio libera in causa (Direito Penal) Ação de se deixar ficar num estado de
inconsciência, com o fito de praticar um delito. A teoria da actio libera in causa
foi adotada na Exposição de Motivos original do CP de 1940, de modo que
considera-se imputável quem se põe em estado de inconsciência ou de
incapacidade de autocontrole, seja dolosa ou culposamente, e nessa situação
comete o crime. Percebe-se que, ao adotar tal orientação, o CP adotou a
doutrina da responsabilidade objetiva, pela qual deve o agente responder pelo
crime. Como se vê, tal teoria leva em conta, por definição, os aspectos
meramente objetivos do delito, sem considerar o lado subjetivo deste. Com a
reforma da Parte Geral do CP, introduzida pela L. 7.209, de 11.7.1984,
apregoou-se a abolição de quaisquer resíduos de responsabilidade objetiva,
mas o fato é que alguns destes ainda remanescem na legislação penal, como
ocorre nos casos de embriaguez culposa ou voluntária completa, e da rixa
qualificada pelo resultado morte ou lesão corporal, em decorrência de
participacão na rixa FONTE:(CP, art. 137, parágrafo único).” - Mirabete, Júlio
Fabbrini, Manual de Direito Penal, São Paulo, Atlas, 1º v., 4ª ed., 1989, pp. 222-
3).

- PRINCÍPIO DA NÃO CULPABILIDADE: Ninguém será considerado culpado até o trânsito em


julgado de sentença penal condenatória.

Ofende o princípio da não-culpabilidade a determinação de execução imediata de pena


privativa de liberdade imposta, quando ainda pendente de julgamento recurso extraordinário
admitido na origem. (lnfo STF 754).

6. EFICÁCIA DA LEI PENAL NO TEMPO.

Como decorrência do principio da legalidade, aplica-se em regra, a lei penal vigente ao tempo
da realização do fato criminoso. Tempus Regit Actum

Excepcionalmente, no entanto, será permitida a retroatividade da lei penal para alcançar os


fatos passados, desde que benéfica ao réu.

Extra-atividade da lei penal: Lei penal se movimente no tempo.

 Retroatividade: Lei posterior benéfica retroage para alcançar fatos praticados


anteriores à sua vigência.
 Ultra-atividade: Lei morta. Possibilidade da lei revogada por outra mais gravosa
continuar a aplicar-se para os fatos cometidos durante sua vigência.

→ A lei penal pode ser revogada durante o período de sua vacatio legis.

- TEMPO DO CRIME
a) TEORIA DA ATIVIDADE – Considera-se praticado o crime no momento de sua conduta.

b) Teoria do Resultado – Considera-se praticado o crime no momento do resultado.

c) Teoria Mista/Ubiquidade – Considera-se praticado o crime no momento da conduta e do


resultado.

Art. 4º Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja
o momento do resultado.

Obs.: Princípio da Coincidência/Congruência/Simultaneidade: Todos os elementos do crime


devem estar presentes no momento da conduta. Por isso o menor não é processado com
adulto se a vítima morre após sua maioridade.

Obs.: O momento do crime é também o marco inicial para saber a lei que, em regra, vai reger
o caso concreto.

a) Novatio legis incriminadora: Irretroativa. Conduta atípica passa a ser típica

b) Novatio legis in pejus/Lex Gravior: Conduta atípica passa a ser punida mais
severamente. Ex: Prescrição de crimes com pena máxima inferior a 1 ano era 2 anos,
passou a ser 3 anos. Então a norma que definia 2 anos será ultra-ativa.

SÚMULA 711 STF: A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime
permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.

c) Novatio legis in mellius/Lex Mitior: Por qualquer modo favorece o réu. Ex: Diminui a
pena, diminui o tempo de prescrição. Retroage e não respeita a coisa julgada. Ex: 229
Que passou de prostituição para prostituição ligada a exploração sexual, diminuiu o
espectro do tipo.

SÚMULA 611 STF: Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao juízo das
execuções a aplicação de lei mais benigna.

1ª corrente: Juiz da execução. Súmula 611 STF

2ª corrente: Depende. Se de aplicação meramente matemática, juiz da execução. Se implicar


juízo de valor, vai precisar da Revisão Criminal.

Obs.: É possível a aplicação da lei mais benéfica durante a vacatio?

1ª corrente: A vacatio serve apenas para promover o conhecimento, portanto, os já


conhecedores não poderiam ficar impedidos de aproveitar os seus benefícios. Greco.

2ª corrente: Não pode, pois a lei ainda não possui eficácia jurídica.

d) Abolitio Criminis: Ao tempo da conduta o fato era típico, mas lei posterior gera
supressão da figura criminosa. A conduta deixa de ser típica. Ex: Adultério. A lei
descriminalizadora vai retroagir para beneficiar o réu.

Obs.: A Abolitio Criminis é desdobramento lógico do princípio da intervenção mínina, que deve
ser analisado sob dois ângulos:

1º onde o direito penal deve intervir. Ex: Cola eletrônica/fraude em concurso.


Neocriminilização.
2º onde o direito penal deve deixar de intervir. Ex: Adultério/Sedução.

Obs.: Natureza jurídica:

1ª corrente: Causa que exclui a tipicidade.

2ª corrente: Causa extintiva da punibilidade. (Código Penal 107, III).

Consequências da Abolitio Criminis: É cessada e execução e os efeitos penais da condenação.


(Ex: Reincidência). A lei abolicionista não respeita coisa julgada, que é uma garantia do
indivíduo contra o Estado, e não do Estado contra o indivíduo, portanto, não ofende a
constituição. Permanecem os efeitos civis, ex: tornar certa a obrigação de indenizar o dano
causado, perda de cargo ou função pública, incapacidade para o exercício pátrio do poder.

 Admite-se a combinação de leis penais para beneficiar o réu?

1ª corrente: Não, pois ao combinar as duas leis, o juiz estaria criando uma terceira lei. Lex
Tertia. HUNGRIA

2ª corrente: Sim, se o juiz pode aplicar o todo de uma lei, também pode aplicar parte.

É vedada a incidência da causa de diminuição do art. 33, § 4°, da Lei 1 1.343/06, combinada
com as penas previstas na Lei 6.368/76, no tocante a crimes praticados durante a vigência
desta norma. (Info 727 STF)

Obs.: Se o juiz ficar em dúvida, consulta-se a defesa. (HUNGRIA)

Súmula 501 STJ: É cabível a aplicação retroativa da Lei n. 11.343/2006, desde que o resultado
da incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da
aplicação da Lei n. 6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis.

e) Princípio da continuidade normativo-típica: No primeiro momento a conduta era


típica, após, o tipo é migrado para outro tipo penal. Ex: atentado violento ao pudor foi
migrado do 214 para o 213, que agora é atentado e estupro.

 LEI EXCEPCIONAL OU TEMPORÁRIA: Embora decorrido o período de sua duração


ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado
durante sua vigência. São ultra-ativas e auto-revogáveis.

Temporária: Instituída por um prazo determinado.

Excepcional: Editada em função de algum evento transitório.

Obs.: É um caso excepcional de ultra-atividade maléfica. Ex: Lei da Copa.

Obs.: A doutrina observa que, por serem de curta duração, se não fossem ultra-ativas,
não teriam força intimidativa.

Obs.: Tais leis não se sujeitam aos efeitos da Abolitio Criminis, salvo se lei posterior for
expressa nesse sentido.

Obs.: São constitucionais?

1ª corrente: Não, pois a CF não prevê nenhuma hipótese de extra-atividade em


prejuízo do réu. Greco, Zaffaroni
2ª corrente: Sim, pois não esta havendo sucessão de leis penais. Então não foram
revogadas, apenas deixam de ser aplicadas para os casos futuros.

-RETROATIVIDADE DA LEI PENAL NO CASO DE NORMA PENAL EM BRANCO:

1ª corrente: Retroage, seja homogênea (lei) ou heterogênea (portaria).

2ª corrente: Não retroage, seja homogênea (lei) ou heterogênea (portaria).

3ª corrente: Se a norma complementar provoca real modificação da figura abstrata do


Direito Penal, retroage se mais benéfica. Mera modificação de circunstância não
retroage.

4ª corrente: Homogênea retroage sempre que benéfica, se heterogênea só retroage se


benéfica e a norma não se reveste de caráter de excepcionalidade. STF

-LEI INTERMEDIÁRIA: Se for mais benéfica, tem duplo efeito. Possui retroatividade e
ultra-atividade.

Lei A Lei B Lei C


1 a 4 anos 6 meses a 2 anos 2 a 6 anos

- RETROATIVIDADE DA JURISPRUDÊNCIA: Existia súmula no sentido de que simulacro


majorava, foi cancelada por outra que não mais considera essa hipótese. A CF88 só
menciona retroatividade da lei, assim como o CP.

→ Preceptivas são aquelas normas que obrigam ao agente a agir, frente determinada situação,
para impedir a lesão, ou exposição a perigo de lesão, de um bem jurídico. Violando-se tais
normas, surgem os delitos omissivos. Existem ainda as proibitivas e as permissivas.

8. LEI PENAL NO ESPAÇO.

Sabendo que um fato punível pode, eventualmente, atingir o interesse de dois ou mais Estados
igualmente soberanos, gerando um conflito internacional de jurisdição, o estudo da lei penal
no espaço visa apurar as fronteiras de atuação da lei penal nacional.

- PRICÍPIOS APLICÁVEIS NA SOLUÇÃO APARENTE DO CONFLITO

a) TERROTORIALIDADE: Aplica-se a lei penal do local do crime. Não importa a nacionalidade


dos envolvidos ou do bem jurídico tutelado

b) NACIONALIDADE ATIVA: Aplica-se a lei penal da nacionalidade do agente. Não importa o


local do crime ou a nacionalidade da vítima ou do bem jurídico tutelado.

c) NACIONALIDADE PA7SSIVA: Aplica-se a lei da nacionalidade da vítima.

d) DEFESA/PROTEÇÃO (OU REAL): Aplica-se a lei da nacionalidade do bem jurídico lesado.

e) JUSTIÇA PENAL UNIVERSAL: Aplica-se a lei do país em que ele for encontrado.

f) REPRESENTAÇÃO, PAVILHÃO, BANDEIRA, SUBSTITUIÇÃO, SUBSIDIARIEDADE: Aos crimes


cometidos em aeronaves e embarcações privadas quando praticados no estrangeiro e aí não
sejam julgados (inércia do país estrangeiro).
 BRASIL: TERRITORIALIDADE TEMPERADA! Temperada porque convenções, tratados e
regras de direito internacional podem excepcioná-la.

TERRITORIALIDADE: Crime no Brasil, lei brasileira.

EXTRATERRITORIALIDADE: Crime no estrangeiro, lei brasileira.

INTRATERRITORIALIDADE: Crime no Brasil, lei estrangeira. Ex: Imunidade diplomática.

Obs.: Embarcações e aeronaves brasileiras públicas são extensões do território nacional, onde
quer que se encontrem.

Obs.: Se privados, só quando em alto-mar ou espaço aéreo correspondente.

Obs.: Quando estrangeiros, em território brasileiro, desde que privados. Públicos são extensão
do território estrangeiro.

Obs.: Embaixada não é extensão de território, pois não são mencionadas pelo CP ou CF. Mas,
são invioláveis.

→ Vale lembrar que as sedes das embaixadas não são extensões de territórios estrangeiros no
Brasil – localizam-se em território nacional, e, se alguém que não goza da imunidade praticar
algum crime em seu âmbito, inevitavelmente será processado nos termos da legislação penal
brasileira.

Obs.: Destroços continuam com a bandeira, lei bandeira.

Jangada construída com pedaços das duas embarcações, nacionalidade ativa (doutrina).

Embarcação pública colombiana atracada em porto brasileiro, crime dentro da embarcação: lei
da Colômbia. Mas se o marinheiro desce e pratica crime no Brasil? Se ele desceu a serviço de
seu país, lei da Colômbia. Se não desceu a serviço, lei do Brasil.

Obs.: Navio português privado indo para o Uruguai, quando esta de passagem no mar
territorial brasileiro, ocorre homicídio, qual lei aplica? Pelo CP, lei brasileira. Mas, lei posterior,
de 93, estabelece que nesses casos há a “passagem inocente”, devendo utilizar o mar
territorial brasileiro somente como caminho para seu destino. Aplica-se a aeronaves? Não há
previsão expressa, mas a doutrina entende que abrange.

- LUGAR DO CRIME

a) TEORIA DA ATIVIDADE: No lugar da conduta

a) TEORIA DO RESULTADO OU DO EVENTO: No resultado

a) TEORIA MISTA OU UBIQUIDADE: Da conduta e do resultado. Art. 6º CP

Obs.: Se no Brasil ocorre somente o planejamento ou preparação do crime, o fato, em regra,


não interessa ao direito brasileiro, salvo quando a preparação por si só, caracterizar crime. Ex:
288.

 CRIME À DISTÂNCIA/ESPAÇO MÁXIMO: Percorre dois países soberanos. Art. 6º CP


 CRIME PLURILOCAL: Envolve duas comarcas do mesmo país. Art. 70 CPP
 CRIME EM TRÂNSITO: Percorre dois ou mais países soberanos. Exemplo: “A”, da
Argentina, envia para os Estados Unidos uma missiva com ofensas a “B”, e essa carta
passa pelo território brasileiro.
TEORIA DO ESBOÇO DO RESULTADO: No caso de crimes plurilocais, atentando-se para a regra
do art. 70 do CPP, a competência deveria ser determinada pelo lugar em que se produziu o
resultado morte (consumação do crime de homicídio) – comarca “B”. No entanto, a despeito
da regra inscrita no art. 70 do CPP, e em verdadeira hermenêutica contra legem, tem
prevalecido na jurisprudência o entendimento de que, nesses casos de crimes plurilocais, a
competência ratione loci deve ser determinada não pelo local em que ocorreu o resultado
morte, mas sim pelo local em que a conduta foi praticada. É o que Fernando de Almeida
Pedroso denomina de princípio do esboço do resultado,

→ EXTRATERRITORIALIDADE: Lei brasileira alcança delitos cometidos exclusivamente no


estrangeiro.

INCONDICIONADA: Ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro

a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República DEFESA (REAL/BJT)


b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de
Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia
ou fundação instituída pelo Poder Público; DEFESA (REAL/BJT)
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; DEFESA (REAL/BJT)
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil JUSTIÇA
UNIVERSAL

Obs.: Para Guilherme de Souza Nucci, a extraterritorialidade incondicionada é


inconstitucional diante da absoluta impossibilidade de alguém se ver processado duas
vezes pelo mesmo fato. Por isso, ainda que a lei assim não considere, a
extraterritorialidade será sempre subordinada à condição de que o agente não tenha sido
processado (condenado ou absolvido) no exterior.

CONDICIONADA:

a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir


b) praticados por brasileiro;
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de
propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.

CONDIÇÕES (cumulativas):

a) entrar o agente no território nacional: Não precisa permanecer.

b) ser o fato punível também no país em que foi praticado (Princípio da dupla
tipicidade)

c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a
extradição: Estão no Art. 77 do Estatuto do Estrangeiro. Pena não superior a um ano.

d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena

e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar
extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável.

-PENA CUMPRITA NO ESTRANGEIRO:


Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo
crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas.

Trata-se de uma hipótese de bis in idem autorizada legalmente.

 IMUNIDADE DIPLOMÁTICA: Prerrogativa concedida a


a) Chefes de Governo Estrangeiro ou de Estado, sua família e membros da sua comitiva.
b) Embaixador e sua família
c) Funcionários do corpo diplomático
d) Funcionários das organizações internacionais

Obs.: É FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO E NÃO FORO PRIVILEGIADO!

-NATUREZA JURÍDICA DA IMUNIDADE DIPLOMÁTICA:

1ª corrente: Causa pessoal de isenção de pena

1ª corrente: Causa impeditiva de punibilidade.

Os agentes diplomáticos devem obediência ao preceito primário do país em que se


encontrarem, no entanto, escapam de sua conseqüência jurídica (preceito secundário),
pois ele vai ser punido de acordo com a lei do seu Estado (intraterritorialidade)

Obs.: Os AGENTES CONSULARES têm essa imunidade? Eles têm imunidade funcional
relativa, ou seja, são imunes nos crimes cometidos no exercício da função.

Obs.: A imunidade é irrenunciável, pois esta é inerente ao cargo e não a pessoa, mas pode
haver renúncia por parte do Estado de origem, sendo sempre expressa.

-CONFLITO APARENTE DE NORMAS: Aparentemente haveria duas normas incidindo sobre a


mesma situação fática.

1. ESPECIALIDADE: Norma especial afasta norma geral. Soluciona-se no plano abstrato,


normativo, e não no caso concreto.

2. CONSUNÇÃO: É a absorção de um crime pelo outro. Quando um crime é meio necessário


para outro, ou mero exaurimento de outro.

O crime de porte não será absorvido se ficar provado nos autos que o agente portava
ilegalmente a arma de fogo em outras oportunidades antes ou depois do homicídio e que ele
não se utilizou da arma tão somente para praticar o assassinato. Ex: a instrução demonstrou
que João adquiriu a arma de fogo três meses antes de matar Pedro e não a comprou com a
exclusiva finalidade de ceifar a vida da vítima. (Info STF 775).

O STJ, tratando também do conflito aparente de normas, decidiu que o estelionato não é
absorvido pelo roubo na situação em que o agente tentou efetuar saque utilizando uma
folha de cheque que ele mesmo havia subtraído. A falsificação da cártula, no caso, não é
mero exaurimento do crime antecedente, porquanto há diversidade de desígnios e de bens
jurídicos lesados. (Info STJ 562).

Crime consunto = crime absorvido.

Crime consuntivo = crime que absorve.


3. SUBSIDIARIEDADE: Chamado por soldado de reserva por Nelson Hungria, somente incidirá
se não caracterizado algum crime mais grave. Ex: Constrangimento ilegal e Extorsão, sendo o
primeiro um soldado de reserva, ou ainda com Estupro.

4. ALTERNATIVIDADE: Não é unânime na doutrina, mas prevalece como um dos critérios.


Aplica-se nos casos de tipo misto alternativo. Ex: Tráfico de Drogas.

7. TEORIA GERAL DO CRIME

 INFRAÇÃO PENAL: Crime/Delito ou contravenção/crime anão/crime vagabundo/delito


liliputiano

Crime tipificado no CP não pode ser absorvido por infração descrita na Lei de Contravenções
Penais. (lnfo STF 743)

Conceito formal: Aquilo que assim esta rotulado em uma norma penal incriminadora,
sob ameaça de pena.
Conceito material: Comportamento humano causador de relevante e intolerável lesão
ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado, passível de sanção penal
Conceito Analítico: Elementos estruturais que compõem a infração penal. Fato típico
ilícito e culpável.

Obs.: O Brasil adotou o sistema binário. Crime e Contravenção.

Obs.: Para LFG a partir da lei de drogas (art. 28) o Brasil adota 3 espécies pois tal crime
não tem privativa de liberdade, e seria um delito sue generis. Tese afastada pelo STF, o
art. 28 foi despenalizado e não descriminalizado.

Obs.: A diferença entre crime e contravenção não é ontológica (ser), mas sim axiológica
(valor). Fatos mais graves são crimes e os menos graves, contravenção. Tal rótulo é
valorado pelo Legislador. Posse/porte era contravenção até 1997 e passou a ser crime.

Obs.: Crime: Reclusão e Detenção, Ação Pública (Incond. ou Cond.) ou Privada.


Contravenção: Prisão Simples ou Multa e é sempre Ação Pública Incondicionada. Admite a
ação penal privada subsidiária da pública, pois é uma garantia constitucional do cidadão
contra a inércia do Estado.

Obs.: Sustenta a doutrina que a contravenção penal vias de fato (21) depende de
representação, pois a lesão dolosa leve que é mais grave depende, e a vias de fato não, o
que seria ilógico. Os Tribunais Superiores afastam essa tese, aplicando o 17 da LCP.

Obs.: A tentativa de contravenção não é punível, do crime é. Ou a contravenção está


consumada ou não está.

Obs.: Extraterritorialidade da lei só crime, contravenção a lei só é aplicável no território


nacional.

Obs.: Competência: Justiça federal não julga contravenção, nem em casos de conexão. Os
processos serão separados e a contravenção será enviada a justiça estadual. A justiça
federal só julga contraventor em caso de prerrogativa de função no tribunal federal. Ex:
Juiz federal que pratica jogo do bicho.

Obs.: Duração da pena: Crime 30 anos e Contravenção 5 anos.


 SUJEITOS E OBJETOS DO CRIME.

SUJEITO ATIVO: É a pessoa que pratica a infração penal. Qualquer pessoa física capaz e
com 18 anos completos pode ser sujeito ativo do crime.

Obs.: E pessoa jurídica? A CF no art. 255 § 3º prevê que sim. Trata-se de um mandado
constitucional de criminalização, obedecido pela lei dos crimes ambientais.

1ª corrente: A pessoa jurídica não pode praticar e nem ser responsabilizada criminalmente
por crimes, por ser um ente desprovido de vontade. Tal dispositivo apenas reafirma que as
pessoas naturais possuem tal responsabilidade. Juarez Cirino do Santos. Societas
delinquere non potest.

2ª corrente: Apenas pessoa física praticam crime. Entretanto, nos crimes ambientais,
havendo relação objetiva entre o autor do fato típico e a empresa (representante legal,
por ex) Admite-se a responsabilidade penal da pessoa jurídica. Serão responsabilizadas a
pessoa física e a jurídica. Fernando Galvão

3ª corrente: Pessoa Jurídica é um ente autônomo e pode praticar e responder pelos crimes
ambientais. A CF autoriza expressamente. É certo, porém, que a sua responsabilização esta
associada à atuação de uma pessoa física, que age com elemento subjetivo próprio (dolo
ou culpa).

Obs.: Para o STJ e o STF a dupla imputação não é necessária, pois a punição da PJ ficaria
condicionada a responsabilização da PF, o que seria uma afronta ao dispositivo
constitucional.

Obs.: E pessoa jurídica de direito público?

1ª corrente: Por serem entes de natureza e propósitos diferentes, não podem receber o
mesmo tratamento, especialmente na esfera penal. Não se poderia admitir o Estado na
qualidade de delinquente, seria o Estado punindo a si mesmo. PJD Público não age em
interesse e benefício da entidade, mas da coletividade, o que inviabilizaria a sua
responsabilidade penal.

2ª corrente: A CF e a lei de crimes ambientais não excepcionaram a responsabilidade da


pessoa jurídica de direito público, devendo ter o mesmo tratamento dos entes privados.

-CLASSIFICAÇÃO DO CRIME QUANTO AO SUJEITO ATIVO

Crime comum: O tipo não exige qualidade ou condição especial do agente. Admite co-
autoria e participação. Ex: Homicídio.

Crime próprio: O tipo exige qualidade ou condição especial do agente. Admite co-autoria e
participação. Ex: Peculato.

Crime de mão própria/Delito de conduta infungível: O tipo exige qualidade ou condição


especial do agente. Só admite participação. Ninguém pode praticar o delito pela pessoa ou
junto com ela. Ex: Falso testemunho. Obs: Supremo tem admitido co-autoria no falso
testemunho, entre advogado que orienta e a testemunha que mente, adotada a teoria do
domínio do fato.

→ O crime de mão própria é aquele que somente pode ser praticado pela pessoa
expressamente indicada no tipo penal;
SUJEITO PASSIVO: É a pessoa que sofre as consequências da infração penal. Pode ser PF,
PJ ou mesmo um ente indeterminado, destituído de personalidade jurídica.

-CLASSIFICAÇÃO DO CRIME QUANTO AO SUJEITO PASSIVO

Sujeito Passivo Constante: Mediato, formal, geral ou genérico. É o Estado, que é


interessado na manutenção da paz pública e ordem social, além de ter suas normas
violadas.

Sujeito Passivo Eventual: Imediato, material, particular ou acidental: É o titular do


interesse penalmente protegido.

-CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA QUANTO AO SUJEITO PASSIVO

Comum: O tipo não exige qualidade ou condição especial do ofendido. Ex: Homicídio

Próprio: O tipo exige qualidade ou condição especial do ofendido. Ex: Infanticídio

Obs.: Quando o crime é próprio no sujeito ativo e passivo é chamado de Crime Bi-próprio.

Obs.: Crime de dupla subjetividade passiva? Obrigatoriamente dupla pluralidade de


vítimas. Ex: 155 Violação de correspondência.

Obs.: Morto não pode ser sujeito passivo de crime, pois não é titular de direitos. No caso
de calúnia contra o morto, o sujeito passivo é a sua família.

Nem os animais, que podem apenas ser objeto. O sujeito passivo seria seu dono (furto) ou
a coletividade (crime ambiental).

Obs.: Pode o homem ser ao mesmo tempo sujeito ativo e passivo? Não, eis que ninguém
poderá ser responsabilizado pela conduta que não excede a sua esfera individual. Princípio
da Alteridade, o direito penal não pune a auto-lesão por este motivo. Rogério Greco
entende que a rixa é uma exceção, onde quem participa é sujeito ativo e passivo.

-OBJETOS (MATERIAL E JURÍDICO) DO CRIME MATERIAL.

Objeto material: É a pessoa ou coisa sobre a qual recai conduta criminosa.

É possível crime sem objeto material? De acordo com Flávio Monteiro de Barros, os
crimes de mera conduta não possuem objeto material (reingresso de estrangeiro expulso).
Os formais podem ou não ter (ex: falso testemunho). Todos crimes materiais tem objeto
material, pois o resultado necessariamente deve produzir-se sobre uma pessoa ou coisa.

Obs.: A ausência ou impropriedade absoluta do objeto material faz surgir o crime


impossível, quase crime, crime oco, tentativa inidônea.

Objeto jurídico: Interesse tutelado pela norma, o bem jurídico protegido.

Obs.: Alguns tipos protegem mais de um interesse jurídico, são os crimes pluriofensivos.
Ex: Roubo (patrimônio e incolumidade pessoal). Não é possível existir crime sem objeto
jurídico, pois a criminalização é norteada pelo principio da exclusiva proteção de bens
jurídicos. O direito penal tem como missão imediata tutelar bens jurídicos indispensáveis a
convivência humana!
ATENÇÃO: Não se pode confundir o crime pluriofensivo com o crime complexo. O primeiro
é aquele que tutela mais de um interesse jurídico, o segundo, é a junção de dois
comportamentos, sendo que o segundo pode ou não ser fato típico.

-OUTRAS CLASSIFICAÇÕES DE CRIMES

Crime gratuito: Praticado sem motivo conhecido.

Crime de ímpeto/curto-circuito: Cometido sem premeditação, decorre de uma reação


emocional repentina.

→ O chamado crime em curto-circuito, também conhecido como de delito explosivo, de


vontade instantânea, ou, por fim, ação de curto-circuito. Para os estudiosos que se
arriscam a tratar do tema, as ações em curto-circuito se evidenciam como reações
primitivas do ser humano. Em outras palavras, reações momentâneas e impulsivas do
indivíduo, que o levam a praticar o crime. De acordo com a análise da sua terminologia,
temos que se trata de crime de ímpeto, manifestação súbita e violenta; impulso, ataque.O
que se discute é se tal comportamento pode ser considerado conduta voluntária, de
forma a ensejar o reconhecimento da prática de crime. Parcela majoritária da doutrina
entende que sim. O principal fundamento apontado é a teoria da actio libera in causa
(ação livre na causa). Salienta-se que as reações impulsivas e explosivas não possuem o
condão de afastar a voluntariedade, posto que é possível verificar, em tais situações, a
existência de um querer prévio, que dá ensejo à prática da conduta.

Crime exaurido: O agente, depois de alcançar a consumação, insiste na agressão ao bem


jurídico.

Crime de circulação: Praticado com o emprego de veículo automotor.

Crime de atentado ou empreendimento: É aquele em que a lei pune de forma idêntica o


crime consumado e a forma tentada.

Crime de opinião ou de palavra: Cometido pelo excesso abusivo na manifestação do


pensamento. (Desacato)

Crime multitudinário: É aquele praticado pela multidão em tumulto. Ex: Briga em estádio.

Crime vago: É aquele em que figura como sujeito passivo uma entidade destituída de
personalidade jurídica, como a família ou a sociedade. Ex: tráfico de drogas.

Crime internacional: Aquele que por tratado ou convenção o Brasil se comprometeu a


evitar e punir.

Crime de mera suspeita, sem ação ou de mera suposição: O agente não realiza conduta
penalmente relevante. Ao contrário, ele é punido em razão da suspeita despertada pelo
seu modo de agir. Essa modalidade, idealizada na Itália por Vicenzo Manzini, não
encontrou amparo seguro na doutrina.

No Brasil, pode ser apresentada como exemplo a contravenção penal tipificada pelo art. 25
do Decreto-lei 3.688/1941 – Lei das Contravenções Penais (posse não justificada de
instrumento de emprego usual na prática de furto

Crime inominado: É o que ofende regra ética ou cultural consagrada pelo Direito Penal,
embora não definido em lei como infração penal. Não pode ser aceito, haja vista que o
princípio da reserva legal veda a analogia in malam partem em âmbito criminal.
Crime habitual: Crime habitual próprio é o que somente se consuma com a prática
reiterada e uniforme de vários atos que revelam um criminoso estilo de vida do agente.
(Exercício ilegal da medicina e curandeirismo). De seu turno, crime habitual impróprio é
aquele em que uma só ação tem relevância para configurar o tipo, ainda que a sua
reiteração não configure pluralidade de crimes, a exemplo do que se verifica no delito de
gestão fraudulenta, previsto no art. 4.º, caput, da Lei 7.492/1986 – Crimes contra o
Sistema Financeiro Nacional

→ Para o crime habitual é necessária reiteração da mesma conduta reprovável, de forma


a constituir um estilo ou hábito de vida, como o crime de curandeirismo. O crime
continuado difere do habitual, porque naquele cada ação praticada constitui-se
isoladamente em crime; já no crime habitual, cada conduta tomada isoladamente não se
constitui em delito;

Crime profissional: É o crime habitual quando cometido com finalidade lucrativa:


Rufianismo

Quase-crime: Crime impossível.

Crime subsidiário: É o que somente se verifica se o fato não constitui crime mais grave. É o
caso do dano (CP, art. 163), subsidiário em relação ao crime de incêndio (CP, art. 250).
Para Nélson Hungria, o crime subsidiário funciona como “soldado de reserva”.

Crime de expressão: É o que se caracteriza pela existência de um processo intelectivo


interno do autor. Exemplo: falso testemunho (CP, art. 342), no qual a conduta tipificada
não se funda na veracidade ou na falsidade objetiva da informação, mas na
desconformidade entre a informação e a convicção pessoal do seu autor.

Crime de intenção ou de tendência interna transcendente: É aquele em que o agente


quer e persegue um resultado que não necessita ser alcançado para a consumação, como
se dá na extorsão mediante sequestro (CP, art. 159). O delito tem em uma de suas
elementares do tipo, uma finalidade especial, mas o delito contenta-se com a conduta,
dispensando o alcance do resultado configurando uma espécie de crime formal.

Crime de tendência ou de atitude pessoal: É aquele em que a tendência afetiva do autor


delimita a ação típica, ou seja, a tipicidade pode ou não ocorrer em razão da atitude
pessoal e interna do agente. Exemplos: toque do ginecologista na realização do
diagnóstico, que pode configurar mero agir profissional ou então algum crime de natureza
sexual, dependendo da tendência (libidinosa ou não), bem como as palavras dirigidas
contra alguém, que podem ou não caracterizar o crime de injúria em razão da intenção de
ofender a honra ou de apenas criticar ou brincar.

Crime mutilado de dois atos ou tipos imperfeitos de dois atos: É aquele em que o sujeito
pratica um delito, com a finalidade de obter um benefício posterior. Ex.: falsidade
documental para cometer estelionato. O resultado pretendido exige uma ação
complementar (a falsificação do documento e a circulação do documento no tráfego
jurídico).

Crime de resultado cortado: São aqueles onde o agente deseja que um resultado externo
ao tipo se produza, porém, sem sua intervenção direta. Um exemplo é a extorsão
mediante sequestro, tipificada no artigo 159 do CP.

Obs.: Os delitos acima são espécies de delitos de intenção (também denominados delitos
de transcendência interna).
Crime falho ou tentativa perfeita: É a denominação doutrinária atribuída à tentativa
perfeita ou acabada, ou seja, aquela em que o agente esgota os meios executórios que
tinha à sua disposição e, mesmo assim, o crime não se consuma por circunstâncias alheias
à sua vontade.

Crime putativo, imaginário ou erroneamente suposto: É aquele em que o agente acredita


realmente ter praticado um crime, quando na verdade cometeu um indiferente penal.
Exemplo: “A” vende um pó branco, acreditando tratar-se de cocaína. Na verdade, era
talco.

Trata-se de um “não crime”, que se divide em três espécies: a) crime putativo por erro de
tipo; b) crime putativo por erro de proibição, também conhecido como “delito de
alucinação”; e c) crime putativo por obra do agente provocador.

Crime remetido: É o que se verifica quando sua definição típica se reporta a outro crime,
que passa a integrá-lo, como no uso de documento falso (“fazer uso de qualquer dos
papéis falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302” – CP, art. 304).

Crime obstáculo: É aquele que retrata atos preparatórios tipificados como crime
autônomo pelo legislador. É o caso da associação criminosa (CP, art. 288) e dos petrechos
para falsificação de moeda (CP, art. 291).

Crimes de impressão: Nos dizeres de Mário O. Folchi, são aqueles que provocam
determinado estado de ânimo na vítima. Dividem-se em:

a) crimes de inteligência: são praticados mediante o engano, como o estelionato (CP, art.
171);

b) crimes de vontade: recaem na vontade do agente quanto à sua autodeterminação,


como o sequestro (CP, art. 148); e

c) crimes de sentimento: são os que incidem nas faculdades emocionais, tal como a injúria
(CP, art. 140).

Crimes parcelares: São os crimes da mesma espécie que compõem a série da continuidade
delitiva, desde que presentes os demais requisitos exigidos pelo art. 71, caput, do Código
Penal.

Crimes de hermenêutica: São os que resultam unicamente da interpretação dos


operadores do Direito, pois na situação concreta não existem provas, nem sequer indícios
consistentes, da prática de um fato legalmente descrito como criminoso. Esta expressão –
“crimes de hermenêutica” – foi idealizada por Rui Barbosa.

Crime de colarinho azul: São crimes de rua, referem à cor dos macacões utilizados pelos
operários norte-americanos da década de 1940. São praticados pelas pessoas de classes
sociais desfavorecidas, a exemplo dos furtos executados por miseráveis, andarilhos e
mendigos

Crimes de catálogo: Esta classificação surgiu em Portugal, e diz respeito aos delitos
compatíveis com a interceptação telefônica, disciplinada pela Lei 9.296/1996, como meio
de investigação ou de produção de provas durante a instrução em juízo.

Crimes de acumulação ou crimes de dano cumulativo: Esta classificação tem origem na


Dinamarca (“kumulations delikte”), e parte da seguinte premissa: determinadas condutas
são incapazes, isoladamente, de ofender o valor ou interesse protegido pela norma
penal. Contudo, a repetição delas, cumulativamente consideradas, constitui crime, em
face da lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico. Exemplo: Embora o comportamento
seja imoral e ilícito, quem joga lixo uma única vez e em quantidade pequena às margens de
um riacho não comete o crime de poluição. Contudo, se esta conduta for reiterada, surgirá
o delito tipificado no art. 54 da Lei 9.605/1998 – Lei dos Crimes Ambientais.

→ A incriminação do agente em virtude de prática de delito de acumulação constitui


violação ao princípio da legalidade.

Crimes de olvido ou de esquecimento: Essa nomenclatura decorre do verbo "olvidar", o


qual significa esquecer. Então, os delitos de olvido são também chamados de "crimes de
esquecimento". É o crime omissivo impróprio a título de culpa: Exemplo: o pai ou a mãe
param o carro para irem até uma loja e lá encontra um amigo, de modo que ficam 2 horas
conversando. Só depois a mãe/pai se lembra do filho, porém, quando chega ao local, a
criança já estava morta.

Crime de plástico: Existem condutas que sempre foram reprimidas em qualquer sociedade
com um mínimo de organização, como o homicídio, o roubo, o estupro, etc. São chamados
crimes naturais, previstos no passado, sendo punidos hoje, e certamente, serão objetos de
censura no futuro (…). Contrapõem-se a esse modelo os crimes de plástico, que são
condutas que apresentam um particular interesse em determinada época ou estágio da
sociedade organizada, de acordo com as necessidades políticas do momento, tal como
ocorre atualmente nos crimes contra relações de consumo, os crimes contra o meio
ambiente e os delitos de informática, etc.

 SUBSTRATOS DO CRIME

Conceito analítico de crime compreende as estruturas do delito. Prevalece hoje que o


crime é composto de três substratos: Fato típico, Ilicitude e Culpabilidade. Presentes os 3
substratos, o direito de punir do Estado se concretiza, surgindo a Punibilidade (não é
substrato, mas sua consequência jurídica).

Obs: Tipicidade penal e é diferente de tipo penal. Tipicidade é a subsunção do fato a


norma, tipo penal é o modelo de conduta proibida. Também se difere o fato típico do tipo
penal, pois o primeiro é o primeiro substrato do crime.

-ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO PENAL

Descritivos: Relacionados com tempo, lugar, modo de execução, objeto material. São
elementos percebidos pelos sentidos. Ex: Matar alguém.

Normativos: Demandam juízo de valor do interprete. Não são percebidos pelos sentidos.
Ex: Revelar alguém, sem justa causa, segredo...

Obs.: Os elementos normativos do tipo legal devem ser representados conforme seu
significado comum, segundo uma valoração paralela na esfera do leigo, e não em sua
definição jurídica, caso contrario somente juristas seriam capazes de dolo.

Científicos: O conceito transcende o mero elemento normativo, extraindo o seu significado


da ciência natural. Não demanda juízo de valor. Ex: embrião humano.

-ELEMENTOS SUBJETIVOS DO TIPO PENAL

Relacionados com a finalidade específica que deve ou não animar o agente.


Positivos: Elementos indicando a finalidade que deve animar o agente. Ex: oferecer drogas
para juntos consumirem.

Negativos Elementos indicando a finalidade que não deve animar o agente. Ex: oferecer
drogas sem objetivo de lucro.

 FATO TÍPICO = Fato humano indesejado, que norteado pelo principio da intervenção
mínima, consiste numa conduta causadora de um resultado, ajustando-se a um tipo
penal.

Requisitos do fato típico: CONDUTA + NEXO CAUSAL + RESULTADO + TIPICIDADE.

a) CONDUTA

→ Não há crime sem conduta (nullum crimen sine conducta)

Obs.: Em razão deste axioma, existe doutrina negando a possibilidade de PJ praticar crime.

Obs.: Conduta não se confunde com ato reflexo. O direito penal não se interessa por atos
reflexos. A conduta é movimento voluntário e o ato reflexo involuntário.

A definição de conduta depende da teoria adotada.

-TEORIA CAUSALISTA (CAUSAL NATURALISTA/CLÁSSICA/NATURALÍSTICA/MECANICISTA)


VON LISZT E VON BELING.
Premissas básicas:
Marcadas pelos ideais positivistas.
Segue o método empregado pelas ciências naturais, método experimental. (Lei da
causalidade)
O mundo deveria ser explicado através da experimentação dos fenômenos, sem espaço para
abstrações. O direito deve ser observado pelos sentidos.
O desejo do causalista é que o tipo penal seja composto somente de elementos objetivos
descritivos, por que esses são percebidos pelos sentidos.
O positivismo jurídico tinha nítida preferência pela cientificidade, excluindo os juízos de valor
e limitando seu objeto ao direito positivo.

Deve-se a esta doutrina, que não se confunde com a Escola Positiva, o conceito clássico de
delito, afastado de qualquer contribuição filosófica, psicológica ou sociológica.
Conferiu tratamento exageradamente formal ao comportamento humano definido como
delituoso, de forma que a conduta seria um mero MOVIMENTO CORPORAL que produz uma
modificação no mundo exterior. A conduta, portanto, era meramente objetiva, vinculada ao
resultado pela relação de causalidade.

Crime: Teoria tripartite

Ação: Produção causal de um resultado no mundo exterior por um comportamento humano


voluntário.

Fato típico: Conduta. MOVIMENTO humano voluntário que produz uma modificação no
mundo exterior, perceptível pelos sentidos. Tem vontade, mas não tem finalidade. Seria uma
forma sem conteúdo, ou um fantasma sem sangue.
Obs.: De acordo com a teoria causalista, a conduta é composta de vontade, movimento
corporal e resultado, porém, a vontade não esta relacionada com a finalidade do agente,
elemento este analisado somente na culpabilidade.

Obs.: O causalista quer observar a conduta pelos sentidos, daí a distinção entre tipos normais
e anormais. O tipo normal é composto somente de elementos objetivos descritivos,
percebidos pelos sentidos. O tipo anormal é composto também de elementos não objetivos,
normativos e subjetivos, porque esses elementos não podem ser percebidos pelos sentidos,
demanda juízo de valor.

Ilicitude: Valoração de um acontecimento contrário às proibições do ordenamento.

Culpabilidade: Dolo e Culpa como espécies, concentra todos os elementos subjetivos.

Críticas à Teoria Causalista:

Ao conceituar conduta como “movimento humano” esta teoria não explica de maneira
adequada os crimes omissivos, bem como os delitos sem resultado.

Não há como negar a presença de elementos normativos e subjetivos do tipo. (que demandam
juízo de valor, tais como documento, motivo torpe etc.).

Ao fazer a analisar do dolo e da culpa somente no momento da culpabilidade, não há como


distinguir apenas pelos sentidos a lesão corporal da tentativa de homicídio. Vez que ignora a
finalidade do agente no momento do fato típico.

É inadmissível imaginar a ação humana como um ato de vontade sem finalidade.

-TEORIA NEOKANTISTA OU CAUSAL VALORATIVA. EDMUND MEZGER.

Premissas básicas:

Tem base causalista.

Fundamenta-se numa visão neoclássica, marcada pela superação do Positivismo através da


introdução da racionalização no método. Reconhece que o Direito é ciência do dever-ser
(deontologia), e não ciência do ser (ontologia), como pensava o causalismo.

É imprescindível a valoração dos fenômenos (método axiológico), valores metafísicos.

Os positivistas atribuíam prioridade ao ser do direito, ao passo que os neokantistas


propunham um conceito que supervaloriza o dever ser, mediante a introdução de
considerações axiológicas e materiais.

Com essa orientação neokantiana, todos os elementos do conceito clássico de crime sofreram
um processo de transformação, a começar pelo conceito de ação, cuja concepção, puramente
naturalística, constituía o ponto mais frágil do conceito clássico de crime, especialmente nos
crimes omissivos, nos crimes culposos e na tentativa, conforme demonstraremos logo adiante.

A tipicidade, por sua vez, com o descobrimento dos elementos normativos, que encerram um
conteúdo de valor, bem como o reconhecimento da existência dos elementos subjetivos do
tipo, afastaram definitivamente uma concepção clássica do tipo, determinada por fatores
puramente objetivos.

A antijuridicidade, igualmente, que representava a simples contradição formal a uma norma


jurídica, passou a ser concebida sob um aspecto material, exigindo-se uma determinada
danosidade social. Esse novo entendimento permitiu graduar o injusto de acordo com a
gravidade da lesão produzida. Dessa forma, onde não houver lesão de interesse algum, o fato
não poderá ser qualificado de antijurídico.

Surge o dolo normativo (consciência, vontade e consciência ATUAL da ilicitude).

→ Segundo a teoria causal, o dolo causalista é conhecido como dolo normativo (colorido), pelo
fato de existir no dolo, juntamente com os elementos volitivos e cognitivos, considerados
psicológicos, um elemento de natureza normativa (real ou potencial consciência sobre a
ilicitude do fato)

Adotou-se a teoria psicológico-normativa, revestindo a culpabilidade com o juízo de


reprovabilidade, que antes era somente o vínculo psicológico entre ação e resultado.

Crime: Teoria tripartite.

Fato típico: Conduta: COMPORTAMENTO humano voluntário causador de um resultado.


(Substitui-se o MOVIMENTO pelo COMPORTAMENTO)

Obs.: Não se prende aos métodos das ciências exatas, não depende somente dos sentidos.
Admitem-se elementos não objetivos descritivos no tipo penal. A palavra comportamento
abrange os crimes omissivos.

Tipicidade: Perde a natureza descritiva e livre de valor para admitir elementos normativos.

Ilicitude: Abandona a simples formalidade e passa a levar em consideração a danosidade


social.

Culpabilidade: Dolo e culpa, não como espécies, mas elementos autônomos. Reprovação do
autor pelo formação de vontade contrária ao dever ser: Se o comportamento proibido pode
ser reprovado, então pode ser atribuído à culpabilidade do autor. (Consciência do injusto).

Críticas à Teoria Neokantista:

Permanece considerando dolo e culpa como elementos da culpabilidade.

Analisando dolo e culpa somente na culpabilidade, ficou contraditória ao reconhecer como


normal o elemento normativo e subjetivo do tipo. Os elementos subjetivos retratam finalidade
especial que animam o agente.

-TEORIA FINALISTA. Hans Welzel.

Percebe que o dolo e a culpa estavam inseridos no substrato errado, não devem integrar a
culpabilidade. Dolo e a culpa migram para o fato típico, mais precisamente para a conduta.
Aqui a conduta é um ato com conteúdo, ao contrário das teorias causalista e Neokantista.

Crime: Teoria tripartite.

Conduta: Comportamento humano voluntário psiquicamente dirigido a um fim. Toda conduta


é orientada por um querer. Supera-se a “cegueira” do causalismo, com um finalismo “vidente”

Obs.: O fato típico passa a ter duas dimensões. Objetiva: Conduta, resultado, nexo causal e
tipicidade penal. Dimensão subjetiva: dolo e culpa.

Tipicidade: Ação humana adequada ao tipo legal em suas dimensões objetiva e subjetiva.
Ilicitude: Afirmada nas proibições e excluída nas permissões.

Culpabilidade: Juízo de reprovação pela realização não justificada (imputabilidade, consciência


da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa.)

Críticas à Teoria Finalista:

Concentrou sua teoria no desvalor da conduta ignorando o desvalor de resultado.

Num primeiro momento, a teoria finalista conceituou o comportamento voluntario


psiquicamente dirigido a um fim ilícito (exigindo uma finalidade ilícita, não explicava os crimes
culposos). O conceito foi corrigido excluindo-se a expressão ilícita.

Obs.: No Brasil, existe a Teoria Finalista bipartite, que entende que o fato típico e a ilicitude
são os únicos substratos do crime, sendo a culpabilidade mero pressuposto para a aplicação da
pena (Mirabete, Damásio, Cleber Masson etc.). (POSICIONAMENTO MPSP!)

-TEORIA SOCIAL DA AÇÃO. Wessels.

A pretensão dessa teoria não é substituir as teorias clássica e finalista, mas acrescentar-lhes
uma nova dimensão, qual seja, a relevância social do comportamento.

Crime: Teoria tripartite.

Fato típico: Conduta: Comportamento humano voluntário dirigido a uma finalidade


socialmente reprovável.

Obs.: Dolo e culpa integram o fato típico, mas são novamente analisados no juízo da
culpabilidade.

Ilicitude

Culpabilidade

Crítica à Teoria Social da Ação

O conceito de socialmente reprovável é muito vago, noção muito ampla e arriscada para ser
incorporada ao Direito Penal.

-TEORIAS FUNCIONALISTAS. O Direito Penal tem uma missão, uma função. Conduta, portanto,
deve ser compreendida de acordo com a missão conferida ao Direito Penal. Busca adequar a
dogmática penal aos fins do Direito Penal.

→ O objetivo de um sistema penal está em estruturar os elementos fundamentais que


integram o conceito de crime. O funcionalismo penal avança um pouco mais e propõe a
construção de uma estrutura conceitual que atenda à função do Direito Penal.

→ O funcionalismo da Escola de Frankfurt, dirigida por Winfried Hassemer, sustenta a redução


do Direito Penal ao que qualifica como direito penal nuclear, ficando uma zona intermediária
entre este direito e as contravenções, denominada direito de intervenção.

1. TELEOLÓGICA OU MODERADA OU DUALISTA – Roxin: Proteção de bens jurídicos e proteger


os valores essenciais à convivência social harmônica.

Crime:
Fato Típico: Conduta: Comportamento humano voluntario causador de relevante e intolerável
lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado.

Ilicitude

Reprovabilidade: Imputabilidade, potencial consciência da ilicitude, exigibilidade de conduta


diversa e necessidade da pena. Se a pena for desnecessária, não há crime!

Claus Roxin privilegia um conceito bipartido do delito, em que se consideram seus elementos
fundamentais dois juízos de valor: o injusto penal (fato típico + ilicitude) e a responsabilidade,
que inclui a culpabilidade.

→ O funcionalismo da Escola de Munique, liderada por Claus Roxin, apregoa que a teoria do
delito não pode ficar alheia aos postulados político-criminais que norteiam o Direito Penal e
descreve a necessidade da penetração da política criminal na dogmática.

2. STÊMICA OU RADICAL OU MONISTA - Jakobs: Proteção do sistema. Assegurar a vigência do


sistema.

Crime:

Fato Típico: Conduta: Comportamento humano voluntário causador de um resultado violador


do sistema, frustrando as expectativas normativas.

Ilícito

Culpabilidade

Obs.: As premissas sobre as quais se funda o Funcionalismo Sistêmico deram ensejo a


exumação da TEORIA DO DIREITO PENAL DO INIMIGO, representando a construção de um
sistema próprio para o tratamento do indivíduo infiel ao sistema. Essa teoria esta presente nos
pensadores e filósofos da antiguidade.

→ O funcionalismo da Escola de Bonn, encabeçada por Günther Jakobs, está orientado a


garantir a identidade normativa. O crime será uma falta de lealdade ao direito e a pena será o
recurso necessário para estabilizar o sistema.

-DIREITO PENAL DO INIMIGO OU DIREITO PENAL BÉLICO.

Pensadores: Protágoras, São Tomás de Aquino, Kant, Locke, Hobbes.

O delinquente autor de determinados crimes não é ou não deve ser considerado como um
cidadão, mas como um cancro societário, que deve ser extirpado.

Características:

Antecipação da punibilidade com a tipificação de atos preparatórios. Quer evitar o início da


execução de determinados crimes.

Condutas descritas em tipos de mera conduta e de perigo abstrato, flexibilizando o princípio da


lesividade.

Descrição vaga dos crimes e penas, flexibilizando o princípio da legalidade.

Preponderância do Direito penal do Autor. Flexibilização do principio da exteriorização do fato.


Leis de luta e de combate, leis de ocasião. Ex: 12.850/13 Organizações Criminosas

Endurecimento da execução penal. Ex: RDD

→ Qual dessas teorias o Brasil adotou? O Código Penal adotou a teoria finalista, para a
maioria da doutrina. O Código Penal Militar é declaradamente causalista. Art. 33. A doutrina
moderna, no entanto, trabalha com as premissas funcionalistas de Roxin, salvo a
reprovabilidade.

 Características da conduta

1. Comportamento voluntário (dirigido a um fim)


Conduta dolosa: o fim é a lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado.
Alcança também o resultado lesivo.
Conduta culposa: o fim é a prática de um ato cujo resultado previsível seja
capaz de causar lesão ao bem jurídico tutelado.

2. Exteriorização da vontade: A vontade aparece por meio de ação ou omissão.

Causas de exclusão da conduta:

1. Caso Fortuito ou Força maior: Força maior é fato da natureza que ocasiona
acontecimento. O caso fortuito tem origem em causa desconhecida. Não há
comportamento voluntário, então não há conduta.
2. Involuntariedade: Ausência de capacidade de dirigir sua conduta de acordo com uma
finalidade predeterminada.
a. Inconsciência completa: Sonambulismo e hipnose.
b. Movimentos reflexos: Reação automática do organismo.
3. Coação física irresistível: Vis Absoluta. O coagido é impossibilitado de determinar seus
movimentos de acordo com sua vontade. A coação moral irresistível exclui a
culpabilidade, pois é inexigibilidade de conduta diversa.

 CRIME DOLOSO. Quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo.

Dolo: Vontade consciente dirigida a realizar, ou aceitar realizar, a conduta descrita no tipo
penal. Dolo é elemento subjetivo implícito na conduta

Obs.: A noção de dolo não se esgota na realização da conduta, abrange o resultado e demais
circunstâncias da infração.

Obs.: Se o dolo exige conhecimento das circunstâncias de fato do tipo legal, então o erro sobre
circunstâncias de fato do tipo legal exclui o dolo. (Erro de Tipo)

Elementos do dolo:

Elemento volitivo: VONTADE de praticar a conduta descrita na norma. (querer ou aceitar)

Elemento intelectivo: CONSCIÊNCIA da conduta e do resultado. (previsão)

Obs.: Há doutrina conceituando dolo como sendo a vontade livre e consciente. MAS, a
liberdade da vontade não é elemento do dolo, e sim circunstância a ser analisada na
culpabilidade, mais precisamente na exigibilidade de conduta diversa. Dolo é somente
vontade consciente.
→ O ordenamento jurídico brasileiro adotou a teoria psicológica do dolo, segundo a qual dolo
é a consciência e a vontade de concretizar os elementos do tipo penal.

-TEORIAS DO DOLO

a) Teoria da vontade: Dolo é a vontade consciente de querer praticar a infração penal.


Previsão + Querer. DOLO DIRETO

b) Teoria da Representação: Fala-se em dolo sempre que o agente tiver previsão do resultado
como possível e ainda assim decide prosseguir com a conduta. Previsão + Prosseguir. Não é
adotada, pois abrange a culpa consciente.

c) Teoria do Consentimento ou Assentimento: Fala-se em dolo sempre que o agente tiver a


previsão do resultado como possível e ainda assim decide prosseguir com a conduta,
assumindo o risco de produzir o evento. Prosseguir + Prosseguir assumindo o risco. DOLO
EVENTUAL

d) Teoria da Probabilidade: Conforme as lições de José Cerezo Mir, "se o sujeito considerava
provável a produção do resultado estaremos diante do dolo eventual. Se considerava que a
produção do resultado era meramente possível, se daria a imprudência consciente ou com
representação".

Espécies de Dolo

a) Dolo Normativo ou hibrido ou colorido: Adotado pela teoria neoclássica ou


neokantista, espécie de dolo que integra a culpabilidade, traz consigo além da
consciência e vontade, a consciência ATUAL da ilicitude (sabe da ilicitude do seu
comportamento), elemento normativo que o diferencia do dolo natural.

Vamos exemplificar.

Uma questão afirma: João, maior e capaz, deseja contratar os serviços de prostituição de
Ana, adolescente que ele sabe ter 17 anos, mediante pagamento de R$ 200,00. Nesta
situação, podemos reconhecer o dolo?

SEGUNDO OS FINALISTAS A RESPOSTA É SIM. Nesta situação o dolo natural pode ser
reconhecido, pois temos uma vontade consciente de praticar uma conduta (contratar os
serviços de prostituição). O dolo integra o tipo e está carreado à conduta que se deseja
praticar.

SEGUNDO OS NEOKANTISTA A RESPOSTA É DEPENDE. O dolo normativo (colorido) só


poderia ser reconhecido se também fosse demonstrado que João possuía conhecimento
que a sua conduta – contratar os serviços de prostituição de uma adolescente – poderia
produzir um resultado jurídico penal de natureza ilícita. Caso não existisse por parte do
agente potencial consciência da ilicitude, não poderíamos reconhecer o dolo normativo,
pois este caracteriza-se como elemento integrante da culpabilidade.

b) Dolo Natural: É o dolo componente da conduta, adotado pela teoria finalista.


Pressupõe apenas consciência e vontade. Não tem elemento normativo.

c) Dolo direto, determinado, imediato, incondicionado: O agente prevê um resultado e


dirige sua conduta na busca de realizar tal resultado.
d) Dolo indeterminado ou indireto: O agente não busca resultado certo e determinado.
Se divide em duas subespécies.

d.1) Dolo Alternativo: Prevê uma pluralidade de resultados e dirige sua conduta para
realizar qualquer um deles. Dolo alternativo objetivo diz respeito ao resultado em face
da mesma vítima e Dolo alternativo subjetivo diz respeito a diversas vítimas de um
mesmo resultado.
d.2) Dolo Eventual: Prevê uma pluralidade de resultados, dirige sua conduta para
realizar determinado resultado, mas assume o risco de provocar o outro. Ex: Quero
ferir ou matar

e) Dolo cumulativo: O agente pretende alcançar dois resultados em sequência. Trata-se


de uma hipótese de progressão criminosa.

f) Dolo de Dano: A intenção é causar efetiva lesão ao bem jurídico tutelado.

g) Dolo de perigo: A intenção é expor a risco o bem jurídico tutelado.

h) Dolo genérico: Vontade de realizar a conduta descrita no tipo, sem finalidade


específica.

i) Dolo específico: O agente atua com vontade de realizar a conduta com um fim
específico, que é elementar do tipo específico.

Obs.: Adotada a Teoria Finalista, esta distinção de dolo genérico e específico é inócua,
eis que o dolo genérico é dolo e o específico é apenas o elemento subjetivo explícito já
que o dolo é elemento implícito.

j) Dolo geral ou erro sucessivo: O agente, supondo já ter alcançado um resultado por
ele visado, pratica NOVA AÇÃO que efetivamente o provoca.

k) Dolo de primeiro grau: É o dolo direto. (Excluem-se resultados meramente acidentais,


não existe dolo em convencer alguém a passear na tempestade na esperança de vir a
ser fulminado por um raio).

l) Dolo de segundo grau: Dolo necessário. Espécie de dolo direto, porém, para realizar
um resultado, ele necessariamente precisa provocar consequências secundárias,
inerentes ao meio escolhido. Dolo de consequências necessárias.

m) Dolo de terceiro grau: Trata-se da consequência da consequência necessária que


caracteriza o dolo de segundo grau. Para nós, este dolo não existe. Dolo demanda
consciência e vontade. As consequências das consequências soam como
acontecimentos muito distantes da voluntariedade, implicando, caso imputadas ao
agente, responsabilidade objetiva, vedada no Direito Penal. Ex: Bomba no avião,
consequente morte de uma mulher grávida, com consequente morte do filho.

n) Dolo antecedente, concomitante e subsequente: Antecedente, inicial ou preordenado


é o anterior a conduta, é mera cogitação e não interessa ao DP. No concomitante, o
dolo existe no momento da conduta. O subsequente é o dolo posterior, é indiferente.
O dolo que importa é o dolo concomitante, existente no momento da conduta.
Obs.: Excepcionalmente analisa-se o dolo antecedente, na teoria da Actio Libera In
Causa, onde se analisa o dolo do agente na hora de beber, por exemplo. Fundamenta-
se no princípio segundo o qual “a causa da causa também é a causa do que foi
causado”, isto é, para aferir-se a imputabilidade penal no caso da embriaguez,
despreza-se o tempo em que o crime foi praticado. De fato, nesse momento o sujeito
estava privado da capacidade de entendimento e de autodeterminação, por vontade
própria, pois bebeu e embriagou-se livre de qualquer coação. Por esse motivo,
considera-se como marco da imputabilidade penal o período anterior à embriaguez,
em que o agente espontaneamente decidiu consumir bebida alcoólica ou de efeitos
análogos.

o) Dolo de propósito e dolo de ímpeto: No primeiro, é a vontade refletida, premeditada,


não necessariamente agrava a pena ou qualifica o delito. O segundo, é o dolo
repentino, pode ser privilegiadora ou circunstancia atenuante.

 CRIME CULPOSO: Quando o agente deu causa ao resultado por imprudência,


negligencia ou imperícia. Não existe querer ou aceitar o resultado ilícito.

Conceito: O crime culposo consiste numa conduta voluntaria que realiza um evento ilícito
não querido ou aceito pelo agente, mas que lhe era previsível (culpa inconsciente) ou
excepcionalmente previsto (culpa consciente) e que poderia ter sido evitado pelo agente
caso empregasse a cautela necessária.

→ É previsto no artigo 33, II do Código Penal Militar.

Elementos do crime culposo:

1. Conduta humana voluntária: Ação ou omissão dirigida ou orientada pelo querer,


causando um resultado involuntário.

2. Violação de um dever de cuidado objetivo /desvalor de ação: O comportamento do


agente não atende ao que era esperado pela lei e sociedade. Para se apurar a infração
deve ser analisado o caso concreto, verificando se uma pessoa de inteligência média
evitaria o perigo.

Elementos da culpa:

a) IMPRUDÊNCIA: Precipitação, afoiteza. Vem a ser uma atitude positiva, um


agir sem a cautela, a atenção necessária, com precipitação, afoitamento ou
inconsideração. É a conduta arriscada, perigosa, impulsiva.

b) NEGLIGÊNCIA: Ausência de precaução, é a inação, é a modalidade


negativa da culpa, é a omissão em relação à conduta que deveria
praticar. A inércia do agente que, podendo agir para não causar ou evitar o
resultado lesivo, não o faz por preguiça, desleixo, desatenção ou
displicência.

c) IMPERÍCIA: Falta de aptidão técnica para o exercício de arte ou profissão.

Obs.: As modalidades são culpa consciente e inconsciente, enquanto negligência,


imprudência e imperícia são elementos das duas.
Obs.: Na denuncia, o MP deve apontar a forma de violação do dever de diligencia,
descrevendo no que consiste, sob pena de inépcia.

3. Resultado naturalístico involuntário/desvalor de resultado: Em regra é material, exige


modificação no mundo exterior. A exceção é a prescrição culposa de drogas. Art. 38
11.343/06

4. Nexo entre conduta e resultado: Relação de causalidade entre ação e omissão e


resultado involuntário.

5. Resultado (involuntário) previsível: O crime culposo não exige previsão, bastando a


previsibilidade objetiva (possibilidade do homem médio prever). Ex: Se um indivíduo
fecha outro carro e o outro motorista tem um infarto com o susto e morre, isto não
seria previsível.

Obs.: Roxin substitui a previsibilidade pelos critérios de criação e realização do perigo:


Mandar a namorada passear na praia deserte em dia de tempestade para ser fulminada
por raio – que de fato ocorre – não é imputável ao autor porque ninguém pode criar riscos
que não controla e não porque o resultado é imprevisível.

6. Tipicidade: Não se pune a conduta culposa, salvo quando houver expressa disposição
legal.

Obs.: E a previsibilidade subjetiva? Possibilidade de conhecimento de perigo, analisada sob o


prisma subjetivo do autor. Isso deve ser analisado na CULPABILIDADE, para saber se era
exigível ou não conduta diversa.

→ A previsibilidade subjetiva é requisito da culpabilidade do crime culposo. Em face disso, a


observância do dever de diligência necessária e a imprevisibilidade objetiva excluem a
TIPICIDADE do fato. A imprevisibilidade pessoal exclui a CULPABILIDADE.

Espécies de culpa:

a) Culpa consciente (com previsão / ex lascívia): O agente prevê o resultado, mas espera
que não ocorra, acredita sinceramente que pode evitá-lo com suas habilidades ou
com a sorte ou ainda porque subestima o perigo. Mais que previsibilidade, há
previsão, mas o resultado continua involuntário.

b) Culpa inconsciente (sem previsão / ex ignorantia): O agente não prevê o resultado,


que, entretanto, era previsível. Qualquer pessoa de diligencia mediada poderia prever.

c) Culpa própria ou propriamente dita: O agente não quer e não assume o risco de
produzir o resultado.

d) Culpa imprópria, por equiparação, por assimilação, por extensão: É aquela em que o
agente, por erro evitável, imagina certa situação de FATO que, se presente, excluiria a
ilicitude. É a chamada DESCRIMINANTE PUTATIVA. Provoca intencionalmente
determinado resultado típico, mas responde por culpa, por política criminal. ERRO DE
TIPO PERMISSIVO.

→ Na teoria do crime, a consequência da descriminante putativa de fato dependerá da teoria


da culpabilidade adotada. Para a teoria normativa estrita, que defende a teoria unitária do
erro, qualquer descriminante putativa, se inevitável, corresponde a uma excludente de
culpabilidade por erro de proibição (afasta o potencial conhecimento da ilicitude); Já para a
teoria limitada da culpabilidade, adotada pelo CP (item 19 da exposição de motivos), uma
descriminante putativa de fato caracteriza erro de tipo permissivo. Assim, se inevitável, exclui
dolo e culpa; se evitável, exclui apenas o dolo, respondendo o agente a título de culpa, se
prevista a modalidade culposa do crime (culpa imprópria).

Obs.: A culpa imprópria é a única modalidade de que admite tentativa, porque a estrutura do
crime é dolosa.

Obs.: “Culpa de empreendimento”: Quem não sabe, deve se informar; Quem não pode, deve
se omitir.

Princípio da confiança: É a expectativa, por quem se conduz nos limites do risco permitido, de
comportamentos alheios adequados ao dever de cuidado, exceto indicações concretas em
contrário. Este princípio não pode prevalecer contra crianças, idosos, doentes ou outras
situações de injustificável expectativa de comportamento adequado.

→ O direito penal não admite culpa presumida, devendo ser sempre comprovada.

› As diferenças de capacidade individual devem ser consideradas somente na culpabilidade,


pelo critério da generalização, ou se devem ser consideradas já no tipo culposo, pelo critério
da individualização?

Critério da generalização ou critério duplo (Welzel): Diferenças de capacidade individual não


são consideradas no tipo culposo, mas avaliadas na culpabilidade, conforme inteligência,
escolaridade, habilidades, experiência de vida e posição social do autor.

Critério da individualização (Stratenwerth): Considera no tipo culposo as diferenças de


capacidade individual (inteligência, escolaridade, habilidades etc.),

 CRIME PRETERDOLOSO: Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde


o agente que o houver causado ao menos culposamente. É crime doloso
agravado/qualificado pela culpa. Ex: Lesão corporal seguida de morte. É uma das 4
espécies de crime agravado/qualificado pelo resultado

Elementos

1. Conduta dolosa visando determinado resultado


2. Provocação de resultado culposo mais grave que o desejado.
3. Nexo causal entre conduta e resultado
4. Tipicidade: não se pune crime preterdoloso sem previsão legal.
5. Previsibilidade:

Crítica: Nos crimes qualificados pelo resultado, a imputação do resultado mais grave
pressupõe – alem da culpa – a definição do resultado mais grave como produto específico do
risco criado pela ação dolosa do autor ou a previsibilidade do resultado mais grave como
consequência provável da ação, sob pena de inconstitucionalidade por violar os princípios da
culpabilidade e proporcionalidade. Se não houver previsibilidade, que é um dos elementos do
delito culposo, o resultado não poderá ser atribuído.

 ERRO DE TIPO: É a falsa ou a ausência de percepção da realidade. Cuida-se de


ignorância ou erro que recai sobre as elementares, circunstancias ou qualquer dado
agregado ao tipo penal. O AGENTE NÃO SABE O QUE FAZ!
Espécies de erro de tipo

a) Essencial: O erro recai sobre os dados principais do tipo penal. Se avisado do erro, para
de agir criminosamente. Art. 20 “caput” CP. O agente ignora ou erra sobre elemento
constitutivo do tipo legal. Ex: Caçador que atira em urso, que na verdade, era seu
amigo fantasiado de urso (alguém).

As consequências dependem, mas em todo caso o dolo é excluído, eis que o erro essencial
implica exclusão do elemento consciência do dolo:

Inevitável, justificável, escusável ou invencível: Exclui o dolo e a culpa, pois é ausente a


previsibilidade, que é elemento da culpa.

Evitável, injustificável, inescusável ou vencível: Exclui somente o dolo, permite a culpa se


prevista em lei, pois havia previsibilidade, o agente poderia conhecer o perigo.

→ O erro de tipo, seja escusável ou inescusável, sempre exclui o dolo. De fato, como o dolo
deve abranger todas as elementares do tipo penal, resta afastado pelo erro de tipo, pois o
sujeito não possui a necessária vontade de praticar integralmente a conduta tipificada em lei
como crime ou contravenção penal. Por essa razão, Zaffaroni denomina o erro de tipo de “cara
negativa do dolo".

→ O erro de tipo exclui o dolo, tendo em vista que o autor da conduta desconhece ou se
engana em relação a um dos componentes da descrição legal do crime, seja ele descritivo ou
normativo.

→ Como auferir se era evitável ou inevitável?

1ª corrente, tradicional: Deve ser invocada a figura do homem médio.

2ª corrente, moderna: Deve ser analisado o caso concreto

b) Acidental: o erro recai sobre os dados secundários do tipo. Se avisado do erro, corrige
os caminhos da conduta, para continuar agindo ilicitamente.

1. Sobre o objeto: Não tem previsão legal. O agente se confunde quanto ao objeto material
(coisa) por ele visada, atingindo objeto diverso.
Consequência: Não exclui dolo e nem culpa. Não isenta de pena. Considera-se o objeto
efetivamente atingido. (Teoria da Concretização).

2. Erro Sobre a pessoa: Art. 20 §3º. Equivocada representação do objeto material diverso
(pessoa visada) pelo agente. Em decorrência do erro, o agente acaba atingindo pessoa diversa.
Consequência: Não exclui dolo e nem culpa. Não isenta de pena. Responderá como se
praticado o resultado em relação a pessoa visada e não a efetivamente atingida.(Teoria da
Equivalência)

Obs.: Na situação em que “A” quisesse matar seu pai, mas, representando equivocadamente o
alvo, matasse seu tio, e seu pai já estivesse morto naquele momento, considera-se a hipótese
de que estivesse vivo e pudesse ter sido alvo da conduta, o que acarreta a responsabilidade
penal por parricídio.

3. Erro na execução ou Aberratio Ictus. Art. 73. Por acidente ou erro no uso dos meios de
execução, atinge pessoa diversa da pretendida.
Consequência: Não exclui dolo e nem culpa. Não isenta de pena. Se tiver resultado único,
atingindo somente a pessoa diversa da pretendida, responderá como se tivesse atingido a
pessoa visada e não a efetivamente atingida. (Teoria da Equivalência). Se tiver resultado duplo
ou unidade complexa, responderá pelos dois crimes em concurso formal próprio.

-Classificação de Rogério Sanches:


Aberratio Ictus por Acidente: Não há erro no golpe, mas desvio na execução. A vítima pode ou
não estar no local.

Aberratio Ictus por Erro no uso dos meios de execução: Existe erro no golpe. Inabilidade. A
vítima visada está no local. Se acaba matando os dois, responde por 2 homicídios, sendo que o
segundo, pode ser doloso ou culposo.

São duas as modalidades de erro na execução:

a) aberratio com resultado único, chamada de unidade simples, prevista na 1.ª parte do art.
73;

b) aberratio com resultado duplo, chamada de unidade complexa, prevista na 2.ª parte do art.
73.

No primeiro caso (unidade simples), o agente, em lugar de atingir a vítima desejada, alcança
terceiro não visado. Aplica-se a regra do art. 20, § 3.º, do Código Penal, ou seja, levam-se em
consideração as qualidades da vítima almejada. Assim, se a pessoa atingida e morta for o pai
do agente, não responderá este por parricídio, pois o sujeito visado lhe era estranho.

Por outro lado, se a vítima virtual (não alcançada) for o pai do agente, embora tenha este
matado pessoa diversa, há parricídio, respondendo com a agravante prevista no art. 61, II, e,
do Código Penal.

Apesar de se aplicar o art. 20, § 3.º, a aberratio ictus não se confunde com o erro quanto à
pessoa. Este caso diz respeito ao agente que erra quanto à identidade da vítima: pensa estar
vendo Caio, quando na realidade trata-se de Mélvio; diante dessa confusão, termina atingindo
Mélvio. O erro na execução, por sua vez, tem outra conotação: o agente está vendo, com
certeza, Caio e atira nele, errando o tiro, que atinge Mélvio. Portanto, apesar de a solução ser
a mesma, são duas hipóteses diversas.

No segundo caso (unidade complexa), o agente atinge não somente a vítima desejada, mas
também terceiro não visado. Responde pela regra do art. 70 (concurso formal). Lembre-se de
que, neste caso, vale o que já foi mencionado acerca do concurso formal ser perfeito ou
imperfeito.

De acordo com Nucci/ Damásio/Pacelli, há seis situações possíveis de erro na execução:

a) A atira em B para matar, mas acerta e mata C = homicídio doloso consumado como se fosse
contra B;

b) A atira em B para matar e termina atingindo fatalmente B e C = homicídio doloso em


concurso formal;

c) A atira em B para matar e termina ferindo C = tentativa de homicídio contra B, como se a


lesão de C fosse praticada na vítima desejada;
d) A atira em B para matar e termina ferindo B e C = tentativa de homicídio contra B em
concurso formal;

e) A atira em B para matar, ferindo-o, mas termina matando C = homicídio consumado contra
B em concurso formal. Defendíamos, anteriormente, a punição de A somente por um
homicídio consumado contra B. A lesão corporal ficaria absorvida. “Alteramos nosso
entendimento, inclusive para estar de acordo com a existência de responsabilidade penal
objetiva no caso de aberratio ictus. Se há dois resultados, querendo ou não o agente atingir
mais de um, deve responder por ambos. Assim, a regra do art. 73 fica bem aplicada, quando o
agente atinge quem não desejava (1.ª parte), respondendo como se tivesse atingido a vítima
almejada, bem como, em concurso formal (2.ª parte), quando atinge também a pessoa que
pretendia. Nessa ótica, conferir Paulo José da Costa Júnior, Comentários ao Código Penal, 7.
ed., p. 254; Crime aberrante, p. 28;” (Guilherme de Souza Nucci)

f) A atira em B para matar, fazendo-o, mas também fere C = homicídio consumado contra B em
concurso formal.

Obs.: Para a teoria da concreção (ou concretização), o dolo pressupõe sua concretização num
determinado objeto, motivo pelo qual, se o agente atinge pessoa diversa da pretendida, não
age com dolo quanto à pessoa realmente atingida. Logo, se pretendia matar B, vem a matar C,
responde, segundo esta teoria, por homicídio tentado contra B e homicídio culposo contra C
em concurso formal.

Obs.: Se o erro na execução envolver coisa, deve ser tratado como erro sobre o objeto.

Obs.: No erro sobre a pessoa o agente representa mal e executa bem, no erro na execução
(aberratio ictus) o agente represente bem e executa mal.

4. Resultado diverso do pretendido ou Aberratio Criminis: Art. 74. É espécie de erro na


execução. Por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente atinge bem jurídico
distinto daquele que pretendia atingir. (coisa-pessoa)
Consequência: Responde pelo resultado produzido a título de culpa, se previsto. Em havendo
resultado duplo, haverá concurso formal. Ex: Quer atingir o carro com pedrada, mas acerta e
mata o motorista, responderá por homicídio culposo, ficando a tentativa de dano absorvida.

Obs.: A regra deve ser afastada quando o resultado pretendido é mais grave que o resultado
produzido, hipótese em que o agente responde pelo resultado pretendido na forma tentada.
Ex: Quer matar com pedrada o fulano, mas atinge o seu veículo, responderá pela tentaviva de
homicídio.

5. Erro sobre o nexo causal. Também não tem previsão legal. O agente produz o resultado
desejado, mas com nexo causal diverso do pretendido.
Erro sobre o nexo causal em sentido estrito: Mediante um só ato, provoca o resultado visado,
porém com outro nexo. Ex: A empurra B para morrer afogado, mas B bate a cabeça e morre de
traumatismo craniano.

Dolo geral ou Aberratio Causae: Mediante uma pluralidade de atos, provoca o resultado
pretendido com outro nexo. Ex: A dispara (nexo visado) contra B, imaginando estar morto,
joga no mar, e B morre afogado (nexo real). Vigora o princípio unitário, respondendo o agente
por um só crime
Há polêmica no tocante à incidência da qualificadora:
Para uma primeira corrente, deve ser considerado o meio de execução que o agente desejava
empregar para a consumação e não aquele que, acidentalmente, permitiu a eclosão do
resultado naturalístico. (Capez/Sanches)

Entretanto, para um segunda corrente é preciso levar em conta o meio que efetivamente
levou à consumação do crime, e não aquele visado pelo agente.

Obs.: Posição moderna/garantista: Existe somente uma tentativa de homicídio (Damásio).


Ocorre um desvio essencial do rumo causal, excludente da imputação objetiva do resultado.

→ QUESTÕES IMPORTANTES
1. Erro de tipo é matéria de direito penal, logo, não reflete na competência.
2. Erro de subsunção: O agente decifra equivocadamente o sentido jurídico do seu
comportamento. Ex: pensa que cheque era documento particular, mas é público. Não
há falsa percepção da realidade e nem desconhece a ilicitude do seu comportamento.
Não exclui dolo nem culpa, nem isenta de pena, é irrelevante para o tipo penal.
Responde pelo crime, mas pode incorrer na atenuante genérica.
Ex2: Cliente adultera comanda deixada pelo garçom, se o seu conceito jurídico de
documento fosse que estes seriam escritos de forma predeterminada, seria erro de
subsunção.
Pode incidir em elementos normativos do tipo, conforme demonstrado acima, mas
também em elementos descritivos, mas é mais raro. Ex: A pensa que dano exige
destruição da coisa e esvazia o pneu do carro de B.
3. Erro determinado por terceiro : Há um erro induzido. Médico que, com intenção de
matar, induz enfermeira a ministrar dose letal do medicamento ao doente. O médico
responderá por homicídio doloso na condição de autor mediato. A enfermeira em
regra não pratica crime, pois é mero instrumento de execução do crime, podendo ser
responsabilizada se agiu com dolo ou culpa.
4. Delito putativo por erro de tipo: O agente quer praticar um crime, mas pratica um fato
atípico sem querer, por estar ausente uma elementar do tipo legal. Ex: Mulher ingere
medicamento abortivo pensando estar grávida, mas não está.
5. Delito putativo por erro de proibição : Também chamado de delito de alucinação ou
erro de proibição ao revés. Este instituto consiste na conduta praticada por um agente
que imagina estar infringindo uma norma de proibição penal, quando na realidade sua
conduta não é proibida pelo direito.
6. Tipo penal de intenção ou de tendência interna transcendente: Caracterizam-se por
propósitos que ultrapassam o tipo objetivo. Há a exigência de uma finalidade
específica Ex: Sequestrar com o fim de...
7. Tipo penal de tendência: Caracterizam-se por uma tendência afetiva do autor que
impregna a ação típica. Agarrar com violência os seios de uma mulher pode configurar
crime sexual (tendência lasciva), injúria (intenção de ofender) ou lesão corporal (dolo
de ferir).
8. Tipo penal de atitude: Caracterizam-se pena existência de estados anímicos que
informam a dimensão subjetiva intensificam ou agravam o crime. Ex: Crueldade,
traição, má-fé.

ATENÇÃO: Embora guardem semelhança, o crime impossível não se confunde com o


denominado delito putativo. Neste o agente pratica uma conduta em que acredita,
erroneamente, ser típica, quando na verdade, é atípica. Já no crime impossível, o crime
buscado pelo agente, como o próprio nome diz, é impossível, quer seja pela impropriedade do
objeto, quer seja pela ineficácia ou inidoneidade do objeto (art. 17, caput, do CP). O emérito
jurista Luiz Régis do Prado denomina o crime impossível de erro de tipo ao inverso, e o crime
putativo de erro de proibição ao inverso (Hans Welzel).

 CRIME COMISSIVO: É uma conduta desvaliosa proibida pelo tipo incriminador. É uma
ação que viola um tipo proibitivo. Ex: Matar alguém

 CRIME OMISSIVO: É a não realização de determinada conduta valiosa a que o agente


estava obrigado juridicamente e que lhe era possível. Viola um tipo mandamental.

→ Nos crimes omissivos não há nexo causal entre a omissão e o resultado, uma vez que do
nada, nada surge. O que determina a ligação entre a conduta omissiva e o resultado é o nexo
estabelecido pela lei (normativo),

Obs.: A norma mandamental pode decorrer:

Do próprio tipo penal, crime omissivo próprio puro: a omissão esta descrita no próprio tipo
penal. Ex: Omissão de Socorro Art. 135 O dever de agir é genérico, atinge a todos. Tem por
fundamento a solidariedade humana entre os membros da sociedade, que gera o dever
jurídico geral de agir.

De cláusula geral, crime omissivo impróprio, impuro ou comissivo por omissão: o agente
responde por crime comissivo (praticado por ação), mas em razão de omissão. Tem por
fundamento a posição de garantidor do bem jurídico atribuída a determinados indivíduos, que
gera um dever jurídico especial de agir. Ex: mãe que não alimenta o filho e o mesmo morre,
responde por Homicídio (doloso ou culposo). O dever não é genérico, é jurídico, decorre de
cláusula geral.

Crítica: Parte da doutrina afirma a inconstitucionalidade dos crimes omissivos impróprios


porque violam o princípio da legalidade (proibição de analogia e indeterminação penal). A lei
não determina quando os resultados de lesão podem ser atribuídos ao garantidor nem quando
a omissão corresponde a um fazer ativo.

Obs.: Crimes ‘omissivos por comissão’: Caso em que alguém estava obrigado a agir, mas é
impedido por terceiro. Assim, por exemplo, o filho que, interessado no recebimento da
herança, impede que o médico salve a vida de seu pai: o médico se omitiu por ação do filho.
Nestes crimes, há nexo causal entre a conduta e o resultado, admitindo-se a tentativa. Note-
se, todavia, haver quem sustente se tratar, na verdade, de crimes propriamente comissivos,
pois a causa efetiva do resultado é a conduta do agente, não a omissão de quem foi impedido
de atuar. Obs.: ADMITE TENTATIVA! Se a mãe deixa de amamentar o filho para que ele morra,
mas terceiro intervém e alimenta o bebê, a mãe responderá por tentativa de homicídio.

É possível:

1) PARTICIPAÇÃO POR OMISSÃO, EM CRIME COMISSIVO (art. 13, parág. 2º, CP). Ocorre
quando o agente podia e devia agir para evitar o resultado, mas se omitiu, aderindo ao crime
de outrem. ex: policial que podia e devia agir, se omite, deixando de evitar um furto.

2) PARTICIPAÇÃO POR AÇÃO, EM CRIME OMISSIVO IMPRÓPRIO. Ocorre quando o agente


induz (participação moral por induzimento) a mãe a matar o próprio filho por inanição (art. 13,
parág. 2º, alínea 'a', CP). 3) PARTICIPAÇÃO POR AÇÃO, EM CRIME OMISSIVO PRÓPRIO. Ocorre
quando o agente induz (participação moral por induzimento) o autor a deixar de prover
alimentos a vítima (art. 244, CP = é crime omissivo próprio/puro)

O dever de agir está acrescido do dever de evitar o resultado, está previsto no Art. 13 §2º

a) Tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância. Ex: Pais para os filhos. Abrange
também o dever contratual. Ex: Guia turístico em relação aos turistas, salva-vidas em relação
aos banhistas. -DEVER LEGAL-

b) De outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado. -GARANTIDOR-

c) Com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. Ex: Sujeito que
atropela um transeunte e não providencia socorro. -INGERÊNCIA-

Obs.: E se o agente desconhece que tem o dever de agir? Incorre em erro mandamental ou
erro de mandado.

1ª corrente: Entende ser erro de tipo. LFG

2ª corrente: Entende ser erro de proibição

Obs.: Crime de CONDUTA MISTA: Tipo penal composto de ação seguida de omissão. Ex:
Apropriação de coisa achada.

→ Os crimes omissivos próprios e impróprios admitem tanto o dolo quanto a culpa. Exemplo
de crime omissivo próprio culposo: art. 13 do Estatuto do Desarmamento;

-Como se define o garantidor?

Critério formal: Considera a lei, o contrato e a ação precedente perigosa. (ADOTADO)

Critério material: Garantia de proteção de pessoa ou bem jurídico determinado ou garantia de


segurança de fontes de perigo determinadas para pessoas indeterminadas.

b) RESULTADO

Da conduta podem advir dois resultados:

NATURALÍSTICO: Modificação no mundo exterior, perceptível pelos sentidos, provocada pelo


comportamento do agente. Não são todos crimes que possuem ou exigem resultado
naturalístico.

a) Crime material: Tem resultado descrito no tipo e é indispensável para a consumação.


b) Crime formal: Tem resultado descrito, mas é dispensável para consumação.
c) Crime de mera conduta: Não tem resultado naturalístico descrito no tipo. Não há nexo
de causalidade.

NORMATIVO OU JURÍDICO: Todos os crimes possuem resultado jurídico ou normativo.

a) Crime de dano: Quando a consumação exige efetiva lesão ao bem jurídico.


b) Crime de perigo: A consumação se contenta com a exposição do bem a situação de
perigo.
b.1) Perigo abstrato: O perigo advindo da conduta é presumido por lei.
b.2) Perigo concreto: O perigo advindo da conduta deve ser comprovado. Deve ser
demonstrado risco para pessoa certa e determinada.
b.3) Perigo abstrato de perigosidade real: O perigo advindo da conduta deve ser
comprovado mas dispensa risco para pessoa certa e determinada.

Obs.: Qual o resultado que integra o crime? Para a maioria, é o naturalístico. Assim, para a
teoria naturalística, há crime sem resultado (formais e mera conduta). Para a teoria jurídica ou
normativa não existe crime sem resultado.

c) NEXO CAUSAL

Relação de causalidade é o vínculo entre conduta e resultado, a relação de produção entre a


causa eficiente e o efeito ocasionado. Busca aferir se o resultado pode ser atribuído
objetivamente ao sujeito ativo.

O artigo 13 caput adotou a teoria da equivalência dos antecedentes causais/teoria da


equivalência das condições/conditio sine qua non. Significa que todo fato sem o qual o
resultado não teria ocorrido, é considerado causa.

Como saber se o fato foi determinando para o resultado? “Teoria da eliminação hipotética dos
antecedentes acusais”, Teoria de Thyrén. Causa é todo fato que, suprimindo mentalmente, o
resultado não teria ocorrido como ocorreu ou no momento em que ocorreu.

Crítica: Do ponto de vista objetivo, há um regresso infinito. A imputação do crime, no entanto,


não regressa ao infinito, pois é indispensável a CAUSALIDADE PSÍQUICA (se o agente agiu com
dolo ou culpa), evitando responsabilidade penal objetiva. A teoria da imputação objetiva foi
criada para evitar o regresso ao infinito, consequência inevitável da teoria da conditio sine qua
non.

Obs.: Atualmente não se devem confundir questões de causalidade com imputação. Causação
do resultado é processo natural e imputação é processo valorativo.

A imputação do resultado, fundada no critério da Realização do Risco, segue os postulados da


Teoria da Elevação do Risco, de Roxin. O art. 13 §1º trata da excludente de imputação do
resultado e não de excludente da relação de causalidade.

 CONCAUSAS: O resultado, não varias vezes, é feito de pluralidade de


comportamentos, entre os quais a conduta do agente aparece como seu principal, mas
não único elemento desencadeante.

As concausas absolutamente independentes conduzem à tentativa, todas excluem o nexo


causal.

Relativamente independente preexistente: Portador de hemofilia que é esfaqueado. O agente


responderá por homicídio se soubesse da doença, se não, responderá por tentativa. Não
exclui o nexo causal.

Relativamente independente concomitante: A atira em B, apesar de errar o alvo, B sofre um


colapso cardíaco devido ao susto e morre. O colapso se origina do disparo. De acordo com a
causalidade simples, deve ser imputado o homicídio consumado para A. Não exclui o nexo
causal.

Relativamente independente superveniente: Aqui se usa o do artigo 13 §1º, que consagra a


Teoria da Causalidade Adequada: A superveniência de causa relativamente independente
exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto,
imputam-se a quem os praticou. Ou seja, considera-se causa a pessoa, fato ou circunstância
que, além de praticar um antecedente indispensável à produção, realize uma atividade
adequada à sua concretização.

Duas espécies:

a) Por si só produziu o resultado : A causa efetiva superveniente não esta na linha de


desdobramento causal normal da conduta concorrente, é imprevisível e sai da linha
da normalidade. Ex: Sujeito que é alvejado, é levado ao hospital e ocorre
desabamento. Responde por tentativa de homicídio.

b) Não por si só produziu o resultado: A causa efetivamente superveniente está na linha


de dobramento causal normal da conduta concorrente. A causa efetiva é um evento
previsível. Ex: Sujeito é alvejado, é levado ao hospital, e morre em decorrência de erro
médico durante a cirurgia. Responde por homicídio consumado. Mesmo caso para
infecção hospitalar, broncopneumonia e omissão no atendimento no hospital.

-TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA DE ROXIN: Visa justamente delimitar a imputação


objetiva, evitando o regresso infinito gerado pela causalidade simples. Além do nexo físico,
necessário se faz o nexo normativo, que abrange critérios normativos.

Requisitos

a) Criação ou incremento de um risco não permitido : Entende-se por risco proibido


aquele não tolerado pela sociedade. Uma sociedade sem risco não é possível, mas,
fabricar um veículo é um risco tolerado pela sociedade, portanto, não é causa do
acidente de veículos.

Obs.: Situações em que o risco é diminuído também não podem ser atribuídas ao autor.
Exemplo em que a pessoa desvia a viga da cabeça para o ombro de outra, ou o bombeiro que
atira uma criança pela janela, ela se machuca, mas não morre incendiada. Há quem sustente
ser Estado de Necessidade, mas Juarez Cirino aduz que uma não se pode presumir como típica
uma conduta que melhora a situação do bem jurídico protegido.

No entanto, o que é risco?

Podem ser consideradas como “risco” aquelas ações que, por meio de uma prognose póstuma
objetiva, geram uma possibilidade de lesão ao bem jurídico.

› Prognose póstuma objetiva ou Prognose objetiva posterior: “o homem prudente, colocado


na situação de autor, teria a possibilidade de prever o resultado?”

Prognose, pois se refere à situação do agente no momento da ação; póstuma, porque será
feita pelo magistrado depois da prática do fato; e objetiva, pois parte do conhecimento de um
homem prudente (homo medius) na mesma hipótese analisada. Em síntese, será perigosa a
ação que, aos olhos de um observador objetivo dotado dos conhecimentos especiais do autor,
situado no momento da prática da ação, gere real possibilidade de dano para um determinado
bem.

b) Realização do risco no resultado: O resultado deve estar na linha de desdobramento


normal da conduta. Deve ser uma extensão natural da conduta empreendida. Se o
resultado é produto exclusivo do erro médico, só pode ser atribuído ao autor desse
risco, respondendo o médico por crime culposo e o atirador por tentativa de
homicídio. Se o resultado é combinação do disparo e da falha médica, responde o
autor do disparo por dolo e o médico por culpa.

c) Resultado se encontra dentro do alcance do tipo: O perigo gerado pelo


comportamento do agente deve ser alcançado pelo tipo, modelo de conduta que não
se destina a impedir todas as contingências do cotidiano. A morte por acidente com a
ambulância não se encontra dentro do alcance do 121, não é objetivo do 121 prevenir
mortes causadas por acidentes de veículos que não estejam sob o domínio direto ou
indireto do autor de um disparo.

Obs.: Ausentes um dos requisitos, não haverá nexo normativo e consequentemente não
haverá causa. Deixa de lado a relação de causalidade puramente material para se valorar a
natureza jurídica. Isto é: se a ação do autor não cria risco do resultado, ou se o risco criado
pelo autor não se realiza no resultado, então o resultado não pode ser imputado ao autor.

→ A imputação do resultado de lesão do bem jurídico é excluída na hipótese de ocorrência de


igual resultado em ação conforme ao dever de cuidado ou ao risco permitido. Ou seja, se a
pessoa age de acordo com o Direito mas mesmo assim ocorre a lesão ao bem jurídico, o
resultado não pode lhe ser imputado.

-TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA - GÜNTER JAKOBS

A teoria de Jakobs se estrutura por conta dos contatos que temos com outras pessoas, sem os
quais não e possível viver em sociedade e mais, apresenta como necessários também ao
convívio em sociedade os contatos anônimos, ou seja, aqueles contatos dos quais você não
sabe com quem ira se relacionar.

Os elementos são:

1) Risco Permitido: É aquele que a sociedade aceita como válido por ter em sua essência a
condição de manter os contatos sociais e, por conseguinte, a vida em sociedade

2) Princípio da Confiança: Se o indivíduo agiu dentro do seu papel, ele confiará que o próximo
também o fará, pois, não é possível que se controle a toda hora e todo momento as ações dos
demais

3) Proibição de Regresso: Aquele que agiu dentro e conforme de seu papel social de nada
poderá ser responsabilizado, mesmo que fosse possível evitar o resultado ilícito, pois, o
resultado poderá ser obtido de outra forma pelo indivíduo de má-fé.

4) Competência ou Capacidade da Vítima: O contato social estabelecido nem sempre é só de


competência do autor, por vezes a vítima também tem responsabilidade no acontecido

Obs.: Direito Penal Quântico: O Direito Penal Quântico consiste no direito penal que não se
contenta com a mera relação de causalidade (relação física de causa e efeito), mas também
com elementos indeterminados, como o chamado nexo normativo e a chamada tipicidade
material, a serem aferidos pelos operadores do direito diante da análise do caso. É a prova de
que o direito penal moderno não se contenta com a mera relação de causa e efeito, pois há
elementos indeterminados que precisam ser observados. Dessa maneira, pode-se conceituar o
Direito Penal Quântico na existência de uma imprecisão no Direito que se afasta da dogmática
penal e se aproxima da política criminal.
-CAUSALIDADE NOS CRIMES OMISSIVOS

A lei prevê e pune a simples inação, bastando o agente não agir. O nexo é estabelecido pela
lei, é nexo normativo. A responsabilidade penal não é naturalística e sim jurídica, derivada da
norma

a) Nos omissivos próprios: A lei prevê e pune a inação na qual estará incurso o agente pelo
simples fato de não ter atuado na forma determinada. Em regra não exige resultado
naturalístico, mas os resultados naturalísticos podem ser majorantes ou qualificadora como
ocorre na omissão de socorro.

b) Nos omissivos impróprios: Possuem resultado material. A lei não tipifica a conduta
omissiva, mas estabelece regras para punir o agente que pratica crime comissivo por omissão.
O agente não causa diretamente o resultado, mas permite que ele ocorra, abstendo-se de agir
quando deveria e poderia fazê-lo. Ex: Mãe deixa de amamentar o filho, que morre.

Obs.: Teoria da Condição Regular: A não realização da ação excludente do resultado constitui
a ligação legal com o resultado, equivalente à causa do resultado.

d) TIPICIDADE

Para a doutrina tradicional, a tipicidade penal é mera tipicidade formal, ou seja, ajuste perfeito
entre fato e norma, subsunção do fato a norma. Para a doutrina moderna a tipicidade
engloba a tipicidade formal e material, a subsunção exige também um juízo de valor,
consistente na relevância da lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado.

Obs.: O princípio da insignificância exclui a tipicidade material. Logo, não haverá tipicidade
penal, não haverá fato típico e não haverá crime.

 TIPICIDADE CONGLOBANTE: Desenvolvida por Eugênio Raul Zaffaroni, sustenta que a


tipicidade penal é a soma entre tipicidade formal e tipicidade conglobante.

TIPICIDADE: Tipicidade formal + Tipicidade Conglobante, que se divide em Tipicidade Material


e antinormatividade (não determinado ou incentivado pelo Direito).

Ex: Oficial de justiça que apreende bens, sua conduta é apoiada pelo Direito. Formalmente,
existe furto (ou roubo) e até mesmo materialmente. Para a doutrina tradicional o fato seria
típico, que não seria crime por excludente de ilicitude (exercício regular do direito). Zaffaroni
é mais prático, a conduta sequer é típica, ante a ausência de tipicidade.

Adotada a teoria da tipicidade conglobante, estrito cumprimento do dever legal e exercício e


exercício regular do direito não são excludentes de ilicitude, mas sim excludentes do próprio
fato típico.

-ESPÉCIES DE TIPICIDADE FORMAL:

a) Adequação típica imediata ou direta: Opera-se uma adequação entre fato e norma penal
sem depender de dispositivo complementar.

b) Adequação típica mediata ou indireta: Opera-se a adequação entre fato norma com o
auxílio de uma norma de extensão. Ex: Tentativa, concurso de pessoas.

-ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO TIPO LEGAL

Objetivos: Conduta, Resultado, Nexo e Tipicidade.


Subjetivos: Dolo e Culpa.

Descritivos: Existem concretamente no mundo e não demandam juízo de valor. Ex:


Matar/Coisa

Normativos: Não se extrai da mera observação, depende de uma interpretação, isto é, requer
que se faça um juízo de valor. Ex: Alheia/Motivo fútil.

-CLÁSSIFICAÇÃO DO TIPO PENAL

TIPO FUNDAMENTAL: estabelece os requisitos essenciais do tipo penal.

TIPO DERIVADO: cria novos limites para as penas. EXEMPLO: latrocínio, que tem um vínculo
com o caput.

TIPO AUTÔNOMO: é o tipo vinculado com outro crime, mas que descreve requisitos típicos
totalmente autônomos. O tipo autônomo tem existência própria. EXEMPLO: o infanticídio,
que possui todas as características dos requisitos típico, não há uma dependência descritiva
em relação a outro dispositivo (homicídio). EXEMPLO2: Associação para o tráfico em
detrimento do 288.

TIPO INCRIMINADOR: é o tipo que incrimina uma conduta.

TIPO PERMISSIVO: é o que prevê uma excludente de antijuridicidade/ilicitude, que é sinônimo


de CAUSA JUSTIFICANTE.

TIPO EXCULPANTE: é o tipo que prevê uma excludente de culpabilidade.

TIPO FECHADO: é o que não exige nenhum juízo de valor. EXEMPLO: homicídio

TIPO ABERTO: exige um juízo de valoração. Crimes culposos, omissivos impróprios e


elementos normativos. A garantia que o cidadão tem de já saber antes de cometer o ato se
aquilo é crime ou não. Essa função é enfraquecida nos tipos abertos, mas subsistem. Se esse
tipo for aberto a ponto de não conseguir se determinar qual o seu sentido ele é
inconstitucional (Aplicação do PRINCÍPIO DA TAXATIVIDADE).

TIPO NORMAL: não contém requisito normativo ou subjetivo.

TIPO ANORMAL: contém requisito normativo ou subjetivo. (Teoria Clássica)

TIPO SIMPLES: descreve uma só conduta, ou seja, ele é uninuclear.

TIPO COMPOSTO ou TIPO DE AÇÃO MÚLTIPLA ou TIPO DE CONTEÚDO VARIADO ou TIPO


PLURINUCLEAR: descreve várias condutas, possui vários verbos.

TIPO COMPLEXO: Com o advento da teoria finalista da ação (Welzel) o dolo e a culpa foram
retirados da culpabilidade e passaram a integrar o fato típico. Com isso, o injusto que sob a
égide da teoria causalista era puramente objetivo, agora passou a ter elementos subjetivos
(volitivos). Isso significa que, quando em um tipo complexo não estiver presente qualquer um
dos dois elementos (objetivo ou subjetivo) o fato será atípico. Em outras palavras: não há fato
típico cuja descrição apresente apenas elementos objetivos, ou apenas elementos subjetivos.
Sendo ainda mais claro, o ordenamento jurídico penal brasileiro não pune a conduta
desprovida de vontade, o que significa dizer que não há responsabilidade penal objetiva no
Brasil (princípio da responsabilidade subjetiva). Também podemos afirmar que não se pune o
agente apenas pela vontade, sem que uma conduta se materialize (Direito Penal do fato que
se contrapõe ao Direito Penal do autor). Obs.: Lembrar do princípio da materialização ou
exteriorização do fato.

Obs.: Não confundir com CRIME COMPLEXO (dois crimes em um – latrocínio, p.ex.)

TIPO CONGRUENTE ou INTRANSCENDENTE ou TIPO CONGRUENTE SIMÉTRICO: é o que NÃO


EXIGE/NÃO TRANSCENDE nenhum requisito subjetivo especial ou transcendental, exige
somente o DOLO, nenhuma outra intenção além do dolo. EXEMPLO: homicídio simples

TIPO INCONGRUENTE, TRANSCENDENTE, ou TIPO CONGRUENTE ASSIMÉTRICO: é o que exige


além do dolo um requisito subjetivo especial ou transcendental. EXEMPLO 01: furto, quando
estabelece o requisito exigido no tipo como um requisito subjetivo especial: “PARA SI OU PARA
OUTREM”. Por isso é que o FURTO DE USO não é figura típica, porque falta o elemento do tipo.
EXEMPLO 02: extorsão conta com o uma finalidade transcendental: “COM O INTUITO DE OBER
PARA SI OU PARAOUTREM INDEVIDA VANTAGEM ENCONÔMICA”.

 ILICITUDE OU ANTIJURIDICIDADE: Conduta típica não justificada, espelhando a relação


de contrariedade entre FATO TÍPICO e ordenamento jurídico como um todo

1ª corrente: É ilicitude, pois a teoria geral do direito, crime constitui um fato jurídico, e a
expressão antijurídico causa contradição.

2ª corrente: Tanto faz, a contradição é meramente aparente. O Código penal utiliza a


expressão ilicitude.

-RELAÇÃO ENTRE TIPICIDADE E ILICITUDE

a) TEORIA DA AUTONOMIA OU ABSOLUTA INDEPENDÊNCIA: Não há qualquer relação,


excluída a ilicitude, o fato permanece típico. VON BELING.

b) TEORIA DA INDICIARIEDADE OU RATIO COGNOSCENDI: A existência de um fato típico gera


uma presunção relativa de ilicitude. Excluída a ilicitude o fato permanece típico. Na prática, o
ônus da prova de excludente da ilicitude é do Réu. MAYER.

c) TEORIA DA ABSOLUTA DEPENDÊNCIA/IDENTIDADE OU RATIO ESSENDI: É criado o tipo total


do injusto. A ilicitude é a essência da tipicidade, numa absoluta relação de dependência. Logo,
não havendo ilicitude, não há sequer fato típico. MEZGER.

d) TEORIA DOS ELEMENTOS NEGATIVOS DO TIPO: O tipo penal é composto de elementos


positivos e negativos (implícitos, que seriam as excludentes de ilicitude). Para o fato ser típico
é preciso que se pratiquem os elementos positivos e não praticar os elementos negativos. Ex:
Matar alguém, desde que não esteja em legitima defesa, estado de necessidade, exercício
regular do direito ou estrito cumprimento do dever legal.

Crime = Tipo de injusto (tipo legal + ilicitude) + Culpabilidade.

Obs.: O CPP, alterado em 2008, estabeleceu que o juiz deve absolver o acusado quando
existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena, ou mesmo se houver
fundada dúvida sobre sua existência. Na dúvida, o juiz deveria condenar, pois o ônus da prova
é da defesa. Agora, em caso de dúvida fundada, o acusado deve ser absolvido.

-CAUSAS EXCLUDENTES DA ILICITUDE (DESCRIMINANTES OU JUSTIFICANTES) O CP traz um rol


exemplificativo, eis que existem excludentes na parte especial, lei especial e supralegal
(consentimento do ofendido).
Obs.: Para Juarez Cirino quando se verifica uma excludente de ilicitude não se tem um fato
atípico, mas sim uma ação típica justificada, não se pode equiparar matar alguém em legítima
defesa a matar um inseto.

Obs.: Justificativa e dirimente penal tem os mesmos conceitos?

Resposta: Não. As justificativas penais são as causas de exclusão da antijuridicidade. Já


dirimente é a circunstância que retira a eficácia de um ato jurídico, ou seja, excludente
subjetiva da criminalidade. Impede a configuração da culpabilidade, em virtude de o agente
não praticar a ação em circunstâncias reprováveis. Distinguem-se das justificativas porque
estas excluem a antijuridicidade. No primeiro há a exclusão da ilicitude, no segundo, há a
ilicitude, mas há inaplicabilidade da pena, por conta da inimputabilidade do agente, ou seja,
elimina a culpabilidade, que é o terceiro elemento do crime.

Teoria das áreas livres ou neutras: Segundo a teoria dominante não existem áreas jurídicas
livres no âmbito das definições legais de crimes porque todo comportamento típico ou é ilícito
ou justificado, mas estudos recentes indicam a possibilidade de uma terceira hipótese: em
conflitos relacionados com situações de perigo comum ou colisão de deveres: Ex: Pai que
somente pode salvar um dos dois filhos que, simultaneamente, estão se afogando, morrendo o
outro.

Fundamento das Excludentes/Justificadoras: As modernas teorias pluralistas identificam o


fundamento das excludentes em certos princípios sociais, por exemplo, na legítima defesa o
princípio da proteção individual ou da afirmação do direito. No Estado de Necessidade, o
princípio da proporcionalidade.

Existem teorias monistas para fundamentar as excludentes: teoria da maior utilidade que
dano, teoria da ponderação do valor, teoria do interesse preponderante.

Obs.: Assim como nas ações típicas, nas ações justificadas também se exige o elemento
subjetivo, qual seja, o conhecimento da situação justificante (Roxin/Greco), alguns autores
entendem também ser necessária a vontade de defesa ou proteção. (Welzel).

-ESTADO DE NECESSIDADE:

Art. 24 Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo
atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou
alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.

Requisitos:

a) PERIGO ATUAL:

Risco presente, real, gerado por fato humano, animal ou natureza. Perigo iminente não
autoriza a descriminante. O perigo não tem destinatário certo.

1ª corrente: Diante do silêncio da lei, o perigo iminente não é autorizado.

2ª corrente: Diante do silêncio, o perigo é autorizado, pois é difícil definir o quando o perigo é
atual ou iminente.

Obs.: O estado de necessidade putativo não exclui a ilicitude.

Obs.: Embora haja divergência, a doutrina majoritária (p/ o CESPE) considera o perigo
iminente como autorizador do estado de necessidade. Como dito a divergência é grande, pois
o perigo iminente é aplicado para a legitima defesa e não para o estado de necessidade, prova
disso é a redação dos arts. 24 e 25 do CP.

Obs.: O perigo pode ser determinado por acontecimentos naturais, fenômenos sociais e
também comportamentos humanos, desde que não constituam agressão injusta da LD.

b) A SITUAÇÃO NÃO PODE TER SIDO CAUSADA VOLUNTARIAMENTE PELO AGENTE :

1ª corrente: Ser causador voluntário é ser causador doloso do perigo. Resumindo, a expressão
que não provocou por sua vontade quer dizer não ter provocado dolosamente a situação de
perigo. Ex: o agente que culposamente causa incêndio em cinema pode matar as pessoas para
se salvar. (Greco, Hungria, Noronha)

2ª corrente: Ser causador voluntário é ser causador doloso ou culposo, pois se transforma em
garantidor. (Mirabete, Cirino)

c) SALVAR DIREITO PRÓPRIO ALHEIO:

1ª corrente: Na salvaguarda de terceiro é dispensável a autorização deste. A vontade do


agente substitui a do terceiro, e na maioria das vezes, nem há tempo para concordância.
FLÁVIO MONTEIRO

2ª corrente: Só é dispensável quando se tratar de bem indisponível. Se disponível, requer a


autorização.

d) INEXISTÊNCIA DE DEVER LEGAL DE ENFRENTAR O PERIGO:

Desde que possível de ser enfrentado, porque o Direito não pode exigir renúncia à vida ou
aceitação de graves lesões à saúde ou o corpo.

§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo

1ª corrente: Entende-se por dever legal apenas o derivado de mandamento legal. Salva vidas
não teria dever, pois é contratual.

2ª corrente: Dever legal abarcar dever jurídico, abrangendo o dever contratual. NUCCI

Obs.: Para Juarez Cirino, os magistrados não estariam justificados a decidir deste ou daquele
modo lesivo ao dever, sob alegação de ameaça de morte, por exemplo.

e) INEVITABILIDADE DO COMPORTAMENTO LESIVO:

O único meio para salvar o direito próprio ou alheio é o comportamento lesivo. A fuga é o
caminho preferido que prevalece sobre a agressão ao bem jurídico.

Obs.: Estado de necessidade defensivo: Sacrifica-se o bem jurídico do próprio causador do


perigo. No agressivo, o bem sacrificado é de terceiro que não criou ou participou da situação
de perigo, existindo obrigação de reparar o dano.

f) INEXIGIBILIDADE DO SACRIFÍCIO DO INTERESSE AMEAÇADO :

Requisito da proporcionalidade. Direito protegido X direito sacrificado.

TEORIA DIFERENCIADORA: Se o bem jurídico sacrificado tiver valor menor ou igual ao bem
salvaguardado, será estado de necessidade justificante (excludente de ilicitude); Se tiver valor
maior que o bem protegido, será estado de necessidade exculpante (excludente de
culpabilidade por inexigibilidade de conduta diversa). O CPM adotou a teoria diferenciadora.

TEORIA UNITÁRIA: Não reconhece o estado exculpante, somente o justificante. Se busca evitar
mal maior, sacrificando direito igual ou de menor valor que o bem protegido, invoca-se a
discrinante. Se o bem jurídico sacrificado for mais valioso, haverá redução de pena. O CP
adotou a teoria unitária.

Obs.: Para Welzel, em se tratando de EN de Vida X Vida, não se admite diferença de


quantidade. Ex: desviar um trem desgovernado da linha principal, evitando a morte de muitos,
para uma linha secundária, causando a morte de poucos.

g) CONHECIMENTO DA SITUAÇÃO DE FATO JUSTIFICANTE:

É requisito subjetivo, o agente tem que saber que esta salvando direito próprio ou alheio.

Obs.: Requisitos furto famélico: Fato praticado para mitigar a fome, único e derradeiro
recurso, subtração de coisa que mate a fome e insuficiência de recursos.

Obs.: É possível estado de necessidade contra estado de necessidade.

Obs.: Não se admite estado de necessidade nos crimes habituais e permanentes.

› Qual a diferença de estado de necessidade defensivo e agressivo? No defensivo a conduta


ou ação do agente é direcionada à fonte do perigo, enquanto que o agressivo ocorre quando é
atingido terceiro que não é fonte de perigo.

Cláusula de razoabilidade: § 2º Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito


ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços.

-LEGÍTIMA DEFESA: A legítima defesa é o direito de proteção individual enraizado na


consciência jurídica do povo, explicada por dois princípios: princípio da proteção individual
para defesa de bens e interesses e o princípio social da afirmação do direito em defesa da
preservação da ordem jurídica.

Art. 25 CP Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios


necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.

Requisitos:

a) AGRESSÃO INJUSTA:

Conduta humana contrária ao direito que ataca ou coloca em perigo bens jurídicos de alguém.
Não significa necessariamente fato típico, exemplo, reagir diante de furto de uso. Inimputáveis
podem cometer agressões injustas

Dolosa ou culposa?

1ª corrente: A conduta humana pode ser dolosa ou culposa. LFG

2ª corrente: Deve haver destinatário certo, senão não configura LD. SANCHES

Obs.: O agente pode combater a injusta agressão, não se exige a fuga do local.

Obs.: Para Roxin, não se deve conceder a ninguém um direito ilimitado de legitima defesa face
à agressão de um inimputável, mas apenas naquelas em que a reação, o combate é inevitável.
Trata-se de uma limitação ético-social da legítima defesa. Ex: Não pode agredir uma criança
que tenta agredir com um bastão.

Obs.: Legitima defesa real o ataque existe efetivamente existe, exclui a ilicitude. Na legitima
defesa putativa, o ataque é fantasiado e não exclui a ilicitude, mas sim a culpabilidade, por
inexigibilidade de conduta diversa (se inevitável).

Obs.: Defender-se de ataque de animal não provocado é EN. Se foi provocado pelo dono ou
alguém é LD.

Obs.: Coexistência entre estado de necessidade e legítima defesa – é perfeitamente possível:


“A”, para defender-se legitimamente de “B”, quebra um vidro (crime de dano praticado em
estado de necessidade) para pegar uma arma e defender-se.

b) ATUAL OU IMINENTE:

Não se admite LD contra agressão passada (vingança) ou futura (mera suposição). Atual esta
ocorrendo e iminente esta prestes a ocorrer. Se for futura e certa a reação é considerada
legítima defesa antecipada, exclui a culpabilidade por inexigibilidade de conduta diversa. Ex:
Sujeito que é ameaçado por Fernandinho Beira-Mar, que ao saber que o mesmo adquire uma
arma, o mata.

Obs.: O que se entende por agressão iminente?

TEORIA DO COMEÇO DA TENTATIVA - JAKOBS: Pressupõe a maior proximidade possível da


consumação – o que pode tornar a defesa ineficaz (muito tarde) ou a eficácia da defesa por
implicar lesões mais graves do agressor.

TEORIA DA FASE PREPARATÓRIA – SCHMIDHÄUSER: Apresenta problemas na direção


contrária, porque uma agressão anunciada para o dia seguinte pode estar em fase
preparatória, mas não é iminente e nem constitui agressão.

ROXIN: Iminência é o momento final da preparação, que integra o critério da defesa eficaz,
inseparável do conceito de legitima defesa. Ex: a aproximação do agressor com um porrete na
Mao para agredir ou o movimento da Mao do agressor em direção a arma.

Obs.: É possível que haja a agressão injusta por omissão, por exemplo, mãe que se recusa a
amamentar o filho, será possível agir em legítima defesa da criança e obrigar a mãe a
amamentá-la.

c) USO MODERADO DOS MEIOS NECESSÁRIOS:

É o meio menos lesivo à disposição do agredido no momento da agressão, porém, capaz de


repelir o ataque com eficiência. Não se exige proporcionalidade entre meios de defesa e
meios de agressão, pode-se esfaquear um lutador profissional, por exemplo.

d) PROTEÇÃO DO DIREITO PRÓPRIO OU DE OUTREM:

Se for próprio é LD própria se for alheio é LD de terceiro.

Obs.: Para Juarez Cirino, a legítima defesa de outrem depende da vontade de defesa do
agredido, em atenção ao princípio da proteção individual, o agredido pode ser contra arma de
fogo ou temer represálias, por exemplo. Mas a vontade presumida do agredido já é suficiente.

e) CONHECIMENTO DA SITUAÇÃO DE FATO JUSTIFICANTE: Requisito subjetivo.


Obs.: É admitido erro na execução durante a legítima defesa, seria como se fosse praticada
contra o real agressor, não descaracterizando a LD.

Obs.: Impossível LD simultâneas. Porém, é possível a LD sucessiva, caso em que o agressor se


vê obrigado a se defender do excesso dos meios defensivos utilizados pelo agredido.

Obs.: Não se admite LD contra EN, pois no EN a agressão não é injusta.

Obs.: É possível a LD contra LD putativa.

Obs.: LD subjetiva: Após o termino da agressão, o agente por erro justificável, supõe persistir
e acaba por exceder em sua reação, excesso exculpável. Trata-se de causa supralegal de
inexigibilidade de conduta diversa, que exclui, portanto, a culpabilidade.

Obs.: O excesso intensivo (meio desnecessário) ou extensivo (imoderado), bem como a


legítima defesa putativa não configuram situações de justificação, mas hipóteses de
exculpação legal (dirimente – exclusão da culpabilidade) ou de erro de tipo permissivo.

-ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL Não tem dispositivo próprio tratando de seus
requisitos. O agente público no desempenho de suas atividades, não raras vezes é obrigado
por lei (sentido amplo) a violar um bem jurídico. O agente deve ter conhecimento que pratica
a ação em ECDL.

Obs.: MIRABETE entende ser exclusivo de agente público, a maioria discorda. Ex: o advogado
processado por falso testemunho porque se recusou a depor sobre fatos envolvendo segredo
profissional pode invocar o ECDL.

Obs.: Adotada a Tipicidade Conglobante, a conduta do agente público sequer é típica, já que
seu ato decorre de determinação legal, portanto, ato normativo.

Obs.: Descriminante penal em branco.

-EXERCÍCIO REGULAR DE UM DIREITO “Onde existe o direito não há crime”. Compreende


condutas do cidadão comum autorizadas pela existência de direito definido em lei. A exemplo
da prática de determinados esportes, porque o Estado incentiva a prática esportiva. Ou o
possuidor de boa-fé que retém coisa alheia para ressarcir-se das benfeitorias necessárias e
úteis não pagas.

Requisitos: Proporcionalidade, indispensabilidade e o conhecimento do agente.

Obs.: Descriminante penal em branco.

Obs.: Ofendículos: Aparato preordenado para a defesa do patrimônio. Animal pode ser
considerado ofendículo.

1ª corrente: LD

2ª corrente: ERD

3ª corrente: Quando não utilizado é ERD, ao ser ativado, é LD

4ª corrente: Se visível é ERD, se oculta é LD quando acionado.

-CONSENTIMENTO DO OFENDIDO É causa supralegal de exclusão de ilicitude.

Requisitos:
a) O dissentimento não pode integrar o tipo penal : Não pode ser elementar do tipo, pois
seria fato atípico. Ex: Mulher que consente transar, não pode ser estupro.

b) Ofendido deve ser capaz de consentir.

c) Consentimento válido: Consentimento livre e consciente, livre de coação.

d) O bem deve ser disponível.

e) Bem próprio: Não se pode consentir na lesão de bem jurídico alheio.

f) Deve ser expresso.

g) Consentimento prévio ou simultâneo: O posterior não exclui a ilicitude, podendo


caracterizar renuncia ou perdão nos crimes de ação privada.

h) Ciência da situação de fato que autoriza a justificante.

Obs.: Doutrina moderna vislumbra que o bem pode ser disponível, desde que não contrarie a
moral e os bons costumes. A doutrina tradicional entende ser possível somente para bem
indisponível.

Obs.: O consentimento do ofendido, a depender da construção do tipo incriminador diante do


qual analisado, pode apresentar-se como:

a) causa de exclusão da tipicidade: se o tipo penal exige o dissenso da vítima enquanto um dos
requisitos objetivos formais necessários à completude da figura incriminadora, é claro que o
válido consentimento do ofendido exclui a tipicidade. Exemplo: crimes de violação de domicílio
— artigo 150 do Código Penal (se alguém permite ou tolera que terceiro ingresse em sua casa,
ausente estará a tipicidade da conduta) e estupro — artigo 213 do Código Penal (se a mulher
consente na relação sexual, inexiste tipicidade);

b) causa supra-legal de exclusão da ilicitude: o consentimento do ofendido, fora essas


hipóteses em que o dissenso da vítima constitui requisito da figura típica, pode excluir a
ilicitude, se praticado em situação justificante. Exemplo: aquele que realiza tatuagens no corpo
de terceiros pratica conduta típica de lesões corporais (art. 129 do CP), muito embora lícita, se
verificado o consentimento do ofendido; aquele que inutiliza coisa de terceiro, ainda que a
pedido deste, pratica conduta típica de dano (art. 163 do CP), muito embora lícita, se presente
o consentimento da vítima.

-DESCRIMINANTES PUTATIVAS: Causa excludente da ilicitude imaginária. Ela de fato não


existe. Não deixa de ser um erro, mas de tipo ou proibição?

Situação 1) O agente supõe agir sobre o manto de uma justificante em razão de erro quanto à
sua EXISTÊNCIA ou seus LIMITES. Ex: Fulano que toma um tapa e acredita poder dar um tiro
no seu agressor. Fulano que acredita poder agredir a esposa que o trai em defesa de sua
honra. Deve ser equiparado a erro de proibição (ERRO DE PROIBIÇÃO INDIRETO OU ERRO DE
PERMISSÃO).

Situação 2) O agente engana-se quando aos pressupostos fáticos do evento. Ex: Fulano se
depara com pessoa sacando objeto de seu bolso e o mata pensando que era uma arma, mas
era celular. Deve ser equiparado a erro de tipo. Ele imaginou uma situação que nunca existiu.
(ERRO DE TIPO PERMISSIV O).

TEORIA EXTREMADA OU RIGOROSA OU ESTRITA DA CULPABILIDADE: Todas as situações


devem ser tratadas como erro de proibição.

TEORIA LIMITADA DA CULPABILIDADE: A descriminante putativa quando aos pressupostos


fáticos deve ser tratada como erro de tipo, as demais, como erro de proibição. A exposição de
motivos dispõe expressamente que foi adotada a teoria limitada da culpabilidade. (Item 19)

 CULPABILIDADE

Culpabilidade é o juízo de censura, o juízo de reprovabilidade que incide sobre a formação e a


exteriorização da vontade do responsável por um fato típico e ilícito, com o propósito de aferir
a necessidade de imposição de pena.

Conceitua-se a culpabilidade como o juízo de reprovação que recai na conduta típica e ilícita
que o agente se propõe a realizar. Trata-se de um juízo relativo à necessidade de aplicação da
sanção penal.

-TEORIAS DA CULPABILIDADE

a) TEORIA PSICOLÓGICA: Fruto do Causalismo de Von Liszt. A culpabilidade era puramente


psicológica. Culpabilidade é a relação psíquica entre o autor e o resultado, na forma de dolo
ou culpa. Dolo e Culpa seriam os elementos psicológico-volitivos da culpabilidade. Dentro da
culpabilidade só havia o dolo e a culpa.

A culpabilidade, que tem como pressuposto a imputabilidade, é definida como o vínculo


psicológico entre o sujeito e o fato típico e ilícito por ele praticado . Esse vínculo pode ser
representado tanto pelo dolo como pela culpa.

O dolo é normativo, ou seja, guarda em seu interior a consciência ATUAL da ilicitude.

Na prática, se um motorista exemplar atropela um suicida, o fato seria um fato típico e ilícito,
somente não se pune porque faltaria dolo e culpa.

b) TEORIA PSICOLÓGICA NORMATIVA: Ainda na seara do Causalismo, mas influenciada pelo


Neokantismo. Normativo diz respeito à valoração. Além dos elementos psicológicos
(dolo/culpa) surge a exigibilidade de conduta diversa. Dentro da culpabilidade, portanto,
estão dolo/culpa, IM e ECD.

A imputabilidade deixa de ser pressuposto da culpabilidade, para funcionar como seu


elemento.

O dolo permanece normativo: aloja em seu bojo a consciência atual da ilicitude, isto é, o
conhecimento acerca do caráter ilícito do fato.
c) TEORIA NORMATIVA PURA, EXTREMA OU ESTRITA: Rompe com o Causalismo, é da doutrina
Finalista. Migra-se o dolo e a culpa para o Fato Típico, mais precisamente na conduta. Dentro
da culpabilidade, portanto, só ficam elementos normativos, a imputabilidade, a ECD e a
potencial consciência da ilicitude. Para as teorias psicológicas, a consciência da ilicitude
integrava o dolo, era a vontade de praticar a conduta sabendo que ela ilícita. Outra coisa é
saber se a conduta ilícita, que é a potencial consciência da ilicitude.

A culpabilidade se transforma em um simples juízo de reprovabilidade que incide sobre o


autor de um fato típico e ilícito.

O dolo passa a ser natural, isto é, sem a consciência atual da ilicitude. Com efeito, o dolo é
levado para a conduta, deixando a consciência da ilicitude na culpabilidade. Aquele vai para o
fato típico, esta permanece onde estava.

Além disso, a consciência da ilicitude, que no sistema clássico era atual, isto é, deveria estar
efetivamente presente no caso concreto, passa a ser potencial, ou seja, bastava tivesse o
agente, na situação real, a possibilidade de conhecer o caráter ilícito do fato praticado, com
base em um juízo comum.

Na prática, se um motorista exemplar atropela um suicida, o fato sequer é típico, porque não
havendo dolo nem culpa, não há conduta.

d) TEORIA LIMITADA DA CULPABILIDADE: Na teoria limitada, a culpabilidade é composta pelos


mesmos elementos que integram a teoria normativa pura: (1) imputabilidade, (2) potencial
consciência da ilicitude e (3) exigibilidade de conduta diversa.

Cuida-se, portanto, de uma variante da teoria normativa pura. Porém, a distinção entre tais
teorias repousa unicamente no tratamento dispensado às descriminantes putativas.

-ELEMENTOS DA CULPABILIDADE

a) IMPUTABILIDADE: Imputar é atribuir. Seria, portanto, a possibilidade de atribuir a


responsabilidade penal a alguém. Imputável é aquele a quem é possível atribuir-lhe a
responsabilidade penal. Esta é a regra, que é excepcionada por menoridade, doença mental
ou embriaguez completa decorrente de caso fortuito ou força maior.
Obs.: E a questão do índio não integrado (silvícola)? Segundo o STF, o índio é imputável como
qualquer cidadão. Ele pode, contudo, não ser punido, por ausência da potencial consciência
da ilicitude, caso em que mata um recém nascido seguindo as suas tradições.

1. Menoridade: Adotado o critério biológico, onde o desenvolvimento mental do agente é


presumidamente incompleto de forma absoluta. Menoridade é cláusula pétrea, portanto, a
divergência existe no sentido de ser ou não abolir em caso de diminuição. Entende-se que
poderia haver a redução desde que não atingisse seu núcleo essencial.

Menor não pratica crime e sim ato infracional análogo a tal crime.

2. Doença mental: Adotado o critério biopsicológico, quando ao tempo da conduta ele era
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato, em razão da doença mental. Semi-
imputável possui parcial culpabilidade, por isso que é condenado, porém com pena diminuída
O inimputável é absolvido, mas submetido à medida de segurança, chamada absolvição
imprópria, que possui natureza jurídica de sentença condenatória.

Obs.: A absolvição imprópria gera reincidência? Para a maioria da doutrina não, porque a lei
diz pena e condenação, mas para Frederico marques sim.

Sistema duplo binário: Pena E Medida de Segurança.

Sistema vicariante: Pena OU Medida de Segurança.

O sistema adotado entre nós é o vicariante. Podemos concluir que o sistema de sanções penais
pode ser resumido da seguinte forma:

* Imputáveis: pena;

* Inimputáveis: medida de segurança;

* Semi-imputáveis: pena ou medida de segurança

Obs.: Inteiramente Incapaz = Isento de pena

3. Embriaguez: Não é somente alcoólica, qualquer substancia que altere a capacidade


psicomotora do agente. Teoria da ação livre na causa, actio libera in causa: o livre arbítrio do
agente é analisado na origem, no momento em que se embriaga, e não no momento da
conduta criminosa.

Pré-ordenada: o agente ingere para se embriagar e praticar o crime. Agravante.

Voluntária: O agente quer ingerir e quer se embriagar, mas não quer cometer crime.

Culposa: O agente quer ingerir, mas não quer se embriagar.

Fortuita: Ele não quer ingerir a substância. Exclui a culpabilidade se COMPLETA. Se parcial
enseja condenação com diminuição de pena.

Patológica: Doença, que no caso concreto pode ser tratada como anomalia psíquica, podendo
excluir a culpabilidade ou diminuir a pena. O viciado é doente mental, mesmo sem estar no
efeito do álcool ou droga, pode ter a culpabilidade afastada.

→ Importante distinção deve ser feita. A embriaguez preordenada é tida como teoria actio
libera in causa, ou seja, o ato transitório é revestido de dolo ao passo que o ato posterior é
revestido de inconsciência. Em outras palavras: "vou beber para praticar o crime, porque de
outro modo não tenho coragem". A embriaguez voluntária não se confunde em hipótese
alguma com a preordenada, pois a voluntária o agente não bebe como fator desinibitório para
empreitada criminosa, seu ato transitório não é revestido de dolo (consciência e vontade).

Obs.: A emoção e a paixão não excluem a culpabilidade, exceto no caso em que se tornem
doenças mentais.

b) EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA: É anterior mesmo a teoria normativa pura. Exige-se


que nas circunstâncias o agente tivesse a possibilidade de atuar de acordo com o
ordenamento jurídico. Hipóteses de inexigibilidade de conduta diversa

1. Coação moral irresistível: Exclui a culpabilidade, enquanto na coação física exclui-se a


conduta, porque sequer há vontade.

Obs.: Quando a coação é para cometer crime o coator responde pelo crime cometido pelo
coato em concurso formal com o crime de tortura, decorrente do constrangimento a que foi
submetido o coagido.

3. Obediência hierárquica: Pressupõe serviço público e a ordem do superior deve ser não
manifestamente ilegal. Porque se for manifestamente ilegal, não excluirá a
culpabilidade. Se for manifestamente ilegal, exclui a culpabilidade do agente inferior,
responsabilizando-se o superior. Deve ser no caso concreto e individualizado, não um
ato genérico e abstrato.

Obs.: Mãe que não pode deixar de trabalhar e deixa as crianças sozinhas em casa age com
inexigibilidade de conduta diversa.

d) POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICUTIDE : Possibilidade que o agente imputável tem de


compreender a reprovabilidade da sua conduta. É excluída pelo erro de proibição
inevitável, invencível ou escusável, a exemplo dos índios isolados (silvícolas).

-CAUSAS SUPRALEGAIS DE EXCLUSÃO DE CULPABILIDADE

a) Desobediência civil: Estará isento de pena aquele que, por motivo de consciência ou crença,
praticar algum fato previsto como crime, desde que não viole direitos fundamentais
individuais. Exemplo: cita-se o caso do pai, testemunha de Jeová, que não permite a transfusão
de sangue no filho.

b) Cláusula de consciência: A desobediência civil representa atos de insubordinação que têm


por finalidade transformar a ordem estabelecida, demonstrando a sua injustiça e necessidade
de mudança. Exige-se para o reconhecimento desta dirimente: (A) que a desobediência esteja
fundada na proteção de direitos fundamentais; (B) que o dano causado não seja relevante.
Exemplo: Ocupação de prédio público.

-ERRO DE PROIBIÇÃO: É a causa excludente (dirimente) da potencial consciência da ilicitude.


Trata-se de erro quanto à ilicitude do fato.

Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável,


isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço

Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência
da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência.

Obs.: Na ocorrência de erro de proibição é obrigatória a redução de pena.


Direto: O agente se equivoca quanto ao conteúdo de uma norma proibitiva, ou porque ignora
a existência do tipo incriminador ou porque não conhece completamente seu conteúdo, ou
ainda, porque não entende seu âmbito de incidência.

Indireto: O agente sabe que a conduta é típica, mas supõe presente uma norma permissiva.
Ora supondo existir causa excludente de ilicitude, ora supondo estar agindo nos limites das
descriminantes.

- ERRO DE COMPREENSÃO CULTURALMENTE CONDICIONADO:

Além do erro que afeta a ilicitude há o erro que afeta a compreensão da ilicitude, e ambos
resultam no erro de proibição. Compreensão é diferente de conhecimento. O conhecimento é
pressuposto da compreensão, mas não pode haver compreensão sem conhecimento. Se a não
compreensão da norma, a não internalização de seu valor, se dá em razão do conhecimento
cultural do agente, está-se diante de um erro de compreensão culturalmente condicionado.
São exemplos correntes na doutrina, o do esquimó por nós visitado, que nos oferece a mulher
perfumada de urina, que não aceitamos por ser extremamente árduo internalizar a regra de
conduta que evite a injúria que lhe fazemos e; o do indígena de uma comunidade que tem
seus próprios ritos para funerais e violar as nossas regulamentações sobre inumações, sendo
muito duro exigir-lhe que abandone suas regras para acolher as nossas e reprovar-lhe porque
não o tenha feito. Portanto, o erro de compreensão culturalmente condicionado se apresenta
na situação em que o agente, mesmo conhecendo a ilicitude do fato, não a compreende,
porque não internalizou os valores contidos na norma que o rege. E, não internaliza estes
valores porque desconhecidos ou incompatíveis com aqueles pertencentes à sua cultura.

O Código Penal do Peru trata dessa hipótese sob o título de erro de compreensão
culturalmente condicionado:

Artigo 15 Erro de compreensão culturalmente condicionado

Quem, que por sua cultura ou costumes, comete um fato punível sem poder compreender o
caráter delituoso de seu ato ou determinar-se de acordo com essa compreensão, é isento de
responsabilidade penal. Quando, por igual razão, essa possibilidade tiver diminuído, a pena
será atenuada.

 ITER CRIMINIS. É o conjunto de fases que sucedem cronologicamente no


desenvolvimento do delito.

1. COGITAÇÃO: É a ideação do crime. Sempre impunível, desdobramento lógico do


princípio da materialização do fato. Cogitação não implica necessariamente em
premeditação.

2. ATOS PREPARATÓRIOS OU CONATUS REMOTUS: O agente procura criar condições


para a realização da conduta realizada. Em regra são impuníveis, contudo,
excepcionalmente punem-se alguns atos preparatórios. Ex: 288 CP

3. EXECUÇÃO: Maneira pela qual o agente atua exteriormente para realizar o crime
idealizado.

Obs.: Como se distinguir ato preparatório de execução?

TEORIA SUBJETIVA: Quando o agente exterioriza a vontade de praticar a infração.


TEORIA OBJETIVO-FORMAL – (Von Liszt, Frederico Marques e outros) - Ato executório é o que
inicia o “núcleo do tipo” . Exige-se que o agente tenha realizado pelo menos uma parte da
conduta típica, ingressando no núcleo do tipo. Nessa teoria inicia-se a execução do homicídio
quando o agente começa a matar, do furto quando começa a subtrair e assim por diante.

TEORIA DA HOSTILIDADE AO BEM JURÍDICO – (Mayer, Nelson Hungria e outros) - Atos


executórios são aqueles que atacam o bem jurídico, criando uma situação concreta de perigo.
Tem de existir o perigo efetivo sofrido pelo bem jurídico.

TEORIA OBJETIVO-INDIVIDUAL/MATERIAL – (Wezel, Zalforoni, Pierangelli e outros/STJ) - Atos


executórios são aqueles que de acordo com o plano do agente, realizam-se no período
imediatamente anterior ao começo da execução da ação típica.

Nenhuma dessas teorias resolve integralmente essa questão. É necessário conjugá-los para se
obter maiores subsídios para a identificação da idoneidade do ato executório. O critério
material é muito vago, ele que analisa a questão sob o prisma do perigo ao bem jurídico, não
fixa o momento em que se dá o ataque ao bem jurídico. O critério objetivo formal identifica o
exato instante do perigo ao bem jurídico, usando como referencial o “ núcleo do tipo” “.
Entretanto essa teoria peca no exagero de aguardar a execução da ação típica para só então
atribuir ao ato o caráter executório”.

A teoria objetiva individual faz distinção entre o início da execução do crime e o início da
execução da ação típica. Este coincide com o começo da realização do “núcleo do tipo” ao
passo que o início da execução do crime, abarca aqueles atos que conforme o plano do autor
são imediatamente anteriores ao começo da execução da ação típica. Essa teoria também é
alvo de críticas, pois sua aplicação depende da descoberta do plano do autor, tarefa às vezes
muito complexa.

O correto seria conjugar todos esses critérios indagando-se ainda quanto à eficiência causal do
ato praticado em relação ao fim colimado pelo agente. Persistindo a dúvida sobre o ato sem
preparatório ou executório, o magistrado deve considerá-lo preparatório.

4. CONSUMAÇÃO: Considera-se o crime consumado quando nele se reúnem todos os


elementos de sua definição legal. Crime consumado não se confunde com exaurido
(esgotado penalmente). Exaurimento é posterior ao Iter criminis, em determinados
casos pode configurar causa de aumento de pena. Ex: Omitir o ato em caso de
corrupção passiva. Pode configurar também crime autônomo, a exemplo do sequestro
com atos libidinosos.

 TENTATIVA / CRIME MANCO: Hipótese de adequação típica mediata onde o crime não se
consuma por circunstâncias alheias a vontade do agente. Norma de extensão temporal que
amplia a proibição para alcançar fatos humanos realizados de forma incompleta.

Obs.: Tentativa não é crime autônomo, eis que não possui pena autônoma. É forma
incompleta de violação da mesma norma de execução completa.

Elementos do crime tentado: Início da execução, não consumação por circunstâncias alheias a
vontade do agente, dolo de consumação, resultado possível.

-TEORIAS DA TENTATIVA

1.ª) Teoria subjetiva, voluntarística ou monista: Ocupa-se exclusivamente da vontade


criminosa, que pode se revelar tanto na fase dos atos preparatórios como também durante a
execução. O sujeito é punido por sua intenção, pois o que importa é o desvalor da ação,
sendo irrelevante o desvalor do resultado.

2.ª) Teoria sintomática: Idealizada pela Escola Positiva de Ferri, Lombroso e Garofalo, sustenta
a punição em razão da periculosidade subjetiva, isto é, do perigo revelado pelo agente.
Possibilita a punição de atos preparatórios, pois a mera manifestação de periculosidade já
pode ser enquadrada como tentativa, em consonância com a finalidade preventiva da pena.

3.ª) TEORIA OBJETIVA, REALÍSTICA OU DUALISTA: A tentativa é punida em face do perigo


proporcionado ao bem jurídico tutelado pela lei penal. Sopesam-se o desvalor da ação e o
desvalor do resultado: a tentativa deve receber punição inferior à do crime consumado, pois
o bem jurídico não foi atingido integralmente.

4.ª) Teoria da impressão ou objetivo-subjetiva: Representa um limite à teoria subjetiva,


evitando o alcance desordenado dos atos preparatórios. A punibilidade da tentativa só é
admissível quando a atuação da vontade ilícita do agente seja adequada para comover a
confiança na vigência do ordenamento normativo e o sentimento de segurança jurídica dos
que tenham conhecimento da conduta criminosa.

Obs.: Exceção a teoria objetiva são os crimes de atentados ou de empreendimento, são os que
se punem a tentativa com a mesma pena da consumação. Ex: 352 Evasão mediante violência
contra a pessoa ou Votar ou tentar votar mais de uma vez em lugar de outrem.

Obs.: Qual crime que só se pune a tentativa? Sendo a consumação fato atípico? Tentar
desmembrar parte do território nacional para constituir país independente.

Tentativa Imperfeita/Inacabada: O agente é impedido de prosseguir, deixando de praticar os


atos executórios a sua disposição.

Tentativa perfeita, acabada, CRIME FALHO: Apesar de o agente praticar todos os atos
executórios, não consuma o crime por circunstâncias alheias à sua vontade.

Tentativa FALHA: É a interrupção dos atos executórios por falha interna do agente, que
acredita não poder prosseguir, quando, em verdade, poderia. Ex.: o autor da subtração,
ouvindo o barulho da sirene de uma ambulância, acredita tratar-se da polícia, largando o furto
em andamento.

Tentativa incruenta ou branca: O golpe não atinge o corpo da vítima.

Tentativa cruenta vermelha: O golpe atinge o corpo da vítima.

Tentativa idônea: O resultado era possível de ser alcançado.

TENTATIVA INIDÔNEA/CRIME IMPOSSÍVEL/CRIME OCO/QUASE CRIME: O resultado era


absolutamente impossível. (Exclui a TIPICIDADE)

Tentativa supersticiosa ou irreal: A tentativa supersticiosa é também denominada tentativa


irreal e ocorre quando o agente acredita poder atacar um bem jurídico com a utilização de
métodos que jamais o levariam ao resultado pretendido e, assim, em nenhum momento o
bem jurídico chega sequer a correr perigo de lesão. Ocorreria, por exemplo, numa hipótese em
que o agente desejasse matar alguém através de trabalhos espirituais.

-CRIMES QUE NÃO PERMITEM A TENTATIVA

Culposos – Porque não existe dolo de consumação, Admite0-se na Culpa Imprópria


Contravenções – A lei diz que não é punível. Art. 4º LCP
Condicionados – O resultado descrito no tipo é condição objetiva de punibilidade. (122)
Habituais – Se houve reiteração da conduta, não tem espaço pra tentativa.
Omissivos próprios (o próprio tipo penal prevê a conduta omissiva - 135)
Unissubsistentes (impossível fracionar a execução) 138, 134 (praticados verbalmente)
Preterdolosos – Porque não existe dolo de consumação quanto ao resultado que agrava.
Empreendimento ou atentado – Nestes a tentativa faz parte do tipo penal 352 CP
Mera conduta – Porque não existe Iter Criminis. Exceção é a invasão a domicílio que admite na
modalidade entrar.

Obs.: Tentativa é possível no dolo eventual, pois existe vontade.

Quando se inicia a tentativa no crime omissivo impróprio?

-TENTATIVA QUALIFICADA OU ABANDONADA: Desistência voluntária ou arrependimento


eficaz.
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução(Desistência
voluntária) ou impede que o resultado se produza(Arrependimento Eficaz), só responde pelos
atos já praticados

Obs.: Liszt atribuiu a nomenclatura de ponte de ouro, eis que conduz o agente ao campo da
licitude. O arrependimento posterior é conhecido como ponte de prata, pois não possui um
benefício tão grande quanto a ponte de ouro, mas reduz a pena. (ponte de diamante = delação
premiada).

Obs.: O artigo 14 é norma de extensão e o artigo 15 é causa de extinção da tipicidade, mas há


doutrina no sentido de que extingue punibilidade da tentativa, respondendo o agente pelos
atos já praticados.

Obs.: Arrependimento eficaz = RESIPISCÊNCIA. Deve ser voluntário (e não necessariamente


espontâneo) e eficaz.

Obs.: Não é compatível com crimes culposos, salvo na culpa imprópria. O motivo é simples:
nessa modalidade de delito o resultado naturalístico é involuntário, não sendo lógico imaginar,
portanto, um resultado que o agente desejava produzir para, em seguida, abandonar a
execução que a ele conduziria ou impedir a sua produção.

Obs.: Se em qualquer caso de "tentativa abandonada" o resultado se consumar, não há que se


falar em desistência voluntária ou arrependimento eficaz.

→ Na desistência voluntária o que ocorre é a desistência no prosseguimento dos atos


executórios do crime, feita de modo voluntário, respondendo o agente somente pelo que
praticou. No arrependimento eficaz a desistência ocorre entre o término dos atos executórios
e a consumação. O agente, neste caso, já fez tudo o que podia para atingir o resultado, mas
resolve interferir para evitar a sua concretização.

É possível a comunicabilidade?

A doutrina não é unânime, dividindo-se em duas correntes:


1.ª corrente: Heleno Cláudio Fragoso e Costa e Silva, sustentando o caráter subjetivo dos
institutos, defendem a manutenção da responsabilidade do partícipe no tocante à tentativa
abandonada pelo autor.
2.ª corrente: Nélson Hungria apregoa o caráter misto – objetivo e subjetivo – da desistência
voluntária e do arrependimento eficaz, com a consequente aplicação da regra prevista no art.
30 do Código Penal, excluindo a responsabilidade penal do partícipe.

Essa última posição é dominante, pois a conduta do partícipe é acessória, dependendo sua
punição da prática de um crime, consumado ou tentado, pelo autor, responsável pela conduta
principal. E se este não comete nenhum crime, impossível a punição do partícipe.

Obs.: Q152093 CESPE considerando que não comunica.

 ARREPENDIMENTO POSTERIOR

Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à PESSOA, reparado o dano ou
restituída a coisa, até o RECEBIMENTO da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do
agente, a pena será reduzida de um a dois terços.

Obs.: Violência contra a coisa não obsta o reconhecimento do arrependimento posterior.

Obs.: De acordo com a maioria, crimes culposos ainda que violentos, admitem a incidência.

Obs.: De acordo com a maioria, a violência imprópria não impede o benefício. Roubo com
emprego de sonífero.

Obs.: Critérios para redução: celeridade e voluntariedade.

Obs.: A reparação ou restituição deve ser integral. Se parcial, somente se a vítima concordar.

Obs.: A recusa da vítima não impede o benefício, não há tal exigência na lei.

A reparação se comunica ao correu?

1ª corrente: É circunstancia objetiva que se estende aos corréus.

Uma vez reparado o dano integralmente por um dos autores do delito, a causa de
diminuição de pena do arrependimento posterior, prevista no art. 16 do CP, estende-se aos
demais co-autores, cabendo ao julgador avaliar a fração de redução a ser aplicada, conforme a
atuação de cada agente em 'relação à reparação efetivada. (lnfo STJ 531).

2ª corrente: O benefício exige voluntariedade, que pressupõe ato pessoal, inviabilizando a


comunicabilidade.

 CRIME IMPOSSÍVEL/QUASE CRIME/CRIME OCO/TENATIVA INIDÔNEA

Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta
impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. (Exclui a TIPICIDADE)

TEORIA SUBJETIVA: Sendo a conduta subjetivamente perfeita, vontade consciente de praticar


o delito, deve o agente sofrer a mesma pena cominada à tentativa. Direito Penal do Autor

TEORIA SINTOMÁTICA: Com a sua conduta, o a agente demonstra ser perigoso, razão pela
qual deve ser punido, ainda que o crime se mostre impossível. Direito Penal do Autor.

TEORIA OBJETIVA: Crime é conduta e resultado. A execução deve ser idônea, trazer a
potencialidade do evento, se inidônea, configura-se crime impossível
Teoria Objetiva Pura: Não há tentativa mesmo que a inidoneidade seja relativa.

Teoria Objetiva Temperada ou Intermediária: A ineficácia do meio e a impropriedade devem


ser absolutas para que haja punição. Sendo relativas, pune-se a tentativa.

Requisitos: Inicio da execução, não consumação por circunstancias alheias a vontade do


agente, dolo de consumação e resultado absolutamente impossível de ser alcançado.

 CONCURSO DE PESSOAS: Reunião de vários agentes, concorrendo de forma relevante,


para a realização do mesmo evento, todos com identidade de propósitos.

Monossubjetivo: Crime de concurso eventual. Pode ser praticado por uma ou várias pessoas.
Ex: Homicídio

Plurissubjetivo: Crime de concurso necessário. Condutas paralelas (288) Convergentes (235


Bigamia) Contrapostas (Rixa 137).

Obs.: A adesão posterior à consumação pode configurar crime autônomo. Ex: Favorecimento
Real

Requisitos

1. Pluralidade de agentes e de condutas


2. Relevância causal das condutas
3. Liame subjetivo entre os agentes: Não significa acordo prévio, bastando que um
agente adira a conduta do outro.

Obs.: Faltando liame subjetivo, desaparece o concurso, podendo configurar autoria colateral
ou incerta.

Autoria Colateral: Também chamada de coautoria imprópria ou autoria aparelha, ocorre


quando duas ou mais pessoas intervêm na execução de um crime, buscando igual resultado,
embora cada uma delas ignore a conduta alheia. Exemplo: “A”, portando um revólver, e “B”,
uma espingarda, escondem-se atrás de árvores, um do lado direito e outro do lado esquerdo
de uma mesma rua. Quando “C”, inimigo de ambos, por ali passa, ambos os agentes contra ele
efetuam disparos de armas de fogo. “C” morre, revelando o exame necroscópico terem sido os
ferimentos letais produzidos pelos disparos originários da arma de “A”. Não há concurso de
pessoas, pois estava ausente o vínculo subjetivo entre “A” e “B”. Portanto, cada um dos
agentes responde pelo crime a que deu causa: “A” por homicídio consumado, e “B” por
tentativa de homicídio. Se ficasse demonstrado que os tiros de “B” atingiram o corpo de “C”
quando já estava morto, “A” responderia pelo homicídio, enquanto “B” ficaria impune, por
força da caracterização do crime impossível.

Autoria Incerta: Surge no campo da autoria colateral, quando mais de uma pessoa é indicada
como autora do crime, mas não se apura com precisão qual foi a conduta que efetivamente
produziu o resultado. Como não se apurou quem produziu a morte, não se pode imputar o
resultado naturalístico para “A” e “B”. Um deles matou, mas o outro não. E, como não há
concurso de pessoas, ambos devem responder por tentativa de homicídio.

Autoria desconhecida: Cuida-se de instituto ligado ao processo penal, que ocorre quando um
crime foi cometido, mas não se sabe quem foi seu autor. Exemplo: “A” foi vítima de furto, pois
todos os bens de sua residência foram subtraídos enquanto viajava. Não há provas, todavia, do
responsável pelo delito. É nesse ponto que se diferencia da autoria incerta, de interesse do
Direito Penal, pois nela conhecem-se os envolvidos em um crime, mas não se pode, com
precisão, afirmar quem a ele realmente deu causa.
4. Identidade de infração penal.

Obs.: Todos os concorrentes respondem pela mesma infração?

TEORIA MONISTA: Todos respondem pelo mesmo crime. Teoria monista mitigada: na medida
de sua culpabilidade.

TEORIA PLURALISTA: Um crime para cada um dos agentes.

Admitem-se exceções pluralistas: Corrupção Ativa e Passiva, por exemplo.

TEORIA DUALISTA: Um crime para o executor e outro para os que não realizam o núcleo.
Autor e partícipe.

Para caracterizar o concurso de agentes, basta que duas ou mais pessoas concorram para a
prática delituosa, não sendo necessária a identificação dos corréus. Essa causa de aumento
pode ser reconhecida mesmo nas hipóteses em que o crime ("in casu", roubo) tenha sido
supostamente cometido na companhia de inimputável. (Info STJ 472).

O paciente condenado por roubo armado seguido de morte responde como coautor, ainda
que não tenha sido o responsável pelos disparos que resultaram no óbito da vítima. (Info 466
STJ).

Autoria: O conceito depende da teoria adotada

1. TEORIA SUBJETIVA OU UNITÁRIA OU CAUSALISTA: Todo aquele que de alguma forma


contribui para a produção do resultado é autor. Ou seja, não distingue autor de
partícipe, emprega um conceito extensivo de autor.
2. TEORIA EXTENSIVA: Também não distingue autor de partícipe, mas admite graus
diversos de autoria, a depender da contribuição para o resultado.
3. TEORIA RESTRITIVA OU OBJETIVA OU DUALISTA: Distingue autor de partícipe.
Objetivo formal: Autor realiza núcleo do tipo, partícipe concorre sem realizar o
núcleo do tipo. Exposição de motivos item 25
Objetivo material: Autor contribui de forma mais efetiva, e o partícipe de
forma menos relevante.

4. TEORIA DO DOMÍNIO DO FATO: Autor é quem controla finalisticamente o fato, quem


decide sua forma de execução, início, cessação e demais condições. Partícipe será
aquele que, embora colabore dolosamente para o alcance, não exerce o domínio
sobre a ação.

→ A teoria do domínio do fato se limita oferecer critérios para diferenciação do autor


e do partícipe, não se propondo a fixar parâmetros sobre a existência de
responsabilidade penal.

→ A teoria do domínio do fato não se aplica, segundo a doutrina, aos delitos de dever,
aos culposos e aos delitos de mão própria.

→ O domínio do fato é uma teoria dualista que se distingue da teoria objetivo-formal


de autoria porque indica também como autor aquele que não realiza diretamente o
núcleo do tipo penal.
→ Há que se destacar, ainda, por necessário, que a adoção, pela legislação brasileira,
da teoria unitária em matéria de concurso de pessoas não afasta a possibilidade de
reconhecimento, em nosso sistema jurídico-penal, da teoria do domínio do fato.
Na realidade, uma teoria não exclui a outra, pois o reconhecimento de uma ou de
outra apenas poderá influenciar no “quantum” a ser definido na operação de
dosimetria penal, nos termos do art. 29 do CP.

5. TEORIA DO DOMÍNIO DA ORGANIZAÇÃO: Idealizada por Claus Roxin, estabelece que o


dirigente de organização criminosa que emite ordens para o cometimento de
infrações penais deve ser responsabilizado pelos atos dos subordinados que
cumpram tais ordens, ainda que não tome parte diretamente na execução dos crimes.
Assim, se, por exemplo, o chefe da organização determina que os componentes do
grupo matem policiais, deve ser responsabilizado pelos homicídios juntamente com
seus autores materiais. A teoria se aplica apenas no âmbito de organizações
constituídas para fins ilícitos, não daquelas que operam licitamente, mas são
eventualmente utilizadas para a prática de crimes.

T. Extensiva T. Domínio do fato T. Restritiva


Material-objetiva Normativa-objetiva Formal-objetiva
Autor é todo aquele que contribui Autor é quem tem o controle final Autor é quem comete a conduta
p/ o resultado do fato (possui a decisão) típica (verbo do tipo)
Partícipe concorre de qualqu
forma para o crime.

Não diferencia autor e partícipe Diferencia o partícipe Diferencia autor e partícipe, mas n
explica a autoria mediata

Autoria intelectual: Planeja o crime para ser executado por outras pessoas

Autor mediato: Vale-se de um não culpável ou pessoa sem dolo e culpa para executar.

Obs.: Somente se aplica aos crimes dolosos, porque é a única forma que se admite controle
finalístico sobre o fato. Não há possibilidade de o agente utilizar outrem como seu instrumento
para a prática de um delito cujo resultado sequer assumiu o risco de produzir.

Autoria por determinação: Trazido pelos professores Eugênio Raúl Zaffaroni e José Henrique
Pierangeli, é aquele que se vale de alguém para cometer crimes, que também não realiza a
conduta típica por ser crime de mão própria. É o mesmo conceito de autoria mediata.

Autoria por convicção: O agente conhece a norma, mas a descumpre por razões de
consciência política/religiosa/filosófica etc. Ex: Pai garantidor testemunha de Jeová que não
autoriza transfusão de sangue em seu filho. (Pode-se alegar, em tese, cláusula de consciência,
para excluir a culpabilidade).

Obs.: Neste caso, entende o STJ que os pais não são autores, respondendo somente os
médicos que deixarem de realizar o procedimento, pois também são garantidores.

FORMAS DE CONCURSO

a) COAUTORIA: segue a mesma T. do autor. Ação em colaboração recíproca e voluntária. Não


é admitida em crimes de mão própria e omissivos próprios. Poderá ser: (i) parcial / funcional
(atos de execução distintos que se convergem. Ex.: assalto); (ii) direta (todos os agentes
realizam a conduta típica).

→ A jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça é firme no entendimento de que "nos


crimes societários complexos, desde que a denúncia narre o fato delituoso de forma clara,
propiciando o pleno exercício da garantia constitucional da ampla defesa, é dispensável a
descrição minuciosa e individualizada da conduta de cada acusado.

b) PARTICIPAÇÃO: não pratica a ação principal, mas contribui de qualquer modo p/ o


resultado. Admite em crimes de mão própria e omissivos próprios. Poderá ser: (i) moral
(instigação em sentido amplo); (ii) material (é a cumplicidade / contribuição). Ex.: agente que
vigia a rua.

Obs.: A Doutrina entende que crime de falso-testemunho é um crime de mão-própria, ou seja,


além de somente a pessoa que figura numa das posições descritas no tipo poder praticar o
crime, ela somente poderá fazê-lo pessoalmente, não havendo possibilidade de execução por
interposta pessoa, de forma que não se admite a co-autoria. No entanto, o STF admite a
participação, notadamente a participação moral, realizada através da instigação ou
induzimento à prática do delito. Existem precedentes do STF e STJ admitindo também a co-
autoria.

Obs.: A participação se da em momento prévio e a co-autoria no momento da prática do


verbo.

Obs.: Há co-autoria em crimes culposos, mas não participação. Só existe participação dolosa.

-Participação e Ações Neutras

"Proporemos, assim, a seguinte definição de ações neutras: chamaremos ações neutras


aquelas contribuições a fato ilícito alheio que, à primeira vista, pareçam completamente
normais. (...) Poderíamos, assim, reformular a definição dada de forma a compreender tanto a
regra geral quanto a regra para o tratamento de casos duvidosos numa única formulação:
ações neutras seriam todas as contribuições a fato ilícito alheio não manifestamente puníveis"
(Luís Greco)

Ex: Tício vai à padaria comprar pão e informa ao padeiro que irá envenenar o pão e dar para
sua esposa, Marta, com a intenção de matá-la. Há participação do padeiro? Ora, punir a
conduta do padeiro não parece adequado a proteger o bem jurídico no caso concreto. Isso
porque, se o mesmo se recusasse à venda, Tício somente iria à padaria situada no mesmo
quarteirão, compraria pão, o envenenaria, praticando o desejado homicídio contra Marta.
Vender o pão não melhora a situação do bem jurídico vida de Marta, pois que essa prestação
pode ser facilmente obtida em qualquer outro lugar.

→ As ações neutras podem ser definidas, na esfera do concurso de pessoas, como condutas de
intervenção no injusto penal alheio, gerando uma discussão sobre a incidência da imputação
objetiva no âmbito da participação punível. Não há ações neutras de per si, sendo que a
conduta do partícipe torna-se típica quando apresenta uma conexão de risco com a conduta
praticada pelo autor principal.

→ É realização de uma atividade que, carecendo de um sentido delitivo unívoco ou podendo-


se definir como habitual ou inofensiva, e que é aproveitada por um terceiro para realizar seus
planos de lesionar bens jurídicos alheios, reúne os requisitos objetivos dos tipos de
participação.
T. Unitária / monista T. Dualista T. Pluralista
Todos que contribuem respondem pelo Há dois crimes, um cometido pelo Cada um dos participantes responde p
mesmo crime autor e outro pelo partícipe delito próprio

Não há distinção entre autor e partícipe. Há distinção entre autor e partícipe. Considera o desvio subjetivo. É utiliza
É a regra no CP como exceção. Ex.: Aborto c
consentimento

Questão: Qual é a natureza jurídica da participação? T. da acessoriedade: a participação é uma


conduta acessória, sendo atingida pela norma de extensão do art. 29, CP.

ESPÉCIES DE ACESSORIEDADE

a) MÍNIMA: basta que a conduta principal seja típica.

b) LIMITADA: só responderá se o fato principal for típico e ilícito

c) EXTREMADA: somente se o fato for típico, ilícito e culpável. Se o autor for inimputável o
partícipe não será punido.

d) HIPERACESSORIEDADE: Para a punição do partícipe, é necessário que o autor, revestido de


culpabilidade, pratique um fato típico e ilícito, e seja efetivamente punido no caso concreto.
Destarte, se “A” contratou “B” para matar “C”, no que foi atendido, mas o executor, logo após
o crime, suicidou-se, não há falar em participação, em decorrência da aplicação da causa de
extinção da punibilidade).

Questão: A desistência voluntária ou o arrependimento eficaz do autor beneficia o partícipe?


1ª corrente - como são hipóteses de extinção da punibilidade da tentativa e sabendo que para
punir o partícipe, basta que o fato principal seja típico e ilícito, o partícipe será punido pela
tentativa;

2ª corrente - por serem hipóteses de atipicidade da tentativa, não há como se punir o


partícipe. Seria contraditório punir a conduta acessória de um crime inexistente.

Questão: E se o arrependimento for do partícipe? Só não será responsabilizado se conseguir


fazer o autor da conduta criminosa desistir de praticar o crime (o autor não poderá praticar
nenhum ato executório).

Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em


contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado.

-COOPERAÇÃO DOLOSAMENTE DISTINTA: A cooperação dolosamente distinta impede que


alguém responda por um fato que não estava na sua esfera de vontade ou de conhecimento.

Art. 29 § 2º Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á
aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido
previsível o resultado mais grave.

-PARTICIPAÇÃO DE MENOR IMPORTÂNCIA: Art. 29 § 1º - Se a participação for de menor


importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço.
Nesse ponto, merece destaque a teoria dos bens escassos. Essa teoria tem origem na
Espanha, através do Prof. Enrique Gimbernat Ordeig. Trata-se da realização de conduta não
necessariamente ligada à prática de crimes (quando a participação for uma colaboração
escassa – rara -, não será de menor importância – ex.: emprestar uma arma de fogo ao
criminoso). Entretanto, quando a conduta praticada pelo partícipe for uma conduta abundante
– não rara -, que não esteja vinculada diretamente à prática de crimes, terá direito à
participação de menor importância (ex.: dar carona ao criminoso).

-COMUNICABILIDADE E INCOMUNICABILIDADE DE ELEMENTARES E CIRCUNSTÂNCIAS (art.


30, CP)

A) Circunstâncias: dados acessórios do crime que agravam ou atenuam a pena e cuja ausência
não excluem o crime.

Poderão ser:

(i) subjetivas (pessoais) – qualidades do agente;

(ii) objetivas (materiais) – qualidade da vítima, modo e meio de execução.

B) Elementares: dados essenciais que compõem a própria descrição do fato típico e cuja
ausência exclui ou altera o crime.

Questão: O advogado que induz testemunha a mentir pratica qual crime? Para a doutrina, a
testemunha responderá por falso testemunho e o advogado pela participação. Entretanto, o
STF entende que responderão ambos por falso testemunho em coautoria (T. domínio do fato).

ELEMENTARES CIRCUNSTÂNCIAS
Desaparecendo uma elementar, o crime desaparecerá São dados acessórios que não interferem no crime

Quando agregada ao fato interfere no tipo Quando agregada ao fato interfere na pena
Subjetivas: motivo do crime; estado anímico do agente; Subjetivas: é a exceção. Caráter pessoal do agente. Em reg
condição pessoal do autor não se comunica, salvo se o partícipe souber da circunstânci

 TEORIA GERAL DA PENA

Pena: É uma resposta estatal ao infrator da norma incriminadora, consistente na privação ou


restrição de determinados bens jurídicos do agente.

SANÇÃO PENAL = PENA E MEDIDA DE SEGURANÇA

Obs.: A imposição da pena depende do devido processo legal, portanto, transação penal não é
pena! E sim medida despenalizadora.

-FUNDAMENTOS DA PENA

Político-estatal: Sem a pena o ordenamento jurídico deixaria de ser coativo.

Psico-social: A pena satisfaz o anseio de justiça da comunidade.

Obs.: Para Kant a pena é imperativo categórico de justiça, que é uma forma pré-concebida de
razão.
Ético-individual: Permite ao delinquente liberar-se de algum sentimento de culpa. O objetivo é
purificar o condenado e reconciliar com a divindade, exige um sincero arrependimento na
confissão.

-FINALIDADES DA PENA

ESCOLA CLÁSSICA – Carrara: A pena surge como forma de prevenção de novos crimes, defesa
da sociedade. É necessidade ética, para reequilíbrio do sistema: punitur quia peccatum est.

ESCOLA POSITIVA – Lombroso: A pena funda-se na defesa social; objetiva a prevenção de


crimes, deve ser indeterminada, adequando-se ao criminoso para corrigi-lo.

TERZA SCUOLA ITALIANA – Carnevale: Reúne os conceitos clássicos e positivistas.

ESCOLA PENAL HUMANISTA – Lanza: A pena tem o objetivo de educar o culpado, nasce aqui a
ressocialização.

ESCOLA PENAL TÉCNICO JURÍDICA – Manzini: A pena surge como meio de defesa contra a
perigosidade do agente, tem por objetivo castigar o delinquente.

ESCOLA MODERNA ALEMÃ – Von Lizst: Instrumento de ordem e segurança social, função
preventiva geral e negativa (coação psicológica).

Para os absolutistas (Teoria Retributiva – Origem Kantiana), a imposição da pena é uma


decorrência lógica da delinquência, visando apenas a retribuir o mal causado.

Obs.: Para Hegel a pena é a negação da negação do Direito, a pena anula o crime no mundo
normativo, e assim reafirma o direito. Com a prática do crime, o infrator propõe uma nova
ordem racional que contraria a ordem jurídica, a pena anula essa proposta do criminoso,
reafirmando a ordem jurídica.

Já para os utilitaristas, a pena atua como um instrumento de prevenção, um meio para


alcançar determinadas finalidades.

De acordo com a prevenção geral negativa, a pena deve coagir psicologicamente a


coletividade, intimidando-a.

Na perspectiva da prevenção geral positiva, o objetivo da pena é demonstrar a vigência da lei


(existência, validade e eficiência). A intenção, aqui, não é intimidar, mas estimular a confiança
da coletividade na higidez e poder do Estado de execução do ordenamento jurídico.

Já na ótica da prevenção especial, a pena é direcionada à pessoa do condenado.

Sob o enfoque da prevenção especial negativa, a pena deve servir para inibir a reincidência.
Funda-se a idéia de inocuização do condenado, afastando-o do convívio social. Não se
confundindo com a prevenção especial positiva, onde a preocupação é a ressocialização do
delinquente.

Por fim, temos os ecléticos, responsáveis pela reunião das teorias absolutas e preventivas.
Entendem que não é possível dissociar uma e outra finalidade da pena, porque a imposição da
sanção penal é sempre um castigo e um meio para prevenir (prevenção geral e especial). É a
teoria adotada no Brasil, polifuncionalidade da pena ou tríplice finalidade.

Obs.: Isomorfismo reformista (Foucault): É a reproposição reiterada do mesmo projeto


fracassado e com eficácia invertida do Sistema Prisional.

Retribuição + prevenção + ressocialização.

Obs.: Na fase da sentença não se tem a pretensão de fazer da decisão um exemplo para outros
possíveis infratores, em nome da prevenção geral, sob pena de violação do princípio da
individualização da sanção penal. A preocupação do juiz deve ser o delinquente.

-JUSTIÇA RESTAURATIVA: Tem adquirido cada vez mais importância no cenário jurídico-penal,
pois, baseada num procedimento de consenso envolvendo os personagens da infração penal,
quebra a dualidade da função da pena (retribuição e prevenção), dando maior importância à
restauração do cano causado. Ex: 9.099/95 e a alteração do CPP que permitiu ao juiz criminal
fixar na sentença condenatória fixar valor mínimo indenizatório à vítima.
-PRINCÍPIOS INFORMADORES DA PENA

Princípio da Legalidade: É composto por Reserva Legal + Anterioridade. Não há pena sem lei
anterior aos fatos.

Princípio da Personalidade ou Intransmissibilidade ou Pessoalidade: Nenhuma pena passará


da pessoa do condenado.

É absoluto ou relativo?

1ª corrente: Relativo, eis que a perda de bens (confisco) pode ser estendida aos sucessores.

2ª corrente: Absoluto, a perda de bens não é pena, e sim efeito da sentença.

Princípio da Individualização da Pena: A individualização da resposta estatal ao autor de um


fato punível deve ser observada em três momentos:

a) na definição, pelo legislador, do crime e sua pena;

b) na imposição da pena pelo juiz;

c) e na fase de execução da pena, momento em que os condenados serão classificados,


segundo os seus antecedentes e personalidade

Gêmeos Xifópagos: Entende o doutrinador Bento de Faria que a decisão deve ser proferida em
favor da liberdade. Em sentido contrário, Flávio Monteiro de Barros entende que haverá uma
sentença condenatória, mas o cumprimento da pena ficará suspensa até a prescrição do crime
ou até que o outro irmão seja agente ativo de outro, eventual e posterior, crime praticado.

Princípio da Proporcionalidade: Princípoo constitucional implícito. A pena deve ajustar-se à


gravidade do fato, sem desconsiderar as condições do agente.

Dupla face do princípio da proporcionalidade:

Proibição de excesso (evitando a hipertrofia da punição). Garantismo negativo, garantia do


indivíduo contra o estado.

Proibição da proteção deficiente: Exige proteção suficiente. Garantismo positivo, garantia do


indivíduo em ver o Estado protegendo bens jurídicos com eficiência.

→ As expressões “garantismo positivo” e “proibição de proteção deficiente” derivam


diretamente do princípio da proporcionalidade. O garantismo positivo, ao contrário do
garantismo negativo (que se consubstancia na proteção contra os excessos do Estado), sugere
que o Estado deve intervir ativamente na proteção de direitos e garantias fundamentais (algo
meio parecido com o que acontece com os direitos de segunda geração). Alia-se, de fato, ao
princípio da proibição de proteção deficiente, na medida em que este ensina que nem a lei
nem o Estado pode apresentar insuficiência em relação à tutela dos direitos fundamentais, ou
seja, ele cria um dever de proteção para o Estado, que não pode abrir mão dos mecanismos de
tutela, incluindo-se os de natureza penal, para assegurar a proteção de um direito
fundamental. Por fim, traz consigo como consequência a extensão da função de tutela penal
aos bens jurídicos de interesse coletivo.

Obs.: Traficante privilegiado pode receber pena de 1 ano e 8 meses, existe tese do MP de que
esta pena esta aquém do necessário para tutelar o bem jurídico saúde pública.

A proporcionalidade deve ser observada em dois momentos distintos:


a) Plano abstrato: deve o legislador, ao tornar típico determinado fato, atentar-se para o liame
existente entre a conduta e suas consequências, a fim de estabelecer a reprimenda em
patamar adequado não somente à reparação pelo dano ao bem jurídico tutelado, como
também para atender integralmente às finalidades da pena;

b) Plano concreto: o julgador, antes de estabelecer a reprimenda, deverá observar, dentro dos
limites estabelecidos pela lei, as circunstâncias e as características da prática da infração penal,
para, somente após, aplicá-la em concreto

Princípio da Inderrogabilidade ou Inevitabilidade da Pena: A pena, desde que presente os


seus pressupostos, deve ser aplicada e fielmente cumprida. Este princípio deve conviver com o
da necessidade concreta da pena (art. 59 do CP), de modo que, constatada a desnecessidade
da resposta estatal, o juiz tem o poder de não aplicá-la, como ocorre no perdão judicial.
(Princípio da bagatela imprópria).

Princípio da Dignidade da Pessoa Humana: A ninguém pode ser imposta uma pena ofensiva à
dignidade humana, vedando-se reprimenda indigna, cruel, desumana ou degradante.

-PENAS PROIBIDAS NO BRASIL: XLVII - não haverá penas:

a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;

Obs.: Para Zaffaroni, morte não é pena, eis que não observa as finalidades de prevenção e
ressocialização. Rogério Sanches entende que há sim a finalidade da prevenção.

Obs.: Para a doutrina, existem outras duas exceções de pena de morte, a lei do abate e a lei de
crimes ambientais, que encerra as atividades da pessoa jurídica, configurando sua “morte”.

b) de caráter perpétuo;

Súmula 527 STJ: O tempo de duração da medida de segurança não deve ultrapassar o limite
máximo da pena abstratamente cominada ao delito praticado.

c) de trabalhos forçados;

No Brasil nenhum preso pode ser obrigado a cumprir pena mediante trabalhos forçados. Essa
pena proibida não se confunde, de modo algum, com o trabalho estabelecido na Lei de
Execução Penal (Lei n° 7.21 0/84) , que, embora seja obrigatório (art. 31) e constitua dever do
preso (art. 38, V) , não é pena, possui finalidade educativa e produtiva (art. 28), sendo, ainda,
remunerado (art. 29).

d) de banimento;

e) cruéis;

-PENAS PERMITIDAS NO BRASIL:

XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes: (Rol
Exemplificativo)

a) privação ou restrição da liberdade;

b) perda de bens;

c) multa;
d) prestação social alternativa;

e) suspensão ou interdição de direitos;

O legislador ordinário, atento à CF, anuncia 3 espécies de penas: PPL (Reclusão, detenção,
prisão simples).; PRD e Multa.

-PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE

-PENAS RESTRITIVAS DE DIREITO

Previstas nos artigos 43 a 48, do Código Penal, as penas restritivas de direito podem ser:
prestação de serviços à comunidade, limitação de fins de semana, interdição temporária de
direitos, prestação pecuniária, perda de bens e valores.

-PENA DE MULTA

Também estabelecida no artigo 32 do Código Penal, a pena de multa tem seu regramento no
artigo 49 e seguintes do Código Penal. Advertimos, desde já, que a pena de prestação
pecuniária não se confunde com a pena de multa.

Obs.: Penas não previstas no Código Penal mas que não violam a CF. Ex: Pena de advertência
(lei de drogas); Degredo (designar durante algum tempo lugar fixo de residência para o
condenado; Desterro (Proibição de habitar no lugar de sua residência ou residência da vítima).

-APLICAÇÃO DA PENA
Corno garantia do cidadão, não há pena sem prévia cominação legal, devendo o legislador, na
sua criação, observar a proporcionalidade da resposta estatal em relação ao bem jurídico
tutelado.

Praticada a infração penal, nasce para o Estado o direito de aplicar a sanção abstratamente
cominada, forma de retribuir o mal causado e meio (supostamente eficaz) de inibir a
reincidência. Para tanto, exige-se o devido processo legal, que se encerra com a sentença, ato
judicial que impõe ao acusado a pena individualizada de acordo com a gravidade do crime e as
condições pessoais do condenado.

Obs.: Transação penal não é pena, logo, não gera titulo executivo e não pode ser executada.
Devendo o MP retomar o processo e oferecer a denúncia.

Súmula Vinculante 35: A homologação da transação penal prevista no artigo 76 da Lei


9.099/1995 não faz coisa julgada material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se a
situação anterior, possibilitando-se ao Ministério Público a continuidade da persecução penal
mediante oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito policial.

Fixação da Pena Privativa de Liberdade: O primeiro passo após a condenação é calcular a pena
a ser aplicada, e o Brasil adotou o sistema trifásico, também chamado de Nelson Hungria,
previsto no artigo 68 do CP.

Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida
serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de
diminuição e de aumento.

Parágrafo único - No concurso de causas de aumento ou de diminuição previstas na parte


especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo,
todavia, a causa que mais aumente ou diminua.

Na dosimetria da pena, os fatos posteriores ao crime em julgamento não podem ser


utilizados como fundamento para valorar negativamente a culpabilidade, a personalidade e
a conduta social do réu. (Info STJ 535).

O fato de o crime de corrupção passiva ter sido praticado por Promotor de Justiça no
exercício de suas atribuições institucionais pode configurar circunstância judicial
desfavorável na dosimetria da pena. Isso porque esse fato revela maior grau de
reprovabilidade da conduta, a justificar o reconhecimento da acentuada culpabilidade, dadas
as específicas atribuições do promotor de justiça, as quais são distintas e incomuns se
equiparadas aos demais servidores públicos “latu sensu”. (Info STJ 552).

Em ação penal decorrente da prática de corrupção passiva praticada por membro vitalício do
Ministério Público Estadual, não é possível determinar a perda do cargo com fundamento no
art. 92, I, a, do CP. As regras sobre a perda do cargo de membro do Ministério Público
estadual estão previstas na Lei 8.625/93, que, por ser norma especial, prevalece sobre o
Código Penal (norma geral). (Info STJ 552).

Ainda que condenado por crime praticado durante o período de atividade, o servidor público
não pode ter a sua aposentadoria cassada com fundamento no art. 92, I, do CP, mesmo que
a sua aposentadoria tenha ocorrido no curso da ação penal. O rol do art. 92 do CP é taxativo
e nele não está prevista a perda da aposentadoria. (Info STJ 552).

1ª etapa – FIXAÇÃO DA PENA BASE – CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS DO ART. 59

Atenção: A qualificadora não entra no sistema trifásico, é o seu ponto de partida.


Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à
personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem
como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para
reprovação e prevenção do crime:

I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;

II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;

III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;

IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se


cabível.

O método trifásico tem por objetivo viabilizar o direito de defesa, explicando para o réu os
parâmetros que conduziram o juiz na determinação da reprimenda.

Finalidade: Fixar a pena base.

Ponto de partida: Pena simples ou qualificada.

Instrumentos: Circunstâncias judiciais do artigo 59.

Adotando a CF 88 um Direito penal garantista, compatível unicamente com o Direito Penal do


fato, temos doutrina criticando as circunstâncias judiciais subjetivas, que configuram um
campo fértil para o Direito Penal do Autor. (culpabilidade, antecedentes, conduta social,
personalidade e motivos.). Todavia, prevalece que o juiz deve considerar circunstâncias
subjetivas na fixação da pena base em atenção ao princípio da individualização da pena. O
Brasil adotou o Direito penal do fato sem esquecer a pessoa do autor.

ATENÇÃO: O CP não fixou o quantum para as circunstâncias judiciais, ficando a critério do juiz,
que deve sempre fundamentar a sua decisão. A jurisprudência sugere 1/6 de aumento para
cada circunstância desfavorável, a doutrina sugere 1/8.

Só havendo circunstancias favoráveis ou não havendo circunstâncias, a pena base fica no


mínimo.

A circunstância judicial "conduta social", prevista no art. 59 do Código Penal, representa o


comportamento do agente no meio familiar, no ambiente de trabalho e no relacionamento
com outros indivíduos. Os antecedentes sociais do réu não se confundem com os seus
antecedentes criminais. São circunstâncias distintas, com regramentos próprios. Assim, não se
mostra correto o magistrado utilizar as condenações anteriores transitadas em julgado como
"conduta social desfavorável" (Info STF 825)

E se houver concurso entre circunstâncias favoráveis e desfavoráveis?

1ª corrente: Compensa uma pela outra, fixando a pena no mínimo.

Segundo decidiu o STJ, compensa-se a atenuante da confissão espontânea (art. 65, III, "d",
do CP) com a agravante de ter sido o crime praticado com violência contra a mulher (art. 61,
II, "f", do CP).(Info STJ 568)

É possível compensar a atenuante da confissão espontânea (art. 65, III, "d", do CP) com a
agravante da promessa de recompensa (art. 62, IV). (Info STJ 577)
2ª corrente: Aplica-se por analogia o 67 (circunstâncias e agravantes), só podendo ser aplicado
se favorecer o réu.

Culpabilidade: Não se confunde com a culpabilidade substrato do crime. Aqui significa o maior
ou menor grau de reprovabilidade da conduta do agente, de acordo com o STJ.

Antecedentes: Representa a vida pregressa do agente. Fatos posteriores ao crime não são
considerados nesta etapa.

A existência de inquéritos policiais ou de ações penais sem trânsito em julgado não podem
ser considerados como maus antecedentes para fins de dosimetria da pena. (Info STF 772).

O fato de o réu já ter praticado atos infracionais anteriormente não pode ser considerado
para fins de reincidência nem se caracteriza como maus antecedentes. No entanto, tais atos
infracionais podem servir para justificar a decretação ou manutenção da prisão preventiva
como garantia da ordem pública. (Info STJ 554).

Somente as condenações definitivas que não configuram reincidência que podem gerar maus
antecedentes, ou seja, aquelas praticadas após 5 anos do término do cumprimento da pena.

O fato de a vítima não ter contribuído para o delito é circunstância judicial neutra e não
implica o aumento da sanção. (Info STJ 532).

Caso o Tribunal, na análise de apelação exclusiva da defesa, afaste uma das circunstâncias
judiciais (art. 59 do CP) valoradas de maneira negativa na sentença, a pena base imposta ao
réu deverá, como consectário lógico, ser reduzida, e não mantida inalterada. (Info STJ 573)

O fato de o agente ter se aproveitado, para a prática do crime, da situação de vulnerabilidade


emocional e psicológica da vítima decorrente da morte de seu filho em razão de erro médico
pode constituir motivo idôneo para a valoração negativa de sua culpabilidade. (Info STJ 579)

2ª etapa – CIRCUNSTÂNCIAS AGRAVANTES E ATENUANTES

Finalidade: Fixar a pena intermediária.

Ponto de partida: Pena base.

Instrumentos: Agravantes dos artigos 61 e 62 e as atenuantes dos artigos 65 e 66.

As agravantes e atenuantes genéricas podem ser definidas como circunstâncias objetivas ou


subjetivas que não integram a estrutura do tipo penal, mas se vinculam ao crime.

ATENÇÃO: Também não foi anunciado o quantum para esta etapa, ficando a critério do juiz,
que deve sempre fundamentar a decisão. Também se limita aos mínimos e máximos legais.

Súmula 231 STJ: A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena
abaixo do mínimo legal.

Art. 67 - No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do limite


indicado pelas circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as que resultam dos
motivos determinantes do crime, da personalidade do agente e da reincidência.

Ordem de preponderância estabelecida pela jurisprudência

1ª atenuante da MENORIDADE (-21) / SENILIDADE (+70)


2ª agravante da REINCIDÊNCIA

3ª atenuantes e agravantes SUBJETIVAS

4ª atenuantes e agravantes OBJETIVAS

É possível a compensação de atenuantes e agravantes?

Sim, desde que estejam no mesmo patamar.

Caso o réu tenha confessado a prática do crime (o que é uma atenuante), mas seja reincidente
(o que configura uma agravante), qual dessas circunstâncias irá prevalecer? 1ª) Posição do STJ:
em regra, reincidência e confissão se COMPENSAM. Exceção: se o réu for multirreincidente,
prevalece a reincidência. 2ª Posição do STF: a agravante da REINCIDÊNCIA prevalece. (Info
STJ 555).

É possível, na segunda fase da dosimetria da pena, a compensação da atenuante da


confissão espontânea com a agravante da reincidência. (Recurso Repetitivo STJ).

-AS AGRAVANTES

As agravantes sempre agravam a pena?

Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou
qualificam o crime.

Exceções: quando constituem ou qualificam o crime; quando a pena base for fixada no
máximo; quando a atenuante for preponderante

As agravantes incidem em todos os crimes?

Em regra, só incidem sobre os crimes dolosos, devendo ficar demonstrado que o agente tinha
conhecimento de sua existência. Salvo no caso da agravante de reincidência, também aplicável
aos culposos.

A maioria entende que o crime preterdoloso deve ser tratado como culposo, incidindo só a
reincidência. Sanches entende que deve ser tratado como doloso.

Obs.: Uma única vez foi aplicada além da reincidência, outras agravantes nos crimes culposos,
foi a agravante do motivo torpe (ganância), no caso do Bateau Mouche, navio superlotado no
Reveion do RJ.

Agravante não articulada na denúncia pode ser reconhecida?

Art. 385. Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença condenatória, ainda que
o Ministério Público tenha opinado pela absolvição, bem como reconhecer agravantes,
embora nenhuma tenha sido alegada.

-A REINCIDÊNCIA

Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar
em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior

Pressupostos: Trânsito em julgado de sentença penal condenatória por crime anterior e


cometimento de novo crime.
Art. 7º Verifica-se a reincidência quando o agente pratica uma contravenção depois de passar
em julgado a sentença que o tenha condenado, no Brasil ou no estrangeiro, por qualquer
crime, ou, no Brasil, por motivo de contravenção.

A utilização de condenações distintas e com trânsito em julgado, para fins de aumento de


pena por maus antecedentes e reincidência, não viola o princípio do "non bis in idem” (Info
STF 596)

A existência de inquéritos policiais ou de ações penais sem trânsito em julgado não podem
ser considerados como maus antecedentes para fins de dosimetria da pena. (Info STF 791)

Obs.: Estima-se que a reincidência em crimes apenados com pena privativa de liberdade seja
de 80%/95% enquanto que nas penas restritivas de direito seja de 7%/12%.

Obs.: Contravenção + Crime não gera reincidência por falta de previsão legal.

Obs.: Não há necessidade de homologação pelo STJ de sentença condenatória estrangeira para
caracterizar a reincidência:

Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as


mesmas consequências, pode ser homologada no Brasil para:

I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis.

II - sujeitá-lo a medida de segurança.

Obs.: Para se configurar exigência de crime cometido no estrangeiro exige-se a dupla-


imputação.

Obs.: A espécie de pena imposta ao crime cometido anteriormente não interfere na


reincidência. Pode ter sido privativa de liberdade, restritiva de direito ou até mesmo de multa.

Obs.: Após o período depurador a condenação não gera reincidência, somente maus
antecedentes.
A existência de condenação anterior, ocorrida em prazo superior a cinco anos, contado da
extinção da pena, poderá ser considerada como maus antecedentes? Após o período
depurador, ainda será possível considerar a condenação como maus antecedentes? 1ª
corrente: SIM. Posição do STJ. 2ª corrente: NÃO. Posição do STF. (Info STF 799)

Art. 64 - Para efeito de reincidência:

I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da pena


e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos, computado
o período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação;

II - não se consideram os crimes militares próprios e políticos.

Obs.: Os militares impróprios (furto) são considerados para reincidência e crime militar próprio
seguido de novo militar próprio também gera reincidência.

Obs.: A prova da reincidência deve ser feita através de certidão cartorária. Contudo, o STJ tem
flexibilizado esta exigência, admitindo a comprovação através de folha de antecedentes
criminais. Nesse sentido: "A falta de certidão cartorária não impede a aplicação da agravante
da reincidência, o que pode ser feito com base na folha de antecedentes."

Reincidência real: Ocorre quando o agente comete novo crime após ter efetivamente
cumprido a totalidade da pena pelo crime anterior (e antes do prazo de cinco anos - período
depurador).

Reincidência ficta: O agente comete novo crime após ter sido condenado definitivamente, mas
antes de ter cumprido a totalidade da pena do crime anterior (o prazo da caducidade da
reincidência sequer começou a correr).

Reincidência genérica: Quando os crimes praticados são de espécies distintas.

Reincidência específica: Mesma espécie. Na lei de crimes hediondos há vedação de livramento


condicional para o reincidente específico, dois crimes hediondos e não necessariamente o
mesmo tipo penal hediondo.

Súmula 241 STJ: A reincidência penal não pode ser considerada como circunstância agravante
e, simultaneamente, como circunstância judicial.

Exceção: A não ser que sejam fatos distintos. Exemplo: uma condenação anterior em furto
para maus antecedentes e outra em estelionato para a reincidência.

Obs.: Parte considerável da doutrina compreende que a reincidência, por si só, gera bis in
idem, na medida em que pune novamente o agente por um fato pelo qual ele já foi
condenado, mas esta corrente é minoritária. STJ/STF entendem que a conduta do reincidente
merece maior reprovabilidade, preponderando o princípio da individualização da pena, que
é mandamento constitucional, não se pode punir o primário e o reincidente com a mesma
pena!

É possível a aplicação da agravante genérica do art. 61, II, "c", do CP (traição, emboscada,
dissimulação) nos crimes preterdolosos, como o delito de lesão corporal seguida de morte.
(Info STJ 541).

É possível aplicar o princípio da insignificância em favor de um réu reincidente ou que já


responda a outros inquéritos ou ações penais? É possível aplicar o princípio da insignificância
em caso de furto qualificado? O Plenário do STF, ao analisar o tema, afirmou que não é
possível fixar uma regra geral (uma tese) sobre o assunto. A decisão sobre a incidência ou
não do princípio da insignificância deve ser feita caso a caso. Apesar disso, na prática,
observa-se que, na maioria dos casos, o STF e o STJ negam a aplicação do princípio da
insignificância caso o réu seja reincidente ou já responda a outros inquéritos ou ações penais.
De igual modo, nega o benefício em situações de furto qualificado. (Info STF 793).

→ O STF tem rechaçado a aplicação do princípio da insignificância ao agente reincidente ou de


habitualidade delitiva comprovada

Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao agente que:

I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais agentes;

II - coage ou induz outrem à execução material do crime;

III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade ou não-punível
em virtude de condição ou qualidade pessoal;

IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de recompensa.

A incidência da agravante do art. 62, I, do Código Penal é compatível com a autoria


intelectual do delito (mandante). No entanto, o mandante do crime somente deverá ser
punido com a agravante se, no caso concreto, houver elementos que sirvam para
caracterizar a situação descrita pelo inciso I do art. 62, ou seja, é necessário que fique
demonstrado que ele promoveu, organizou o crime ou dirigiu a atividade dos demais
agentes. Em outras palavras, o mandante poderá responder pela agravante do inciso I do art.
62 do CP, mas isso nem sempre acontecerá, dependendo das circunstâncias do caso concreto.
(Info STJ 580)

-AS ATENUANTES

As atenuantes sempre atenuam a pena?

Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena:

Exceções: Quando a atenuante já constitui ou privilegia o crime; quando a pena base foi fixada
no mínimo;

Súmula 231 STJ: A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena
abaixo do mínimo legal.

Obs.: Parte da doutrina critica esta súmula, dizendo que esta súmula viola o princípio da
legalidade, porque não há previsão legal.

Obs.: As atenuantes incidem em todos os crimes, sejam dolosos, culposos ou preterdolosos.

-PRINCIPAIS ATENUANTES

1) Ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na
data da sentença.

Entende-se que o agente é imaturo e apresenta personalidade em desenvolvimento, não deve


ser levado em consideração o código civil, porque a atenuante não se liga à capacidade civil e
sim ao desenvolvimento biológico do agente.
No caso do idoso, levam-se em consideração as alterações físicas e psíquicas que a pena
provoca e deve ser levada em consideração a decisão de 1º grau, salvo se absolutória, caso em
que abrange o acórdão condenatório.

2) Confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime.

Esta atenuante tranquiliza o espírito do juiz, diminui o risco do erro judiciário.

Obs.: A confissão policial não configura esta atenuante, se houve retratação em juízo, salvo se
utilizada para embasar fundamentar a sentença condenatória.

Súmula 545 STJ: Quando a confissão for utilizada para a formação do convencimento do
julgador, o réu fará jus à atenuante prevista no artigo 65, III, d, do Código Penal.

A confissão qualificada - aquela na qual o agente agrega teses defensivas discriminantes ou


exculpantes -, quando efetivamente utilizada como elemento de convicção, enseja a
aplicação da atenuante prevista na alínea "d" do inc. III do artigo 65 do CP (confissão
espontânea). (Info STJ 551).

O fato de o denunciado por furto qualificado pelo rompimento de obstáculo ter confessado a
subtração do bem, apesar de ter negado o arrombamento, é circunstância suficiente para a
incidência da atenuante da confissão espontânea (art. 65, III, "d", do CP). Isso porque mesmo
que o agente tenha confessado parcialmente os fatos narrados na denúncia, deve ser
beneficiado com a atenuante genérica da confissão espontânea. (Info STJ 569)

O fato de o denunciado por roubo ter confessado a subtração do bem, negando, porém, o
emprego de violência ou grave ameaça, é circunstância que não enseja a aplicação da
atenuante da confissão espontânea (art. 65, III, "d", do CP). Isso porque a atenuante da
confissão espontânea pressupõe que o réu reconheça a autoria do fato típico que lhe é
imputado. Ocorre que, no caso, o réu não admitiu a prática do roubo denunciado, pois
negou o emprego de violência ou de grave ameaça para subtrair o bem da vítima, numa
clara tentativa de desclassificar a sua conduta para o crime de furto. Nesse contexto, em que
se nega a prática do tipo penal apontado na peça acusatória, não é possível o
reconhecimento da circunstância atenuante. (Info STJ 569)

Ou seja, se confessa o tipo penal da denúncia, mas nega a qualificadora, incide a atenuante.
Porém, se nega o próprio tipo penal, na tentativa de desqualificar, não incide a atenuante.

3) Atenuantes inominadas.

Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou
posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei.

Não caracteriza circunstância relevante anterior ao crime (art. 66 do CP) o fato de o


condenado possuir bons antecedentes criminais. Isso porque os antecedentes criminais são
analisados na 1ª fase da dosimetria da pena, na fixação da pena-base, considerando que se
trata de uma circunstância judicial do art. 59 do CP. (Info STJ 569)

A doutrina apresenta como exemplo desta atenuante a TEORIA DA COCULPABILIDADE:

Esta teoria parte da idéia de que a sociedade, muitas vezes, é desorganizada, discriminatória,
excludente, marginalizadora, criando condições sociais que reduzem o âmbito de
determinação e liberdade do agente, contribuindo, portanto, para o delito. Essa postura da
sociedade deve ser em parte compensada, arcando com parcela da reprovação.
A teoria é fortemente criticada no sentido de que parte da premissa que a pobreza é causa do
delito; pode conduzir à redução de garantias quando se trata de processar o rico e continua
ignorando a seletividade do poder punitivo.

LFG prefere a TEORIA DA VULNERABILIDADE:

Quem conta com alta vulnerabilidade (de sofrer a incidência do Direito penal), e esse é caso de
quem não tem instrução, nem status, nem condições de 'pagar advogado', nem família, nem
diploma etc., teria a sua culpabilidade reduzida (todas essas circunstâncias levariam a uma
diminuição de pena. Ao contrário, aquele que desfruta de baixa vulnerabilidade (quem conta
com status, boa educação, diploma etc.) teria mais intensa culpabilidade.

3ª fase – CAUSAS DE AUMENTO E DIMINUIÇÃO DE PENA

Finalidade: Fixar a pena definitiva.

Instrumentos: Causas de aumento e diminuição de pena.

Ponto de partida: Pena intermediária.

Obs.: O quantum das causas de aumento e diminuição possui previsão legal, seja na parte
geral, especial ou na legislação extravagante, e podem ser em quantidade fixa ou variável.

Obs.: Na terceira fase o juiz pode extrapolar os limites mínimos e máximos.

-CONCURSO DE CAUSAS DE AUMENTO E DIMINUIÇÃO

Concurso homogêneo de causas de AUMENTO:

1) Duas causas previstas na parte geral. O juiz deve aplicar as duas. Deve, contudo, observar o
PRINCÍPIO DA INCIDÊNCIA ISOLADA (O segundo aumento recai na pena originária, e não na
aumentada).

2) Duas causas previstas na parte especial: No concurso de causas de aumento ou de diminuição


previstas na parte especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição,
prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou diminua.

3) Uma na parte geral + outra na especial: O juiz aplica as duas, observado o princípio da
incidência isolada.

Concurso homogêneo de causas de diminuição:

1) Duas causas previstas na parte geral: O juiz deve aplicar as duas e observar o PRINCÍPIO DA
INCIDÊNCIA CUMULATIVA. (mais favorável)
2) Duas causas previstas na parte especial: No concurso de causas de aumento ou de diminuição
previstas na parte especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição,
prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou diminua.

3) Uma na parte geral + outra na especial: O juiz deve aplicar as duas e observar o PRINCÍPIO DA
INCIDÊNCIA CUMULATIVA.

Concurso heterogêneo de causas de AUMENTO e DIMINUIÇÃO:

Quando o juiz se deparar com uma causa de aumento concorrendo com uma causa de
diminuição (não importando em qual parte do Código estão estampadas), deve aplicar as duas,
observando, na operação, o princípio da incidência cumulativa, além de primeiro aumentar e
depois diminuir.

-REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE

Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto. A
de detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime
fechado.

§ 1º - Considera-se:

a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento de segurança máxima ou média;

b) regime semi-aberto a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento


similar;

c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou estabelecimento adequado;

§ 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo


o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de
transferência a regime mais rigoroso:

a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime


fechado;

b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8
(oito), PODERÁ, desde o princípio, cumpri-la em regime semi-aberto;

ATENÇÃO: Se ele for reincidente, fechado!

Obs.: PODERÁ, eis que a depender das circunstâncias, o juiz pode estabelecer regime mais
gravoso.

c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá,
desde o início, cumpri-la em regime aberto.

ATENÇÃO: Se ele for reincidente, fechado! PODENDO ser o semi-aberto, desde que possua
circunstâncias judiciais favoráveis. (Súmula 269 STJ).

Ou seja... O juiz, na fixação do regime inicial deve observar:

Espécie de pena (reclusão ou detenção);

Quantum da pena;
Eventual reincidência;

Circunstâncias judiciais;

E se o condenado a pena inferior a 4 anos for reincidente?

Súmula 269 STJ: É admissível a adoção do regime prisional semi-aberto aos reincidentes
condenados a pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais.

Isto porque, o reincidente deveria pegar o regime mais rigoroso, vale dizer, o fechado.

ATENÇÃO: Na prática, os juízes, considerando a gravidade do crime de roubo, aplicam o


regime inicial fechado. (Suponha que a pena ficasse em 6 anos, deveria ser semi-aberto).

Súmula 718 STF: A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui
motivação idônea para a imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena
aplicada.

Ex: O roubo é crime grave que assola a sociedade...

Súmula 719 STF: A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada
permitir exige motivação idônea.

Ex: o roubo em análise foi grave, pois praticado com arma de grosso calibre, contra vítima
idosa...

Ainda que consideradas favoráveis as circunstâncias judiciais (art. 59 do CP), é admissível a


fixação do regime prisional fechado aos não reincidentes condenados por roubo a pena
superior a quatro anos e inferior a oito anos se constatada a gravidade concreta da conduta
delituosa, aferível, principalmente, pelo uso de arma de fogo. (Info STJ 548).

Se a pena-base é fixada acima do mínimo legal em virtude de as circunstâncias judiciais do


art. 59 do CP serem desfavoráveis, é possível que o juiz determine regime inicial mais
gravoso do que o abstratamente previsto de acordo com a quantidade de pena aplicada.
(Info STF 775)

Se o juiz fixou a pena base no mínimo legal com fundamento no 59, ele pode fixar regime
inicial mais severo com base também no 59?

De acordo com a maioria, nada impede que o magistrado fixe a pena base no mínimo impondo
regime prisional mais grave, desde que fundamente a decisão.

Súmula 440 STJ: Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime
prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na
gravidade abstrata do delito.

GUILHERME NUCCI discorda: "Pensamos ser muito difícil para o magistrado separar
completamente os requisitos do art. 59 em duas fases distintas, conseguindo argumentos
suficientes para dar pena mínima, ao mesmo tempo em que extrai outros para estabelecer
regime mais severo. Afinal, se o crime é grave - não pela simples descrição típica, mas pelos
aspectos fá ticos que envolve -, a pena não deveria situar-se no mínimo, atendendo-se ao
disposto nos elementos 'circunstâncias e consequências do crime' , previstos no art. 59.”

-DETENÇÃO
Aplicada pena superior a 4 (quatro) anos, o juiz sentenciante fixará o regime inicial semi-
aberto, seja o condenado primário ou reincidente, já que na Detenção não tem regime
fechado.

Quando imposta pena não superior a 4 (quatro) anos, o regime inicial poderá ser o aberto,
desde que primário o condenado.

Ou seja...a detenção não pode começar no regime fechado, mas pode ser cumprida no
fechado por meio da regressão.

Obs.: Estatuto do Índio - As penas de reclusão e de detenção serão cumpridas, se possível, em


regi me especial de semi-liberdade, no local de funcionamento do órgão federal de assistência
aos índios mais próximos da habitação do condenado.

Ao fixar o regime inicial de pena, o juiz deve observar o tempo cumprido em prisão provisória?

Art. 42 CP Computam-se, na pena privativa de liberdade e na medida de segurança, o tempo


de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, o de prisão administrativa e o de internação
em qualquer dos estabelecimentos referidos no artigo anterior

387 § 2º CPP O tempo de prisão provisória, de prisão administrativa ou de internação, no


Brasil ou no estrangeiro, será computado para fins de determinação do regime inicial de pena
privativa de liberdade (Lei de 2012).

Ou seja... a partir de 2012, o juiz deverá observar a prisão provisória, anteriormente a isso não
havia tal necessidade, a detração só se aplicava na fase de execução penal.

Ex: Se o cara condenado a 8 anos e 1 mês, já cumpriu 90 dias de provisória, poderá pegar o
semi aberto ao invés do fechado.

ATENÇÃO: De acordo com Rogério Sanches, a detração só é capaz de permitir regime prisional
menos rigoroso se o tempo de prisão provisória coincidir com o requisito temporal da
progressão.

Ex: O sujeito ficou preso preventivamente 90 dias, ele foi condenado a 8 anos e 1 mês. Para
progredir, deveria cumprir 1/6 da pena, ou seja, 1 ano e 4 meses. Caso contrário, aquele que
aguardou o processo em liberdade seria prejudicado se comparado àquele que ficou preso
preventivamente.

É cabível a aplicação do benefício da detração penal previsto no art. 42 do CP em processos


distintos, desde que o delito pelo qual o sentenciado cumpre pena tenha sido cometido
antes da segregação cautelar, evitando a criação de um crédito de pena. (Info STJ 509).

É inviável aplicar o instituto da detração penal nos processos relativos a crimes cometidos
após a custódia cautelar. (Info STJ 476).

-PENAS ALTERNATIVAS

Fixada a pena privativa de liberdade e determinado o regime prisional para o seu inicial
cumprimento, deve o juiz verificar a possibilidade de SUBSTITUIÇÃO DA PRISÃO POR PENAS
ALTERNATIVAS OU MODIFICAR A SUA EXECUÇÃO.

Penas alternativas: Restritivas de direitos ou multa. Substituem, a PPL (de curta duração),
restringindo direitos do condenado.
Modificar a sua execução: Sursis ou livramento condicional. Mantêm a PPL, mas modificam a
sua execução (evitando prisão), mediante condições. São medidas alternativas.

-RESTRITIVAS DE DIREITOS

As restritivas de direitos, espécies de pena alternativa, seguindo a tendência do direito penal


moderno, buscam eliminar a pena privativa de liberdade de curta duração, por não atender
satisfatoriamente às finalidades da sanção penal. Ênfase em política criminal.

De acordo com a maioria da doutrina, a sanção alternativa deve ser compreendida como um
direito público subjetivo do réu, vale dizer, se presentes as exigências legais, impõe-se a sua
concessão.

Essas são as do CP, mas o Estatuto do torcedor, a lei de crimes ambientais e a lei de drogas
trazem outras penas restritivas de direito.

Características:

a) Autonomia: As PRDs não podem ser cumuladas com PPL. (Em regra)

Exceções: 78 CDC e 292 CTB (suspensão de dirigir)

b) Substitutividade: O juiz primeiro fixa a PPL anunciando seu regime prisional, depois, na
mesma sentença, substitui a privativa de liberdade por restritiva de direitos.

Exceção: Lei de drogas

Prazo de duração da PRD: Antes de 98 era o mesmo prazo da PPL. Contudo, após a alteração
de 1998:

Restritiva de direito real: no máximo pode ser parcelada.

Prestação de serviços à comunidade: Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado


ao condenado cumprir a pena substitutiva em menor tempo (art. 55), nunca inferior à metade
da pena privativa de liberdade fixada.

Estatuto do torcedor: Na sentença penal condenatória, o juiz deverá converter a pena de


reclusão em pena impeditiva de comparecimento às proximidades do estádio, bem como a
qualquer local em que se realize evento esportivo, pelo prazo de 3 (três) meses a 3 (três) anos,
de acordo com a gravidade da conduta, na hipótese de o agente ser primário, ter bons
antecedentes e não ter sido punido anteriormente pela prática de condutas previstas neste
artigo.

-REQUISITOS PARA APLICAÇÃO DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITO


Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de
liberdade, quando:

I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido
com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for
culposo;

Obs.: Se houver concurso de crimes, deve-se levar em consideração o total das penas.

Obs.: Se for violência imprópria prevalece na doutrina que se admite a PRD.

Obs.: Nos crimes de lesão corporal leve, ameaça e constrangimento ilegal admite-se a
substituição, em que pese o código penal vede para os crimes com violência ou ameaça, a lei
9.099/95 incentiva a substituição nesses casos, e valendo-se de uma interpretação sistemática,
deve ser aplicada. (Por óbvio, não se admite em casos de lei Maria da Penha).

Obs.: Na Lei dos crimes Ambientais deve ser inferior a 4 anos; Ou seja, no CP admite se for
exatos 4 anos, enquanto na LCA se for exatos 4 anos não será admitida a substituição.

Não cabe a substituição de pena privativa de liberdade por restritiva de direito quando o
crime for cometido com violência. (Informativo STF 702)

II – o réu não for reincidente em crime doloso;

Obs.: Esta regra é relativizada pelo § 3º que diz que poderá ser haver a substituição se o réu
não for reincidente específico e se a medida for socialmente recomendável. (Princípio da
suficiência da pena alternativa, vale dizer, atingir os fins da pena)

III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem


como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente.

ESQUEMATIZANDO...

CRIMES DOLOSOS: Pena não superior a 4 anos;

Crime sem violência ou grave ameaça à pessoa;

Não ser reincidente em crime doloso;

ATENÇÃO: Os requisitos são cumulativos!

Obs.: No caso de crime culposo independe da quantidade de pena. Quanto aos preterdolosos,
prevalece que deve observar os mesmos requisitos (Embora seja um crime doloso de resultado
culposo...).

Obs.: O CPM não prevê PRDs, e a omissão foi intencional, logo, não se admite a na analogia.
(Vale lembrar que no Direito Penal são necessários dois requisitos para analogia: benefício ao
réu e a omissão involuntária)

§ 2o Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou por
uma pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser
substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos.

ESQUEMATIZANDO...

PPL < 1  1 PRD ou Multa


PPL >1 < 4  2 PRD ou 1PRD + Multa

§ 3o Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em face
de condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se
tenha operado em virtude da prática do mesmo crime

§ 4o A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade quando ocorrer o


descumprimento injustificado da restrição imposta. No cálculo da pena privativa de liberdade
a executar será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o saldo
mínimo de trinta dias de detenção ou reclusão.

Obs.: É tratada na doutrina por conversão (primeiro ocorre a substituição) ou reconversão


(primeiro ocorreria conversão).

Primeira hipótese de conversão: Descumprimento injustificado: E se é injustificado, se faz


necessária a justificativa do reeducando.

Ex: Foi condenado a 1 ano e descumpriu no 8º mês, ele irá cumprir os 4 meses restantes de
privativa de liberdade. (Detração)

§ 5o Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por outro crime, o juiz da


execução penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la se for possível ao
condenado cumprir a pena substitutiva anterior.

Segunda hipótese de conversão: Quando sobrevém condenação a PPL durante a PRD.

O juiz deve analisar se a PPL e a PRD (em execução) são compatíveis:

Se compatíveis, não gera conversão. Ex: Regime aberto + prestação de serviços à comunidade.

Se não forem compatíveis, deve determinar a conversão da PRD em PPL e somar as duas PPL
pra ver quanto tempo de pena ele deverá cumprir.

Para a conversão da pena restritiva de direitos em privativa de liberdade, é necessária a


oitiva prévia do condenado, pois sua ausência viola o direito da ampla defesa e do
contraditório. (Info STJ 495).

-PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA

Consiste no pagamento em dinheiro à vítima, a seus dependentes ou a entidade pública ou


privada com destinação social, de importância fixada pelo juiz, não inferior a um salário
mínimo nem superior a trezentos e sessenta salários mínimos. A prestação pecuniária, a bem
da verdade, não passa de uma forma de reparação civil travestida de sanção criminal, a fim de
facilitar seu cumprimento, já que o próprio legislador acrescenta que ‘o valor pago será
deduzido do montante de eventual condenação em ação de reparação civil, se coincidentes os
beneficiários;

Obs.: Se descumpre a prestação pecuniária, poderá converter-se em prisão. Ao contrário da


multa, que se não for paga, será executada. A multa é pena pecuniária e a prestação
pecuniária é pena restritiva de direitos.

-PERDA DE BENS E VALORES

Consiste no confisco de bens e valores do condenado em valor que não pode superar o lucro
aferido ou o prejuízo causado pelo crime, tomando-se como teto o que for maior . Há grande
divergência entre os autores sobre a possibilidade de a decretação da perda atingir ou não
bens lícitos do condenado, ou se apenas os bens de origem ilícita poderiam ser confiscados.

A perda de bens e valores dar-se-á, ressalvada a legislação especial, em favor do Fundo


Penitenciário Nacional.

Obs.: Não se confunde com os efeitos da condenação de perdas dos produtos e proveitos do
crime. (Art. 91, II).

-PRESTAÇÃO DE SERVIÇO À COMUNIDADE

O trabalho desenvolvido pelo réu – ou melhor, as tarefas que lhe são atribuídas –, não é
remunerado (art. 30, LEP), posto que inexiste qualquer vínculo empregatício entre aquele e o
Estado. A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas é aplicável às
condenações superiores a seis meses de privação de liberdade, de forma que, imposta pena
igual ou inferior àquele limite, a substituição é admitida, em tese, somente pelas demais
espécies (art. 43, I, II, V e VI). O escopo primeiro de tal pena é a reinserção social do
condenado, sem que este sofra os dissabores que o cumprimento de eventual pena privativa
de liberdade poderia lhe trazer.

-INTERDIÇÃO TEMPORÁRIA DE DIREITOS

As interdições temporárias não se confundem com os efeitos da condenação (art. 92 e incisos),


que não são sanções penais, mas apenas consequências reflexas da decisão condenatória. A
interdição de direitos é uma sanção penal aplicável independentemente da sanção que
couber no âmbito ético ou administrativo. Isto é, a condenação criminal não inibe os
Conselhos Regionais de Classes e a Administração Pública de aplicarem, em suas esferas de
competências, as sanções correspondentes.

Art. 47 - As penas de interdição temporária de direitos são:

I - proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato


eletivo;

II - proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação


especial, de licença ou autorização do poder público;

III - suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo.

IV – proibição de frequentar determinados lugares.

V - proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou exame públicos.

-LIMITAÇÃO DE FIM DE SEMANA

A reforma penal de 84 criou, como uma das espécies de penas restritivas de direitos, a
limitação de fim de semana, também chamada de prisão de fim de semana. Por ela o
condenado teria substituída, em certas condições, a pena privativa de liberdade fixada, pela
obrigação de permanecer, aos sábados e domingos, por cinco horas, em casa de albergado
ou em estabelecimento adequado. A lei não fala em dias feriados, obrigando à sua exclusão.

-PENA DE MULTA

É cominada no preceito secundário do tipo incriminador ou substitutiva da prisão (Art. 44 CP),


a pena de multa é espécie de sanção penal patrimonial, consistente na obrigação imposta ao
sentenciado de pagar ao fundo penitenciário determinado valor em dinheiro.
Crítica de Zaffaroni e Ferrajoli: Não é possível saber se é o próprio condenado que cumpre a
pena de multa, e se não for ele, os fins da pena ficam prejudicados, além de violar o principio
da pessoalidade ou intransmissibilidade.

O CP adota o sistema de dias-multa, baseado, principalmente na capacidade econômica do


sentenciado.

Art. 49 - A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia fixada na


sentença e calculada em dias-multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de 360
(trezentos e sessenta) dias-multa.

§ 1º - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser inferior a um trigésimo do
maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco) vezes esse
salário.

1ª ETAPA: Será fixada a quantidade de dias-multa, mínimo de 10 e máximo de 360, levando-se


em consideração o sistema trifásico de aplicação da pena.

1ª corrente: Analisar o artigo 68 (sistema trifásico). (Greco, Nucci, Paulo Queiroz, André
Estefam e Cleber Masson)

2ª corrente: Analisar a capacidade financeira do sentenciado. (Bittencourt/Capez)

3ª corrente: Analisar apenas o artigo 59.

2ª ETAPA: Será fixado o valor do dia multa, mínimo de 1/30 e máximo 5x o salário mínimo.

3ª ETAPA: Multiplica a quantidade de dias multa pelo valor do dia multa.

A multa irrisória deve ser executada?

1ª corrente: A multa irrisória não deve ser executada em juízo, já que o Poder Público arcará
em sua cobrança com valor superior ao que será ao final arrecadado, e o condenado sequer
suportará o caráter retributivo da pena.

2ª corrente: A cobrança em juízo é obrigatória. Pouco importa o seu valor: pena de multa é
pena, incidindo sobre ela os princípios da imperatividade da sua aplicação e da
inderrogabilidade de seu cumprimento. É a dominante.

Pagamento voluntário

Art. 50 - A multa deve ser paga dentro de 10 (dez) dias depois de transitada em julgado a
sentença. A requerimento do condenado e conforme as circunstâncias, o juiz pode permitir
que o pagamento se realize em parcelas mensais.

Contudo, o não pagamento autoriza a execução forçada. Anteriormente, admitia-se a


conversão da multa em pena privativa de liberdade! Houve alteração em 1996:

Art. 51 - Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será considerada dívida de


valor, aplicando-se-lhes as normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública,
inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição

Quem executa a pena de multa?


1ª corrente: A competência para a execução da pena de multa continua sendo do Juiz das
Execuções Criminais, bem como a legitimidade para a sua promoção continua sendo do
Ministério Público, seguindo o rito da LEP, arts. 1 64 e ss (Cezar Roberto BITENCOURT)

2a corrente: a competência para a execução da pena de multa continua sendo do Juiz das
Execuções Criminais, bem como a legitimidade para a sua promoção continua sendo do
Ministério Público, mas o rito a ser seguido é o previsto na Lei de Execuções Fiscais (Súmula 2
do Tribunal de Justiça de Minas Gerais) .

3a corrente: com o advento da Lei n. 9.268/1996, o art. 51 do Código Penal passou a


considerar a multa criminal como dívida de valor, sendo aplicáveis à execução dessa sanção as
normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública. Nesse sentido, a multa criminal
torna-se executável por meio da adoção dos procedimentos próprios da execução fiscal,
afastando-se a competência da Vara de Execuções Penais. É da Fazenda Pública a
legitimidade para promover a execução de pena de multa imposta em sentença penal
condenatória, e não do Ministério Público. (STJ)

ATENÇÃO: O juizado especial criminal possui competência para conciliação, julgamento e


execução, portanto, a multa deve ser executada no próprio juizado pelo MP.

Súmula 521-STJ: A legitimidade para a execução fiscal de multa pendente de pagamento


imposta em sentença condenatória é exclusiva da Procuradoria da Fazenda Pública.

O Ministério Público não possui legitimidade para executar a pena de multa (Súmula 521-
STJ). No entanto, ele possui legitimidade para, antes do trânsito em julgado da sentença
penal condenatória, propor medidas acautelatórias destinadas a garantir o pagamento da
multa (Info STJ 558).

Prescrição da pena de multa: as causas suspensivas e interruptivas estão previstas na lei de


execução fiscal, mas o prazo é de 2 anos se aplicada isoladamente, ou o mesmo prazo da PPL
aplicada junto com a multa.

Critérios especiais da pena de multa

Art. 60 - Na fixação da pena de multa o juiz deve atender, principalmente, à situação


econômica do réu.

§ 1º - A multa pode ser aumentada até o triplo, se o juiz considerar que, em virtude da
situação econômica do réu, é ineficaz, embora aplicada no máximo.

Multa substitutiva

§ 2º - A pena privativa de liberdade aplicada, não superior a 6 (seis) meses, pode ser
substituída pela de multa, observados os critérios dos incisos II e III do art. 44 deste Código.

Súmula 171 STJ: Cominadas cumulativamente, em lei especial, penas privativa de liberdade e
pecuniária, é defesa a substituição da prisão por multa.

Obs.: Na Lei Maria da Penha veda-se a substituição de pena que implique o pagamento isolado
de multa.

-SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA – SURSIS

É um instituto de política criminal, que suspende por certo tempo (período de prova), a
execução da pena privativa de liberdade. Por ser condicional, fica o sentenciado em liberdade
sob determinadas condições. Nosso código adotou o sistema originário da França (embora a
Bélgica tenha sido a primeira a adotar). Daí a denominação sursis (isto é, suspenso), que
advém da expressão sursis l’exécution de la peine.

Trata-se de um benefício subsidiário, sendo indicado quando não couber a pena alternativa. O
instituto é aplicado na sentença condenatória, de modo que pressupõe reconhecimento
expresso da culpabilidade do agente.

Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser
suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que:

Obs.: Embora esteja escrito poderá, trata-se de um direito público subjetivo do réu, de acordo
com a doutrina majoritária e o STJ.

Durante a suspensão condicional da pena, não corre prazo prescricional. (Info STF 744)

-SISTEMAS

Obs.: Na Inglaterra e nos Estados Unidos, a prática nesse assunto iniciou-se no mecanismo das
leis assistenciais dos menores infratores, estendendo-se, depois, ao Direito Penal comum,
como medida de política criminal igualmente proveitosa para o criminoso adulto. Segundo
este sistema, “o magistrado, sem aplicar pena, reconhece a responsabilidade penal do réu,
submetendo-lhe a um período de prova, no qual, em liberdade, deve ele comportar-se
adequadamente. Se o acusado não agir de forma correta, o julgamento é retomado, com a
consequente prolação de sentença condenatória e imposição de pena privativa de liberdade

-ESPÉCIES, REQUISITOS E CONDIÇÕES

1) Sursis simples

Pena imposta: não superior a 2 anos.

Período de prova: 2 a 4 anos.

1º ano: Prestação de serviços à comunidade ou limitação de final de semana.

Requisitos: Art. 77 (não repara o dano)

2) Sursis especial (antecipa a necessária reparação do dano)

Pena imposta: não superior a 2 anos.

Período de prova: 2 a 4 anos.


Reparação do dano ou comprovada a impossibilidade.

1º ano: Proibição de frequentar determinados lugares, proibição de se ausentar da comarca e


comparecimento mensal em juízo;

Requisitos: Art. 77 + reparação do dano.

3) Sursis etário

Pena imposta: Não superior a 4 anos.

Período de prova: 4 a 6 anos.

1º ano: Se não reparar o dano: prestação de serviços ou limitação de fim de semana. Se


reparar o dano, limitações do sursis especial.

Requisitos: Ser maior de 70 anos ou por razões de saúde.

4) Sursis humanitário

Pena imposta: Não superior a 4 anos.

Período de prova: 4 a 6 anos.

1º ano: Se não reparar o dano: prestação de serviços ou limitação de fim de semana. Se


reparar o dano, limitações do sursis especial.

Requisitos: Razões de saúde, doença que não possa ser tratada no cárcere.

PRESSUPOSTOS E REQUISITOS

Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, NÃO SUPERIOR A 2 (DOIS) anos, poderá
ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que:

I - o condenado não seja reincidente em crime doloso;

II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como


os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício;

III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste Código

§ 1º - A condenação anterior a pena de multa não impede a concessão do benefício.

§ 2º - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a quatro anos, poderá ser
suspensa, por quatro a seis anos, desde que o condenado seja maior de setenta anos de
idade, ou razões de saúde justifiquem a suspensão.

CONDIÇÕES A SEREM OBSERVADAS NO PERÍODO DE PROVA

Art. 78 - Durante o prazo da suspensão, o condenado ficará sujeito à observação e ao


cumprimento das condições estabelecidas pelo juiz.

§ 1º - No primeiro ano do prazo, deverá o condenado prestar serviços à comunidade (art. 46)
ou submeter-se à limitação de fim de semana (art. 48).

Sursis especial:
§ 2° Se o condenado houver reparado o dano, salvo impossibilidade de fazê-lo, e se as
circunstâncias do art. 59 deste Código lhe forem inteiramente favoráveis, o juiz poderá
substituir a exigência do parágrafo anterior pelas seguintes condições, aplicadas
cumulativamente:

a) proibição de frequentar determinados lugares;

b) proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz;

c) comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas


atividades.

-CAUSAS DE REVOGAÇÃO

1) Obrigatórias

Art. 81 - A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário:

I - é condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso;

Obs.: Não importa a infração penal cometida, desde que seja dolosa. Pode ser praticada antes
ou depois do período de prova. Revogação automática.

Obs.: Rogério Greco aduz que se a condenação for somente a pena de multa, não será causa
obrigatória de revogação.

II - frustra, embora solvente, a execução de pena de multa ou não efetua, sem motivo
justificado, a reparação do dano;

ATENÇÃO: A primeira parte foi tacitamente revogada pela lei 9.268/96, que não mais permite
conversão de pena de multa em privativa de liberdade.

III - descumpre a condição do § 1º do art. 78 deste Código (não presta serviço ou limitação de
fds)

2) Facultativas

§ 1º - A suspensão poderá ser revogada se o condenado descumpre qualquer outra condição


imposta ou é irrecorrivelmente condenado, por crime culposo ou por contravenção, a pena
privativa de liberdade ou restritiva de direitos.

ATENÇÃO: Crime culposo + multa e contravenção penal + multa NÃO REVOGA


NECESSARIAMENTE O BENEFÍCIO.

§ 3º - Quando facultativa a revogação, o juiz pode, ao invés de decretá-la, prorrogar o período


de prova até o máximo, se este não foi o fixado.
-LIVRAMENTO CONDICIONAL

Trata-se de um benefício que é um direito subjetivo do réu, ou seja, presentes os requisitos, o


juiz deve conceder. É a última etapa do sistema progressivo, devendo o liberado cumprir o
restante da pena em liberdade, submetendo-se a determinadas condições.

Configura benefício de política criminal voltado a permitir a redução do tempo de


encarceramento, com a concessão antecipada e provisória da liberdade do apenado.

Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de


liberdade IGUAL ou SUPERIOR a 2 (dois) anos, desde que:

I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em crime doloso e
tiver bons antecedentes;

II - cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em crime doloso;

III - comprovado comportamento satisfatório durante a execução da pena, bom desempenho


no trabalho que lhe foi atribuído e aptidão para prover à própria subsistência mediante
trabalho honesto;

IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela infração;

V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo,
prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, e terrorismo, se o apenado
não for reincidente específico em crimes dessa natureza.

Parágrafo único - Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave
ameaça à pessoa, a concessão do livramento ficará também subordinada à constatação de
condições pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a delinquir.
Art. 84 - As penas que correspondem a infrações diversas devem somar-se para efeito do
livramento.

Súmula 715 STF: A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento,
determinado pelo art. 75 do Código Penal, não é considerada para a concessão de outros
benefícios, como o LIVRAMENTO CONDICIONAL ou regime mais favorável de execução.

Súmula 441 STJ: A falta grave não interrompe o prazo para obtenção de livramento
condicional. (mas interrompe prazo para progressão)

Obs.: O tráfico privilegiado não é tipo autônomo então recebe os mesmos rigores dos crimes
hediondos.

Revogação obrigatória: Condenação a pena privativa de liberdade em sentença irrecorrível


seja por crime cometido durante o benefício ou crime anterior.

Revogação facultativa: Descumpre obrigações da sentença ou por condenação irrecorrível a


crime ou contravenção que não seja pena privativa de liberdade.

-CONCURSO DE CRIMES

Dá-se o concurso de crimes quando o agente com uma ou várias condutas, realiza pluralidade
de crimes.

ATENÇÃO: Pode ocorrer entre crimes de qualquer espécie: comissivos e omissivos; dolosos e
culposos; consumados e tentados; simples e qualificados; crimes e contravenções penais;

CONCURSO MATERIAL OU REAL DE CRIMES

Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais
crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que
haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-
se primeiro aquela.
Requisitos: Pluralidade de condutas; pluralidade de crimes.

Homogêneo: Pluralidade de crimes da mesma espécie.

Heterogêneo: Pluralidade de crimes de espécies diferentes.

Sistema do cúmulo material: Por intermédio deste sistema, o juiz primeiro individualiza a pena
de cada um dos crimes praticados pelo agente, somando todas ao final.

Obs.: Quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de liberdade, não suspensa
("sursis"), por um dos crimes, para os demais será incabível a substituição por restritivas de
direitos (art. 69, § 1 °, do CP) .

Obs.: Sendo aplicadas duas penas restritivas de direitos, é possível que o condenado cumpra
ambas simultaneamente, desde que sejam compatíveis entre si. Não sendo, deverá cumpri-las
sucessivamente.

CONCURSO FORMAL OU IDEAL DE CRIMES

Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes,
idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma
delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se,
entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes
resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.

Requisitos: Unidade de conduta (pode ser dividida em vários atos); pluralidade de crimes.

Ex: Roubar 6 passageiros de um ônibus, para o STF, é uma conduta dividida em 6 atos.

Homogêneo: Pluralidade de crimes da mesma espécie.

Heterogêneo: Pluralidade de crimes de espécies diferentes.

Formal próprio/perfeito/normal: Não tem desígnios autônomos.

Obs.: Se num único contexto duas pessoas têm seu patrimônio ameaçado, sendo que uma
delas foi efetivamente roubada, configura-se concurso formal de crimes em sua forma
homogênea. Porém, se a conduta do agente é direcionada a apenas um patrimônio, há crime
único, ainda que mais de uma pessoa seja submetida a violência ou grave ameaça.

Obs.: Se uma pessoa estiver na posse de bens de outra pessoa, será crime único também.

Sistema da exasperação. Neste, o juiz aplica a pena mais grave dentre as cominadas para os
vários crimes praticados pelo agente. Em seguida, majora essa pena de um quantum
anunciado em lei, um sexto até a metade.

Obs.: A pena não pode ficar maior do que seria adotada no cumulo material.

Formal impróprio/imperfeito/anormal: O agente possui desígnios autônomos. Aqui, adota-se


o sistema de cúmulo material.

CRIME CONTINUADO GENÉRICO


O instituo do crime continuado esta baseado em razões de política criminal. O juiz, ao invés de
aplicar as penas correspondentes aos vários crimes praticados em continuidade, por ficção
jurídica, para fins de pena, considera como se um só crime fosse praticado pelo agente,
majorando sua pena.

Há três teorias que investigam a natureza jurídica do crime continuado:

A) Teoria da unidade real: os vários comportamentos delitivos constituem na verdade um


único crime. A pluralidade de condutas não significa a pluralidade de crimes, pois no crime
continuado há só um crime (as várias condutas criminosas são como se fosse partes do crime
maior, por isso teoria da UNIDADE). Observe que a letra A diz pluralidade de condutas e
unidade de resultado, logo, se no crime continuado sempre haverá a "pluralidade de
condutas" (afinal, estamos estudando concurso de crimes, de condutas delitivas), a expressão
"unidade de resultados" só pode indicar a aplicação da teoria da unidade real, e não da ficção
jurídica como afirmou a questão, por isso que ela está equivocada.

B) Teoria da ficção jurídica: a continuidade delitiva é mera criação da lei, uma ficção (só existe
no campo abstrato da norma, pois na realidade, o que se vê são vários crimes praticados pelo
agente). Veja que não é possível considerar que todas as condutas delitivas são apenas partes
de um todo, sendo um crime único (como define a teoria anterior), porque se assim o fosse, o
legislador não apresentaria uma solução diversa de exasperação da pena, sendo que seria
aplicado a pena como ocorre na realização de qualquer crime. Essa é a teoria encampada pelo
nosso código penal.

C) Teoria da unidade jurídica ou mista: o crime continuado não é uma unidade real (primeira
teoria) e nem ficção jurídica, sendo uma realidade própria, uma figura própria, uma solução
jurídica criada para um fim específico. Não há unidade (1ª teoria) ou pluralidade (2ª teoria) de
crimes, mas sim um terceiro crime, o "crime de concurso", legalmente unificado pela unidade
do aspecto subjetivo.

Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais
crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras
semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-
lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em
qualquer caso, de um sexto a dois terços.

Mesma espécie: Previsto no mesmo tipo, protegendo igual bem jurídico. Não cabe
continuidade delitiva entre roubo e latrocínio, pois protegem bens jurídicos diferentes.

Não há continuidade delitiva entre os crimes do art. 6º da Lei 7.492/86 (Lei dos Crimes
contra o Sistema Financeiro Nacional) e os crimes do art. 1º da Lei 9.613/1998 (Lei dos
Crimes de "Lavagem" de Dinheiro). Não incide a regra do crime continuado na hipótese, pois
os crimes descritos nos arts. 6º da Lei 7.492/86 e 1º da Lei 9.613/98 não são da mesma
espécie. (Info STJ 569)

Condições de tempo: De acordo com a jurisprudência, até 30 dias. Exceto os crimes contra a
ordem tributária.

Lugar: Crimes praticados na mesma comarca ou comarcas vizinhas.

Maneira de execução: A lei exige semelhança e não identidade, que se traduz no modus
operandi de realizar a conduta delitiva.
Obs.: STJ: A jurisprudência desta Corte consolidou-se no sentido da aplicação da teoria
OBJETIVA-SUBJETIVA, pela qual o reconhecimento da continuidade delitiva dependente tanto
do preenchimento dos requisitos objetivos (tempo, modus operandi, lugar, etc.), como do
elemento subjetivo, qual seja, a unidade de desígnios.

Teoria puramente objetiva: é dispensável a vontade de praticar os delitos em continuação,


bastando que as condições objetivas semelhantes estejam presentes. (Foi adotada pela
exposição de motivos do CP)

Assim, constatando-se a ocorrência de diversos crimes sexuais durante longo período de


tempo, é possível o aumento da pena pela continuidade delitiva no patamar máximo de 2/3
(art. 71 do CP), ainda que sem a quantificação exata do número de eventos criminosos. (Info
STJ 559).

Se reconhecida a continuidade delitiva específica entre estupros praticados contra vítimas


diferentes, deve ser aplicada exclusivamente a regra do art. 71, parágrafo único, do Código
Penal, mesmo que, em relação a cada uma das vítimas, especificamente, também tenha
ocorrido a prática de crime continuado. (Info STJ 573)

CRIME CONTINUADO ESPECÍFICO

Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou
grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a
conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias,
aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo,
observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código.

Súmula 711 STF: A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou permanente, se a sua
vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.

Obs.: A Súmula n° 605 do Pretório Excelso anuncia que "não se aplica continuidade delitiva aos
crimes contra a vida". Ocorre que a referida Súmula é anterior à reforma de 1984, que alterou
o artigo em comento (art. 71), autorizando a continuidade delitiva, mesmo nos crimes
cometidos com violência ou grave ameaça. Parece-nos, portanto, que o entendimento
sumulado está superado.

Obs.: O concurso de crimes influencia diretamente na aplicação da pena, devendo ser levado
em consideração para fim de fixação da competência, sendo assim, se desse somatório
resultar um apenamento superior a 02 (dois) anos, fica afastada a competência do juizado
Especial.

→ Esta Corte já se posicionou no sentido de que, nas situações em que configuradas as duas
hipóteses de aumento da pena concernentes ao concurso formal e à continuidade delitiva,
admite-se apenas uma exacerbação, qual seja, aquela relativa ao crime continuado, sob pena
de bis in idem. (STJ)

-MEDIDA DE SEGURANÇA

A medida de segurança é mais um instrumento (espécie de sanção penal, lado da pena)


utilizado pelo Estado na resposta à violação da norma penal incriminadora, pressupondo, no
entanto, agente não imputável.
Podemos concluir que a medida de segurança, diferentemente da pena, tem finalidade
essencialmente preventiva (prevenção especial), é dizer, sua missão maior é evitar que o
agente (perigoso) volte a delinquir. Volta-se para o futuro (e não para o passado, como faz a
pena)

Obs.: No que diz respeito ao princípio da proporcionalidade, o magistrado, na determinação da


medida de segurança (e sua duração), não observa a gravidade do fato (apenas), mas,
especialmente, o grau de periculosidade do agente.

Obs.: A medida de segurança não necessariamente esta atrelada à inimputabilidade (Ex:


Direito Penal do Inimigo, prospectivo), o Código de 84 que fez essa vinculação. No Brasil não se
admite medida de segurança para imputável.

-ESPÉCIES DE MEDIDA DE SEGURANÇA

Detentiva, prevista no inciso I, consiste em internação em hospital de custódia e tratamento


psiquiátrico ou, à falta, em outro estabelecimento adequado. Importa em privação da
liberdade do agente.

Restritiva, elencada pelo inciso II, é a sujeição a tratamento ambulatorial. O agente


permanece livre, mas submetido a tratamento médico adequado.

-APLICAÇÃO DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA

Prazo

§ 1º - A internação, ou tratamento ambulatorial, será por tempo indeterminado, perdurando


enquanto não for averiguada, mediante perícia médica, a cessação de periculosidade. O prazo
mínimo deverá ser de 1 (um) a 3 (três) anos.
Obs.: A medida de segurança provisória será computada no prazo mínimo.

É constitucional o tempo indeterminado?

Súmula STJ 527: O tempo de duração da medida de segurança não deve ultrapassar o limite
máximo da pena abstratamente cominada ao delito praticado.

STF: Entende que deve ser respeitado o prazo máximo de 30 anos.

Perícia médica

§ 2º - A perícia médica realizar-se-á ao termo do prazo mínimo fixado e deverá ser repetida de
ano em ano, ou a qualquer tempo, se o determinar o juiz da execução.

Desinternação ou liberação condicional

§ 3º - A desinternação, ou a liberação, será sempre condicional devendo ser restabelecida a


situação anterior se o agente, antes do decurso de 1 (um) ano, pratica fato indicativo de
persistência de sua periculosidade.

Obs.: O fato não precisa ser típico, a exemplo de furto de uso ou furto insignificante, que
indicarão a continuação da periculosidade, devendo a decisão ser motivada, por óbvio.

Obs.: A jurisprudência dos Tribunais Superiores tem admitido a desinternação progressiva,


consistente na passagem da internação em hospital de custódia para o tratamento
ambulatorial antes da definitiva liberação do paciente.

§ 4º - Em qualquer fase do tratamento ambulatorial, poderá o juiz determinar a internação do


agente, se essa providência for necessária para fins curativos.

Obs.: Não se trata de regressão, pois não tem finalidade punitiva, mas sim curativa.

Substituição da pena por medida de segurança para o semi-imputável.

Art. 98 - Na hipótese do parágrafo único do art. 26 deste Código e necessitando o condenado


de especial tratamento curativo, a pena privativa de liberdade pode ser substituída pela
internação, ou tratamento ambulatorial, pelo prazo mínimo de 1 (um) a 3 (três) anos, nos
termos do artigo anterior e respectivos §§ 1º a 4º

E se o agente capaz na data da conduta, mas que desenvolve anomalia psíquica no curso da
execução da pena? Superveniência da doença mental.

Art. 108. O condenado a quem sobrevier doença mental será internado em Hospital de
Custódia e Tratamento Psiquiátrico.
Art. 183. Quando, no curso da execução da pena privativa de liberdade, sobrevier doença
mental ou perturbação da saúde mental, o Juiz, de ofício, a requerimento do Ministério
Público, da Defensoria Pública ou da autoridade administrativa, poderá determinar a
substituição da pena por medida de segurança.

O que fazer quando escoado o limite de internação e a periculosidade persistir?

Deve-se buscar, perante o juízo cível, a interdição do agente (figurando o Ministério Público
como legitimado ativo), demonstrando-se a necessidade da internação cível para a proteção
do paciente ou da sociedade.

Se o réu estava cumprindo pena privativa de liberdade pelo crime 1 e, em outra ação penal,
recebeu medida de segurança de internação pela prática do crime 2, isso não significa que a
pena privativa de liberdade que estava sendo executada deva ser convertida em medida de
segurança. Neste caso, após terminar de cumprir a medida de internação, não há óbice que
seja determinado o cumprimento da pena privativa da liberdade remanescente. Isso não viola
o sistema vicariante, considerando que este somente proíbe a imposição cumulativa ou
sucessiva de pena e medida de segurança referente a um mesmo fato. No caso concreto, eram
dois fatos distintos. (Info STJ 579)

-EFEITOS DA CONDENAÇÃO

Efeito penal principal: Execução forçada da sanção imposta.

Efeitos penais secundários: Gera reincidência em caso de execução futura, interrompe a


prescrição, revoga o sursis.

EFEITOS EXTRAPENAIS GENÉRICOS

Art. 91 - São efeitos da condenação:

I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime;

II - a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé:

a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso,
porte ou detenção constitua fato ilícito;

b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo
agente com a prática do fato criminoso.
§ 1o Poderá ser decretada a perda de bens ou valores equivalentes ao produto ou proveito
do crime quando estes não forem encontrados ou quando se localizarem no exterior.

§ 2o Na hipótese do § 1o, as medidas assecuratórias previstas na legislação processual


poderão abranger bens ou valores equivalentes do investigado ou acusado para posterior
decretação de perda.

EFEITOS EXTRAPENAIS ESPECÍFICOS

Art. 92 - São também efeitos da condenação:

I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo:

a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos
crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração
Pública;

b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos nos
demais casos.

II - a incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, nos crimes dolosos,
sujeitos à pena de reclusão, cometidos contra filho, tutelado ou curatelado;

III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática de crime
doloso.

Obs.: O dispositivo não se restringe a veículo automotor.

Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser
motivadamente declarados na sentença.

Obs.: A substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos impede a
perda do cargo ou função pública.

Obs.: Na lei de tortura e na de organização criminosa a perda é efeito automático.

-REABILITAÇÃO
É uma medida jurídica de política de criminal que garante ao condenado o sigilo do seu
processo e condenação, podendo também suspender determinados efeitos extra-penais
ordenados na sentença. Notam-se, duas finalidades da medida:

a) Assegurar o sigilo da condenação.

b) Suspender condicionalmente os efeitos específicos secundários extra-penais da


condenação.

Art. 93 - A reabilitação alcança quaisquer penas aplicadas em sentença definitiva,


assegurando ao condenado o sigilo dos registros sobre o seu processo e condenação.

Parágrafo único - A reabilitação poderá, também, atingir os efeitos da condenação, previstos


no art. 92 deste Código, vedada reintegração na situação anterior, nos casos dos incisos I e II
do mesmo artigo.

SIGILO DA CONDENAÇÃO

Obs.: A LEP já garante este direito:

Art. 202. Cumprida ou extinta a pena, não constarão da folha corrida, atestados ou certidões
fornecidas por autoridade policial ou por auxiliares da Justiça, qualquer notícia ou referência à
condenação, salvo para instruir processo pela prática de nova infração penal ou outros casos
expressos em lei.

Rogério Greco: Sendo assim, a Reabilitação não tem utilidade alguma, pois o artigo 202 da LEP
é mais vantajoso.

Cleber Masson: Entende que os dispositivos coexistem, "O sigilo assegurado pela reabilitação
é mais amplo, pois as informações por ele cobertas somente podem ser obtidas por requisição
(ordem), não de qualquer integrante do Poder Judiciário, mas exclusivamente do juiz criminal.
É o que se extrai do art. 748 do Código de Processo Penal"

SUSPENSÃO DOS EFEITOS EXTRAPENAIS DA CONDENAÇÃO

O instituto presta-se para suspender tais efeitos. Entretanto, o art. 93, parágrafo único,
anuncia que, nas situações dos incisos I (perda de cargo, função pública o mandato eletivo) e II
(incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela) , a reabilitação é parcial,
vedando a reintegração na situação anterior.

Ou seja... Pode voltar a exercer função pública, mas não voltar ao mesmo cargo. Pode voltar a
exercer o poder familiar, mas jamais sobre o filho vítima do crime.

Obs.: A reabilitação não impede a reincidência de crime futuro, eis que não rescinde a
condenação, permanecendo todos os seus efeitos penais secundários.

-REQUISITOS DA REABILITAÇÃO

Art. 94 - A reabilitação poderá ser requerida, decorridos 2 (dois) anos do dia em que for
extinta, de qualquer modo, a pena ou terminar sua execução, computando-se o período de
prova da suspensão e o do livramento condicional, se não sobrevier revogação, desde que o
condenado:
Obs.: O prazo é o mesmo para primário ou reincidente.

I - tenha tido domicílio no País no prazo acima referido;

II - tenha dado, durante esse tempo, demonstração efetiva e constante de bom


comportamento público e privado;

III - tenha ressarcido o dano causado pelo crime ou demonstre a absoluta impossibilidade de
o fazer, até o dia do pedido, ou exiba documento que comprove a renúncia da vítima ou
novação da dívida.

Obs.: Os requisitos são cumulativos.

Parágrafo único - Negada a reabilitação, poderá ser requerida, a qualquer tempo, desde que o
pedido seja instruído com novos elementos comprobatórios dos requisitos necessários.

Art. 95 - A reabilitação será revogada, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, se o


reabilitado for condenado, como reincidente, por decisão definitiva, a pena que não seja de
multa.

-PRESCRIÇÃO PENAL

É a perda, em face do decurso de tempo, do direito de o Estado punir ou executar uma


punição já imposta. Se em qualquer fase do processo, o juiz reconhecer extinta a punibilidade,
deverá declará-la de ofício. Trata-se de um limite temporal do poder punitivo Estatal. Conclui-
se, que a prescrição é uma garantia do cidadão contra a hipertrofia da punição.

Crimes imprescritíveis: RACISMO e AÇÃO DE GRUPOS ARMADOS, CIVIS OU MILITARES,


CONTRA A ORDEM CONSTITUCIONAL E O ESTADO DEMOCRÁTICO.

Obs.: A tortura é prescritível pela CF, mas aparece como imprescritível em alguns tratados
internacionais ratificados pelo Brasil. Ex: Estatuto de Roma. Em razão deste fato, discute a
doutrina se a tortura seria prescritível ou não no Brasil. Não há decisões nos tribunais
superiores reconhecendo a imprescritibilidade da tortura na seara penal. (Na seara cível, o STJ
entendeu que as indenizações por torturas praticadas no regime militar são imprescritíveis).

Fundamentos da prescrição: O decurso do tempo leva ao esquecimento do fato, o decurso de


tempo recupera naturalmente o criminoso e o resumo do tempo enfraquece o suporte
probatório. Em resumo: desaparece o interesse social de punir.

Existem duas principais espécies de prescrição:

A) da pretensão punitiva, que ocorre antes do trânsito em julgado da sentença, extinguindo o


direito de punir do Estado, quer impedindo-o de acionar o Poder Judiciário na busca da
aplicação da lei penal ao fato cometido pelo agente, ou, caso exercido o direito de ação, é
impedido de ver julgado, definitivamente, o processo em curso e impede qualquer efeito de
eventual condenação. Divide-se em prescrição em abstrato, retroativa, superveniente e
virtual:

Em abstrato: Artigo 109 CP. Tendo o Estado a tarefa de buscar a punição do delinquente, deve
anunciar até quando essa punição lhe interessa. Sendo incerto o quantum da pena que será
fixada, o prazo prescricional é resultado da combinação da pena máxima prevista
abstratamente no tipo e a escala do artigo 109.
Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no §
1o do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada
ao crime, verificando-se:

20 anos > 12

16 anos > 8 < 12

12 anos >4<8

8 anos >2<4

4 anos >1<2

3 anos (2010) <1

-DEVEM-SE LEVAR EM CONTA AS QUALIFICADORAS, CAUSAS DE AUMENTO DE PENAS,


CIRCUNSTÂNCIAS ETC.?

Considera-se: Qualificadoras e causas de aumento e diminuição.

Não se considera: Circunstâncias judiciais, agravantes e atenuantes e concurso de crimes.

-QUAIS AS CONSEQUÊNCIAS DA PPA?

Desaparece para o Estado o seu direito de punir, inviabilizando-se a análise do mérito. A


decisão é declaratória extintiva da punibilidade (não é absolutória, embora o 397 CPP ordene
que o juiz deva absolver sumariamente o acusado quando verificar a extinção da punibilidade).

Eventual sentença condenatória provisória é rescindida, vale dizer, não permite operar
qualquer efeito penal ou extrapenal.

O acusado não será responsabilizado pelas custas e terá direito a restituição integral da fiança.

-QUANDO SE DÁ O TERMO INICIAL DA PRESCRIÇÃO EM ABSTRATO?

Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr:

I - do dia em que o crime se consumou; (ATENÇÃO: o crime é praticado na data da conduta)

II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa;

III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência;

IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil, da


data em que o fato se tornou conhecido.

V - nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes, previstos neste Código ou
em legislação especial, da data em que a vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a esse
tempo já houver sido PROPOSTA a ação penal. (Incluído em 17/05/2012)

ATENÇÃO: Proposta significa dizer oferecida ou aceita? Existem correntes nos dois sentidos.
Obs.: E no crime habitual? O STF decidiu que deve obedecer o termo inicial do 111,III
equiparando-se ao delito permanente, ou seja, da data em que cessar a atividade criminosa.

-CAUSAS SUSPENSIVAS (param o cronômetro)

Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre:

I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da


existência do crime;

II - enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro;

-CAUSAS INTERRUPTIVAS (zeram o cronômetro)

Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se:

I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa;

Obs.: A doutrina diverge se a interrupção se dá com o despacho de recebimento ou sua


publicação em cartório.

Obs.: O simples aditamento da inicial não interrompe.

Súmula 709 STF: Salvo quando nula a decisão de primeiro grau, o acórdão que provê o recurso
contra a rejeição da denúncia vale, desde logo, pelo recebimento dela.

Obs.: Anulado o despacho de recebimento inicial, o novo recebimento será o marco


interruptivo.

O recebimento da denúncia por magistrado absolutamente incompetente não interrompe a


prescrição penal (Info STF 626)

II - pela pronúncia;

Reconhece haver prova da materialidade e indícios de autoria de crime doloso contra a vida.

Súmula 191 STJ: A pronúncia é causa interruptiva da prescrição, ainda que o Tribunal do Júri
venha a desclassificar o crime.

III - pela decisão confirmatória da pronúncia;

IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis

Obs.: Acórdão meramente confirmatório não interrompe a prescrição, contudo, é crescente a


doutrina e jurisprudência no sentido de que acórdão confirmatório que agrava a pena imposta
interrompe a prescrição.

O acórdão que confirma condenação ou diminui a reprimenda imposta na sentença não


interrompe a contagem da prescrição. (Info STF 708).

A prescrição da pretensão punitiva do Estado, em segundo grau de jurisdição, se interrompe


na data da sessão de julgamento do recurso e não na data da publicação do acórdão. (Info
STF 776)
V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena; (PPE)

VI - pela reincidência (PPE)

§ 1º - Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a interrupção da prescrição produz


efeitos relativamente a todos os autores do crime. Nos crimes conexos, que sejam objeto do
mesmo processo, estende-se aos demais a interrupção relativa a qualquer deles.

No caso de crimes conexos que sejam objeto do mesmo processo, havendo sentença
condenatória para um dos crimes e acórdão condenatório para o outro delito, tem-se que a
prescrição da pretensão punitiva de ambos é interrompida a cada provimento jurisdicional
(art. 117, § 1º, do CP). (Info STJ 568)

§ 2º - Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do inciso V deste artigo, todo o prazo


começa a correr, novamente, do dia da interrupção.

Retroativa:

Antes da sentença recorrível, não se sabe a quantidade da pena a ser fixada pelo juiz, razão
pela qual o lapso prescricional regula-se pela pena máxima prevista em lei (teoria da pior das
hipóteses). Contudo, fixada a pena, ainda que provisoriamente, transitando em julgado para a
acusação (ou sendo seu recurso improvido), não mais existe razão para se levar em conta
pena máxima, já que mesmo diante do recurso da defesa, é proibida a reforma para prejudicar
o réu. A pena aplicada na sentença passa a ser o novo norte, parâmetro para o artigo 109 do
CP.

§1º A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação
ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, não podendo, em
nenhuma hipótese, ter por termo inicial data anterior à da denúncia ou queixa.

CARACTERÍSTICAS DA PRESCRIÇÃO RETROATIVA:

-Pressupõe sentença ou acórdão penal condenatórios.

-Pressupõe trânsito em julgado da pena para a acusação, no que relaciona à pena.

-Tem como norte a pena aplicada na sentença;

-Os prazos prescricionais estão no 109;

-O termo inicial conta-se da publicação da condenação até o recebimento da inicial (contagem


retroativa).

Obs.: Após 05/05/2010, não mais se considera a Prescrição Retroativa entre o recebimento da
inicial e a data do fato, sendo esta lei irretroativa, vez que é prejudicial ao réu.

Obs.: O recurso da acusação só impede a Prescrição Retroativa se buscar o aumento da pena,


se recorrer contra o tipo de pena, não impede.

Referido dispositivo é constitucional! O STF entendeu que a referida alteração foi exercida
dentro da liberdade que possui o legislador para reger o tema, não tendo havido ofensa a
qualquer princípio ou regra constitucional. A Corte ponderou que o sistema de justiça criminal
no Brasil ainda é pouco eficiente e que a taxa de esclarecimento de crimes é baixa, não se
conseguindo investigar, com eficiência, todos os delitos praticados. Isso demonstra que a lei
editada está de acordo com essa realidade fática e foi editada pensando nesse cenário. (Info
STF 771).

Superveniente ou Intercorrente:

Tal qual a prescrição da pretensão punitiva retroativa, a superveniente (ou intercorrente) tem
por base a pena concreta (a ser combinada com o artigo 109).

Diferença:

PPPR: Conta-se da publicação da condenação para trás (recebimento).

PPPS: Conta-se da publicação da condenação para frente. (tempo de julgamento do recurso da


defesa, se o MP não recorrer da pena).

Obs.: Se o MP recorre da pena, não há o que se falar em prescrição da pretensão punitiva


retroativa ou superveniente, porque ainda estamos falando de prescrição abstrata, justamente
porque não houve trânsito em julgado para a acusação.

Ex: João é condenado por furto a pena de 1 ano e o juiz demorou 1 ano para julgar. A
prescrição em abstrato é de 8 anos. Se o MP recorre para aumentar a pena, ainda leva-se em
consideração a prescrição em abstrato, assim, o tribunal tem 7 anos para julgar o recurso, pois
ainda não houve trânsito em julgado para a acusação (pressuposto para prescrição retroativa e
superveniente).

Porém, se o MP não recorre e se verifica o trânsito em julgado para a acusação, a prescrição


com base na pena de 1 ano será de 4 anos, sendo este o prazo para o tribunal julgar todos os
recursos da defesa.

Virtual: Reconhece antecipadamente a prescrição retroativa.

Súmula 438 STJ: É inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão


punitiva com fundamento em pena hipotética, independente da existência ou sorte do
processo penal.

O STF e o STJ afirmam que é inadmissível a prescrição virtual por dois motivos principais: a)
em virtude da ausência de previsão legal; b) porque representaria uma afronta ao princípio
da presunção de não-culpabilidade. (Info STF 788)

B) da pretensão executória (art. 110, caput, do CP), esta posterior ao trânsito em julgado,
impedindo o Estado de executar a punição (pena ou medida de segurança) imposta na
sentença definitiva, subsistindo, porém, os efeitos secundários da condenação.

Art. 110 - A prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória regula-se pela
pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior (109), os quais se aumentam
de um terço, se o condenado é reincidente.

Consequências: Extingue-se a pena aplicada sem rescindir a sentença condenatória, ou seja,


produz os demais efeitos penais (ex: reincidência) e todos os extrapenais.

-TERMO INICIAL
Art. 112 - No caso do art. 110 deste Código, a prescrição começa a correr:

I - do dia em que transita em julgado a sentença condenatória, para a acusação, ou a que


revoga a suspensão condicional da pena ou o livramento condicional;

II - do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o tempo da interrupção deva


computar-se na pena;

-CAUSAS SUSPENSIVAS

Parágrafo único - Depois de passada em julgado a sentença condenatória, a prescrição não


corre durante o tempo em que o condenado está preso por outro motivo (PPE)

-CAUSAS INTERRUPTIVAS

V – pelo início ou continuação do cumprimento da pena (recaptura)

VI – pena reincidência

Art. 113 - No caso de evadir-se o condenado ou de revogar-se o livramento condicional, a


prescrição é regulada pelo tempo que resta da pena.

Art. 114 - A prescrição da pena de multa ocorrerá:

I - em 2 (dois) anos, quando a multa for a única cominada ou aplicada;

II - no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena privativa de liberdade, quando a


multa for alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada

Art. 115 - São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao tempo
do crime, menor de 21 anos, ou, na data da sentença, maior de 70 anos

A causa de redução do prazo prescricional constante do art. 115 do CP deve ser aferida no
momento da sentença penal condenatória. (Info 626 STF).

Para que incida a redução do prazo prescricional prevista no art. 115 do CP, é necessário que,
no momento da sentença, o condenado possua mais de 70 anos. Se ele só completou a idade
após a sentença, não terá direito ao benefício, mesmo que isso tenha ocorrido antes do
julgamento de apelação interposta contra a sentença. Existe, no entanto, uma situação em
que o condenado será beneficiado pela redução do art. 115 do CP mesmo tendo completado
70 anos após a sentença: isso ocorre quando o condenado opõe embargos de declaração
contra o acórdão condenatório e esses embargos são conhecidos. Nesse caso, o prazo
prescricional será reduzido pela metade se o réu completar 70 anos até a data do julgamento
dos embargos. (Info STF 822)

Súmula 338 STJ: A prescrição penal é aplicável nas medidas sócio-educativas.

-Extinção da Punibilidade

Art. 107 - Extingue-se a punibilidade:

I - pela morte do agente;


→ A extinção da punibilidade não pode ser declarada com base na presunção legal de morte,
do Código Civil

II - pela anistia, graça ou indulto;

→ O indulto e a graça são atos privativos do presidente da República. O indulto tem caráter
coletivo e espontâneo, enquanto a graça é individual e solicitada pelo interessado.

→ A anistia é ato do Congresso Nacional e pode ser própria, quando anterior à condenação; ou
imprópria, quando concedida após a prolação de sentença condenatória.

III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso;

IV - pela prescrição, decadência ou perempção;

V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada;

VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite;

IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.

Em outras palavras, o que importa para a extinção da punibilidade é o cumprimento da pena


privativa de liberdade ou da restritiva de direitos. Cumpridas tais sanções, o fato de o
apenado ainda não ter pago a multa não interfere na extinção da punibilidade. Isso porque a
pena de multa é considerada dívida de valor e, portanto, possui caráter extrapenal, de modo
que sua execução é de competência exclusiva da Procuradoria da Fazenda Pública (Súmula
521-STJ). Assim, cumprida a pena privativa de liberdade (ou restritiva de direitos), extingue-
se a execução penal e, se restar ainda pendente o pagamento multa, esta deverá ser cobrada
pela Fazenda Pública, no juízo competente, tendo se esgotado, no entanto, a jurisdição
criminal. (Info STJ 568)

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