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Estrutural – crime é um comportamento que possui uma estrutura: uma previsão, onde o
legislador descreve a situação do facto; uma estatuição, ou seja, a consequência para
quem adota um determinado comportamento que o legislador proíbe. Por exemplo, no
artigo 131º CP, a previsão é “quem matar outra pessoa”, sendo a estatuição “é punido
com pena de prisão de oito a dezasseis anos”.
Sociológico – crime em sentido sociológico é um comportamento humano que num
determinado momento é considerado crime por contrair os valores estabelecidos.
Material – crime em sentido material, trata-se de todo o comportamento humano que
lesa ou ameaça de lesão, isto é, coloca em perigo bens jurídicos fundamentais, tais como
valores, interesses, que num determinado contexto histórico ou geográfico carecem de
tutela por serem bens essenciais à própria vida em sociedade (ex: a vida, liberdade,
honra, etc). (Princípio da proporcionalidade / princípio da ofensividade)
Principio da proporcionalidade – o direito penal tem que ser proporcional ao dano
causado.
Principio da ofensividade – o crime é uma ofensa. Não há crime sem ofensa a bens
jurídicos.
Em sentido formal (estático) – principio da proporcionalidade
Em sentido material (dinâmico) – principio da proporcionalidade e principio da
ofensividade
A pena não é a única sanção, pois também existe a medida de segurança:
Alguns crimes possuem penas acessórias (não são todas as leis/regras que têm) – ex:
152º CP (alem da pena imposta, a pessoa em questão terá que frequentar programas
específicos de prevenção de violência doméstica).
Há exceções em que certas leis do DP secundario que estão no CP (ex: Art. 279º), assim
como o direito primário/clássico, existem leis que não estão no código penal (ex:
cyberbullying).
As estruturas elementares
1.1. O crime (e os factos suscetíveis de desencadear uma M. S.)
1.2. A pena (e as medidas de segurança)
1.3. A fundamentação onto-antropológica
Estudo do ser (onto) – um ser específico: o ser humano (antropológica)
Ontologia do Ser-ai: uma relação do eu com o outro
Relação de cuidado-de-perigo (não invadir a esfera jurídica do outro): de um modo ou
de outro estamos sempre em relação com o outro
Resumindo:
1. Secularização do estado e do direito penal (o afastar da igreja, separação da justiça
divina e justiça penal)
2. Beccaria substitui o divino pelo contrato social
3. Beccaria traz a proporcionalidade das penas
o Penas adequadas aos crimes cometidos
o Queria convencer os soberanos que era mais fácil e útil trabalhar com penas
mais leves e proporcionais do que penas desproporcionais e mais pesadas que
eram utilizadas na altura – principio da utilidade
o Defendia a abolição da pena de morte
o Pena mais branda e efetiva do que uma pena mais grave mas sem resultado
certo – argumentação empírica
o A privação da liberdade começa a ser o centro das penas/sistema penal. A pena
“rainha” passa a ser a pena de prisão
o Traz também a pena pecuniária – pena de multa para crimes menos graves
4. Adota uma logica utilitarista que se forca na ideia de prevenção. As pessoas veriam as
consequencias do crime cometido, logo não o faziam
5. Crime como dano social – incumprimento do contrato social
6. Beccaria é um defensor do principio da legalidade
o Não havia fundamento na lei
o O soberano é que decidia o peso do castigo na hora da punição
o Não havia segurança jurídica
o O delinquente tem que saber as consequências e o que é incorreto na hora do
seu comportamento, na altura de Beccaria não havia essa noção
7. Beccaria defendia a obtenção de informação sem a tortura (queria convencer os
soberanos de que a tortura não era útil)
8. O processo de investigação não poderia ser secreto pois muitas vezes o individuo so
tinha conhecimento do processo na altura da execução da pena. Os processos judiciais
tem que ter um tempo razoável e não demorado, pois muitas vezes durante a
investigação o individuo era mantido em prisão preventiva durante todo o processo de
investigação e por vezes o processo demorava imenso tempo, logo o individuo era
mantido preso durante todo esse tempo.
Leis:
Artigo 40 Código Penal – finalidades das penas e medidas de segurança
Artigo 1 – princípio da legalidade
1ª Modalidade - Descriminalização
Uma conduta perde a sua relevância jurídica
Apaga-se por completo a norma
2ª Modalidade - Despenalização
- Própria ou Relativa
- Diminui a moldura penal em ação/do comportamento
- Diminui a realidade da pena
- Desagravamento da pena
- Ex: Moldura Penal de 5 anos, o individuo está preso há 3 anos, entretanto o legislador
diminui a moldura penal para 3 anos, então o individuo tem que ser libertado
- Imprópria
- Um crime passa a ser uma contraordenação
- Num momento o legislador pode passar a pena de prisão para uma coima
Quanto mais valioso é o bem jurídico, maior será a camada de proteção (ex: a vida é
primeiramente protegido pelo perigo abstrato, depois é protegido pelo perigo concreto e
depois pela lesão).
Retroatividade vs Irretroatividade:
Retroatividade – aplicação de uma lei a factos anteriores à sua vigência
(Princípio da) Irretroatividade – a lei só produz efeitos a partir da sua vigência para o
futuro, não é aplicável a eventos que ocorreram no passado
Um problema que pode existir na aplicação do direito penal é que na duração do facto
até ao julgamento a lei pode mudar. Por norma utiliza-se a lei que se encontrava vigente
durante a prática do facto. A retroatividade é uma manisfetação disso.
3 situações de expressa proibição da retroatividade da lei:
Campo das leis que restringem direitos, liberdades e garantias (art. 18 n.º 3 da CRP)
Matéria de impostos (o estado pode criar um imposto, mas não pode afetar factos que o
antecederam, ou seja não pode haver retroatividade) (art. 103 da CRP)
Lei penal (art. 29 n.º 1 e 3 da CRP)
In mallam partem – lei posterior opera de forma desfavorável ao agente
In bonam partem – lei posterior opera de forma favorável ao agente
(só se aplica no direito penal)
Se a nova lei for mais favorável ao agente invertemos o sentido, temos um dever de
aplicação retoativa dessa nova lei. É preciso distinguir sempre o sentido da nova lei. Se
a nova lei for “amiga do delinquente” não só não há proibição da retroatividade, como
há uma obrigação da mesma (princípio da aplicação da lei mais favorável ao agente).
Primeiro identificar a natureza da nova lei.
Princípios complementares:
O princípio geral é o princípio da territorialidade, os outros quatro complementam
essa teritorialidade.
O que têm em comum os princípios complementares? – A capacidade de
fundamentar a extraterritorialidade do DP.
Primeiro vemos sempre se é aplicável o princípio da territorialidade, só depois é
que vamos analisar os princípios complementares presentes no artigo 5º.
1 - Princípio da Nacionalidade:
nacionalidade ativa – quando o crime é feito por um português (alínea b) art. 5º)
nacionalidade passiva – quando o crime é feito por um são estrangeiros (alínea e)
art. 5º)
2º - Impulso da incriminação:
Menos intenso que uma incriminação
Art 37 n.º3 CRP:
o Não há imposição de incriminação ou incrimina esses abusos ou pelo menos a
definir como uma contraordenação
o Ou DP ou direito penal de mera ordenação social
Direito Europeu
Influencia os direitos nacionais dos países da União Europeia
Diretivas – A União Europeia estabelece certas finalidades a alcançar mas deixam ao
critério dos Estados Membros a escolha dos meios mais adequados para realizar essa
finalidade
Dever de Transposição - Transformar em normas internas/Legislação interna de cada
Estado Membro as exigências da União Europeia
Ex: Art. 208 Código Penal - Não se usa a analogia num caso de um furto de uma
prancha, tem semelhanças com um barco, pois incriminaria o agente – In mallon parton
1.19. Crime
Tipicidade + Ilicitude + Culpa do agente
Crime de realização livre - Não exige nenhum específico modo de causação do
resultado
Ex: Homicídio (Art.º 131 Código Penal) - Não exige uma forma especifica de matar
alguém
Crime de realização de vinculação
O tipo penal exige um resultado produzido através de um determinado meio/maneira.
Ex: Crime de Burla (Art.º 217) - Crime contra o património (o legislador fala em
prejuízo patrimonial – Esse é o resultado)
O agente tem que induzir o proprietário a erro ou engano e este tem que fazer um ato de
disposição patrimonial - É a maneira especifica que vai ao resultado
Restringe a punição
Tipo legal de crime
Conjunto de elementos legais que dá relevância jurídico penal a um comportamento
Elementos do tipo
O legislador utiliza certas estruturas para a matéria penal
Elementos objetivos do tipo - Não envolve um estado anímico (vontade) ou
psicológico do agente
- Elementos descritivos do tipo – Enunciam uma realidade que é apreensível pelos
sentidos (Uma realidade que é empiricamente observável)
- Ex: Morte no homicídio
- Elementos normativos do tipo - Só podem ser compreendidos através de um
juízo de valor de interprete - através das normas do Direito Penal, de outros ramos do
ordenamento jurídico e de outras valorações ético-sociais
- Ex: Ato sexual de relevo (art.º 163 Código Penal) - Não é explicito, temos que
fazer um juízo de valor
Proporcionalidade
Estamos perante um agressor que criou a situação de perigo. Se este tentou violar
alguém e é morto, não deixa de ser legitima defesa
Embora não seja necessário haver proporcionalidade entre os interesses envolvidos, há
que haver consideração por uma crassa/grosseira desproporção entre a defesa e a
agressão. Ex: Matar uma criança por roubar uma cereja
No Direito Português, o uso de arma de fogo, e por sua vez, o homicídio, só pode ser
aplicado em situações que põem em risco a vida ou a integridade física essencial
Pressupostos
Elementos objetivos - Situação e ação de legitima defesa
Elemento subjetivo – O agredido tem que saber que está a agir perante os
princípios/pressupostos da legitima defesa – conhecimento da ação justificativa
Desvalor do resultado
Eu quando a ajo em legitima defesa, eu produzo um resultado (Ex: morte do agressor).
Por ter agido em legitima defesa, esse resultado perde o seu valor.
Segundo a doutrina dominante, quem provoca o agressor para haver legitima defesa,
este não pode depois beneficiar dela, estaria a manipular a ordem jurídica
Casos práticos:
Caso prático 1: “Para garantir uma maior coerência na definição das molduras penais
aplicáveis aos diversos crimes, atenta a importância dos bens jurídicos protegidos em
cada momento histórico, o legislador decide alterar a moldura penal aplicável ao crime
de gravações e fotografias ilícitas (CP, art. 199.º), reduzindo o máximo da pena de
prisão de até 1 ano para até 3 meses. Defina e caracterize o fenómeno legislativo em
causa nesta hipotética situação.”
Resposta: Fenómeno legislativo presente – Despenalização própria, quando se mantém
uma conduta criminosa, mas o legislador por algum motivo decide baixar a moldura
penal, alterando os lineares da pena.
Caso prático 2: “Retorne à situação objecto do caso 1. Agora suponha: quando a nova
lei entra em vigor, P já havia sido condenado, com trânsito em julgado, pela prática do
crime de gravações e fotografias ilícitas, cometido sob a égide da lei antiga. A execução
da pena de prisão também já estava em curso, tendo P cumprido 4 meses de reclusão em
estabelecimento prisional. O que deverá acontecer com P? Fundamente a sua resposta.”
Resposta: Estamos perante um caso da aplicação da lei penal no tempo, pois cessam os
efeitos da execução da pena em curso, na medida em que a pena máxima passou a ser
de 3 meses e P já teria cumprido 4 meses. Neste caso também é utilizada a lei mais
favorável ao agente.
Caso prático 3: “Estamos nos idos de 2015. P1 sente-se apaixonado por P2, uma
colega de trabalho, que rejeitou energicamente todas as suas investidas de aproximação,
desde o início deixando claro a inexistência de qualquer interesse em P1. Inconformado
com a rejeição, P1 adopta um padrão reiterado de comportamentos de assédio em
relação a P2, no lugar do trabalho e fora dele, impondo comunicações e contactos por
ela não desejados e não consentidos. P1 oferece presentes, telefona frequentemente,
segue e aparece nos locais frequentados por P2, monitora permanentemente a sua rotina,
insistindo em aproximações físicas e convites para encontro.
Pouco tempo depois, ambos tomam conhecimento, através de noticiário televisivo, de
que fora aprovada e publicada uma norma legal que passava a incriminar a conduta de
quem “de modo reiterado, perseguir ou assediar outra pessoa, por qualquer meio, direta
ou indiretamente, de forma adequada a provocar-lhe medo ou inquietação ou a
prejudicar a sua liberdade de determinação” (actual art. 154.º-A do CP).
Todavia, o diploma incriminador, a Lei n.º 83/2015, de 5 de agosto, só entra em vigor
30 dias após a sua publicação, circunstância que não é referida na mencionada notícia
da comunicação social, sendo também desconhecida por P1 e P2.
Em 1 de Setembro do mesmo ano, nesta altura já acreditando estar a cometer um crime,
P1 decide arriscar uma última tentativa, com novos atos de perseguição. O que, desta
vez, leva P2 a procurar a polícia narrando os factos acontecidos naquela data, na
expectativa de que P1 pudesse vir a ser processado e punido ao abrigo da nova lei, com
um ponto final neste triste capítulo da sua vida. Desde então, P1 não voltou a procurar
P2. Poderá P1 ser responsabilizado criminalmente? Porquê?”
Resposta: P1 não pode ser responsabilizado criminalmente na medida em que a lei que
consagra o seu comportamento como crime não estava em vigor, princípio da legalidade
penal. O período entre o ato e a entrada em vigor da lei chama-se vacância da lei
(vacacio legis). Se aplicássemos retroativiamente a lei penal que vai prosdicar o agente,
estaríamos a violar a aplicação retroativa da lei penal in mallan partem.
Caso prático 5: Considere novamente o caso 1. Desta vez suponha: quando a nova lei
entra em vigor, embora já havendo processo criminal instaurado, P ainda não havia sido
julgado pelos factos alegadamente ocorridos sob a égide da lei antiga. Porém, dias antes
do julgamento e com efeitos imediatos, o legislador volta atrás na sua decisão,
revogando a nova lei e reestabelecendo a vigência da moldura penal anterior, por
considerar que esta é mesmo a solução mais adequada em termos de política criminal.
Dando-se como provadas a materialidade e a autoria dos factos imputados a P, o juiz do
caso precisa determinar a medida concreta da pena que vai aplicar ao condenado. À luz
de qual lei ele deve fazê-lo? Porquê?
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