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Para começar nosso resumo de Direito Penal, vamos à pergunta

fundamental: o que é Direito Penal?

O Direito Penal, ou Direito Criminal, é um ramo do Direito Público que é


composto por um conjunto de normas jurídicas que qualificam e tipificam
atitudes em crimes. Ele permite que o Estado, diante da legalidade jurídica,
aplique sanções penais a quem cometer crimes que perturbem a ordem.

É um dispositivo que permite que o Estado possa garantir maior harmonia


social.

Conforme nos ensina o professor Miguel Reale (2002):

As regras estão sujeitas a ser violadas. Pode-se mesmo dizer que é da


natureza do Direito essa possibilidade de infração, a qual, quando se
reveste de gravidade, por atentar a valores considerados necessários à
ordem social, provoca uma reação por parte do Poder Público, que
prevê sanções penais aos transgressores.

Miguel Reale

Veja o que dizem mais dois estudiosos sobre o que é Direito Penal:

Cleber Masson (2014) – Direito Penal é “o conjunto de princípios e leis


destinados a combater o crime e a contravenção penal, mediante a
imposição de sanção penal (pena ou medida de segurança)”.

Guilherme Nucci (2008) – Trata-se de um “conjunto de normas jurídicas


voltado à fixação dos limites do poder punitivo do Estado, instituindo
infrações penais e sanções correspondentes, bem como regras atinentes a
sua aplicação”.

O conceito de Direito Penal pode ser subdividido em objetivo e subjetivo:

● Objetivo: é o conjunto de leis vigentes no País.


● Subjetivo: reflete o direito punir, o ius puniendi, sendo atualmente o
Estado seu exclusivo titular.

Nesse sentido, o professor Antônio de Queiroz Filho (1966) nos ensina que
o Direito Penal subjetivo é quase sempre resumido ao direito de punir de
que o Estado é titular. Mesmo nos casos em que a punição fica na
dependência da iniciativa do ofendido, o Estado tem o monopólio do direito
de punir.

Transfere-se à vítima apenas o direito de acusação, a faculdade de iniciar o


processo, a fim de que o Estado efetive a punição do ato criminoso.

Em contrapartida, ele diz que o Direito Penal objetivo é o próprio


ordenamento jurídico-penal, é o conjunto de normas relativas ao crime e à
respectiva sanção.

O direito de punir, que é direito subjetivo do Estado, tem no Direito Penal


objetivo, ao mesmo tempo, sua expressão e seu limite natural. Antônio
Queiroz diz:

É comum considerar-se o direito penal sob o duplo aspecto de direito penal


substantivo e direito penal adjetivo. A distinção tem em vista, de um lado, o
direito penal propriamente dito, isto é, as leis que configuram as
modalidades típicas de conduta criminal e estabelecem as respectivas
sanções.

E, de outro lado, o processo, as regras que regem a atividade jurisdicional


e, através dela, tornam efetiva a aplicação do direito penal substantivo.

Antônio de Queiroz Filho

Em nosso resumo de Direito Penal serão explorados os desdobramentos do


direito substantivo.

Dada a sua natureza, que envolve o problema substancial da liberdade


humana, o ordenamento jurídico penal se distingue dos demais pelos
princípios da legalidade estrita e da tipicidade (Miguel Reale 2002).

Além disso, prevalecem no Direito Penal contemporâneo as seguintes


exigências ético-sociais:

● Plena garantia de defesa;


● Respeito à pessoa do delinquente;
● Caráter estritamente pessoal da pena;
● Adequação da pena à individualidade do criminoso;
● Caráter contraditório da instrução criminal.

Vamos abordar esses temas ao longo do nosso resumo de Direito Penal.


Fique atento!

Antes de especificar cada um dos princípios que regem o Direito Penal,


importante lembrar que o princípio é o fundamento de uma norma jurídica.
Ou seja, são os pilares que sustentam o Direito e que não estão definidas
em nenhum Lei.

Eles inspiram os legisladores ou outros agentes responsáveis pela criação


da norma, a tratarem de certos assuntos por causa de certos motivos.

Vamos aos princípios do Direito Penal:

Princípio da Dignidade Humana

O Estado e o Direito não são fins e sim meios para a realização da


dignidade humana.

Princípio da Legalidade e Anterioridade

A lei deve ser anterior ao fato ocorrido, o qual é passível de sanção penal
por parte do Estado.

Conforme inciso XXXIX, do artigo 5º, da Constituição Federal de 1988 (CF):


“Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia
cominação legal”.

Princípio da Irretroatividade

Proíbe que normas posteriores ao fato em questão causem prejuízos ao


acusado. Decorre do princípio da anterioridade, ou seja, a lei penal não
atinge fatos do passado, a não ser quando for em benefício do agente.
Artigo 2º do Código Penal: “Ninguém pode ser punido por fato que lei
posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução
e os efeitos penais da sentença condenatória”.

Princípio da Extra-Atividade da Lei Penal

Em alguns casos, a lei penal, mesmo após sua revogação, continua


regulando atos cometidos durante a sua vigência ou retroage para alcançar
acontecimentos anteriores à sua entrada em vigor. Isso se dá quando for
em benefício do agente.

Princípio da Alteridade

O Direito Penal não incriminará aquele que praticar atitude que não ofenda
o bem jurídico.

Por esse princípio, não é possível punir a autolesão, por exemplo, não
podendo o agente cometer crime contra si mesmo.

Princípio da Confiança

Parte do pressuposto de que todos os indivíduos ajam de acordo com as


regras e normas existentes.

Princípio da Insignificância

O Direito Penal não deve se ocupar com fatos irrisórios ou bagatelas. Não
deve ser acionado por conta de fatos sem relevância jurídica, os chamados
fatos atípicos.

Ou seja, só pode ser punido o ato que causar lesão efetiva e relevante ao
bem jurídico.

Princípio da Reserva Legal

Só a lei pode determinar quais condutas serão tipificadas como crimes.

Princípio da Intervenção Mínima

O direito penal só deve intervir quando nenhum outro ramo do Direito puder
dar resposta efetiva à sociedade, atuando como última instância.

Princípio da Fragmentariedade
O Direito Penal somente é chamado a tutelar as lesões de maior gravidade
para os bens jurídicos.

Princípio da Ofensividade ou Lesividade

Para que haja crime, é necessário que haja lesão ou ameaça de lesão a
bem jurídico.

Princípio da Individualização da Pena

A imposição da sanção penal para cada agente deve ser analisada e


graduada individualmente, ainda que todos respondam pela mesma
infração.

Princípio da Responsabilidade Pessoal

Nenhuma pena passará da pessoa do condenado. Nesse sentido, o pai não


pode ser preso em razão de infração cometida pelo filho.

Princípio da Humanidade

É inconstitucional qualquer pena ou consequência que atente contra a


dignidade humana. Por isso proibe-se penas cruéis e infamantes, utilização
de tortura e maus-tratos.

Princípio tempus regit actum

Aplicável em matéria de eficácia de lei penal no tempo, ou seja, a lei a ser


aplicada é a lei vigente ao tempo do fato.

Princípio da Especialidade

A norma especial afasta a aplicação da norma geral.

Princípio da Subsidiariedade

A norma mais ampla (primária) absorve a menos ampla (secundária).

A norma será considerada principal quando descreve um grau maior de


lesão ao bem jurídico. Resta, assim, a aplicação da subsidiária somente
quando a principal não incidir.

Princípio da Consunção
O fato mais grave absorve outros menos graves. Isso quando estes
funcionam como meio necessário ou fase normal de preparação ou
execução, ou mero exaurimento de outro crime.

Princípio ne bis in idem

Ninguém pode ser punido duas vezes pelo mesmo fato. A pena cumprida
no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando
diversas. Ou nela é computada, quando idênticas.

Agora vejamos algumas determinações que devem ser observadas para o


entendimento do Direito Penal como um todo.

Essa é uma parte muito importante do nosso resumo de Direito Penal, pois
trata de temas bastante cobrados em diversos editais Brasil afora.

Lei Penal no Tempo

Para Luiz Antônio de Souza (2014), ao período compreendido entre a


publicação de uma Lei e sua vigência dá-se o nome de vacatio legis. Na
falta de estipulação expressa, a regra é a vacatio legis de 45 (quarenta e
cinco) dias.

Dessa forma, tem-se que a lei penal passa a vigorar na data indicada em
seu conteúdo. Em caso de omissão, 45 dias após sua publicação no
território nacional e em 03 meses no estrangeiro. A Lei penal também pode
ser temporária, com prazo de vigência descrito em seu conteúdo.

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Quando leis penais que tratam do mesmo assunto, mas de modo diverso,
sucedem-se no tempo, havendo necessidade de decidir qual é a aplicável
temos um Conflito Intertemporal.

A questão será resolvida pela junção de dois princípios: o da


irretroatividade da lei mais severa e o da retroatividade da lei mais benéfica.
Sobre os crimes permanentes e continuados temos a Súmula 711
do STF que dispõe:

A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime


permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da
permanência”

STF

Não sabe o que é crime permanente ou crime continuado? Veja o que


diz Luiz Antônio de Souza (2014):

Crime permanente é aquele cujo momento consumativo se alonga,


protrai-se, perdura no tempo.

Crime continuado é quando o agente pratica 2 ou mais crimes da mesma


espécie em condições semelhantes, sendo os crimes subsequentes tidos
como uma continuação do primeiro.

Luiz Antônio de Souza

Tempo do Crime e Lugar do Crime

Existem várias teorias acerca do momento (tempo) do crime, mas o Código


Penal Brasileiro adotou a teoria da atividade, que dispõe: “Considera-se
praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o
momento do resultado”.

Aos crimes cometidos em território nacional será aplicada a legislação


pátria. Além disso, Código Penal prevê a territorialidade por extensão.

Ou seja, crimes cometidos no estrangeiro em alguns locais são


considerados extensão do território nacional (CPB – § 1º do artigo 5º). Veja
quais são esses locais:

● Embarcações e Aeronaves brasileiras, de natureza


pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se
encontrem.
● Aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de
propriedade privada, que se achem, respectivamente, no
espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.

Além disso, é possível que alguém cometa um crime fora do território


nacional e, ainda assim, responda pela lei brasileira. Como?
A esse fato damos o nome de extraterritorialidade, com previsão no artigo
7º do CP.

Entre as hipóteses estão os seguintes crimes:

● Contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;


● Contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de
Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade
de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder
Público;
● De genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil.

O que está achando do nosso resumo de Direito Penal? Lembre de deixar


um comentário dizendo se esse conteúdo está lhe ajudando ou não. Pra
mim é fundamental ter esse feedback.

Vamos a uma parte importante do artigo: Teoria do Crime.

Infração Penal e Sujeito Ativo e Passivo do Crime

Infração penal é gênero do qual são espécies:

1. Crime ou delito.
2. Contravenção.

Para diferenciar crime de contravenção é necessário ler o artigo 1º da Lei


de Introdução ao Código Penal, que diz o seguinte:

● CRIME – a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de


detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente
com a pena de multa.
● CONTRAVENÇÃO – a infração penal a que a lei comina,
isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas,
alternativa ou cumulativamente.
Sujeito ativo é o agente que pratica o comportamento descrito no tipo
penal (autor) ou concorre de qualquer forma para a prática infrativa
(partícipe).

Portanto, o autor (executor direto) e partícipe (executor indireto) são os


sujeitos ativos de um crime.

Se há mais de um autor, diz-se que o crime foi praticado em coautoria. Se


houver mais de um partícipe, diz-se que o crime foi praticado em
coparticipação.

Os sujeitos passivos podem ser dois:

1. O Estado, por ser o responsável pelo ordenamento penal e titular


do ius puniendi.
2. O titular do bem jurídico penalmente protegido (a vítima).

Classificação doutrinária dos Crimes

Os crimes podem ser classificados das formas mais variadas possíveis.


Seguem abaixo algumas formas de classificação separadas por Luiz
Antônio de Souza (2014):

● Comuns: descritos no CP.


● Especiais: descritos nas legislações especiais.
● Comuns: podem ser praticados por qualquer pessoa.
● Próprios: exigem qualidade especial do sujeito ativo (sujeito ativo
qualificado).
● De mão própria: só podem ser cometidos pelo sujeito em pessoa,
não havendo coautor.
● De dano: para a consumação, é necessária a efetiva lesão do bem
jurídico.
● De perigo: a consumação se dá com a simples possibilidade do
dano.
● Materiais: é imprescindível a ocorrência do resultado desejado pelo
agente.
● Formais: consumam-se independentemente da ocorrência do
resultado desejado pelo agente.
● De mera conduta: são aqueles em que não há resultado
naturalístico.
● Comissivos: praticados mediante ação.
● Omissivos: praticados mediante omissão.
● Instantâneos: consumam-se em um único momento.
● Permanentes: são aqueles em que o momento consumativo
prolonga-se, protrai-se no tempo.
● Simples: apresentam tipo penal único.
● Complexos: compõem-se de dois ou mais tipos penais.
● Culposos: o sujeito dá causa ao resultado (de forma involuntária) por
imprudência, negligência ou imperícia.
● Dolosos: quando o agente quer ou assume o risco de produzir o
resultado.
● Simples: é o descrito na forma típica fundamental.
● Privilegiados: quanto o legislador agrega ao tipo fundamental
circunstâncias que diminuem a pena.
● Qualificados: quando o legislador agrega circunstâncias à figura
típica que aumentam a pena.
● Qualificados pelo resultado: são aqueles aos quais o legislador
acrescenta um resultado que aumenta a sanção abstratamente
imposta no preceito secundário.

Fato Típico

O Crime é um fato típico que atenta contra a lei moral. É um ato antijurídico
passível de sanções penais previstas em lei.

São elementos do fato típico:

1. Conduta;
2. Resultado;
3. Nexo causal ou relação de causalidade;
4. Tipicidade.

Vamos entender cada um desses elementos (preste muita atenção, pois


isso cai em muitos concursos):

● CONDUTA: ação que é praticada por ser humano, é um ato


voluntário e consciente. É a maneira do ser humano agir em
sociedade, com determinada finalidade. Depende da voluntariedade,
consciência, dolo ou culpa e ação ou omissão.
● RESULTADO: delitos penais geram consequências jurídicas.
Portanto, para que haja crime é necessário que o resultado da
conduta esteja previsto em lei.
● NEXO DE CAUSALIDADE: é o elo entre a conduta e o resultado
pretendido pelo agente praticante da ação. Estabelecer nexo de
causalidade nada mais é do que identificar qual é a conduta que
deve responder por um resultado.
● TIPICIDADE: é o fato praticado que está previsto no CP. Se
enquadra plenamente na descrição penal. Trata-se de estabelecer a
ligação fato-tipo (contido na norma penal incriminadora), ou seja, é
ligar a conduta praticada por alguém ao tipo penal.
Trajetória do Crime

São as fases, as etapas do crime. Trata-se do caminho do crime. São elas:


fase interna (cogitação) e fase externa (preparação, execução e
consumação).

Entenda a diferença:

● Cogitação: o agente pensa sobre as possibilidades da ação


pretendida que culminará no resultado desejado.
● Preparação: nesta o fase, o agente reúne meios necessários para a
prática da ação cogitada.
● Execução: momento em que o agente põe em prática as ações que
foram pensadas e preparadas.
● Consumação: momento em que o agente atinge seus objetivos,
obtendo êxito na sua conduta. O ato atinge todas as fases previstas
e se torna um ato punível penalmente.

Sobre esses conceitos, o doutrinador Luiz Antônio de Souza diz o seguinte:

Para o sistema penal brasileiro, só há crime a partir da fase de execução.

Diz-se o crime tentando quando, iniciada a execução, não se consuma


por circunstâncias alheias à vontade do agente.

Isso permite inferir que a fase de cogitação e os atos meramente


preparatórios não são puníveis criminalmente.

Luiz Antônio de Souza

Dá-se como o exaurimento do crime quando atingida a consumação


delitiva, o agente atinge todas as consequências por ele previstas.

Crime Consumado e Crime Tentado

Você provavelmente já ouviu falar em crime consumado e crime tentado.


Mas você sabe a diferença entre eles?

● CRIME CONSUMADO: quando nele se reúnem todos os elementos


de sua definição legal. Ou seja, quando a conduta do agente
encontra integral correspondência com o tipo penal previsto em lei.
● CRIME TENTADO: quando, iniciada a execução, não se consuma
por circunstâncias alheias à vontade do agente.

Excludentes de Ilicitude
Ilicitude (ou antijuridicidade) é a contradição do fato com o ordenamento
jurídico, constituindo a lesão de um interesse penalmente protegido.

As causas legais de exclusão da ilicitude estão no artigo 23 do Código


Penal. Quando o agente pratica o fato baseado em cada uma dessas
circunstâncias, não há crime. Entenda cada uma delas:

● Estado de Necessidade: considera-se em estado de necessidade


quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou
por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou
alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.
● Legítima Defesa: entende-se em legítima defesa quem, usando
moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão,
atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
● Cumprimento do Dever Legal: é toda obrigação direta ou
indiretamente derivada de lei em sentido amplo. E se alguém age
cumprindo estritamente esse dever legal, não poderá responder por
crime.
● Exercício Regular de Direito: se o ordenamento jurídico atribui
determinado direito a alguém e esse o exerce regularmente, não
haverá crime, estando excluída a ilicitude da conduta.

Entre todos esses casos, a parte de legítima defesa é a mais cobrada. Veja
essa explicação do professor Fernando Capez usando um exemplo prático,
num vídeo de apenas 2 minutos:

Outro tópico relevante no estudo de Direito Penal para concurso é a


classificação das Penas. Veja como elas estão divididas, tendo como base
o Código Penal Brasileiro:

● Privativas de Liberdade: são as penas que decretam a prisão do


agente. Elas podem ser cumpridas em regime aberto, semi-aberto ou
fechado.
● Restritivas de Direitos: são a prestação pecuniária, perda de bens e
valores, limitação de final de semana, prestação de serviços à
comunidade ou entidades públicas, bem como interdição temporária
de direitos.
● Multa: consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia
fixada na sentença e calculada em dias-multa, fixados pelo juiz. Será,
no mínimo 10 dias-multa e, no máximo, 360 dias-multa.

A Parte Especial do Código Penal Brasileiro trata das condutas criminais


aplicáveis. Elas estão previstas do artigo 121 ao artigo 361 do CP.

Entre elas, encontram-se os seguintes crimes:

● Homicídio
● Feminicídio
● Infanticídio
● Lesão corporal
● Abandono de incapaz
● Rixa
● Calúnia
● Difamação
● Injúria
● Ameaça
● Sequestro e cárcere privado
● Violação de domicílio
● Violação de correspondência
● Divulgação de segredo
● Furto
● Roubo
● Extorsão
● Estelionato
● Receptação
● Violação de direito autoral, entre outros.

Caso você queira aprofundar o conteúdo do nosso resumo de Direito Penal,


vale a pena estudar individualmente cada um desses crimes no próprio
código penal.
Para um bom resumo de Direito Constitucional, é preciso, antes de tudo,
saber o que é Direito Constitucional.

O Direito Constitucional é o ramo do Direito que expõe, interpreta e


sistematiza os princípios e normas fundamentais do Estado. Tem por objeto
o estudo do Poder, sua organização, estruturação, limitação.

Conforme nos ensina o professor Miguel Reale (2002):

O Direito Constitucional tem por objeto o sistema de regras referente à


organização do Estado, no tocante à distribuição das esferas de
competência do poder político, assim como no concernente aos direitos
fundamentais dos indivíduos para com o Estado, ou como membros da
comunidade política.

Miguel Reale

No conceito do professor José Afonso da Silva (2002), Direito


Constitucional é o ramo do Direito Público que expõe, interpreta e
sistematiza os princípios e normas fundamentais do Estado. Seu conteúdo
científico abrange as seguintes disciplinas:

● Direito constitucional positivo ou particular: é o que tem por


objeto o estudo dos princípios e normas de uma Constituição
concreta, de um Estado determinado, compreende a sistematização
e crítica das normas jurídico-constitucionais desse Estado,
configuradas na Constituição vigente, nos seus legados históricos e
sua conexão com a realidade sociocultural.
● Direito constitucional comparado: é o estudo das normas
jurídico-constitucionais positivas (não necessariamente vigentes) de
vários Estados, preocupando-se em destacar as singularidades e os
contrates entre eles ou grupo deles.
● Direito constitucional geral: delineia uma série de princípios,
conceitos e instituições que se encontram em vários direitos
positivos, ou um grupo deles, para classificá-los e sistematizá-los
numa visão unitária; é uma ciência que visa generalizar os princípios
teóricos do direito constitucional particular e, ao mesmo tempo,
constatar pontos de contato e independência do direito
constitucional positivo dos vários Estados que adotam formas
semelhantes de governo.

No Direito atual, os poderes do Estado são estatuídos em função dos


imperativos da sociedade civil, isto é, em razão dos indivíduos e dos grupos
naturais que compõem a comunidade. Por outras palavras,
o social prevalece sobre o estatal. Esta é a orientação seguida na
Constituição de 1988, que está vigente no Brasil.

De outro lado, se prevalecem a atenção dispensada aos órgãos estatais,


segundo a forma de Estado adotada (Federação, ou Estado unitário) ou a
forma de governo vigente (Presidencialismo, ou Parlamentarismo, por
exemplo) os direitos individuais são tratados com grande amplitude. Não se
determinam apenas os direitos de cidadania, mas também os direitos
sociais, desde os que protegem a vida até os relativos à comunicação
(Miguel Reale, 2002).

Essa é a disciplina que estuda de maneira aprofundada e sistematizada as


normas jurídicas, tendo como seu objeto de estudo a Constituição Federal.
A Constituição é a norma de maior importância dentro do ordenamento
jurídico brasileiro, todas as leis lhe devem obediência, por isso encontra-se
sempre no topo da hierarquia das leis e demais atos normativos.

DICA: anote o nome dos professores que vamos citando neste resumo de
Direito Constitucional. Eles são referências para você aprofundar seus
estudos.

Constituição é a organização jurídica fundamental do Estado. Segundo o


professor José Afonso da Silva (2002):

É um sistema de normas jurídicas, escritas ou costumeiras, que regula a


forma de Estado, a forma de seu governo, o modo de aquisição e exercício
de poder, o estabelecimento de seus órgãos, os limites de sua ação, os
direitos fundamentais do homem e as respectivas garantias. Em síntese, a
Constituição é o conjunto de normas que organiza os elementos
constitutivos do Estado.

José Afonso da Silva

Outro conceito é dado por Fábio Tavares Sobreira (2014):

As normas constitucionais são dotadas da característica da supra


legalidade, uma vez que possuem grau máximo de eficácia ou de
positividade, fator que as diferencia das demais normas que compõem o
ordenamento jurídico. As normas infraconstitucionais devem guardar uma
relação de compatibilidade vertical com as normas constitucionais, ou seja,
os atos inferiores à Constituição devem estar em conformidade com ela,
sobre pena de serem inconstitucionais.

Fábio Tavares Sobreira

A Constituição da República Federativa do Brasil é a Lei fundamental e


suprema do país, foi promulgada em 5 de outubro de 1988, isto é, a
Assembléia Constituinte, formada por deputados e senadores eleitos pela
população brasileira, escreveu e aprovou uma nova Constituição, que
também pode ser chamada de Carta constitucional.

Em sentido político, a Constituição de 1988 pode ser considerada o auge


de todo o processo de redemocratização brasileiro. Ela é a sétima versão
na história da República. A promulgação da Constituição de 1988 marcou o
início da consolidação da democracia, após anos da ditadura militar.

São avanços importantes da Constituição de 1988:

● SUS como sistema único de saúde no país;


● Voto facultativo para cidadãos entre 16 e 17 anos;
● Maior autonomia para os Municípios
● Garantia de demarcação de terras indígenas;
● Lei de Proteção ao Meio Ambiente;
● Garantia de aposentadoria para trabalhadores rurais sem precisarem
ter contribuído com o INSS;
● Fim da censura a emissoras de rádio e TV (peças de teatro, jornais,
revistas, entre outros);
● Redução do mandato presidencial de cinco para quatro anos.
Há diversas formas doutrinárias de se classificar as Constituições, sendo
nesse momento apresentado quatro formas de se analisar suas
características (Marcus Vasconcellos, 2011):

● Quanto à origem: será outorgada quando imposta por um ditador


ou um grupo de pessoas, sem a participação do povo (caso da
Constituição brasileira de 1824); considera-se democrática
(promulgada) quando elaborada com participação popular, na forma
da democracia direta (plebiscito ou referendo) ou de democracia
representativa, em que o povo escolhe os seus representantes –
Assembleia Constituinte – e estes elaboram a Constituição.
● Quanto à forma: será escrita (ou instrumental) quando formalizada
por um órgão específico para o desempenho dessa tarefa, sendo
codificada num documento escrito, único e solene; considera-se não
escrita as normas constitucionais não elaboradas em momento
determinado e específico, tampouco estão codificada em documento
único: são baseadas nos costumes, na jurisprudência (decisões dos
tribunais), nas convenções.
● Quanto à estabilidade: será imutável quando não puder sofrer
modificações em seu texto; considera-se rígida quando exige um
processo especial para modificação de seu texto, mais difícil do que
o processo de elaboração das demais leis do ordenamento;
entende-se como flexível quando permite modificação em seu texto
pelo mesmo processo legislativo de alteração das demais leis; e, por
fim, semirrígida se exige um processo mais complexo para a
alteração de parte de seus dispositivos, mas permite a mudança de
certos dispositivos por procedimento simples.
● Quanto ao conteúdo: será material (ou substancial) quando for o
conjunto de normas constitucionais escritas ou costumeiras (regras
elaboradas pelas práticas reiteradas de conduta social), inseridas ou
não num documento escrito, que regulam a estrutura do Estado, a
organização de seus órgãos e os direitos fundamentais, não admitido
como constitucional qualquer outra matéria que não tenha conteúdo
essencialmente constitucional; e, formal (procedimental) sendo o
conjunto de normas escritas, hierarquicamente superior ao conjunto
de leis comuns, independentemente de qual seja o seu conteúdo,
isto é, estando na Constituição, é formalmente constitucional – é o
documento escrito e solene oriundo da manifestação do constituinte
originário.

A Constituição Federal Brasileira de 1988 é classificada


como: Promulgada, Escrita, Rígida e Formal.

A partir de agora vamos entrar mais detalhadamente na Constituição


Brasileira. Assim você poderá ter elementos mais específicos voltados para
os diversos concursos públicos, o nosso foco neste resumo de Direito
Constitucional.

Os princípios fundamentais apresentam a estrutura básica do Estado


brasileiro – são suas vigas mestras. Estão previstos no Título I da
Constituição Federal de 1988 e compreendem: forma de governo, forma de
Estado, regime político, fundamentos, separação dos poderes, objetivos
fundamentais e princípios de relações internacionais.

O artigo 1º da Constituição Federal de 1988 assim está redigido: “A


República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado
Democrático de Direito e tem como fundamentos: a soberania; a cidadania;
a dignidade da pessoa humana; os valores sociais do trabalho e da livre
iniciativa e o pluralismo político”. As colunas básicas da Constituição
Federal são: a Federação (forma de Estado) e a República (forma de
governo).

Vamos passar a analisar cada um deles, de forma bem simplificada, aqui


em nosso Resumo de Direito Constitucional…

Forma de Estado da Constituição Brasileira: Federação

A Federação Brasileira é a forma mais íntima, perpétua e indissolúvel, que


passa a constituir uma só pessoa de direito público. É formada pela união
indissolúvel dos Estados, Municípios e Distrito Federal. Dessa formação
surge a também a União.

Isso porque, em um Estado federado, há repartição territorial do poder,


gerando vários entes autônomos (União, Estados, Municípios e Distrito
Federal).

De acordo com o professor José Afonso da Silva (2006):

O modo de exercício do poder político em função do território dá origem ao


conceito da forma de Estado

José Afonso da Silva

Ainda, nas palavras de Pontes de Miranda (1999):

É uma forma de organização fundada na independência recíproca das


províncias, que se transformaram em Estados-membros, elevando-se à
categoria de Estados próprios, unicamente ligados pelo vínculo da mesma
nacionalidade e da solidariedade dos grandes interesses da representação
e da defesa exterior. É uma união de Estados que, no que se congregam,
estatuem uma só pessoa de direito, ao qual se subordinam, através da
União, conservada a sua autonomia.

Pontes de Miranda

A forma federativa possui quatro características básicas (Marcus


Vasconcellos, 2011):

● Descentralização política: em sua organização política, a República


Federativa é formada pela União (ente central) e pelos Estados,
Distrito Federal e Municípios (entes descentralizados).
● Autonomia dos entes federativos: capacidade de autogoverno (o
povo do respectivo ente federado escolhe os seus
representantes); capacidade de autoadministração (há uma
repartição de competências administrativas); capacidade de
auto-organização (cada ente federado tem a liberdade, dentro dos
limites constitucionais, de estabelecer a própria estrutura por meio
de constituições estaduais e leis orgânicas; capacidade
legislativa (cada ente federado tem poder para elaborar as próprias
leis, dentro das regras de “repartição de competências”
estabelecidas na CF).
● Não se admite o direito de separação ou secessão. Um
estado-membro não pode desligar-se dos demais entes federados.
● Existência de um órgão legislativo que represente os
estados-membros na União. No caso, o Senado Federal, que
representa os Estados e o Distrito Federal.

Antes de continuarmos, preciso saber: o que está achando deste resumo


de Direito Constitucional? Caso tenha dúvidas, sugestões e críticas, deixe
um comentário!

Regime Político da Constituição Brasileira: Democracia (República)

O parágrafo único da Constituição Federal deixa explícita a ideia de


democracia como regime político adotado no Brasil: “Todo o poder emana
do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente,
nos termos desta Constituição”.

Nesse sentido, o povo é a fonte primária de todo o poder. A democracia


repousa na ideia de que o poder pertence ao povo, consagrando a
soberania popular. A forma de governo tem como finalidade organizar
politicamente um Estado, portanto são características básicas (Fábio
Tavares Sobreira, 2014):

● Representatividade: o povo escolhe seus representantes;


● Eletividade: a escolha é feita através de voto, de eleições;
● Periodicidade: o representante exerce mandato temporário (4 anos);
● Responsabilidade: dever de probidade administrativa;
● Soberania Popular: o poder emana do povo e por ele é exercido.

São espécies de Democracia:

1. Direta, na qual o povo decide diretamente as matérias, sem a


existência de intermediários;
2. Representativa, em que o povo elege seus representantes, que, em
nome do povo, tomas as decisões;
3. Semidireta (ou participativa), que é uma combinação das
anteriores, pois há uma democracia representativa com mecanismos
de democracia direta, por meio de plebiscito, referendo e iniciativa
popular.

No Brasil, adota-se a democracia semidireta. Apenas a fim de


complementação, seguem algumas definições:

● Plebiscito: A população é consultada sobre o que se deve fazer


sobre certo assunto;
● Referendo: A população é questionada sobre matéria legislativa já
pronta;
● Iniciativa Popular: Ocorre quando a população apresenta à Câmara
dos Deputados projeto de lei.

Fique atento a esses conceitos, eles caem em vários concursos públicos. A


depender do concurso que vá fazer, e da profundidade que exigem, o ideal
é que você entenda melhor cada um deles (num concurso para juiz, por
exemplo, é melhor ir muito além desse resumo de Direito).

Princípios Fundamentais – Artigo 1º da Constituição

Embora este seja apenas um resumo de Direito Constitucional, acho


imprescindível que o conteúdo tenha um olhar mais atento aos cinco
primeiros artigos da Constituição Federal. Eles são fundamentais para
entender Direito Constitucional no Brasil. Por isso, vamos lá!

São fundamentos da República Federativa do Brasil, previsto na


Constituição:

1. A soberania;
2. A cidadania;
3. A dignidade da pessoa humana;
4. Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
5. O pluralismo político.

Explico cada um desses fundamentos.

A Soberania é o poder político que detém o Estado para, internamente,


impor a própria vontade e impedir a imposição de vontades externas. É um
poder supremo e independente. Suas características são: unicidade (em um
Estado não concorre mais de uma soberania); indivisível (apenas as
funções do Estado é que são divisíveis); e, indelegável (não pode ser
entregue a outro Estado).

A Cidadania consiste no direito do cidadão de participar da vida política do


Estado, bem como de usufruir dos direitos fundamentais do Estado.
A Dignidade da pessoa humana determina que todos, independentemente
de qualquer situação, têm de ser tratados de forma digna. A ideia central
parte do disposto no inciso III do artigo 5º da CF, que determina que
ninguém será submetido a tratamento desumano ou degradante.

Os Valores sociais do trabalho e da livre-iniciativa referem-se ao direito do


trabalhador de escolher livremente seu trabalho, sendo-lhe garantida, ainda,
uma remuneração digna, que assegure a ele e a sua família uma vida com
um mínimo de decência. Já os valores da livre-iniciativa vinculam-se à ideia
de que o empresário tem o dever de oferecer condições dignas de trabalho
para seus trabalhadores.

O Pluralismo político garante a todas as pessoas liberdade para a formação


de opinião e para a conscientização acerca dos aspectos políticos de
nossa República.

Conclui-se que os fundamentos da República Federativa do Brasil são


normas de eficácia plena, ou seja, são aquelas que não necessitam de
nenhuma integração legislativa infraconstitucional, pois são dotadas de
todos os elementos necessários à sua imediata e integral aplicação.
Produzem todos os efeitos essenciais desde a entrada em vigor da
Constituição. Nesse sentido, o professor José Afonso da Silva (2002)
afirma:

São as que receberam do constituinte normatividade suficiente a sua


incidência imediata. Situam-se predominantemente entre os elementos
orgânicos da Constituição. Não necessitam de providência normativa
ulterior para sua aplicação. Criam situações subjetivas de vantagem ou de
vínculo, desde logo exigíveis.

José Afonso da Silva

Separação dos Poderes: Artigo 2º da Constituição

Conforme dito anteriormente, o poder é uno e indivisível. No entanto


dividem-se em suas funções. Para Marcus Vasconcellos (2011) constitui um
sistema de freios e contrapesos (“checks and balances”), com a existência
de um equilíbrio entre essas funções como uma garantia do povo contra
arbítrios, desmandos e abusos.

A fim de evitar a concentração do poder nas mãos de uma única pessoa ou


órgão, foi necessário dividir as funções estatais (legislativa, executiva e
judiciária). Os Poderes são independentes, mas devem harmonizar-se entre
si.

No entanto, para Fábio Tavares Sobreira (2014) cada um dos poderes


exerce sua função típica e, excepcionalmente, as funções dos outros
Poderes. Trata-se da “interpenetração dos Poderes”, ou seja: tanto o
Legislativo quanto o Judiciário exercem atipicamente funções
administrativas (executivas) quando, por exemplo, preenchem os cargos de
suas secretárias, concedem férias a seus funcionários, etc (arts. 51, IV e 96,
I, alínea “f”, ambos da CF).

A separação dos Poderes, portanto, não impede que, além de sua função
típica (preponderante), cada um dos Poderes exerça tipicamente funções
aparentemente atribuídas com exclusividade a outro. A regra
é indelegabilidade de funções de um Poder para o outro. Quando admite
a delegação, a Constituição Federal o faz de forma expressa, a exemplo do
artigo 68 (leis delegadas).

De acordo com o artigo 2º da CF: “são Poderes da União, independentes e


harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”. Vejamos
cada um dos Poderes:

● Poder Legislativo: legislar (elaborar normas gerais e impessoais) e


controlar a atividade político-administrativa. Por exemplo, o
Congresso Nacional julga anualmente as contas prestadas pelo
Presidente da República). O principal papel do Poder Administrativo
é elaborar leis, bem como realizar o controle político do Poder
Executivo. No âmbito Federal, o Poder Legislativo é exercido pelo
Congresso Nacional, composto da Câmara dos Deputados e do
Senado Federal. Por possuir duas Casas, o Legislativo é bicameral.
Nos Estados, Municípios e Distrito Federal, o Poder Legislativo é
unicamente composto por uma Casa, respectivamente a Assembleia
Legislativa, a Câmara Municipal e a Câmara Distrital. Para entender o
funcionamento do Poder Legislativo, os artigos 44 a 75 da CF
explicitam os procedimentos adotados e seguidos por este.
● Poder Executivo: executar as leis (administrar). Cumpre a esse
Poder o exercício das chefias de Estado, de Governo e da
Administração Pública Federal. A chefia de Estado tem por objetivo a
função de representação do Estado Federal (República Federativa do
Brasil) na comunidade internacional e da unidade do Estado, em nível
interno. A chefia de Governo refere-se ao comando da máquina
estatal e à fixação das metas e princípios políticos que irão ser
imprimidos ao Poder Público. No âmbito estadual e do Distrito
Federal, será exercido pelo Governador e no âmbito municipal, pelos
Prefeitos. O Poder Executivo tem como atribuição principal a
realização da função administrativa, ou seja, aprimorar, em nível
infralegal, os comandos normativos.
● Poder Judiciário: julgar e aplicar a lei diante da situação concreta. É
composto do conjunto de órgãos do Poder Público que têm a função
típica de aplicar a lei para solucionar litígios. Ao Poder Judiciário
incumbe tipicamente a função jurisdicional, que consiste na solução
de conflitos de interesses, através do devido processo legal. São
princípios da jurisdição: inércia, indeclinabilidade, indelegabilidade,
inafastabilidade, do juiz natural, do devido processo legal, entre
outras. São órgãos do Poder Judiciário: o Supremo Tribunal Federal,
Conselho Nacional de Justiça, Superior Tribunal de Justiça, Tribunais
Regionais Federais e Juízes Federais, Tribunais e Juízes do Trabalho,
Tribunais e Juízes Eleitorais, Tribunais e Juízes Militares, bem como
Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios. Para
entender o funcionamento do Poder Executivo, os artigos 92 a 110
da CF explicitam os procedimentos adotados e seguidos por este.

Este é outro ponto fundamental, que precisa de aprofundamento. A


separação entre os poderes é um ponto chave no Direito Constitucional
Brasileiro. Se for possível, não perca a oportunidade de se aprofundar para
além do que trazemos neste resumo.

Objetivos fundamentais: Artigo 3º da Constituição

Os objetivos fundamentais são os pontos a serem almejados pela


República Federativa do Brasil. Devem constituir uma preocupação
constante, até serem alcançados. São eles:

1. Construir uma sociedade livre, justa e solidária;


2. Garantir o desenvolvimento nacional;
3. Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades
sociais e regionais;
4. Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo,
cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Cada um desses pontos bem que pode ser cobrado em uma redação do
seu concurso, não é mesmo? Que tal escrever sobre cada um deles?

Princípios de Relações Internacionais: Artigo 4º da


Constituição

A República Federativa do Brasil não é um Estado isolado do mundo.


Mantém com outros Estados e organizações internacionais relações de
ordem econômica, social, cultural, política. Tais relações são norteadas
pelos seguintes princípios:

1. Independência nacional;
2. Prevalência dos direitos humanos;
3. Autodeterminação dos povos;
4. Não-intervenção;
5. Igualdade entre os Estados;
6. Defesa da paz;
7. Solução pacífica dos conflitos;
8. Repúdio ao terrorismo e ao racismo;
9. Cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
10. Concessão de asilo político.

O parágrafo único do artigo 4º da CF: “A República Federativa do Brasil


buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da
América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana
de nações”.
Esses são outros pontos que passamos superficialmente aqui em nosso
resumo de Direito Constitucional. Como nos outros casos já citados,
aprofundar é muito importante!

Direitos e Garantias Fundamentais: Artigo 5º da


Constituição

Se você não está muito atento a essa altura do texto, mantenha o foco, pois
agora entramos num dos pontos mais importantes deste resumo: os
Direitos e Garantias Fundamentais. Isso cai muito em concursos! Muito
mesmo!

Os direitos fundamentais também são chamados de direitos humanos. São


os direitos de todos os homens e mulheres. Sua finalidade é proteger o ser
humano, por isso são essenciais à vida em sociedade.

No entendimento de Fábio Tavares Sobreira (2014), os direitos


fundamentais correspondem aos dispositivos de conteúdo declaratório que
têm por fim o reconhecimento da existência do direito nele exprimido. As
garantias fundamentais, por outro lado, são os mecanismos de efetivação
dos direitos individuais (caráter instrumental), possuindo conteúdo
assecuratório. As garantias abrangem os remédios constitucionais (Habeas
Corpus, Habeas Data, Mandado de Segurança, Mandado de Injunção e
Ação Popular), mas não se exaurem neles.

A Constituição Federal de 1988 é a mais abrangente de todas, mas mesmo


assim não foi exaustiva ao mencionar, em seu artigo 5º, um rol de 78
incisos referentes aos direitos fundamentais. Por isso, fala-se em direitos
explícitos, expressamente previstos, e em direitos implícitos, que daqueles
decorrem. Hoje, devido aos vastos dispositivos constitucionais, fica difícil
identificar algum direito implícito.

As características dos Direitos e Garantias Fundamentais são (Marcus


Vasconcellos 2011):
● Universalidade: destinam-se a todos, independentemente da
condição econômica ou social;
● Historicidade: resultam de uma evolução cultural da humanidade;
● Limitabilidade: os direitos e garantias fundamentais não são
absolutos, pois encontram limites em outros direitos;
● Irrenunciabilidade: não se admite a renúncia a direitos
fundamentais;
● Inalienabilidade: os direitos fundamentais não podem ser
negociados.

Em todo o rol previsto no artigo 5º da CF, estão inseridos princípio da


igualdade, princípio da legalidade, proibição à tortura, liberdade de
pensamento, proibição da censura, inviolabilidade da intimidade, da vida
privada, da honra e da imagem, sigilo das comunicações, liberdade de
profissão, direito ao acesso à informação, liberdade de locomoção,
liberdade de associação, direito de propriedade, direito do consumidor,
extradição, assistência jurídica, entre outros.

Nacionalidade em Direito Constitucional

Vamos a mais um tópico importante deste resumo de Direito Constitucional:


a Nacionalidade.

Para Marcus Vasconcellos (2011), nacionalidade é o vínculo jurídico-político


que liga uma pessoa a um Estado – é a qualidade de nacional. Constitui um
direito fundamental, e cada Estado é soberano para definir suas regras.
Basicamente são duas as formas de aquisição da nacionalidade: a
originária e a secundária.

● Primária: decorre do nascimento em determinado Estado. Essa


forma obedece os critérios de territorialidade (decorre do local do
nascimento) e a ascendência (decorre dos laços de
consanguinidade). A CF dispõe em seu artigo 12, inciso I, que são
brasileiros natos aqueles nascidos na República Federativa do Brasil,
ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a
serviço de seu país.
● Secundária: tem natureza bilateral, porque decorre de uma
convergência de vontades, ou seja, quando um estrangeiro pede e o
Estado concede ou não. A CF dispõe em seu artigo 12, inciso II, que
são brasileiros naturalizados (a) os que, na forma da lei, adquiram a
nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua
portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade
moral; e, (b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na
República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e
sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade
brasileira.

A nacionalidade é o pressuposto da cidadania. No entanto, apenas a


presença da nacionalidade não torna o indivíduo cidadão. Para tanto é
necessário o alistamento eleitoral.

Direitos Políticos em Direito Constitucional

Os direitos políticos resumem-se no conjunto de direitos que regulam a


forma de intervenção popular no governo, ou seja, possibilitam o exercício
da soberania popular. Surgem diante de um Estado Democrático. No Brasil,
a soberania popular está embasado no artigo 1º, inciso I, onde aparece
como um dos fundamentos do Estado Democrático de Direito, e no artigo
2º, parágrafo único, ambos da CF.

A democracia pode ser direta, quando o povo exerce, em nome próprio, o


poder; indireta ou representativa, quando o poder é outorgado a
representantes eleitos; e semidireta ou participativa, quando o Estado adota
as duas formas.

De acordo com o artigo 14 da CF, o Brasil adotou a democracia semidireta


ou participativa. Ou seja, a soberania popular será exercida pelo sufrágio
universal, pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos
termos da lei, mediante plebiscito, referendo e iniciativa popular. São
instrumentos por meio dos quais se garante ao povo, direta ou
indiretamente, o exercício do poder, o direito de participar na vontade do
Estado (Fábio Tavares Sobreira 2014).
O Estado é a pessoa jurídica que tem como elementos básicos soberania,
povo, território e governo. Representa a ideia de uma sociedade
politicamente organizada em um limite territorial, com vistas ao bem-estar
de todos.

Organização do Estado em Direito Constitucional

A organização de um Estado guarda relação com a “forma de Estado”, que


consiste na existência, ou não, de uma divisão territorial do poder ou, em
outras palavras, de como é a organização política e a administrativa de um
Estado.

Conforme Manoel Gonçalves Ferreira Filho (2008), o Estado é composto por


três elementos, a saber: o território, o povo e a soberania. O Estado é uma
associação humana (povo), radicada em base especial (território), que vive
sob o comando de uma autoridade (poder) não sujeita a qualquer outra
(soberana).

Para Marcus Vasconcellos (2011), o sistema federativo brasileiro apresenta


as seguintes características:

● Indissolubilidade do pacto federativo: não se admite o direito de


secessão, ou seja, uma unidade federada não pode ser desligada
das demais formando um Estado independente.
● Representação senatorial: o Senado é o órgão de representação do
Estado na formação da vontade geral da União.
● Existência de guardião constitucional: o Supremo Tribunal Federal
(STF) tem a missão de impor o respeito à Constituição Federal.
● Não Intervenção: A regra geral é que um ente federal não pode
intervir em outro. As hipóteses de intervenção estão previstas nos
artigos 34 e 36 da CF.
● Capacidade de auto-organização dos entes federados: por meio
de constituição estadual e lei orgânica municipal ou distrital.
● Rigidez constitucional.
● Repartição constitucional de rendas e competências.
Para começar nosso resumo de Direito Administrativo precisamos esgotar o
conceito desta área do Direito.

O Direito Administrativo é o ramo do Direito que estuda as funções e


atividades administrativas do Estado. Ele engloba a legislação brasileira que
dispõe sobre os órgãos e agentes que compõem os aparelhos estatais na
prestação de serviços públicos e princípios.

A importância do estudo do Direito Administrativo brasileiro ganha


relevância com a democratização do País e com a busca de modernização
nos serviços públicos. Por isso, possui estreita relação com os demais
ramos do Direito, em especial o Direito Constitucional, pelo fato da
Constituição Federal de 1988 (norma magna no país), em seus artigos 37 a
43, apresentar o “modelo” de Administração Pública.

Conforme nos ensina Márcio Fernando Elias Rosa (2006):

A Constituição da República traça o perfil de Administração Pública,


ditando os seus princípios básicos, regula a forma de acesso aos cargos,
empregos e funções públicas, estabelece as acumulações vedadas, a
obrigatoriedade de licitação, a possibilidade de constituição de empresas
estatais, a prestação de serviços públicos, dentre outras tantas normas
aplicáveis à Administração Pública direta e indireta.

Márcio Fernando Elias Rosa

O professor Miguel Reale (2006) também nos presenteia com sua definição:

Muito ligado ao Direito Constitucional, põe-se o Direito Administrativo. O


Estado Moderno distingue-se pela discriminação de três poderes, que não
são rigorosamente independentes, mas autônomos, embora mantendo
entre si relações íntimas de necessária cooperação. Dos três poderes, um
existe, cuja função primordial é executar serviços públicos em benefício da
coletividade: é o poder que outros autores propõem se denomine ‘Poder
Administrativo’, mas que é mais próprio denominar Executivo. (…) O Direito
Administrativo, de certa maneira, é o Direito dos serviços públicos e das
relações constituídas para a sua execução.

A atividade do Estado pode ser de várias espécies: ora é legislativa, para a


edição de normas legais de organização e de conduta; ora é jurisdicional,
como quando o juiz toma conhecimento de uma demanda e profere a sua
decisão; ora é de cunho administrativo, para consecução de objetivos da
comunidade que o Estado executa como próprios. Essa terceira forma de
atividade, muito embora deva conter-se nos limites da lei, não tem por fim
realizá-la, como pretendem os adeptos da concepção do Direito
Administrativo em termos técnico-jurídicos.

Miguel Reale

Por sua vez, o jurista Oscar Joseph de Plácido e Silva (2001) define o
Direito Administrativo, de forma bem detalhada (para que não reste dúvidas
e você acerte qualquer questão conceitual após ler este resumo de Direito
Administrativo), da seguinte forma:

Classificado no Direito Público Interno, de que é um de seus ramos, o


Direito Administrativo, como bem se depreende da classificação que lhe é
dada, vem estudar a administração pública no seu caráter formal e jurídico,
em oposição à Ciência da Administração, que a encara no seu elemento
técnico e material.

Destarte, o Direito Administrativo encerra o conjunto de normas, em virtude


das quais se estabelecem os princípios e regras necessárias ao
funcionamento da administração pública, não somente no que concerne à
sua organização como às relações que se possam manifestar entre os
poderes públicos e os elementos componentes da sociedade.

Assim, dentro de seu objetivo, traça os limites dos poderes delegados aos
órgãos da administração pública, conferindo as atribuições e vantagens a
seus componentes e lhes indicando a maneira por que devem realizar os
atos administrativos e executar todos os negócios pertinentes à
administração e aos interesses de ordem coletiva, inclusos em seu âmbito.

O Direito administrativo, no desempenho de sua precípua finalidade,


triparte-se em aspectos diferentes, dos quais surgem: o Direito
Administrativo, propriamente dito, o Direito Financeiro e o Direito Tributário,
que, embora estreitamente entrelaçados no cumprimento de seu objetivo,
apresentam-se definidos pela soma de regras que se fazem fundamentais a
cada uma destas subdivisões.
O Direito Administrativo, propriamente, cuida mais principalmente dos
serviços de ordem pública e de interesse coletivo, segundo os quais dá
execução aos planos de difusão e fomento, estabelecidos pelo poder
público, para desenvolvimento e grandeza do Estado, deixando aos
Financeiro e Tributário, que cuidem ou zelem por esta parte privativa ao
estabelecimento de normas financeiras oriundas do poder financeiro do
Estado, e ao estabelecimento de regras promotoras da realização das
rendas públicas.

Oscar Joseph de Plácido e Silva

Apesar de guardar relação com outros ramos do Direito, o Direito


Administrativo é autônomo, com um conjunto de regras e princípios
próprios, denominado regime jurídico-administrativo. Neste resumo de
Direito Administrativo vou tentar desmistificar o fato de que o Direito
Administrativo parece ser muito complicado. Para tanto precisamos traçar
os principais pontos necessários ao entendimento desta matéria. Vamos
nessa!

Vamos agora tratar de um tema fundamental para quem estuda concurso


público, já que muitas questões são formuladas tendo esse assunto como
base. Refiro-me aos Princípios Fundamentais da Administração Pública.

É importante mencionar o que são princípios para a concepção jurídica.


Diferente da definição que encontramos no dicionário (Princípio = razão,
começo, início), vejamos a definição de Miguel Reale (2006):

Princípios são enunciações normativas de valor genérico, que condicionam


e orientam a compreensão do ordenamento jurídico, a aplicação e
integração ou mesmo para a elaboração de novas normas. São verdades
fundantes de um sistema de conhecimento, como tais admitidas, por serem
evidentes ou por terem sido comprovadas, mas também por motivos de
ordem prática de caráter operacional, isto é, como pressupostos exigidos
pelas necessidades da pesquisa e da práxis.

Miguel Reale
De uma forma mais simples, o princípio é o fundamento de uma norma
jurídica, ou seja, são os pilares que sustentam o Direito e que não estão
definidas em nenhum Lei, em nenhum diploma Legal. Ele inspira os
legisladores ou outros agentes responsáveis pela criação da norma, a
tratarem de certos assuntos por causa de certos motivos.

Deu pra entender? Então vamos em frente!

Existem dois princípios básicos que formam a base estrutural do Direito


Administrativo: Princípio da supremacia do interesse público e Princípio da
indisponibilidade do interesse público.

Princípio da Supremacia do Interesse Público

Trata-se da supremacia do interesse público sobre o interesse privado. Ou


seja, o interesse público sempre estará acima do interesse privado, não
importa o que seja. Portanto, havendo conflito de interesses na
interpretação da norma jurídica, o administrador deverá prezar pelo
interesse da coletividade (dos cidadãos como um todo).

De forma mais técnica, podemos dizer que este Princípio fundamenta a


existência das prerrogativas da Administração Pública. É certo que, para
que o Estado atinja suas finalidades, é necessário que disponha de poderes
que não são permitidos aos particulares. Isso é extremamente importante,
pois, na existência de conflitos entre o interesse público e o interesse
particular, o público deve prevalecer.

Porém, o Estado deve sempre agir dentro dos limites legais, por isso
existem tantas regras para a atuação dos órgãos e agentes que compõem
o aparelho estatal.

É por isso, por exemplo, que para cargos públicos (que mexam com
dinheiro público, prestem serviços indispensáveis ao bom andamento da
comunidade, por exemplo) é necessário prestar concurso público. Ao
passar na prova, os servidores demonstram que conhecem a Lei e irão
buscar atingir os interesses da população.

Isso não significa que o Estado possa violar direitos assegurados aos
particulares. Um bom exemplo disso é o caso da desapropriação. Nessa
situação o Poder Público pode, diante da necessidade pública,
desapropriar o bem de uma pessoa (para construir um metrô ou aumentar
uma rodovia, por exemplo), mas a pessoa que tiver seu bem desapropriado
sempre terá direito a uma indenização pelo Poder Público.
Para os autores Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo (2011), o Princípio da
Supremacia do Interesse Público existe com base no pressuposto de que
“toda atuação do Estado seja pautada pelo interesse público, cuja
determinação deve ser extraída da Constituição e das leis, manifestações
da ‘vontade geral’”.

Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público

Já vimos no item acima que ao atuar, a Administração Pública deve sempre


ter em vista o interesse público, de acordo com as normas legais. No
entanto, não é dada ao administrador liberdade para realizar atividades sem
que uma norma preveja tal atividade.

Ou seja, a própria administração deve se pautar e obedecer a limites


impostos pelo ordenamento jurídico vigente.

O administrador deve sempre buscar o interesse público, sem, no entanto,


poder dispor de bens, direitos e interesses públicos. O poder de dispor, ou
seja, alienação de bens, renúncia de direitos ou transação com o interesse
público, sempre depende de lei que o permita.

A vontade do agente público deve ser a vontade da lei, e não a própria.


Nesse caso, o concurso público também seria um bom exemplo, mas pelo
motivo de que, para nomear alguém a um cargo efetivo, o administrador
deve seguir as regras do interesse público.

Para os autores Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo (2011), em razão do


Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público “são vedados ao
administrador quaisquer atos que impliquem renúncia a direitos do Poder
Público ou que injustificadamente onerem a sociedade”.

Ainda, afirmam que a Administração Pública “deve, simplesmente, dar fiel


cumprimento à lei, gerindo a coisa pública conforme o que na lei estiver
determinado, ciente de que desempenha o papel de mero gestor de coisa
que não é sua, mas do povo”.

Interesses Públicos Primários e Interesses Públicos Secundários

Lembramos, neste resumo de Direito Administrativo, que o interesse


público pode ser dividido em primário e secundário:

● Interesse Público Primário é aquele que o Estado deve


efetivamente alcançar – como segurança, saúde, transporte;
● Interesse Público Secundário se refere aos meios que o Estado
deve utilizar para atingir o interesse público primário.
Por exemplo, a construção de um hospital guarda relação com a saúde
(interesse primário), mas deve ser precedida de uma licitação para escolher
a empresa que o construirá (interesse secundário).

Os interesses públicos primários são os interesses diretos do povo, os


interesses gerais imediatos. Já os secundários são os interesses imediatos
do Estado na qualidade de pessoa jurídica, titular de direitos e obrigações.
Estes interesses são aqueles considerados como meramente patrimoniais,
em que o Estado busca aumentar sua riqueza, ampliando receitas ou
evitando gastos.

Ademais, ao fazer a distinção entre interesse público primário e secundário,


Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo (2011) nos ensinam que caracteriza-se
como “interesse público secundário legítimo aquele que represente um
interesse de uma pessoa jurídica administrativa na qualidade de titular de
direitos, mesmo sem implicar a buscar direta da satisfação de um interesse
primário, desde que:

● Não contrarie nenhum interesse público primário;


● Possibilite atuação administrativa ao menos indiretamente tendente à
realização de interesses primários.

Preciso saber o que você está achando deste artigo… Fiz esse resumo de
Direito Administrativo para facilitar sua vida na preparação para diversos
concursos Brasil afora que cobram Direito Administrativo em suas provas.
Sua opinião é fundamental para corrigir e melhorar todo conteúdo aqui do
blog. Deixe seu comentário!

Voltemos ao conteúdo!

Conforme já foi dito, os princípios são as vigas mestras do ordenamento


jurídico. Tanto a Administração Pública direta como a indireta (autarquias,
fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista), bem como
as atividades administrativas de todos os Poderes (Executivo, Legislativo e
Judiciário), devem observar e respeitar os princípios.

O desrespeito a um princípio é tão grave quanto a transgressão de uma lei,


há casos em que são considerados mais graves do que isso.
A Constituição Federal (CF), em seu artigo 37, apresenta os Princípios
Gerais da Administração Pública, e que são mais relevantes, senão
vejamos:

A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União,


dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios
de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (…).

CF/1988

Muitas pessoas utilizam o método de criar a palavra “LIMPE”, a fim de


memorizar esses princípios, observe:

● Legalidade
● Impessoalidade
● Moralidade
● Publicidade
● Eficiência

Veja o vídeo a seguir de apenas 1 minuto e meio sobre os Princípios da


Administração:

Vamos agora passar a analisar cada um deles, individualmente.

Legalidade

O Princípio Geral da Legalidade pressupõe que a atividade do


administrador deva estar pautada, sempre, com base na lei. O
administrador só poder fazer o que a lei permite. Há quem diga que é um
dos mais importantes princípios do Direito, pois tem a função de limitar a
atuação do Estado.

De acordo com o professor Hely Lopes Meirelles (2003):

Na Administração Pública não há liberdade nem vontade pessoal. Enquanto


na administração particular é lícito fazer tudo o que a lei não proíbe, na
Administração Pública só é permitido fazer o que a lei autoriza. A lei para o
particular significa ‘pode fazer assim’; para o administrador público significa
‘deve fazer assim’.

Hely Lopes Meirelles

A própria Constituição Federal (Carta Magna) prevê algumas restrições ao


princípio da legalidade: medidas provisórias (art. 62), estado de defesa (art.
136) e estado de sítio (art. 137).
Impessoalidade

O Princípio Geral da Impessoalidade pode ser analisado sob vários


aspectos. Um deles determina que, como a Administração Pública tem
como finalidade o interesse público, o administrador público não pode usar
do cargo para satisfazer e/ou privilegiar interesse de cunho particular ou de
terceiros (chamado “princípio da finalidade”).

Outro aspecto consiste em que a Administração Pública não pode ser


utilizada para a promoção do agente sobre sua realização administrativa.
Conforme § 1º, do artigo 37 da CF:

A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos


órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação
social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que
caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.

CF/1988

A impessoalidade também pode ser analisada pelo fato de que o ato é


atribuído ao órgão ou à entidade estatal, e não ao agente que o praticou.
Por fim, a impessoalidade prega que ao atuar dessa forma, a Administração
Pública deve tratar com igualdade a todos (“isonomia”).

Moralidade

A Administração Pública deve se pautar em padrões éticos e, prezar pela


prevalência da moralidade, boa-fé e probidade nos préstimos do serviço
público. não basta o ato ser legal e impessoal: deve ser moral. A
honestidade é um requisito que deve incorporar a atuação pública.

Esse princípio da moralidade está eficientemente protegida no artigo 5º,


LXXIII, da CF, que trata da ação popular:

Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a
anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado
participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio
histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de
custas judiciais e do ônus da sucumbência.

CF/1988

O § 4º do art. 37 da CF, que trata da improbidade administrativa, enumera


quatro responsabilidades:
Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos
direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos
bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei,
sem prejuízo da ação penal cabível.

CF/1988

Publicidade

Esse princípio visa dar transparência à Administração Pública,


possibilitando o conhecimento das atividades administrativas, bem como
seu controle e sua fiscalização. Dessa forma, a publicidade dispõe ao
administrado a obtenção de certidões, informações, atestados, desde que
de acordo com a lei.

Os atos públicos devem possuir ampla divulgação, de forma a evidenciar


essa transparência dos atos da Administração Pública para com os
administrados. Há casos de exceção, onde ocorre o sigilo dos atos. São
casos de: sigilo imprescindível à segurança da sociedade e do Estado, bem
como sigilo necessário à defesa da intimidade e honra do particular.

Portanto, tal princípio não possui caráter absoluto. A Constituição Federal,


em seu artigo 5º, XXXIII, apresenta a seguinte regra e as exceções:

Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu


interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas
no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo
sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.

CF/1988

Eficiência

A eficiência era um princípio implícito. Com a Emenda Constitucional 19/98


(Reforma Administrativa), passou a ser um princípio explícito, que dispõe
que a Administração Pública deve atuar de forma objetiva, procurando
sempre utilizar os recursos públicos da melhor maneira, podendo assim,
economizar recursos públicos.

Nas palavras de Roberto Bordalo (2011), “o administrador deve agir da


melhor maneira possível”, evitando gastos desnecessários no melhor, e
menor tempo possível, sem deixar de lado os demais princípios da
Administração Pública. Esse processo abrange tanto os meios como os
resultados.
Outros Princípios

Existem outros princípios que se desdobram desses principais, como por


exemplo o princípio da permanência ou continuidade (art. 6º, § 3º da Lei nº
8.987/95); princípio da motivação (art. 50 da Lei nº 9.874/99); princípio da
autotutela; princípio da tutela; princípio da segurança jurídica e princípio da
razoabilidade, que serão melhor estudados no item sobre atos
administrativos.

Outro tema bem recorrente nas provas de concurso onde cai Direito
Administrativo são as Fontes do Direito Administrativo. Mas é algo bem
simples de entender.

São fontes do Direito Administrativo: Leis, Jurisprudência, Costumes e


Súmulas Vinculantes.

● Lei: O Direito Administrativo não possui um código próprio como o


Direito Civil, Direito Previdenciário e outros. Ele se pauta em leis
esparsas e estatutos. Exemplo: Lei 8.666/1993 (Lei das Licitações);
Lei 8112/1990 (Estatuto dos servidores públicos civis da União).
● Jurisprudência: É a decisão reiterada de julgados de um mesmo
assunto. São resumos que servem como fonte de pesquisa para
aplicabilidade de normas dentro do Direito Administrativo. Súmulas
vinculantes se encaixam muito bem nesse conceito, pois são
interpretações jurídicas que auxiliam tribunais no tratamento de
matérias parecidas.
● Costumes: São regras não escritas que suprem a ausência de regra
legislativa descrita em códigos e estatutos. São aceitos dentro de
uma sociedade, e levam em conta a cultura onde esses costumes
são aplicados.
Outro ponto que não podemos deixar de citar neste resumo de Direito
Administrativo é a parte de Organização da Administração Pública. Também
muito comum em concursos públicos. Vamos aprender um pouco sobre
isso.

É necessário que exista uma estrutura organizada para que o Estado possa
desenvolver sua função administrativa. Portanto, a Administração Pública
compreende um conjunto de entidades e órgãos incumbidos de realizar as
atividades administrativas. Existem três formas para exercer as atividades
administrativas:

● Centralizada: diretamente pelo ente político competente (União,


Estado, Município, Distrito Federal), por meio de seus órgãos e
agentes.
● Descentralizada: distribuída a outras entidades (outras pessoas
jurídicas ou físicas). Pode ser por Delegação (Poder Público transfere
a execução de determinado serviço, por exemplo as concessionárias)
ou por Outorga (Poder Público transfere a titularidade do serviço, por
meio de autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de
economia mista).
● Desconcentração: resultado da criação de órgãos públicos dentro
de uma mesma pessoa jurídica, em que se repartem internamente as
atribuições e se estabelece a subordinação hierárquica.

Também precisamos aprender o que são órgãos públicos. Podemos


conceituá-los como entes da Administração Pública munidos de
responsabilidade jurídica e capacidade técnica para a execução e
prestação de serviços públicos.
Encontram-se presentes na administração direta e indireta. É através dos
órgãos que ocorre a desconcentração na administração pública.

Conforme diz Hely Lopes Meirelles (2003):

Órgãos públicos são centros de competência instituídos para o


desempenho de funções estatais, através de seus agentes, cuja atuação é
pautada à pessoa jurídica a que pertencem. São unidades de ação com
atribuições específicas na organização estatal.

Hely Lopes Meirelles

São integrantes da estrutura do Estado e de suas pessoas jurídicas, mas


não possuem personalidade jurídica nem vontade própria, ou seja, são
frutos da desconcentração.

A Lei nº 9.784/99, nos incisos I e II, do § 2º, do art. 1º,


estabelece órgão como sendo: “a unidade de atuação integrante da
estrutura da Administração direta e da estrutura da Administração indireta”
e entidade como sendo “unidade de atuação dotada de personalidade
jurídica”.

Como regra geral, os órgãos não possuem capacidade processual, ou seja,


não podem figurar como parte em ações judiciais, sendo a pessoa jurídica
a que pertencem a titular de tal capacidade.

A criação dos órgãos da Administração Pública ocorrem por meio de lei de


iniciativa do chefe do Executivo (presidente da República, governador de
estado ou do Distrito Federal e prefeito, conforme o caso). São organizados
em base de decreto, conforme o art. 84, inciso VI, alínea “a”, da
Constituição Federal.

Administração Pública Direta

Os entes que constituem a Administração Direta são a União, os Estados, o


Distrito Federal e os municípios. Unidos formam a República Federativa do
Brasil, nos termos do art. 18 da Constituição Federal. Possuem autonomia
política, administrativa e financeira. Ainda, possuem bens públicos,
portanto não podem ser objeto de penhora.

São exemplos de órgão da Administração Pública Direta os ministérios,


Polícia Federal, Secretaria da Receita Federal.

Administração Pública Indireta


Os entes que constituem a Administração Indireta são as Autarquias, as
Empresas Estatais (Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista) e
as Fundações Públicas. Possuem personalidade jurídica própria. Possuem
patrimônio e receita próprios. Não têm autonomia política. Possuem
autonomia administrativa, técnica e financeira.

As autarquias são pessoas jurídicas de direito público, criadas por lei por
força do art. 37, inciso XIX, da CF, que dispõe: “somente por lei específica
poderá ser criada autarquia”. São exemplos de autarquia:

● INSS
● IBAMA
● Banco Central
● INCRA

Quando a autarquia celebra contrato de gestão com o Poder Executivo,


para aumentar a eficiência, é chamada de Agência Executiva, nos termos
dos arts. 51 e 52, da Lei nº 9.649/98.

As agências reguladoras são constituídas sob forma de “autarquia


especial”, dotadas de uma liberdade maior para a regulação de setores da
sociedade. São exemplos de agências reguladoras:

● Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel);


● Agência Nacional de Aviação Civil (Anac);
● Agência Nacional do Petróleo (ANP).

As Empresas Estatais são pessoas jurídicas de direito privado, com as


seguintes diferenças: a empresa pública utiliza somente capital público e
pode ser organizada por qualquer tipo societário, como sociedade limitada,
sociedade anônima, etc; por outro lado, a sociedade de economia mista
possui capital misto (parte público, parte privado) e somente pode ser
sociedade anônima (S/A). Lei específica autoriza a instituição de empresa
pública e sociedade de economia mista.

São exemplos de empresa pública: Caixa Econômica Federal, Empresa


Brasileira de Correios e Telégrafos, INFRAERO, BNDES, entre outros. São
exemplos de sociedade de economia mista: Banco do Brasil, Petrobrás,
SABESP, entre outras.

Por fim, as Fundações são entidades dotadas de personalidade jurídica,


criadas por lei específica, para o desenvolvimento de atividades de
interesse coletivo, de natureza assistencial, educacional, pesquisa, etc. São
exemplos: FUNAI, IBGE, Universidade de Brasília (UnB).
A lei somente autoriza a criação de um ente fundacional, nos termos do art.
37, XIX, da CF. Conforme este artigo, lei complementar deverá definir as
áreas em que poderá atuar a fundação.

Os poderes administrativos são dispositivos legais que a Administração tem


para impor obrigações e garantir deveres aos cidadãos que estão sob sua
tutela.

Veja o que diz Hely Lopes Meirelles (2003):

Os Poderes Administrativos nascem com a Administração e se apresentam


diversificados segundo as exigências do serviço público, o interesse da
coletividade e os objetivos a que se dirigem.

Dentro dessa diversidade, são classificados, consoante a liberdade da


Administração para a prática de seus atos, em poder vinculado e poder
discricionário; segundo visem ao ordenamento da Administração ou à
punição dos que a ela se vinculam, em poder hierárquico e poder
disciplinar; diante da finalidade normativa, em poder regulamentar; e,
tendo em vista seus objetivos de contenção dos direitos individuais,
em poder de polícia.

Hely Lopes Meirelles

● Poder Vinculado: Modalidade de poder em que não há margem de


escolha para o agente público. Ou seja, ele deve seguir exatamente
as determinações e trâmites previstos em lei.
● Poder Discricionário: Modalidade de poder em que o agente
público tem margem de escolha, maior liberdade na análise de
conveniência e oportunidade. Sempre respeitando os limites da lei.
● Poder de Polícia: É a capacidade que a Administração Pública
possui de restringir liberdades e direitos individuais, visando assim, o
bem estar social e/ou do Estado.
● Poder Disciplinar: É a capacidade que a administração tem de punir
infrações cometidas por seus servidores. Também pune particulares
que prestam serviços junto à Administração Pública.
● Poder Regulamentar: São normas, deliberações, portarias e
instruções editadas pelo poder Executivo da União, dos Estados, e
dos Municípios.

Preste atenção também nos conceitos em torno do Ato Administrativo.


Importantíssimo ponto do nosso resumo de Direito Administrativo. Nas
palavras do professor Hely Lopes Meirelles (2003), ato administrativo é o
seguinte:

É toda manifestação unilateral de vontade da Administração Pública que,


agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar,
transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos
administrados ou a si própria.

O ato administrativo corresponde a uma manifestação unilateral de vontade


do Estado (ou de quem esteja atuando em tal função), expedida no
exercício da função administrativa, com base no interesse público e na
legalidade. É um ato jurídico com finalidade pública, é manifestação de
vontade da Administração Pública.

São requisitos de um Ato Administrativo:

● Competência: A capacidade que o agente público possui para


produzir o ato. Poder legal no desempenho de suas funções.
● Finalidade: O ato deve sempre ser praticado com uma finalidade
pública. O agente público jamais pode desviar-se de tal finalidade, e
seu desvio leva à invalidação do ato.
● Forma: A formação do ato deve seguir as formalidades legais.
Trata-se da maneira de exteriorização do ato, que pode ser por meio
de editais, licitações, portarias e etc.
● Motivo: Situação de fato que demanda a necessidade de propositura
do ato, ou seja, que levou o agente a editar o ato.
● Objeto: O conteúdo do ato, as modificações que o mesmo busca
alcançar. Constitui o efeito que o ato deve produzir – por exemplo,
conferir um direito, extinguir uma relação. O objeto deve ser lícito,
possível, certo e moral.
São atributos de um Ato Administrativo, ou seja, as particularidades que o
diferenciam dos demais atos jurídicos:

● Presunção de legitimidade e veracidade: Permeia-se pelo princípio


da legalidade. Veracidade do ato e consonância com o ordenamento
jurídico. O ato, quando editado, nasce com a presunção de ter sido
editado de acordo com a lei e por autoridade dotada de competência
e de serem verdadeiros os fatos suscitados pela Administração
Pública.
● Imperatividade (ou coercibilidade): Obrigação de cumprimento do
ato. O ato administrativo pode ser imposto ao particular, sem a
necessidade de sua concordância. Constitui o “poder extroverso” do
Estado, por meio do qual este impõe unilateralmente a sua vontade.
● Autoexecutoriedade: Capacidade que a Administração de editar e
produzir seus próprios atos, sem que seja necessário acionar o poder
Judiciário ou intervenção de qualquer outro Poder.
● Exigibilidade: Obriga os destinatários a cumprirem o ato.

A Administração Pública pode revogar o Ato Administrativo por motivo de


conveniência e oportunidade. Anular quando detectadas ilegalidades. No
caso de ilegalidade do ato, o Judiciário tem capacidade para anular.

Conforme a Súmula 473 do Superior Tribunal Federal:

A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios


que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los,
por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos
adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicia.

Súmula 473/STF

Os Atos Administrativos podem ser realizados por meio de autorização,


permissão e licença, bem como se extinguem mediante cassação,
revogação ou anulação.

Apelamos novamente para o mestre Hely Lopes Meirelles para falar sobre
os agentes públicos, que são todas as pessoas físicas incumbidas, de
maneira definitiva ou transitória, do exercício de alguma função estatal.
Podem ser classificados em:

1. Agentes políticos, que são aqueles que exercem atividades


tipicamente governamentais, por meio do exercício, regra geral, de
um mandato para o qual são eleitos. São os Chefes do Executivo
(Presidente, Governadores e Prefeitos) e seus respectivos vices, seus
auxiliares (Ministros e Secretários) e os membros do Legislativo
(Senadores, Deputados federais e estaduais, e Vereadores).
2. Servidores Públicos, que na concepção de Celso Antônio Bandeira
de Mello (2003), “abarca todos aqueles que entretêm com o Estado e
suas entidades da Administração indireta, independentemente de
sua natureza pública ou privada (autarquias, fundações, empresas
públicas e sociedades de economia mista) relação de trabalho de
natureza profissional e caráter não eventual sob vínculo de
dependência”.

Os servidores públicos abrangem 3 espécies: servidores estatutários


(submetidos ao regime estatutário e titulares de cargos públicos);
empregados públicos (contratados pelo regime trabalhista e ocupantes de
emprego público) e servidores temporários (contratados por tempo
determinado para atender à necessidade temporária de excepcional
interesse público, nos termos do art. 37, inciso IX, da CF).

Podem ter cargo em comissão (cargo de livre nomeação e exoneração),


cargo efetivo (preenchidos requisitos, passa a ter estabilidade) e cargo
vitalício (o vínculo somente pode ser extinto por meio de decisão judicial
transitada em julgado.

Controlar a Administração Pública significa verificar se ela está agindo de


acordo com os princípios do regime jurídico-administrativo, atendendo a
suas finalidades. Tal controle é composto por um conjunto de instrumentos
estabelecidos pelas normas jurídicas para a execução por meio dos
poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. Visa assegurar:

● A legitimidade dos atos administrativos;


● A coibição dos abusos das condutas funcionais dos agentes
públicos;
● A defesa dos direitos dos administrados.

O Controle Legislativo é o realizado pelo Poder Legislativo, que tem, além


da função de legislar, a função de fiscalizar os atos do Poder Executivo.
Realizado pelas Casas Legislativas (Congresso Nacional, assembleias
legislativas, câmaras legislativas). Exemplos: Convocação de autoridades
(art. 50, CF), Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs – § 3º, art. 58,
CF), Fiscalização financeira e orçamentária (art. 70, CF).

Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou qualquer de suas


Comissões, poderão convocar Ministro de Estado ou quaisquer titulares de
órgãos diretamente subordinados à Presidência da República para
prestarem, pessoalmente, informações sobre assunto previamente
determinado, importando crime de responsabilidade a ausência sem
justificação adequada.

Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes


e temporárias, constituídas na forma e com as atribuições previstas no
respectivo regimento ou no ato de que resultar sua criação. (…) § 3º As
comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação
próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos
das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo
Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de
um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e por
prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao
Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal
dos infratores.

Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e


patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta,
quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das
subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional,
mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada
Poder.

CF/1988

O Controle Administrativo é feito no próprio âmbito administrativo, muitas


vezes de forma hierárquica. São exemplos: representação, reclamação
administrativa, pedido de reconsideração, recursos hierárquicos, entre
outros.

O Controle Judicial é exercido pelo Poder Judiciário, incluídos


o Habeas Corpus, Habeas Data, Mandado de Segurança, entre outros. A
CF, em seu artigo 5º, inciso LXXIII dispõe que “qualquer cidadão é parte
legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio
público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural,
ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do
ônus da sucumbência”.

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