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TEORIA GERAL DA INVESTIGAÇÃO E PERÍCIA

Aula 01: Aspectos Gerais e Introdutórios.

A função do Direito Penal é proteger BENS JURÍDICOS. E o que são


bens jurídicos? Trata-se do valor ou interesse de alguém que é protegido por
lei, sendo a base do direito penal para criar normas penais incriminadoras, ou
seja, quem atentar contra ele, será punido. No homicídio, por exemplo, o
bem jurídico tutelado é o direito à vida humana.
Com a ocorrência de infrações à tutela dos bens jurídicos, surge para o
Estado o poder-dever de exercer seu ius puniendi (direito de punir). O estado
detém o monopólio desse direito de punir. Somente ele pode punir
legitimamente uma pessoa que transgrediu uma normal penal.
As normas penais, em sua maioria, estão compiladas em um código
denominado Código Penal (Decreto-Lei 2848/40). O legislador criou as
infrações penais, que é um gênero do qual o crime e a contravenção são
espécies.
CRIME = pena com regime fechado;
CONTRAVENÇÃO PENAL = pena de prisão simples, com regime
aberto ou semiaberto, sem rigor penitenciário.
Além disso, a norma penal é composta por duas partes: o comando
principal ou preceito primário (correspondente a descrição da conduta) e a
sanção ou preceito secundário (correspondente a punição a ser dada).
OBS: Art. 22, inc. I da CF = compete única e
exclusivamente a União legislar sobre as normas penais.
É pertinente trazer os princípios que norteiam o Direito Penal brasileiro.
São os princípios constitucionais: Princípio da dignidade humana e o Princípio
da Legalidade. Além destes, há também: o Princípio da Reserva de Lei, o
Princípio da Anterioridade da Lei Penal, o Princípio da Taxatividade, o Princípio
da Irretroatividade das Normas Incriminadoras e o Princípio da Irretroatividade
da Lei Penal.
Princípio da Reserva de Lei = Só a lei pode definir crimes e cominar
penalidades. Nenhuma outra fonte inferior à lei pode gerar uma norma penal.
Dessa forma, não há possibilidade de uma portaria, uma resolução ou medidas
provisórias (que são outras espécies de normas) criarem um crime. Um bom
exemplo dessa afirmação é que o presidente não pode criar crime por meio de
um ato legislativo seu, a Medida Provisória (art. 62 da CF/88), que não passa
pelo congresso. Assim, as demais normas, que não sejam leis, não podem
definir crimes nem impor penas.
Princípio da Anterioridade da Lei Penal = É um princípio relativo ao crime e à
pena. Somente se aplicará pena que esteja prevista anteriormente na lei como
aplicável ao autor do crime. A estipulação do crime e sua respectiva pena
devem ser criadas anteriormente à conduta do autor, pois, do contrário, poder-
se-ia criar ou até mesmo alterar a pena (assim como o crime) de acordo com
determinados casos. O que, certamente, iria gerar quebra de igualdade e
isonomia que todos devem ter perante a lei (a lei deve tratar todos de forma
igual na exata medida de sua igualdade e os desiguais na mesma proporção
de sua desigualdade – ação denominada Igualdade Material).
Princípio da Taxatividade = O conjunto de normas incriminadoras é taxativo. O
fato é típico ou atípico. O elenco não admite ampliações. Assim, fica
impossibilitado o emprego da analogia. Para tanto, a lei deve especificar ao
máximo o fato típico, evitando generalizações.
Princípio da Irretroatividade das Normas Incriminadoras = Este decorre do
princípio da anterioridade. A lei incriminadora não pode retroagir para alcançar
um fato cometido antes de sua vigência. Por óbvio, não podemos incriminar
condutas que, quando praticadas, eram lícitas, permitidas. Quando o advento
de uma lei proíbe certa conduta, aí sim podemos cobrar das pessoas que lhe
respeitem.
Princípio da Irretroatividade da Lei Penal = Como explicado anteriormente, não
podemos aplicar a lei penal a fatos passados, ou seja, quando o indivíduo
praticou determinada conduta, esta era permitida. Mas uma nova lei pode
afirmar que aquela conduta é crime agora. A lei não retroagirá, salvo para
beneficiar o investigado.
Princípio da Subsidiariedade =
Princípio da Fragmentariedade =
Princípio da Lesividade =
Princípio da Culpabilidade =
Princípio da Insignificância =
Princípios do Ne bis in idem =
PONTOS IMPORTANTES DA VÍDEO AULA:

Aula 02: Teoria da Norma Penal. Lei


Penal no Tempo e no espaço.

O que é a analogia no Direito Penal? Trata-se de uma complementação


de “lacunas”, de forma que a lei Penal se utiliza de outras normas jurídicas
quanto a lei Penal não regula determinada situação jurídica – ou seja, quando o
DP não regula determinado fato, então o intérprete se utiliza de outra regra,
ainda que de outro ramo do Direito, para solucionar o caso.
A analogia pode ser de duas espécies: IN BONAN PARTEM (analogia
empregada em benefício do réu – admitida no Direito Brasileiro) e IN MALAN
PARTEM (analogia utilizada em prejuízo do réu). Isso porquê a Lei Penal deve
estar sempre em benefício do réu.
O conflito aparente de normas ocorre quando duas ou mais normas
aparentemente parecem aplicáveis ao mesmo fato. Isso ocorre quando: 1. há
apenas uma infração penal; 2. há pluralidade de normas que regulam o fato; 3.
possível aparente aplicação de todas as normas; 4. efetiva aplicação de
apenas uma norma.
A solução para um conflito de normas pode se dar a partir da aplicação
de alguns princípios, tais como: Princípio Lex specialis derogat generalis = a
lei especial prevalece sobre a lei geral, por exemplo, o art. 123, do CP, trata de
infanticídio que prevalece sobre o artigo 121 homicídio, pois além de ter os
elementos genéricos deste possui elementos especializantes; Princípio da
Subsidiariedade = a norma primária prevalece sobre a subsidiária, por
exemplo, se o agente efetua disparos com arma de fogo sem atingir a vítima,
aparentemente, três normas são aplicáveis: artigo 132, do CP, o artigo 10 § 1°,
III, da Lei 9437/97, e o art. 121, c/c o art. 14, II do CP. O tipo que define a
tentativa de homicídio descreve um fato mais amplo e mais grave do qual
cabemos dois primeiros; Princípio da Consunção ou Princípio Lex
consumens derogat consumptae = é quando um fato grave absorve outros
fatos menos graves, de forma que passam a funcionar como fase de
preparação/execução/mero exaurimento.
Agora vamos falar sobre A LEI PENAL NO TEMPO. A lei penal é
regulada pelo princípio do tempus regit actum, é aplicada aos fatos da sua
época, ou seja: a lei aplicável à repressão da prática do crime é a lei vigente ao
tempo de sua execução. Está norma está expressa no artigo 2º do Código
Penal.
E o conflito das leis penais no tempo?
As regras e os princípios que buscam solucionar o conflito de leis penais
no tempo constituem o Direito penal intertemporal. Os de conflito estão
disciplinados no art. 5º, XL, da Constituição Federal, e nos art. 2º e 3º do
código penal.
Nestes dispositivos, estão estabelecidas as regras e as exceções. A
regra é a aplicação da lei em vigor na época em que o fato (crime) foi praticado
em decorrência da aplicação do princípio do tempus regit actum.
Entretanto, algumas exceções e situações podem surgir nessa relação
entre a data do fato e a sucessão de leis, merecendo uma análise mais
profunda do tema e das formas de solução, como:
NOVATIO LEGIS INCRIMINADORA = A lei cria uma nova figura penal, ou seja,
incrimina uma conduta que até então era permitida. Assim, a lei terá efeitos ex
nunc, ou seja, não retroage, passa a ter efeitos a partir do momento em que
entra em vigor, de forma que as atitudes incriminadoras que ocorriam antes da
lei entrar em vigor não serão punidas; ver artigo 1 do CP.
LEX GRAVIOR = A lei posterior é mais rígida do que a lei anterior. Essa lei
mais grave jamais poderá retroagir para alcançar atos anteriores a sua
vigência, conforme descreve o art. 5, XL, da FCRB/88 — princípio da
irretroatividade da lei mais gravosa.
ABOLITIO CRIMINIS = A lei posterior extingue o crime. A conduta que antes
era crime, com a nova lei, passa a ser permitida; ver artigo 2 do CP (“Ninguém
pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando
em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória”). Ou
seja, tem efeitos ex tunc (retroage).
LEX MITIOR = Ocorre quando a nova lei trata de tema (crime), que já existe e
está regulado pela lei, de forma mais branda, ou seja, mais benéfica ao réu.
Esta situação se aproxima muito com a abolitio criminis, com a diferença que,
naquele, o réu é beneficiado com a revogação total do crime, enquanto que,
aqui, a lei não deixa de existir e sim, trás algum benefício ao réu. Possui efeitos
ex tunc, ou seja, retroage! Ver artigo 2 do CP e artigo 5º, inciso XL da CF (“a lei
penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”).
Quanto ao tempo do crime, faz-se necessário estabelecer o momento
em que o crime é praticado, para que possamos determinar quando incidirá a
lei penal sobre o fato criminoso. Para solucionar esta questão surgem três
teorias:

O código penal limita a sua incidência ao território nacional, assim,


aplicamos como regra o princípio da territorialidade na forma do art. 5º do CP.
Contudo, a lei também prevê exceções a esta regra, que são os casos de
extraterritorialidade previstos no art. 7 do CP.
O artigo 7º, do Código Penal, cuida do denominado princípio da
extraterritorialidade da lei penal brasileira, e as hipóteses são expressamente
previstas neste dispositivo, ante seu caráter excepcional, já que a regra é a
territorialidade da lei, prevista no artigo 5º, do mesmo Código.
Quanto ao lugar do crime, a sua definição é essencial para que a lei seja
aplicada. Para tanto, surgem 3 teorias para estabelecer qual o local do crime:

Artigo 6 do CP: “Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu


a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou
deveria produzir-se o resultado.”
Quanto a contagem de prazo na aplicação da lei penal, devemos
observar o artigo 10 do CP: “O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo.
Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum”. Este
dispositivo nos trás a solução, pois estabelece que para calcular o prazo penal
deve-se incluir o dia do começo. A contagem do prazo penal inclui feriados e
finais de semana sem qualquer interrupção. Desprezam-se as frações de dia.

Aula 03: Teoria do Crime

O conceito de infração penal pode ser estudado sob três aspectos:


material/substancial, formal/legal e analítico.
No aspecto material/substancial, a infração penal é toda ação ou
omissão humana voluntária que lesa ou expõe a perigo de lesão bens jurídicos.
No aspecto formal/legal, o conceito de infração penal é aquela conduta
em que o legislador estabelece por meio do devido processo legislativo, como
crime. Assim, o conceito será estabelecido pela lei. Para ser crime, de acordo
com este critério, basta haver a cominação de pena de reclusão ou detenção,
isoladamente, alternativamente ou cumulativamente com pena pecuniária
(multa). Dessa forma, se o preceito secundário do crime contiver a expressão
“reclusão” ou “detenção”, estaremos diante de um crime. Pouco importa se a
norma penal está prevista no código penal ou em legislação especial, se tiver a
culminação dessas duas espécies de pena será classificada como crime.
Sob o aspecto analítico, o fundamento repousa nos elementos que
formam a estrutura do crime. Portanto, precisamos antes entender um pouco
mais sobre esses elementos. São eles:
FATO TÍPICO = É a adequação da conduta humana voluntária à conduta
incriminada pela norma penal. Nesse elemento se faz a subsunção da conduta
à norma penal incriminadora.
ILÍCITO = É tudo que é contrário à lei, no nosso caso à lei penal. Então, o fato
será ilícito quando houver uma norma penal proibindo a prática daquela
conduta.
CULPABILIDADE = A culpabilidade é a reprovabilidade pessoal pela realização
de uma ação ou omissão típica e ilícita.
PUNIBILIDADE = O poder/dever que tem o estado de aplicar a pena àquele
que tenha praticado uma infração penal é denominado ius puniendi (direito de
punir). A punibilidade, então, é consequência do crime. Diz-se punível a
conduta que pode receber pena.
Existem correntes doutrinárias que defendem ser o conceito de infração
penal dividido de várias formas em diversas quantidades de elementos. São
estas:
1ª CORRENTE = Divide o conceito de crime em dois elementos, sendo crime o
fato típico lícito e ilícito, e sendo a culpabilidade apenas um pressuposto para
aplicação da pena.
2ª CORRENTE = Conceitua o crime como fato típico, ilícito e culpável, firmando
posicionamento para a punibilidade que é pressuposta de aplicação da pena e
não do componente do próprio conceito de crime. Essa é a teoria mais
difundida e aceita pela doutrina e jurisprudência.
3ª CORRENTE = Uma divisão quadripartida do conceito de crime. Para estes,
o crime é composto em 4 elementos: fato típico, ilícito, culpável e punível. Esse
conceito quadripartido, foi superado e não é mais adotado, pois a punibilidade
do autor é consequência do crime e não faz parte de seus elementos
constitutivos.
IMPORTANTE: O crime é composto por FATO TÍPICO, ILÍCITO e
CULPÁVEL.
A infração penal é cometida por um sujeito: o sujeito ativo da atividade
criminosa é aquele que realiza o tipo identificado no CP. O sujeito passivo pode
ser mediato (Estado) ou imediato (pessoa natural ou jurídica, coletividade,
Estado).
IMPORTANTE: Pessoa Jurídica pode ser sujeito ativo de infração penal?
Pode, mas não serão quaisquer crimes, apenas podem ser praticados crimes
ambientais. Nesse sentido, o artigo 225, §3º, da CF/1998, que prevê essa
responsabilidade da PJ, e encontra-se regulamentado no artigo 3º e parágrafo
único da Lei nº 9.605/1998, que prevê expressamente a responsabilidade penal
da pessoa jurídica, concomitantemente com os agentes físicos integrantes de
sua estrutura orgânica.
Os crimes podem ser classificados em material, formal, de mera
conduta, comissivo ou omissivo, entre outros. Sobre isso, segue a classificação
dos crimes:
Crime material = existe um resultado previsto em lei e é exigido para que
este tipo de crime seja consumado; há mudança no mundo físico. Por exemplo:
Art. 121 CP – Homicídio (efeito: morte).
Crime formal = existe resultado previsto em lei, mas não exigido para
sua consumação. Por exemplo: Art. 158 CP – Extorsão. Não há necessidade
de receber o que se exige, pois ao se exigir o crime já está consumado; se
constrangeu, consumou; não há mudança no mundo físico.
Crime de mera conduta = a mera conduta já consuma o crime, o tipo
penal não descreve um resultado, mas uma conduta. Por exemplo: Art. 135 CP
– Omissão de socorro.
Crime comissivo
Crime omissivo
Omissivo próprio ou omissivo puro
Omissão própria ou crime comissivo por omissão
Crime complexo
Crime próprio
Crime comum
Crime de mão própria
Crime consumado
Crime tentado
Crime continuado
Crime doloso
Teoria da representação
Teoria do assentimento
Crime culposo
Teoria do crime
Crime preterdoloso
Crime de ação única
Crime de ação múltipla ou conteúdo variado ou tipo misto
Crime uni subjetivo ou unilateral ou mono subjetivo ou concurso eventual
Crime plurisubjetivo ou concurso necessário
Crime unissubsistente
Crime plurissubsistente
Crime de dano
Crime de perigo
Crime de forma livre
Crime de forma vinculada
Crime de ímpeto
Crime habitual
Crime instantâneo
Crime permanente
Crime instantâneo de efeitos permanentes
Crime multitudinário
Crime transeunte
Crime não transeunte
Crime mono-ofensivo
Crime pluri-ofensivo ou composto
Crime vago
Crime a prazo

Aula 04: Fato Típico. Conduta.

Aula 05: Dolo e Culpa

Aula 06: Relação de Causalidade. Resultado.

Aula 07: Iter Criminis

Aula 08: Ilicitude

Aula 09: Culpabilidade

Aula 10: Teoria do Erro

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