O documento discute aspectos gerais e introdutórios da teoria geral da investigação e perícia, abordando princípios como a proteção de bens jurídicos, o poder do Estado de punir, a taxatividade das normas penais, e a territorialidade e extraterritorialidade da lei penal brasileira.
O documento discute aspectos gerais e introdutórios da teoria geral da investigação e perícia, abordando princípios como a proteção de bens jurídicos, o poder do Estado de punir, a taxatividade das normas penais, e a territorialidade e extraterritorialidade da lei penal brasileira.
O documento discute aspectos gerais e introdutórios da teoria geral da investigação e perícia, abordando princípios como a proteção de bens jurídicos, o poder do Estado de punir, a taxatividade das normas penais, e a territorialidade e extraterritorialidade da lei penal brasileira.
A função do Direito Penal é proteger BENS JURÍDICOS. E o que são
bens jurídicos? Trata-se do valor ou interesse de alguém que é protegido por lei, sendo a base do direito penal para criar normas penais incriminadoras, ou seja, quem atentar contra ele, será punido. No homicídio, por exemplo, o bem jurídico tutelado é o direito à vida humana. Com a ocorrência de infrações à tutela dos bens jurídicos, surge para o Estado o poder-dever de exercer seu ius puniendi (direito de punir). O estado detém o monopólio desse direito de punir. Somente ele pode punir legitimamente uma pessoa que transgrediu uma normal penal. As normas penais, em sua maioria, estão compiladas em um código denominado Código Penal (Decreto-Lei 2848/40). O legislador criou as infrações penais, que é um gênero do qual o crime e a contravenção são espécies. CRIME = pena com regime fechado; CONTRAVENÇÃO PENAL = pena de prisão simples, com regime aberto ou semiaberto, sem rigor penitenciário. Além disso, a norma penal é composta por duas partes: o comando principal ou preceito primário (correspondente a descrição da conduta) e a sanção ou preceito secundário (correspondente a punição a ser dada). OBS: Art. 22, inc. I da CF = compete única e exclusivamente a União legislar sobre as normas penais. É pertinente trazer os princípios que norteiam o Direito Penal brasileiro. São os princípios constitucionais: Princípio da dignidade humana e o Princípio da Legalidade. Além destes, há também: o Princípio da Reserva de Lei, o Princípio da Anterioridade da Lei Penal, o Princípio da Taxatividade, o Princípio da Irretroatividade das Normas Incriminadoras e o Princípio da Irretroatividade da Lei Penal. Princípio da Reserva de Lei = Só a lei pode definir crimes e cominar penalidades. Nenhuma outra fonte inferior à lei pode gerar uma norma penal. Dessa forma, não há possibilidade de uma portaria, uma resolução ou medidas provisórias (que são outras espécies de normas) criarem um crime. Um bom exemplo dessa afirmação é que o presidente não pode criar crime por meio de um ato legislativo seu, a Medida Provisória (art. 62 da CF/88), que não passa pelo congresso. Assim, as demais normas, que não sejam leis, não podem definir crimes nem impor penas. Princípio da Anterioridade da Lei Penal = É um princípio relativo ao crime e à pena. Somente se aplicará pena que esteja prevista anteriormente na lei como aplicável ao autor do crime. A estipulação do crime e sua respectiva pena devem ser criadas anteriormente à conduta do autor, pois, do contrário, poder- se-ia criar ou até mesmo alterar a pena (assim como o crime) de acordo com determinados casos. O que, certamente, iria gerar quebra de igualdade e isonomia que todos devem ter perante a lei (a lei deve tratar todos de forma igual na exata medida de sua igualdade e os desiguais na mesma proporção de sua desigualdade – ação denominada Igualdade Material). Princípio da Taxatividade = O conjunto de normas incriminadoras é taxativo. O fato é típico ou atípico. O elenco não admite ampliações. Assim, fica impossibilitado o emprego da analogia. Para tanto, a lei deve especificar ao máximo o fato típico, evitando generalizações. Princípio da Irretroatividade das Normas Incriminadoras = Este decorre do princípio da anterioridade. A lei incriminadora não pode retroagir para alcançar um fato cometido antes de sua vigência. Por óbvio, não podemos incriminar condutas que, quando praticadas, eram lícitas, permitidas. Quando o advento de uma lei proíbe certa conduta, aí sim podemos cobrar das pessoas que lhe respeitem. Princípio da Irretroatividade da Lei Penal = Como explicado anteriormente, não podemos aplicar a lei penal a fatos passados, ou seja, quando o indivíduo praticou determinada conduta, esta era permitida. Mas uma nova lei pode afirmar que aquela conduta é crime agora. A lei não retroagirá, salvo para beneficiar o investigado. Princípio da Subsidiariedade = Princípio da Fragmentariedade = Princípio da Lesividade = Princípio da Culpabilidade = Princípio da Insignificância = Princípios do Ne bis in idem = PONTOS IMPORTANTES DA VÍDEO AULA:
Aula 02: Teoria da Norma Penal. Lei
Penal no Tempo e no espaço.
O que é a analogia no Direito Penal? Trata-se de uma complementação
de “lacunas”, de forma que a lei Penal se utiliza de outras normas jurídicas quanto a lei Penal não regula determinada situação jurídica – ou seja, quando o DP não regula determinado fato, então o intérprete se utiliza de outra regra, ainda que de outro ramo do Direito, para solucionar o caso. A analogia pode ser de duas espécies: IN BONAN PARTEM (analogia empregada em benefício do réu – admitida no Direito Brasileiro) e IN MALAN PARTEM (analogia utilizada em prejuízo do réu). Isso porquê a Lei Penal deve estar sempre em benefício do réu. O conflito aparente de normas ocorre quando duas ou mais normas aparentemente parecem aplicáveis ao mesmo fato. Isso ocorre quando: 1. há apenas uma infração penal; 2. há pluralidade de normas que regulam o fato; 3. possível aparente aplicação de todas as normas; 4. efetiva aplicação de apenas uma norma. A solução para um conflito de normas pode se dar a partir da aplicação de alguns princípios, tais como: Princípio Lex specialis derogat generalis = a lei especial prevalece sobre a lei geral, por exemplo, o art. 123, do CP, trata de infanticídio que prevalece sobre o artigo 121 homicídio, pois além de ter os elementos genéricos deste possui elementos especializantes; Princípio da Subsidiariedade = a norma primária prevalece sobre a subsidiária, por exemplo, se o agente efetua disparos com arma de fogo sem atingir a vítima, aparentemente, três normas são aplicáveis: artigo 132, do CP, o artigo 10 § 1°, III, da Lei 9437/97, e o art. 121, c/c o art. 14, II do CP. O tipo que define a tentativa de homicídio descreve um fato mais amplo e mais grave do qual cabemos dois primeiros; Princípio da Consunção ou Princípio Lex consumens derogat consumptae = é quando um fato grave absorve outros fatos menos graves, de forma que passam a funcionar como fase de preparação/execução/mero exaurimento. Agora vamos falar sobre A LEI PENAL NO TEMPO. A lei penal é regulada pelo princípio do tempus regit actum, é aplicada aos fatos da sua época, ou seja: a lei aplicável à repressão da prática do crime é a lei vigente ao tempo de sua execução. Está norma está expressa no artigo 2º do Código Penal. E o conflito das leis penais no tempo? As regras e os princípios que buscam solucionar o conflito de leis penais no tempo constituem o Direito penal intertemporal. Os de conflito estão disciplinados no art. 5º, XL, da Constituição Federal, e nos art. 2º e 3º do código penal. Nestes dispositivos, estão estabelecidas as regras e as exceções. A regra é a aplicação da lei em vigor na época em que o fato (crime) foi praticado em decorrência da aplicação do princípio do tempus regit actum. Entretanto, algumas exceções e situações podem surgir nessa relação entre a data do fato e a sucessão de leis, merecendo uma análise mais profunda do tema e das formas de solução, como: NOVATIO LEGIS INCRIMINADORA = A lei cria uma nova figura penal, ou seja, incrimina uma conduta que até então era permitida. Assim, a lei terá efeitos ex nunc, ou seja, não retroage, passa a ter efeitos a partir do momento em que entra em vigor, de forma que as atitudes incriminadoras que ocorriam antes da lei entrar em vigor não serão punidas; ver artigo 1 do CP. LEX GRAVIOR = A lei posterior é mais rígida do que a lei anterior. Essa lei mais grave jamais poderá retroagir para alcançar atos anteriores a sua vigência, conforme descreve o art. 5, XL, da FCRB/88 — princípio da irretroatividade da lei mais gravosa. ABOLITIO CRIMINIS = A lei posterior extingue o crime. A conduta que antes era crime, com a nova lei, passa a ser permitida; ver artigo 2 do CP (“Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória”). Ou seja, tem efeitos ex tunc (retroage). LEX MITIOR = Ocorre quando a nova lei trata de tema (crime), que já existe e está regulado pela lei, de forma mais branda, ou seja, mais benéfica ao réu. Esta situação se aproxima muito com a abolitio criminis, com a diferença que, naquele, o réu é beneficiado com a revogação total do crime, enquanto que, aqui, a lei não deixa de existir e sim, trás algum benefício ao réu. Possui efeitos ex tunc, ou seja, retroage! Ver artigo 2 do CP e artigo 5º, inciso XL da CF (“a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”). Quanto ao tempo do crime, faz-se necessário estabelecer o momento em que o crime é praticado, para que possamos determinar quando incidirá a lei penal sobre o fato criminoso. Para solucionar esta questão surgem três teorias:
O código penal limita a sua incidência ao território nacional, assim,
aplicamos como regra o princípio da territorialidade na forma do art. 5º do CP. Contudo, a lei também prevê exceções a esta regra, que são os casos de extraterritorialidade previstos no art. 7 do CP. O artigo 7º, do Código Penal, cuida do denominado princípio da extraterritorialidade da lei penal brasileira, e as hipóteses são expressamente previstas neste dispositivo, ante seu caráter excepcional, já que a regra é a territorialidade da lei, prevista no artigo 5º, do mesmo Código. Quanto ao lugar do crime, a sua definição é essencial para que a lei seja aplicada. Para tanto, surgem 3 teorias para estabelecer qual o local do crime:
Artigo 6 do CP: “Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu
a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.” Quanto a contagem de prazo na aplicação da lei penal, devemos observar o artigo 10 do CP: “O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum”. Este dispositivo nos trás a solução, pois estabelece que para calcular o prazo penal deve-se incluir o dia do começo. A contagem do prazo penal inclui feriados e finais de semana sem qualquer interrupção. Desprezam-se as frações de dia.
Aula 03: Teoria do Crime
O conceito de infração penal pode ser estudado sob três aspectos:
material/substancial, formal/legal e analítico. No aspecto material/substancial, a infração penal é toda ação ou omissão humana voluntária que lesa ou expõe a perigo de lesão bens jurídicos. No aspecto formal/legal, o conceito de infração penal é aquela conduta em que o legislador estabelece por meio do devido processo legislativo, como crime. Assim, o conceito será estabelecido pela lei. Para ser crime, de acordo com este critério, basta haver a cominação de pena de reclusão ou detenção, isoladamente, alternativamente ou cumulativamente com pena pecuniária (multa). Dessa forma, se o preceito secundário do crime contiver a expressão “reclusão” ou “detenção”, estaremos diante de um crime. Pouco importa se a norma penal está prevista no código penal ou em legislação especial, se tiver a culminação dessas duas espécies de pena será classificada como crime. Sob o aspecto analítico, o fundamento repousa nos elementos que formam a estrutura do crime. Portanto, precisamos antes entender um pouco mais sobre esses elementos. São eles: FATO TÍPICO = É a adequação da conduta humana voluntária à conduta incriminada pela norma penal. Nesse elemento se faz a subsunção da conduta à norma penal incriminadora. ILÍCITO = É tudo que é contrário à lei, no nosso caso à lei penal. Então, o fato será ilícito quando houver uma norma penal proibindo a prática daquela conduta. CULPABILIDADE = A culpabilidade é a reprovabilidade pessoal pela realização de uma ação ou omissão típica e ilícita. PUNIBILIDADE = O poder/dever que tem o estado de aplicar a pena àquele que tenha praticado uma infração penal é denominado ius puniendi (direito de punir). A punibilidade, então, é consequência do crime. Diz-se punível a conduta que pode receber pena. Existem correntes doutrinárias que defendem ser o conceito de infração penal dividido de várias formas em diversas quantidades de elementos. São estas: 1ª CORRENTE = Divide o conceito de crime em dois elementos, sendo crime o fato típico lícito e ilícito, e sendo a culpabilidade apenas um pressuposto para aplicação da pena. 2ª CORRENTE = Conceitua o crime como fato típico, ilícito e culpável, firmando posicionamento para a punibilidade que é pressuposta de aplicação da pena e não do componente do próprio conceito de crime. Essa é a teoria mais difundida e aceita pela doutrina e jurisprudência. 3ª CORRENTE = Uma divisão quadripartida do conceito de crime. Para estes, o crime é composto em 4 elementos: fato típico, ilícito, culpável e punível. Esse conceito quadripartido, foi superado e não é mais adotado, pois a punibilidade do autor é consequência do crime e não faz parte de seus elementos constitutivos. IMPORTANTE: O crime é composto por FATO TÍPICO, ILÍCITO e CULPÁVEL. A infração penal é cometida por um sujeito: o sujeito ativo da atividade criminosa é aquele que realiza o tipo identificado no CP. O sujeito passivo pode ser mediato (Estado) ou imediato (pessoa natural ou jurídica, coletividade, Estado). IMPORTANTE: Pessoa Jurídica pode ser sujeito ativo de infração penal? Pode, mas não serão quaisquer crimes, apenas podem ser praticados crimes ambientais. Nesse sentido, o artigo 225, §3º, da CF/1998, que prevê essa responsabilidade da PJ, e encontra-se regulamentado no artigo 3º e parágrafo único da Lei nº 9.605/1998, que prevê expressamente a responsabilidade penal da pessoa jurídica, concomitantemente com os agentes físicos integrantes de sua estrutura orgânica. Os crimes podem ser classificados em material, formal, de mera conduta, comissivo ou omissivo, entre outros. Sobre isso, segue a classificação dos crimes: Crime material = existe um resultado previsto em lei e é exigido para que este tipo de crime seja consumado; há mudança no mundo físico. Por exemplo: Art. 121 CP – Homicídio (efeito: morte). Crime formal = existe resultado previsto em lei, mas não exigido para sua consumação. Por exemplo: Art. 158 CP – Extorsão. Não há necessidade de receber o que se exige, pois ao se exigir o crime já está consumado; se constrangeu, consumou; não há mudança no mundo físico. Crime de mera conduta = a mera conduta já consuma o crime, o tipo penal não descreve um resultado, mas uma conduta. Por exemplo: Art. 135 CP – Omissão de socorro. Crime comissivo Crime omissivo Omissivo próprio ou omissivo puro Omissão própria ou crime comissivo por omissão Crime complexo Crime próprio Crime comum Crime de mão própria Crime consumado Crime tentado Crime continuado Crime doloso Teoria da representação Teoria do assentimento Crime culposo Teoria do crime Crime preterdoloso Crime de ação única Crime de ação múltipla ou conteúdo variado ou tipo misto Crime uni subjetivo ou unilateral ou mono subjetivo ou concurso eventual Crime plurisubjetivo ou concurso necessário Crime unissubsistente Crime plurissubsistente Crime de dano Crime de perigo Crime de forma livre Crime de forma vinculada Crime de ímpeto Crime habitual Crime instantâneo Crime permanente Crime instantâneo de efeitos permanentes Crime multitudinário Crime transeunte Crime não transeunte Crime mono-ofensivo Crime pluri-ofensivo ou composto Crime vago Crime a prazo