Você está na página 1de 31

DIREITO PENAL

PEÇA PRÁTICA
QUEIXA CRIME
APRESENTAÇÃO

Caro, aluno(a)!

Sou Professor Leonardo Barbosa

@profleonardobarbosa

Email: lab@aasp.org.br

Este material contém todas as informações necessárias relativas a prática penal as quais
te levara para a aprovação na segunda fase do Exame de Ordem.

Caso, no entanto, surja alguma dúvida, estou à disposição.

Um abraço,

Leonardo Barbosa
PEÇA DE PRÁTICA PENAL
PROCEDIMENTO COMUM – QUEIXA-CRIME

AÇÃO PENAL PRIVADA – QUEIXA CRIME


A queixa-crime é a petição inicial que demarca o exercício de uma ação penal privada.

1. Conceito: é aquela titularizada pela vítima ou por seu representante legal na condição de substituição
processual, já que ela atua em nome próprio pleiteando a punição, que será exercida pelo Estado. O que a vítima
pede é pleiteado pelo Estado, por isso é ele quem pune.
A vítima é uma mera substituta processual, porque ela não atua em nome próprio.

Obs.1: enquadramento terminológico:


a) Vítima: é chamada de querelante.
b) Réu: é chamado de querelado.
c) Petição inicial: é chamada de queixa-crime, sendo que os requisitos formais estão no art. 41 do CPP. Na ação
penal pública, a petição inicial é chamada de denúncia.

Obs.2: para saber se o crime é ou não de ação penal privada, é preciso ler o artigo de lei que regula o crime ou as
disposições gerais do Código Penal que tratam daquele tipo penal. A partir do art. 141, nos crimes contra a honra,
por exemplo, há as disposições comum. Quando o crime é de ação privada, encontraremos a seguinte referência
na Lei: “somente se procede mediante queixa”.
Ex.: art. 145 do CP.
2. Princípios
2.1. Princípio da OPORTUNIDADE
Ex.: Gilmar chamou alguém de canalha. A injúria é crime de ação penal privada, conforme art. 145, CP. A
pessoa não está obrigada a ingressar com ação penal contra Gilmar. O ajuizamento é uma mera faculdade e a
vítima só faz se quiser. O ajuizamento da ação penal privada deve atender a conveniência da vítima, que
ingressa com a ação se quiser.
I – Conceito: a vítima só exercerá a ação privada se lhe for conveniente.
II – Institutos correlatos:

a) Decadência:
Ex.: a vítima de crime de ação penal privada tem prazo para ajuizar essa ação. o prazo é de 6 meses e é
contado do dia em que a vítima sabe quem é o criminoso oficialmente. Se a vítima não quiser entrar, ela deixa
passar o prazo. Se o prazo de 6 meses passar e ela não ajuizar a ação privada, ocorre a decadência, que leva
à extinção da punibilidade.

a.1) Conceito: é a perda da faculdade de ingressar com a ação privada em razão do decurso do PRAZO, qual
seja, em regra 6 meses contados do CONHECIMENTO DA AUTORIA DA INFRAÇÃO (art. 38, CPP).

a.2) Consequência: teremos a extinção da punibilidade (art. 107, IV, CP).


b) Renúncia: se a vítima se comportar de uma maneira incoerente ou incompatível com a vontade de processar
o criminoso, isso traz consequências jurídicas.
b) Renúncia: se a vítima se comportar de uma maneira incoerente ou incompatível com a vontade de processar o
criminoso, isso traz consequências jurídicas.
Ex.: Gilmar chamou outra pessoa de canalha. A pessoa o convidou para batizar a sua filha, padrinho de casamento,
almoçar em sua casa ou ser seu sócio. Esse comportamento é incompatível com a vontade de processá-lo. Logo, a
vítima pode renunciar de forma expressa, declarando que não irá processar Gilmar, ou de forma tácita, comportando-
se de maneira incompatível com a vontade de processar.

b.1) Conceito: ela ocorre pela declaração expressa da vítima de que não pretende ingressar com a ação ou pela
prática de ato incompatível com essa vontade.

Conclusão: a renúncia pode ocorrer de forma expressa ou tácita (arts. 49 e 50 do CPP).


b.2) Consequência: a renúncia provoca a extinção da punibilidade (art. 107, V, CP).

2.2. Princípio da DISPONIBILIDADE


Ex.: a vítima ingressou com a ação privada. No transcorrer da ação privada, a vítima pode
desistir da demanda.
I – Conceito: a vítima poderá DESISTIR da demanda ajuizada.
II – Institutos Correlatos
a) Perdão
No aspecto vulgar do vocabulário, o perdão é um ato de boa vontade e benevolência, seja por espírito religioso,
social, filosófico ou amoroso. No aspecto técnico, quando a vítima perdoa, ela está declarando expressamente que
não vai continuar com a ação que ela já ajuizou, ou pratica um ato incompatível com a vontade de continuar com a
ação que já está em curso.
2.2. Princípio da DISPONIBILIDADE
Ex.: a vítima ingressou com a ação privada. No transcorrer da ação privada, a vítima pode desistir da demanda.
I – Conceito: a vítima poderá DESISTIR da demanda ajuizada.
II – Institutos Correlatos
a) Perdão
No aspecto vulgar do vocabulário, o perdão é um ato de boa vontade e benevolência, seja por espírito religioso,
social, filosófico ou amoroso. No aspecto técnico, quando a vítima perdoa, ela está declarando expressamente que
não vai continuar com a ação que ela já ajuizou, ou pratica um ato incompatível com a vontade de continuar com a
ação que já está em curso.
a.1) Conceito: ele ocorre pela declaração expressa da vítima de que não pretende continuar com a ação que está
em curso ou quando ela pratica ato incompatível com essa vontade (art. 58, CPP).
Conclusão: percebe-se que o perdão pode ser OFERECIDO de forma expressa ou tácita.
Depois que se ajuíza uma ação criminal contra alguém, o réu terá intranquilidade, terá gastos com advogado, será
julgado pela sociedade e pela família. Por isso, se a vítima oferecer o perdão, o réu vai ser consultado para saber se
quer aceitar. O réu pode querer tentar ser absolvido para reconstruir seu patrimônio moral. Porém, se o réu aceitar o
perdão, extingue-se a punibilidade.
a.2) Bilateralidade: o perdão só surtirá o efeito pretendido, qual seja a extinção da punibilidade, se ele for ACEITO, o
que pode ocorrer de forma expressa ou tácita (art. 59 do CPP c/c art. 107, V, CP).
a.3) Procedimento: se a vítima declarar nos autos o perdão, o réu será INTIMADO e dispõe de 3 dias para dizer se o
aceita (art. 58, CPP). A omissão faz presumir a aceitação (aceitação tácita), já que a Lei quer acabar com o conflito.
a.4) Procurador: a oferta e a aceitação do perdão podem ocorrer por meio de procurador, exigindo-se poderes
especiais (art. 55, CPP). A cláusula geral para o foro não é suficiente.
b) Perempção (descaso): a vítima não pode ser descomprometida, porque ocorre a perempção.
b) Perempção (descaso): a vítima não pode ser descomprometida, porque ocorre a perempção.
b.1) Conceito: é a sanção judicialmente imposta pelo descaso da vítima na condução da ação privada.
b.2) Hipóteses: elas são descritas no art. 60 do CPP ocasionando a extinção da punibilidade (art. 107, IV, CP).
Ex.: a vítima deixou o processo paralisado por 30 dias seguidos. Há perempção e extingue a punibilidade.
Ex.2: a vítima morreu e os seus sucessores têm 60 dias para se habilitar no processo. Se não fizerem, há perempção.
Ex.3: a vítima foi convocada para uma audiência e não compareceu sem justificar. Há perempção.
Ex.4: a vítima não pede a condenação do réu nas alegações finais. Há perempção.
Ex.5: a vítima é pessoa jurídica. Se extingue e não deixa sucessor. Há perempção.

2.3. Princípio da INDIVISIBILIDADE


a) Conceito: se a vítima optar por ingressar com a ação, deverá fazer contra todos os sujeitos conhecidos. A vítima
não pode processar casuisticamente quem ela tem conhecimento. É preciso processar todos os sujeitos que ela sabe
que concorrem no crime.
b) Fiscalização: cabe ao MP fiscalizar o respeito à indivisibilidade da ação privada.
c) Consequências:
Ex.: a vítima sabe que Gilmar e Nestor são autores de uma carta difamatória contra uma pessoa. A vítima sabe que são
dois os criminosos e, voluntariamente, dolosamente, propositalmente processa apenas Gilmar. Ela estará renunciando
ao direito em razão de Nestor, o que extingue a punibilidade e beneficia todo mundo, inclusive Gilmar.
c.1) Se a vítima sabe quem são todos os sujeitos e VOLUNTARIMANTE processa apenas parte deles, ela estará
RENUNCIANDO ao direito em favor dos não processados, extinguindo a punibilidade em benefício de todos.
c.2) O perdão oferecido a PARTE DOS SUJEITOS é aplicável a todos que desejem aceitar o perdão (art. 51, CPP).

Conclusão: se alguém recusar, o processo prosseguirá apenas contra quem recusou.


2.4. Princípio da Intranscendência/princípio da Pessoalidade
A responsabilidade criminal é subjetiva e só responde pelo crime quem atuou com dolo ou, eventualmente, com
culpa. No direito processual penal, é preciso dizer que a ação penal não pode transcender, ultrapassar ou
extrapolar a figura do réu. Só será atingido pela ação criminal quem está no polo passivo da demanda.
I – Conceito: os efeitos da ação penal não podem ultrapassar a figura do réu.

3. MODALIDADES DE AÇÃO PRIVADA (CLASSIFICAÇÃO)


3.1. Ação Privada Exclusiva/ Ação Privada Propriamente Dita
I – Conceito: é aquela titularizada pela vítima ou por seu representante legal, nas hipóteses de incapacidade.
II – Sucessão – diante da morte ou da declaração judicial de ausência (art. 31, CPP), o direito de ação é
transferido aos seguintes sujeitos:
II – 1 – Cônjuge/ companheiro (a);
II – 2 – Ascendentes;
II – 3 – Descendentes;
II – 4 – Irmãos.
Conclusão: o rol do art. 31 do CPP é preferencial e taxativo, mas ao lado do cônjuge incluiremos o companheiro
(a), conforme STJ.
III – Prazo – 6 meses contados do conhecimento da AUTORIA da infração (art. 38, CPP).
O dia da consumação não é o que interessa para a contagem do prazo, mas o dia em que a vítima sabe quem
é o criminoso.
3.2. Ação Privada PERSONALÍSSIMA
I – Conceito: é aquela que possui um único titular, quem seja, A VÍTIMA.
Conclusão: não há intervenção de representante legal ou sucessão por morte ou ausência.
II – Aplicação: o ÚNICO crime de ação personalíssima é o induzimento a erro ou ocultação de impedimento ao
casamento (art. 236, CP). A única pessoa que pode ingressar com a ação é a vítima. Se a pessoa morrer, não há
sucessão por morte ou ausência.
III – Prazo – 6 meses contados do TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA CÍVEL QUE INVALIDAR O
CASAMENTO (art. 236, parágrafo único, CP). Essa é a peculiaridade, porque não começa a contar do início do
conhecimento da autoria.

3.3. Ação Privada Subsidiária da Pública


Quando o Ministério Público atua, ele atua dentro de prazos que a Lei lhe concede. O promotor tem 5 dias para agir
quando a pessoa está presa e 15 dias quando está solta. Se agir dentro do prazo legal, o Código traz como alternativa
oferecer denúncia, requerer diligências complementares ou propor o arquivamento. Caso ele seja omisso nos prazos
que tinha para agir, a Constituição Federal permite que a vítima ingresse com ação em um crime da esfera pública.
Essa é a ação privada subsidiária.
I – Conceito: ela está consignada no art. 5º, LIX, CF, como cláusula pétrea, permitindo que a vítima ingresse com a
demanda em delito da esfera pública, já que o MP não cumpriu o seu papel nos prazos legais.

Obs.1: uma vez recebendo os autos do inquérito, o MP terá, como regra, 5 dias para agir se o sujeito está PRESO, ou
15 dias se ele está em liberdade (art. 46, CPP). Essa é a regra geral.
Obs.2: se o promotor ofereceu denúncia, requereu diligências complementares ou promoveu o arquivamento do
inquérito, não caberá ação privada subsidiária.
PALAVRAS-
CHAVE PREVISÃO ENDEREÇAME POSSÍVEIS
PEÇA PEDIDOS PRAZO
(Momento LEGAL NTO TESES
processual)

Recebida e
Juiz de 1º grau
autuada a
Crimes de ação (Juiz de Direito
queixa-crime.
penal privada – da Vara
Citação,
atuação em Criminal; ou
processamento, 6 meses do
favor da Arts. 30 e 41 do Juiz Federal da Adequação do
condenação. conhecimento
QUEIXA-CRIME vítima. CPP e Art. 100, Vara Criminal; fato concreto
Fixação de da autoria do
Ainda não há §2º do CP ou ao tipo penal.
indenização “ex crime
ação Juiz de Direito
delicto”.
penal em do Juizado
Apresentar ROL
andamento. Especial
DE
Criminal)
TESTEMUNHAS
II – Prazo – 6 meses contados do ESGOTAMENTO DO PRAZO QUE O MP TINHA PARA AGIR, qual seja, em
regra 5 dias quando o sujeito está preso, ou 15 dias quando o sujeito está em liberdade (art. 46, CPP).
III – Poderes do MP: o promotor deve atuar como interveniente obrigatório, tendo amplos poderes, definidos no art.
29 do CPP. O promotor pode propor prova, apresentar recursos, complementar a ação incluindo mais réus, por
exemplo. Se a vítima fraquejar em qualquer momento, ela é afastada e o promotor retoma a demanda como parte
principal. Logo, não existe perdão ou perempção na ação penal privada subsidiária.

Obs.: se o promotor não intervir em todos os termos da ação privada subsidiária, teremos nulidade do processo
(art. 564, III, “d”, CPP).

4. Estudo da QUEIXA-CRIME
É necessário estudar ação penal – arts. 24 ao 62 do CPP; estudar ação civil ex delicto – arts. 63 ao 68 do CPP;
estudar procedimento do júri (arts. 406 e seguintes do CPP); e fazer os exercícios da área do aluno.

4.1 Conceito
A queixa-crime é uma petição inicial que caracteriza o exercício da ação penal privada. A petição inicial é
apresentada ao juiz, como objetivo de que seja deflagrado o processo.

4.2 Identificação da peça


O examinador indicará que a pessoa foi vítima de um determinado delito e procurou o seu escritório para a adoção
da providência jurídica adequada.
ATENÇÃO!!!
A OAB vai trazer um caso no qual o sujeito é vítima de um determinado delito. É preciso ter cuidado de
buscar no Código Penal a leitura precisa daquele crime que foi praticado e aferir o tipo de ação penal cabível.
Ao analisar o crime apresentado e descobrir que o crime é de ação penal privada, se a OAB afirmar que a
vítima do crime procurou o escritório de um advogado para adoção da providência jurídica cabível, a OAB
quer que se ajuíze a ação penal contra o criminoso. O escritório vai ajuizar a ação com objetivo de que o
criminoso vire réu, ou seja, com o intuito de que o processo seja deflagrado.

Advertência: Vamos consultar o tipo penal para verificar a ação cabível. Constatando que o crime “se
procede mediante queixa”, é porque estamos diante de um delito no qual a ação privada é a cabível.

4.3 Endereçamento
A peça é usualmente apresentada perante o juiz de primeiro grau, salvo quando o réu goza de foro por
prerrogativa. Se o crime persecutido por ação privada for estadual, federal, de competência do juizado de
violência doméstica e familiar contra a mulher, verifica-se o endereçamento, pois existem crimes de ação
privada no contexto da Lei Maria da Penha; ou o crime pode ser de competência do juizado especial criminal
por se tratar de infração de menor potencial ofensivo.
a) Se a queixa-crime for manejada com o endereçamento para o juiz estadual, aponta-se da seguinte
maneira:
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA (...) VARA CRIMINAL DA COMARCA DE (...).

b) Caso a competência seja do juiz federal:


EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA (...) VARA CRIMINAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA
DE (...).

ATENÇÃO!!!
Até agora, as peças da OAB exploraram a competência estadual, com a unificação do exame.

c) Em caso de violência doméstica:


EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E
FAMILIAR CONTRA A MULHER DA COMARCA DE (...).

d) No caso de infração de menor potencial ofensivo:


EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DA COMARCA
DE (...).
4.4 Preâmbulo
No preâmbulo, deve-se analisar os seguintes tópicos:
a) Qualificação: ela será exauriente, tanto para o querelante quanto para o querelado.
b) Assistência por advogado, na qual é necessário o apontamento de procuração com poderes especiais, nos
termos do artigo 44 do CPP.

ATENÇÃO!!!
A procuração será feita apenas se o enunciado da questão exigir expressamente.
c) Embasamento jurídico:
c.1) Ação privada exclusiva: se a ação privada é a exclusiva, os artigos que serão conjugados no preâmbulo são:
arts. 30 e 41 do CPP, combinados com o art. 100, § 2º, CP.
c.2) Ação privada personalíssima, que tem como o único legitimado o ofendido. Para esse tipo, o embasamento
jurídico são os artigos 30 e 41, combinados com os artigos 100, § 2º, e 236, parágrafo único, CP.

ATENÇÃO!!!
Quando a peça tem previsão constitucional, aponta-se no preâmbulo o dispositivo da Constituição Federal de 1988.
c.3) Ação privada subsidiária da pública, os artigos são o art. 5º, LIX, CF, combinado com o art. 29, CPP, e com o
art. 100, § 3º, CP.
d) Nome jurídico da peça.
Ação privada subsidiária da pública
A regra geral é que o nome jurídico da peça é “Queixa-crime”. No caso de uma ação privada subsidiária da pública, e
se a queixa-crime tiver cabimento em um delito da esfera pública, porque o promotor não agiu nos prazos que a lei
lhe confere, a queixa-crime será chamada de substitutiva, portanto tem cabimento no contexto das ações privadas
subsidiárias.

Narrativa fática
A narrativa fática para ajuizar uma ação criminal da queixa-crime é a parte essencial da peça, visto que a
responsabilidade penal pressupõe uma imputação, ou seja, atribuir um fato a alguém, moldada a um tipo penal.
Portanto, quem acusa deve narrar fatos com maestria, já que estes devem estar moldados a um tipo penal, ou não
haverá responsabilidade.

Obs.: devemos apresentar de forma lógica o fato apresentado no enunciado, empregando-se palavras próprias. É
importante termos em mente que os fatos narrados devem se amoldar ao tipo penal que estamos atribuindo ao
querelado.

Esboço jurídico
No esboço jurídico, deve constar os tipos penais e a subsunção, isto é, mostrar que o fato ocorrido se enquadra no
tipo penal atribuído ao querelado. Devem ser apresentados os artigos da lei que caracterizam as infrações apontadas.
Na sequência, faz-se o enquadramento fático ao tipo penal (subsunção). Além disso, é preciso fazer o apontamento
de qualificadoras, de causas de aumento de pena, de agravantes e demonstrar a autoria e a materialidade. Caso haja
pluralidade de crimes, formula-se o apontamento do eventual concurso de
crimes, ou seja, se há concurso material, se existe concurso formal ou continuidade delitiva.
Pedidos
Nos pedidos, há tópicos formais invariáveis que precisam estar na queixa-crime e os que irão personificar a peça, em
conformidade com o caso concreto. Assim, na parte dos pedidos, deve-se requerer que a peça seja recebida pelo
juiz, a citação do réu para se ver e processar, que ele seja condenado a pagar as custas processuais, que o juiz fixe o
mínimo de indenização cabível pelos danos que lhe foram causados, assim como protestar pela oitiva das
testemunhas que estão sendo arroladas na petição inicial.

Posto isso, na parte petitória, deve-se requerer o recebimento da inicial, a abertura de vistas ao Ministério Público
para manifestação como custos legis, a citação do querelado para a formulação da resposta escrita à acusação e
intimação para os demais termos do processo até o final do julgamento, momento em que deve ser condenado nas
penas dos artigos pertinentes.

Ademais, necessita-se requerer a fixação do valor mínimo de indenização pelos danos causados pelo crime,
conforme o art. 387, inciso IV, CPP. Há ainda o protesto por todas as provas pertinentes, a intimação oportuna das
testemunhas abaixo arroladas e a condenação ao pagamento das custas processuais.

Fechamento da peça
No fechamento da peça, há indicação do local, data e assinatura, sendo a queixa-crime uma das peças que o Exame
da OAB poderá exigir que o candidato apresente no último dia do prazo. O prazo para a elaboração é de seis meses
do conhecimento da autoria da infração (prazo decadencial – fatal, que não comporta suspensão, interrupção ou
prorrogação). Desse modo, é necessário demonstrar como contar esse prazo e, na peça, deve-se abrir um
tópico sobre a tempestividade.
5. Técnica Redacional da Peça
Caso concreto: Rodrigo, no dia 22/03/2022, sabendo que o fato era falso, mediante uso do Instagram, o que
caracteriza rede social, disse a Michele (que leu a mensagem), que Gilmar praticou crime de roubo envolvendo
aparelhos do celulares. Gilmar teve conhecimento da imputação no mesmo dia em que a mensagem foi postada na
rede social.
Ainda em 22/03/2022, Rodrigo encontrou Gilmar na Rua, e com clara intenção de ofensa, disse: “Você é um sujeito
desonesto e canalha”! Tal fato foi presenciado por Fabio.
Por sua vez, Gilmar sentiu-se ofendido com as condutas praticadas.
Com base nas informações constantes elabore a peça processual adequada, privativa de advogado, no último dia do
prazo, tendo em vista que Gilmar procurou o seu escritório para adoção das medidas judiciais pertinentes.

Obs.: é recomendado que se inicie a resolução do caso concreto com o check list da peça.

• Infração Cometidas:
– Calúnia (art. 138 do CP) + causa de aumento de pena (art. 141, § 2º, do CP):
atribuir falsamente a alguém a prática de um crime. Deve haver a narração de uma história,
como houve nesse caso com o relato da subtração de celulares. Diferentemente da
difamação, fato ofensivo a honra, que não está positivado como crime. Ressalte-se ainda que,
nesse caso concreto, há configuração da calúnia majorada, uma vez que o tipo penal foi
praticado mediante rede social. Trata-se de um crime, em sua forma comum, de menor
potencial ofensivo, mas que em sua forma majorada triplica a pena conforme art. 141, § 2º, do
CP, ficando a pena máxima em seis anos, o que retira a competência do Juizado Criminal e
remete para o rito ordinário.
Art. 138. Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
Pena – detenção, de seis meses a dois anos, e multa.

Art. 141. As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido: (...)
§ 2º Se o crime é cometido ou divulgado em quaisquer modalidades das redes sociais da rede mundial de
computadores, aplica-se em triplo a pena.

– Injúria (art. 140 do CP): injuria na modalidade simples praticada presencialmente.


Art. 140. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa.

• Penas
O somatório das penas máximas (concurso material) ultrapassa a competência do juizado especial.
Esses crimes foram praticados conjuntamente e por isso vão integrar a mesma petição inicial que deverá ser
endereçada para a Vara Criminal Comum em razão de os somatórios das penas resultar em 6 anos e 6 meses.

• Peça:
Nas disposições comuns dos crimes contra a honra em seu art. 145, caput, do CP:

Art. 145. Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art.
140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.
• Rito:
Logicamente, pelo somatório das penas, o rito seria ordinário, aplicados aos crimes com pena máxima igual ou
superior a 4 anos na forma do art. 394 do CPP. Entretanto, existe um procedimento especial aplicável aos crimes
contra a honra, com a realização de audiência preliminar de conciliação. Todavia, iniciado o processo, seguirá no caso
o rito ordinário.

• Ação Penal:
Os crimes são de ação penal privada, conforme o art. 145 do CP.

• Momento:
O caso concreto aponta a fase preliminar, no momento de ajuizar a ação penal.

• Teses:
Imputação dos fatos trazidos no enunciado que estão subsumidos aos tipos penais caracterizando a infração
praticada.
Imputação de uma calúnia majorada em concurso com uma injúria simples.

• Situação prisional:
O sujeito está em liberdade.

• Competência:
A competência é da vara comum estadual.
PASSO A PASSO

1º passo: Endereçamento;
A queixa-crime é usualmente endereçada ao juiz de 1º grau.

“EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA.... VARA CRIMINAL DA COMARCA DE...”

2º passo: Espaçamento;
Pular cinco linhas.

3º passo: Preâmbulo;
Destacar o checklist:
– Qualificação: deve ser exauriente;
– Assistência por advogado: fazer referência à procuração com poderes especiais;

Obs.: sem esse apontamento não haverá pontuação adequada, uma vez que a Lei exige.
– Nome jurídico da peça: Queixa-Crime (oferecer ou ajuizar);
– Artigos de lei para embasamento: arts. 30 e 41 do CPP c/c art. 100, § 2º, do CP.

Art. 30. Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para representá-lo caberá intentar a ação privada.
Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a
qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando
necessário, o rol das testemunhas.

Art. 100. Não aceitando a suspeição, o juiz mandará autuar em apartado a petição, dará sua resposta dentro em três
dias, podendo instruí-la e oferecer testemunhas, e, em seguida, determinará sejam os autos da exceção remetidos,
dentro em 24 vinte e quatro horas, ao juiz ou tribunal a quem competir o julgamento. (...) .
§ 2º Se a suspeição for de manifesta improcedência, o juiz ou relator a rejeitará liminarmente.

“Gilmar, nacionalidade..., naturalidade..., profissão..., estado civil..., filiação..., RG n...., CPF n...., residente e
domiciliado na Rua..., por meio de seu advogado que esta subscreve (procuração com poderes especiais
anexa – art. 44 do CPP), vem à presença de Vossa Excelência com fulcro nos arts. 30 e 41 do CPP c/c art. 100,
§ 2º, do CP, apresentar QUEIXA-CRIME em face de Fábio Roque, nacionalidade..., naturalidade..., profissão...,
estado civil..., filiação..., RG n...., CPF n...., residente e domiciliado na Rua..., pelas razões de fato e de direito a
seguir apontadas.”

Obs.: se a questão trouxer as informações de qualificação, estas deverão ser preenchidas substituindo as reticências,
o que implica perda de ponto.

4º passo: pular 1 linha;


5º passo: DA TEMPESTIVIDADE;
A peça deve ser apresentada no último dia do prazo, de acordo com o caso concreto.
O prazo de 6 meses para o patrocínio da queixa-crime é contado a partir do conhecimento da autoria, ou seja, foi o
dia em que Gilmar soube quem era o criminoso, dia 22/03/2022, somando seis meses, 22/09/2022. Ratifica-se que o
dia do conhecimento faz parte dessa contagem, de modo que se deve excluir o dia final. Assim, o último dia do prazo
será 21/09/2022, não importando se dia útil ou não.
“Sabe-se que o prazo para o ajuizamento da queixa-crime é de seis meses, passando a fluir a partir do conhecimento
da autoria da infração conforme o art. 38 do CPP.
No caso em tela, o conhecimento da autoria ocorreu em 22 de março de 2022. Assim, o prazo ultimado é de 21 de
setembro de 2022, conforme contagem regulada pelo art. 10 do CP, sendo a presente peça tempestiva.”

6º passo: pular 1 linha;


7º passo: DOS FATOS;

Por se tratar de uma queixa-crime a narrativa fática é o que antecede a subsunção dos fatos a norma penal.
“No dia 22 de março de 2022, Rodrigo, mediante uso da rede social Instagram, disse a Michele, mesmo
sabendo que o fato era falso, que Gilmar praticou o crime de roubo de celulares.
No mesmo dia, ao encontrar pessoalmente o querelante, e com a nítida intenção de ofender sua honra, o
querelado proferiu as seguintes palavras: “você é um sujeito desonesto e canalha”, fato presenciado por
Fabio.
Sentindo-se ofendido com as condutas do querelado, o demandante decidiu intentar a presente ação penal.
Em apertada síntese, eis o histórico dos fatos.”
Obs.: recomenda-se que ao final seja utilizada uma expressão técnica para conclusão da narrativa fática.

8º passo: pular 1 linha;


9º passo: DO DIREITO;
Obs.: é sugerida a setorização dos tipos penais, iniciando pelo tipo penal mais grave que, nesse caso, é o crime de
calúnia majorada e, em seguida o crime de injúria. A análise do direito deve ser formulada observando a subsunção que
é o enquadramento do fato no tipo penal, isso é imputar, é atribuir algo a alguém, atribuir um fato que está positivado na
Lei como crime. Esse é o principal desafio técnico na queixa-crime.
“I – Do crime de calúnia com majoração.
Nobre magistrado, como demonstram os fatos narrados, em 22 de março de 2022, agindo com visível “animus
caluniandi”, utilizando-se da rede social Instagram, o querelado praticou o crime de calúnia contra o
querelante.
Em verdade, na sobredita ocasião, o querelado imputou falsamente a prática de fato definido como crime, ao
dizer que o demandante praticou o crime de roubo de celulares, mesmo sabendo que o fato é inverídico.
Desta feita, resta evidente que o querelado incorreu no delito descrito no caput do art. 138 do Código Penal,
valendo a transcrição.

Art. 138. Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
Pena – detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
§ 1º Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga.
§ 2º É punível a calúnia contra os mortos. (...)
Assim, a materialidade e a autoria da infração restam comprovadas, diante da documentação existente pelo uso da
rede social, bem como pela testemunha Michele, que leu a mensagem em questão, momento em que a honra
objetiva do querelante foi atacada.
Como se não bastasse, ainda é elementar destacar a incidência da causa de aumento de pena, prevista no § 2º do
art. 141 do CP, em face do meio empregado para a prática do delito, qual seja, a rede social.”

Obs.: usualmente não é realizada a transcrição do artigo, porém, por se tratar de uma queixa-crime, é essencial em
razão da subsunção do fato ao tipo penal.

“II – Do crime de injúria.


Ainda no mesmo dia, quando o querelante e o querelado se encontraram, o demandado, não satisfeito, disse:
“você é um sujeito desonesto e canalha”, praticando o crime de injúria.
Em verdade, com inequívoco propósito de ofender a honra da vítima, com nítido êxito em sua empreitada
criminosa, o querelado incorreu nas penas do art. 140 do CP. Diante desta nova conduta, em típico “animus
injuriandi”, o querelado incorreu em nova infração, que desta feita foi presenciada por Fabio.

III – Do concurso de crimes.


Como restou demonstrado, o querelado praticou os delitos de calúnia majorada e injúria, com condutas e
desígnios distintos, incidindo nas regras do concurso material, regulado no art. 69 do CP, exigindo-se o
somatório de penas.”

10º passo: pular 1 linha;


11º passo: DOS PEDIDOS;
O tópico “Do Direito” está diretamente relacionado ao tópico “Dos Pedidos”.
Tem a finalidade de pormenorizar e individualizar cada pedido a ser formulado.
“Diante do exposto, requerer a Vossa Excelência:
i. Seja designada a audiência de conciliação na forma, na forma do art. 520 do CPP;
ii. Em caso de impossibilidade de conciliação, que a queixa-crime seja devidamente recebida;
iii. Abertura de vistas ao Ministério Público, para manifestação como “custus legis”;
iv. Citação do querelado;
v. Intimação do querelado para os atos subsequentes do processo, com a procedência da presente demanda para
que o querelado seja condenado como incurso nas penas dos arts. 138 c/c 141, § 2º, do CP (calúnia majorada),
bem como no art. 140 do CP (injúria simples), diante da regra do concurso material insculpida no art. 69 do CP;
vi. A condenação do querelado às custas processuais;
vii. Fixação do valor mínimo de indenização pelos danos causados pelo crime, nos termos do art. 387, IV, do CPP;
viii. O protesto por todas as provas em direito admitidas, notadamente pela oportuna intimação das testemunhas
abaixo arroladas.”

12º passo: pular 1 linha;


13º passo: FECHAMENTO.
“Termos em que, pede deferimento
Local..., 21 de setembro de 2022
Advogado..., OAB n....
Rol de Testemunhas:
1. Michele, qualificação...
2. Fabio, qualificação...”
11º passo: DOS PEDIDOS;
O tópico “Do Direito” está diretamente relacionado ao tópico “Dos Pedidos”.
Tem a finalidade de pormenorizar e individualizar cada pedido a ser formulado.
“Diante do exposto, requerer a Vossa Excelência:
i. Seja designada a audiência de conciliação na forma, na forma do art. 520 do CPP;
ii. Em caso de impossibilidade de conciliação, que a queixa-crime seja devidamente recebida;
iii. Abertura de vistas ao Ministério Público, para manifestação como “custus legis”;
iv. Citação do querelado;
v. Intimação do querelado para os atos subsequentes do processo, com a procedência da presente demanda para
que o querelado seja condenado como incurso nas penas dos arts. 138 c/c 141, § 2º, do CP (calúnia majorada),
bem como no art. 140 do CP (injúria simples), diante da regra do concurso material insculpida no art. 69 do CP;
vi. A condenação do querelado às custas processuais;
vii. Fixação do valor mínimo de indenização pelos danos causados pelo crime, nos termos do art. 387, IV, do CPP;
viii. O protesto por todas as provas em direito admitidas, notadamente pela oportuna intimação das testemunhas
abaixo arroladas.”

12º passo: pular 1 linha;


13º passo: FECHAMENTO.
“Termos em que, pede deferimento
Local..., 21 de setembro de 2022
Advogado..., OAB n....
Rol de Testemunhas:
1. Michele, qualificação...
2. Fabio, qualificação...”
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ _______ DA(O) ____ DA COMARCA _____ DO ESTADO __________

5 (linhas)

________________ (nome + qualificação completa), vem, por seu advogado infra-assinado, cuja procuração com
poderes especiais nos moldes do art. 44 do CPP se apresenta, com fundamento nos arts. 30 e 41 do Código de
Processo Penal combinado com o art. 100, § 2.º, do Código Penal, oferecer, tempestivamente, a presente
QUEIXA-CRIME
em face de __________________ (qualificação do acusado) pelos motivos a seguir aduzidos:

I – Dos Fatos
(...)

→ narrar os fatos de forma simples, reduzida, com descrição de todas as circunstâncias em que o crime ocorreu
fornecidas no enunciado da questão.

II – Do Direito
(...)

→ adaptação do que ocorreu no mundo dos fatos com preceitos legais. Colocar dispositivo de lei.
III – Dos Pedidos
Diante do exposto, tendo o acusado infringido o(s) art.(s) ____ da Lei Penal Brasileira, requer a Vossa Excelência:

a) recebimento da presente ação;


b) que seja dada vista ao representante do Ministério Público;
c) seja o mesmo citado para oferecimento de resposta;
d) processado e ao final condenado criminalmente;
e) que se determine a indenização a título do art. 387, IV, do CPP;
f) notificação das testemunhas abaixo arroladas.

Termos em que,
Pede Deferimento,

Município, data

Advogado
OAB n.º....

ROL DE TESTEMUNHAS:
_________________
_________________
_________________
Peça Prático-Profissional Oficial (XV Exame Unificado):
Enrico, engenheiro de uma renomada empresa da construção civil, possui um perfil em uma das redes sociais
existentes na Internet e o utiliza diariamente para entrar em contato com seus amigos, parentes e colegas de trabalho.
Enrico utiliza constantemente as ferramentas da Internet para contatos profissionais e lazer, como o fazem milhares de
pessoas no mundo contemporâneo.

No dia 19.04.2014, sábado, Enrico comemora aniversário e planeja, para a ocasião, uma reunião à noite com parentes
e amigos para festejar a data em uma famosa churrascaria da cidade de Niterói, no estado do Rio de Janeiro. Na
manhã de seu aniversário, resolveu, então, enviar o convite por meio da rede social, publicando postagem alusiva à
comemoração em seu perfil pessoal, para todos os seus contatos. Helena, vizinha e ex-namorada de Enrico, que
também possui perfil na referida rede social e está adicionada nos contatos de seu ex, soube, assim, da festa e do
motivo da comemoração. Então, de seu computador pessoal, instalado em sua residência, um prédio na praia de
Icaraí, em Niterói, publicou na rede social uma mensagem no perfil pessoal de Enrico.

Naquele momento, Helena, com o intuito de ofender o ex-namorado, publicou o seguinte comentário: “não sei o motivo
da comemoração, já que Enrico não passa de um idiota, bêbado, irresponsável e sem vergonha!”, e, com o propósito
de prejudicar Enrico perante seus colegas de trabalho e denegrir sua reputação acrescentou, ainda, “ele trabalha todo
dia embriagado! No dia 10 do mês passado, ele cambaleava bêbado pelas ruas do Rio, inclusive, estava tão bêbado no
horário do expediente que a empresa em que trabalha teve que chamar uma ambulância para socorrêlo!”.

Imediatamente, Enrico, que estava em seu apartamento e conectado à rede social por meio de seu tablet, recebeu a
mensagem e visualizou a publicação com os comentários ofensivos de Helena em seu perfil pessoal. Enrico,
mortificado, não sabia o que dizer aos amigos, em especial a Carlos, Miguel e Ramirez, que estavam
ao seu lado naquele instante. Muito envergonhado, Enrico tentou disfarçar o constrangimento sofrido, mas perdeu
todo o seu entusiasmo, e a festa comemorativa deixou de ser realizada. No dia seguinte, Enrico procurou a Delegacia
de Polícia Especializada em Repressão aos Crimes de Informática e narrou os fatos à autoridade policial, entregando
o conteúdo impresso da mensagem ofensiva e a página da rede social na Internet onde ela poderia ser visualizada.
Passados cinco meses da data dos fatos, Enrico procurou seu escritório de advocacia e narrou os fatos acima. Você,
na qualidade de advogado de Enrico, deve assisti-lo. Informa-se que a cidade de Niterói, no Estado do Rio de
Janeiro, possui Varas Criminais e Juizados Especiais Criminais.

Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto acima, redija a
peça cabível, excluindo a possibilidade de impetração de habeas corpus, sustentando, para tanto, as teses jurídicas
pertinentes. (Valor: 5,00 pontos)

A peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para dar respaldo à pretensão.
FIM
You can simply impress your audience and add a and
Reputation. You can simply impress your audience and
add a unique zing and appeal to your Presentations.

Você também pode gostar