Você está na página 1de 3

Excludentes de Ilicitude

Quais as causas legais de excludentes de ilicitude?

Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: 

I - em estado de necessidade; 

II - em legítima defesa;

III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.

Existe causa supralegal de excludente de ilicitude? Sim, o consentimento do ofendido, desde


que observados os requisitos:

a) Bem jurídico disponível, como, por exemplo, o patrimônio


A integridade física é um bem jurídico indisponível, no entanto essa indisponibilidade é
relativa, porque nos crimes de lesões corporais leves e culposos a ação é pública
condicionada a representação, SALVO NA LEI MARIA DA PENHA ONDE A AÇÃO É
PÚBLICA INCONDICIONADA.

b) A pessoa tem que ter capacidade para dar o consentimento (igual ou superior a 18
anos).

c) O consentimento tem que ser dado antes ou durante o fato.

d) O agente tem que ter consciência de que houve o consentimento por parte do agente.

Quais são as outras naturezas jurídicas do consentimento do ofendido?


Pode ser considerado uma causa de diminuição da pena, como, por exemplo, na eutanásia
que configura homicídio privilegiado por motivo de relevante valor moral, a diminuição da
pena é 1/6 a 1/3.
Além disso, o consentimento do ofendido pode ser uma causa de exclusão da tipicidade,
quando o dissenso (discordância) da vítima estiver implícito ou explicitamente previsto no tipo
penal. Exemplo: violação de domicílio e estupro com menina de 14 anos completos (se for
menos de 14 anos é estupro de vulnerável).

1. Estado de necessidade

Há um perigo em que dois bens jurídicos são expostos a uma situação limite, em que
um deverá ser violado em detrimento do outro.
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de
perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar,
direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se

1.1. Requisitos legais:

a) Perigo: é a probabilidade de dano ao bem jurídico.


O perigo tem que ser atual (ou iminente – prestes a acontecer);
O perigo tem que ser inevitável, nunca situação de necessidade o direito autoriza o
sacrifício de um bem jurídico;
Tem que ser a direito próprio ou alheio (todo e qualquer direito pode ser
protegido em estado de necessidade seja próprio ou de terceiros). Em outras
palavras, falamos no estado de necessidade próprio ou de terceiro.
Além disso exige-se o conhecimento da situação justificante

b) Não provocação voluntária do perigo

c) Inexigibilidade de sacrifício do bem salvo (salva-se um bem as custas do outro)

d) Inexistência do dever legal de enfrentar o perigo – Art. 24, § 1 º

§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de
enfrentar o perigo.

Temos o estado de necessidade defensivo, onde o agente sacrifica bem jurídico


pertencente ao causador do perigo. Nesse caso, faz coisa julgada no cível, ou quem
pede perdas e danos.
Por outro lado temos o estado de necessidade agressivo, onde o agente sacrifica
bem jurídico de terceiro inocente (quem não foi o causador do perigo). Absolve no
crime, mas não impede a reparação de danos no cível, cabendo direito de regresso
contra quem causou o perigo.

2. Legitima Defesa

Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios


necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.

O ponto de partida da legitima defesa é uma agressão. Agressão é a conduta humana


que lesa ou expõe a perigo bens juridicamente tutelados.
E quem reage contra o ataque de um animal? Não há legitima defesa pois não é conduta
humana. Porém, trata-se de estado de necessidade. No entanto, será uma situação
diversa quando o animal é utilizado como instrumento de ataque -> legitima defesa!

2.1. Requisitos
a) Agressão injusta: ilícita, contrária ao direito. Podemos ter a legitima defesa
sucessiva que é a reação contra o excesso.

b) Agressão atual ou iminente: não se admite legitima defesa quanto a fato


passado (vingança) ou futuro (justiça com as próprias mãos).

c) A direito próprio ou de terceiro: legitima defesa própria ou de terceiro, sendo


que qualquer direito pode ser defendido

d) Requisito subjetivo (é a intenção de defesa)

e) Reação: tem que ser com os meios necessários, menos lesivos que se
encontram à disposição do agente e são eficazes para repelir a agressão. Além
disso, a reação tem que se moderada, ou seja, aquela proporcional ao ataque,
não configurando o disposto acima, temos o chamado excesso.

Em regra geral, a legitima defesa faz coisa julgada no cível, salvo na ocorrência
da legitima defesa real com aberratio ictus (erro na execução).

Ofendículos: São aparatos pré dispostos na defesa de algum bem jurídico (posse, propriedade,
vida). Para que o comportamento seja legal, é necessário o seguinte:
a) Aparato visível -> evitar surpresas...
b) Inacessível a terceiros inocentes
Exemplos: cercas elétricas, ponta de lança em portão, cachorro, caco de vidro em cima do
muro.

Você também pode gostar