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ILICITUDE

(ANTIJURIDICIDADE)
CRIME

FATO TÍPICO ILÍCITO CULPÁVEL

Não será ilícito se presentes as


excludentes de ilicitudes:
É o fato humano que O fato típico é - Estado de Necessidade
se ajusta material e presumidamente ilícito. - Legítima Defesa
- Estrito Cumprimento do Dever Legal
formalmente ao tipo - Exercício Regular do Direito
penal.
ILICITUDE

Consiste na contrariedade do fato típico ao ordenamento jurídico. É


o segundo elemento constitutivo do conceito analítico de crime.

CRIME: Fato Típico + Antijurídico + Culpável

O fato típico é presumivelmente ilícito; todavia, tal presunção é


relativa, pois cabe prova em contrário (comprovação de excludente
de ilicitude).
Código Penal

Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:

I - em estado de necessidade;

II - em legítima defesa;

III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de


direito.
EXCLUDENTES DE ILICITUDE

Podem ser chamadas de justificantes, causas de justificação ou


descriminantes. Os enunciados normativos que trazem tais
justificantes são chamados de normas penais não incriminadoras
permissivas.

As causas de exclusão da ilicitude são legais (previstas na lei) e


supralegais (consentimento do ofendido); tais causas podem ser
genéricas (Estado de Necessidade, Legítima Defesa, Estrito
Cumprimento de Dever Legal e Exercício Regular de Direito) ou
específicas (aborto permitido para salvar a vida da gestante).
REQUISITOS PARA APLICAÇÃO

Para que haja uma causa excludente de ilicitude, é imprescindível


que estejam presentes seus elementos objetivos (derivam da
própria definição do instituto) e subjetivos (necessidade de o agente
saber que se encontra amparado pela excludente de ilicitude).

Exemplo de prova de concurso:


Hamilton pretende matar Rudney porque este mantinha uma
relação extraconjugal com a esposa do primeiro. Dirigindo-se à
residência de Rudney, Hamilton olha pela janela e vê a vítima pelas
costas. Ocorre que Rudney estava com a arma apontada para João,
na iminência de matá-lo (nada disso foi visto por Hamilton que
apenas viu Rudney de costas). Logo, Hamilton salvou a vida de João,
mesmo sem saber.
Nesse caso, seria possível absolver Hamilton por agir em legítima
defesa de João?

NÃO. Exige-se a presença do elemento subjetivo das excludentes de


ilicitude.
COMUNICABILIDADE DAS EXCLUDENTES DE ILICITUDE

As causas de justificação (excludentes de ilicitude) afastam o crime


e, por essa razão, comunicam-se aos coautores e partícipes. Assim,
se uma pessoa auxilia a outra a agir em legítima defesa, não haverá
crime nem para o autor da conduta, nem para o seu auxiliar
(partícipe).
ESTADO DE NECESSIDADE

Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato


para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem
podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício,
nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.
MODALIDADES DE ESTADO DE NECESSIDADE

QUANTO À TITULARIDADE DO BEM JURÍDICO PROTEGIDO

PRÓPRIO: quem atua em estado de necessidade pretende


salvaguardar bem jurídico por ele titularizado.

DE TERCEIRO: quem atua em estado de necessidade pretende


preservar bem jurídico de terceiro.
QUANTO ÀS CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS

JUSTIFICANTE: é o estado de necessidade que exclui a ilicitude. É


acolhido em nosso Código Penal.

EXCULPANTE: é o estado de necessidade que exclui a culpabilidade.


QUANTO AO ASPECTO SUBJETIVO

REAL: ocorre nas situações em que o estado de necessidade existe, e


o agente está ciente disso.

PUTATIVO: trata-se de estado de necessidade imaginário. O agente


equivoca-se e imagina uma situação fática que, se existisse, faria
com que houvesse o estado de necessidade.
QUANTO À SITUAÇÃO DE PERIGO

AGRESSIVO: é aquele em que o agente, para preservar o bem


jurídico, sacrifica bem jurídico de pessoa inocente, ou seja, que não
havia provocado a situação.

DEFENSIVO: é o estado de necessidade em que o agente, no afã de


preservar o bem jurídico, acaba por sacrificar bem jurídico daquele
que provocou a situação de perigo.
TEORIAS SOBRE O ESTADO DE NECESSIDADE

UNITÁRIA: para essa teoria, todo estado de necessidade é


justificante, isto é, exclui a ilicitude da conduta. Adotada pelo CP.

DIFERENCIADORA: para essa teoria, o estado de necessidade pode


ser justificante (exclui a ilicitude) ou exculpante (exclui a
culpabilidade). Será justificante se o bem jurídico sacrificado for de
igual ou menor valor do que o bem preservado (sacrificar
patrimônio para salvar vida); será exculpante na situação em que o
bem jurídico sacrificado tiver valor maior que o bem protegido
(sacrificar vida humana para salvar patrimônio). Teoria adotada pelo
Código Penal Militar.
REQUISITOS DO ESTADO DE NECESSIDADE

SITUAÇÃO DE PERIGO ATUAL: na situação de perigo, há a


probabilidade de dano a algum bem jurídico.

CUIDADO: a principal diferença entre legítima defesa e estado de


necessidade reside no fato de que no estado de necessidade o
agente objetiva evitar uma situação de perigo, ao passo que, na
legítima defesa a pretensão é a de repelir uma agressão injusta.
SITUAÇÃO DE PERIGO PODERÁ DERIVAR DE:

UM EVENTO DA NATUREZA: furacão provoca um naufrágio,


remanescendo dois sobreviventes, com uma única tábua de
salvação, fazendo com que um mate o outro para se salvar.

UM ANIMAL: uma pessoa na rua atacada por um cão raivoso; não


tendo onde se abrigar e não possuindo nenhuma alternativa de
refúgio, o agente saca seu revólver e mata o cão.
SITUAÇÃO DE PERIGO PODERÁ DERIVAR DE:

ATO DE VONTADE HUMANA: nesse caso, naturalmente, o ato de


vontade humana não pode significar o comportamento humano
consciente e voluntariamente dirigido à lesão ou exposição à perigo
(agressão). Volta-se ao exemplo da tábua de salvação e imaginar que
o naufrágio decorreu de imperícia do capitão do navio.
PERIGO NÃO PROVOCADO VOLUNTARIAMENTE: por expressa
disposição legal, esse perigo não pode ser provocado por ato de
vontade (doloso) da própria pessoa que invocará o estado de
necessidade.

Ex.: “A” por ato doloso bate a lancha contra as pedras na intenção de
matar “B” que tb estava na lancha; ambos saem vivo da embarcação
e com um tábua de salvação; “A” não poderá matar “B” e alegar
estado de necessidade para não responder pelo crime, pois foi
quem provocou dolosamente o acidente.
INEVITABILIDADE DO DANO: somente se pode falar em estado de
necessidade na hipótese em que não se podia evitar o perigo de
outro modo. Assim, para se falar em estado de necessidade, é
imprescindível que o agente não tenha nenhuma alternativa. Logo, o
estado de necessidade tem caráter subsidiário.
NÃO SE PODE FALAR EM ESTADO DE NECESSIDADE:

- O agente possui outro meio de evitar o dano

- Há mais de uma forma de evitar o dano e o agente opta pela mais


gravosa
PONDERAÇÃO DE BENS E DEVERES (PROPORCIONALIDADE)

Somente se pode falar em estado de necessidade quando estamos


diante de um bem jurídico preservado “cujo sacrifício, nas
circunstâncias, não era razoável exigir-se”.

Não haverá crime quando o agente sacrifica uma vida para salvar
outra, como por exemplo, o médico que faz um aborto para salvar a
vida da gestante.

Haverá crime, contudo, quando sacrifica-se uma vida humana para


salvar o patrimônio.
AUSÊNCIA DO DEVER LEGAL DE ENFRENTAR O PERIGO

Art. 24 (...)
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever
legal de enfrentar o perigo.

O dispositivo é dirigido a determinadas profissões que pressupõem


a existência de certa exposição a perigo (polícia, bombeiro, salva-
vidas, etc).
CAUSA DE DIMINUIÇÃO DE PENA

Art. 24 (...)
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito
ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços.

Trata-se de situação em que temos um bem jurídico preservado de


valor menor do que o valor do bem jurídico sacrificado. Em situação
como essa, o agente não poderá invocar o estado de necessidade,
mas caberá a sua condenação com a diminuição de pena prevista
nesse dispositivo. Sacrifica-se uma vida humana (bem jurídica de
maior valor) para preservar a própria integridade física (bem jurídico
de menor valor).
ESTADO DE NECESSIDADE E ABERRATIO ICTUS

Pode ocorrer de o agente, atuando em estado de necessidade,


incorrer no erro na execução. O agente vai atirar no cão raivoso para
salvar a vida de uma criança, erra, e atira na criança que pretendia
defender.

Qual a solução???

Art. 73 do Código Penal


Erro na execução
Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o
agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa
diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela,
atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser
também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra
do art. 70 deste Código.

Em suma: na hipótese de erro de execução, o agente deve responder como se


tivesse atingido a pessoa (ou coisa) que pretendia atingir. Logo, o atirador que
acerta a criança não será responsabilizado, pois deverá ser tratado como se
tivesse atingido o animal, situação que caracterizaria o estado de necessidade
de terceiro.
ESTADO DE NECESSIDADE E DIFICULDADES ECONÔMICAS

As dificuldades econômicas, por si só, não caracterizam o estado de


necessidade.

O furto famélico, em tese, exclui a tipicidade material (princípio da


insignificância).
ESTADO DE NECESSIDADE RECÍPROCO

Trata-se da situação em que mais de uma pessoa se encontra em


estado de necessidade, umas contra as outras. Ex.: tábua de
salvação.
ESTADO DE NECESSIDADE E EFEITOS CIVIS

O estado de necessidade exclui a ilicitude do fato típico, e, por isso


mesmo, na esfera penal o agente não poderá ser punido. Todavia, o
estado de necessidade pode acarretar consequências de natureza
civil. (art. 188, II c/c art. 929 do Código Civil)
LEGÍTIMA DEFESA

Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando


moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão,
atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.

Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste


artigo, considera-se também em legítima defesa o agente de
segurança pública que repele agressão ou risco de agressão a vítima
mantida refém durante a prática de crimes.
MODALIDADES DE LEGÍTIMA DEFESA

QUANTO À TITULARIDADE DO BEM JURÍDICO PROTEGIDO

PRÓPRIO: aquele que atua em legítima defesa pretende repelir


agressão injusta a bem jurídico por ele titularizado.

DE TERCEIRO: quem atua em legítima defesa pretende repelir


agressão injusta a bem jurídico de terceiro.
QUANTO AO ASPECTO SUBJETIVO

REAL: a legítima defesa existe e o agente está ciente disso.

PUTATIVO: é a legítima defesa imaginária. O agente equivoca-se e


imagina uma situação fática que, se existisse, faria com que
houvesse a legítima defesa.

EXCESSIVA: é a situação na qual o agente se encontrava em legítima


defesa, mas incorre em excesso acidental, provocado por erro de
tipo escusável.
QUANTO À SITUAÇÃO DE PERIGO

AGRESSIVA (ATIVA): é a situação em que o agente repele a agressão


injusta mediante a prática de um fato típico. O agente deflagra
disparos contra o seu agressor (que havia iniciado os disparos
anteriormente).

DEFENSIVO (PASSIVA): é a situação na qual o agente consegue


repelir a agressão injusta sem necessitar praticar um fato típico. É o
exemplo em que o agente apenas segura o braço do agressor que
lhe desferira o soco.
OUTRAS CLASSIFICAÇÕES

LEGÍTIMA DEFESA SUCESSIVA: ocorre quando cessa a primeira


legítima defesa e o agente passa a agir com excesso. Nesse caso,
será possível reagir legitimamente contra esse excesso,
caracterizando uma legítima defesa sucessiva.

LEGÍTIMA DEFESA CONCORRENTE (CONCOMITANTE OU


RECÍPROCA): ocorreria quando houvesse legítima defesa de legítima
defesa. Porém, não é possível a legitima defesa real concorrente.
REQUISITOS DA LEGÍTIMA DEFESA

AGRESSÃO
Conceito: é uma ameaça derivada de um comportamento humano a
um bem juridicamente protegido.

Distinção de Agressão e Perigo: a situação de perigo pode derivar de


um animal, de um evento da natureza ou de um comportamento
humano que não constitua agressão.
Atos produzidos por animal irracional: o animal poderá ser utilizado
como instrumento para a prática da agressão a alguém. Nesse caso,
se o dono determina que um cão adestrado ataque alguém, a
pessoa atacada vai repelir uma injusta agressão por meio da legítima
defesa.

Agressão de inimputáveis: prevalece que o inimputável pratica


agressão. Logo, repelir essa agressão é legítima defesa.
Agressão e mera provocação: a mera provocação, como
xingamentos e brincadeiras de mau gosto não caracterizam
agressão.

Agressão e violência: agressão não significa, necessariamente, um


comportamento violento. Ex.: legítima defesa contra o ladrão que
ingressa desarmado na residência com a pretensão de furtar.
Agressão culposa: é possível que a agressão seja culposa e, com isso,
haja legítima defesa. Ex.: alguém aponta uma arma para o motorista
do veículo que dirige de forma imprudente.

Agressão por omissão: é possível a agressão por omissão; é a figura


do garantidor (salva-vidas) que deixa o banhista se afogar e um
terceiro aponta a arma para o garantidor obrigando-o a ir salvar o
afagado.
AGRESSÃO INJUSTA

Conceito: é aquela que não encontra respaldo no ordenamento


jurídico (não só do direito penal).

Agressão justa não admite legítima defesa: se a agressão estiver em


conformidade com o Direito, estaremos diante de uma situação na
qual não poderá falar em legítima defesa. O policial usa da força
proporcional para imobilizar o preso; o preso não pode agir com
legítima defesa contra o policial.
Agressão injusta pode ser atípica: mesmo assim será agressão; furto
de uso.

Injustiça da agressão independe da consciência do agressor: o


melhor exemplo é a agressão por um inimputável.
É possível legítima defesa real contra legítima defesa putativa: a
legítima defesa imaginária (putativa) constitui agressão injusta, pois
a justiça da agressão encontra-se, apenas, na imaginação daquele
que assim age. Assim, é possível a existência de legítima defesa real
contra a putativa.

Não é possível legítima defesa real contra legítima defesa real: a


legítima defesa real não é agressão injusta, pois é respaldada pelo
direito.
Não é possível a legítima defesa real contra as demais excludentes
de ilicitude: as demais excludentes de ilicitude são também
agressões justas; logo, não cabe a legítima defesa.

É possível legítima defesa real contra o excesso na legítima defesa: o


excesso é injusto; logo, cabe legítima defesa contra o excesso.
É possível legítima defesa real contra o excesso nas demais causas
excludentes de ilicitude: da mesma forma, o excesso é injusto e cabe
legítima defesa contra ele.
ATUALIDADE OU IMINÊNCIA DA AGRESSÃO

O art. 25 do CP admite a legítima defesa quando a agressão é atual


ou iminente. A partir de tal assertiva, pode-se extrair duas
conclusões:
Não cabe legítima defesa de agressão pretérita

Existe o direito de defender-se, mas não o de buscar revanche. O CP


fala em repelir agressão; se a agressão cessou, não há o que se
repelido.
Não cabe legítima defesa de agressão futura (remota)

Em se tratando de agressão futura (remota), caberá à pessoa


interessada recorrer à autoridade pública.
DIREITO PRÓPRIO OU DE TERCEIRO

Legítima defesa própria ou de terceiro: para que se verifique a


legítima defesa de terceiro, não é necessário que exista qualquer
relação (jurídica, familiar, de amizade, de emprego, etc) entre o
ofendido e o seu defensor.

Legítima defesa de terceiro e consentimento do ofendido: pode


acontecer uma situação na qual a pessoa vai defender alguém que
está sob agressão, mas este alguém não quer ser defendido. Se o
bem jurídico for disponível é imprescindível o consentimento; caso
contrário o consentimento do agredido é desnecessário.
Legítima defesa de pessoa jurídica: é possível agir na legítima defesa
de bens jurídicos de uma pessoa jurídica.

Legítima defesa de agressor pessoa jurídica: é possível também, pois


a pessoa jurídica atua por meio de seus prepostos.
Legítima defesa de feto: é possível falar de legítima defesa de feto,
pois o direito penal protege a vida humana intrauterina.

Legítima defesa de cadáver?: há quem admita essa possibilidade;


outros não.
Qualquer bem jurídico pode ser defendido legitimamente: é possível
legítima defesa da honra como de qualquer outro bem jurídico.
“A” xinga “B” e “B” faz ameaça para cessar os xingamentos; “B” atua
em legítima defesa da honra.
MODERAÇÃO (PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE)

A moderação vincula-se à ideia de proporcionalidade entre os atos


de agressão e a reação (defesa) levado a efeito. Não existe um
critério objetivo, rígido e matemático, para que se possa, no caso
concreto, mensurar a moderação da reação defensiva.
LEGÍTIMA DEFESA E EFEITOS CIVIS

A legítima defesa exclui a parte penal e parte civil (art. 188, I do


Código Civil).
LEGÍTIMA DEFESA E ABERRATIO ICTUS

Aplica-se também o art. 73 do Código Penal.


ESTRITO CUMPRIMENTO DE DEVER LEGAL

Não há definição expressa no Código Penal.

Conceito: é uma causa excludente de ilicitude que benéfica os


agentes que atuam em estrita observância dos ditames da norma
jurídica.
DESTINATÁRIOS DO ESTRITO CUMPRIMENTO DE DEVER LEGAL

AGENTES PÚBLICOS: uma primeira corrente entende que se aplica


apenas aos agentes públicos.

AGENTES PÚBLICOS E PARTICULARES: outros entendem também ser


aplicável aos particulares que possuem deveres impostos pela lei.
Ex.: dever do pai de educar o filho.
DEVER LEGAL

Abrange não apenas o dever imposto por lei, mas também o


imposto em atos normativos diversos, tais como decretos, portarias,
regulamentos, etc.
CUMPRIMENTO ESTRITO

O estrito cumprimento de dever legal possui limites que devem ser


observados, sob pena de caracterização de excesso punível.
ESTRITO CUMPRIMENTO DE DEVER LEGAL EM CRIMES CULPOSOS

Não é possível falar em estrito cumprimento de dever legal nos


crimes culposos, pois a ordem jurídica não impõe o dever de o
agente agir com inobservância do dever de cuidado.
ESTRITO CUMPRIMENTO DE DEVER LEGAL E HOMICÍDIO

No caso de troca de tiros entre policiais e bandidos, haverá legítima


defesa, pois a ordem jurídica não impõe aos policiais o dever de
matar.
EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO

Não há definição no Código Penal.

Conceito: consiste na permissão dada pelo ordenamento jurídico


para que as pessoas pratiquem determinadas condutas típicas em
certas situações.

Ex.: boxeador que ofende a integridade física do adversário.


EXERCÍCIO DE DIREITO

Pressupõe a realização de uma ação ou omissão autorizada pelo


ordenamento jurídico.
EXERCÍCIO REGULAR: LIMITES DA EXCLUDENTE

A expressão “regular” já demonstra, de forma cabal, a preocupação


que se deve ter com a observância dos limites da excludente. Se os
limites não foram observados o agente responderá pelo excesso.
INTERVENÇÕES CIRÚRGICAS

ESTADO DE NECESSIDADE: nas situações em que o médico intervém


de forma terapêutica. Retirada de uma bala.

EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO: nas hipóteses de intervenções


cirúrgicas não terapêuticas. Tratamento estético.
OFENDÍCULOS

São instrumentos empregados usualmente para a defesa de


propriedades, tais como cercas elétricas, arames farpados, cacos de
vidro, etc. Há uma divergência se seria legítima defesa, mas
prepondera que é exercício regular de direito, desde de que visíveis.
EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO E EFEITOS CIVIS

Não há que se falar em reparação civil para aqueles que atuam no


exercício regular de direito (art. 188, I, do Código Civil).
CONSENTIMENTO DO OFENDIDO

Além das quatro excludentes de ilicitudes listadas no art. 23 do CP,


tem-se admitido que o consentimento do ofendido figure com causa
supralegal de exclusão da ilicitude.
REQUISITOS PARA O CONSENTIMENTO DO OFENTIDO

Disponibilidade do bem jurídico: por exemplo o patrimônio e a


liberdade sexual, bem como lesões leves.

Consentimento manifestado anterior ou concomitantemente à


conduta: de nada adiantaria um consentimento manifestado após a
prática do fato típico.
Capacidade para consentir: prevalece que a partir dos 18 anos o
indivíduo já tem capacidade para consentir.

Legitimidade: regra geral, essa legitimação estará vinculada à


titularidade do bem jurídico.
REVOGABILIDADE DO CONSENTIMENTO

O consentimento dado pode ser revogado a qualquer tempo, até o


encerramento da execução da conduta. A revogação do
consentimento pode ser tácita ou expressa.
CONSENTIMENTO DO OFENDIDO E CRIME CULPOSO

É possível o consentimento do ofendido como excludente de


ilicitude relacionada a condutas culposas.

“B” concorda que “A” faça manobras bruscas no carro e acabe tendo
lesões leves.
MANIFESTAÇÃO DO CONSENTIMENTO

O consentimento válido pode ser expresso ou tácito.


EXCESSO

Código Penal

Exclusão de ilicitude
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de
direito.

Excesso punível
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo,
responderá pelo excesso doloso ou culposo.
ÂMBITO DE INCIDÊNCIA DO EXCESSO

ESTADO DE NECESSIDADE: ocorre o excesso no estado de


necessidade quando o agente atua contra um bem jurídico
possuindo alguma alternativa.

LEGÍTIMA DEFESA: haverá excesso quando o agente deixar de


observar a necessidade e a moderação na sua reação.
ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL: haverá excesso quando o
agente exaspera os limites preconizados para a sua atuação.

EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO: ocorre quando o agente abusa do


seu direito, deixando de observar os limites impostos.

CONSENTIMENTO DO OFENDIDO: ocorre o excesso quando o agente


deixa de observar os requisitos do consentimento.
CLASSIFICAÇÃO DO EXCESSO
QUANTO AO ELEMENTO SUBJETIVO

DOLOSO: o agente possui consciência (sabe o que está fazendo) e


vontade (tem vontade de fazer).

CULPOSO (INCONSCIENTE): o agente incorre em uma inobservância


de um dever objetivo de cuidado. Deverá responder na modalidade
culposa se houver previsão em lei para tanto.
EXCULPANTE (ESCUSÁVEL): segundo a doutrina, o excesso será
exculpante (não excluiria a ilicitude, mas sim a culpabilidade),
quando o agente atua impelido por uma violenta alteração de
ânimo, produzida por medo, pavor, surpresa, etc. Não está previsto
na legislação e vem sendo rechaçado pela doutrina.

ACIDENTAL: trata-se de excesso proveniente de caso fortuito ou


força maior, não se podendo imputar o excesso ao agente.
QUANTO À FORMA DE PRODUÇÃO

EXCESSO INTENSIVO: é aquele em que o agente, desde o início, não


observa os requisitos legais.

EXCESSO EXTENSIVO: o agente encontra-se, inicialmente, sob


excludente de ilicitude, mas, logo em seguida, prossegue com sua
conduta.
EXCESSO NA CAUSA

Ocorre quando há imensa desproporcionalidade entre o bem


jurídico que é defendido e aquele que é ofendido pela atuação do
agente. Seria, por exemplo, o caso da pessoa que mata alguém que
tenta subtrair seu maço de cigarros. Em casos como esse, o agente,
evidentemente deverá ser punido pelo seu excesso.

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