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INFRAÇÃO PENAL

Infração Penal

Infração Penal é toda conduta previamente tipificada pela legislação como ilícita, imbuída de
culpabilidade, isto é, praticada pelo agente com dolo ou, ao menos, culpa quando a Lei assim prever
tal possibilidade. O Estado tem o poder/dever de proibir e impor uma sanção a quem a praticar.

Elementos Da Infração Penal

Qualquer infração penal possui os seguintes elementos:

Tipicidade: o fato (evento) deve ser enquadrado plenamente no tipo (modelo) descrito na legislação
penal.

Ilicitude: isto é, o fato (evento) deve ser contra o Direito. Por vezes, mesmo que uma pessoa cometa
uma conduta típica, há na lei exceções permissivas para sua conduta, de modo que não há ilicitude
da ação. Por exemplo: matar alguém como legítima defesa estrita, a lei considera que a conduta não
é ilícita.

Culpabilidade: isto é, o fato (evento) deve ter sido praticado pelo agente ativo com intenção
reprovável.

Um pouco mais na frente abordaremos estes elementos mais detalhadamente.

Espécies De Infração Penal

A legislação brasileira define duas espécies de infração pena: crime (ou delito) econtravenção.

Crime: infração de maior potencial ofensivo, punida com pena de reclusão ou detenção, podendo
incluir multa cumulativa ou alternativa. Crimes e tentativas de crimes são punidos (Código Penal Art.
14, II).

Contravenção: infração de menor potencial ofensivo, punida com prisão simples ou multa. A tentativa
de contravenção, em geral, não é punida.

Desta forma, infração penal não é sinônimo de crime.

Os principais tipos de crime são:

Crime comum: é aquele que pode ser praticado por qualquer pessoa.

Crime próprio: é aquele que exige que o agente a cometê-lo possua condição especial que permita
cometer o crime. Por exemplo, o Código Penal nos Art. 312 a 326 define os crimes praticados por
funcionários públicos contra a Administração, o que exige que o sujeito ativo seja funcionário público.

Crime de mão própria: crime que pode ser praticado apenas pela pessoa (isto é, não existe um
intermediário), não existindo, desta forma, co-autoria. Exemplo inclui falsidade ideológica, falso
testemunho, etc.

Sujeito Ativo (Da Infração Penal)

Sujeito ativo de uma infração penal é aquele que ofende o bem jurídico (ou seja, que comete a
infração penal).

Um sujeito pode praticar uma infração penal isoladamente ou em concurso com outras pessoas.

O sujeito ativo da infração penal pode ser pessoa física ou pessoa jurídica (neste último caso, apenas
em crimes ambientais- Constituição Federal art. 225 p.3).

Não podem ser penalizados de acordo com a lei:

• Quem possui doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da
ação ou da omissão de ação, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento,

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• Os menores de 18 (dezoito) anos, que são penalizados de acordo com legislação própria.

Sujeito Passivo (Da Infração Penal)

É o titular do bem jurídico ofendido, isto é, aquele que foi lesado pela infração penal cometida pelo
sujeito ativo.

Uma infração penal sempre possui dois sujeitos passivos:

• Sujeito passivo formal: o Estado, que é sempre prejudicado quando ocorre a infração;

• Sujeito passivo material: titular propriamente dito do bem jurídico, que pode ser uma pessoa física
ou jurídica.

Em determinados casos, o Estado pode ser, ao mesmo tempo, o sujeito passivo formal e o sujeito
passivo material, quando, por exemplo, ocorre roubo de bem público.

Em alguns crimes, obrigatoriamente deve existir dois ou mais sujeitos passivos (dupla subjetividade
passiva): por exemplo, a violação de correspondência (CP Art. 151) os sujeitos passivos do crime
são o remetente e o destinatário de correspondência.

Crime bipróprio é o crime que exige que o sujeito ativo e o sujeito passivo possuam uma qualidade
especial (i.e. não podem ser qualquer pessoa). Por exemplo: o infanticídio (Código Penal Brasileiro
art. 123) exige que o agente ativo deve ser obrigatoriamente a mãe da vítima e o agente passivo o
filho

Tipicidade:

Fato típico

Comportamento humano (doloso ou culposo) que provoca um resultado que pode ser enquadrado
perfeitamente na legislação como uma infração penal.

Elementos Do Fato Típico

O fato típico é composto pelos seguintes elementos:

Conduta criminosa (ou culposa): comportamento humano ativo ou passivo voltado para a execução
da infração. O comportamento ativo é quando o infrator comete intencionalmente a conduta
criminosa, arriscando-se à penalidade prevista em lei. O comportamento passivo (omissão) ocorre
quando o agente tem o dever de agir para evitar a infração mas não o faz.

Resultado: ocorre pela realização da infração penal. Chama-se de crime tentado quando por eventos
alheios à vontade do agente infrator, o crime não é consumado, não produzindo assim o resultado
que deveria ser esperado. A cogitação de um crime não é punida no Direito Penal pois não é
considerada como tendo relevância criminal.

Nexo de causalidade entre a conduta criminosa e o resultado: é a relação que existe entre uma
conduta criminosa específica e o resultado gerado.

Enquadramento em uma norma penal incriminadora: para ser considerado um crime, a infração
deve estar plenamente definida em lei.

Ilicitude (antijuridicidade)

Contradição entre um fato realizado e o ordenamento jurídico.

Por vezes, mesmo que uma pessoa cometa uma conduta típica, há na lei exceções permissivas para
sua conduta, de modo que não há ilicitude da ação. Por exemplo: matar alguém como legítima defesa
estrita, a lei considera que a conduta não é ilícita.

Causas De Exclusão De Ilicitude

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INFRAÇÃO PENAL

As causas de exclusão de ilicitude (isto é, que evitam que um fato enquadrado na lei se torne infração
penal) são justificativas em que um fato típico torna-se permitido, ou seja, não pode ser enquadrado
criminalmente. As causas de exclusão de ilicitude são previstas no Artigo 23 do Código Penal onde
está escrito:

“Art. 23 – Não há crime quando o agente pratica o fato:

I – em estado de necessidade;

II – em legítima defesa;

III – em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.”

Estado De Necessidade

É descrito no Art. 24 do Código Penal Brasileiro que diz:

“Art. 24: Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que
não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo
sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.

§1º – Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo.

§2º – Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de
um a dois terços.”

O Estado de Necessidade define uma situação de perigo atual para um bem jurídico em que um
agente deve lesar o interesse de outrem para afastar este perigo. Por exemplo: uma pessoa que
furta um automóvel para transportar uma pessoa urgentemente ferida para um hospital. Aqueles que
possuem o dever de enfrentar o perigo (como policiais, bombeiros, militares, etc) não podem invocar
o estado de necessidade para deixar de executar suas funções. Por exemplo, um policial que se
recusa a perseguir um bandido por não querer ser alvejado por armas de fogo.

Legítima Defesa

É descrita no Art.25 do Código Penal que diz:

“Art.25: Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele
injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.”

A legítima defesa designa a capacidade de uma pessoa repelir uma agressão que está ocorrendo ou
que ocorrerá ao seu direito (vida, liberdade, patrimônio, etc) ou de outro. A legítima defesa exige que
o agente a se defender utilize seus recursos para afastar a agressão até o limite em que esta cesse,
sendo vedado o uso excessivo da força. A legítima defesa no entanto, abrange o ofendido mesmo
nos casos em que possa fugir do local, escapando ileso dos acontecimentos. Ela pode ser executada
contra inimputáveis (por exemplo, defender-se da agressão de um menor de idade).

Legítima defesa sucessiva: é a legítima defesa que um ofensor pode realizar contra o excesso na
defesa de um ofendido. Por exemplo, ao ser assaltado, uma pessoa desarma o bandido que sai
correndo. A pessoa então corre atrás do bandido com a arma para matá-lo. O bandido, sendo vítima
de um excesso, pode agir em legítima defesa.

Provocação de legítima defesa: a legítima defesa provocada não é causa de exclusão de ilicitude. Por
exemplo, uma pessoa que entra em uma casa e fica sentada aguardando o dono, esperando uma
reação para matá-lo, dizendo agir sob legítima defesa.

Cumprimento do Dever Legal ou Exercício Regular de Direito

Ocorre quando um determinado agente (policial, militar, oficial de justiça, etc) possui a função legal de
executar um determinado comportamento que para outros seria ilícito. Por exemplo, um oficial de
justiça que arromba uma residência para cumprir uma ordem judicial.

Culpabilidade

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INFRAÇÃO PENAL

Juízo (Reação) de reprovação que uma determinada conduta provoca na sociedade.

Combinada às características da tipicidade e antijuridicidade (ilicitude), caracteriza uma conduta como


uma infração penal.

Elementos da Culpabilidade e Causas de Exclusão

Causa de Exclusão são eventos que permitem anular a culpabilidade de um determinado agente em
uma determinada infração penal.

Imputabilidade: o agente ativo da infração penal deve entender o caráter ilícito (proibido) do fato
cometido. São, assim, excluídas pessoas com:

• doença mental,

• desenvolvimento mental incompleto (incluindo menores de 18 anos e silvícolas),

• desenvolvimento mental retardado e embriaguez completa proveniente de fortuito

• ou força maior.

Potencial consciência de ilicitude: o agente deve reconhecer da ilicitude (proibição) do seu ato. De
acordo com o Artigo 21 do Código Penal “o desconhecimento da lei é inescusável” (ou seja, ninguém
pode dizer que cometeu uma infração penal por não saber que se tratava de uma infração penal) . A
exclusão ocorre, então, por Erro de Proibição Escusável: isto é, o agente ativo da infração, diante das
circunstâncias da situação, erra ao interpretar a lei, julgando não ser infração o que realiza.

Conduta de acordo com a lei: são punidos apenas os atos em que o agente tenha a possibilidade
de agir de acordo com a lei, mas preferiu cometer a infração. Desta forma, há duas causas de
exclusão da culpabilidade neste caso: coação moral irresistível e obediência hierárquica (CP Art.22).

Coação moral irresistível: é aquela em que há grave ameaça contra o agente infrator e que por isto
cometeu a infração. Não está incluída aqui a a coação física (já que neste caso o agente não possui a
vontade de praticar o crime) e não se inclui, também, a coação moral resistível (i.e. aquela em que é
possível a oposição).

Obediência Hierárquica: ocorre quando o agente pratica ato (não-explicitamente) ilegal por ordem
formal vinda de superior.

Punibilidade:

A punibilidade é uma forma que o Estado encontra de determinar uma punição ao agente de um
crime. No entanto, pode ocorrer a extinção da punibilidade, disciplina do art. 107 do Código Penal,
que dar-se-a pela morte do agente; pela anistia, graça ou indulto; pela retroatividade de lei que não
mais considera o fato como criminoso; peã prescrição, decadência ou perempção; pela renúncia do
direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada; pela retratação do agente, nos
casos em que a lei a admite; pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.

Imputabilidade Penal

Imputabilidade penal é a condição ou qualidade que possui o agente de sofrer a aplicação de pena.
E, por sua vez, só sofrerá pena aquele que tinha ao tempo da ação ou da omissão capacidade de
compreensão e de autodeterminação frente o fato.

Assim, imputabilidade é a capacidade de o agente, no momento da ação ou da omissão, entender o


caráter ilícito do fato e de determinar-se frente tal fato.

Somente o imputável sofrerá pena.

Para ser imputável o agente deve ter capacidade de: 1- entender o caráter ilícito do fato
(compreensão das coisas) e 2 – determinar-se de acordo com esse entendimento (capacidade de
dirigir sua conduta considerando a compreensão que anteriormente teve).

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INFRAÇÃO PENAL

A lei pressupõe a imputabilidade. Extraordinariamente, o legislador arrola as hipóteses de exclusão


da imputabilidade. Assim, em princípio todos são imputáveis.

De acordo com Fernando Capez , a imputabilidade apresenta um aspecto intelectivo, consistente na


capacidade de entendimento, e outro volitivo, que a faculdade de controlar e comandar a própria
vontade.

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SUJEITO ATIVO E SUJEITO PASSIVO
DA INFRAÇÃO PENAL

Sujeito Ativo e Sujeito Passivo da Infração Penal

O sujeito ativo da infração penal pode ser pessoa física ou pessoa jurídica (neste último caso, apenas
em crimes ambientais- Constituição Federal art. 225 p.3).

Não podem ser penalizados de acordo com a lei:

• Quem possui doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da
ação ou da omissão de ação, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento,

• Os menores de 18 (dezoito) anos, que são penalizados de acordo com legislação própria.

Sujeito Passivo (da Infração Penal)

É o titular do bem jurídico ofendido, isto é, aquele que foi lesado pela infração penal cometida pelo
sujeito ativo.

Uma infração penal sempre possui dois sujeitos passivos:

• Sujeito passivo formal: o Estado, que é sempre prejudicado quando ocorre a infração;

• Sujeito passivo material: titular propriamente dito do bem jurídico, que pode ser uma pessoa física
ou jurídica.

Em determinados casos, o Estado pode ser, ao mesmo tempo, o sujeito passivo formal e o sujeito
passivo material, quando, por exemplo, ocorre roubo de bem público.

Em alguns crimes, obrigatoriamente deve existir dois ou mais sujeitos passivos (dupla subjetividade
passiva): por exemplo, a violação de correspondência (CP Art. 151) os sujeitos passivos do crime
são o remetente e o destinatário de correspondência.

Crime bipróprio é o crime que exige que o sujeito ativo e o sujeito passivo possuam uma qualidade
especial (i.e. não podem ser qualquer pessoa). Por exemplo: o infanticídio (Código Penal Brasileiro
art. 123) exige que o agente ativo deve ser obrigatoriamente a mãe da vítima e o agente passivo o
filho.

Tipicidade:

Fato típico

Comportamento humano (doloso ou culposo) que provoca um resultado que pode ser enquadrado
perfeitamente na legislação como uma infração penal.

Elementos do fato típico

O fato típico é composto pelos seguintes elementos:

Conduta criminosa (ou culposa): comportamento humano ativo ou passivo voltado para a execução
da infração. O comportamento ativo é quando o infrator comete intencionalmente a conduta
criminosa, arriscando-se à penalidade prevista em lei. O comportamento passivo (omissão) ocorre
quando o agente tem o dever de agir para evitar a infração mas não o faz.

Resultado: ocorre pela realização da infração penal. Chama-se de crime tentado quando por eventos
alheios à vontade do agente infrator, o crime não é consumado, não produzindo assim o resultado
que deveria ser esperado. A cogitação de um crime não é punida no Direito Penal pois não é
considerada como tendo relevância criminal.

Nexo de causalidade entre a conduta criminosa e o resultado: é a relação que existe entre uma
conduta criminosa específica e o resultado gerado.

Enquadramento em uma norma penal incriminadora: para ser considerado um crime, a infração
deve estar plenamente definida em lei.

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SUJEITO ATIVO E SUJEITO PASSIVO
DA INFRAÇÃO PENAL

Ilicitude (antijuridicidade)

Contradição entre um fato realizado e o ordenamento jurídico.

Por vezes, mesmo que uma pessoa cometa uma conduta típica, há na lei exceções permissivas para
sua conduta, de modo que não há ilicitude da ação. Por exemplo: matar alguém como legítima defesa
estrita, a lei considera que a conduta não é ilícita.

Causas de exclusão de ilicitude

As causas de exclusão de ilicitude (isto é, que evitam que um fato enquadrado na lei se torne infração
penal) são justificativas em que um fato típico torna-se permitido, ou seja, não pode ser enquadrado
criminalmente. As causas de exclusão de ilicitude são previstas no Artigo 23 do Código Penal onde
está escrito:

“Art. 23 – Não há crime quando o agente pratica o fato:

I – em estado de necessidade;

II – em legítima defesa;

III – em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.”

Estado de necessidade

É descrito no Art. 24 do Código Penal Brasileiro que diz:

“Art. 24: Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que
não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo
sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.

§1º – Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo.

§2º – Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de
um a dois terços.”

O Estado de Necessidade define uma situação de perigo atual para um bem jurídico em que um
agente deve lesar o interesse de outrem para afastar este perigo. Por exemplo: uma pessoa que furta
um automóvel para transportar uma pessoa urgentemente ferida para um hospital. Aqueles que
possuem o dever de enfrentar o perigo (como policiais, bombeiros, militares, etc) não podem invocar
o estado de necessidade para deixar de executar suas funções. Por exemplo, um policial que se
recusa a perseguir um bandido por não querer ser alvejado por armas de fogo.

No Direito Penal, sujeito ativo é quem pratica a conduta (ação ou omissão) criminosa. Há de ser o
crime uma ação humana, afirma Cezar Roberto Bitencourt – em Tratado de Direito Penal – Volume 1
Parte Geral (p. 286), que tenha como sujeito ativo o ser vivo nascido de mulher, “embora em tempos
remotos tenham sido condenados, como autores de crimes, animais, cadáveres e até estátuas”.

A pedra angular da Teoria do Delito, analisa Bitencourt (p. 286), é a conduta (ação ou omissão), algo
exclusivo do ser humano: “A capacidade da ação, de culpabilidade, exige a presença de uma
vontade, entendida como faculdade psíquica da pessoa individual, que somente o ser humano pode
ter.”

O sujeito ativo é a pessoa definida na norma como possível autora do ilícito penal e que é, via de
regra, pessoa física. “Sujeito ativo, autor, ou agente, é todo aquele que realiza a ação ou omissão
típica, nos delitos dolosos ou culposos. Ou seja, é aquele cuja atividade é subsumível ao tipo legal
incriminador”, define Luiz Régis Prado, em Curso de Direito Penal Brasileiro – Volume 1 Parte Geral
(p. 258).

“O conceito abrange não só aquele que pratica o núcleo da figura típica (quem mata, subtrai etc.),
como também o partícipe, que colabora de alguma forma na conduta típica, sem, contudo, executar
atos de conotação típica, mas que de alguma forma, subjetiva ou objetivamente, contribui para a ação

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SUJEITO ATIVO E SUJEITO PASSIVO
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criminosa”, complementa Fernando Capez, em Curso de Direito Penal – parte geral Volume 1 (p.
167).

Conforme a posição no processo, ensina Capez (p. 168), o sujeito ativo pode ser chamado de agente
(art. 14, II, do Código Penal), indiciado (art. 5º, § 1º, b, do Código de Processo Penal), acusado (art.
185, CPP), denunciado, querelado (art. 51, CPP), réu (art. 34, CP; art. 188, CPP), sentenciado,
condenado (art. 34, CP), recluso, ou detento. Quando estudado pelas ciências criminais, é criminoso
ou delinquente.

Complementam Paulo José da Costa Júnior e Fernando José da Costa, em Curso de Direito Penal
(p. 115): “Por vezes, o sujeito-agente deverá ser qualificado, ocupando determinada posição social,
ou dotado de certo status, como por exemplo ser funcionário público no peculato, cônjuge na bigamia,
ou desfrutar de determinada situação fática, como a mulher grávida no aborto. Nessas hipóteses
apresenta-se a figura do crime-próprio, que se contrapõe àquela do crime comum, que pode ser
praticado por qualquer pessoa, qualificada ou não. Costuma-se distinguir o crime próprio exclusivo,
em que a execução importa na intervenção pessoal do agente designado pela lei, do crime próprio
não exclusivo, que admite a figura do extraneus, que age em concurso com o sujeito qualificado.”

Cabe fazer alguns adendos, ainda no tocante ao assunto sujeito ativo, em termos de Direito Penal. É
autor quem realiza ou executa o núcleo do tipo penal. O coautor realiza conjuntamente a conduta
criminosa com o autor. O partícipe colabora com o crime sem realizar ou executar o núcleo do tipo. O
partícipe moral faz nascer a idéia (induz) ou reforça a idéia para realizar o ato criminoso. Maiores
detalhes a respeito de autor, coautor e partícipe serão abordados em texto específico.

A legítima defesa designa a capacidade de uma pessoa repelir uma agressão que está ocorrendo ou
que ocorrerá ao seu direito (vida, liberdade, patrimônio, etc) ou de outro. A legítima defesa exige que
o agente a se defender utilize seus recursos para afastar a agressão até o limite em que esta cesse,
sendo vedado o uso excessivo da força. A legítima defesa no entanto, abrange o ofendido mesmo
nos casos em que possa fugir do local, escapando ileso dos acontecimentos. Ela pode ser executada
contra inimputáveis (por exemplo, defender-se da agressão de um menor de idade).

Legítima defesa sucessiva: é a legítima defesa que um ofensor pode realizar contra o excesso na
defesa de um ofendido. Por exemplo, ao ser assaltado, uma pessoa desarma o bandido que sai
correndo. A pessoa então corre atrás do bandido com a arma para matá-lo. O bandido, sendo vítima
de um excesso, pode agir em legítima defesa.

Provocação de legítima defesa: a legítima defesa provocada não é causa de exclusão de ilicitude. Por
exemplo, uma pessoa que entra em uma casa e fica sentada aguardando o dono, esperando uma
reação para matá-lo, dizendo agir sob legítima defesa.

Cumprimento do Dever Legal ou Exercício Regular de Direito

Ocorre quando um determinado agente (policial, militar, oficial de justiça, etc) possui a função legal de
executar um determinado comportamento que para outros seria ilícito. Por exemplo, um oficial de
justiça que arromba uma residência para cumprir uma ordem judicial.

Culpabilidade

Juízo (Reação) de reprovação que uma determinada conduta provoca na sociedade.

Combinada às características da tipicidade e antijuridicidade (ilicitude), caracteriza uma conduta


como uma infração penal.

Elementos da Culpabilidade e Causas de Exclusão

Causa de Exclusão são eventos que permitem anular a culpabilidade de um determinado agente em
uma determinada infração penal.

Imputabilidade: o agente ativo da infração penal deve entender o caráter ilícito (proibido) do fato
cometido. São, assim, excluídas pessoas com:

• doença mental,

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• desenvolvimento mental incompleto (incluindo menores de 18 anos e silvícolas),

• desenvolvimento mental retardado e embriaguez completa proveniente de fortuito

• ou força maior.

Potencial consciência de ilicitude: o agente deve reconhecer da ilicitude (proibição) do seu ato. De
acordo com o Artigo 21 do Código Penal “o desconhecimento da lei é inescusável” (ou seja, ninguém
pode dizer que cometeu uma infração penal por não saber que se tratava de uma infração penal) . A
exclusão ocorre, então, por Erro de Proibição Escusável: isto é, o agente ativo da infração, diante das
circunstâncias da situação, erra ao interpretar a lei, julgando não ser infração o que realiza.

Conduta de acordo com a lei: são punidos apenas os atos em que o agente tenha a possibilidade
de agir de acordo com a lei, mas preferiu cometer a infração. Desta forma, há duas causas de
exclusão da culpabilidade neste caso: coação moral irresistível e obediência hierárquica (CP Art.22).

Coação moral irresistível: é aquela em que há grave ameaça contra o agente infrator e que por isto
cometeu a infração. Não está incluída aqui a a coação física (já que neste caso o agente não possui a
vontade de praticar o crime) e não se inclui, também, a coação moral resistível (i.e. aquela em que é
possível a oposição).

Obediência Hierárquica: ocorre quando o agente pratica ato (não-explicitamente) ilegal por ordem
formal vinda de superior.

Punibilidade:

A punibilidade é uma forma que o Estado encontra de determinar uma punição ao agente de um
crime. No entanto, pode ocorrer a extinção da punibilidade, disciplina do art. 107 do Código Penal,
que dar-se-a pela morte do agente; pela anistia, graça ou indulto; pela retroatividade de lei que não
mais considera o fato como criminoso; peã prescrição, decadência ou perempção; pela renúncia do
direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada; pela retratação do agente, nos
casos em que a lei a admite; pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.

Imputabilidade penal

Imputabilidade penal é a condição ou qualidade que possui o agente de sofrer a aplicação de pena.
E, por sua vez, só sofrerá pena aquele que tinha ao tempo da ação ou da omissão capacidade de
compreensão e de autodeterminação frente o fato.

Assim, imputabilidade é a capacidade de o agente, no momento da ação ou da omissão, entender o


caráter ilícito do fato e de determinar-se frente tal fato.

Somente o imputável sofrerá pena.

Para ser imputável o agente deve ter capacidade de: 1- entender o caráter ilícito do fato
(compreensão das coisas) e 2 – determinar-se de acordo com esse entendimento (capacidade de
dirigir sua conduta considerando a compreensão que anteriormente teve).

A lei pressupõe a imputabilidade. Extraordinariamente, o legislador arrola as hipóteses de exclusão


da imputabilidade. Assim, em princípio todos são imputáveis.

De acordo com Fernando Capez , a imputabilidade apresenta um aspecto intelectivo, consistente na


capacidade de entendimento, e outro volitivo, que a faculdade de controlar e comandar a própria
vontade.

As expressões sujeito passivo e vítima não são sinônimas, pois, como veremos logo adiante, é
possível haver, em decorrência de um fato, uma vítima que não seja sujeito passivo de infração
penal.

Separovic conceitua vítima como sendo “qualquer pessoa física ou moral, que sofre como resultado
de um desapiedado desígnio, incidental ou acidentalmente” (Apud PIEDADE JÚNIOR,
Heitor. Vitimologia – Evolução no Tempo e no Espaço, p. 89)

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SUJEITO ATIVO E SUJEITO PASSIVO
DA INFRAÇÃO PENAL

Para o conceito de vítima, são observados parâmetros que podem, conforme o caso, restringir ou
alargar a definição. Teríamos de buscar um conceito que indicasse a vítima como uma pessoa ou um
grupo de pessoas, físicas ou jurídicas, ou ainda entes abstratos, que sofrem intervenções em seus
direitos, sejam eles quais forem, por ação ou omissão de terceiros ou dela própria, ou ainda por
intervenções oriundas de casos fortuitos e de força maior. Ainda assim, corre-se o risco de não ser
abarcada alguma situação de vitimização.

O sujeito passivo, por sua vez, é a pessoa ou ente que sofre as consequências da infração penal.
Pode figurar como sujeito passivo qualquer pessoa física ou jurídica, ou mesmo ente indeterminado,
destituído de personalidade jurídica (ex.: coletividade, família, etc.), caso em que o crime
é denominado vago.

Vítima e sujeito passivo não se confundem porque vítima compreende uma definição mais
abrangente que engloba tanto situações nas quais existe crime quanto aquelas nas quais não há
crime nenhum. Mas, havendo o crime, tem-se que sujeito passivo e vítima se reúnem na mesma
pessoa.

Para deixar mais clara essa distinção, trazemos uma questão bastante discutida no âmbito da
Vitimologia: “vítima sem crime” e “crime sem vítima”.

Um exemplo de vítima sem crime é o da pessoa que morre num cenário de legítima defesa. O fato
cometido pelo agente é típico (homicídio), mas não é ilícito, pois o autor reagiu diante de agressão
injusta na salvaguarda de direito próprio ou de terceiro. Logo, não há crime, embora exista uma
vítima. Alguém que tenta ceifar a própria vida e não morre é vítima, embora não exista crime, pois do
triste episódio não participou outra pessoa.

Por isso é possível a definição de vítima independentemente da existência de um crime, que pode
não ter ocorrido por exclusão da antijuricidade ou da culpabilidade; por atipicidade (conduta como a
direção sem habilitação que não perigo de dano, em que o Estado é vítima, embora não haja um ato
criminoso); ou por uma causa natural. Há, portanto, uma vítima que não é sujeito passivo de infração
penal.

E um crime sem vítima, é possível imaginar? Para a maior parte da doutrina, inexiste crime sem
vítima. E o fundamento nos remete aos parágrafos anteriores, pois, se existe vítima mesmo sem a
ocorrência de um crime, é obviamente impossível haver uma infração penal que a ninguém ofenda.

O Direito Penal é o ramo do direito público dedicado às normas que reprimem e penalizam delitos,
visando manter a ordem e preservar a sociedade, proporcionando seu desenvolvimento.

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SUJEITO ATIVO E SUJEITO PASSIVO
DA INFRAÇÃO PENAL

Ter noções de Direito Penal é importante para qualquer cidadão, pois todos devem conhecer as
normas que regem a sociedade em que vivem, a fim de compreender suas delimitações e saberem
se defender quando necessário.

Matéria comum em concursos públicos, as noções de Direito Penal são especialmente importantes
para aqueles que desejam alcançar um cargo ligado ao poder judiciário e às polícias civil, militar,
ambiental e rodoviária, entre outras autarquias, além de cargos relacionados ao direito, como a
advocacia.

Se você irá prestar prova para cargos em alguns desses órgãos, fique atento à lista que separamos
abaixo e tenha as primeiras noções do Direito Penal para concurso.

Princípios Constitucionais Do Direito Penal

O Direito Penal, na Constituição, encontra-se especificamente nos seguintes princípios:

• Reserva legal ou legalidade;

• Irretroatividade da lei penal;

• Intranscendência ou responsabilidade pessoal;

• Presunção de inocência;

• Individualização das penas.

Além desses princípios, a Constituição faz referência a outras matérias de natureza penal, que são:

• Inimputabilidade;

• Racismo;

• Crimes hediondos;

• Terrorismo;

• Ação de grupos armados.

Conheça Os Três Princípios Da Legislação Penal

• Princípio da Reserva Legal ou Legalidade: (Art. 1º) Não há crime sem lei anterior que o defina.
Não há pena sem prévia cominação legal.

• Princípio da Intranscendência ou Responsabilidade Pessoal: Prevê a Constituição Federal, em


seu art. 5°, XLV: “Nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar
o dano e a decretação de perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidos aos sucessores e
contra eles executados, até o limite do valor do patrimônio transferido”. O princípio da
intranscendência consta em todas as constituições brasileiras, ressalvada a carta autoritária de 1937
sob o regime do Estado Novo de Getúlio Vargas.

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SUJEITO ATIVO E SUJEITO PASSIVO
DA INFRAÇÃO PENAL

• Presunção de Inocência: Prevê a Constituição que “Ninguém será considerado culpado senão
após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória.” Este princípio é inovação como matéria
constitucional, uma vez que nenhuma das Constituições anteriores o contemplava. Culpado será o
réu somente após o trânsito em julgado da sentença, que ocorrerá quando todas as instâncias
ordinárias ou extraordinárias forem vencidas ou quando o réu não utilizar o seu direito de recorrer no
prazo legal.

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TIPICIDADE, ILICITUDE, CULPABILIDADE E PUNIBILIDADE

Tipicidade

Não confundir ainda “tipicidade” com “tipo penal”, pois tipo é uma figura que resulta da imaginação
do legislador, enquanto juízo de tipicidade é a averiguação que se efetua sobre uma conduta para
saber se apresenta os caracteres imaginados pelo legislador. O tipo penal é composto por elementar
(é todo componente essencial do tipo sem o qual este desaparece ou se transforma em outra figura
típica) e circunstâncias (não servindo para compor a essência do crime, mas sim para influir na pena).

Assim, quando você ouvir dizer que determinada causa é excludente da tipicidade, é que por ela a
conduta praticada deixa de possuir os elementos necessários para o enquadramento no tipo penal.
São exemplos mais comuns: erro de tipo inevitável, invencível, escusável; desistência voluntária e
arrependimento eficaz; coação física irresistível; crime impossível e a aplicação do princípio da
insignificância.

Melhor resposta: Tipicidade é a conformidade do fato praticado pelo agente com a moldura descrita
na lei penal, ou seja, o ato praticado deve se enquadrar a infração de alguma lei. Para o fato ser
típico deve compreender:

Dolo ou culpa – resultado – nexo causal – tipicidade.

Ilicitude é a relação de antagonismo que se estabelece entre a conduta humana voluntária e o


ordenamento jurídico, ou seja, é o cometimento de infração por parte de alguma pessoa. Estará
violando algum preceito de lei ou lei.

Culpabilidade é a censurabilidade, a reprovabilidade social.

Para ser culpável deve haver: imputabilidade, que é a condição de maturidade; potencial consciência
da ilicitude, que é a possibilidade do agente saber que a conduta é ilícita e exigibilidade de conduta
diversa.

As excludentes de culpabilidade são: doença mental, menoridade, embriaguez, erro de proibição,


coação moral irresistível e obediência hierárquica.

Causas excludentes de Ilicitude: estado de necessidade – legítima defesa – estrito cumprimento do


dever legal – exercício regular do direito – consentimento do ofendido
Quando o agente não atua em: estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento do dever
legal, exercício regular do direito e consentimento do ofendido.

Punibilidade é a possibilidade jurídica de o Estado impor a sanção ao autor do delito.

Causas de Extinção da Punibilidade: morte do agente, anistia, graça, indulto, abolitio criminis,
decadência, prescrição, perempção, renúncia, perdão do ofendido, retratação do agente, casamento
da vítima com o agente, com terceiro, perdão judicial.

O sujeito ativo da infração penal pode ser pessoa física ou pessoa jurídica (neste último caso, apenas
em crimes ambientais- Constituição Federal art. 225 p.3).

Não podem ser penalizados de acordo com a lei:

• Quem possui doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da
ação ou da omissão de ação, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento,

• Os menores de 18 (dezoito) anos, que são penalizados de acordo com legislação própria.

Sujeito Passivo (Da Infração Penal)

É o titular do bem jurídico ofendido, isto é, aquele que foi lesado pela infração penal cometida pelo
sujeito ativo.

Uma infração penal sempre possui dois sujeitos passivos:

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TIPICIDADE, ILICITUDE, CULPABILIDADE E PUNIBILIDADE

• Sujeito passivo formal: o Estado, que é sempre prejudicado quando ocorre a infração;

• Sujeito passivo material: titular propriamente dito do bem jurídico, que pode ser uma pessoa física
ou jurídica.

Em determinados casos, o Estado pode ser, ao mesmo tempo, o sujeito passivo formal e o sujeito
passivo material, quando, por exemplo, ocorre roubo de bem público.

Em alguns crimes, obrigatoriamente deve existir dois ou mais sujeitos passivos (dupla subjetividade
passiva): por exemplo, a violação de correspondência (CP Art. 151) os sujeitos passivos do crime
são o remetente e o destinatário de correspondência.

Crime bipróprio é o crime que exige que o sujeito ativo e o sujeito passivo possuam uma qualidade
especial (i.e. não podem ser qualquer pessoa). Por exemplo: o infanticídio (Código Penal Brasileiro
art. 123) exige que o agente ativo deve ser obrigatoriamente a mãe da vítima e o agente passivo o
filho.

Tipicidade:

Fato típico

Comportamento humano (doloso ou culposo) que provoca um resultado que pode ser enquadrado
perfeitamente na legislação como uma infração penal.

Elementos Do Fato Típico

O fato típico é composto pelos seguintes elementos:

Conduta criminosa (ou culposa): comportamento humano ativo ou passivo voltado para a execução
da infração. O comportamento ativo é quando o infrator comete intencionalmente a conduta
criminosa, arriscando-se à penalidade prevista em lei. O comportamento passivo (omissão) ocorre
quando o agente tem o dever de agir para evitar a infração mas não o faz.

Resultado: ocorre pela realização da infração penal. Chama-se de crime tentado quando por eventos
alheios à vontade do agente infrator, o crime não é consumado, não produzindo assim o resultado
que deveria ser esperado. A cogitação de um crime não é punida no Direito Penal pois não é
considerada como tendo relevância criminal.

Nexo de causalidade entre a conduta criminosa e o resultado: é a relação que existe entre uma
conduta criminosa específica e o resultado gerado.

Enquadramento em uma norma penal incriminadora: para ser considerado um crime, a infração
deve estar plenamente definida em lei.

Ilicitude (Antijuridicidade)

Contradição entre um fato realizado e o ordenamento jurídico.

Por vezes, mesmo que uma pessoa cometa uma conduta típica, há na lei exceções permissivas para
sua conduta, de modo que não há ilicitude da ação. Por exemplo: matar alguém como legítima defesa
estrita, a lei considera que a conduta não é ilícita.

Causas De Exclusão De Ilicitude

As causas de exclusão de ilicitude (isto é, que evitam que um fato enquadrado na lei se torne infração
penal) são justificativas em que um fato típico torna-se permitido, ou seja, não pode ser enquadrado
criminalmente. As causas de exclusão de ilicitude são previstas no Artigo 23 do Código Penal onde
está escrito:

“Art. 23 – Não há crime quando o agente pratica o fato:

I – em estado de necessidade;

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TIPICIDADE, ILICITUDE, CULPABILIDADE E PUNIBILIDADE

II – em legítima defesa;

III – em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.”

Estado de necessidade

É descrito no Art. 24 do Código Penal Brasileiro que diz:

“Art. 24: Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que
não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo
sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.

§1º – Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo.

§2º – Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de
um a dois terços.”

O Estado de Necessidade define uma situação de perigo atual para um bem jurídico em que um
agente deve lesar o interesse de outrem para afastar este perigo. Por exemplo: uma pessoa que furta
um automóvel para transportar uma pessoa urgentemente ferida para um hospital. Aqueles que
possuem o dever de enfrentar o perigo (como policiais, bombeiros, militares, etc) não podem invocar
o estado de necessidade para deixar de executar suas funções. Por exemplo, um policial que se
recusa a perseguir um bandido por não querer ser alvejado por armas de fogo.

No Direito Penal, sujeito ativo é quem pratica a conduta (ação ou omissão) criminosa. Há de ser o
crime uma ação humana, afirma Cezar Roberto Bitencourt – em Tratado de Direito Penal – Volume 1
Parte Geral (p. 286), que tenha como sujeito ativo o ser vivo nascido de mulher, “embora em tempos
remotos tenham sido condenados, como autores de crimes, animais, cadáveres e até estátuas”.

A pedra angular da Teoria do Delito, analisa Bitencourt (p. 286), é a conduta (ação ou omissão), algo
exclusivo do ser humano: “A capacidade da ação, de culpabilidade, exige a presença de uma
vontade, entendida como faculdade psíquica da pessoa individual, que somente o ser humano pode
ter.”

O sujeito ativo é a pessoa definida na norma como possível autora do ilícito penal e que é, via de
regra, pessoa física. “Sujeito ativo, autor, ou agente, é todo aquele que realiza a ação ou omissão
típica, nos delitos dolosos ou culposos. Ou seja, é aquele cuja atividade é subsumível ao tipo legal
incriminador”, define Luiz Régis Prado, em Curso de Direito Penal Brasileiro – Volume 1 Parte Geral
(p. 258).

“O conceito abrange não só aquele que pratica o núcleo da figura típica (quem mata, subtrai etc.),
como também o partícipe, que colabora de alguma forma na conduta típica, sem, contudo, executar
atos de conotação típica, mas que de alguma forma, subjetiva ou objetivamente, contribui para a ação
criminosa”, complementa Fernando Capez, em Curso de Direito Penal – parte geral Volume 1 (p.
167).

Conforme a posição no processo, ensina Capez (p. 168), o sujeito ativo pode ser chamado de agente
(art. 14, II, do Código Penal), indiciado (art. 5º, § 1º, b, do Código de Processo Penal), acusado (art.
185, CPP), denunciado, querelado (art. 51, CPP), réu (art. 34, CP; art. 188, CPP), sentenciado,
condenado (art. 34, CP), recluso, ou detento. Quando estudado pelas ciências criminais, é criminoso
ou delinquente.

Complementam Paulo José da Costa Júnior e Fernando José da Costa, em Curso de Direito Penal
(p. 115): “Por vezes, o sujeito-agente deverá ser qualificado, ocupando determinada posição social,
ou dotado de certo status, como por exemplo ser funcionário público no peculato, cônjuge na bigamia,
ou desfrutar de determinada situação fática, como a mulher grávida no aborto. Nessas hipóteses
apresenta-se a figura do crime-próprio, que se contrapõe àquela do crime comum, que pode ser
praticado por qualquer pessoa, qualificada ou não. Costuma-se distinguir o crime próprio exclusivo,
em que a execução importa na intervenção pessoal do agente designado pela lei, do crime próprio
não exclusivo, que admite a figura do extraneus, que age em concurso com o sujeito qualificado.”

Cabe fazer alguns adendos, ainda no tocante ao assunto sujeito ativo, em termos de Direito Penal. É

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TIPICIDADE, ILICITUDE, CULPABILIDADE E PUNIBILIDADE

autor quem realiza ou executa o núcleo do tipo penal. O coautor realiza conjuntamente a conduta
criminosa com o autor. O partícipe colabora com o crime sem realizar ou executar o núcleo do tipo. O
partícipe moral faz nascer a idéia (induz) ou reforça a idéia para realizar o ato criminoso. Maiores
detalhes a respeito de autor, coautor e partícipe serão abordados em texto específico.

A legítima defesa designa a capacidade de uma pessoa repelir uma agressão que está ocorrendo ou
que ocorrerá ao seu direito (vida, liberdade, patrimônio, etc) ou de outro. A legítima defesa exige que
o agente a se defender utilize seus recursos para afastar a agressão até o limite em que esta cesse,
sendo vedado o uso excessivo da força. A legítima defesa no entanto, abrange o ofendido mesmo
nos casos em que possa fugir do local, escapando ileso dos acontecimentos. Ela pode ser executada
contra inimputáveis (por exemplo, defender-se da agressão de um menor de idade).

Legítima defesa sucessiva: é a legítima defesa que um ofensor pode realizar contra o excesso na
defesa de um ofendido. Por exemplo, ao ser assaltado, uma pessoa desarma o bandido que sai
correndo. A pessoa então corre atrás do bandido com a arma para matá-lo. O bandido, sendo vítima
de um excesso, pode agir em legítima defesa.

Provocação de legítima defesa: a legítima defesa provocada não é causa de exclusão de ilicitude. Por
exemplo, uma pessoa que entra em uma casa e fica sentada aguardando o dono, esperando uma
reação para matá-lo, dizendo agir sob legítima defesa.

Cumprimento do Dever Legal ou Exercício Regular de Direito

Ocorre quando um determinado agente (policial, militar, oficial de justiça, etc) possui a função legal de
executar um determinado comportamento que para outros seria ilícito. Por exemplo, um oficial de
justiça que arromba uma residência para cumprir uma ordem judicial.

Culpabilidade

Juízo (Reação) de reprovação que uma determinada conduta provoca na sociedade.

Combinada às características da tipicidade e antijuridicidade (ilicitude), caracteriza uma conduta


como uma infração penal.

Elementos da Culpabilidade e Causas de Exclusão

Causa de Exclusão são eventos que permitem anular a culpabilidade de um determinado agente em
uma determinada infração penal.

Imputabilidade: o agente ativo da infração penal deve entender o caráter ilícito (proibido) do fato
cometido. São, assim, excluídas pessoas com:

• doença mental,

• desenvolvimento mental incompleto (incluindo menores de 18 anos e silvícolas),

• desenvolvimento mental retardado e embriaguez completa proveniente de fortuito

• ou força maior.

Potencial consciência de ilicitude: o agente deve reconhecer da ilicitude (proibição) do seu ato. De
acordo com o Artigo 21 do Código Penal “o desconhecimento da lei é inescusável” (ou seja, ninguém
pode dizer que cometeu uma infração penal por não saber que se tratava de uma infração penal) . A
exclusão ocorre, então, por Erro de Proibição Escusável: isto é, o agente ativo da infração, diante das
circunstâncias da situação, erra ao interpretar a lei, julgando não ser infração o que realiza.

Conduta de acordo com a lei: são punidos apenas os atos em que o agente tenha a possibilidade
de agir de acordo com a lei, mas preferiu cometer a infração. Desta forma, há duas causas de
exclusão da culpabilidade neste caso: coação moral irresistível e obediência hierárquica (CP Art.22).

Coação moral irresistível: é aquela em que há grave ameaça contra o agente infrator e que por isto
cometeu a infração. Não está incluída aqui a a coação física (já que neste caso o agente não possui a

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TIPICIDADE, ILICITUDE, CULPABILIDADE E PUNIBILIDADE

vontade de praticar o crime) e não se inclui, também, a coação moral resistível (i.e. aquela em que é
possível a oposição).

Obediência Hierárquica: ocorre quando o agente pratica ato (não-explicitamente) ilegal por ordem
formal vinda de superior.

Punibilidade:

A punibilidade é uma forma que o Estado encontra de determinar uma punição ao agente de um
crime. No entanto, pode ocorrer a extinção da punibilidade, disciplina do art. 107 do Código Penal,
que dar-se-a pela morte do agente; pela anistia, graça ou indulto; pela retroatividade de lei que não
mais considera o fato como criminoso; peã prescrição, decadência ou perempção; pela renúncia do
direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada; pela retratação do agente, nos
casos em que a lei a admite; pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.

Imputabilidade Penal

Imputabilidade penal é a condição ou qualidade que possui o agente de sofrer a aplicação de pena.
E, por sua vez, só sofrerá pena aquele que tinha ao tempo da ação ou da omissão capacidade de
compreensão e de autodeterminação frente o fato.

Assim, imputabilidade é a capacidade de o agente, no momento da ação ou da omissão, entender o


caráter ilícito do fato e de determinar-se frente tal fato.

Somente o imputável sofrerá pena.

Para ser imputável o agente deve ter capacidade de: 1- entender o caráter ilícito do fato
(compreensão das coisas) e 2 – determinar-se de acordo com esse entendimento (capacidade de
dirigir sua conduta considerando a compreensão que anteriormente teve).

A lei pressupõe a imputabilidade. Extraordinariamente, o legislador arrola as hipóteses de exclusão


da imputabilidade. Assim, em princípio todos são imputáveis.

De acordo com Fernando Capez , a imputabilidade apresenta um aspecto intelectivo, consistente na


capacidade de entendimento, e outro volitivo, que a faculdade de controlar e comandar a própria
vontade.

As expressões sujeito passivo e vítima não são sinônimas, pois, como veremos logo adiante, é
possível haver, em decorrência de um fato, uma vítima que não seja sujeito passivo de infração
penal.

Separovic conceitua vítima como sendo “qualquer pessoa física ou moral, que sofre como resultado
de um desapiedado desígnio, incidental ou acidentalmente” (Apud PIEDADE JÚNIOR,
Heitor. Vitimologia – Evolução no Tempo e no Espaço, p. 89)

Para o conceito de vítima, são observados parâmetros que podem, conforme o caso, restringir ou
alargar a definição. Teríamos de buscar um conceito que indicasse a vítima como uma pessoa ou um
grupo de pessoas, físicas ou jurídicas, ou ainda entes abstratos, que sofrem intervenções em seus
direitos, sejam eles quais forem, por ação ou omissão de terceiros ou dela própria, ou ainda por
intervenções oriundas de casos fortuitos e de força maior. Ainda assim, corre-se o risco de não ser
abarcada alguma situação de vitimização.

O sujeito passivo, por sua vez, é a pessoa ou ente que sofre as consequências da infração penal.
Pode figurar como sujeito passivo qualquer pessoa física ou jurídica, ou mesmo ente indeterminado,
destituído de personalidade jurídica (ex.: coletividade, família, etc.), caso em que o crime
é denominado vago.

Vítima e sujeito passivo não se confundem porque vítima compreende uma definição mais
abrangente que engloba tanto situações nas quais existe crime quanto aquelas nas quais não há
crime nenhum. Mas, havendo o crime, tem-se que sujeito passivo e vítima se reúnem na mesma
pessoa.

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TIPICIDADE, ILICITUDE, CULPABILIDADE E PUNIBILIDADE

Para deixar mais clara essa distinção, trazemos uma questão bastante discutida no âmbito da
Vitimologia: “vítima sem crime” e “crime sem vítima”.

Um exemplo de vítima sem crime é o da pessoa que morre num cenário de legítima defesa. O fato
cometido pelo agente é típico (homicídio), mas não é ilícito, pois o autor reagiu diante de agressão
injusta na salvaguarda de direito próprio ou de terceiro. Logo, não há crime, embora exista uma
vítima. Alguém que tenta ceifar a própria vida e não morre é vítima, embora não exista crime, pois do
triste episódio não participou outra pessoa.

Por isso é possível a definição de vítima independentemente da existência de um crime, que pode
não ter ocorrido por exclusão da antijuricidade ou da culpabilidade; por atipicidade (conduta como a
direção sem habilitação que não perigo de dano, em que o Estado é vítima, embora não haja um ato
criminoso); ou por uma causa natural. Há, portanto, uma vítima que não é sujeito passivo de infração
penal.

E um crime sem vítima, é possível imaginar? Para a maior parte da doutrina, inexiste crime sem
vítima. E o fundamento nos remete aos parágrafos anteriores, pois, se existe vítima mesmo sem a
ocorrência de um crime, é obviamente impossível haver uma infração penal que a ninguém ofenda.

O Direito Penal é o ramo do direito público dedicado às normas que reprimem e penalizam delitos,
visando manter a ordem e preservar a sociedade, proporcionando seu desenvolvimento.

Ter noções de Direito Penal é importante para qualquer cidadão, pois todos devem conhecer as
normas que regem a sociedade em que vivem, a fim de compreender suas delimitações e saberem
se defender quando necessário.

Matéria comum em concursos públicos, as noções de Direito Penal são especialmente importantes
para aqueles que desejam alcançar um cargo ligado ao poder judiciário e às polícias civil, militar,
ambiental e rodoviária, entre outras autarquias, além de cargos relacionados ao direito, como a
advocacia.

Se você irá prestar prova para cargos em alguns desses órgãos, fique atento à lista que separamos
abaixo e tenha as primeiras noções do Direito Penal para concurso.

Princípios constitucionais do Direito Penal

O Direito Penal, na Constituição, encontra-se especificamente nos seguintes princípios:

• Reserva legal ou legalidade;

• Irretroatividade da lei penal;

• Intranscendência ou responsabilidade pessoal;

• Presunção de inocência;

• Individualização das penas.

Além desses princípios, a Constituição faz referência a outras matérias de natureza penal, que são:

• Inimputabilidade;

• Racismo;

• Crimes hediondos;

• Terrorismo;

• Ação de grupos armados.

Conheça Os Três Princípios Da Legislação Penal

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TIPICIDADE, ILICITUDE, CULPABILIDADE E PUNIBILIDADE

• Princípio da Reserva Legal ou Legalidade: (Art. 1º) Não há crime sem lei anterior que o defina.
Não há pena sem prévia cominação legal.

• Princípio da Intranscendência ou Responsabilidade Pessoal: Prevê a Constituição Federal, em


seu art. 5°, XLV: “Nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar
o dano e a decretação de perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidos aos sucessores e
contra eles executados, até o limite do valor do patrimônio transferido”. O princípio da
intranscendência consta em todas as constituições brasileiras, ressalvada a carta autoritária de 1937
sob o regime do Estado Novo de Getúlio Vargas.

• Presunção de Inocência: Prevê a Constituição que “Ninguém será considerado culpado senão
após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória.” Este princípio é inovação como matéria
constitucional, uma vez que nenhuma das Constituições anteriores o contemplava. Culpado será o
réu somente após o trânsito em julgado da sentença, que ocorrerá quando todas as instâncias
ordinárias ou extraordinárias forem vencidas ou quando o réu não utilizar o seu direito de recorrer no
prazo legal.

1) O que é culpabilidade? Resposta: a culpabilidade é a possibilidade de se considerar alguém


culpado pela prática de uma infração penal. Por essa razão, costuma ser definida como juízo de
censurabilidade e reprovação exercido sobre alguém que praticou um fato típico e ilícito. Não se trata
de elemento do crime, mas pressuposto para imposição de pena, porque, sendo um juízo de valor
sobre o autor de uma infração penal, não se concebe possa, ao mesmo tempo, estar dentro do crime,
como seu elemento, e fora, como juízo externo de valor do agente. Para censurar quem cometeu um
crime, a culpabilidade deve estar necessariamente fora dele.

2) Quais os requisitos da culpabilidade de acordo com a teoria adotada pelo Código Penal?
Resposta: o Código Penal adotou a teoria limitada da culpabilidade, segundo a qual são seus
requisitos: a) imputabilidade; b) potencial consciência da ilicitude; c) exigibilidade de conduta diversa.

3) O que é imputabilidade? Resposta: é a capacidade de entender o caráter ilícito do fato e de


determinar-se de acordo com esse entendimento.

4) Quais as causas que excluem a imputabilidade? Resposta: são quatro: a) doença mental; b)
desenvolvimento mental incompleto; e) desenvolvimento mental retardado; d) embriaguez completa
proveniente de caso fortuito ou força maior.

5) Quais os critérios de aferição da inimputabilidade? Resposta: são eles: a) sistema biológico: foi
adotado, como exceção, no caso dos menores de 18 anos, nos quais o desenvolvimento incompleto
presume a incapacidade de entendimento e vontade (CP, art. 27); b) sistema psicológico; c) sistema
biopsicológico: foi adotado como regra, conforme se verifica pela leitura do art. 26, caput, do Código
Penal.

6) Quais os requisitos da inimputabilidade segundo o sistema biopsicológico? Resposta: são três: a)


causal: existência de doença mental ou de desenvolvimento mental incompleto ou retardado, que são
as causas previstas em lei; b) cronológico: atuação ao tempo da ação ou omissão delituosa; c)
conseqüencial: perda da capacidade de entender e querer.

7) Quais as espécies de embriaguez? Resposta: são quatro: a) embriaguez não acidental, que se
subdivide em: voluntária, dolosa ou intencional (completa ou incompleta); culposa (completa ou
incompleta); b) embriaguez acidental: pode decorrer de caso fortuito ou força maior (completa ou
incompleta); c) patológica; d) preordenada.

8) Em que consiste a teoria da “actio libera in causa”? Resposta: a embriaguez não acidental jamais
exclui a imputabilidade do agente, seja voluntária, culposa, completa ou incompleta. Isso porque ele,
no momento em que ingeria a substância, era livre para decidir se devia ou não o fazer. A conduta,
mesmo quando praticada em estado de embriaguez completa, originou-se de um ato de livre-arbítrio
do sujeito, que optou por ingerir a substância quando tinha possibilidade de não o fazer. A ação foi
livre na sua causa, devendo o agente, por essa razão, ser responsabilizado. E a teoria da actio libera
in causa (ações livres na causa). Considera-se, portanto, o momento da ingestão da substância e não
o da prática delituosa. Essa teoria ainda configura resquício da responsabilidade objetiva em nosso
sistema penal, sendo admitida excepcionalmente quando for absolutamente necessário para não
deixar o bem jurídico sem proteção.

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TIPICIDADE, ILICITUDE, CULPABILIDADE E PUNIBILIDADE

9) Em que consiste a semi-imputabilidade ou responsabilidade diminuída? Resposta: é a perda de


parte da capacidade de entendimento e autodeterminação, em razão de doença mental ou de
desenvolvimento incompleto ou retardado. Alcança os indivíduos em que as perturbações psíquicas
tornam menor o poder de autodeterminação e mais fraca a resistência interior em relação à prática do
crime. Na verdade, o agente é imputável e responsável por ter alguma noção do que faz, mas sua
responsabilidade é reduzida em virtude de ter agido com culpabilidade diminuída em conseqüência
das suas condições pessoais.

10) Qual a conseqüência da semi-imputabilidade? Resposta: não exclui a imputabilidade, de modo


que o agente será condenado pelo fato típico e ilícito que cometeu. Constatada a redução na
capacidade de compreensão ou vontade, o juiz terá duas opções: reduzir a pena de 1/3 a 2/3 ou
impor medida de segurança (mesmo aia sentença continuará sendo condenatória). A escolha por
medida de segurança somente poderá ser feita se o laudo de insanidade mental indicá-la como
recomendável, não sendo arbitrária essa opção. Se for aplicada pena, o juiz estará obrigado a
diminuí-la de 1/3 a 2/3, conforme o grau de perturbação, tratando-se de direito público subjetivo do
agente, o qual não pode ser subtraído pelo julgador.

1) O que é erro de proibição? Resposta: partindo do pressuposto de que a ignorância ou


desconhecimento da lei não se confundem com a sua errada compreensão e que, portanto, somente
o erro acarreta conseqüências na esfera criminal, importa saber em que consiste tal erro e quais as
suas espécies e efeitos. A errada compreensão de uma determinada regra legal pode levar o agente
a supor que certa conduta injusta seja justa, a tomar uma errada por certa, a encarar uma anormal
como normal, e assim por diante. Nesse caso, surge o que a doutrina convencionou chamar de “erro
de proibição”. O sujeito, diante de uma dada realidade que se lhe apresenta, interpreta mal o
dispositivo legal aplicável à espécie e acaba por achar-se no direito de realizar uma conduta que, na
verdade, é proibida. Desse modo, em virtude de uma equivocada compreensão da norma, supõe
permitido aquilo que era proibido, daí o nome “erro de proibição”.

12) Qual a distinção entre erro de tipo e erro de proibição? Resposta: no erro de tipo, o agente tem
uma visão distorcida da realidade, não vislumbrando na situação que se lhe apresenta a existência de
fatos descritos no tipo como elementares ou circunstâncias. No erro de proibição, ao contrário, há
uma perfeita noção acerca de tudo o que se está passando. O sujeito conhece toda a situação fática,
sem que haja distorção da realidade. Ele sabe que a carteira pertence a outrem, que está atirando
contra as costas de um homem, que um certo objeto é de ouro e assim por diante. Seu equívoco
incide sobre o que lhe é permitido fazer diante daquela situação, ou seja, se lhe é lícito retirar a
carteira pertencente a outra pessoa, atirar nas costas de um homem etc. Há, por conseguinte, uma
perfeita compreensão da situação de fato e uma errada apreciação sobre a injustiça do que faz.
Nesse aspecto reside sua principal distinção com o erro de tipo.

13) Qual a conseqüência do erro de proibição? Resposta: o erro de proibição sempre exclui a atual
consciência da ilicitude. No entanto, somente aquele que não poderia ter sido evitado elimina a
potencial consciência. Com efeito, se esta é a possibilidade de conhecer o caráter injusto do fato e se
o erro de proibição inevitável é aquele que o agente não tinha como evitar, somente essa modalidade
de erro leva à exclusão da culpabilidade.

14) Quais as espécies de erro de proibição? Resposta: são elas: a) inevitável ou escusável: o agente
não tinha como conhecer a ilicitude do fato, em face das circunstâncias do caso concreto. Se não
tinha como saber que o fato era ilícito, inexistia a potencial consciência da ilicitude, logo, esse erro
exclui a culpabilidade. O agente fica isento de pena; e b) evitável ou inescusável: embora o agente
desconhecesse que o fato era ilícito, ele tinha condições de saber, dentro das circunstâncias, que
contrariava o ordenamento jurídico. Se ele tinha possibilidade, isto é, potencial para conhecer a
ilicitude do fato, possuía a potencial consciência da ilicitude. Logo, a culpabilidade não será excluída.
O agente não ficará isento de pena, mas, em face da inconsciência atual da ilicitude, terá direito a
uma redução de pena de 1/6 a 1/3.15) O que é descriminante putativa por erro de proibição ou erro
de proibição indireto? Resposta: é a causa de exclusão da ilicitude imaginada pelo agente, em razão
de uma equivocada consideração dos limites autorizadores da justificadora. Não se confunde com a
descriminante putativa por erro de tipo, uma vez que nesta há uma equivocada apreciação da
realidade (o sujeito pensa que a vítima vai sacar uma arma, quando, na verdade, tira um lenço). Na
descriminante putativa por erro de proibição, há uma perfeita noção da realidade, mas o agente avalia
equivocadamente os limites da norma autorizadora. Imagina, por erro, a existência de uma causa de
exclusão da ilicitude, que, na verdade, não se apresenta. Só que não é um erro incidente sobre a

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TIPICIDADE, ILICITUDE, CULPABILIDADE E PUNIBILIDADE

situação de fato, mas sobre a apreciação dos limites da norma excludente (até que ponto a norma
que prevê a legítima defesa permite ao agente atuar).

16) Qual é a conseqüência da descriminante putativa por erro de proibição? Resposta: é a mesma do
erro de proibição. O agente responderá pelo resultado com pena reduzida, se o erro for evitável, ou
ficará isento de pena, se inevitável.

17) Em que consiste a exigibilidade de conduta diversa? Resposta: consiste na expectativa social de
um comportamento diferente daquele que foi adotado pelo agente. Somente haverá exigibilidade de
conduta diversa quando a coletividade podia esperar do sujeito que tivesse atuado de outra forma.

18) Qual a sua natureza jurídica? Resposta: trata-se de causa de exclusão da culpabilidade, fundada
no principio de que só podem ser punidas as condutas que poderiam ser evitadas. No caso, a
inevitabilidade não tem a força de excluir a vontade, que subsiste como força propulsora da conduta,
mas certamente a vicia, de modo a tornar incabível qualquer censura ao agente.

19) Em nosso ordenamento jurídico, quais as causas que levam à exclusão da exigibilidade de
conduta diversa? Resposta: a lei prevê duas hipóteses, quais sejam, a coação moral irresistível e a
obediência hierárquica.

20) Quais as espécies de coação e as suas conseqüências? Resposta: são três: a) coação física:
exclui a conduta, uma vez que elimina totalmente a vontade. O fato passa a ser atípico. Não há
qualquer conduta do agente, pois sua vontade foi totalmente eliminada pelo emprego da força física;
b) coação moral irresistível: há crime, pois, mesmo sendo grave a ameaça, ainda subsiste um
resquício de vontade que mantém o fato como típico. No entanto, o agente não será considerado
culpado. Assim, na coação moral irresistível, há fato típico e ilícito, mas o sujeito não é considerado
culpado, em face da exclusão da exigibilidade de conduta diversa; c) coação moral resistível: há
crime, pois a vontade restou intangida, e o agente é culpável, uma vez que, sendo resistível a
ameaça, era exigível conduta diversa. Entretanto, a coação moral resistível atua como uma
circunstância atenuante genérica (CP, art. 65, I, c, 1ª parte).

21) Quais os requisitos para que a obediência hierárquica configure causa de exclusão da
exigibilidade de conduta diversa? Resposta: são eles: a) um superior; b) um subordinado; c) uma
relação de direito público entre ambos, já que o poder hierárquico é inerente à Administração Pública,
estando excluídas da hipótese de obediência hierárquica as relações de direito privado, tais como as
entre patrão e empregado; d) uma ordem do primeiro para o segundo; e) ilegalidade da ordem, visto
que a ordem legal exclui a ilicitude pelo estrito cumprimento do dever legal; f) aparente legalidade da
ordem.

2) Na obediência hierárquica, quais as espécies de ordem existentes e as suas conseqüências?


Resposta: são elas: a) ordem legal: se o subordinado cumpre ordem legal, está no estrito
cumprimento do dever legal. Não pratica crime, uma vez que está acobertado por causa de exclusão
da ilicitude; b) ordem ilegal: se a ordem é manifestamente ilegal, o subordinado deve responder pelo
crime praticado, pois não tinha como desconhecer sua ilegalidade. Se aparentemente legal, ele não
podia perceber sua ilegalidade, logo, exclui-se a exigibilidade de conduta diversa, e ele fica isento de
pena; c) ordem manifestamente ilegal: se o subordinado, por erro de proibição, a supõe legal, não
existe exclusão da culpabilidade, já que se trata de erro evitável, constituindo mera causa de
diminuição de pena (CP, art. 21, parte final).

23) O que são causas supralegais de exclusão da exigibilidade de conduta diversa? São admitidas
em nosso sistema jurídico? Resposta: são aquelas que, embora não previstas em lei, levam à
exclusão da culpabilidade. Há duas posições quanto a sua existência: 1ª) o Tribunal de Justiça de
São Paulo sustenta que inexistem causas supralegais, com o principal argumento no sentido de que
é inaplicável a analogia in bonam partem em matéria de dirimentes, já que as causas de exculpação
representam, segundo a clara sistemática da lei, preceitos excepcionais insuscetíveis de aplicação
extensiva; 2ª) o Superior Tribunal de Justiça entende, contrariamente, que existem outras causas de
exclusão da culpabilidade além das expressamente previstas, argumentando no sentido de que a
exigibilidade de conduta diversa é um verdadeiro princípio geral da culpabilidade. Contraria
frontalmente o pensamento finalista punir o inevitável. Só é culpável o agente que se comporta
ilicitamente, podendo orientar-se de modo diverso. Adotamos a segunda posição.

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CRIMES CONTRA A PESSOA

Crimes Crimes Contra Pessoa

HOMICÍDIO – De forma geral, o homicídio é o ato de destruição da vida de um homem por outro ho-
mem. De forma objetiva, é o ato cometido ou omitido que resulta na eliminação da vida do ser hu-
mano.

Homicídio simples – Artigo 121 do CPB – É a conduta típica limitada a “matar alguém”. Esta espécie
de homicídio não possui características de qualificação, privilégio ou atenuação. É o simples ato da
prática descrita na interpretação da lei, ou seja, o ato de trazer a morte a uma pessoa.

Homicídio privilegiado - Artigo 121 - parágrafo primeiro – É a conduta típica do homicídio que recebe
o benefício do privilégio, sempre que o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor
social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo após a injusta provocação da vítima, po-
dendo o juiz reduzir a pena de um sexto a um terço.

Homicídio qualificado - Artigo 121 - parágrafo segundo – É a conduta típica do homicídio onde se au-
menta a pena pela prática do crime, pela sua ocorrência nas seguintes condições: mediante paga ou
promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; por motivo fútil, com emprego de veneno, fogo,
explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou do qual possa resultar perigo comum;
por traição, emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível
a defesa do ofendido; e para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou a vantagem de ou-
tro crime.

Homicídio Culposo - Artigo 121- parágrafo terceiro – É a conduta típica do homicídio que se dá pela
imprudência, negligência ou imperícia do agente, o qual produz um resultado não pretendido, mas
previsível, estando claro que o resultado poderia ter sido evitado.

No homicídio culposo a pena é aumentada de um terço, se o crime resulta de inobservância de regra


técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima.

O mesmo ocorre se não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em
flagrante.

Sendo o homicídio doloso, a pena é aumentada de um terço se o crime é praticado contra pessoa
menor de quatorze ou maior de sessenta anos.

Perdão Judicial - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as con-
seqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que torne desnecessária a san-
ção penal.

Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio - Artigo 122 do CPB – Ato pelo qual o agente induz ou
instiga alguém a se suicidar ou presta-lhe auxílio para que o faça. Reclusão de dois a seis anos, se o
suicídio se consumar, ou reclusão de um a três anos, se da tentativa de suicídio resultar lesão corpo-
ral de natureza grave.

A pena é duplicada se o crime é praticado por motivo egoístico, se a vítima é menor ou se tem dimi-
nuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência. Neste crime não se pune a tentativa.

Infanticídio - Artigo 123 – Homicídio praticado pela mãe contra o filho, sob condições especiais (em
estado puerperal, isto é, logo pós o parto).

Aborto - Artigo 124 – Ato pelo qual a mulher interrompe a gravidez de forma a trazer destruição do
produto da concepção. No auto-aborto ou no aborto com consentimento da gestante, esta sempre
será o sujeito ativo do ato, e o feto, o sujeito passivo. No aborto sem o consentimento da gestante, os
sujeitos passivos serão o feto e a gestante.

Aborto provocado por terceiro – É o aborto provocado sem o consentimento da gestante. Pena: reclu-
são, de três a dez anos.

Aborto provocado com o consentimento da gestante – Reclusão, de um a quatro anos. A pena pode
ser aumentada para reclusão de três a dez anos, se a gestante for menor de quatorze anos, se for
alienada ou débil mental, ou ainda se o consentimento for obtido mediante fraude, grave ameaça ou

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CRIMES CONTRA A PESSOA

violência.

Forma qualificada - As penas são aumentadas de um terço se, em conseqüência do aborto ou dos
meios empregados para provocá-lo, a gestante sofrer lesão corporal de natureza grave. São duplica-
das se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.

Aborto necessário - Não se pune o aborto praticado por médico: se não há outro meio de salvar a
vida da gestante; e se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da ges-
tante ou, quando incapaz, de seu representante legal.

DECRETO-LEI N.º 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940

( Do Art. 155 ao Art. 183 )

(Confira se houve alteração nestes artigos) PARTE ESPECIAL

TÍTULO II

DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO (arts. 155 a 183)

CAPITULO I DO FURTO

Furto

Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro)
anos, e multa.

§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno.

§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de
reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.

§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.
Furto qualificado

§ 4º - A pena é de reclusão de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa, se o crime é cometido: I - com destrui-
ção ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;

II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza; III - com emprego de chave
falsa;

IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.

§ 5º - A pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos, se a subtração for de veículo automotor que
venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. (acrescido pela Lei nº 9.426, de
24.12.96)

Furto de coisa comum

Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a
detém, a coisa comum:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa.

§ 1º - Somente se procede mediante representação.

§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem
direito o agente.

CAPÍTULO II

DO ROUBO E DA EXTORSÃO

Roubo

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CRIMES CONTRA A PESSOA

Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a
pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:

Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, e multa.

§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pes-
soa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou
para terceiro.

§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:

I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma; II - se há o concurso de duas ou mais


pessoas;

- se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância.

- se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o
exterior; (acrescido pela Lei nº 9.426, de 24.12.96)

- se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. (acrescido pela Lei nº 9.426,
de 24.12.96)

§ 3º - Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de 7 (sete) a 15 (quinze)


anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, sem prejuízo da
multa. (redação da Lei nº 9.426, de 24.12.96)

Extorsão

Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si
ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer alguma
coisa:

Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, e multa.

§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a
pena de um terço até metade.

§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo anterior.

§ 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária


para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além
da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e
3o, respectivamente.” (NR) Redação da LEI Nº 11.923, DE 17 DE ABRIL DE 2009.

Extorsão mediante seqüestro

Art. 159 - Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como
condição ou preço do resgate: (redação da Lei nº 8.072, de 25.07.90)

Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.

§ 1o Se o seqüestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o seqüestrado é menor de 18 (dezoito)


ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha. (Redação da LEI
No 10.741/1º.10.2003)

(Redação anterior) - § 1º - Se o seqüestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o seqüestrado é


menor de 18 (dezoito) anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha:

Pena - reclusão, de 12 (doze) a 20 (vinte) anos. (redação da Lei nº 8.072, de 25.07.90)

§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:

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Pena - reclusão, de 16 (dezesseis) a 24 (vinte e quatro) anos. (redação da Lei nº 8.072, de 25.07.90)

§ 3º - Se resulta a morte:

Pena - reclusão, de 24 (vinte e quatro) a 30 (trinta) anos. (redação da Lei nº 8.072, de 25.07.90)

§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a


libertação do seqüestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços. (redação da Lei nº 9.269, de
02.04.96)

Extorsão indireta

Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da situação de alguém, documento
que pode dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro:

Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. Início

CAPÍTULO III

DA USURPAÇÃO

Alteração de limites

Art. 161 - Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou qualquer outro sinal indicativo de linha divisória,
para apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia:

Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, e multa.

§ 1º - Na mesma pena incorre quem: Usurpação de águas

- desvia ou represa, em proveito próprio ou de outrem, águas alheias; Esbulho possessório

- invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou mediante concurso de mais de duas pessoas,
terreno ou edifício alheio, para o fim de esbulho possessório.

§ 2º - Se o agente usa de violência, incorre também na pena a esta cominada.

§ 3º - Se a propriedade é particular, e não há emprego de violência, somente se procede mediante


queixa. Supressão ou alteração de marca em animais

Art. 162 - Suprimir ou alterar, indevidamente, em gado ou rebanho alheio, marca ou sinal indicativo de
propriedade:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa.

CAPÍTULO IV
DO DANO

Dano

Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia: Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses,
ou multa. Dano qualificado

Parágrafo único - Se o crime é cometido:

- com violência à pessoa ou grave ameaça;

- com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não constitui crime mais grave;

- contra o patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária de serviços públicos ou


sociedade de economia mista; (redação da Lei nº 5.346, de 03.11.67)

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CRIMES CONTRA A PESSOA

- por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa, além da pena correspondente à violên-
cia. Introdução ou abandono de animais em propriedade alheia

Art. 164 - Introduzir ou deixar animais em propriedade alheia, sem consentimento de quem de direito,
desde que o fato resulte prejuízo:

Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 6 (seis) meses, ou multa. Dano em coisa de valor artístico, ar-
queológico ou histórico

Art. 165 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada pela autoridade competente em virtude de
valor artístico, arqueológico ou histórico:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Alteração de local especialmente prote-
gido

Art. 166 - Alterar, sem licença da autoridade competente, o aspecto de local especialmente protegido
por lei:

Pena - detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, ou multa. Ação penal

Art. 167 - Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu parágrafo e do art. 164, somente se procede me-
diante queixa.

CAPÍTULO V

DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA

Apropriação indébita

Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção: Pena - reclusão, de
1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Aumento de pena

§ 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa: I - em depósito necessá-


rio;

II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, testamenteiro ou depositário ju-


dicial; III - em razão de ofício, emprego ou profissão.

Apropriação indébita previdenciária

Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes, no
prazo e forma legal ou convencional:" (Art. e §§ inseridos pela Lei nº 9.983, DE 14 DE JULHO DE
2000) - Vide Art. 9° da Lei n° 10.684/30.05.2003

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa

§ 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de

- recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à previdência social que tenha
sido descontada de pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do público;"

- recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado despesas contábeis ou
custos relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços;"

- pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já tiverem sido reembol-
sados à empresa pela previdência social."

§ 2o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara, confessa e efetua o pagamento

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CRIMES CONTRA A PESSOA

das contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na


forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal." (AC)

§ 3o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for primá-
rio e de bons antecedentes, desde que:"

- tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia, o pagamento da con-
tribuição social previdenciária, inclusive acessórios; ou"

- o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido
pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas exe-
cuções fiscais."

Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força da natureza

Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da
natureza:

Pena - detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, ou multa. Parágrafo único - Na mesma pena incorre:

Apropriação de tesouro

- quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo ou em parte, da quota a que tem direito
o proprietário do prédio;

Apropriação de coisa achada

- quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao
dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo de 15 (quinze)
dias.

Art. 170 - Nos crimes previstos neste Capítulo, aplica-se o disposto no art. 155, § 2º. Início

CAPÍTULO VI

DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES

Estelionato

Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo
alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:

Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.

§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme
o disposto no art. 155, § 2º.

§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem: Disposição de coisa alheia como própria

- vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia coisa alheia como própria; Aliena-
ção ou oneração fraudulenta de coisa própria

- vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria inalienável, gravada de ônus ou liti-
giosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante pagamento em prestações, silenciando
sobre qualquer dessas circunstâncias;

Defraudação de penhor

- defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro modo, a garantia pignoratícia,
quando tem a posse do objeto empenhado;

Fraude na entrega de coisa

- defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que deve entregar a alguém; Fraude para

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CRIMES CONTRA A PESSOA

recebimento de indenização ou valor de seguro

- destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava
as conseqüências da lesão ou doença, com o intuito de haver indenização ou valor de seguro;

Fraude no pagamento por meio de cheque

- emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento.

§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento de entidade de direito


público ou de instituto de economia popular, assistência social ou beneficência.

Duplicata simulada

Art. 172 - Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não corresponda à mercadoria vendida, em
quantidade ou qualidade, ou ao serviço prestado. (redação da Lei nº 8.137, de 27.12.90)

Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

Parágrafo único - Nas mesmas penas incorrerá aquele que falsificar ou adulterar a escrituração do
Livro de Registro de Duplicatas.

Abuso de incapazes

Art. 173 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, de necessidade, paixão ou inexperiência de menor,
ou da alienação ou debilidade mental de outrem, induzindo qualquer deles à prática de ato suscetível
de produzir efeito jurídico, em prejuízo próprio ou de terceiro:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. Induzimento à especulação

Art. 174 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, da inexperiência ou da simplicidade ou inferioridade


mental de outrem, induzindo-o à prática de jogo ou aposta, ou à especulação com títulos ou mercado-
rias, sabendo ou devendo saber que a ooperação é ruinosa:

Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. Fraude no comércio

Art. 175 - Enganar, no exercício de atividade comercial, o adquirente ou consumidor: I - vendendo,


como verdadeira ou perfeita, mercadoria falsificada ou deteriorada;

II - entregando uma mercadoria por outra:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa.

§ 1º - Alterar em obra que lhe é encomendada a qualidade ou o peso de metal ou substituir, no


mesmo caso, pedra verdadeira por falsa ou por outra de menor valor; vender pedra falsa por verda-
deira; vender, como precioso, metal de ou outra qualidade:

Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.

§ 2º - É aplicável o disposto no art. 155, § 2º. Outras fraudes

Art. 176 - Tomar refeição em restaurante, alojar-se em hotel ou utilizar-se de meio de transporte sem
dispor de recursos para efetuar o pagamento:

Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 2 (dois) meses, ou multa.

Parágrafo único - Somente se procede mediante representação, e o juiz pode, conforme as circuns-
tâncias, deixar de aplicar a pena.

Fraudes e abusos na fundação ou administração de sociedade por ações

Art. 177 - Promover a fundação de sociedade por ações, fazendo, em prospecto ou em comunicação
ao público ou à assembléia, afirmação falsa sobre a constituição da sociedade, ou ocultando fraudu-
lentamente fato a ela relativo:

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CRIMES CONTRA A PESSOA

Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, se o fato não constitui crime contra a economia
popular.

§ 1º - Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui crime contra a economia popular:

- o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por ações, que, em prospecto, relatório, parecer, ba-
lanço ou comunicação ao público ou à assembléia, faz afirmação falsa sobre as condições econômi-
cas da sociedade, ou oculta fraudulentamente, no todo ou em parte, fato a elas relativo;

- o diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por qualquer artifício, falsa cotação das ações ou de
outros títulos da sociedade;

- o diretor ou o gerente que toma empréstimo à sociedade ou usa, em proveito próprio ou de terceiro,
dos bens ou haveres sociais, sem prévia autorização da assembléia geral;

- o diretor ou o gerente que compra ou vende, por conta da sociedade, ações por ela emitidas, salvo
quando a lei o permite;

- o diretor ou o gerente que, como garantia de crédito social, aceita em penhor ou em caução ações
da própria sociedade;

- o diretor ou o gerente que, na falta de balanço, em desacordo com este, ou mediante balanço falso,
distribui lucros ou dividendos fictícios;

- o diretor, o gerente ou o fiscal que, por interposta pessoa, ou conluiado com acionista, consegue a
aprovação de conta ou parecer;

- o liquidante, nos casos dos ns. I, II, III, IV, V e VII;

- o representante da sociedade anônima estrangeira, autorizada a funcionar no País, que pratica os


atos mencionados nos ns. I e II, ou dá falsa informação ao Governo.

§ 2º - Incorre na pena de detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, o acionista que, a fim
de obter vantagem para si ou para outrem, negocia o voto nas deliberações de assembléia geral.

Emissão irregular de conhecimento de depósito ou "warrant"

Art. 178 - Emitir conhecimento de depósito ou warrant, em desacordo com disposição legal: Pena -
reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Fraude à execução

Art. 179 - Fraudar execução, alienando, desviando, destruindo ou danificando bens, ou simulando dí-
vidas: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa.

Parágrafo único - Somente se procede mediante queixa. Início

CAPÍTULO VII

DA RECEPTAÇÃO

Receptação

Art. 180- Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que
sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: (nova
redação da Lei nº 9.426, de 24.12.96)

Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

(redação original) -Art. 180 - Adquirir, receber ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que
sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte:

Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Receptação qualificada

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CRIMES CONTRA A PESSOA

§ 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar,
vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de
atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber ser produto de crime: (nova redação da Lei nº
9.426, de 24.12.96)

Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.

(redação original) § 1º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o
valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso:

Pena - detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, ou multa, ou ambas as penas.

§ 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do parágrafo anterior, qualquer forma de comér-
cio irregular ou clandestino, inclusive o exercício em residência. (nova redação da Lei nº 9.426, de
24.12.96)

(redação original) § 2º - A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor do
crime de que proveio a coisa.

§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor e o preço,
ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso: (nova redação da
Lei nº 9.426, de 24.12.96)

(redação original) § 3º - No caso do § 1º, se o criminoso é primário pode o juiz, tendo em considera-
ção as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. No caso de receptação dolosa, cabe o disposto no §
2º do art.

155.

Pena - detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, ou multa, ou ambas as penas.

§ 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor do crime de que
proveio a coisa. (nova redação da Lei nº 9.426, de 24.12.96)

(redação original) § 4º - No caso dos bens e instalações do patrimônio da União, Estado, Município,
empresa concessionária de serviços públicos ou sociedade de economia mista adquiridos dolosa-
mente: Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.

§ 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o juiz, tendo em consideração as circuns-


tâncias, deixar de aplicar a pena. Na receptação dolosa aplica-se o disposto no § 2º do art. 155.
(acrescido pela Lei nº 9.426, de 24.12.96)

§ 6º - Tratando-se de bens e instalações do patrimônio da União, Estado, Município, empresa conces-


sionária de serviços públicos ou sociedade de economia mista, a pena prevista no caput deste artigo
aplica-se em dobro. (acrescido pela Lei nº 9.426, de 24.12.96)

CAPÍTULO VIII

DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo: I -
do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;

II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural.

Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste título é cometido
em prejuízo:

I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;

III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.

Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores:

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- se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave ameaça ou vio-
lência à pessoa;

- ao estranho que participa do crime.

– se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos."
(NR)(Acrescido pela LEI No 10.741/ 1º.10. 2003)

Fé Pública: confiança geral na legitimidade de algo, necessária à vida social. Falsum é o meio pela
qual se faz lesar a fé pública. Vejamos os requisitos para configuração destes crimes:

Existência de dolo. Não existe crime de falsificação culposa.

Alteração ou imitação da verdade.

Material: se refere a elementos exteriores que compõem o documento. Pode ser feita por contrafa-
ção[1], alteração[2], supressão[3];

Ideológica: o que se muda é a ideia que deveria ter o documento. Não expressa a realidade que de-
veria. Simulação.

Pessoal: atribuição de dados falsos – situação relativa à identificação da pessoa.

Dano potencial (idoneidade do falsum): A quebra da fé pública tem repercussão em todo o meio so-
cial (receio de repetição).

Da Moeda Falsa

Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no
país ou no estrangeiro:

Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa.

§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia, importa ou exporta, adquire,
vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação moeda falsa.

§ 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui à circula-
ção, depois de conhecer a falsidade, é punido com detenção, de seis meses a dois anos, e multa.

§ 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos, e multa, o funcionário público ou diretor, gerente,
ou fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emissão:

I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei; II - de papel-moeda em quantidade


superior à autorizada.

§ 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moeda, cuja circulação não estava ainda
autorizada.

Tutela à fé pública: confiança na autenticidade e regularidade da emissão/circulação da moeda (inte-


resse coletivo). O crime de moeda falsa é caracterizado pelo aumento de valor, quando se trata de
alteração, não configurando o crime quando a alteração é para valor menor, pois nesse caso não há
risco para a coletividade. Falsificar (imitar com fraude) moeda metálica ou papel moeda de curso legal
no País ou no estrangeiro (excluídas; retirada de circulação, convencionalmente utilizada), através de
fabricação (contrafação) ou alteração (modificação/adulteração). A falsificação deve ser idônea (apta
a iludir pessoas de diligencia comum) para colocar a fé pública em risco.

Se for absolutamente grosseira – art. 17, CP.

Se enganar apenas pessoa (s) determinada (s) – Art. 17, CP, Súmulas 13 e 73 do STJ

O elemento subjetivo é o dolo. Não há que se falar em crime de moeda falsa de forma culposa. A
consumação ocorre com a prática da conduta, independentemente de prejuízo a alguém ou de que
entre em circulação (desde que apta a iludir). É crime formal. A tentativa é admissível pois é um crime

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CRIMES CONTRA A PESSOA

plurissubsistente.

O art. 291 (petrechos) incrimina os atos preparatórios do art. 289, CP.

Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gratuito, possuir ou guardar maquinismo, aparelho,
instrumento ou qualquer objeto especialmente destinado à falsificação de moeda.

Crime formal consuma-se com a prática de um dos núcleos, sendo permanente em possuir e guardar.

Tentativa admissível. Figura Equiparada:

§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia, importa ou exporta, adquire,
vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação moeda falsa.

O sujeito que falsifica a moeda não será condenado pelo § 1º, pois é esperado que ele tome uma das
condutas descritas. É um pós fato não punível. O crime descrito nesse parágrafo é formal, com exce-
ção apenas da conduta “vender”, pois esse é material. Ainda, a conduta “guardar” é crime perma-
nente.

Figura Privilegiada:

§ 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui à circula-
ção, depois de conhecer a falsidade, é punido com detenção, de seis meses a dois anos, e multa.

Não se trata de um crime culposo, mas sim de um crime com menor reprovabilidade. No momento em
que o sujeito está ciente da falsidade e repassa a moeda afrente, pratica o crime do § 2º. Consuma-
se com a restituição. A tentativa é admissível, mas pouco provável.

Qualificadoras:

§ 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos, e multa, o funcionário público ou diretor, gerente,
ou fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emissão:

I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei; II - de papel-moeda em quantidade


superior à autorizada.

§ 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moeda, cuja circulação não estava ainda
autorizada.

É crime próprio pois o § 3º descreve os sujeitos ativos do crime. Os sujeitos ativos agem em razão o
ofício. O inciso I se refere apenas à moeda metálica, enquanto o inciso II se refere apenas ao papel
moeda. No § 4º, a moeda é verdadeira, mas o que é punível é a circulação, que ainda não tinha a cir-
culação autorizada.

Falsidade Documental

Tutela à fé pública: crença coletiva que deve recair sobre a veracidade e a autenticidade dos docu-
mentos.

Documento para fins penais é aquele escrito, inteligível, que vai exprimir uma ideia de alguém. É pre-
ciso que haja uma pessoa determinada/responsável pelo documento. Ainda, é preciso que esse do-
cumento tenha relevância jurídica, relevância no meio social. Necessita ter eficácia probatória no sen-
tido de que ele é suficiente para provar a sua veracidade. Figura/pintura/foto: podem compor um do-
cumento, mas não podem ser considerados documentos em si. Funcionário Público[4]: é um conceito
amplo, abrangente, válido para toda a legislação penal. O § 1º traz uma equiparação que abarca
quem exerce cargo, emprego ou função pública em entidades paralelas ao Estado.

Falsificação de Documento Público

Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verda-
deiro: Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.

Documento Público: deve ser (i) elaborado por funcionário público; (ii) criado no exercício das funções

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públicas e (iii) com a observância das formalidades legais.

Um compromisso de compra e venda registrado em cartório não é um documento público, pois não
foi elaborado por funcionário público. O registro em si é um documento público, mas o documento pri-
vado sob o qual foi feito o registro não.

Documento público por equiparação:

§ 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o emanado de entidade paraestatal,


o título ao portador ou transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial, os livros mercan-
tis e o testamento particular.

São documentos particulares que exigem maior proteção e, portanto, são equiparados à documento
público:

Emitido por paraestatais (autarquias, empresa públicas, de economia mista, etc.)

Título ao portador (transferível por tradição) ou transmissível por endosso (declaração no próprio tí-
tulo) – notas promissórias, cheques.

Ações de sociedade comercial (qualquer tipo)

Livros mercantis (obrigatórios ou facultativos)

Testamento particular

O cheque é sempre documento público para fins penais? Não, se ele não for mais transferível por en-
dosso, ele será particular. Falsificar (reproduzir imitando), total (criação completa) ou parcialmente
(acréscimos), ou alterar (modificar algo existente), de forma idônea (apta a ludibriar indeterminadas
pessoas),

possuindo potencialidade lesiva. O elemento subjetivo é o dolo direto ou eventual. A consumação se


dá com a falsificação, não precisando o documento ser utilizado. A tentativa é admissível, mas pouco
provável.

Causa de aumento de pena:

§ 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a


pena de sexta parte.

Se o funcionário público expedir corretamente o documento, com o conteúdo falso, ele responde por
crime de falsidade ideológica.

Falsificação de documento público previdenciário:

§ 3o Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

– na folha de pagamento ou em documento de informações que seja destinado a fazer prova perante
a previdência social, pessoa que não possua a qualidade de segurado obrigatório;(Incluído pela Lei nº
9.983, de 2000)

– na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em documento que deva produzir


efeito perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita; (Inclu-
ído pela Lei nº 9.983, de 2000)

– em documento contábil ou em qualquer outro documento relacionado com as obrigações da em-


presa perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter constado. (Incluído
pela Lei nº 9.983, de 2000)

É crime de falsidade ideológica. O documento é expedido atendendo a todos os seus requisitos, mas
o conteúdo é falso. A conduta “inserir” ocorre quando própria pessoa inclui dados, enquanto a con-
duta “fazer inserir” ocorre quando uma pessoa age para que outra inclua dados. É crime comissivo e
consuma-se com a conduta dolosa. Admite tentativa.

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CRIMES CONTRA A PESSOA

§ 4o Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos mencionados no § 3o, nome do segu-
rado e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de prestação de
serviços.(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

É crime omissivo próprio e consuma-se com a conduta dolosa. Não admite tentativa. Observa-se que
os crimes previstos nos parágrafos 3º e 4º são de competência da Justiça Federal.

Falso Documental e Estelionato:

Súmula 17/STJ: “quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este
absorvido”.

Súmula 73/STJ: “a utilização de papel-moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime


de estelionato, da competência da Justiça Estadual.

Assim, se a fraude se esgota no estelionato ou não tinha capacidade de iludir determinadas pessoas,
mas iludiu alguém, agente responderá apenas pelo crime contra o patrimônio.

Falsificação de documento particular

Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar documento particular verda-
deiro: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.

Será documento particular todo aquele que não seja público ou equiparado a ele. O crime de falsifica-
ção de documento particular possui todas as características do crime de falsificação de documento
público.

Parágrafo único: falsificação de cartão de crédito ou débito (12.737/12). Falsidade Ideológica

Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele in-
serir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar di-
reito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante:

Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público, e reclusão de um a três


anos, e multa, se o documento é particular.

Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, ou


se a falsificação ou alteração é de assentamento de registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte.

Não há a criação, alteração ou supressão material. A idéia é falsa, embora o emissor seja legítimo.
Não há que se falar em prova pericial, pois o documento preencheu todos os requisitos de emissão. A
falsidade imediata ocorre quando o próprio agente (i) omite declaração que deveria constar ou (ii) in-
sere declaração falsa ou diversa.

A falsidade mediata ocorre quando o agente se vale de terceiro para fazer inserir declaração falsa ou
diversa. O Elemento Subjetivo é o dolo com o especial fim de prejudicar direito, criar obrigação ou al-
terar a verdade sobre o fato juridicamente relevante. A causa de aumento de pena vem descrita no
§único, e ocorre quando o agente é funcionário público. É um § criticado, pois o funcionário público já
está incluso no caput, quando se trata de documento público, fato que caracterizaria bis in idem. No
entanto, a doutrina e jurisprudência tem o entendimento de que não fica caracterizado o bis in idem,
pois o funcionário público tem maior responsabilidade.

Consumação:

Omissão: com a omissão (é crime omissivo próprio e não admite tentativa).

Inserir/Fazer inserir: com a inserção (é crime comissivo e admite tentativa).

Objeto especial: assentamento de registro civil. É mais grave porque todas as certidões posteriores
terão como base a certidão adulterada e, portanto conterão a falsidade.

*Obs. ATENÇÃO aos arts. 241 e 242 = crimes autônomos – crimes de falsidade ideológica específica.
Falsidade de atestado médico

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CRIMES CONTRA A PESSOA

Art. 302 - Dar o médico, no exercício da sua profissão, atestado falso: Pena - detenção, de um mês a
um ano.

Parágrafo único - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa.

Dar (ceder, produzir) atestado médico falso (sobre fato relevante). O sujeito ativo é o médico, por-
tanto, é crime próprio. O sujeito passivo é o Estado (a coletividade). O elemento subjetivo é o dolo di-
reto ou eventual. A consumação se dá com a entrega do atestado falso (maioria). Há também o en-
tendimento de que estaria consumado no momento da elaboração do atestado. A tentativa é admissí-
vel. Caso o médico seja servidor público e aceite dinheiro para elaborar o atestado, ele praticará
crime de corrupção passiva.

Uso de documento falso

Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a
302: Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.

É um crime remetido, que não mais tem em si toda a conduta típica, mas faz menção a outros crimes.
Assim, a pena tem pena variável, dependendo do tipo de documento falsificado. É crime comum, com
exceção do envolvido na falsificação. Pressupõe-se que aquele que falsificou o documento ira fazer
uso dele, portanto, o crime descrito no art. 304, é um pós-fato impunível. O sujeito passivo é a coleti-
vidade. O elemento subjetivo é o dolo direto ou eventual. A consumação se dá com a efetiva utiliza-
ção do documento falso, assim o simples porte do documento não configura crime. A tentativa é inad-
missível, para a maioria.

*Obs. Quando irmão gêmeo pega a cnh do outro, prática qual crime? Art. 308, pois o documento não
é falso.

Supressão de documento

Art. 305 - Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio, do-
cumento público ou particular verdadeiro, de que não podia dispor:

Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa, se o documento é público, e reclusão, de um a cinco
anos, e multa, se o documento é particular.

Destruir (perda da forma), suprimir (fazer desparecer – riscar, tornar ilegível) ou ocultar (esconder)
documento público ou particular verdadeiro (objeto material), de que não podia dispor (elemento nor-
mativo relacionado à ilicitude da conduta). É crime comum e o sujeito passivo é o Estado (coletivi-
dade). O elemento subjetivo é o dolo direto, de forma que há um fim especial, qual seja, em benefício
próprio ou de outrem o em prejuízo alheio.

A consumação se dá com a própria conduta, pois é crime formal. A diferença entre esse crime e o es-
telionato está na especialidade. O estelionato tem o fim de proporcionar beneficio próprio e em preju-
ízo alheio, ao passo que o crime de supressão de documento tem o fim de proporcionar beneficio pró-
prio ouem prejuízo alheio. O estelionato é mais especifico que a supressão de documentos.

De Outras Falsidades

Falsa identidade

Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para obter vantagem, em proveito próprio
ou alheio, ou para causar dano a outrem:

Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o fato não constitui elemento de crime mais
grave.

Art. 308 - Usar, como próprio, passaporte, título de eleitor, caderneta de reservista ou qualquer docu-
mento de identidade alheia ou ceder a outrem, para que dele se utilize, documento dessa natureza,
próprio ou de terceiro:

Pena - detenção, de quatro meses a dois anos, e multa, se o fato não constitui elemento de crime
mais grave.

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CRIMES CONTRA A PESSOA

A falsidade pessoal recai sobre a identidade civil, não sobre a pessoa física. A esses dois crimes se
atribuem subsidiariedade. Somente serão considerados se não foram meios para crimes mais graves.
Possuem subsidiariedade expressa.

Art. 307: Atribuir (imputar, considerar) a si próprio ou a terceiro falsa identidade (conjunto de caracte-
rísticas peculiares de uma pessoa que permite individualiza-la.

Art. 308; Usar (empregar) documento de identidade (interpretação analógica) alheia (pertencente a
terceiro) ou ceder (dispor) a outrem documento dessa natureza, próprio ou de terceiro.

O elemento subjetivo é o dolo:

Art. 307: com o especial fim de obter vantagem em proveito próprio ou alheio, ou para causar dano a
outrem.

Art. 308: ceder exige especial fim (para que dele se utilize).

É crime comum e o sujeito passivo é a coletividade. A consumação ocorre com a conduta, vez que
trata-se de crime formal. A tentativa é admissível, quando plurissubsistente.

Adulteração de sinal identificador de veiculo automotor

Art. 311 - Adulterar ou remarcar número de chassi ou qualquer sinal identificador de veículo automo-
tor, de seu componente ou equipamento:(Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996))

Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)

§ 1º - Se o agente comete o crime no exercício da função pública ou em razão dela, a pena é aumen-
tada de um terço. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)

§ 2º - Incorre nas mesmas penas o funcionário público que contribui para o licenciamento ou registro
do veículo remarcado ou adulterado, fornecendo indevidamente material ou informação oficial. (Inclu-
ído pela Lei nº 9.426, de 1996)

Adulterar (falsificar) ou remarcar (colocar nova marca) número de chassi(estrutura sobre a qual se
monta a carroceria) ou qualquer sinal identificador de veiculo automotor (Anexo I do CTB), de seus
componentes ou equipamento (placas, numeração de vidros, motor etc.). A maioria entende que essa
alteração descrita no caput deve ser permanente.

*Obs.

Pessoa que coloca fita adesiva na placa para evitar o rodizio? Entende a maioria que não há uma sig-
nificante lesividade. A alteração não é de caráter permanente e a consideração de tal conduta como
crime previsto no art. 311 seria desproporcional. No entanto, o STJ tem afirmado que essa situação
configura crime do art. 311, pois pode trazer prejuízo, principalmente quando o veiculo se envolve em
acidentes. A supressão de número do chassi não configura esse crime, na medida em que não houve
adulteração ou remarcação.

O crime é comum e sujeito passivo é o Estado (coletividade). O elemento subjetivo é o dolo (não há
finalidade especial). Os §§ 1º e 2º são causas de aumento de pena, as quais se configuram com a
atuação do funcionário público no exercício de sua função. A consumação e dá com a alteração e a
tentativa é admissível, pois o crime é plurissubsistente.

Fraudes em certames de interesse público

Art. 311-A. Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de com-
prometer a credibilidade do certame, conteúdo sigiloso de: (Incluído pela Lei 12.550. De 2011)

- concurso público; (Incluído pela Lei 12.550. De 2011)

- avaliação ou exame públicos; (Incluído pela Lei 12.550. De 2011)

- processo seletivo para ingresso no ensino superior; ou (Incluído pela Lei 12.550. De 2011) IV -

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CRIMES CONTRA A PESSOA

exame ou processo seletivo previstos em lei: (Incluído pela Lei 12.550. De 2011)

Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído pela Lei 12.550. De 2011)

§ 1o Nas mesmas penas incorre quem permite ou facilita, por qualquer meio, o acesso de pessoas
não autorizadas às informações mencionadas nocaput. (Incluído pela Lei 12.550. De 2011)

§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à administração pública: (Incluído pela Lei 12.550. De
2011) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído pela Lei 12.550. De 2011)

§ 3o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o fato é cometido por funcionário público. (Incluído pela
Lei 12.550. De 2011)

Bem jurídico: lisura dos certames públicos. Utilizar (dar uso) ou divulgar (tornar público), indevida-
mente (elemento normativo), conteúdo sigiloso de concursos, vestibulares etc. O elemento subjetivo é
o dolo direto, com a especial finalidade de beneficiar a si ou a outrem ou de comprometer a credibili-
dade do certame.

O crime é comum e sujeito passivo é o Estado (coletividade). A causa de aumento de pena (§ 3º) se
configura quando o fato é cometido por funcionário público. O § 1º descreve uma conduta equiparada,
que possui permitir ou facilitar como verbo do tipo. O § 2º descreve a qualificadora que ocorre quando
resulta dano à administração.

Criação de um documento, semelhante ao verdadeiro. Papel semelhante, impressão semelhante.

Inserção de algo em um documento verdadeiro. O documento é verdadeiro e se insere algo no docu-


mento.

Retirada de informação do documento, alterando-se a verdade.

Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou
sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.

§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraes-
tatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execu-
ção de atividade típica da Administração Pública.

O concurso de pessoas é o cometimento da infração penal por mais de uma pessoa. Tal cooperação
da prática da conduta delitiva pode se dar por meio da coautoria, participação, concurso de delin-
quentes ou de agentes, entre outras formas. Existem ainda três teorias sobre o concurso de pessoas,
vejamos:

Teoria unitária: quando mais de um agente concorre para a prática da infração penal, mas cada um
praticando conduta diversa do outro, obtendo, porém, um só resultado. Neste caso, haverá somente
um delito. Assim, todos os agentes incorrem no mesmo tipo penal. Tal teoria é adotada pelo Código
Penal.

Teoria pluralista: quando houver mais de um agente, praticando uma conduta diversa dos demais,
ainda que obtendo apenas um resultado, cada qual responderá por um delito. Esta teoria foi adotada
pelo Código Penal ao tratar do aborto, pois quando praticado pela gestante, esta incorrerá na pena do
art. 124, se praticado por outrem, aplicar-se-á a pena do art. 126. O mesmo procedimento ocorre na
corrupção ativa e passiva.

Teoria dualista: segunda tal teoria, quando houver mais de um agente, com diversidades de conduta,
provocando-se um resultado, deve-se separar os coautores e partícipes, sendo que cada "grupo" res-
ponderá por um delito.

Coautoria e Participação

Há dois posicionamentos sobre o assunto, embora ambos dentro da teoria objetiva:

Teoria formal: de acordo com a teoria formal, autor é o agente que pratica a figura típica descrita no

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CRIMES CONTRA A PESSOA

tipo penal, e partícipe é aquele que comete ações não contidas no tipo, respondendo apenas pelo au-
xílio que prestou (entendimento majoritário). Exemplo: o agente que furta os bens de uma pessoa, in-
corre nas penas do art. 155 do CP, enquanto aquele que o aguarda com o carro para ajudá-lo a fugir,
responderá apenas pela colaboração.

Teoria normativa: aqui o autor é o agente que, além de praticar a figura típica, comanda a ação dos
demais ("autor executor" e "autor intelectual"). Já o partícipe é aquele colabora para a prática da con-
duta delitiva, mas sem realizar a figura típica descrita, e sem ter controle das ações dos demais. As-
sim, aquele que planeja o delito e aquele que o executa são coautores.

Sendo assim, de acordo com a opinião majoritária - teoria formal, o executor de reserva é apenas par-
tícipe, ou seja, se João atira em Pedro e o mata, e logo após Mario também desfere tiros em Pedro,
Mario (executor de reserva) responderá apenas pela participação, pois não praticou a conduta matar,
já que atirou em um cadáver. Ressalta-se, porém, que o juiz poderá aplicar penas iguais para autor e
partícipe, e até mesmo pena mais gravosa a este último, quando, por exemplo, for o mentor do crime.

Sobre o assunto, preceitua o art. 29 do CP que, "quem, de qualquer modo, concorre para o crime in-
cide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade", dessa forma deve-se analisar
cada caso concreto de modo a verificar a proporção da colaboração.

Além disso, se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um
terço, segundo disposição do § 1º do artigo supramencionado, e se algum dos concorrentes quis par-
ticipar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até me-
tade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave (art. 29, § 2º, do CP).

Ademais, quando o autor praticar fato atípico ou se não houver antijuridicidade, não há o que se falar
em punição ao partícipe - teoria da acessoriedade limitada.

Crime Plurissubjetivo

O crime plurissubjetivo é aquele que exige a presença de mais de uma pessoa, como acontece no
crime de associação criminosa, rixa, entre outros. Assim, nestes crimes não há o que se falar em par-
ticipação, já que a pluralidade de agentes garante o tipo penal, sendo todos autores. Em contrapar-
tida, nos crimes unissubjetivos, quando houver mais de um agente, aplicar-se-á a regra do art. 29 do
CP, já citado, devendo-se analisar a conduta de cada qual para aplicação da pena.

O crime plurissubjetivo não se confunde com o delito de participação necessária, pois neste último o
autor pratica vários crimes, porém o tipo penal exige a colaboração do sujeito passivo, que não será
punido.

Exemplo: corrupção de menores, favorecimento à prostituição etc.

Requisitos do concurso pessoas

Presença de dois ou mais agentes;

Nexo de causalidade material entre as condutas realizadas e o resultado obtido;

Não há necessidade de ajuste prévio entre os agentes, mas deve haver vontade de obtenção do re-
sultado (vínculo de natureza psicológica). Ou seja, mesmo que os agentes não se conheçam pode
haver o concurso de pessoas se existente a vontade de obtenção do mesmo resultado. Tal hipótese
admite ainda a autoria sucessiva. Exemplo: empregada deixa a porta da casa aberta, permitindo que
o ladrão subtraia os bens do imóvel. Enquanto isso, uma outra pessoa, ao ver os fatos, resolve dele
aderir retirando também as coisas da casa;

Reconhecimento da prática do mesmo delito para todos os agentes;

Existência de atipicidade e antijuridicidade, já que se o fato não é punível para um dos coautores,
também não será para os demais.

Autoria Mediata e Colateral

A autoria mediata ocorre quando o agente usa de pessoa não culpável, ou que atua sem dolo ou

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CRIMES CONTRA A PESSOA

culpa para realizar o delito. São situações que ensejam a autoria mediata: valer-se de inimputável,
coação moral irresistível, obediência hierárquica, erro de tipo escusável ou de proibição, provocados
por terceiro. Porém, há inúmeros casos em que o inimputável (menor, por exemplo) não é usado
como instrumento da obtenção do resultado. Quando o inimputável também quiser atingir o resultado,
será co-autor e tal modalidade de concurso denominar-se-á concurso impropriamente dito, concurso
aparente ou pseudoconcurso, já que um agente é penalmente responsável e o outro não.

Já a autoria colateral ocorre quando dois agentes têm a intenção de obter o mesmo resultado, porém
um desconhece a vontade do outro, sendo que o objetivo poderá ser atingido pela ação de somente
um deles ou pela ação de ambos.

Exemplo: Jorge e Antônio pretendem matar Carlos, e para tanto se escondem próximo à sua residên-
cia, sem que um saiba da presença do outro, e atiram na vítima. Assim, Jorge e Antônio responderão
por homicídio em autoria colateral já que um não tinha conhecimento da ação do outro (não há vín-
culo psicológico).

Salienta-se que, se apenas o tiro desferido por Jorge atingir Carlos, ele responderá por homicídio
consumado, ao passo que Antônio responderá por homicídio tentado. Se não for possível verificar
qual tiro matou Carlos, Jorge e Antônio responderão por tentativa de homicídio. Porém, se Jorge des-
fere tiro em Carlos e o mata, e só depois é que Antônio atira na vítima, haverá crime impossível para
ele. Neste caso, se não for possível identificar qual tiro matou Carlos, ambos os agentes serão absol-
vidos por crime impossível (autoria incerta).

Participação por omissão e conveniência, e co-autoria em crime omissivo

A participação por omissão ocorre quando a pessoa tinha o dever de evitar o resultado e não o fez.
Exemplo: responde por crime de incêndio o bombeiro que não cumpriu seu dever se agir para comba-
ter o fogo.

Já a participação por conivência ocorre quando a pessoa não tinha o dever de evitar o resultado, nem
tinha vontade de obtenção do mesmo. Neste caso, não haverá punição - concurso absolutamente ne-
gativo. Exemplo: o vendedor de uma loja sabe que seu colega está furtando dinheiro do caixa, porém,
não tem obrigação de denunciá-lo já que não exerce a função de segurança, nem trabalha na mesma
seção.

A autoria em crime omissivo ocorre, por exemplo, quando duas pessoas se deparam com alguém fe-
rido e ambas não procuram ajuda. Nesta hipótese, responderão por co-autoria em omissão de so-
corro. Porém, há também entendimento que não há possibilidade de co-autoria nestes crimes, e sim
autoria colateral, pois existem condutas individuais, sendo o dever de agir infracionável.

Participação e cumplicidade há três visões sobre o assunto:

Cúmplice é aquele que auxilia no cometimento de crime sem ter tal conhecimento. Exemplo: dar ca-
rona a bandido sem saber que este está fugindo;

Cúmplice é aquele que colabora materialmente com a prática de infração penal;

Cúmplice é aquele que colabora dolosamente para prática de conduta delituosa, mesmo que o autor
não tenha consciência deste favorecimento.

Como não há entendimento majoritário, decidiu-se que quem auxilia na prática de um crime é cúm-
plice, seja co-autor ou partícipe.

Incomunicabilidade de Circunstâncias

Não se comunicam entre co-autores e partícipes as circunstâncias consideradas individualmente no


concurso de agentes.

Prevê o art. 30 do CP que, "não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal,


salvo quando elementares do crime".

Considera-se circunstância de caráter pessoal aquela situação particular que envolve o agente, mas

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não é inerente à sua pessoa.

Exemplo: confissão espontânea, que atenua a pena e não se transfere aos demais co-autores. A con-
dição de caráter pessoal consiste em qualidade da pessoa, tais como menoridade e reincidência, con-
dições estas que também não se transferem aos demais agentes do delito.

As circunstâncias elementares do crime são componentes do tipo penal, que se transmite aos demais
agentes da infração penal. Assim, se uma funcionária pública furta bens da repartição com sua colega
que não exerce cargo público, ambas responderão por peculato-furto (art. 312, § 1º do CP). Em rela-
ção ao crime de infanticídio há discussão sobre a transferência da circunstância elementar, já que a
pena para tal crime não é tão gravosa tendo em vista o estado em que se encontra a mãe. Sendo as-
sim, muitos não concordam com a transmissão da circunstância elementar, pois não seria justo que
co-autor fosse favorecido.

Em contrapartida, há entendimento que, mesmo no infanticídio há transferência da circunstância ele-


mentar pois a Lei não fez nenhuma ressalva sobre o assunto, e esta é a opinião majoritário. Assim,
embora o estado puerperal seja circunstância personalíssima, também é elementar do tipo, dessa
maneira, quem auxilia a genitora a matar recém-nascido ou o faz sozinho a pedido da mesma, res-
ponderá por infanticídio.

Casos de Impunibilidade

Determina o art. 31 do CP que, "o ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição
expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado". Entre-
tanto, tais condutas - ajuste (acordo), instigação (estímulo), auxílio (assistência) e determinação (deci-
são) - serão puníveis quando houver disposição expressa neste sentido, como é o caso do art. 288
do CP -

"associarem-se 03 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes (...)". Assim, se-
rão puníveis tais atos quando houver início da execução do delito, pois do contrário serão considera-
das condutas atípicas, já que não houve perigo a nenhum bem protegido pelo ordenamento jurídico
(o mesmo ocorre no crime impossível concurso de pessoas (também chamado de concurso de agen-
tes) pode ser definido como a concorrência de duas ou mais pessoas para o cometimento de um ilí-
cito penal.

Código Penal Brasileiro, em seu artigo 29, não define especificamente o concurso de pessoas, po-
rém, afirma que “quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas,
na medida de sua culpabilidade”.

Art. 29. Concurso de pessoas

Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na me-
dida de sua culpabilidade.

§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço.

§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena
deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais
grave.

Na doutrina, tem-se definido o concurso de agentes como a reunião de duas ou mais pessoas, de
forma consciente e voluntária, concorrendo ou colaborando para o cometimento de certa infração pe-
nal.

Para a caracterização de um ilícito penal, é necessário, primeiramente, uma conduta humana, posi-
tiva ou negativa, cometida por uma ou várias pessoas, não sendo todo comportamento do homem um
delito, em face do princípio de reserva legal somente os que estão tipificados pela lei penal podem
assim ser considerados.

Já os requisitos para a caracterização do concurso de pessoas serão demonstrados a seguir. TEO-


RIAS

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CRIMES CONTRA A PESSOA

Quando um crime é cometido por mais uma de uma pessoa, ocorre o concurso de pessoas. Nas pala-
vras do doutrinador Fábio Miranda Mirabete, o concurso pode ser definido como a ciente e voluntária
participação de duas ou mais pessoas na mesma infração penal, havendo uma convergência de von-
tades visando um fim comum, sendo dispensável um acordo prévio entre as pessoas.

Seguindo essa mesma linha, Guaracy Moreira adiciona mais uma característica ao concurso de pes-
soas, ao salientar que nem todos praticam a mesma ação num evento criminoso. Há os que praticam
o verbo previsto no tipo penal, os coautores, e há os que colaboram para o resultado, os participes.

Discordando de certa parte da doutrina, o mestre Nelson Hungria, adota outra postura quando se
trata da questão de haver ou não um acordo prévio entre os agentes. Em sua doutrina ensina que,
deve haver um acordo de vontades que o acordo de vontades verse sobre o objetivo crime e sobre os
meios de alcança-lo. Enquanto não se fundem em uma só as opiniões dos co-partícipes, ou enquanto
não se estabelece entre eles a perfeita unidade de intenção (desígnios) e de planos, não é atingido o
summatum opus, ou seja, não é atingida a consumação do concurso de agentes. Contudo, para que
se tenha o concurso de pessoas é preciso preencher os seguintes requisitos:

Pluralidade de condutas: é necessária a participação de duas ou mais pessoas, cada uma com a sua
conduta delituosa;

Relevância causal de cada uma: a participação deve ser relevante para a concretização do delito;

Liame subjetivo: deve existir um vinculo entre os agentes, um liame subjetivo, ou seja, as condutas
devem ser homogêneas: todos devem ter a consciência de que estão colaborando para a realização
de um crime; e

Identidade de infração para todos participantes: todos devem responder pelo mesmo crime.

Quando ao requisito b. relevância causal, é pelo código penal no art. 29, §1º do Código Penal, que
deve ser apurado no caso concreto, em que a pena será reduzida de um sexto a um terço. Tratando
deste assunto, o mestre Marcelo Fortes Barbosa utiliza como exemplo de participação de menor im-
portância a do motorista que se limitou a levar os latrocidas ao local do crime sem espera-los para
dar-lhes fuga.

Emprestar um veículo para a prática de furto se nos afigura como uma participação de menor impor-
tância.

No Direito Penal Brasileiro, existem duas principais teorias adotadas no concurso de pessoas: a teoria
monista e a pluralista.

Na teoria monista crime é único e indivisível, ainda que tenha sido praticado em concurso de várias
pessoas. Não se distingue entre as várias categorias de pessoas (autor, partícipe, instigador, cúm-
plice e etc.), sendo todos autores (ou coautores) do crime.

A crítica para essa teoria, que se baseia no fato de que essa posição dificulta o estabelecimento da
“equivalência das condições”, que torna assunto de grande discussão, pois a própria lei estabelece
que seja unitário o crime, mas admite causas de agravação e atenuação da pena.

Na teoria pluralista, a pluralidade de agentes corresponde a um real concurso de ações distintas,


tendo como consequência uma multiplicidade de delitos, praticando cada agente um crime próprio,
autônomo, independente dos demais.

A crítica existente para essa teoria baseia-se na ideia de que a participação de cada agente não é au-
tônomas, nem independentes, pois conversem para uma mesma ação de um único resultado deri-
vado de todas as causas diversas.

A lei penal vigente adota a teoria monista ou unitária. Assim, todos aqueles que concorrem para a
produção do crime, devem responder por ele.

A teoria comporta algumas exceções, como por exemplo, no caso de aborto consentido, a gestante

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CRIMES CONTRA A PESSOA

responde por infração ao art. 124 (consentir que outrem lhe provoque) e quem realizou o aborto pelo
crime do art. 126 (provocar aborto com consentimento da gestante), nesses casos é aplicada a teoria
pluralista, que admite que cada um dos concorrentes responda pela sua própria conduta, pois cada
um pratica um crime próprio, autônomo.

Requisitos Caracterizadores

Para que se configure o concurso (eventual) de pessoas é indispensável a existência de requisitos de


natureza objetiva e subjetiva, somados a outros que possam complementar e aperfeiçoar a prática
criminosa.

É possível extrair, pelo menos quatro requisitos básicos para o concurso de pessoas na prática crimi-
nosa, os quais se algum desses inexistentes, não há de se falar em concurso de pessoas. São eles:

Pluralidade de agentes e de condutas

Concorrência de mais de uma pessoa na execução de uma infração penal. No concurso de pessoas
nem todos os participantes, embora assim o desejem, contribuem com sua ação na infração penal.
Alguns praticam o fato material típico, núcleo do tipo; outros praticam atos que, por si sós, configura-
riam atos atípicos.

Todos os participantes de um evento criminoso não o fazem necessariamente da mesma forma, nas
mesmas condições e nem com a mesma importância, mesmo que contribuindo livre e espontanea-
mente para o seu resultado. Para Esther Ferraz, “enquanto alguns praticam o fato material típico, re-
presentado pelo verbo núcleo do tipo, outros se limitam a instigar, a induzir, a auxiliar moral ou materi-
almente o executor ou executores praticando atos que, em si mesmos, seriam atípicos”. Contudo,
como disposto no caput do artigo 29 do Código Penal, a participação de cada um deve se conjugar,
para colaboração causal de obtenção resultado criminoso, razão pela qual, todos respondem pelo
mesmo crime.

Todavia, é necessária a diferenciação de autor do mero partícipe, até pelo primado maior da culpabili-
dade, ou seja, da responsabilização das pessoas "na medida de sua culpabilidade", como dispõe o
caput do art. 29 do Código Penal. Por autor entende-se aquele que executa com suas próprias mãos
todos os elementos do tipo penal, em que poderá ainda utilizar de outra pessoa como instrumento ou
aquele que realiza a parte necessária de decisão criminosa para prática criminosa.

Este é o principal requisito para que se caracterize o concurso de pessoas.

Relevância Causal das Condutas

A conduta de típica ou atípica de cada participante deve se integrar em uma corrente causal que de-
termina o resultado. Para configurar participação a conduta precisa ter eficácia causal, provocando,
facilitando, estimulando a conduta principal. Portanto, conduta irrelevante para a produção do crime
não possui qualquer eficácia causal.

Não satisfaz a multiplicidade de agentes e condutas para que se configure o concurso de agentes, é
necessário ainda que o crime se faça por meio de condutas nas quais se possa vislumbrar o nexo de
causalidade entre elas e o resultado obtido. Desse modo, cada conduta deve ser relevante para a
contribuição objetiva do crime, no encadeamento causal dos eventos. Caso a conduta típica ou atí-
pica de cada participante não seja da corrente causal para determinação do resultado, será ela por si
só irrelevante.

Obviamente, se conclui que nem todo comportamento vai caracterizar a participação, pois é necessá-
rio que haja, no mínimo, estimulação, induzimento ou facilitação para prática criminosa. Nesse sen-
tindo, condutas irrelevantes ou insignificantes para existência do crime serão desprezadas, não cons-
tituindo sequer participação criminosa.

Vínculo Subjetivo

Para aperfeiçoamento do concurso de pessoas, devem existir vários agentes que contribuam para
uma ação comum. Não satisfaz o agente atuar com dolo/culpa.

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CRIMES CONTRA A PESSOA

É necessário que haja uma relação subjetiva entre os participantes do crime, pois, do contrário, várias
condutas poderão ser isoladas, autônomas e até mesmo desprezíveis. Deve haver, portanto, um vín-
culo psicológico e normativo entre os diversos autores do crime, de forma a se analisar essas condu-
tas como um todo, e a ser possível a aplicação do art. 29 do Código Penal.

Ensina Cezar Roberto Bittencourt que, todavia, o simples conhecimento da realização de uma infra-
ção penal ou mesmo a concordância psicológica caracterizam, no máximo, “conivência”, que não é
punível, a título de participação, se não constituir, pelo menos, alguma forma de contribuição causal,
ou, então, constituir, por si mesma, uma infração típica.

“Somente a adesão voluntária, objetiva (nexo causal) e subjetiva (nexo psicológico), à atividade crimi-
nosa de outrem, visando à realização do fim comum, cria o vínculo do concurso de pessoas e sujeita
os agentes à responsabilidade pelas consequências da ação.” (MIRABETE, Manual, v.1, p.226)

Portanto, deve haver uma participação consciente e voluntária no fato, mas não é indispensável o
acordo prévio de vontade para a existência do concurso de pessoas. A adesão tem que ser antes ou
durante a execução do crime, nunca posterior. No caso de acordo posterior a execução do crime,
esse caracteriza o favorecimento pessoal ou real previsto nos art. 348 e 349 do Código Penal, e não
o concurso de pessoas.

Nos crimes dolosos, basta apenas que o agente adira à vontade do outro, em que os participantes
deverão atuar com vontade homogênea, no sentido todos visarem a realização do mesmo tipo penal.
A existência de vínculo subjetivo não significa a necessidade de ajuste prévio (pactum sceleris) entre
os delinquentes. Rogério Greco afirma que se não se conseguir vislumbrar o liame subjetivo entre os
agentes do crime doloso, cada um responderá isoladamente por sua conduta.

Já nos delitos culposos há divergência doutrinária. Antigamente, se pesava a possibilidade de con-


curso de agentes, porém, atualmente tem se admitido, até com certa tranquilidade que alguém possa
conscientemente contribuir para a conduta culposa de terceiro. Aqui, deve-se verificar o elemento
vontade na realização da conduta, mas não na produção do resultado.

Diferentemente do concurso de pessoas no crime doloso, o binômio consciência e vontade não co-
nectam para um objetivo de prática criminosa, mas sim de realizar a conduta culposa pela imprudên-
cia, negligência ou imperícia. Sendo assim, é importantíssimo diferenciar o vínculo subjetivo que
existe no concurso de pessoas (crimes dolosos) com o normativo (crimes culposos).

Identidade de Fato

O quarto e último requisito para se configurar o concurso de pessoas, as infrações praticadas pelos
concorrentes sejam únicas – Unidade da Infração Penal. É imprescindível que todos atuem com es-
forços conjugados a fim do mesmo objetivo criminoso.

Damásio de Jesus considera que se trata de identidade de infração para todos os participantes, não
propriamente de um requisito, mas sim de verdadeira consequência jurídica diante das outras condi-
ções. Desse modo, não há de se falar em concurso de pessoas se a concorrência entre dois ou mais
agentes não se destinar a mesma prática de certa e determinada infração penal.

Deve-se existir, portanto, uma unidade da infração penal, requisito básico para concurso de pessoas
e produto lógico-necessário em face do concurso de agentes. Essa infração penal deverá ser ao me-
nos tentada, bem como dispõe o art. 31 do Código Penal, em casos de impunibilidade de ajuste, de-
terminação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário.

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CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

Crimes Contra o Patrimônio

Furto

Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno.

§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena
de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.

§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.

Furto qualificado

§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:

I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;

II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;

III - com emprego de chave falsa;

IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.

§ 5º - A pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos, se a subtração for de veículo automotor que
venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)

1. Classificação Doutrinária

Crime comum, material, doloso, de dano, de forma livre, comissivo em regra, instantâneo ou
permanente, unissubjetivo, plurrisubsistente, não transeunte e admite tentativa. Entendemos
exequível o cometimento de furto por omissão.

2. Sujeito Ativo: Qualquer pessoa, salvo o proprietário ou possuidor da coisa.

3. Sujeito Passivo: É a pessoa física ou jurídica que detenha a posse ou propriedade da coisa.

4. Objeto Material

A conduta criminosa recai sobre a coisa alheia móvel, que são considerados os animais,
aeronaves, os navios, os títulos de crédito, os talões de cheques, os frutos, as árvores, etc. O furto
de gado é conhecido como abigeato. As coisas de uso comum também podem ser objeto de furto
como a água e luz. A coisa abandonada (rês derelicta) e a coisa de ninguém (rês nullius) não
podem ser objeto material de furto, pois não são coisas alheias. Se o agente pensou que se tratav a
de coisa abandonada e dela se apoderou haverá erro de tipo que excluirá o dolo.

Quanto a cadáver, se a subtração for com intuito de lucro haverá caso de furto, caso contrário, o
crime será de subtração de cadáver, previsto no art. 211 do CP. Quem subtrair cadáver de
faculdade de medicina com o fim de retirar o ouro existente na arcada dentaria incorrerá em crime
de furto.

5. Objeto Jurídico: Tutela-se a posse e a propriedade.

6. Tipo objetivo

Subtrair significa retirar, pegar coisa alheia móvel, ou seja, qualquer objeto ou substância corpórea
que tenha valor econômico e que possa ser removida, destacada ou deslocada de um lugar para o
outro.

Coisa alheia para os juristas não é só a pertencente a outrem, mas também a que se acha
legitimamente na posse de terceiro.

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CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

O tipo exige o ânimo do agente em assenhorar-se da coisa alheia. Doutrina e jurisprudência


admitem o furto cometido por ladrão contra outro ladrão, reconhecendo, contudo, como sujeito
passivo, o proprietário original da coisa.

7. Tipo Subjetivo

O tipo requer dois elementos subjetivos: o primeiro dolo do agente é genérico, a vontade livre e
consciente de subtrair coisa alheia móvel. O segundo exige uma finalidade especial, o dolo
específico, o fim de assenhorar-se da coisa em definitivo, contido na expressão "para si ou para
outrem" (animus furandi)

O furto de uso, ou seja, a fruição da coisa momentaneamente sem efetivo prejuízo ao ofendido,
com restituição da coisa no estado em que antes se encontrava não é contemplado pela norma
penal em estudo. O furto de uso somente será reconhecido se não era exigível outra conduta do
agente a não ser sacrificar direito alheio, como subtrair o veículo da vítima para socorrer o filho ao
hospital, por exemplo.

Será excluído o dolo e, consequentemente, o fato será considerado atípico se o agente subtrair
coisa alheia pensando ser própria (erro de tipo).

É pacifico na jurisprudência o reconhecimento do estado de necessidade em caso de furto


famélico. É imperativo que a conduta do agente se realize com o único objetivo de saciar a fome,
num estado de extrema penúria, não podendo esperar mais, por ser a situação insuportável e que
somente por meio do ato ilícito consiga resolver o problema de falta de alimentação.

8. Consumação

Ocorre no momento em que o agente tem a posse tranquila da coisa, ainda que por pouco tempo.
Consuma-se quando a coisa sai da esfera de disponibilidade e de proteção da vítima e ingressa na
disponibilidade do sujeito ativo.

Para a jurisprudência do STF, para a consumação dos crimes de furto e de roubo basta a posse do
bem em poder do agente, independentemente de vigilância da vítima ou posse tranquila, de modo
que a fuga logo após o furto caracteriza a inversão da posse, e o furto está consumado mesmo
havendo perseguição imediata e consequente retomada do objeto (teoria do amotio).

Sendo crime instantâneo, a consumação se verifica no exato instante em que o delito é cometido.
O crime também restará consumado quando a coisa estiver ocultada, mesmo encontrando -se perto
da vítima.

9. Tentativa

Crime material, exigindo assim o resultado naturalístico, a tentativa é perfeitamente admissível na


hipótese de o agente não conseguir subtrair a coisa por circunstâncias alheias à sua vontade.
Também caracteriza a tentativa na hipótese de ser perseguido pela polícia e preso logo após a
subtração, pois a coisa não saiu da esfera de proteção e disponibilidade da vítima.

10. Furto e a desistência voluntária, arrependimento eficaz, arrependimento posterior e crime


impossível

Diferentemente da tentativa em que a não consumação ocorre por circunstâncias alheias à vontade
do agente, na desistência voluntária e no arrependimento eficaz (art. 15), a execução é
interrompida pela própria vontade do agente (medo, remorso, baixa qualidade do objeto material,
dor de barriga). Ocorre desistência voluntária, por exemplo, se A ingressa na residência de B, mas
por qualquer motivo, desde que voluntário, desiste de prosseguir e foge sem nada levar. Responde
por invasão de domicílio. Arrependimento é considerado eficaz se A subtrai um liv ro de B e antes
de ter sua posse tranquila devolve o objeto. Sua conduta foi de encontro com à continuidade do
processo de execução de uma típica iniciada.

Desistência Voluntária E Arrependimento Eficaz

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CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

Art. 15. O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o
resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.

Arrependimento Posterior

Art. 16. Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou
restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a
pena será reduzida de um a dois terços.

O arrependimento posterior é uma causa especial de diminuição de pena e só tem aplicação nos
crimes materiais, pois seu reconhecimento se verifica com a reparação do dano ou a restituição da
coisa. O indivíduo que, voluntariamente, decorrido de alguns dias após o furto de um veículo,
arrepende-se e comunica à vítima o local onde o mesmo se encontra será beneficiado por esta
entidade criminal.

11. Repouso Noturno

É o período em que as pessoas descansam de acordo com os costumes de cada região do País, a
vítima encontra-se mais vulnerável e por isso a pena será aumentada de um terço. Doutrina e
jurisprudência são pacíficas ao admitirem sua aplicação apenas ao furto simples.

12. Furto de Pequeno Valor e Criminoso Primário

Se o criminoso é primário e é de pequeno valor a coisa furtada o juiz pode substituir a pena de
reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços ou aplicar somente a pena de multa.
Primário é o sujeito que não é reincidente, isto é, aquele que mesmo cometendo outros crimes
ainda não foi definitivamente condenando. Pequeno valor é aquele em que a coisa furtada não
ultrapassa o valor equivalente ao salário mínimo vigente à época do fato criminoso.

13. O Privilégio e o Furto Qualificado

Segundo reiterada jurisprudência do STJ, não se aplica ao crime de furto qualificado o beneficio
previsto no parágrafo 2º do art. 155 do CP, uma vez que a existência da qualificadora inibe a
aplicação do privilégio, não obstante a primariedade e o pequeno valor ou pequeno prejuízo, em
razão da flagrante incompatibilidade.

14. Furto de Energia Elétrica

Equipara-se a coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.

Captar energia antes de sua passagem pelo aparelho medidor configura o delito, considerado
permanente, possibilitando, assim, a prisão em flagrante do agente enquanto perdurar seu efeito.
Se o agente, porém, alegrar o relógio de luz e passar a pagar metade da energia elétrica
consumida, o crime será de estelionato.

A ligação clandestina para a utilização de TV por assinatura, conhecida como "gato", para nós, não
pode se equiparada a furto de energia elétrica. O fato é ilícito, mas não chega a ser típico. A
conduta deve ser apurada na esfera cível. A energia elétrica quando subtraída depois e
armazenada, causa perda patrimonial, diferentemente do sinal de TV a cabo, em que sua utilização
não gera dano, isto é, não há perda de energia de valor econômico, mas ausência de ganho por
parte da empresa.

15. Furto Qualificado

A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:

I - Com Destruição Ou Rompimento De Obstáculo À Subtração Da Coisa;

A violência aqui é empregada contra obstáculo que está impedindo a subtração da co isa.

II - Com Abuso De Confiança, Ou Mediante Fraude, Escalada Ou Destreza;

Abuso de confiança é a quebra da fidelidade, do vínculo de amizade existente entre algumas

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CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

pessoas. Emerge de uma condição particular de lealdade. É preciso gozar absolutamente de


confiança para incidir na qualificadora.

Fraude é o ardil na prática do crime, o engodo, a mentira, o embuste, utilizados para facilitar a
subtração da coisa. A conduta do agente nesta espécie de furto é no sentido de subtrair os bens da
vítima iludindo-a momentaneamente, o delito é cometido sempre sobre a vigilância da vítima. A
qualificadora também se aplica quando a vítima não tem capacidade de entender o caráter ilícito do
fato, como o doente mental ou uma criança.

Difere do estelionato, pois neste a vítima é enganada, seu consentimento é viciado pelo erro. A
própria vítima faz a entrega da vantagem ilícita ao agente. O sujeito, mediante fraude, cria no
espírito da vítima um sentimento distorcido da realidade. No furto com fraude haverá sempre
subtração como a ladra profissional que se finge de doméstica para furtar a casa que se empregou.

Escalada é a qualificadora que se caracteriza pelo ingresso no local pretendido por via anormal
demandando um esforço incomum do agente para vencer o obstáculo existente, como numa
residência subindo uma árvore ou um muro alto, ou ainda escavando um túnel etc.

Destreza é a habilidade manual do agente, por exemplo, o batedor de carteira.

III - Com Emprego De Chave Falsa;

Considera-se chave falsa todo e qualquer instrumento, com ou sem forma de chave como a gazua,
moca, alfinete, arame etc. Capaz de abrir fechadura ou dispositivo análogo. Se a verdadeira chave
encontra-se na fechadura haverá o furto simples, pois "porta fechada com chave na fechadura é
porta aberta", mas se for conseguida ardilosamente para o cometimento do delito, como, por
exemplo, subtraí-la da bolsa da vítima para depois adentrar sua residência, qualificadora será
fraude.

IV - Mediante Concurso De Duas Ou Mais Pessoas.

A norma busca impedir a somatória de forças para o cometimento do crime, enfraquecendo, assim,
a resistência do ofendido. Basta que apenas um dos agentes seja culpável. Desse modo, nada
impede para a sua configuração a participação de inimputáveis.

16. Furto e o Concurso de Crimes: Ao furto nos demais crimes contra o patrimônio aplicam-se as
regras do concurso material, formal e do crime continuado.

17. Parágrafo 5º do art. 155

§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha
a ser transportado para outro Estado ou para o exterior.

Requer o tipo penal o elemento subjetivo especial (dolo específico), ou seja, deve o agente ter
consciência de que está ultrapassando os limites de um Estado ou país com o objeto material. É
necessário, portanto, para a consumação do delito, que o veículo tenha transportado as fronteiras
do Estado ou do território nacional.

O crime de subtração de veículo que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior
só se consuma após o seu exaurimento.

18. Concurso de Qualificadoras

Incidindo duas ou mais qualificadoras no furto o entendimento prevalente é de que apenas uma
será aplicada, servindo aos demais como agravantes genéricas. Há, todavia, quem entenda que a
pluralidade de qualificadoras interfere na dosagem da pena como circunstância judicial.

Furto De Coisa Comum

Art. 156. Subtrair o condômino, coerdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a
detém, a coisa comum:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.

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CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

§ 1º - Somente se procede mediante representação.

§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem
direito o agente.

1. Classificação Doutrinária

Crime próprio, de dano, material, não transeunte, instantâneo, comissivo ou omissão impróprio,
unissubjetivo, plurissubsistente, de forma livre e admite tentativa.

2. Sujeito Ativo: É somente o condômino, coerdeiro ou sócio. Trata-se de crime próprio que se
comunica em caso de concurso de pessoas.

3. Sujeito Passivo: Pode ser o condômino, o coerdeiro, o sócio, ou ainda um terceiro quem detém
legitimamente a coisa

4. Objeto Material:

A conduta recai sobre a coisa subtraída. É o que incide, por exemplo, o proprietário de um
apartamento que subtrai da área comum de um prédio um relógio de parede.

5. Objeto Jurídico: Tutela-se a propriedade ou a posse legítima.

6. Tipo Objetivo

A conduta consiste em subtrair, que tem o significado de retirar, pegar coisa comum de quem
legitimamente a detém, isto é, a coisa que pertence não apenas ao agente, mas também a outras
pessoas. Condômino é o proprietário que divide o domínio da mesma coisa com outras pessoas.
Herdeiro é o sucessor que concorre a uma herança (patrimônio falecido que transmite aos
herdeiros) deixada pelo de cujus. Sócio é o membro de uma sociedade (reunião de duas ou mais
pessoas que mediante contrato se obriga, a combinar seus esforços ou bens para a consecução de
fins comuns).

7. Tipo Subjetivo

É o elemento específico do tipo, dolo específico dos clássicos, consubstanciado na expressão para
si ou para outrem, qual seja, a finalidade de assenhoraremos da coisa comum.

8. Consumação

Ocorre quando a coisa comum sai da esfera de proteção do sujeito passivo. Passa o agente a ter
posse tranquila da coisa comum, ainda que por pouco tempo.

9. Tentativa

Quando a coisa comum não sai da esfera de disponibilidade do ofendido por circunstâncias alheias
à vontade do condômino, herdeiro ou sócio.

10. Coisa Fungível

Não é punível a subtração de coisa fungível, cujo valor não excede a quota que tem direito o
agente, coisa fungível é aquela que pode ser substituída por outra da mesma espécie, qualidade e
quantidade. Trata-se de causa excludente de ilicitude. Por outro lado, haverá o delito em estudo se
a coisa foi infungível, qual seja, a que não por ser substituída por outra.

11. Ação Penal

O crime é de ação pública condicionada. Somente se procede mediante representação do


ofendido. Infração de menor potencial ofensivo sujeita as normas da Lei nº 9.099/1995.

Roubo

Art. 157.

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CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa,
ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:

Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.

§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra
pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si
ou para terceiro.

§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:

I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;

II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;

III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância.

IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou
para o exterior;

V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade.

§ 3º - Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a quinze anos,
além de multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa.

1. Classificação Doutrinária

Crime comum, material, instantâneo, de forma livre, de dano, unissubjetivo, comissivo ou omissivo
impróprio, plurissubsistente, complexo e admite tentativa.

2. Sujeito Ativo: Qualquer pessoa.

3. Sujeito Passivo

Pode ser qualquer pessoa, mas sendo crime que tem tutelados vários objetos jurídicos, nada
impede o surgimento de dois ou mais ofendidos, como ocorre, por exemplo, com aquele que sofre
violência e o outro que tem o bem subtraído durante a ação criminosa.

Em regra, porém, sujeito passivo é o titular do direito da propriedade ou da posse.

4. Objeto Material: A conduta criminosa recai sobre a pessoa e coisa alheia móvel.

5. Objeto Jurídico

A lei tutela o patrimônio (posse e propriedade), a vida, a integridade física, a saúde e a liberdade
pessoal, daí ser considerado crime complexo em que são conjugados emprego de violência ou
ameaça e a subtração patrimonial.

6. Tipo Objetivo

O tipo refere-se à subtração de coisa móvel alheia, mas é acrescido pelo emprego de violência,
grave ameaça ou qualquer outro meio que reduza a possibilidade de resistência da vítima. A
violência pode ser:

A) física (vis absoluta) que compreende as vias de fato, lesão corporal leve, grave ou morte
(essas duas últimas qualificam o delito);

B) moral (vis compulsiva) que se constata em atemorizar ou amedrontar a vítima com ameaças,
gestos ou simulações, como a de portar arma, por exemplo. A ameaça pode ser dirigida à vítima ou
a terceiro;

C) imprópria é a que reduz a capacidade de resistir, como a superioridade física do agente,

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CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

colocar droga na bebida da vítima, jogar areia nos seus olhos, hipnotizá-la, induzi-la a ingerir
bebida alcoólica até a embriaguez etc.

O roubo difere do furto qualificado pelo rompimento de obstáculo porque neste a violência é
exercida contra a coisa, naquele, contra a pessoa. Em outras palavras, roubo nada mais é que um
furto cometido com violência ou grave ameaça contra a pessoa.

Objetos que estão presos ao corpo como brinco, corrente, relógio, pulseira etc., e que são
arrancados pelo ladrão caracterizam o roubo. Quando soltos como boné, óculos, bolsa, celular etc.,
o crime é de furto.

Não se aplica no furto o princípio da insignificância, haja vista que a conduta do agente revela
maior periculosidade e atinge não apenas o patrimônio do ofendido, mas também a sua integridade
física, sua saúde e até sua vida em caso de latrocínio.

Institutos como o crime impossível, o roubo de uso, o pequeno valor da coisa, o estado de
necessidade etc., que podem ser admitidos no furto não o são no roubo por tutelar outros bem
jurídicos e não apenas o patrimônio do ofendido.

7. Tipo Subjetivo

O tipo requer dolo duplo: o primeiro, genérico, consistente na vontade livre e consciente de subtrair
coisa móvel alheia mediante violência ou grave ameaça; o segundo, elemento subjetivo especial do
tipo, exige que a subtração seja para o agente ou para terceiro. É o dolo específico dos clássicos
contido na expressão "para si ou para outrem".

8. Consumação do roubo impróprio

Predomina na doutrina o entendimento de que o crime consuma-se quando o agente tem a posse
tranquila da coisa, ainda que por pouco tempo ou quando a coisa subtraída sai da esfera de
proteção, de disponibilidade da vítima. Também se diz consumado o delito quando a vítima não
recupera os objetos subtraídos, mesmo em casos de prisão em flagrante. Restará consumado
ainda quando a vítima permanece dominada pelo autor do roubo no interior do veículo, perdendo a
disponibilidade do bem.

Na jurisprudência, porém, tem-se entendido como consumado o delito quando ocorre a subtração
dos bens da vítima, mediante violência ou grave ameaça, ainda que, em seguida, o próprio
ofendido detenha o agente e recupere a res.

9. Tentativa

No roubo próprio o entendimento é pacífico no sentido de sua admissibilidade. Ocorre quando o


agente após o emprego de violência ou grave ameaça não consegue efetivar a subtração da coisa
por circunstâncias alheias à sua vontade nem tem a posse tranquila da coisa, ainda que por breve
tempo.

10. Roubo impróprio

É aquele em que o agente logo depois de subtraída a coisa emprega violência contra a pessoa ou
grave ameaça a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para
terceiro.

No roubo próprio a violência ou grave ameaça é praticada antes ou durante a subtração da coisa.
No impróprio ela é cometida logo depois de subtraída a coisa para assegurar a impunidade do
crime ou a detenção da coisa.

Na hipótese de o agente ser surpreendido pela vítima em sua residência e abandonar o objeto
material empregando violência para a fuga, o crime a ser reconhecido é o de tentativa de furto em
concurso material com lesão corporal.

11. Tentativa de roubo impróprio

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CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

Entendemos não ser possível a tentativa de roubo impróprio. Ou o agente emprega a violência ou a
grave ameaça, logo depois de subtraída a coisa e o crime se consuma, ou não subtrai a coisa, mas
emprega violência para fugir e, então, o crime será de tentativa de furto em concurso material de
lesão corporal.

E outra partem deve-se reconhecer o furto e não o roubo impróprio na ação do agente que após a
subtração se desvencilha do ofendido que o agarra, sem contudo, ameaçá-lo ou agredi-lo e foge
com a res.

12. Causas de aumento de pena

I - Se A Violência Ou Ameaça É Exercida Com Emprego De Arma;

O fundamento da agravante reside no maior perigo que o emprego da arma envolve motivo pelo
qual é indispensável que o instrumento usado pelo agente (arma própria ou imprópria), tenha
idoneidade para ofender a incolumidade física.

Com o cancelamento da Súmula 174 do STJ que autorizava o aumento de pena quando o agente
utilizava arma de brinquedo para cometer o crime, esta conduta passou a ser considerada uma
grave ameaça relacionada ao roubo simples.

II - Se Há O Concurso De Duas Ou Mais Pessoas;

A doutrina prevalente assevera que não há necessidade de estarem todos os agentes presentes no
local do crime, basta haver o concurso de duas ou mais pessoas.

III - Se A Vítima Está Em Serviço De Transporte De Valores E O Agente Conhece Tal


Circunstância.

A norma tutela aqueles que transportam valores. Qualquer tipo de valor como ouro, dinheiro,
pedras preciosas etc. O agente deve saber que a vítima está a transportar valores, dolo direto,
portanto.

IV - Se A Subtração For De Veículo Automotor Que Venha A Ser Transportado Para Outro
Estado Ou Para O Exterior;

Para a consumação do delito é necessário que o veículo seja levado para outro Estado ou país,
não havendo, assim, possibilidade de ocorrer tentativa. Ou leva e ingressa com o veículo em outro
Estado ou país e o crime está consumado, ou não ingressa e o crime será de furto ou roubo
conforme a circunstância.

V - Se O Agente Mantém A Vítima Em Seu Poder, Restringindo Sua Liberdade.

objeto do agente, após o emprego da violência ou grave ameaça, é manter a vítim a em seu poder e
assim facilitar a subtração. A restrição de liberdade da vítima deve ser por tempo razoável,
suficiente para que o agente consuma o delito sem ser descoberto pela polícia.

13. Pluralidade de causas de aumento de pena

Muito comum na prática a incidência de mais de uma majorante no roubo. Diverge a doutrina
quanto à aplicação da pena. A primeira corrente entende que o juiz aplicará apenas uma majorante
e a outra funcionará como circunstância judicial na fixação da pena-base. A segunda assevera que
o número de majorantes deve ser proporcional ao número de causas presentes. Duas ou mais
permitem ao juiz aumento a pena de dois quintos até a metade.

14. Qualificadoras do roubo

Se a violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de 7 a 15 anos, além de multa;
se resulta morte, a reclusão é de 20 a 30 anos, sem prejuízo de multa. Trata-se de crime
considerado qualificado pelo resultado em que as lesões graves ou morte podem advir de dolo ou
culpa.

O tipo fala em violência que deve ser entendida como física e não moral, logo se a vítima num

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roubo, mediante grave ameaça, vier a morrer em virtude de uma parada cardíaca, o crime será de
roubo em concurso material com homicídio e não de latrocínio.

15. Homicídio consumado e roubo consumado: Haverá latrocínio.

16. Homicídio tentado e roubo tentado: Haverá tentativa de latrocínio.

17. Tentativa de homicídio e roubo consumado: Haverá tentativa de latrocínio.

18. Homicídio consumado e roubo tentado

Haverá latrocínio. Doutrina e jurisprudência têm considerado consumado o latrocínio quando ocorre
a morte da vítima, ainda que o agente não tenha logrado apossar-se da coisa que pretendia
subtrair.

19. Roubo com pluralidade de vítimas

Doutrina e jurisprudência são unanimes em reconhecer o concurso formal quando o delito é


cometido contra várias vítimas num mesmo contexto. Assim, lesionou o patrimônio de duas vítimas,
aplica-se o concurso formal.

De outra parte, quando o agente mediante mais de uma ação ou omissão, praticar vários roubos
(crimes considerados da mesma espécie) e pelas condições de tempo (nao pode ultrapassar 30
dias), lugar (devem ser próximos), maneira de execução (modus operandi) e outras semelhantes,
devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, poderá se reconhecer o c rime
continuado. Isto é uma ficção jurídica, pois há uma pluralidade de delitos, mãos legislador presume
que eles constituem um só crime, apenas para efeito de sanção penal. Nesses casos, aplica -se a
regra do art. 71, ou seja, dependendo das circunstâncias jurídicas, a pena de um só dos crimes
poderá ser aumentada até o triplo.

Extorsão

Art. 158.

Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para
outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa:

Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.

§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta -se a
pena de um terço até metade.

§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo anterior.

§ 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é


necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze)
anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no
art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente. (Incluído pela Lei nº 11.923, de 2009)

1. Classificação doutrinária

Crime comum, formal ou material, de forma livre, instantâneo, unissubjetivo, plurissu bsistente,
comissivo, doloso, de dano, complexo e admite tentativa.

2. Sujeito ativo: Qualquer pessoa

3. Sujeito passivo

Qualquer pessoa. É possível a existência de dois sujeitos passivos ao mesmo tempo; o que sofre a
lesão patrimonial e o que sofre o constrangimento. A pessoa jurídica tambem pode ser sujeito
passivo do crime.

4. Objeto material: A condita delitiva recai sobre a pessoa humana e a coisa móvel ou imóvel.

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5. Objeto jurídico

Tutela-se não apenas a inviolabilidade do patrimônio, mas também a vida, a liberdade pessoal e a
integridade física e psíquica da pessoa humana.

6. Tipo objetivo

A conduta consiste em constranger (obrigar, forcar, coagir), mediante violência (física: vias de fato
ou lesão corporal) ou grave ameaça (moral: intimidação idônea explicita ou explicita que incute
medo no ofendido) com o objetivo de obter para si ou para outrem indevida (injusta, ilícita)
vantagem econômica (qualquer vantagem seja de coisa móvel ou imóvel).

Haverá constrangimento ilegal se a vantagem não for econômica e exercício arbitrário das próprias
razoes se a vantagem for devida.

7. Tipo subjetivo

O tipo é composto de dolo duplo: o primeiro constituído pela vontade livre e consciente de
constranger alguém mediante violência ou grave ameaça, dolo genérico; o segundo exige o
elemento subjetivo do tipo específico na expressão "com intuito de".

8. Consumação

Discute-se na doutrina se o crime de extorsão é formal ou material. Para os que o consideram


formal, a consumação ocorre independentemente do resultado. Basta ser idôneo ao
constrangimento imposto à vítima, sendo irrelevante a enfeitava obtenção da vantagem econômica
indevida.

O comportamento da vítima nesse caso é fundamental para a consumação do delito. É a


indispensabilidade da conduta do sujeito passivo para a consumação do crime, se o
constrangimento for sério, idôneo o suficiente para ensejar a ação ou omissão da vítima em
detrimento do seu patrimônio, perfaz-se o tipo penal do art. 168 do CP.

Da outra parte, se entendido como crime material, a consumação se dará com obtenção de
indevida vantagem econômica. Seguimos esse entendimento, para nós o crime de extorsão é
material consumando-se com a efetiva obtenção indevida vantagem econômica.

9. Tentativa

Admite-se quer considerando o crime formal ou material. Surge quando a vítima mesmo
constrangida, mediante violência ou grave ameaça, não realiza a condita por circunstâncias alheias
à vontade do agente. A vítima, então não se intimida, vence o medo e denuncia o fato a polícia.

A tentativa, portanto, ocorrerá quando praticada a violência ou grave ameaça com o intuito de obter
vantagem econômica indevida e a vítima não cumpre o exigido pelo agente.

10. Diferença entre extorsão e roubo

Para os clássicos a distinção infalível é a de que no roubo o agente toma a coisa por sim mesmo;
na extorsão faz com que lhe seja entregue. Embora a extorsão se assemelhe ao roubo em face da
pena, dos meios de execução, da natureza e da objetividade jurídica, com ele não se confunde.
Ademais, não são considerados crimes da mesma espécie. No roubo o agente subtrai a coisa e na
extorsão a vítima é quem lhe entrega; no roubam o comportamento da vítima não é imprescindível
para a sua realização (nao é necessário que colabore com o agente); na extorsão, ele é
fundamental (há a necessidade de colaboração da vítima); no roubo o mal é iminente; na extorsão
o roubo é futuro.

11. Causas de aumento de pena

Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta -se a pena
de um terço até a metade. Há necessidade das duas pessoas estarem presentes no local dos fatos
para incidir na majorante, assim como o emprego efetivo da arma quando da realização do delito.

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No caso de ocorrer morte ou lesão corporal grave, o fato de o coautor não haver disparado a arma,
não afasta a sua responsabilidade pela extorsão qualificada.

Extorsão Mediante Sequestro (Sequestro Relâmpago)

Art. 159. Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como
condição ou preço do resgate:

Pena - reclusão, de oito a quinze anos.

§ 1º Se o seqüestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o seqüestrado é menor de 18


(dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha.

Pena - reclusão, de doze a vinte anos.

§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:

Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.

§ 3º - Se resulta a morte:

Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.

§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilit ando


a libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços.

1. Classificação doutrinaria

Crime comum, doloso, formal, permanente, de dano, plurisubsistente, de forma livre, comissivo,
não transeunte, unissubjetivo, hediondo e admite tentativa.

2. Sujeito ativo

Qualquer pessoa. Sujeito ativo do crime é todo aquele que pratica qualquer conduta necessária
para a obtenção do resultado almejado durante o período consumativo do crime, exemplo, o vigia
do cativeiro, o mensageiro, o seqüestrador, o mentor do plano.

3. Sujeito passivo

Qualquer pessoa, consignando que, na maioria das vezes, figuram no polo passivo o sequestrado e
quem sofre a lesão patrimônios, geralmente membro da família. A pessoa jurídica pode ser sujeito
passivo quando compelida a pagar o valor do resgate.

4. Objeto material

A conduta criminosa recai sobre a pessoa humana privada de liberdade bem como aquele que tem
diminuído o seu patrimônio.

5. Objeto jurídico

Tutela-se, pelo rigor falena cominada, não apenas o patrimônio e a liberdade de locomoção do
ofendido, mas também a sua vida e a integridade física.

6. Tipo objetivo

A conduta gira em torno de sequestrar pessoa, isto é, privá-la de liberdade de locomoção, arrebatá-
la, com o fim de obter vantagem de natureza econômica ou patrimonial. A posição dominante da
doutrina crê a vantagem econômica deve ser indevida, pois do contrário haveria sequestro em
concurso formal com exercício arbitrário das próprias razoes.

7. Tipo subjetivo

O tipo requer além do dolo genérico, definido como a vontade livre e consciente de seqüestrar

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pessoa, o elemento específico do tipo, o denominado dolo específico, contido na expressão "com o
fim de obter para si ou para outrem", qualquer vantagem como condição ou preço do resgate.

8. Consumação

Por tratar-se de crime formal, consuma-se com o sequestro independentemente da vantagem


patrimonial, isto é, a consumação opera-se no momento em que ocorre a privação da liberdade da
vítima independentemente do efetivo recebimento do resgate. Suprimida a liberdade de locomoção
da vítima por um período relevante, além do intuito de obter, por esse meio, qualquer vantagem
econômica, o crime está consumado.

Na jurisprudência predominante o entendimento de que o crime se configura mesmo quando os


criminosos não conseguem obter o resgate e ainda que não tenham tido tempo pedi-lo.

9. Tentativa

Possível somente se o item criminis for interrompido no início da execução do delito por
circunstâncias alheias à vontade do agente, bem como se comprovar a real intenção dos
delinquentes, qual seja, a de sequestrar com a finalidade de obter vantagem como condição ou
preço do resgate.

Assim, pode-se reconhecer, na prática, a extorsão mediante sequestro tentada nos seguintes
casos:

A) Prisão em flagrante;

B) Fuga dos sequestradores quando interceptados pela polícia;

C) Conseguir a vítima desvencilhar-se do sequestrador.

10. Extorsão mediante sequestro qualificada

Se o sequestro dura mais de 24h, se o sequestrado é menor de 18 e maior que 60 anos, ou se o


crime é cometido por bando ou quadrilha a pena será de reclusão de 12 a 20 anos. Quanto maior o
tempo em que a vítima estiver em poder do criminoso, maior será o dano à saúde e integridade
física.

Quanto ao crime cometido por bando ou quadrilha, entende-se como a reunião permanente de mais
de três pessoas para cometer e não uma reunião ocasional para cometer o sequestro.

Predomina na doutrina e jurisprudência o entendimento de que se o crime for praticado por mais de
três pessoas que se reuniram especificamente para tal desiderato, sem associarem-se de forma
estável e permanente, haverá concurso de pessoas, não incidindo a qualificadora.

11. Extorsão mediante sequestro com lesão corporal grave

Se o fato resulta lesão corporal de natureza grave a pena será de reclusão de 16 a 24 anos ; se
resulta a morte a pena será de reclusão de 24 a 30 anos. Observa-se de imediato a diferença deste
delito com o de roubo qualificado pelo resultado. No art. 157 do CP a lei diz: "se da violência
resultar lesão grave ou morte"; logo, num roubo em que vítima cardíaca diante de uma ameaça
vem a falecer, haverá roubo em concurso material com homicídio e não latrocínio. O tipo exige o
emprego da violência. Na extorsão mediante sequestro a lei menciona: "se dos ato resultar lesão
grave ou morte", pouco importando para qualificar o delito que a lesão grave seja culposa ou
dolosa.. Evidentemente, se a lesão grave ou morte resultar de caso fortuito ou força maior, o
resultado agravados não poderá ser imputado ao agente.

A qualificadora somente atinge o sequestrado e não terceira pessoa.

12. Extorsão mediante sequestro e tortura

Entendemos que os institutos possuem objetividades jurídicas distintas e autônomas. Na extorsão


são mediante sequestro ofende-se o patrimônio, a liberdade de ir e vir e a vida. Na tortura atinge-se

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CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

a dignidade humana, consubstanciada na integridade física e mental. Cm efeito, a nosso, juízo,


nada impede o reconhecimento do concurso material de infrações.

13. Delação premiada

O benefício somente se aplica quando o crime for cometido em concurso de pessoas, devendo o
acusado fornecer às autoridades elementos capazes de facilitar a resolução do crime. Causa
obrigatória de diminuição de pena se preenchidos os requisitos estabelecidos pelo parágrafo 4º do
art. 159, qual seja, denúncia à autoridade (juiz, delegado ou promotor) feita por um dos
concorrentes, e esta facilitar a libertação da vítima. Faz-se mister salientar que, se não houver a
libertação do seqüestrado, mesmo havendo delação do coautor, não haverá diminuição de pena.

Não se confunde com a confissão espontânea, pois nesta o agente garante confessa sua
participação no crime, sem incriminar outrem.

Extorsão Indireta

Art. 160. Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da situação de alguém, documento
que pode dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro:

Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

1. Classificação doutrinária

Crime comum, doloso, de dano, formal (exigir) e material (receber), instantâneo, comissivo, de
forma vinculada, unissubjetivo, unissubsistente (exigir) ou plurissubsistente (receber) e admite
tentativa.

2. Sujeito ativo

Qualquer pessoa.

3. Sujeito passivo

Qualquer pessoa. Em regra é o devedor que entrega o documento ao extorcionário e que pode lhe
dar causa a um procedimento criminal. Nada impede, todavia, o surgimento de dois sujeitos
passivos: o que entrega o documento e aquele contra quem pode ser iniciado o processo.

4. Objeto material

A conduta recai sobre o documento que pode dar causa a um procedimento criminal contra o
devedor, como a confissão de um crime, a falsificação de um título de crédito, uma duplicata fria
etc.

5. Objeto jurídico

Tutela-se o patrimônio e a liberdade individual do ofendido.

6. Tipo objetivo

A conduta consiste em exigir (obrigar, ordenar) ou receber (aceitar) um documento que pode dar
causa a procedimento criminal contra a vítima ou terceiro. É abusar da situação daquele que
necessita urgentemente de auxílio financeiro. Necessário para a configuração do delito que o
documento exigido ou recebido pelo agente, que pode ser público ou particular, se preste a
instauração de inquérito policial contra o ofendido. Não se exige a instauração do procedimento
criminal, basta que o documento em poder do credor seja potencialmente apto a iniciar o processo.

7. Tipo subjetivo

O tipo requer não apenas o dolo genérico, vontade livre e consciente de exigir ou receber como
garantia de dívida determinado documento, mas também o dolo específico constituído pela
finalidade de abusar da aflitiva situação de alguém. É o que a doutrina de denomina dolo de
aproveitamento.

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CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

8. Consumação

Na ação de exigir, crime formal, a consumação ocorre com a simples exigência do documento pelo
extorcionário. A iniciativa aqui é do agente, na conduta de receber, crime material, a consumação
ocorre com o efetivo recebimento do documento. Nesse caso a iniciativas provém da vítima.

9. Tentativa

Na modalidade exigir, entendemos não ser possível sua configuração, embora uma parcela da
doutrina a admita com o sovado exemplo, também oferecido nos crimes contra a honra, de a
exigência ser reduzida por escrito, mas não chegar ao conhecimento do ofendido. Na de receber,
no entanto, é perfeitamente possível, podendo o iter criminis ser interrompido por circunstâncias
alheias à vontade do agente.

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CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA

Crimes Contra a Fé Pública

Fé Pública: confiança geral na legitimidade de algo, necessária à vida social. Falsum é o meio pela
qual se faz lesar a fé pública. Vejamos os requisitos para configuração destes crimes:

Existência de dolo. Não existe crime de falsificação culposa.

Alteração ou imitação da verdade.

(i) Material: se refere a elementos exteriores que compõem o documento. Pode ser feita por
contrafação[1], alteração[2], supressão[3];

(ii) Ideológica: o que se muda é a ideia que deveria ter o documento. Não expressa a realidade que
deveria. Simulação.

(iii) Pessoal: atribuição de dados falsos – situação relativa à identificação da pessoa.

Dano potencial (idoneidade do falsum): A quebra da fé pública tem repercussão em todo o meio
social (receio de repetição).

Da Moeda Falsa

Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no
país ou no estrangeiro:

Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa.

§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia, importa ou exporta, adquire,
vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação moeda falsa.

§ 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui à
circulação, depois de conhecer a falsidade, é punido com detenção, de seis meses a dois anos, e
multa.

§ 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos, e multa, o funcionário público ou diretor, gerente,
ou fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emissão:

I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei;

II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada.

§ 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moeda, cuja circulação não estava ainda
autorizada.

Tutela à fé pública: confiança na autenticidade e regularidade da emissão/circulação da moeda


(interesse coletivo). O crime de moeda falsa é caracterizado pelo aumento de valor, quando se trata
de alteração, não configurando o crime quando a alteração é para valor menor, pois nesse caso não
há risco para a coletividade. Falsificar (imitar com fraude) moeda metálica ou papel moeda de curso
legal no País ou no estrangeiro (excluídas; retirada de circulação, convencionalmente utilizada),
através de fabricação (contrafação) ou alteração (modificação/adulteração). A falsificação deve ser
idônea (apta a iludir pessoas de diligencia comum) para colocar a fé pública em risco.

Se for absolutamente grosseira – art. 17, CP.

Se enganar apenas pessoa (s) determinada (s) – Art. 17, CP, Súmulas 13 e 73 do STJ

O elemento subjetivo é o dolo. Não há que se falar em crime de moeda falsa de forma culposa. A
consumação ocorre com a prática da conduta, independentemente de prejuízo a alguém ou de que
entre em circulação (desde que apta a iludir). É crime formal. A tentativa é admissível pois é um crime
plurissubsistente.

O art. 291 (petrechos) incrimina os atos preparatórios do art. 289, CP.

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CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA

Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gratuito, possuir ou guardar maquinismo, aparelho,
instrumento ou qualquer objeto especialmente destinado à falsificação de moeda.

Crime formal consuma-se com a prática de um dos núcleos, sendo permanente em possuir e guardar.

Tentativa admissível.

Figura Equiparada:

§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia, importa ou exporta, adquire,
vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação moeda falsa.

O sujeito que falsifica a moeda não será condenado pelo § 1º, pois é esperado que ele tome uma das
condutas descritas. É um pós fato não punível. O crime descrito nesse parágrafo é formal, com
exceção apenas da conduta “vender”, pois esse é material. Ainda, a conduta “guardar” é crime
permanente.

Figura Privilegiada:

§ 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui à
circulação, depois de conhecer a falsidade, é punido com detenção, de seis meses a dois anos, e
multa.

Não se trata de um crime culposo, mas sim de um crime com menor reprovabilidade. No momento em
que o sujeito está ciente da falsidade e repassa a moeda afrente, pratica o crime do § 2º. Consuma-
se com a restituição. A tentativa é admissível, mas pouco provável.

Qualificadoras:

§ 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos, e multa, o funcionário público ou diretor, gerente,
ou fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emissão:

I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei;

II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada.

§ 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moeda, cuja circulação não estava ainda
autorizada.

É crime próprio pois o § 3º descreve os sujeitos ativos do crime. Os sujeitos ativos agem em razão o
ofício. O inciso I se refere apenas à moeda metálica, enquanto o inciso II se refere apenas ao papel
moeda. No § 4º, a moeda é verdadeira, mas o que é punível é a circulação, que ainda não tinha a
circulação autorizada.

Falsidade Documental

Tutela à fé pública: crença coletiva que deve recair sobre a veracidade e a autenticidade dos
documentos.

Documento para fins penais é aquele escrito, inteligível, que vai exprimir uma ideia de alguém. É
preciso que haja uma pessoa determinada/responsável pelo documento. Ainda, é preciso que esse
documento tenha relevância jurídica, relevância no meio social. Necessita ter eficácia probatória no
sentido de que ele é suficiente para provar a sua veracidade. Figura/pintura/foto: podem compor um
documento, mas não podem ser considerados documentos em si. Funcionário Público[4]: é um
conceito amplo, abrangente, válido para toda a legislação penal. O § 1º traz uma equiparação que
abarca quem exerce cargo, emprego ou função pública em entidades paralelas ao Estado.

Falsificação de Documento Público

Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público
verdadeiro:

Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.

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CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA

Documento Público: deve ser (i) elaborado por funcionário público; (ii) criado no exercício das funções
públicas e (iii) com a observância das formalidades legais.

Um compromisso de compra e venda registrado em cartório não é um documento público, pois não
foi elaborado por funcionário público. O registro em si é um documento público, mas o documento
privado sob o qual foi feito o registro não.

Documento público por equiparação:

§ 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o emanado de entidade paraestatal,


o título ao portador ou transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial, os livros
mercantis e o testamento particular.

São documentos particulares que exigem maior proteção e, portanto, são equiparados à documento
público:

I. Emitido por paraestatais (autarquias, empresa públicas, de economia mista, etc.)

II. Título ao portador (transferível por tradição) ou transmissível por endosso (declaração no próprio
título) – notas promissórias, cheques.

III. Ações de sociedade comercial (qualquer tipo)

IV. Livros mercantis (obrigatórios ou facultativos)

V. Testamento particular

O cheque é sempre documento público para fins penais? Não, se ele não for mais transferível por
endosso, ele será particular. Falsificar (reproduzir imitando), total (criação completa) ou parcialmente
(acréscimos), ou alterar (modificar algo existente), de forma idônea (apta a ludibriar indeterminadas
pessoas), possuindo potencialidade lesiva. O elemento subjetivo é o dolo direto ou eventual. A
consumação se dá com a falsificação, não precisando o documento ser utilizado. A tentativa é
admissível, mas pouco provável.

Causa de aumento de pena:

§ 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a


pena de sexta parte.

Se o funcionário público expedir corretamente o documento, com o conteúdo falso, ele responde por
crime de falsidade ideológica.

Falsificação de documento público previdenciário:

§ 3o Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

I – na folha de pagamento ou em documento de informações que seja destinado a fazer prova


perante a previdência social, pessoa que não possua a qualidade de segurado obrigatório;(Incluído
pela Lei nº 9.983, de 2000)

II – na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em documento que deva produzir


efeito perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita;
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

III – em documento contábil ou em qualquer outro documento relacionado com as obrigações da


empresa perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter constado.
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

É crime de falsidade ideológica. O documento é expedido atendendo a todos os seus requisitos, mas
o conteúdo é falso. A conduta “inserir” ocorre quando própria pessoa inclui dados, enquanto a
conduta “fazer inserir” ocorre quando uma pessoa age para que outra inclua dados. É crime
comissivo e consuma-se com a conduta dolosa. Admite tentativa.

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CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA

§ 4o Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos mencionados no § 3o, nome do
segurado e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de prestação
de serviços.(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

É crime omissivo próprio e consuma-se com a conduta dolosa. Não admite tentativa. Observa-se que
os crimes previstos nos parágrafos 3º e 4º são de competência da Justiça Federal.

Falso Documental e Estelionato:

Súmula 17/STJ: “quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este
absorvido”.

Súmula 73/STJ: “a utilização de papel-moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime


de estelionato, da competência da Justiça Estadual.

Assim, se a fraude se esgota no estelionato ou não tinha capacidade de iludir determinadas pessoas,
mas iludiu alguém, agente responderá apenas pelo crime contra o patrimônio.

Falsificação de documento particular

Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar documento particular
verdadeiro:

Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.

Será documento particular todo aquele que não seja público ou equiparado a ele. O crime de
falsificação de documento particular possui todas as características do crime de falsificação de
documento público.

Parágrafo único: falsificação de cartão de crédito ou débito (12.737/12).

Falsidade Ideológica

Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele
inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar
direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante:

Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público, e reclusão de um a três


anos, e multa, se o documento é particular.

Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, ou


se a falsificação ou alteração é de assentamento de registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte.

Não há a criação, alteração ou supressão material. A idéia é falsa, embora o emissor seja legítimo.
Não há que se falar em prova pericial, pois o documento preencheu todos os requisitos de emissão. A
falsidade imediata ocorre quando o próprio agente (i) omite declaração que deveria constar ou (ii)
insere declaração falsa ou diversa.

A falsidade mediata ocorre quando o agente se vale de terceiro para fazer inserir declaração falsa ou
diversa. O Elemento Subjetivo é o dolo com o especial fim de prejudicar direito, criar obrigação ou
alterar a verdade sobre o fato juridicamente relevante. A causa de aumento de pena vem descrita no
§único, e ocorre quando o agente é funcionário público. É um § criticado, pois o funcionário público já
está incluso no caput, quando se trata de documento público, fato que caracterizaria bis in idem. No
entanto, a doutrina e jurisprudência tem o entendimento de que não fica caracterizado o bis in idem,
pois o funcionário público tem maior responsabilidade.

Consumação:

I. Omissão: com a omissão (é crime omissivo próprio e não admite tentativa).

II. Inserir/Fazer inserir: com a inserção (é crime comissivo e admite tentativa).

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CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA

Objeto especial: assentamento de registro civil. É mais grave porque todas as certidões posteriores
terão como base a certidão adulterada e, portanto conterão a falsidade.

*Obs. ATENÇÃO aos arts. 241 e 242 = crimes autônomos – crimes de falsidade ideológica específica.

Falsidade de atestado médico

Art. 302 - Dar o médico, no exercício da sua profissão, atestado falso:

Pena - detenção, de um mês a um ano.

Parágrafo único - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa.

Dar (ceder, produzir) atestado médico falso (sobre fato relevante). O sujeito ativo é o médico,
portanto, é crime próprio. O sujeito passivo é o Estado (a coletividade). O elemento subjetivo é o dolo
direto ou eventual. A consumação se dá com a entrega do atestado falso (maioria). Há também o
entendimento de que estaria consumado no momento da elaboração do atestado. A tentativa é
admissível. Caso o médico seja servidor público e aceite dinheiro para elaborar o atestado, ele
praticará crime de corrupção passiva.

Uso de documento falso

Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a
302:

Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.

É um crime remetido, que não mais tem em si toda a conduta típica, mas faz menção a outros crimes.
Assim, a pena tem pena variável, dependendo do tipo de documento falsificado. É crime comum, com
exceção do envolvido na falsificação. Pressupõe-se que aquele que falsificou o documento ira fazer
uso dele, portanto, o crime descrito no art. 304, é um pós-fato impunível. O sujeito passivo é a
coletividade. O elemento subjetivo é o dolo direto ou eventual. A consumação se dá com a efetiva
utilização do documento falso, assim o simples porte do documento não configura crime. A tentativa é
inadmissível, para a maioria.

*Obs. Quando irmão gêmeo pega a cnh do outro, prática qual crime? Art. 308, pois o documento não
é falso.

Supressão de documento

Art. 305 - Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio,
documento público ou particular verdadeiro, de que não podia dispor:

Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa, se o documento é público, e reclusão, de um a cinco
anos, e multa, se o documento é particular.

Destruir (perda da forma), suprimir (fazer desparecer – riscar, tornar ilegível) ou ocultar (esconder)
documento público ou particular verdadeiro (objeto material), de que não podia dispor (elemento
normativo relacionado à ilicitude da conduta). É crime comum e o sujeito passivo é o Estado
(coletividade). O elemento subjetivo é o dolo direto, de forma que há um fim especial, qual seja, em
benefício próprio ou de outrem o em prejuízo alheio. A consumação se dá com a própria conduta,
pois é crime formal. A diferença entre esse crime e o estelionato está na especialidade. O estelionato
tem o fim de proporcionar beneficio próprio e em prejuízo alheio, ao passo que o crime de supressão
de documento tem o fim de proporcionar beneficio próprio ou em prejuízo alheio. O estelionato é mais
especifico que a supressão de documentos.

DE OUTRAS FALSIDADES

Falsa identidade

Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para obter vantagem, em proveito próprio
ou alheio, ou para causar dano a outrem:

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CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA

Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o fato não constitui elemento de crime mais
grave.

Art. 308 - Usar, como próprio, passaporte, título de eleitor, caderneta de reservista ou qualquer
documento de identidade alheia ou ceder a outrem, para que dele se utilize, documento dessa
natureza, próprio ou de terceiro:

Pena - detenção, de quatro meses a dois anos, e multa, se o fato não constitui elemento de crime
mais grave.

A falsidade pessoal recai sobre a identidade civil, não sobre a pessoa física. A esses dois crimes se
atribuem subsidiariedade. Somente serão considerados se não foram meios para crimes mais graves.
Possuem subsidiariedade expressa.

Art. 307: Atribuir (imputar, considerar) a si próprio ou a terceiro falsa identidade (conjunto de
características peculiares de uma pessoa que permite individualiza-la.

Art. 308; Usar (empregar) documento de identidade (interpretação analógica) alheia (pertencente a
terceiro) ou ceder (dispor) a outrem documento dessa natureza, próprio ou de terceiro.

O elemento subjetivo é o dolo:

Art. 307: com o especial fim de obter vantagem em proveito próprio ou alheio, ou para causar dano a
outrem.

Art. 308: ceder exige especial fim (para que dele se utilize).

É crime comum e o sujeito passivo é a coletividade. A consumação ocorre com a conduta, vez que
trata-se de crime formal. A tentativa é admissível, quando plurissubsistente.

Adulteração de sinal identificador de veiculo automotor

Art. 311 - Adulterar ou remarcar número de chassi ou qualquer sinal identificador de veículo
automotor, de seu componente ou equipamento: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996))

Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)

§ 1º - Se o agente comete o crime no exercício da função pública ou em razão dela, a pena é


aumentada de um terço. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)

§ 2º - Incorre nas mesmas penas o funcionário público que contribui para o licenciamento ou registro
do veículo remarcado ou adulterado, fornecendo indevidamente material ou informação oficial.
(Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)

Adulterar (falsificar) ou remarcar (colocar nova marca) número de chassi (estrutura sobre a qual se
monta a carroceria) ou qualquer sinal identificador de veiculo automotor (Anexo I do CTB), de seus
componentes ou equipamento (placas, numeração de vidros, motor etc.). A maioria entende que essa
alteração descrita no caput deve ser permanente.

*Obs.

· Pessoa que coloca fita adesiva na placa para evitar o rodizio? Entende a maioria que não há uma
significante lesividade. A alteração não é de caráter permanente e a consideração de tal conduta
como crime previsto no art. 311 seria desproporcional. No entanto, o STJ tem afirmado que essa
situação configura crime do art. 311, pois pode trazer prejuízo, principalmente quando o veiculo se
envolve em acidentes. A supressão de número do chassi não configura esse crime, na medida em
que não houve adulteração ou remarcação. O crime é comum e sujeito passivo é o Estado
(coletividade). O elemento subjetivo é o dolo (não há finalidade especial). Os §§ 1º e 2º são causas
de aumento de pena, as quais se configuram com a atuação do funcionário público no exercício de
sua função. A consumação e dá com a alteração e a tentativa é admissível, pois o crime é
plurissubsistente.

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CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA

Fraudes em certames de interesse público

Art. 311-A. Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de


comprometer a credibilidade do certame, conteúdo sigiloso de: (Incluído pela Lei 12.550. De 2011)

I - concurso público; (Incluído pela Lei 12.550. De 2011)

II - avaliação ou exame públicos; (Incluído pela Lei 12.550. De 2011)

III - processo seletivo para ingresso no ensino superior; ou (Incluído pela Lei 12.550. De 2011)

IV - exame ou processo seletivo previstos em lei: (Incluído pela Lei 12.550. De 2011)

Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído pela Lei 12.550. De 2011)

§ 1o Nas mesmas penas incorre quem permite ou facilita, por qualquer meio, o acesso de pessoas
não autorizadas às informações mencionadas nocaput. (Incluído pela Lei 12.550. De 2011)

§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à administração pública: (Incluído pela Lei 12.550. De
2011)

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído pela Lei 12.550. De 2011)

§ 3o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o fato é cometido por funcionário público. (Incluído pela
Lei 12.550. De 2011)

Bem jurídico: lisura dos certames públicos. Utilizar (dar uso) ou divulgar (tornar público),
indevidamente (elemento normativo), conteúdo sigiloso de concursos, vestibulares etc. O elemento
subjetivo é o dolo direto, com a especial finalidade de beneficiar a si ou a outrem ou de comprometer
a credibilidade do certame. O crime é comum e sujeito passivo é o Estado (coletividade). A causa de
aumento de pena (§ 3º) se configura quando o fato é cometido por funcionário público. O § 1º
descreve uma conduta equiparada, que possui permitir ou facilitar como verbo do tipo. O § 2º
descreve a qualificadora que ocorre quando resulta dano à administração.

[1] Criação de um documento, semelhante ao verdadeiro. Papel semelhante, impressão semelhante.

[2] Inserção de algo em um documento verdadeiro. O documento é verdadeiro e se insere algo no


documento.

[3] Retirada de informação do documento, alterando-se a verdade.

[4] Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente
ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.

§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade


paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a
execução de atividade típica da Administração Pública.

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CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Crimes Contra a Administração Pública

INTRODUÇÃO:

Tratados no CP a partir do título XI, estão separados em crimes cometidos por funcionários e
crimes cometidos por particulares contra a administração pública.

No CP, os artigos 312 a 326 tratam dos crimes funcionais. Ou seja, deve ter como elemento: Ser
funcionário público. Por este motivo, serão crimes próprios (é possível ter autor e partícipe no polo
ativo). Se não estiver presente esse elemento, o tipo será atípico ou desqualificado.

O Código Penal visa não proteger o estado em si, mas o funcionamento dos poderes (legislativo,
executivo e judiciário).

• Funcionário Público: Para o direito administrativo, é o concursado com funções determ inadas em
lei. Para o Direito penal, contudo, de acordo com o artigo 327, é toda pessoa que está investido em
cargo público, emprego público e função pública, transitoriamente ou sem remuneração alguma.

“Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente
ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.”

• Cargos: São criados por lei, em número certo e pagos pelos cofres públicos

• Emprego público: São serviços temporários, com contrato de regime especial ou CLT

• Função pública: Qualquer conjunto de atribuição pública que não cargo ou emprego.

Além disso, tal conceito está ligado, no direito penal à corrente AMPLIATIVA: Entende que
empregados de autarquias, sociedades de economia mista, empresas públicas e fundações
instituídas pelo poder público serão funcionários públicos, chamados de: Funcionários públicos por
equiparação.

§ 1 do supracitado artigo:

§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade


paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a
execução de atividade típica da Administração Pública

Percebe-se, portanto, que os prestadores de serviços contratados para função típica da


administração pública também serão funcionários públicos. Entretanto, a atividade contratada deve
ser TÍPICA da administração pública.

• Mesmo que ainda não tenha tomado posse do cargo, a pessoa poderá ser considerada
funcionário público e, por este motivo, dependendo do seu ato, cometerá crime.

• Via de regra, a condição de funcionário público chega ao fim com a aposentadoria, exceto por
advocacia administrativa e violação de segredo, que constituem exceções pois, nestes casos, os
infratores ainda exercem alguma influência.

Vale dizer que existe uma corrente, chamada de RESTRITIVA acerca do funcionário público, que
diz que o funcionário público por equiparação só poderia abranger os funcionários da autarquia.
Essa teoria não prevalece no Direito Penal.

O Parágrafo segundo traz um caso de aumento de pena no artigo 327, dizendo:

“A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo
forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da
administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo
poder público”

Crimes Em Espécie

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CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Antes de falarmos dos crimes propriamente ditos, a primeira parte deste capítulo do CP traz os
“crimes cometidos por funcionários públicos”. Logo, são crimes funcionais, próprios, que devem ter,
necessariamente, o funcionário público cometendo. Entretanto, conforme o artigo 30 do CP, existe
a “conexão de elementares”, de modo que se um particular, sabendo da situação da pessoa que é
funcionária pública, participar do crime, poderá responder também pelo crime funcional na
qualidade de coautora, de modo que responderá pelo mesmo crime.

“Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando


elementares do crime. “

Vale lembrar que o CP adota a teoria MONISTA temperada, de modo que, exceto por poucas
exceções, o coautor e o partícipe responderão pelo mesmo crime que o autor, desde que haja
comunicação de elementar, conforme o artigo 30.

PECULATO.

Previsto no artigo 312 do CP. Existem diversas modalidades de Peculato.

“Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel,
público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou
alheio:

Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.”

A primeira parte do artigo prevê o peculato PRÓPRIO, onde o funcionário se apropria de dinheiro,
valor ou qualquer outro bem móvel de utilidade da qual tenha posse em razão de seu cargo. (Posse
é obtida de forma lícita, num primeiro momento.)

A segunda parte do artigo prevê o peculato DESVIO, onde o funcionário desvia o bem em benefício
próprio ou alheio

• PECULATO-FURTO – Não é crime! (Nele o sujeito se apropria para fazer uso temporário e
devolve)

• Tipo subjetivo: Dolo e o dolo específico de tornar-se dono da coisa através da inversão do título
dominial

• Tipo objetivo: Apropriar-se ou desviar

• Consumação: Ocorre no momento em que o autor retira o objeto da disponibilidade da vítima e


passa a ter o animus domini sobre ele.

• Bem jurídico tutelado: Patrimônio público e a probidade administrativa.

• Sujeito ativo: O funcionário público que comete o crime, o coautor ou partícipe por comunicação
de elementar

• Sujeito passivo: Administração pública de modo primário e, secundariamente, a pes soa que
perdeu o objeto.

• Crime instantâneo: se consuma com o desvio ou apropriação. (Outra corrente, contudo, entende
ser crime material, na modalidade desvio, onde deve, necessariamente, causar prejuízo à
administração pública)

• Tentativa: Admite em ambas as modalidades

• Ação Penal: É pública incondicionada.

• Ausente a elementar de funcionário público, o crime é desqualificado e torna -se APROPRIAÇÃO


INDÉBITA, que é crime contra o patrimônio, que pode ser cometido por qualquer um.

Peculato-Furto:

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CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

• É o previsto no parágrafo primeiro do artigo 312. É o chamado “peculato próprio”, onde o agente
se apropria valendo-se da qualidade de funcionário público. (Ou seja, ele não tem a posse do
dinheiro, bem ou valor, mas se apropria por ser funcionário público.)

• Tipo subjetivo: Dolo e dolo específico de ter a coisa como sua.

“§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro,
valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio,
valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.”

Peculato-Culposo

• É o previsto nos §§ 2 e 3 do artigo 312 do CP, onde o funcionário público contribui, de modo
culposo, para a prática delituosa de alguém, sendo negligente.

• Vale dizer que de acordo com o § 3, se a reparação do dano ocorrer antes da sentença transitada
em julgada, haverá extinção da punibilidade. Se, contudo, o dano for reparado posteriormente,
deve-se reduzir a pena pela metade.

“§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem:

Pena - detenção, de três meses a um ano.

§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível,


extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.”

A reparação, contudo, deve ser completa!

O peculato culposo é de competência do juizado especial criminal, tendo em vista sua pena.

Peculato Mediante Erro De Outrem

Aqui o agente entrega algo por puro erro ao funcionário público. Entretanto, se este último o induziu
a erro, será PECULATO-ESTELIONATO.

• Sujeito ativo: funcionário público

• Sujeito passivo: estado e vítima secundariamente.

Conduta: apropriar-se.

Artigo 313 A e B são “crimes novos”, denominados de PECULATO-ELETRÔNICO.

São crimes que surgiram em razão da informática, caracterizando uma mudança no modus
operandi.

Artigo 313-A

“Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou
excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da
Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para
causar dano:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.”

• Aqui o agente insere ou facilita acesso ao terceiro. O funcionário, neste caso, deve ter vontade
livre e consciente para inserir dado falso.

• O artigo fala em “funcionário autorizado”. Se não estiver autorizado, cometerá o crime do


artigo 297 ou 299 do CP.

• Bem tutelado: Probidade da administração pública

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• Sujeito ativo: funcionário público autorizado

• Sujeito passivo: Estado

• Conduta: Inserir, facilitar, alterar ou excluir

• Tipo subjetivo: dolo

• Consumação: ocorre com a conduta, independentemente de resultado material ou dano

• Tentativa: admite-se

No artigo 313-B, o funcionário não precisa ter autorização, mas modifica dado.

• No peculato, a competência será sempre da justiça federal quando for bem da União, autarquias,
empresas públicas. Residualmente, será do estado!

• No peculato-culposo, como vimos, a competência e do Juizado especial criminal.

Extravio, Sonegação Ou Inutilização De Livro Ou Documento

Previsto no artigo 314 CP.

“Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão do cargo;
sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui crime mais grave.”

O documento pode ser pertencente à administração pública ou a um particular. Entretanto, o livro


oficial é da administração.

• Bem tutelado: Administração pública.

• Sujeito ativo: Funcionário público que possui a guarda em razão do cargo

• Sujeito passivo: É o estado e, secundariamente, o proprietário do documento confiado à


administração pública.

• Conduta: São várias. Extraviar, desviar, sonegar, inutilizar. Todas elas devem ser feitas pelo
funcionário público que tenha como função guardar o livro oficial ou qualquer documento!

• Elemento subjetivo: Dolo

• Consumação: Ocorre com a prática da conduta independentemente de prejuízo

• Tentativa: Extravio e inutilização permitem. No caso de sonegação, não existe tentativa

• Ação penal: pública incondicionada.

Emprego Irregular De Verbas Ou Rendas Públicas

“Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei:

Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.”

• Bem tutelado: A administração pública e seu patrimônio

• Sujeito ativo: Crime próprio, só podendo ser cometido pelo funcionário público que tenha poder de
disposição de verbas e rendas públicas.

• Conduta: Dar aplicação diversa; destinar diversamente do previsto em lei

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• Destinação legal: O funcionário público DEVE destinar a verba de acordo com o que está previsto
na lei! É uma legalidade estrita. Se for diversamente ao previsto, será crime.

• Renda pública são aquelas constituídas por dinheiro recebido pela fazenda pública. Verba pública
é constituída por dinheiro e destinada à execução de determinado serviço público ou para outra
finalidade de interesse público

• Elemento subjetivo: É o dolo.

• Consumação: No momento em que há a aplicação indevida da verba pública.

• Tentativa: Admite-se

• Ação penal: pública incondicionada.

Concussão

“Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou
antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:

Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.”

Portanto, o funcionário DEVE EXIGIR, de modo que atemoriza a vítima.

Conduta: Exigir (em razão do emprego, cargo ou função pública que pratica, mesmo antes de
assumi-la.)

• É um crime funcional impróprio, tendo em vista que se o sujeito ativo não for funcionário público,
praticará o crime de extorsão previsto no artigo 158.

• Sujeito ativo: Funcionário público

• Sujeito passivo: É o estado e o particular intimidade

• Bem tutelado: Administração pública e liberdade do particular.

• A exigência deve ser feita de maneira clara ou implícita.

• Não é necessário a promessa de infligir um mal determinado, bastando o temor genérico que a
autoridade inspira.

• O agente pode não estar no exercício da função no momento. O status de funcionário público é o
suficiente

• A vantagem pode ter natureza distinta, mas NORMALMENTE é econômica (patrimonial)

• A vantagem DEVE ser indevida!

• Consumação: É um crime formal. A mera exigência já o consuma, não havendo necessidade que
a vítima ceda. Não se admite tentativa (Alguns a reconhecem, contudo – se feita por carta, por
exemplo. Para essa corrente, desde que seja possível o fracionamento do iter criminis, poderá
haver tentativa.)

• Flagrante: Há discussão na doutrina. Alguns entendem que somente no momento em que se


exige pode ocorrer o flagrante.

• Ação penal: pública incondicionada. Se for funcionário federal, será de competência federal.

• CONCUSSÃO E EXTORSÃO: O primeiro ocorre por decorrência de cargo público. A segunda,


contudo, não é decorrente de cargo.

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• CONCUSSÃO E CORRUPÇÃO PASSIVA: Normalmente, na corrupção há um acordo, não


havendo exigência.

Excesso De Exação:

“§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou,
quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza:

Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa

§ 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente


para recolher aos cofres públicos:

Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.”

É um tipo de concussão. Entretanto, neste caso, o funcionário exige um tributo ou uma contribuição
social que sabe ser indevido ou, se devido for, emprega a exigência de modo não autorizado por
lei. Quando tratarmos de tributo, então, falaremos em EXCESSO DE EXAÇÃO.

Corrupção Passiva:

“Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da
função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal
vantagem:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.”

Ou seja, ocorre quando o funcionário público solicita ou recebe, para si ou para outrem, vantagem
indevida. Pode acontecer também quando ele aceita promessa da vantagem. Pode ocorrer fora da
função ou antes de assumi-la.

• É uma espécie de acordo entre o funcionário público e um terceiro.

• Conduta: São alternativas (solicitar, receber e aceitar promessa – Nos dois últimos casos, terá
corrupção ativa por parte do particular.

• Crime próprio, somente cometido por servidor público. O sujeito ativo SOMENTE poderá ser
funcionário público.

• Elemento subjetivo: Dolo.

• Neste crime, há uma exceção à teoria monista, de modo que o particular responde por um Crime
e o agente por outro.

• A bilateralidade (em receber e aceitar promessa) não é essencial, uma vez que o particular pode
não aceitar dar a vantagem. Em regra, o delito de corrupção é unilateral, tanto que existem as
formas passiva e ativa, conforme a qualidade do agente.

• Não é porque há corrupção passiva que vai haver corrupção ativa.

• O ato de ofício do funcionário público DEVE SER IDENTIFICADO! Ou seja, ele recebe a
vantagem para fazer o ato de ofício – tal tese, conduto, foi relativizada pelo STF no caso do
mensalão, onde poderá haver a PRESUNÇÃO de que recebeu para fazer algo.

“§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem ou promessa, o


funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever
funcional. – Aqui, neste caso, o sujeito faz um ato de ofício ilícito. É a chamada “corrupção própria”.
Há um aumento de pena.

§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever
funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem: - Aqui temos a figura do “quebra galho”,

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CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

retardando o que deveria ser feito. É a chamada “corrupção privilegiada”. É a modali dade mais
branda e por este motivo tem uma pena reduzida.

Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.”

• Consuma-se o crime de corrupção em 03 momentos distintos:

• Quando solicita a vantagem

• Quando recebe a vantagem sem qualquer solicitação

• Quando aceita a promessa de vantagem.

• É um crime formal, bastando a solicitação, o recebimento ou a aceitação. Não precisa de


resultado.

• Tentativa: Não admite, exceto se for escrito!

• Ação penal: Pública incondicionada

• Competência: Federal quando afetar a união.

• Modalidade privilegiada: É de competência do JECRIM.

• Lei 10.763/03 tornou a pena da corrupção maior, equiparando-a ao peculato. O crime de


concussão permaneceu com uma pena menor! Há uma grande discussão por este motivo, uma vez
que parece ser mais “benéfico” EXIGIR do que solicitar, visto que a pena da concussão é menor.

Facilitação De Contrabando Ou Descaminho:

“Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou descaminho (art.
334):

Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.”

• Contrabando: O produto é ilegal, não permitido.

• Descaminho: O produto é legal, mas não há o pagamento do imposto

• Bem tutelado: Administração pública

• Sujeito ativo: Somente funcionário público, sendo crime próprio. O funcionário, aqui, tem o dever
funcional de reprimir ou fiscalizar o contrabando, bem como de cobrar os impostos.

• Sujeito passivo: Estado.

• Conduta: Facilitar, por ação ou omissão.

• Elemento subjetivo: Dolo. Deve haver a consciência e vontade do agente que age violando dever
funcional

• Consumação: Independe do resultado, bastando somente a facilitação

• Tentativa: Apenas se a facilitação se der por ação

• Ação penal: Pública incondicionada

• O SUJEITO ATIVO DEVE TER A OBRIGAÇÃO DE FISCALIZAR E REPRIMIR, BEM COMO DE


COBRAR OS IMPOSTOS!

Prevaricação

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“Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá -lo contra
disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.”

• Bem tutelado: administração pública

• Tipo subjetivo: Dolo, com finalidade específica de satisfazer interesse ou sentimento pessoal

• Conduta: Retardar (procrastinar) – omissiva; Deixar de praticar – omissiva; Praticar – comissiva


(deve ser contra a lei)

• Consumação: Ocorre com o retardamento, omissão ou realização do ato.

• Tentativa: Admite apenas na conduta comissiva, de realizar. Retardar ou deixar de praticar, não
admite.

“Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever de vedar
ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com
outros presos ou com o ambiente externo:

Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.”

Trata-se de uma modalidade de crime omissivo, onde o diretor da penitenciária ou o a gente público
que POSSUI o dever de vedar acesso a aparelho telefônico permite sua utilização. É um crime
omissivo próprio (como se comissivo fosse)

• Deve haver o dever do agente público ou do diretor da penitenciária de vedar o acesso ao


aparelho telefônico! O preso pode se comunicar com o mundo exterior por meio de
correspondência escrita, leitura e outros meios de informação que não comprometam a moral e os
bons costumes.

• Bem tutelado: Administração público

• Sujeito ativo: Agente público ou diretor da penitenciária que possui o dever de vedar

• Sujeito passivo: Estado

• Conduta: “deixar”, sendo omissivo

• Tentativa: Não admite

• Consumação: ocorre com a mera omissão

• Ação penal: Pública incondicionada

• Crime formal que independe de resultado naturalístico.

Condescendência Criminosa

“Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu
infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento
da autoridade competente:

Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.”

Há uma relação hierarquizada aqui. Por exemplo: se o delegado deixa de punir ou responsabilizar o
escrivão, há condescendência. Agora, se o escrivão deixa de reportar a infração do seu superior –
delegado, no caso - haverá prevaricação (por medo), no máximo.

• Bem tutelado: Administração pública.

• Conduta: Deixar de responsabilizar ou não levar fato à autoridade competente.

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CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

• Tipo subjetivo: Doloso. Deve haver, também, uma indulgência, isto é, tolerância, deixando de
punir ato que deveria ser punido.

• Consumação: É crime omissivo próprio, consumando-se com a omissão

• Sujeito ativo: funcionário público

• Sujeito passivo: Estado

• Tentativa: Não se admite

• Ação penal: pública incondicionada.

“Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública,
valendo-se da qualidade de funcionário:

Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.

Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo:

Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa.”

• Bem tutelado: Administração pública

• Conduta: Patrocinar – que significa advogar; proteger; beneficiar; favorecer; defender. O agente
usa das facilidades de seu cargo para a prática deste crime.

• Interesse privado: É qualquer vantagem a ser obtida pelo particular, podendo ser legítima oi
ilegítima perante à administração pública

• Interesse do próprio funcionário: Não caracteriza crime, no máximo uma falta grave. O interesse a
ser satisfeito deve ser de um PARTICULAR.

• Consumação: Ocorre com o patrocínio, independentemente de resultado. Ou seja, ocorre com o


favorecimento

• Tentativa: Admite-se.

• É NECESSÁRIO TER UM PÚBLICO E UM PRIVADO NESTE CRIME.

§único trata de uma qualificadora. Ocorre quando a advocacia administrativa visa favorecer
interesse ilegítimo.

• Admite suspensão condicional do processo, pela lei 9.099/95.

Violência Arbitrária

“Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou a pretexto de exercê-la:

Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da pena correspondente à violência.”

• Bem tutelado: Administração pública

• Sujeito ativo: funcionário público

• Sujeito passivo: Estado e, secundariamente, quem sofre a violência

• Conduta: Praticar violência. – abrangendo as vias de fato – lesão corporal ou homicídio

• A conduta deve ser praticada no exercício da função do agente ou a pretexto de exercer essa
função

• Tipo subjetivo: Dolo

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CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

• Consumação: Consuma-se com a efetiva prática da violência

• Tentativa: Teoricamente é admissível, visto que tratamos de um ato comissivo e que pode ser
fracionado

• Ação penal: pública incondicionada

• Há discussão se foi revogado ou não. Damásio de jesus lidera a corrente que acredita ser.
Entretanto, existem julgados em diversos sentidos.

“Abandono de função

Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos em lei:

Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.

§ 1º - Se do fato resulta prejuízo público:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

§ 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fronteira:

Pena - detenção, de um a três anos, e multa.”

• Bem tutelado: Administração pública, no que diz respeito ao serviço que é prestado

• Sujeito ativo: Trata-se de crime próprio, sendo cometido por funcionário público investido no cargo

• Sujeito passivo: Estado

• Conduta: Abandonar – deixar, renunciar, desistir.

• O abandono deve ser total e por tempo relevante. O abandono parcial e por tempo insignificante
que não gere dano não constitui o delito

• O abandono não deve ser permitido por lei

• Se o abandono ocorrer por força maior ou estado de necessidade, o fato será atí pico.

• Tipo subjetivo: Dolo (devendo o agente ter consciência que não pode deixar o cargo e vontade de
abandonar)

• Consumação: Ocorre com o efetivo abandono do cargo público, por tempo juridicamente
relevante

• Tentativa: É crime omissivo próprio e, por este motivo, não é admitida.

Exercício Funcional Ilegal, Antecipado Ou Prolongado

“Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes de satisfeitas as exigências legais, ou
continuar a exercê-la, sem autorização, depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido,
substituído ou suspenso:

Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.”

• Bem tutelado: administração pública

• Sujeito ativo: Deve ser cometido por funcionário público, exceto na segunda modalidade, onde o
autor continua exercendo sem autorização

• Sujeito passivo: O Estado

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CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

• Conduta: Entrar no exercício antes de satisfazer as exigências ou continuar a exercer a função


sem autorização

• Tipo subjetivo: Dolo

• Consumação: Ocorre com o primeiro ato de ofício indevido

• Tentativa: Admite-se, mas é de difícil configuração

Violação De Sigilo Funcional

“Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em segredo,
ou facilitar-lhe a revelação:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato não constitui cr ime mais grave.

§ 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem:

I - permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e empréstimo de senha ou qualquer outra


forma, o acesso de pessoas não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da
Administração Pública;

II - se utiliza, indevidamente, do acesso restrito.

§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública ou a outrem:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa”

• Bem tutelado: Administração pública

• Sujeito ativo: Funcionário público que tem ciência do fato em razão do cargo e que este fato deve
permanecer em silêncio

• Sujeito passivo: Estado

• Conduta: Revelar – contar; Facilitar descobrimento – tornar fácil

• Deve haver possibilidade de dano para que seja considerado crime.

• Consumação: Consuma-se com o conhecimento do segredo por terceiro

• Tentativa: Admite-se na facilitação e na revelação, desde que esta última não seja oral.

• § 2 traz a figura qualificada, que ocorre quando há dano para a administração pública ou terce iro.

• Se for um segredo particular e não da administração pública, o funcionário pode incidir nos
artigos 152, 153 e 154 do CP.

• Admite-se a suspensão condicional do processo pela pena menor que um ano

• Ação penal: pública incondicionada.

Violação De Sigilo De Proposta De Concorrência

• Revogado pelo artigo 94 da lei de licitações.

Dos Crimes Praticados Por Particulares Contra A Administração Pública

Usurpação De Função Pública

“Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública:

Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.

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CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem:

Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.”

• Bem tutelado: Administração pública

• Sujeito ativo: Crime comum, pode ser qualquer pessoa, até mesmo o funcionário público
incompetente ou investido em outra função (agente pratica ato de forma ilegítima, pois não tem
competência)

• Sujeito passivo: Estado

• Conduta: Usurpar – assumir ou exercer indevidamente.

• Tipo Subjetivo: Dolo.

• Não há modalidade culposa. Desse modo, o agente deve ter consciência e vontade de usurpar a
função

• Consumação: Consuma-se com o ato de ofício que o agente não pode fazer.

• Tentativa: Teoricamente é admissível

• Se o agente auferir vantagem para si ou para outrem, qualificará o crime!

• É diferente de estelionato. Neste último, o agente se apresenta como funcionário público para
induzir alguém a erro.

• Se o agente não pratica qualquer ato de ofício mas se apresenta como funcionário, recairá em
contravenção penal, nos artigos 45 e 46 da LCP

• Ação penal: Pública incondicionada

Crime De Resistência

“Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário
competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio:

Pena - detenção, de dois meses a dois anos.

§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa:

Pena - reclusão, de um a três anos.

§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência.”

• Bem tutelado: Administração pública

• Sujeito ativo: Qualquer pessoa, independentemente de ser funcionário público

• Sujeito passivo: Estado e, secundariamente a pessoa que esteja executando o ato ou prestando
auxílio

• Conduta: Opor-se (o ato aqui deve ser legal, tanto formal quando substancialmente), por violência
ou ameaça.

• Pressupostos: Legalidade do ato; competência do funcionário para executar e oposição positiva


(resistência passiva não configura)

• Tipo subjetivo: Dolo, com o fim específico de evitar a realização do ato.

• Consumação: Consuma-se com a efetiva oposição

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• Tentativa: Obviamente admitida.

• Qualifica se o agente consegue, de fato, evitar a realização

• A negativa de acompanhar o policial, a negativa de abrir a porta ou outros atos de indisciplina não
caracterizam o delito, podendo caracterizar, no máximo, desacato.

• Se o sujeito praticar um homicídio ou uma lesão, haverá concurso material!

• Ação penal: Pública incondicionada

Desobediência

“Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público:

Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.”

• Bem tutelado: Administração pública

• Sujeito ativo: Qualquer pessoa, sendo crime comum

• Sujeito passivo: Estado.

• Conduta: Desobedecer ordem legal.

• Deve ser uma ORDEM (pedido não caracteriza). A ordem deve ser legal, tanto formal quando
substancialmente.

• Tipo subjetivo: Dolo

• Consumação: Consuma-se no momento em que há a ação ou omissão, após o decurso de prazo


para cumprir a ordem

• Tentativa: É admitida apenas na modalidade comissiva.

• Quando a lei extrapenal comina sanção civil ou administrativa e não prevê a cumulação com o
artigo 330 do CP, não caracteriza o delito.

• Ação penal: pública incondicionada.

Desacato

“Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.”

• Bem tutelado: Administração pública

• Sujeito ativo: Qualquer pessoa, sendo crime comum

• Sujeito passivo: Estado e funcionário, secundariamente.

• Conduta: Desrespeitar, ofender funcionário público no exercício da função ou em razão dela

• É necessária a presença do ofendido, caso contrário não haverá desacato, e sim injúria
qualificada.

• Tipo subjetivo: Dolo, com a finalidade de menosprezar

• O desacato absorve as vias de fato, como a lesão corporal leve, a ameaça, a difamação e a
injúria. Se houver crimes mais graves, haverá concurso formal

• Ação penal: Pública incondicionada.

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Trafico De Influência

“Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de
vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o agente alega ou insinua que a vantagem é
também destinada ao funcionário.”

• Bem tutelado: Administração pública

• Sujeito ativo: Qualquer pessoa, sendo crime comum.

• Sujeito passivo: É o estado

• Conduta: Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de
vantagem.

• Mesmo que a pessoa não tenha, de fato, toda a influência que diz ter, cometerá o crime.

• Tipo subjetivo: Dolo, visando influir no ato praticado por funcionário público.

• Consumação: Consuma-se o delito com a mera solicitação, exigência ou cobrança da vantagem


ou promessa desta.

• Tentativa: Admite-se, mas é de difícil configuração.

• Há forma qualificada quando é insinuado que a vantagem também se destina ao funcionário


público.

Corrupção Ativa

“Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná -lo a
praticar, omitir ou retardar ato de ofício:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou promessa, o


funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.”

• Bem tutelado: Administração pública

• Sujeito ativo: Qualquer pessoa, independentemente de sua condição ou qualidade pessoal

• Sujeito passivo: Estado

• Conduta: Oferecer ou prometer vantagem indevida, visando a prática, omissão ou retardo do ato
de ofício por parte deste.

• A oferta deve ser feita espontaneamente pelo agente. Se houver exigência por parte do
funcionário, será concussão (316 CP)

• Tipo subjetivo: Dolo, com o fim específico da prática, omissão ou retardo do ato de ofício.

• Bilateralidade pode ocorrer, mas não é obrigatória. Isto é, para que ocorra, não é necessário que
também ocorra corrupção passiva.

• Consumação: Consuma-se no momento em que o funcionário passa a ter ciência da oferta ou da


promessa de vantagem indevida

• Tentativa: Admite-se, mas é de difícil configuração, pois a oferta deve ser escrita, neste caso.

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• Forma majorada: Ocorre na hipótese do parágrafo único, quando há realmente a prática ou a


omissão do ato. Trata-se de exaurimento do crime.

• Ação penal: Pública incondicionada

• Este crime é uma exceção à teoria monista: O funcionário que aceita a vantagem indevida não
pratica crime de corrupção ativa, mas de corrupção passiva. Além disso, se o particular dá o
dinheiro solicitado na corrupção passiva, não estará cometendo corrupção ativa, isto pois a oferta,
no crime em questão, deve ser espontânea.

• Colocar dinheiro na bolsa que será revistada por funcionário público caracteriza a corrupção ativa,
conforme entendimento majoritário, pois trata-se de forma velada de corrupção ativa, entendem
que há uma oferta, neste caso.

• É um crime formal, isto é, não precisa do resultado. A simples oferta já é o suficiente.

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