Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CAPITULO I
CRIMES E CONTRAVENÇÕES
Diferentemente do que acontece nos crimes, nas contravenções não está em causa saber
se foi lesado algum interesse jurídico concreto, basta a violação de normas
regulamentares que previnem a violação efectiva de um bem jurídico. O objecto da
contravenção não é o bem jurídico protegido pela norma penal, mas a simples norma
que previne o dano efectivo do bem. Ex: a norma que proíbe o excesso de velocidade
em certa localidade. A simples violação desta norma, excedendo a velocidade, já
constitui uma contravenção, independentemente de, em virtude deste excesso vier a
provocar um atropelamento a uma pessoa. Portanto, nas contravenções pune-se a mera
desobediência as normas de prevenção, o que significa que é indiferente o\ dolo nas
contravenções.
1
Entre nós esta questão fica ultrapassada, pois as pessoas jurídicas também já podem ser
responsabilizadas criminalmente. Cfr art. 9 CP.
1
Facto típico: porque o comportamento está previsto na descrição da norma penal. Dai o
chamarmos de tipo legal ou criminal;
Noção Material: a infracção é um facto que lesa ou põe em perigo bens jurídicos
fundamentais.
Portanto, tendo em conta estas duas noções, podemos dizer que a infracção penal é um
facto voluntário previsto na lei penal que lesa ou põe em perigo bens jurídicos
fundamentais.
Sujeito activo: é o agente que comete a infracção, seja ela pessoa física ou colectiva;
Sujeito passivo: é a pessoa que sofre os efeitos da infracção, portanto o ofendido, que
pode ser pessoa física ou jurídica;
O Objecto: que pode ser material ou jurídico. O objecto material são as coisas ou
pessoas sobre que incide a infracção. O objecto jurídico pode ser mediato ou imediato.
O objecto jurídico mediato são as relações sociais que os interesses jurídicos ofendidos
exprimem.
O objecto imediato: são os valores ou interesses jurídicos tutelados pela norma penal
violadas pela infracção penal.
Ex: no crime de furto, o objecto material seria a coisa furtada, a propriedade é o objecto
jurídico imediato, as relações de produção constituem o objecto jurídico mediato.
Acção
Todo crime pressupõe sempre uma acção, que se consubstancia num comportamento
humano, que é típica, isto é, porque preenche os elementos tipificados como proibidos,
ilícita porque sobre o mesmo comportamento recai um juízo de reprovação, e por fim
culposa porque o agente livremente o provocou. Portanto, isto significa que para que
haja crime é necessário que haja uma acção, típica, ilícita e culposa.
É com esta ideia que procuraremos estudar os elementos da infracção iniciando com a
acção.
2
A Acção: é toda conduta ou comportamento humano, dominado (dominavel) pela
vontade e que ofende ou põe em perigo bens jurídicos, interesses, individuais e
colectivos tutelados pelo direito penal. No entanto, ficam excluídos da acção humana os
fenómenos naturais, factos produzidos por animais.
Como se pode ver o comportamento humano deve ser dominado ou mesmo dominável
pela vontade, ou seja, sendo esta conduta provocado por qualquer facto estranho não se
pode falar de acção para efeitos de crime.
A Acção em direito penal pode ser entendida em sentido lato e em sentido estrito.
Toda acção em direito penal projecta-se sempre para o mundo exterior provocando um
resultado (evento). O Evento é o resultado que se verifica no mundo exterior provocado
pela acção. Entretanto, para que haja imputação é necessário estabelecer-se um nexo de
causalidade entre a acção e o evento ou resultado.
Para que um agente responda pelo resultado proibido pela lei penal é necessário saber se
tal resultado é consequência ou efeito da sua acção ou omissão. É nisto que se coloca o
problema do nexo de causalidade. Para tal duas teorias são apontados para explicar este
problema:
Teoria da Conditio sine qua non; para esta teoria o evento é o resultado de todos os
factos sem os quais esse resultado não se teria produzido. Ou seja, todos os factos
reunidos concorrem para a produção do resultado. Ex: A desfere um golpe com arma
branca (faca) a B nas pernas, de seguida é levado por uma ambulância para o hospital.
Entretanto, ao longo do trajecto a viatura envolve-se em um acidente vitimando
mortalmente B. Para esta teoria o dano morte de B deve ser imputado não só a C
(motorista da ambulância) mas também a A, pois sem a sua acção B não entraria na
Ambulância que viria a vitima-lo mortalmente. Portanto, a maior parte da doutrina
critica esta teoria por considerarem-na bastante injusta, pois se assim fosse os pais
seriam considerados também culpados pelos danos causados pela acção dos filhos pelo
facto de os terem dado a luz.
Teoria da Causalidade adequada; segundo esta teoria entre as várias condições que
levam à produção de um evento há uma ou umas que são mais adequadas a produção do
evento. No entanto, uma condição é adequada quando é idónea para a produção do
evento. Portanto, esta é a teoria mais aceite pela jurisprudência.
3
A lei penal não se limita a dizer que é crime todo comportamento que ofende bens,
valores ou interesses sociais tutelados pela lei penal, mas também descreve a forma da
lesão, o tipo de comportamento, a qualidade do agente etc. A esta descrição toda
chama-se tipicidade ou tipo legal.
4
defesa al. a) do artº 30º e 31º C.P, Estado de Necessidade artº 32º C.P, Obediência
Hierárquica artº 33º C.P.
-Requisitos da Agressão. Em primeiro lugar a agressão deve ser actual. Isto significa
que a legítima defesa deve ter lugar na eminência de uma agressão e antes de ter
terminado. Ou seja, antes da consumação do crime. Ver artº 31º nº 1 CP. Em segundo
lugar a agressão deve ser ilícita. Isto significa que a agressão deve ser entendida como
contrária ao direito. Em terceiro lugar, é necessário que a agressão não tenha sido
provocada, ou seja, não há lugar a legítima defesa quando a agressão tenha sido uma
reacção contra uma provocação do defendente.
5
Estado de necessidade, esta previsto nos termos do art. 32 CP. Ocorre nas situações
em que havendo um perigo actual de um interesse protegido por lei, só poderá ser
afastado ou diminuído à custa da lesão ou sacrifício de um interesse também protegido.
No entanto, para que haja a justificação da ilicitude no estado de necessidade é
necessário que o interesse que o agente visa proteger seja manifestamente superior ao
interesse sacrificado. Entretanto, este facto não se coloca quando estamos perante ao
bem vida (que é um bem absolutamente indisponível) pois sacrificar uma vida para
salvar várias vidas não se dá o estado de necessidade justificante.
Conflito de deveres justificante, está previsto nos termos do art. 33 CP. Ocorre
quando dois ou mais deveres jurídicos concorrem numa situação concreta de tal forma
que nenhum deles pode ser cumprido sem a violação do outro. No entanto, os deveres
em conflito têm de se cingir a valores da mesma hierarquia ou de valor superior ao que
se sacrifica, sob pena de não estarmos perante uma causa de justificação da ilicitude.
Ex: o médico que, perante uma situação de risco de vida, só dispõe uma injecção para
aplicar a um dos dois pacientes em risco de morte. A morte do paciente que não lhe for
aplicada a injecção é justificada pela impossibilidade material do médico em atender
os dois pacientes ao mesmo tempo.
Obediência hierárquica. Está previsto nos termos do art. 33 CP. É hoje uma causa de
justificação discutível a nível da doutrina, porquanto questiona-se se justifica o facto o
cumprimento de uma ordem manifestamente ilegal e ilícita, tal como é comum no ramo
das Forças Armadas, nos órgãos de defesa e segurança. Entretanto, surgem duas
correntes doutrinárias a este propósito. A corrente hierárquica que defende que o
dever de obediência não cessa mesmo perante a uma ordem ilegal, pois justifica o facto
o cumprimento de uma ordem superior. Já a corrente legalista defende que num Estado
de Direito o dever de obediência cessa sempre que a ordem for contrária a lei e ao
direito. De resto esta última é a corrente mais bem acolhida num Estado Democrático e
de Direito, aliás prevista e acolhida entres nós, nos termos do nº 2 artº 33º CP conjugado
com o nº 2 do artº 75º do CRA
6
culpa é a qualidade de intender e de querer. É neste sentido que se fala de
imputabilidade penal para se referir ao individuo que tem a necessária capacidade de
intender e querer. Por isso é que esta capacidade só se adquiri aos 16 anos de idade. Cfr
artº 17º do CP. Entende-se que antes desta idade o individuo ainda não tem a necessária
inteligência e liberdade. Assim são considerados inimputáveis os menores de 16 anos e
os dementes por anomalia psíquica. Cfr.art. 18.