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RESUMO – TEORIA DO CRIME

A Teoria do Crime é, em síntese, o conjunto de regras e requisitos usados para


determinar se o fato é um crime.

 Conceitos de crime:

Conceito material: o conceito material de crime é a violação de um bem jurídico


penalmente protegido, com análise da conduta danosa e sua consequência social.

Conceito legal: é fornecido pelo legislador. Contudo, o Código Penal não conceitua
crime, mas o art. 1⁰ da Lei de Introdução ao Código Penal o faz: "Considera-se crime
a infração penal a que a Lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer
isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa;
contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão
simples ou de multa, ou de ambas, alternativa ou cumulativamente."

Conceito formal: no conceito formal, crime é a ação ou omissão proibida pela lei, sob
ameaça de pena.

Conceito analítico: o crime é uma ação típica, ilícita e culpável. Esse conceito se
divide em dois entendimentos: bipartido e tripartido.
A doutrina majoritária adota o sentido tripartido. Contudo, é importante ter
conhecimento dos dois entendimentos:

Bipartido: FATO TÍPICO E ANTIJURÍDICO. Para


essa corrente, a culpabilidade não é elemento do
Conceito crime, e sim pressuposto (requisito).
analítico
de crime
Tripartido: FATO TÍPICO, ANTIJURÍDICO E
CULPÁVEL. São todos elementos do crime.
- Para o conceito bipartido é necessário apenas que o fato seja típico e antijurídico.
Cumprindo esses dois requisitos o crime já foi praticado. No entanto, para que possa
aplicar a pena é necessário que possua culpabilidade.
- Para o conceito tripartido é necessário os três elementos. Assim, para que se
considere praticado o crime é essencial que ocorra um fato típico, antijurídico, bem
como que tenha sido praticado por um agente que possui culpabilidade. Dessa forma:

CRIME

FATO TÍPICO ANTIJURÍDICO CULPÁVEL

- Conduta Obs: quando o agente - Imputabilidade


não atua em:
- Estado de
- Resultado necessidade - Potencial consciência
sobre a ilicitude do fato
- Legítima defesa
- Nexo causal - Estrito cumprimento
do dever legal - Exigibilidade da
conduta diversa
- Tipicidade - Exercício regular de
direito

 Fato Típico
O sistema jurídico criminal brasileiro adotou o sistema finalista, ou seja, para haver
um delito deve haver uma conduta voluntária (dolosa ou culposa), um resultado
naturalístico (nos crimes materiais), o nexo de causalidade (entre a conduta e o
resultado naturalístico) e a tipicidade formal e material.

Conduta: ação ou omissão (ausência de comportamento) consciente e voluntária do


agente. Essa ação/omissão poderá ser praticada de forma dolosa ou culposa.
 Dolosa: o sujeito ativo tem a intenção de cometer o crime, ou seja, pretende
chegar ao resultado.

 Culposa: o sujeito ativo não comete o crime com a intenção, mas sim pela
inobservância de deveres de cuidado. Dessa forma, acaba sendo negligente,
imprudente ou imperito em determinada situação.
Modalidades de culpa:
- Imprudência: é o comportamento sem cautela, realizado com precipitação. Não
devia fazer e fez. Ou seja, é uma atitude precipitada. Ex: dirigir em excesso de
velocidade.
- Negligência: é um ato de descuido ou desatenção. Devia fazer e não fez. Ou seja,
é uma ausência de precaução. Ex: deixar uma arma de fogo perto de uma criança.
- Imperícia: relaciona-se a arte ou profissão. Consiste na incapacidade, inaptidão ou
falta de conhecimento necessário para o exercício de uma atividade profissional. Ex:
não esterilizar o material antes de uma cirurgia.
Obs: crimes culposos não admitem tentativa.

Resultado: é a consequência de uma conduta humana. Ex: morte por um disparo de


arma de fogo efetuado por alguém. Existem duas teorias sobre a natureza jurídica do
resultado:

 Teoria Naturalística: afirma que resultado é toda modificação do mundo


exterior provocada pelo comportamento humano voluntário.

 Teoria Jurídica ou Normativa: diz que o resultado é a lesão ou perigo de


lesão de um interesse protegido pela norma penal.

Nexo de causalidade: é a ligação que existe ente a conduta e o resultado. É a relação


de causa e efeito entre ação ou omissão do agente e a modificação no mundo exterior.
O Código Penal adota a teoria da equivalência dos antecedentes, também
chamada de teoria da “conditio sine qua non”, ou seja, condição sem a qual não ocorre
o resultado. Assim, causa é qualquer condição que tenha contribuído para a produção
do resultado.

Tipicidade: é a correspondência exata, a adequação perfeita entre o fato concreto e


a descrição contida na norma penal. Para que ocorra a tipicidade é necessário que
haja o fato, a conduta e o resultado.

 Antijuridicidade
Também chamada de “ilicitude”, é aquela relação de contrariedade que se estabelece
entre a conduta do agente e o ordenamento jurídico. Dessa forma, somente será lícita
(permitida) a conduta se o agente estiver amparado por uma das causas excludentes
da ilicitude previstas no art. 23 do CP.
 Estado de necessidade: é uma situação de perigo atual de interesses
legítimos e protegidos pelo Direito, em que o agente, para afastá-la e salvar um
bem próprio ou de outro, não tem outro meio senão lesar o interesse de terceiro
(outra pessoa). Ex.: o agente para socorrer uma pessoa gravemente enferma,
furta um automóvel para transportá-la até o hospital. (art. 24, CP)

 Legítima defesa: é a repulsa a agressão injusta, atual ou iminente, a direito


seu ou de outrem, usando moderadamente os meios necessários. (art. 25, CP)

 Estrito cumprimento do dever legal: ocorre quando a lei impõe ao agente um


comportamento, ou seja, quando existe um dever imposto pelo direito, seja em
regulamento, decreto ou qualquer ato do poder público. (art. 23, CP)

 Exercício regular de direito: é aplicável ao agente que pratica uma conduta


autorizada por lei, fazendo com que essa conduta se torne lícita. (art. 23, CP)
Ex: A violência praticada no esporte de lutas marciais é permitida. Desse
modo, um boxeador não poderá ser processado por lesão corporal, pois exerce
um direito legal de praticar o esporte.

 Culpabilidade
É o terceiro elemento do crime, de acordo com a teoria tripartida. Culpabilidade é o
juízo de reprovação que se faz ao agente por ter praticado um fato típico e antijurídico.
O Código Penal adota a teoria normativa pura, baseada na teoria finalista da conduta.
Desse modo, a culpabilidade é composta por elementos normativos:
 Imputabilidade: capacidade para o agente ser responsabilizado
criminalmente.

 Potencial consciência sobre a ilicitude do fato: é necessário que o agente


tenha praticado o fato sabendo, ou tendo a possibilidade de saber, que a sua
conduta é proibida.

 Exigibilidade da conduta diversa: consiste na possibilidade de exigir do


agente que ele haja de forma legal, ou seja, conforme o direito diante de uma
determinada situação.

Causas de exclusão da culpabilidade são eventos que permitem anular a


culpabilidade de um determinando agente em uma infração penal. São excludentes
da culpabilidade:
 Doença mental: toda doença que cause alteração na saúde mental do agente.

 Desenvolvimento mental incompleto: aquele que ocorre nos inimputáveis


(menores de 18 anos) em razão da idade, e os silvícolas inadaptados.

 Desenvolvimento mental retardado: quando o agente, em razão do retardo


mental, for incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
acordo com as leis.

 Embriaguez completa proveniente de fortuito ou força maior: deve faltar


ao agente capacidade de entendimento do caráter ilícito do fato, em razão de
caso fortuito (quando o agente desconhece o efeito da substância que ingere
ou alguma condição particular dela) ou força maior (quando o agente não é
responsável pela ingestão da substância alcoólica ou de efeitos análogos,
como nos casos de ser forçado a fazer o uso).

 Obediência hierárquica: ocorre quando o agente pratica ato ilegal por ordem
formal vinda de superior.

 Coação irresistível: é aquela em que há grave ameaça contra o agente infrator


que, por esse motivo, cometeu a infração.

 Erro de proibição: O agente pensa que é lícito (permitido), mas não é.


Geralmente aquele que atua em erro de proibição ignora a lei. Há o
desconhecimento da ilicitude da conduta. Porém, se o erro era invencível, ou
seja, não havia como ter consciência da ilicitude do fato, a culpabilidade estará
excluída.

“Nossa maior fraqueza está em desistir. O caminho mais certo de vencer é


tentar mais uma vez.” - Thomas Edison

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