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TEORIA DO CRIME

KARINE MAIA COSTA


DIREITO PENAL

• PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA (ultima ratio): O


Direito Penal só deve preocupar-se com a proteção dos
bens mais importantes e necessários à vida em sociedade

• PRINCÍPIO DA FRAGMENTARIEDADE: Corolário do pcp da


intervenção mínima. O caráter fragmentário do Direito
Penal significa, em síntese, que, uma vez escolhidos
aqueles bens fundamentais, comprovada a lesividade e
inadequação das condutas que os ofendem, esses bens
passarão a fazer parte de uma pequena parcela que é
protegida pelo Direito Penal, originando-se, assim, a
natureza fragmentária.
Conceito de teoria do delito:
• Segundo ZAFFARONI, teoria do delito é a parte
da ciência do direito penal que se ocupa de
explicar o que é o delito em geral, quer dizer,
quais são as características que devem ter
qualquer delito.
CRIME

Cada elemento
posterior do delito
CRIME pressupõe o anterior.
Infração penal (gênero):

• Conceito bipartido: De um lado crime e delitos


como expressões sinônimas e, do outro, as
contravenções penais.
NÃO HÁ DIFERENCIAÇÃO SUBSTANCIAL –
CRITÉRIO POLÍTICO. Contravenções penais –
delitos anões.
CRIME
FATO TÍPICO
• Conduta *dolosa/culposa
* comissiva/omissiva
• Resultado
• Nexo de causalidade
• Tipicidade *Formal
*Conglobante

ANTIJURÍDICO
Obs: quando o agente não atua em:
• Estado de necessidade
• Legítima defesa
• Estrito cumprimento do dever legal
• Exercício Regular do Direito
Quando não houver o consentimento do ofendido como causa supralegal da exclusão de ilicitude.

CULPÁVEL
• Imputabilidade
• Potencial consciência sobre a ilicitude do fato
• Exigibilidade da conduta diversa
Conceito analítico de crime:
• O crime é um todo unitário e indivisível. Ou o
agente comete o delito (fato típico, ilícito e
culpável), ou o fato por ele praticado será
considerado um indiferente penal. Conceito
estratificado de crime: este é composto pelos
seguintes estratos: ação típica, ilicitude e
culpabilidade (DIVISÃO TRIPARTIDA DO
CONCEITO ANALÍTICO).
No Brasil, existe a responsabilidade penal das pessoas jurídicas por crimes
ambientais?

1ª corrente: Não 2ª Corrente: NÃO 3ª corrente: SIM 4ª corrente: SIM


A CF/88 não previu A responsabilidade É possível porque É possível, desde
a responsabilidade da pessoa jurídica é há previsão que em conjunto
penal da pessoa incompatível com a expressa na CF. com uma pessoa
jurídica, mas teoria do crime A pessoa jurídica física.
apenas sua adotada no Brasil. pode ser punida Chamada de teoria
responsabilidade É a posição penalmente por da dupla
administrativa. majoritária na crimes ambientais imputação. Era a
É amplamente doutrina. ainda que não haja antiga posição da
minoritária. responsabilização jurisprudência.
de pessoas físicas.
É a posição do STJ e
STF.
FATO TÍPICO

• CONDUTA (ação): compreende qualquer


comportamento humano comissivo (positivo)
ou omissivo (negativo), podendo ser ainda
dolosa ou culposa.
Sujeito ativo: O autor da infração:
Pessoa física, capaz (idade igual ou superior a
18 anos).
• Sujeito passivo: pessoa ou ente que sofre as consequências
da infração penal:
1) Pessoa física;
2) Pessoa jurídica;
3) Ente sem personalidade jurídica (família, coletividade) –
“crime vago” Ex: calúnia contra os mortos, a vítima é a
família do morto.

Obs: Os animais não podem ser sujeito passivo de crime.


Aparecem como objeto material do delito, figurando como
sujeito passivo o proprietário do animal ou a coletividade
no caso de infração ambiental.
CONCEITO DE AÇÃO
• Conceito de ação para a teoria causal ou naturalista: Teoria clássica (Liszt e Beling) –
Movimento humano voluntário produtor de uma modificação no mundo exterior (o
nexo que interessa é o natural: CAUSA E EFEITO). Críticas: não solucionou o problema
da omissão.

• Conceito de ação para a teoria neoclássica: A ação passa a ser definida como
comportamento humano voluntário, manifestado no mundo exterir. Com isso, permite
a compreensão tanto da ação em sentido estrito (positiva) como da omissão.

• Conceito de ação para a teoria finalista: Welzer – A ação passou a ser o exercício de
uma atividade final. É a ação, portanto, um comportamento humano voluntário,
dirigido a uma finalidade qualquer. No crime culposo, a conduta não é ilícita, mas a
pessoa age por negligência, imprudência ou imperícia.

• Conceito de ação para a teoria social: Ação é a atividade humana social e juridicamente
relevante, segundo padrões axiológicos de uma determinada época, dominada ou
dominável pela vontade – Johannes Wessels – reside na relevância social da ação ou da
omissão.
CONDUTA

Formas de conduta: ação e omissão/dolosa e culposa.

Ausência de conduta: 1) caso fortuito ou força maior (exclui a voluntariedade do movimento); 2)


coação física irrestível; 3) estado de incosciência – ex: sonambulismo, hipnose; 4) atos reflexos

Obs: Embriaguez completa – desde que não seja proveniente de caso fortuito ou força maior,
mesmo que não possua a menor consciência daquilo que faz, ainda assim será responsabilizado
pelos seus atos – teoria da actio libera in causa (a ação foi livre na causa).
RESULTADO

• Crime material – é aquele cuja consumação só


ocorre com a produção do resultado naturalístico
– ex: homicídio.
• Crime formal – é aquele que se consuma
independentemente da produção do resultado
naturalístico – ex: extorsão mediante sequestro.
• Crime de mera conduta – é aquele que não
admite em hipótese alguma resultado
naturalístico – ex: desobediência.
NEXO CAUSAL

• É o elo necessário que une a conduta praticada pelo agente ao resultado por ela produzido. Se não
houver esse vínculo, não se pode falar em relação de causalidade.

• Teoria da equivalência dos antecedentes causais (teoria da conditio sine qua non) – Von Buri –
adotada pelo CP – considera-se a ação ou a omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
Verifica-se se o fato antecedente é causa do resultado por meio de uma eliminação hipotética.
Procedimento hipotético de eliminação de Thyrén. Para evitar uma regressão ad infinitum:
necessidade da análise da existência do dolo ou culpa para ser considerado causa.

• Com o objetivo de evitar o regresso ao infinito, surge a TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA (colocar
“freio” à causalidade objetiva). A imputação objetiva não substiutui a conditio, apenas a
complementa (introduzindo um nexo normativo, evitando o regresso ao infinito).
• Vide quadro pagina 149 apostila

• Omissão como causa do resultado: Artigo 13 do CP caput, parte final – A omissão também poderá
ser considerada causa do resultado, desde que o omitente tenha o DEVER JURÍDICO DE IMPEDIR
(ou tentar impedir) o resultado (§2º).
  IMPUTAÇÃO OBJETIVA (funcionalismo,
FINALISMO Roxin)

Causalidade Objetiva Causalidade Objetiva


(Teoria dos equivalentes + teoria da (teoria dos equivalentes + teoria da
eliminação hipotética) eliminação hipotética)
- Nexo Causal (físico) mera relação de - Nexo Causal (físico) mera relação de
causa/efeito. causa/efeito.
• Causalidade psíquica - “Nexo normativo”:
Dolo/Culpa *Criação ou incremento de um risco não
permitido – CIRPR (não tolerado pela
sociedade).
*Realização do risco no resultado – RRR
(resultado na linha desdobramento
normal da conduta).
*Risco produzido estar no âmbito de
proteção da norma- RAP.
• Causalidade Psíquica
Dolo/Culpa
Crimes omissivos próprios e
impróprios:
• Próprios – conduta negativa, de não fazer o que a lei determina. Não é
necessário qualquer resultado naturalístico, basta que o autor se omita
quando deve agir – artigo 135 do CP (omissão de socorro).

• Impróprios – são os crimes de omissão qualificada, porque os sujeitos


devem possuir uma qualidade específica (garantidor). Assumem a posição
de garante aquelas pessoas que se amoldam às situações elencadas pelos
§2º do artigo 13 do CP, assim redigido:
§2º A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia
agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância (obrigação
legal);
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado
(obrigação contratual – obs: não se exige o contrato formal);
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do
resultado.
TIPICIDADE

• Conceito: subsunção perfeita da conduta praticada pelo agente ao modelo abstrato previsto na lei
penal, isto é, a um tipo penal incriminador. Esta subsunção faz surgir a tipicidade formal ou legal.
Se não houver a adequação perfeita, o fato será atípico.

 Tipicidade penal = tipicidade formal + tipicidade conglobante

• Tipicidade conglobante:
Conduta antinormativa (contrária à norma penal e não imposta ou fomentada por ela) Ex: médico
realiza intervenção terapêutica, curativa (atividade fomentada pelo Estado);
Tipicidade material (ofensiva a bens de relevo para o Direito Penal) Ex: alguém, de forma
extremamente imprudente, ao fazer uma manobra em seu carro, acaba por encostá-lo na perna de
um pedestre que por ali passava, causando-lhe um arranhão de meio centímetro.

• OBS: Pela tipicidade conglobante, estrito cumprimento do dever legal, exclui tipicidade. Exercício
regular do direito incentivado: exclui tipicidade. Ex: médico fazendo cirurgia; Exercício regular do
direito tolerado: exclui ilicitude. Ex: lutador de boxe agredindo o outro
Tipo penal

PRINCÍPIO nullum crimen sine lege: é preciso valer-se de uma lei para impor ou
proibir condutas sob ameaça de sanção.

• Espécies de tipo: permissivos ou justificadores; incriminadores.

• Elementos do tipo:
Objetivos – aspecto material do fato;
Normativos – juízo de valoração jurídica, social, religiosa, cultural, política, etc;
Subjetivos – pertencem ao campo psíquico (delitos de intenção/especial finalidade
de agir).

Tipo doloso:
Dolo é a vontade e consciência dirigidas a realizar a conduta prevista no tipo penal
incriminador (artigo 18 CP).
DOLO: teorias adotadas pelo CP

• - Da vontade
• - Do assentimento
Espécies de dolo:

• Dolo direto: vontade de realizar a conduta e produzir o resultado.

• Dolo indireto: dolo eventual (o agente, embora não queira diretamente


praticar a infração penal, não se abstém de agir e, com isso, assume o
risco de produzir o resultado que por ele já havia sido previsto e aceito;
dolo alternativo (ex: finalidade: matar ou ferir).

• Dolo de dano: vontade de produzir uma lesão efetiva a um bem.

• Dolo de perigo: vontade de expor o bem a um perigo.

• Dolo geral ou erro sucessivo ou aberratio causae: quando o agente, após


realizar a conduta, supondo já ter produzido o resultado, pratica o que
entende ser um mero exaurimento e nesse momento, atinge a
consumação – responderá pelo crime na forma dolosa pelo dolo geral (e
não por tentativa em concurso formal com o crime culposo).
• Ausência do dolo em virtude do ERRO DE TIPO: O agente imagina
uma situação diversa daquela realmente existente. Ex: O caçador
que atira em seu companheiro supondo-o um animal.
Consequência do erro de tipo: afastar o dolo, permitindo a sua
punição pela prática do crime culposo, se houver previsão legal e
for o caso.

• Erro de tipo # erro de proibição:


No erro de tipo existe a falsa percepção da realidade. O agente NÃO
SABE o que faz. Ex.: saio de uma festa e pego um guarda-chuva,
quando chego em casa vejo que não é o meu. Não sei o que estou
fazendo.
No erro de proibição, o agente SABE o que faz (percebe o que faz,
porém ignora a ilicitude). Ex.: marido ignorante bate na mulher,
sabe que está ofendendo a integridade física, mas ignora a ilicitude.
Tipo culposo: Conjugação dos seguintes
elementos:
• conduta humana voluntária, comissiva ou omissiva;

• inobservância de um dever objetivo de cuidado (negligência,


imprudência ou imperícia);

• o resultado lesivo não querido, tampouco assumido pelo agente;

• nexo de causalidade entre a conduta do agente que deixa de


observar o seu dever de cuidado e o resultado lesivo dela advindo;

• previsibilidade;

• tipicidade.
Crime culposo
• Culpa inconsciente ou comum: o agente não prevê o que lhe era
previsível.
• Culpa consciente: o agente prevê o resultado, mas, sinceramente,
não acredita na sua ocorrência.
• Imprudência: conduta positiva praticada pelo agente que, por não
observar o seu dever de cuidado, causa o resultado lesivo que lhe
era previsível – Ex: motorista que imprime velocidade excessiva em
seu veículo.
• Negligência: é um deixar de fazer aquilo que a diligência normal
impunha – Ex: motorista que não conserta os freios já gastos do seu
automóvel.
• Imperícia: quando ocorre uma inaptidão, momentânea ou não, do
agente para o exercício de arte, profissão ou ofício. Diz-se que a
perícia está ligada, basicamente, à atividade profissional do agente
• CULPA CONSCIENTE X DOLO EVENTUAL (diferença)

• Culpa imprópria: hipóteses das chamadas descriminantes putativas em que o agente, em virtude
de erro evitável pelas circunstâncias, dá causa dolosamente ao resultado, mas responde como se
tivesse praticado um crime culposo. Artigo 20, §1º do CP : É isento de pena quem, por erro
plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a
ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime
culposo. EX: João, que se encontrava assentado no interior de um bar, percebe que Pedro, dando
mostras de irritação, caminha em sua direção. Supondo que seria agredido por Pedro, o qual João
não conhecia, este saca o revólver que trazia consigo e o mata. Na realidade, Pedro não tinha a
intenção de agredir João, mas tão somente dirigir-se ao toalete que se encontrava próximo a ele. A
agressão injusta e iminente somente existia na imaginação do agente (legítima defesa putativa –
erro de tipo permissivo). Se o erro em que João incorreu for inevitável, ele ficará isento de penal;
se evitável, deverá responder pelo crime cometido a título de culpa (culpa imprópria).

• EXCEPCIONALIDADE DO CRIME CULPOSO.

• NÃO EXISTE NO DIREITO PENAL COMPENSAÇÃO DE CULPAS. MAS, A CULPA CONCORRENTE DA


VÍTIMA PODE ATENUAR A RESPONSABILIDADE DO AGENTE
ILICITUDE

• CONCEITO: Ilicitude ou antijuridicidade é a relação de antagonismo, de


contrariedade entre a conduta do agente e o ordenamento jurídico.
OBS: A tipicidade, segundo a teoria da ratio cognoscendi, que PREVALECE
entre os doutrinadores, exerce a função indiciária da ilicitude.
Teoria ratio essendi (não adotada) – tipo total de injusto. Há uma fusão
entre o fato típico e a ilicitude. A ausência desta nos levaria a concluir pela
inexistência do próprio fato típico.

• CAUSAS DE EXCLUSÃO DA ILICITUDE (artigo 23 do CP):


Estado de necessidade
Legítima defesa
Estrito cumprimento do dever legal
Exercício regular de direito
Causas supralegais de exclusão da ilicitude: consentimento do ofendido
ESTADO DE NECESSIDADE
• Artigo 24 CP – A regra é de que ambos os bens em
conflito estejam amparados pelo ordenamento
jurídico. Esse conflito de bens é que levará, em virtude
da situação em que se encontravam, à prevalência de
um sobre o outro – Princípio da ponderação de bens.
Ex: vida x patrimônio.

- O CP optou pela teoria unitária – o estado de


necessidade é sempre JUSTIFICANTE (exclui a ilicitude
quando o bem afetado for de menor ou igual valor).
Nesta, se o bem sacrificado for MAIOR, deverá ser
reduzida a pena (art. 24, §2º CP).
ESTADO DE NECESSIDADE LEGÍTIMA DEFESA
Conflito entre VÁRIOS BENS JURÍDICOS Ameaça ou ataque a UM BEM JURÍDICO.
diante de uma situação de perigo.

Exemplo: dois náufragos disputando a Exemplo: uma pessoa sendo atacada por
única boia salva vidas. outra.
Perigo ocorre de fato HUMANO, ANIMAL Trata-se de agressão INJUSTA.
ou NATURAL.
O perigo é ATUAL (o que justifica a O perigo (a agressão!!) é ATUAL ou
inevitabilidade da lesão). Prevalecendo IMINENTE
não podendo ser iminente.
Perigo NÃO TEM DESTINATÁRIO CERTO. Agressão dirigida. TEM DESTINATÁRIO
CERTO.
Exemplo: perigo do naufrágio não tinha
pessoa certa e determinada. Exemplo: na agressão, tem uma pessoa
certa.
Os interesses em conflito são LEGÍTIMOS. Os interesses do AGRESSOR são
ilegítimos.
Vide artigo 24, §2º do CP
- Requisitos:
a) Situação de perigo – atual (a lei só fala deste). A maioria dos
doutrinadores entende que o perigo iminente também exclui. Obs: A
situação de perigo não pode ter sido causada voluntariamente pelo
agente;
b) Perigo ameaçando direito próprio ou alheio. No último caso (terceiros),
bem tem que ser indisponível;
c) O bem a ser salvo tem que estar protegido pelo ordenamento jurídico;
d) Conduta lesiva – inevitabilidade do comportamento; inexigibilidade de
sacrifício do interesse ameaçado; conhecimento da situação justificante
(elemento subjetivo)
- Causa de diminuição da pena: desproporção entre o que foi salvo e o
que foi sacrificado – afasta-se a excludente, mas diminui a pena de 1/3 a
2/3.
LEGÍTIMA DEFESA – artigo 25 CP

• Requisitos:
Agressão injusta;
Agressão atual ou iminente;
Agressão a direito próprio ou de terceiro;
Repulsa com meios necessários;
Uso moderado de tais meios;
Conhecimento da situação justificante.
 
- Proteção a qualquer bem jurídico tutelado pela lei (bens
materiais ou não), mas desde que não seja possível
recorrer ao Estado para a sua proteção – exceção: bens
comunitários.
• Legítima defesa sucessiva: é a repulsa contra o
excesso. Temos duas LD, uma depois a outra.

• Legítima defesa putativa: é a errônea


suposição da existência da legítima defesa por
erro de tipo.
Elemento subjetivo na legítima defesa:
É preciso que o agente saiba que atua na
condição de legítima defesa, ou, pelo menos,
acredita agir assim, pois, caso contrário, não
se poderá cogitar de exclusão da ilicitude de
sua conduta, permanecendo esta, ainda,
contrária ao ordenamento jurídico.
ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER
LEGAL
• Lei, decreto, regulamento, qualquer ato
administrativo, desde que de caráter geral.
Dever legal imposto ao agente, dever que, em
geral, é dirigido àqueles que fazem parte da
Administração Pública, tais como policiais e
oficiais de justiça. É necessário que atuem nos
exatos termos impostos pela lei, não podendo
em nada ultrapassá-los. Dentro dos limites
aceitáveis (proporcionalidade e razoabilidade).
EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO
• Esse “direito” pode surgir de situações
expressas nas regulamentações legais em
sentido amplo, ou até mesmo dos costumes.
Exs: Correção aplicada pelos pais a seus filhos
menores, práticas esportivas violentas, desde
que dentro das regras.
• É importante ressaltar que o limite do lícito
termina necessariamente onde começa o
ABUSO.
CONSENTIMENTO DO OFENDIDO
(causa supralegal)
Pode ter dois enfoques com finalidades diferentes:
• Afastar a tipicidade (quando o dissenso integra o tipo. Ex: estupro);
• Excluir a ilicitude do fato.

Requisitos:
• a) que o ofendido tenha manifestado sua aquiescência livremente,
sem coação, fraude ou outro vício de vontade;
• b) que o ofendido, no momento da aquiescência, esteja em
condições de compreender o significado e as conseqüências de sua
decisão, possuindo, pois, capacidade para tanto;
• c) que o bem jurídico lesado ou exposto a perigo de lesão se situe
na esfera de disponibilidade do aquiescente;
• d) que o consentimento tenha sido dado anteriormente ou pelo
menos numa relação de simultaneidade à conduta do agente.
CULPABILIDADE

Conceito: É o juízo de reprovação pessoal que se


realiza sobre a conduta típica e ilícita praticada
pelo agente.
 
Elementos da culpabilidade na concepção
finalista:
• Imputabilidade;
• Potencial consciência sobre a ilicitude do fato;
• Exigibilidade de conduta diversa.
• Imputabilidade (capacidade de imputação):
CP (artigo 26):
 
• Hipóteses de inimputabilidade:
I – Anomalia psíquica (artigo 26, caput CP);
II – Em razão da idade do agente – menoridade (artigo 27 CP);
III – Em razão da embriaguez (artigo 28, § 1º CP);
IV – Em razão de drogas (art. 46 LD).
 
Critério (biopsicológico): a) existência de uma doença mental ou
desenvolvimento mental incompleto ou retardado; b) a absoluta
incapacidade de, ao tempo da ação ou da omissão, entender o
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.
Total inimputabilidade: absolvição/aplica-se medida de segurança
(sentença impropriamente absolutória);
Semi-imputabilidade: Redução da pena entre um a dois terços.
 
Inimputabilidade por imaturidade natural: menores de 18 anos
(critério puramente biológico)
 
Embriaguez/substâncias entorpecentes – quadro página 200/201
da apostila
*Teoria da actio libera in causa

*Emoção e paixão não excluem a imputabilidade penal.


POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA
ILICITUDE
Possibilidade de conhecer o caráter ilícito do
comportamento.

Erro de proibição: procura-se verificar se, nas condições em


que se encontrava o agente, tinha ele condições de
compreender que o fato que praticava era ilícito. Previsto
no artigo 21 CP: O desconhecimento da lei é inescusável. O
erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena;
se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.
Parágrafo único: Considera-se evitável o erro se o agente
atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato,
quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou agir essa
consciência.
EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA
Nas condições que se encontrava o agente, não se podia exigir dele
comportamento diverso. Conceito amplo e que varia de acordo com a
personalidade das pessoas.

Causas legais de exclusão da culpabilidade por inexigibilidade de outra


conduta:

• Coação irresistível (moral). A física exclui a ação (art. 22);


• Obediência hierárquica (art. 22): que a ordem não seja manifestamente
(claramente) ilegal e que seja oriunda de superior hierárquico;
• Possibilidade de aborto quando a gravidez é resultante de estupro (art.
128, inciso II do CP).

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