Você está na página 1de 6

TEORIA GERAL DO CRIME:

a) qual é o conceito analítico de crime?


Crime é o fato típico, ilícito ou antijurídico e culpável (corrente tripartida do conceito de
crime)
.
Conduta: pode ser comissiva ou omissiva (não agir – qdo.
Devia (1) e podia agir – (1) decorrente da lei, contrato, ato
unilateral) / pode ser dolosa (intenção - ilícito penal) ou culposa
(licito) / possui um sujeito ativo (qualquer pessoa física – pessoa
jurídica só por exceção – crimes ambientais) e um passivo (qualquer
pessoa física ou jurídica).
- Fato Típico é composto: Resultado: crime consumado e o crime tentado (art.14, II,
CP) / desistência voluntaria – dispara o primeiro tiro e desiste /
arrependimento eficaz – se arrepende e socorre a vitima / crime
impossível (matar o morto) – impropriedade do objeto (roubar o
próprio pertence) – ineficácia absoluta do meio (usar uma arma
muito antiga) / arrependimento posterior (rouba e devolve).
Relação de Causalidade: dou veneno a uma pessoa
mas ele morre de um acidente. – (causa é qualquer evento sem o
qual o resultado não teria acontecido) / causas concorrentes –
supervenientes (exclui o resultado se forem relativamente
independente)– concomitantes (ocorre ao mesmo tempo- responde
pelo resultado) – antecedentes (responde pelo resultado)
Tipicidade: É o enquadramento da conduta humana á norma
penal. (é a característica do fato tipo se enquadrar numa norma já
existente) – elementos objetivos (descritivos) – elementos
normativos (leva a um juízo de valor) elementos subjetivos (diz
respeito a intenção ou estado de consciência do agente).

- Ilicitude: É a relação de contrariedade entre o fato


típico e o ordenamento jurídico. O Fato Típico é um indício da Ilicitude.
Para se descobrir se o Fato Típico é Ilícito, deve-se indagar se há
Excludente da Ilicitude. Se a resposta for negativa o Fato Típico é Ilícito e
o Crime Existe. Se a resposta for positiva o Fato Típico é Licito e o Crime
Não Existe.
Exclusão de ILICITUDE
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.

A exclusão da ilicitude está no artigo 23 do CP (causas da exclusão da


ilicitude)
 Legitima defesa.
 Estado de necessidade. (comer para sobreviver)
 Exercício regular de direito. ( pai proibir filha de 14 anos de sair a noite)
Estrito cumprimento do dever legal. (oficial de justiça confiscando um bem)

- Culpabilidade: É o juizo de reprovabilidade ou censurabilidade que


incide sob o agente. É composta por três elementos:
Imputabilidade (capacidade genérica de entender e
quere o fato criminoso).
Causas excludentes da imputabilidade:
a) Doentes mentais;
b) Desenvolvimento Mental Retardado;
c) Desenvolvimento Mental Incompleto (menores
de 18 anos, os índios não civilizados)
.
d) Embriaguez. (completa proveniente de caso fortuito ou força
maior)

- Culpabilidade é composta: Exigibilidade de Conduta Diversa (É


imperioso que a pessoa
tenha uma certa liberdade no momento de sua conduta).

Excludentes:
a) Coação moral irresistível; (gerente do bco tem sua
família sequestra e exige que ele pegue o dinheiro do bco e entregue a ele).
b) Obediência hierárquica há ordem não
manifestamente ilegal.
Potencial, Consciência da Ilicitude
(capacidade de saber que o ato contraria o Direito)
.
Excludentes:
a) Erro de Proibição Escusável (turista holandês
maconheiro que vem visitar o Brasil em posse de maconha)
.

Culpa Responsabilidade Penal (sentido amplo)


Elemento subjetivo da conduta (sentido estrito)

Responsabilidade Penal é a possibilidade de aplicação das sanções penais


ao agente.

a) Ação ou omissão: Significa que o crime sempre é praticado através de uma conduta
positiva (ação), comissiva. Ou, através de de uma conduta negativa (omissão). É o não
fazer. A inércia. Tanto é criminoso o fato do marginal esfaquear uma pessoa até matá-la
(ação), como o fato de uma mãe, por preguiça ou comodidade, não retirar de cima da
mesa de sua casa (omissão) o veneno para matar baratas, que foi posteriormente
ingerido pelo seu filho de três anos, provocando-lhe a morte, enquanto aquela, assistia
sua novela preferida.

Dentro destas condutas positivas (ação) e negativas (omissão) pertencentes a estrutura


do crime, não vamos olvidar os crimes comissivos por omissão, ou seja, aqueles que são
praticados através de uma conduta negativa (omissão), mas que produz um resultado
positivo (um fato visado e desejado pelo agente). É o clássico exemplo da mãe, que
desejando matar seu próprio filho de tenra idade, deixa de amamentá-lo, com a
finalidade de matá-lo de fome.

b) típica: Significa que a ação ou omissão praticada pelo sujeito, deve ser tipificada. Isto
é, descrita em lei como delito. A conduta praticada deve se ajustar a descrição do crime
criado pelo legislador e previsto em lei. Pois, pode a conduta não ser crime, e, não sendo
crime, denomina-se: conduta atípica (não punida, tendo em vista que não existe um
dispositivo penal que a incrimine).

SUJEITO ATIVO DO CRIME


Sujeito ativo do crime é aquele que pratica a conduta descrita na lei,
ou seja, o fato típico. Só o homem isoladamente ou associado a
outros, pode ser sujeito ativo do crime.

SUJEITO PASSIVO DO CRIME


Sujeito passivo do crime é i titular do bem jurídico lesado ou
ameaçado pela conduta criminosa. Nada impede que, em um delito,
dois ou mais sujeitos passivos existam: desde que tenham sido
lesados ou ameaçados em seus bens jurídicos referidos no tipo. São
vítimas do crime.

IV - DOLO

1 - Conceito

Dolo=>É a consciência e vontade na realização da conduta típica.

Ao se examinar a Conduta, verifica-se que, segundo a teoria finalística, é ela um


Comportamento voluntário, cuja finalidade é o conteúdo da vontade do autor do
fato, ou seja, o fim contido na ação, que não pode ser compreendida sem que se
considere a vontade do agente. Toda ação consciente é dirigida pela consciência do que
se quer e pela decisão de querer realizá-la, ou seja, pela vontade. A vontade é o querer
alguma coisa, e o Dolo é a vontade dirigida à realização do tipo penal.

V - CULPA

1 - Conceito

Culpa, em sentido estrito, é a conduta voluntária, que produz resultado ilícito, não
desejado, mas previsível, e excepcionalmente previsto e que podia, com a devida
atenção, ser evitado.

A teor do art. 18, II, do CP, o crime diz-se culposo "quando o agente deu causa ao
resultado por imprudência, negligência ou imperícia".

3.3. NEXO CAUSAL


A relação de causalidade ou liame causal é o elo entre a conduta e o
resultado. Só tem importância nos crimes com resultado naturalístico. Assim, não é
estudado nos crimes omissivos próprios, de mera conduta, formais e de perigo abstrato.
Há três teorias que analisam o nexo de causalidade:
1) teoria da equivalência dos antecedentes causais;
2) teoria da causalidade adequada; e
3) teoria da imputação objetiva.
A teoria da equivalência dos antecedentes causais ou “conditio
sine qua non” foi elaborada por Glaser, Maximiliam Von Buri e Stuart Mill,
inicialmente, na segunda metade do século XIX.
É adotada como regra1 pelo CP no art. 13, caput, que estabelece que
“o resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe
deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem o qual o resultado não teria
ocorrido.”
Para se descobrir se uma ação é causa do resultado utiliza-se o método
hipotético de eliminação de Tyrén, isto é, se suprimido mentalmente determinada ação,
o resultado não ocorrer da forma que ocorreu, a ação é considerada causa do resultado.
A grande crítica que se faz a Tyrén é o regresso ao infinito, pois com
base em tal método é possível responsabilizar o proprietário da loja que vende a arma de
fogo ou até mesmo os pais do homicida, tendo em vista que suprimido mentalmente
estes dois fatos, o resultado não teria ocorrido da forma que ocorreu.
Para a solução do problema a causalidade física deve ser conjugada à
causalidade psíquica, isto é, só se pode imputar o resultado ao agente que agiu com dolo
ou culpa.
Portanto, conclui-se que existem dois filtros para a aferição do nexo
causal: a causalidade física e a causalidade psíquica (o Direito Penal proíbe a
responsabilidade penal objetiva)
Para alguns, existe, ainda, um terceiro filtro do nexo causal
fundamentado na teoria da imputação objetiva, preconizada por Georg Hegel, Karl
Laurenz, Richard Honig, Claus Roxin e Günther Jakobs.
Com maestria, ensina Paulo Queiroz2 que “não é, propriamente, em
que pese o nome, imputar o resultado, mas em especial, delimitar o alcance do tipo
objetivo (matar alguém, por exemplo), de sorte que, em rigor, é mais uma teoria da
‘não imputação’ do que uma teoria ‘da imputação’, Trata-se, além disso, não só de um
corretivo à relação causal, mas de uma exigência geral da realização típica, a partir da
adoção de critérios essencialmente normativos, de modo que sua verificação constitui
uma questão de tipicidade, e não de antijuridicidade, prévia e prejudicial à imputação
do tipo subjetivo (dolo e culpa)”.
Tem como função tal teoria limitar a responsabilidade penal. Para que
se possa imputar ao agente o resultado exige-se as seguinte condições:
I) a criação ou incremento de um risco relevante proibido ao bem
jurídico tutelado;
II) atribuição do resultado ao perigo criado pela conduta.
III) exigência de que o resultado esteja dentro do alcance da norma.
Na ausência de um desses requisitos o fato se torna atípico, em face da
ausência de nexo causal.

3.3.1. CONCAUSAS
As concausas são as causas que atuam em conjunto com outra causa.
São divididas em absoluta e relativamente independentes, preexistentes, concomitantes
ou supervenientes.

1
O art. 13, § 1º, do CP, excepcionalmente, adota a teoria da causalidade adequada em relação às
causas supervenientes relativamente independentes que, por si só, provocam o resultado. Como efeito,
há a exclusão do nexo causal, imputando-se ao agente apenas os fatos anteriores.

2
Queiroz, Paulo de Souza. Boletim de Instituto de Ciências Penais, Belo Horizonte, n. 11. p. 3, dez. 2000.
As causas absolutamente independentes surgem independentemente
ou sem ser provocadas pelo agente de forma preexistente, concomitante ou
superveniente.
a) Causa absolutamente independente preexistente:
“A” desfecha um tiro em “B” que vem a falecer em virtude do veneno
ingerido antes de ser alvejado. “A” responde tão somente pelos atos anteriores, isto é,
homicídio tentado.
b) Causa absolutamente independente concomitante:
“A” atira em “B” no mesmo instante que este está sendo atacado por
um leão faminto, sendo que óbito de “B” é decorrente apenas dos ferimentos
provocados pelo leão. “A” responde apenas pelos atos anteriores, ou seja, homicídio
tentado.
“A” fere “B” no mesmo momento em que este vem a falecer
exclusivamente por força de um ataque cardíaco.
c) Causa absolutamente independente superveniente:
“A” atira em “B” numa jangada. “B” vem a morrer em virtude de um
tufão que o atinge em alto mar. “A” responde apenas pelos atos anteriores – homicídio
tentado.
Já nas causas relativamente independentes existe uma relação de
dependência ou influência entre a conduta do agente e uma outra causa que pode ser
preexistente, concomitante ou superveniente.
i) Causa relativamente independente preexistente:
“A” atira em “B”, hemofílico, que vem a morrer em virtude do
agravamento da doença que já possuía. A conduta de “A” é causa da morte “B”,
portanto, responde por homicídio consumado.
ii) Causa relativamente independente concomitante:
“A” atinge “B” numa noite extremamente gelada, vindo “B” a morrer
em razão do processo de aceleração da hemorragia provocada pelo frio. “A” responde
por homicídio consumado.
iii) Causa relativamente independente superveniente:
É dividida em duas espécies:
a) que “não produziu o resultado por si só”. “A” desfere uma facada
em “B” que vem a morrer em virtude de uma infecção hospitalar. “A” responde por
homicídio consumado.
b) que “por si só produziu o resultado” (art. 13, § 1º, do CP)
O CP adota aqui, excepcionalmente, a teoria da causalidade
adequada.
É considerado causa o acontecimento que contribui para o resultado
de forma eficaz.
Assim, se “A” desfere uma facada em “B”, que vem a morrer em
virtude do capotamento da ambulância ou do teto do quarto do hospital cair em sua
cabeça. “A” responde apenas pelos atos anteriores, ou seja, homicídio tentado.
A diferença entre tais causas (a e b) é que na primeira a ação de “A”
não provocou, por si só, o resultado morte, enquanto que na segunda houve um
desmembramento da linha causal, surgindo um fato que não se encontrava na ordem
natural das coisas que por si só provocou o resultado.
A expressão “por si só” indica autonomia da causa superveniente, que
não se encontra na mesma linha de deslocamento físico da conduta do agente. Inaugura-
se um curso causal autônomo, fora do perigo provocado pela conduta do agente. Assim,
este responde apenas pelos atos anteriores a ocorrência do resultado.
3.4. TIPICIDADE
Como concretização do princípio da reserva legal, a tipicidade formal
consiste no amoldamento, enquadramento ou subsunção da conduta à norma penal
incriminadora.
A subordinação da conduta à norma penal pode ser imediata ou direta
e mediata ou indireta.
A adequação típica imediata ocorre quando o comportamento humano
se amolda diretamente à norma penal, independentemente de outra norma.
Por sua vez, a adequação típica indireta ou mediata exige uma norma
de extensão ou complementar para que possa haver tipicidade. Está presente nos casos
de:
1) tentativa (art. 14, II, CP) – norma de extensão temporal;
2) participação (art. 29 do CP) – norma de extensão pessoal; e
3) omissão penalmente relevante nos crimes omissivos impróprios
(art. 13, § 2º, do CP) – norma de extensão da conduta.
A diretriz dominante adota o conceito de tipicidade indiciária, oriunda
de Max Ernst Mayer, no sentido de que a presença do fato típico configura um indício
da ilicitude, que pode ser afastada na existência de uma descriminante.
Ganha espaço no direito penal pátrio a teoria da tipicidade
conglobante, cujo maior expoente é Eugenio Raul Zafaroni, que exige além da
tipicidade legal (formal e material) a antinormatividade da conduta.
A tipicidade conglobante tem como requisitos:
1) tipicidade formal;
2) tipicidade material; e
3) antinormatividade
A tipicidade material consiste na efetiva lesão ao bem jurídico
tutelado pelo crime. Assim, lesões de bagatela dão ensejo, em regra, ao princípio da
insignificância.
No que tange à antinormatividade da conduta, aponta Rogério Greco,
que “não é possível que no ordenamento jurídico, que se entende como perfeito, uma
norma proíba àquilo que outra imponha ou fomente. (...) casos que hoje são tratados
quando da verificação da sua ilicitude podem ser resolvidos já no estudo do primeiro
dos elementos da infração penal – o fato típico.”3
Dessarte, as condutas impostas pelo ordenamento jurídico, como a do
oficial de justiça que invade casa do devedor para cumprir mandado de penhora, ou do
carrasco que executa pena de morte no caso de crime militar cometido por agente no
período de guerra declarada, são consideradas atípicas, em face da tipicidade
conglobante.
Da mesma forma, as condutas, embora não impostas pelo Estado, mas
fomentadas, como a intervenção cirúrgica com finalidade curativa, também são
consideradas atípicas.
Por consequência, o estrito cumprimento do dever legal e o exercício
regular do direito que funcionavam como excludentes da ilicitude, passam a ter natureza
jurídica de excludentes da tipicidade.

3
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal. 6ª Ed. P. 166/167

Você também pode gostar