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Teoria Geral do Delito (Crime)

Infração Penal: Crimes ou delitos e Contravenções Penais. Diferenças:


Punição Ação Tentativa Extraterrito Competênci Limite Suris (Período
Penal rialidade a da Pena prova)
Crime Reclusão Pública Punida Admite Justiça 40 anos 2 a 4 anos
ou ou estadual e
Detenção Privada federal
Contra Prisão Ação Não Punida Não admite Só justiça 5 anos 1 a 3 anos
venção simples Pública Art4ºLCP Art 2ºLCP estadual Art.10 Art 11LCP
Art109,IV CF da LCP

*Art. 1º da Lei de introdução ao Código Penal e o art. 28 da lei 11.343-2006.

Ilícito penal x ilícito civil

Conceito de crime:
Formal: é a definição em norma penal incriminadora sob ameaça de pena.
Material: é o comportamento humano causador de intolerável lesão ou perigo de
lesão a bem jurídico tutelado, passível de sanção penal.
Analítico: Considera os elementos do tipo penal: Fato típico, ilícito e culpável.

Elementos do crime: Fato típico, ilícito e culpável.


1 fato típico:
Conceito: é a descrição pela lei penal da comportamento humano que se pretende
proibir.

Funções do tipo:
a) Função de garantia (ou garantidora): princípio da legalidade ao cidadão.
b) Função fundamentadora: legitimação do exercício do direito de punir do Estado.
c) Função selecionadora de condutas.

Elementos do fato típico: Conduta; Resultado; Nexo causal e Tipicidade.

Elementos que integram o Tipo


Elementos objetivos:
d) Descritivos: Relação com o tempo, lugar modo e meio de execução, e o objeto.
e) Normativos: Demandam juízo de valor. Exs.: dignidade e decoro(art.140 do CP), sem
justa causa (arts. 153, 154, 244, 246 e 248 do CP).
f) Científicos: se extrai significados da ciência natural. Ex.: art. 24 da lei 11.105-2005 –
conceito de embrião humano.
Elementos subjetivos: é a finalidade específica que deve ou não animar o agente.
- Positivo: indica a finalidade que deve animar o agente. Ex.: art. 33, §3º da lei 11.343-2006:
“juntos a consumirem”.
- Negativo: indica finalidade que não deve animar o agente. art. 33, §3º da lei 11.343-2006:
Elementos específicos do tipo
a) Núcleo: é o verbo.
b) Sujeito ativo: quem pratica a conduta.
Sujeito ativo de crime: pessoa física. Exceção: art. 225, §3º da CF, c.c. art. 3º e 21 da
lei 9.605-1998.
*Classificação: Crimes comum, próprio e de mão própria(ex. art. 342 do CP).

c) Sujeito passivo: pessoa(física ou jurídica) e a coletividade(crime vago).


- Sujeito passivo mediato ou formal: Estado.
- Sujeito passivo imediato ou material: pessoa ou o Estado.
Classifica-se em: Comum e Próprio.

Morto pode ser vítima?


Os animais podem ser vítima?
O homem ser, ao mesmo tempo, sujeito ativo e passivo do crime?
Ex.: art. 137 do CP.

d) Objeto material: nem todo crime tem, mas todo crime possui objeto jurídico.
- Em razão do objeto material, os crimes se classificam em crimes material(ex. art.
1. Tipicidade penal
Tipo penal: é o modelo de conduta proibida(elementos objetivos e subjetivos).
Tipicidade penal: é operação de ajuste fato-norma.

Tipicidade formal
Tipicidade material
Tipicidade conglobante: Ex.: oficial de justiça.

Adequação típica – Espécies de tipicidade formal:


a) Tipicidade DIRETA ou IMEDIATA: Há adequação direta entre fato e a lei
incriminadora. Ex.: art. 121.
b) Tipicidade INDIRETA ou MEDIATA: há ajuste indireto entre fato e a lei
incriminadora. Ex.: art. 14, II, art. 29, art. 13, § 2º, todos do Código Penal.

2. Conduta(“nullum crimen sine conducta”).


*Conduta(ato voluntário) não se confunde com ato reflexo(ato não voluntário).

Características da conduta:
1 Comportamento voluntário e;
Conduta e a Teoria do crime:

Teoria Causalista(Von Liszt, Beling - início do séc. XIX): positivista(ciência natural)


- Conduta é a ação, movimento corporal voluntário, que causa um resultado.
- Não existe dolo ou culpa(são espécies de culpabilidade = imputabilidade).
- Só admite elementos descritivos.

Teoria Neokantista(Edmund Mezger–início do séc.XX): Neoclássica ou Causal


Valorativa.
- Conduta é o comportamento humano voluntário(ação e omissão) causador de
um resultado.
- Dolo e culpa, imputabilidade e inexigibilidade de conduta diversa.
- Admite elementos normativos.

Teoria Finalista(Hans Welzel - Meados do século XX, 1930 – 1960)


- Conduta é o comportamento humano voluntário psiquicamente dirigido a um
fim.
- Dolo e culpa estão dentro da conduta e não na culpabilidade.
Teoria finalista dissidente: Crime é fato típico e ilícito.
*Culpabilidade não faz parte do tipo é pressuposto de aplicação da pena.

Teoria Social da Ação: Crime é o comportamento humano socialmente


relevante(reprovável).
- Dolo e culpa são analisados na conduta e na culpabilidade.

Teorias Funcionalistas: Busca o conceito do direito penal de acordo com o seu


fim. Se preocupa não só com a conduta, mas também com o resultado.

- Teoria funcionalista teleológica: conduta é o comportamento humano


causador de relevante lesão ou perigo de lesão a bens jurídicos tutelados.

- Teoria funcionalista radical ou sistêmica: conduta é realização de de um


resultado evitável, violador do sistema, frustrando as expectativas normativas.

*As teorias funcionalistas são influenciadas por uma nova visão do direito, que se
preocupa menos com o aspecto ontológico e mais com o axiológico. Ex.:
Norberto Bobbio e sua obra “Da estrutura à função: novos estudos de teoria do
Espécies de Conduta:
A) CONDUTA DOLOSA(crime doloso): art 18, I do Código Penal.
Elementos: consciência(da conduta e do resultado) e vontade.
*Vontade é diferente de desejo: Vontade é um querer movido por racionalidade, que
considera circunstâncias econômicas, morais, etc, já o desejo é instintivo. Para mais,
acesse: http://www.arazao.net/desejo-e-vontade.html.

Teorias do dolo:
T. da Vontade: dolo é a vontade consciente de querer praticar a infração penal.
T. da representação: Prevê o resultado como possível, e continua a sua conduta.
Teoria do consentimento ou assentimento: ocorre quando se prevê o resultado como
possível, e continua a sua conduta, assumindo o risco de produzi-lo.

Espécies de dolo:
1 Dolo direto: Se prevê o resultado, e dirige sua conduta na busca de realiza-lo.
2 Dolo indireto: é quando a conduta não busca realizar o resultado.
2.1 Dolo alternativo: Prevê pluralidade de resultado, mas aceita qualquer um. Ex1.: atiro
contra “A”, para ferir ou matar.
Ex.2: atiro contra um grupo de pessoas para matar qualquer delas.
2.2 dolo eventual: Se prevê pluralidade de resultados, mas dirige a conduta a um deles
3 dolo cumulativo (progressão criminosa): Se pretende alcançar dois resultados em
sequência. Ex.: Querer esfaquear alguém para ferir e depois matar.

4 Dolo de dano: a vontade é causar efetiva lesão ao bem jurídico tutelado.


5 Dolo de perigo: a intenção é expor a risco o bem tutelado. Ex.: art. 306 CTB

6 Dolo genérico: Busca realizar a conduta descrita no tipo sem fim específico.
7 dolo específico: Busca realizar a conduta descrita no tipo com fim específico.

8 Dolo geral (ou erro sucessivo): E quando se supõe ter alcançado um resultado, se
pratica nova ação que efetivamente o provoca. É uma espécie de erro de tipo
acidental.

9 Dolo natural: é composto só de consciência e vontade.


10 Dolo normativo: composto de consciência, vontade e consciência da ilicitude.

11 Dolo antecedente, concomitante e subsequente: No Brasil, em regra, só se


analisa o dolo no momento da conduta(dolo concomitante).
- Exceção de aplicação do dolo antecedente: Teoria da actio libera in causa na
12 Dolo(direto) de primeiro grau: é o dolo direto.
13 Dolo(direto) de segundo grau (ou necessário): Se produz resultado paralelo ao
visado, pois a consequência é necessário à realização deste. Diferença:
Dolo eventual: o resultado paralelo é incerto, eventual, possível, desnecessário.
Dolo de 2º grau o resultado paralelo é certo e necessário.
Dolo de 3º grau seria a hipótese de dolo de segundo grau, onde o agente sabe que a
segunda vítima está grávida.

14 Dolo de propósito: É o dolo refletido(pensado). É a premeditação.


15 Dolo de ímpeto: É um dolo repentino. Configura atenuante de pena.

Excludentes da conduta:
a) Caso fortuito ou força maior: excluem a voluntariedade do movimento.

b) Involuntarietadade: ausência de direção da conduta para uma finalidade.


- b.1 Estado de inconsciência: exemplo sonambulismo e hipnose.
- b.2 Atos reflexos: Exemplo tomar choque e dar um tiro.

c) Coação física irresistível: exclui a conduta. (exclui voluntariedade).


B) CONDUTA CULPOSA: Art. 18 II, e parágrafo único, do Código Penal.
Elementos: conduta voluntária(só em relação à conduta) e violação de um dever de
cuidado objetivo(imprudência, negligencia e imperícia).
*No crime doloso o resultado ilícito é voluntário e no crime culposo o resultado ilícito é
involuntário.
Previsibilidade objetiva x previsibilidade subjetiva:
- Na análise da culpa a previsibilidade é objetiva(visão do homem médio).
- Previsibilidade subjetiva: se refere a culpabilidade(visão subjetivo do autor).

Espécies de crime culposo:


1 Culpa consciente(com previsão): Se prevê o resultado mas prossegue na conduta,
acreditando não ocorrer ou que pode evitá-lo com sua habilidade.
2 Culpa inconsciente(sem previsão): Não se prevê o resultado que, entretanto, lhe era
inteiramente previsível(pessoa mediana). Há previsibilidade.

3 Culpa própria: Gênero das espécies a culpa consciente e a culpa inconsciente. O


agente não quer e nem assume o risco de produzir o resultado.
*Aqui há conduta voluntária e resultado involuntário.
4 Culpa imprópria ou por extensão, equiparação ou assimilação:
*Aqui há conduta voluntária e resultado voluntário.
Culpa consciente x dolo eventual: Ex: Racha; Embriaguez com excesso de
velocidade.

5- Culpa presumida
6 Compensação de culpas: não é possível no direito penal, que admite só a
concorrência de culpas.

Exclusão da culpa
a) caso fortuito e força maior
b) Princípio da confiança: Ex.: Trânsito.
c) Risco tolerado: Ex.: médico que realiza procedimento experimental em paciente
com doença grave.

3 Crime agravado pelo resultado, espécies:


1 Crime doloso agravado dolosamente: Ex.: latrocínio;
2 Crime culposo agravado pela culpa: Ex.: art. 250 c.c. art. 258 ambos do CP
3 Crime culposo agravado pelo dolo: Ex.: Art. 302, §1º, III do CTB.
4 Crime doloso agravado culposamente(preterdoloso): Art. 19 do CP.
Ex.: art. 129, § 3º e 157, § 3º ambos do CP.
Espécies de conduta
A) CONDUTA COMISSIVA(Crime comissivo): é uma conduta proibida pelo tipo
incriminador.
- Há infringência a um tipo proibitivo. É a regra!

B) CONDUTA OMISSIVA(Crime omissivo): é a não realização de conduta a que o agente


estava juridicamente obrigado e que lhe era previsível.
Há infringência a um tipo tipo mandamental.

A norma mandamental pode decorrer:


1 Do próprio tipo penal(omissão própria): O tipo penal descreve a omissão. Ex.: “deixar de”.
Ex.: art. 135 do CP.
2 De cláusula geral(omissão imprópria): a omissão não está descrita no tipo, mas o dever de
agir está em norma geral. Apesar da omissão, responde por crime comissivo, seja doloso ou
culposo. Art. 13 § 2º do CP.

Fases de realização da ação(Iter Criminis):


1. Fase interna: cogitação.
a) Representação e antecipação mental do resultado a ser alcançado;
b) Escolha dos meios a serem utilizados;
c) Consideração dos efeitos colaterais ou concomitantes à utilização dos meios escolhidos
3. Nexo de causalidade(art. 13 do Código Penal)
Conceito: é o vinculo entre conduta e resultado.

Teoria da equivalência dos antecedentes causais ou teoria da conditio sine qua


non ou da causalidade simples: É a relação de causa e efeito.

Teoria da Eliminação Hipotética dos Antecedentes Causais(Thyrém)


*Todas as teorias até aqui consideravam apenas a causalidade objetiva.

Existe no crime comissivo e no crime omissivo impróprio.


- No crime omissivo próprio só é exigida, quando da omissão gera um resultado
agravador(nexo de não impedimento). Ex.: art. 135, parágrafo único do Código
Penal.

*Causalidade subjetiva é feita quando se analisa dolo e culpa.

Nexo normativo: é a criação ou incremento de um risco não permitido.


Roxin: se deve analisar, o nexo objetivo, depois o nexo normativo e por ultimo o nexo
Concausas
a) Concausa absolutamente independente: é a causa efetiva do resultado que
não se origina direta ou indiretamente da causa concorrente. Pode ser:

Preexistente (ou Antecende): “A” envenenou C pela manhã, à tarde “B” atirou
contra “C” que morreu à noite por envenenamento.
- “A” responde por homicídio consumado e “B” por tentativa de homicídio.

Concomitante (ou simultânea): Às 13:35 horas “A” envenena “C” e no mesmo


horário “B” atira contra C que morre em razão do disparo.
- “A”, responde por tentativa e “B” por homicídio consumado.

Superveniente (ou posterior): Às 13:35 horas “A” envenenou “C”, e às


13:40horas cai um lustre na sua cabeça, e morre por traumatismo craniano.
- “A” responde por tentativa.

Na concausa ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTE, a causa concorrente, que não é


causa da morte, deve ser punida na forma tentada.
b) Concausa relativamente independente: a causa efetiva do resultado origina-se direta
ou indiretamente da causa concorrente. Pode ser:

Preexistente: “A” esfaqueia “C”, que por ser hemofílico morre em razão da doença.
- “A” responde por homicídio consumado.
*A jurisprudência atenua dizendo que “A” só vai responder por homicídio consumado se
ele tem conhecimento de que havia uma doença preexistente.

Concomitante: “A” arremessa a vítima de um alto prédio e a vítima antes de atingir o


chão morre de ataque cardíaco.
“A” responde por homicídio consumado.

Superveniente: prevista no art. 13, § 1º, do Código Penal, onde temos duas espécies:
a) concausa relativamente independente que por si só produziu o resultado.
O 'por si só' do §1º, do art. 13 significa que o resultado sai da linha do nexo causal e toma
linha imprevisível.
Ex: “A” atira contra “B”, e no hospital, depois da cirurgia, cai o teto e morre. Outro
exemplo é o capotamento da ambulância.
“A” responde por tentativa!
b) concausa relativamente independente que não por si só produziu o resultado.
Erro médico é previsível e, é causa que não por si só produziu o resultado.
Infecção hospitalar: prevalece que se equipara ao erro médico.
- Nestes dois casos quem disparou responde por homicídio consumado!

*No art. 13, caput, temos a causalidade simples, e no art. 13, §1º temos a
causalidade adequada.
- A doutrina afirma que o art. 13 § 1º é o berço da imputação objetiva no
Brasil.

Causalidade normativa ou nexo normativo:


A) Criação ou incremento de um risco não permitido(ou proibido); ex.:
Mulher que fabrica o bolo.
B) Realização do risco no resultado. Ex.: Erro medido – depende se é
causa exclusiva. Remedio em excesso ou falha na cirurgia.
C) Resultado dentro do alcance do tipo. Ex.: tentativa de homicídio e
morte em acidente de transito com a ambulância.
Outro exemplo: Assaltante mata o marido, e ao ligarem para a esposa ela
morre em razão de um ataque cardíaco.
4. Resultado(Consumação)
Este elemento esta ligado à Consumação e Tentativa (art. 14, I e II do CP)
A Consumação se dá com a ação ou omissão que gera o resultado.
Iter Criminis: 1 Cogitatio; 2 Atos Preparatórios; 3 Execução; 4 Consumação e 5 Exaurimento.

Objeto do crime: pessoa ou coisa. Nem todo crime possui.


Objeto jurídico: é o interesse, bem da vida tutelado. Todo crime tem!
- Dividem-se em: crime comum ou pluriofensivo (crime complexo).

Espécies de Resultado
a) Resultado NATURALÍSTICO(material): é a alteração física no mundo exterior. Ex.:
morte, perda da coisa, etc.
b) Resultado JURÍDICO(normativo): é a lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico
tutelado. Ex.: vida, patrimônio, etc.

CLASSIFICAÇÃO doutrinária do crime quanto ao Resultado


a) Crime MATERIAL: O tipo penal descreve conduta mais resultado naturalístico, o qual
é indispensável para a consumação. Ex.: 121, 171, etc.
b) Crime FORMAL: O tipo penal descreve conduta mais resultado naturalístico, mas este
é dispensável, para a consumação.
- Se ocorre o resultado se diz haver mero exaurimento do crime. Ex.: 158, 342.
Crime instantâneo x Crime Permanente

A doutrina divide o resultado jurídico(normativo) em:


1 Crime de dano: a consumação exige lesão ao bem jurídico. Ex.: art. 121.
2 Crime de perigo: A consumação se contenta com a exposição do bem jurídico a uma
situação de perigo.
2.1 crime de perigo concreto: O perigo advindo da conduta deve ser comprovado. Ex.:
art. 250 do CP.
2.2 crime de perigo abstrato: o perigo advindo da conduta é absolutamente presumido
por lei. Ex.: tráfico de drogas.
*Crime de perigo abstrato de perigosidade real: Ex.: art. 306 do CTB.

Tentativa:
É uma Adequação típica de subordinação mediata(indireta) ou norma de extensão.
Se dá, nos crimes dolosos, iniciado o ato de execução o resultado não é alcançado por
circunstâncias alheias à vontade do agente.

Crime de atentado ou de empreendimento: Ex.: 352 do CP(fuga) e 309 do CE(votar ou


tentar votar mais de uma vez).
Crime de lesa pátria: só pune a tentativa. Ex.: art, 11 da Lei 7.170/83
Espécies de tentativa:
Tentativa Perfeita(acabada ou crime falho): Se esgota todos os atos de execução.
Ex.: Com revólver de cinco munições, efetua dois disparos, cessando a conduta, e a
vítima é salva pelo médico.
Tentativa Imperfeita(inacabada): Não são esgotados os atos de execução.
Ex.: Com revólver de cinco munições, efetua dois disparos porque é impedido de efetuar
os demais disparos.

Tentativa Branca(incruenta): O agente embora utilizados dos meios necessários, não


atinge a vítima.
Tentativa Vermelha(cruenta): O agente atinge a vítima.
Tentativa e crime complexo: Ex.: roubo, art. 157, CP(Súmula 610 do STF e o art. 157, §3º
do CP).
Dolo eventual e tentativa: STJ admite a tentativa.

Crimes que não admitem tentativa:


Crimes Habituais: Ex.: art. 229, 230, 284 todos do CP.
Crimes Preterdolosos: Ex.: art. 129, § 3º do CP.
Crimes Culposos: Exceção – art. 20, § 1º do CP(culpa imprópria)
Crime de atentado: Ex.: art. 352 do CP e arts. 9º e 11 da lei 7.170/1983.
Desistência Voluntária: art. 15, 1ª parte, do CP.
Conceito: é o abandono da execução do crime quando ainda lhe resta ação.

Elementos:
- Início da execução;
- não ocorrer o resultado por circunstâncias inerentes à vontade do agente.

*Voluntariedade não é espontaneidade, logo, se admite interferência SUBJETIVA


externa.
Ex.: A vítima pede ao infrator “não faz isso por favor!”, então o infrator abandona
seu intento e vai embora, temos desistência voluntária.
*Se a influência for objetiva a interferência externa, ou seja, aquela que não parte
de uma pessoa, temos tentativa.
Ex.: durante a ação o agente percebe uma luz que se acende, alarme, sirene, etc e
desiste da sua ação, temos tentativa.

Consequência: responde pelos atos até então praticados.

*Adiamento da execução: Se o agente começa a execução e a interrompe para


Arrependimento eficaz(resipiscência): Art. 15, 2ª parte, do CP
Conceito: Ocorre quando o agente, pratica os atos de execução, realiza nova conduta
com a finalidade de evitar o resultado.

Elementos:
- Prática de todos atos de execução;
- Não ocorrer o resultado por circunstâncias inerentes à vontade do agente.

Consequência: É a mesma da desistência voluntária. O agente responde pelos atos até


então praticados.

Arrependimento posterior: Art. 16 do CP.


Conceito: O agente pratica todos atos de execução, logrando a consumação do crime,
mas depois busca reduzir as consequências do crime.

Elementos:
- Crime sem violência ou grave ameaça à pessoa!
- Reparado o dano o restituída a coisa até o recebimento da denúncia.
Crime Impossível(tentativa inidônea): Art. 17 do Código Penal

Conceito: Se dá quando o ação do agente é inapta para a prática do crime ou por


falta de objeto material.

Elementos:
- Início da execução;
- Não consumação por absoluta ineficácia do meio ou objeto do crime;
- Dolo;
- Resultado impossível.

Absoluta ineficácia do meio de execução: Ex.: atirar com arma de brinquedo ou


praticar homicídio mediante reza.

Absoluta impropriedade do objeto material: Atirar em cadáver, ou subtrair coisa


própria.
Ilicitude
Relação da ilicitude com o tipo penal
1º Corrente: mera descrição do fato típico, sem juízo de valor.
2º Corrente: “ratio cognoscendi”
3º Corrente: “ratio essendi” (tipo total do injusto)
4º Corrente: Teoria dos elementos negativos do tipo – elementos positivos
e elementos negativos.

Injusto Penal: conduta já valorada como ilícita(“ratio cognoscendi”).


Tipo total de injusto: “ratio essendi”.

Causas excludentes da ilicitude(Descriminantes ou justificantes)


Parte geral: Art. 23 do CP
Parte especial: Art. 128, 142 e 218-C todos do CP
Legislação extravagante: art. 37 da lei 9.605/98.
STF: imunidade material em relação aos parlamentares.
Estado de necessidade(art. 23, I e 24, ambos do CP)
1º Requisitos Objetivos:
a) perigo atual - conduta humana(destinatário incerto), por força da natureza.
Perigo iminente não exclui ilicitude!
b) Involuntariedade: a voluntariedade que afasta a excludente é a dolosa(prevalece).
*Mirabete: conduta culposa também não exclui a ilicitude(art. 13, §2º, c, CP).
c) Salvar direito próprio ou alheio: prevalece que dispensa autorização de 3º.
d) Inexistência do dever legal de enfrentar o perigo
Ex.:Bombeiro tem que enfrentar o perigo enquanto comportar enfrentamento.
Ex: segurança contratado, navio ao afundar, pega único colete salva-vidas.
e) Inevitabilidade do comportamento lesivo
É possível o estado de necessidade vs. estado de necessidade? Sim. Ex.: 2 náufragos.
f) Inexigibilidade do sacrifício do direito ameaçado: fala-se de proporcionalidade

Teoria Diferenciadora: para esta há duas espécies de estado de necessidade:


a) Estado de necessidade justificante: bem protegido vale mais do que o sacrificado. Ex.: Para
proteger a vida, sacrifico patrimônio. Exclui ilicitude.
b) Estado de necessidade exculpante: bem jurídico protegido vale igual ou menor que o bem
jurídico sacrificado. Pode excluir a culpabilidade.
Teoria Unitária(art. 24, §2º): Só reconhece o estado de necessidade justificante. Com a diferença
de que o bem sacrificado precisa valer igual ou mais, pois se vale menos, não exclui a ilicitude,
2º Requisito SUBJETIVO: Conhecimento da situação de fato justificante
Ex.: art. 128, I, medico convence a amante realizar aborto, sem saber que a
gravidez era de risco, e a única solução para salvar sua vida é o aborto.

Furto Famélico-requisitos:
1º Praticado para mitigar a fome.
2º Único recurso do agente.
3º Subtração de coisa capaz de, diretamente, contornar a emergência.
4º Insuficiência dos recursos adquiridos pelo agente

Espécies de Estado de Necessidade


1º Próprio ou de Terceiro.
2º Real ou putativo(Ex.: alguém brinca anunciando fogo e imaginando o perigo,
para se salvar você fere alguém).
2º Defensivo: atinge bem do próprio causador. Ex.: atirar no cachorro solto.
Agressivo: atinge bem de terceiro inocente. Ex.: Jogar o carro na frente de
outro para evitar colisão com caminhão).
Legitima Defesa(Arts. 23, II e 25, ambos do CP).
Requisitos objetivos(art. 25)
a) Agressão injusta: Por ação ou omissão(destinatário certo), dolosa ou culposa.
Omissão injusta? Sim. Ex.: carcereiro que se recusa cumprir alvará de soltura.
É possível leg. defesa em face da agressão de um inimputável?
- Sim. A injustiça da agressão é na cabeça de quem é agredido.
É preciso inevitabilidade da conduta, tal como no estado de necessidade? -
Não.
Repelir ataque de animal é legítima defesa ou estado de necessidade?
Se o ataque foi espontâneo, é perigo atual, estado de necessidade.
Se foi ataque provocado, é agressão injusta, portanto, legítima defesa.
Essa agressão injusta tem que corresponder a um fato típico?
Não. Ex.: Repelir um furto de uso e repelir um furto insignificante.

b) Agressão atual(agressão presente) ou iminente(prestes a ocorrer).


Agressão passada: é mera vingança.
Agressão futura: se certa, exclui culpabilidade, mas se suposta, não exclui nada.
Requisito SUBJETIVO: Conhecimento da situação de fato justificante.

Espécies de legítima defesa:


1º própria e de terceiro
2º real ou putativa
3º Legítima defesa defensiva – A reação não constitui fato típico.
Legítima defesa agressiva – A reação constitui fato típico.
4º Legítima defesa subjetiva – Trata-se do excesso exculpável na legítima defesa,
pois qualquer pessoa nas mesmas circunstâncias excederia (exclui a
culpabilidade).
Legítima defesa supressiva – Ocorre uma repulsa contra o excesso abusivo do
agente (temos duas legítimas defesas, uma depois da outra).

Legítima defesa sucessiva:


- Legítima defesa real de legitima defesa putativa: é possível.
- Legítima defesa putativa de legítima defesa putativa: NÃO é possível, pois
nenhum dos dois pode alegar exclusão ilicitude. Ex.: Dois neuróticos.

Legítima defesa simultânea: legítima defesa pressupõe agressão injusta. Não é


Legítima defesa x erro na execução: aplicando a regra do art. 73 do CP,
considera-se a vítima pretendida.
Ex.: “A” quer agredir “B”, este reage à agressão de “A” e fere “C”.

Legitima defesa x Estado de necessidade


Estado de necessidade não é agressão injusta, logo, não é possível atuar em
legítima defesa diante de estado de necessidade.
- O que teremos aqui é estado de necessidade x estado de necessidade.
LEGÍTIMA DEFESA ESTADO DE NECESSIDADE
Conflito de vários bens jurídicos diante de
Ameaça ou ataque a um bem jurídico.
uma situação de perigo
O perigo decorre de fato humano ou
Agressão humana. natural(inclui ação de um animal).
Agressão humana tem destinatário certo. O perigo não tem destinatário certo.
Os interesses do agressor são ilegítimos. Os interesses em conflito são legítimos.
Não é possível legítima defesa de legítima É possível estado de necessidade vs estado
defesa. Interesse não legítimo. de necessidade. Interesses legítimos
Estrito Cumprimento do dever legal (Art. 23, III, primeira parte, do CP)
É direcionado ao agente público. Ex.: Art. 301 (prisão em flagrante).
Requisito objetivo: É uma descriminante penal em branco..
Requisito Subjetivo: é preciso o agente saber que age em excludente.
Tipicidade Conglobante: o estrito cumprimento de um dever legal é um ato normativo,
determinado por lei, excluindo não a ilicitude, mas a tipicidade.

Exercício regular de um direito(Art. 23, III, segunda parte)


É direcionado ao particular.
Requisito objetivo: Deve ser complementado por outra norma.
Requisito subjetivo: indispensável o conhecimento do agente.
Espécies:
a) Exercício regular de direito“pro magistratu”: O Estado não pode estar presente.
Ex.: Flagrante facultativo, retenção das bagagens do hóspede, defesa da posse via
legítima defesa e o desforço imediato para proteção da posse. Ex.: art. 1219 do CC.
b) Direito de castigo: É o exercício do direito de educar(poder familiar).
Ex.: pai que dá palmadas no filho(desde que seja proporcional).

Tipicidade conglobante temos duas espécies de exercício regular de direito:


a) um incentivado pelo Estado: Ex.: intervenções cirúrgicas. Exclui a tipicidade.
Ofendículos: é legitima defesa preordenada, ou seja, enquanto não acionado, configura
exercício regular de direito. Quando acionado, repele injusta agressão, configurando
legítima defesa.
Ex.: cacos de vidro no muro, ponta de lança nos muros, corrente elétrica, etc...
O uso do ofendículo, deve ser prudente, consciente e razoável.
Ex.: Cerca elétrica, tem que ser suficiente para impedir o intruso, não para torrá-lo, ou
afastar somente ele, e não acertar quem passa na calçada.
O animal, para a defesa do patrimônio pode ser considerado um ofendículo.

Excesso nas descriminantes(Art. 23, “Parágrafo único)


Classificação dos excessos:
a)Excesso CRASSO: o agente desde o princípio já atua completamente fora dos limites.
Ex.: matar criança que furta laranja.
b) Excesso EXTENSIVO (ou EXCESSO NA CAUSA): o agente, reage antes da efetiva agressão
(futura, esperada e certa).
Aqui falamos em legítima defesa futura, que não exclui a ilicitude, mas pode excluir a
culpabilidade (inexigibilidade de conduta diversa).
c) Excesso INTENSIVO: o agente de uma reação moderada passa a reação imoderada.
Ex.:pessoa te agride com a faca. Você reage, consegue desarmar e continua a agir. Se o
excesso for doloso, o agente responde por dolo; se culposo, por culpa.
Excesso exculpante: sem dolo ou culpa, se passa do moderado para o imoderado.
Descriminante Supralegal: O CONSENTIMENTO DO OFENDIDO
Requisitos:
1º O não consentimento(dissentimento) do ofendido não pode integrar o tipo.
2º Ofendido capaz de consentir.
3º O consentimento tem que ser válido(livre e consciente).
4º O bem renunciado deve ser disponível.
Integridade física é bem relativamente disponível, a lesão seja leve e não
contrarie a moral e os bons costumes.
5º O bem renunciado deve ser próprio. Não pode renunciar bem de 3º.
6º Deve ser manifestado antes ou durante (prévio e simultâneo) a prática do
fato.
*Consentimento posterior pode configurar causa de renúncia ou perdão do
ofendido(causa extintiva de punibilidade).
7º O consentimento deve ser expresso.
8º Ciência da situação de fato que autoriza a justificante(requisito subjetivo).
Erro de tipo (Art. 20)
Erro de tipo: O agente não sabe o que faz.
Ex.: Saio da festa, pego guarda-chuva, chego em casa e vejo que não era meu.
Erro de proibição o agente sabe o que faz, só não sabe que é ilícito.
Ex.: Marido que bate na esposa por não lavar a louça, crendo estar autorizado

O erro de tipo pode recair sobre:


1 As elementares (gerando atipicidade absoluta ou relativa);
2 Circunstâncias (podendo interferir na pena ou presunções legais);
3 Justificantes ou qualquer dado que se agregue a determinada figura típica.
a) Estado de necessidade putativo: Ex.: “A” acredita que um local esteja pegando fogo, o que
não acontece na realidade e no tumulto, “A” fere “B” a fim de salvar-se. “A” não responde por
lesão corporal.
b) Legítima defesa putativa: Ex.: “A” ameaça de morte a “B”. Um dia, “A” se encontra com “B”,
“A” põe a mão no bolso, e supondo “B” que ele vai pegar a arma para matá-lo, “B” saca sua arma
e mata “A”. ”A” não está armado, tendo apenas procurado um documento no bolso. “B” não
responde por homicídio.
c) Estrito cumprimento do dever legal putativo: Ex. Durante guerra, a sentinela percebe a
aproximação de um vulto, e por supor se tratar de um inimigo, mata seu companheiro de farda.
soldado não responde por homicídio.
d) Exercício regular de direito putativo: Um policial surpreende alguém em flagrante delito,
O erro de tipo se divide em:

1 Erro de tipo Essencial(art. 20, caput): Sempre exclui o dolo


- Se refere a aspectos principais do tipo(dados constitutivos do tipo fundamental,
do tipo qualificado ou sobre circunstâncias agravadoras).
- Se o agente soubesse de seu erro teria evitado a conduta.
- Se divide em:
a) Erro de tipo essencial inevitável, imprevisível: Escusável. Exclui dolo e culpa
b) Erro de tipo essencial evitável, previsível – é inescusável. Exclui só o dolo.
Ex.: caçador mata pessoa pensando ser animal. Se imagina por pensar ser animal
feroz, é imprevisível, mas se não havia circunstância para se acreditar nisso, é
previsível.
*Como identificar se o erro é evitável ou inevitável(previsibilidade)?
R.: Para a doutrina clássica se usa o homem médio e para a doutrina moderna, o
homem no caso concreto.

2 Erro de tipo Acidental:


-Se refere a aspectos periféricos do crime. (Há consciência do fato, enganando-se
- Se divide em:
a) Erro de tipo acid. sobre o objeto ou“error in objeto”: Teoria da concretização.
b) Erro de tipo acidental sobre a pessoa ou “error in persona”(Art. 20, § 3º, do CP):
Teoria da equivalência.
c) Erro de tipo acidental na execução ou “aberratio ictus”(art. 73 do CP): Teoria da
equivalência.
d) Erro de tipo acidental no resultado ou “aberratio criminis”(art. 74 do CP);
*E se quero matar uma pessoa, e por erro, danifico um objeto?
e) Erro de tipo acidental sobe o nexo causal ou “aberratio causae”;

Erro de subsunção: é o erro que se recai sobre valorações jurídicas equivocadas,


sobre interpretações jurídicas errôneas.
Ex.: Afirmar que não sabia que cheque era equiparado a documento público.

Erro provocado por terceiro(Art. 20, § 2º do CP)

Delito putativo por erro de tipo: quero cometer o crime, mas este não ocorre porque
desconheço a ausência de uma elementar.
Ex.: atirar em cadáver, quando imaginava que era uma pessoa.
Culpabilidade
1. Teoria PSICOLOGICA da culpabilidade(Von Lizt e Beling): base causalista.
Culpabilidade – duas espécies: - culpabilidade-dolo e
- culpabilidade-culpa.
A imputabilidade, não era considerado elemento, mas um pressuposto para culpabilidade.
2. Teoria PSICOLOGICA-NORMATIVA da culpabilidade(Mezger): base Neokantista.
Culpabilidade – elementos: - imputabilidade;
- exigibilidade de conduta diversa, e;
- dolo e a culpa.
Dolo normativo: é constituído de consciência, vontade e consciência atual da ilicitude.
3. Teoria NORMATIVA PURA ou EXTREMADA da culpabilidade(Welzel): base
finalista.
Culpabilidade – elementos: - imputabilidade;
- exigibilidade de conduta diversa e
- potencial consciência da ilicitude.
A consciência da ilicitude deixa de ser atual para ser potencial.
Dolo natural: consciência e vontade.
4. Teoria LIMITADA da culpabilidade: base finalista.
É idêntica à anterior em tudo, com exceção do art. 20, § 1º, que para ela, é erro
1º C – Teoria Bipartite: é mero pressuposto de aplicação da pena, juízo de reprovação
e censurabilidade.
2º C – Teoria Tripartite: É Juízo de reprovação extraído da análise como o sujeito ativo
se posicionou, pelo seu conhecimento e querer, diante do injusto.
Principal diferença entre as teoria é saber se adolescente pratica crime.

Qual o fundamento moral ou conceito material da culpabilidade?


É o livre arbítrio. “o poder de agir de outro modo”(Welzel).
A escola positivista trabalhava com o determinismo na culpabilidade.

Dirigibilidade normativa(Roxin): o poder de agir de outro modo é indemonstrável,


pois não se sabe se o livre arbítrio existe, mas ainda que não o prove do ponto de
vista ontológico, sob o ponto de vista axiológico, ele existe.
Ou seja, não sabemos se somos livre ou não, mas assim somos considerados.
A dirigibilidade normativa, acrescenta à consciência a aptidão de alguém de se dirigir
conforme a norma.

Prevalece: A culpabilidade é subjetiva pois seus elementos estão ligados ao agente


do fato e não ao fato do agente.
Direito penal do autor: direito penal recai sobre comportamento das pessoas.
Elementos da Culpabilidade
1 Imputabilidade
Conceito: conjunto de condições pessoais que conferem ao sujeito ativo a capacidade
de discernimento e compreensão, para entender seus atos e determinar-se.
*O Código Penal não dá um conceito positivo de imputabilidade (o que é), mas o
que não é(negativo).
*Direito civil fala em capaz e incapaz. Direito penal em imputável e inimputável.
Índio: não se considera como causa de inimputabilidade(integrado ou não).

Sistemas de inimputabilidade:
Sistema biológico: leva em conta apenas o desenvolvimento mental do acusado.
Sistema psicológico: considera se o agente ao tempo da conduta tinha capacidade
de entendimento e autodeterminação.
Sistema Biopsicológico: Junta as duas concepções.
Resume: capacidade, entendimento e autodeterminação.

Causas de inimputabilidade:
a) menor;
b) doença mental;
1.1 Inimputabilidade em razão de anomalia psíquica: art. 26 do CP.
Na primeira parte do art. 26 se adotou o biológico e depois o psicológico, logo,
o dispositivo adota o sistema biopsicológico.
Não basta você ter deficiência mental para ser inimputável, tem que, ser ao
tempo da ação ou omissão não saber o que faz.
Ex.: Maníaco do Parque é louco! Mas foi condenado.

Este tipo de inimputabilidade é o ÚNICO caso em que o fato não é crime e que
o juiz não pode rejeitar a denúncia, onde haverá processo, onde o juiz absolve
e impõe uma sanção penal(medida de segurança), por isso é chamada de
absolvição imprópria.

Semi-Imputabilidade (Art. 26, Parágrafo único)


Sistema vicariante: juiz opta por pena reduzida ou medida de seguranças.
Sistema duplo binário: aplicar pena e medida de segurança(não é admitido).
Se critica o termo semi-imputabilidade, pois é imputável com responsabilidade
penal diminuída.
1.2 Inimputabilidade em razão da IDADE do agente (menoridade): art. 27 do CP,
art. 228 da CF e art. 5º.5 CIDH
Adotado o sistema biológico.

Pode o Brasil reduzir a menoridade penal para 16 anos, como muitos querem?
Depende se considera a menoridade uma cláusula pétrea ou não.

Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal:


I - a emoção (estado súbito e passageiro) ou a paixão (sentimento crônico e
duradouro);
Emoção é um estado súbito e passageiro.
Paixão é um sentimento crônico e duradouro.
Não exclui a imputabilidade, mas pode ser uma atenuante (art. 65, III, “c”) ou
privilégio (art. 121, § 1º).
*A paixão, dependendo do grau, pode ser encarada como doença mental (Paixão
patológica), logo, inimputável.

.
1.3 Inimputabilidade em razão de embriaguez:
Espécies de embriaguez
a) Embriaguez acidental(ou fortuita): pode advir da caso fortuito(desconhecer
efeito da substância) ou força maior(coação). Se divide em:
- Completa(art.28, §1º): exclui capac. de entend. e autodet.. Exclui a culpabilidade.
Adotado o sistema Biopsicológico.
- Incompleta(art.28, §2º): diminui capac. de entend. e autodet.. Diminui a pena.
b) Embriaguez não acidental: pode ser voluntária(quer se embriagar) ou
culposa(não queira se embriagar, mas aconteceu).
Pode ser completa ou incompleta e nunca exclui culpabilidade.
c) Embriaguez doentia: É a patológica. Equiparada a doença mental. Pode ser:
- completa: equiparada ao art. 26, caput(inimputável). Exclui a culpabilidade
- incompleta, será equiparada ao art. 26, § único(semi-imputável). Diminui a pena.
d) Embriaguez preordenada: é meio para a prática de um crime.
Pode ser completa ou incompleta. nunca exclui culpabilidade.

Na não acidental ou preordenada, o agente não tem capacidade de


entendimento e autodeterminação, então como vai responder?
1.4 Lei de drogas – Lei 11.343-2006, art.45: inimputabilidade em razão de
dependência ou caso fortuito e força maior. São dois os requisitos:
a) Dependente(doente mental) ou caso fortuito ou força maior(ingestão por engano ou
coação física);
b) Estar incapaz de entender o caráter ilícito do fato e de se determinar..

2 Potencial consciência da ilicitude: Art. 21 do CP


Erro de proibição: Se inevitável, exclui culpabilidade. Se evitável, reduz pena.
Erro de proibição direto:
1º Situação: O agente ignora a lei e a ilicitude do fato. É erro de proibição.
- Ex.: Fabricar açúcar em casa é crime! do Holandês, Uruguaio, Argentino.
2º Situação: O agente ignora a lei, sem ignorar a ilicitude do fato. Ou seja, sabe que faz
algo que é errado, só não sabe que está tipificado.
- Não exclui a culpabilidade, podendo servir como atenuante de pena.
- Não é erro de proibição, pois para tanto o erro deve recair sobre a ilicitude.
Ex.: sabe que praticar ato libidinoso com criança é errado, só não sabe que é crime.

Erro de proibição indireto: O agente ignora a ilicitude do fato, sem violar a lei,
conhecendo a lei(não sabe que o seu passo está proibido naquela circunstância).
Ex.: pensar ser exercício regular de direito, ter relação sexual a força com a esposa.
Erro de proibição mandamental: O erro recai sobre uma norma mandamental.
Ex.: da pessoa que vê a outra se afogar no mar e nada faz por supor não ter que agir.

Erro de proibição: vencível, evitável é inescusável - diminui a pena.


Erro de proibição: invencível, inevitável é escusável – exclui Potencial consc.da ilicitude.
Ex.: analfabeto que mora em local que sequer tem energia elétrica e é preso por caçar
animal em local que todo mundo fazia sua caça.

Como saber se o erro é evitável ou inevitável?


1ª C: trabalha com o homem médio.
2ª C: doutrina moderna trabalha com a análise do caso concreto.

Atual consciência da ilicitude(teoria psicológica normativa): exclui culpabilidade sendo o


erro evitável ou inevitável.
Potencial consciência da ilicitude (teoria normativa pura): só exclui culpabilidade se o erro
é inevitável.

Teoria da valoração paralela na esfera do profano(Mezger): criada para analisar os


critérios do erro de proibição inevitável(ausência ou não de erro de proibição).
- Não se fala mais em erro de direito, pois não se faz análise na esfera jurídica, mas na
esfera do profano. Analisa-se questões sociais, culturais, educacionais, etc.
E se houver dúvida quanto à licitude?
Exigibilidade de conduta diversa
Origem – Alemanha – cocheiro que advertiu seu patrão, mas este o mandou levar
uma encomenda com um cavalo de caça, e no caminho causou lesões em uma pessoa
porque o cavalo saiu em disparada.

Inexigibilidade de conduta diversa(dirimentes, ou exculpantes)


O Código Penal não traz as expressões exigibilidade ou inexigibilidade de conduta
diversa, mas traz duas hipóteses de inexigibilidades.

a) Coação irresistível (art. 22, 1ª parte). Requisitos:


- Coação: tem que ser moral, porque se física exclui conduta.
- Irresistível: há escolha, há vontade, mas viciada. Se resistível, atenua a pena.
Só é punível o autor da coação, chamado de autor mediato.
“A” coagiu de forma irresistível “B” a matar “C”. “A” responderá só por homicídio?
É homicídio por autoria mediata e tortura por autoria imediata(Art.1º,I, b, 9.455/97)
Ex.: Bandidos sequestram família de gerente e o obrigam a entregar dinheiro do banco.

b) Obediência hierárquica (art. 22, 2ª parte): Requisitos:


- Ordem não seja manifestamente ilegal.
- Ordem oriunda de superior hierárquico.
1 – Ordem claramente ilegal: Superior e subordinado respondem pelo crime.
2 – Ordem era legal: Ambos estão em estrito cumprimento do dever.
3 – Ordem não claramente ilegal: superior responde pelo crime e o subordinado não
culpável. Tese dos pol. militares no massacre do Carandiru.

Dirimentes(excludentes) da imputabilidade: art. 26, caput; 27 e 28,§1º.Rol taxativo.


Dirimentes da potencial consc. da ilicitude: Art. 21. Rol taxativo!
Dirimentes da exigibilidade de conduta diversa: art. 22. O rol é exemplificativo!

Causas supra legais de inexigibilidade conduta diversa: Exemplos:


1. Legítima defesa futura e certa,
2. Desobediência civil, desde que: a)fundada em proteção de direitos fundamentais
b) dano causado não seja relevante.
Ex.: Invasão de terra pelo MST. Se depreda não há excludente por ser dano relevante.
3. Relação de empregador e empregado.
4. Mãe que deixa as crianças sozinhas(06 e 04 anos), trancadas em casa, para poder
trabalhar, porque não tem creche, e ninguém para deixar as crianças.
5. Escusa de consciência ou Fato de consciência: o sujeito tem determinado
consciência(filosófica, religiosa, política) que o faz realizar o comportamento.
6. Rastafarianismo: religião que prega a maconha em rituais sagrados.
Co-culpabilidade: A ideia não é eximir o autor do crime de responsabilidade e sim repartir

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