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DISCIPLINA: TEORIA DO

CRIME

DOCENTE: Scarlet Vasconcelos Dantas


E-MAIL: scarletvasconcelos01@gmail.com
TEORIA DO CRIME
Ementa: Noçõ es Gerais de Direito Penal; Evoluçã o Histó rica do Direito Penal; Fontes do Direito Penal;
Interpretaçã o da Lei Penal, Teoria Geral da Norma Penal; Eficácia da Lei Penal no Tempo; Eficácia da Lei
Penal no Espaço; Eficácia da Lei Penal em Relação às Pessoas; Teoria Geral do Crime; Fato Típico;
Ilicitude; Culpabilidade; Punibilidade; “Inter Criminis”;

Bibliografia Básica:
CUNHA, Rogério Sanches. Manual de direito penal: parte geral (arts. 1° a 120). Juspodvm.
CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal. Sã o Paulo: Saraiva.
BITTENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal, parte geral, Sã o Paulo: Revista dos Tribunais.
ESTEFAM, André. Direito penal: parte geral. Arts 1 a 120. V.1.3º ed., Sã o Paulo: Saraiva.

Jú ri Simulado: caso
SÓ FOCLES. É dipo Rei – Antígona. Sã o Paulo: Martin Claret Editora, 2007.
TEORIA DO CRIME
Avaliações:
QUESTIONÁ RIO (3 pontos) DATA 02 de abril de 2024
Avaliaçã o Subjetiva (5 pontos) DATA 09 de abril de 2024
JURI SIMULADO (4 pontos) DATA 21 ou 28 de maio (a definir)
Avaliaçã o Objetiva (5 pontos) DATA 04 de junho de 2024
EAD (3)

AV1 (avaliação subjetiva (5) + questionário (3) + EAD (2))=10

AV2 (avaliação objetiva (5) + júri simulado (4) + EAD(1))= 10

Segunda Chamada das Avaliações 18 de junho de 2024


NAF 25 de junho de 2024
Noçõ es Gerais
Denominaçã o: Direito Penal, Direito Criminal, Direito Repressivo,
Direito Punitivo, Direito Restaurador, Direito Sancionador, Direito de
Defesa Social e Direito Protetor dos Criminosos;
Definiçã o
“É o conjunto de normas jurídicas que o Estado estabelece para combater o crime, através
das penas e das medidas de segurança.” (Basileu Garcia, 2008);
Noçõ es Gerais
Definiçã o
“O conjunto das normas jurídicas, pelas quais se exerce a funçã o do Estado de
Prevenir e reprimir os crimes, por meio de sançõ es cominadas aos seus autores.”
(Aníbal Bruno, 1959);

“O conjunto de normas jurídicas mediante as quais o Estado proíbe determinadas


Açõ es ou omissõ es, sob ameaça de característica sançã o penal.” (Fragoso, 1989);

“É o conjunto de normas jurídicas que regulam o poder punitivo do Estado, tendo em


vista os fatos de natureza criminal e as medidas aplicáveis a quem os pratica.”
(Magalhã es Noronha, 1978);
Noçõ es Gerais
Definiçã o
“Conjunto de normas que ligam ao crime, como fato, a pena como
consequência, e
Disciplinam também as relaçõ es jurídicas daí derivadas, para estabelecer a
aplicabilidade das medidas de segurança e a tutela do direito e liberdade em
face do poder de punir do Estado.” (Frederico Marques, 1954);
Finalidade
Defender a sociedade, pela proteçã o dos bens jurídicos fundamentais,
Como a vida humana, a integridade corporal do homem, a honra, o
Patrimô nio, a segurança da família, a paz pú blica;
Noçõ es Gerais
Definiçã o
3 aspectos:
Aspecto formal ou está tico: é um conjunto de normas que qualifica certos comportamentos humanos como
infraçõ es penais (crime ou contravençã o), define os seus agentes e fixa as sançõ es (pena ou medida de
segurança) a serem-lhes aplicadas.

Aspecto material: refere-se a comportamentos considerados altamente reprováveis ou danosos ao organismo


social, afetando bens jurídicos indispensáveis à sua pró pria conservaçã o e progresso.

Aspecto socioló gico ou dinâ mico: é mais um instrumento de controle social de comportamentos desviados
(ao lado dos outros ramos, como Constitucional, Civil, Administrativo, Comercial, Tributá rio, Processual, etc.) ,
visando assegurar a necessá ria disciplina social, bem como a convivência harmô nica dos membros.
Noçõ es Gerais
Definiçã o

Princípio da Intervençã o Mínima do Estado

BITENCOURT:
"Se outras formas de sançã o ou outros meios de controle social revelarem-
se suficientes para a tutela desse bem, a sua criminalizaçã o
é inadequada e nã o recomendável. Se para o restabelecimento da
ordem jurídica violada forem suficientes medidas civis ou administrativas,
sã o estas que devem ser empregadas e nã o as penais"
Noçõ es Gerais
Posiçã o Enciclopédica
Direito Penal faz parte do Direito Pú blico

Interaçã o do Direito Penal com os demais ramos do Direito


Direito Constitucional: art. 5°, XXXIX, XL, XLII, XLV, XLVII, XLVIII, XLIX, XLVI
LVII, LVIII, LXI a LXVII, CF/88;

Direito Processual Penal: disciplina a aplicabilidade do Direito Penal


Substantivo, Inquérito Policial, Açã o Penal, Recursos, Mandados, Prisã o e
Sentenças;
Noçõ es Gerais
Interaçã o do Direito Penal com os demais ramos do Direito
Direito Processual Civil: delineia os atos processuais, as sentenças, os
recursos utilizados no processo penal, bem como citaçõ es, mandados etc;

Direito Civil: conceitos de posse, coisa, patrimô nio, propriedade, família,


Casamentos.

Direito Empresarial: conceitos e institutos do cheque, duplicata, nota


promissó ria e letra de câ mbio;
Noçõ es Gerais
Interaçã o do Direito Penal com os demais ramos do Direito
Direito Administrativo: conceitos de servidor pú blico, funcioná rio pú blico,
Entidade pú blica, cargo etc;

Direito Tributá rio: repressã o aos crimes de sonegaçã o fiscal;

Direito Internacional: acordos e tratados internacionais visando à repressã o


De certas atividades criminosas;

Direito Penitenciá rio: administraçã o penitenciá ria, visando à recuperaçã o


Social do criminoso;
Noçõ es Gerais
Direito Penal, Ciência do Direito Penal, Criminologia e Política Criminal;
Ciências Penais
Direito Penal Criminologia Política Criminal
FINALIDADE Analisando fatos Ciência empírica que Trabalha as estratégias
humanos, indesejados, estuda o crime, a e meios de controle
define quais atos pessoa do criminoso, social da criminalidade;
devem ser rotulados da vítima e o
como infrações penais, comportamento da
anunciando as sociedade;
respectivas sanções;

OBJETO O crime enquanto O crime enquanto FATO O crime enquanto


NORMA VALOR

EXEMPLO Define o crime de estuda o fenômeno do Estuda formas de


homicídio homicídio, o agente diminuir o homicídio;
homicida, a vítima e o
comportamento da
sociedade;
Noçõ es Gerais
Funcionalismo
Corrente doutriná ria

Funcionalismo teleoló gico (ou moderado): assegurar os bens jurídicos;


Funcionalismo sistêmico (ou radical): assegurar o império da norma;

Jakobs: "aquele que se desvia da norma por princípio não oferece qualquer
garantia de que se comportará como pessoa; por isso, não pode ser
tratado como cidadão, mas deve ser combatido como inimigo" .

Doutrina Brasileira: o Direito Penal, serve para assegurar bens jurídicos (teoria de Birnbaum) sem
desconsiderar sua missão indireta que é o controle social e limitação do poder punitivo estatal
Noçõ es Gerais
Categorias do Direito Penal
a) Direito Penal Substantivo e Direito Penal Adjetivo

Corresponde ao direito material (cria as figuras criminosas e contravencionais)

Corresponde ao direito processual (trata das normas destinadas a instrumentalizar a atuaçã o do


Estado diante da ocorrência de um crime);
Noçõ es Gerais
Categorias do Direito Penal
b) Direito Penal Objetivo e Direito Penal Subjetivo

Ou “jus poenale”: conjunto de leis penais em vigor no país, devendo observar a legalidade;

Ou “jus puniendi”: refere-se ao direito de punir do Estado, ou seja, a capacidade que o Estado tem de
produzir e fazer cumprir suas normas;

Direito Penal Subjetivo divide-se em 2:


Direito Penal subjetivo positivo: capacidade do Estado em criar e executar as normas penais;
Direito penal subjetivo negativo: faculdade de derrogar preceitos penais ou restringir o alcance das figuras
delitivas;
Noçõ es Gerais
O Poder Punitivo do Estado é INCONDICIONADO?

Quanto ao modo, tempo e espaço.

“jus puniendi”, exclusividade do Estado, proibido justiça privada


Exceçã o
art. 57, da Lei n° 6.001/73 (Estatuto do índio)
Art. 57. “Será tolerada a aplicaçã o, pelos grupos tribais, de acordo com as instituiçõ es pró prias, de sançõ es penais ou
disciplinares contra os seus membros, desde que nã o revistam cará ter cruel ou infamante, proibida em qualquer caso
a pena de morte.”
Tribunal Penal Internacional
Competência subsidiá ria, será chamado a intervir somente se e quando a justiça repressiva interna
falhe, seja omissa, insuficiente;
Noçõ es Gerais
Direito Penal Garantista (modelo de Luigi Ferrajoli)
O garantisrno exerce a funçã o de estabelecer o objeto e os limites do direito penal nas sociedades
democrá ticas, utilizando-se dos direitos fundamentais, que adquirem status de intangibilidade.
Nulla poena sine crimine; Princípio da retributividade ou da
consequencialidade da pena em relaçã o ao delito;
Nullum crimen sine lege; Princípio da legalidade;
Nulla lex (poenalis) sine necessitate; Princípio da necessidade ou da economia do
direito penal;

10 AXIOMAIS Nulla necessitas sine injuria; Princípio da lesividade ou da ofensividade do


evento;
Nulla injuris sine acione; Princípio da materialidade ou da exterioridade da
açã o;
Nulla actio sine culpa; Princípio da culpabilidade;
Nulla culpa sine judicio; Princípio da jurisdicionariedade;
Nullum judicio sine accusatione; Princípio acusató rio;
Nullum accusatio sine probatione; Princípio do ô nus da prova ou da verificaçã o;
Nulla probatio sine defensione; Princípio da defesa ou da falseabilidade;
Evoluçã o Histó rica do Direito Penal
Vingança Penal:
a) Vingança Divina
Quando membro do grupo social descumpria regras, ofendendo os "totens", era punido pelo
pró prio grupo, que temia ser retaliado pela divindade. Pautando-se na satisfaçã o divina, a pena
era cruel, desumana e degradante.

b) Vingança Privada
Por nã o haver regulamentaçã o por parte de um ó rgã o pró prio, a reaçã o do ofendido era
normalmente desproporcional à ofensa, ultrapassando a pessoa do delinquente, atingindo
outros indivíduos a ele ligados de alguma forma, acarretando frequentes conflitos entre
coletividades inteiras.

Có digo de Hamurabi, lei de taliã o


c) Vingança Pú blica
A pena pú blica tinha por funçã o principal proteger a pró pria existência do Estado e do Soberano,
aos que atacassem a ordem pú blica e os bens religiosos ou pú blicos, tais como o homicídio, as
lesõ es corporais, os crimes contra a honra, contra a propriedade etc;
Evoluçã o Histó rica do Direito Penal
*Direito Penal na Grécia Antiga
direito penal grego evoluiu da vingança privada, da vingança religiosa para um período político,
assentado sobre uma base moral e civil.

*Direito Penal em Roma


Dividiu os delitos em:
pú blicos (crimina publica) , violadores dos interesses coletivos (ex: crimes funcionais, homicídio) ,
punidos pelo jus publicum com penas pú blicas,
privados (delicta privata) , lesando somente interesses particulares (patrimô nio), punidos pelo jus civile
com penas privadas.
*Direito Penal Germâ nico: Frieldlosigkeit
Evoluçã o Histó rica do Direito Penal

*Direito Penal na Idade Média


Tribunal da Santa Inquisiçã o
Iluminismo
"para que cada pena nã o seja uma violência de um ou de muitos contra um cidadã o privado, deve ser
essencialmente pú blica, rá pida, necessá ria, a mínima possível nas circunstâ ncias dadas, proporcional
aos delitos e ditadas pelas leis“. (Beccaria, “Dos delitos e das Penas”)
Evoluçã o Histó rica do Direito Penal

*Escolas Penais
Escola Clá ssica: Francesco Carrara, Pellegrino Rossi, Giovanni Carmignani. (Séc. XVIII)

Escola Positiva: Cesare Lombroso (criminoso nato): indivíduo essencialmente voltado à delinquência e
passível de identificaçã o anatô mica;
Evoluçã o Histó rica do Direito Penal
*Histó ria do Direito Penal Brasileiro
- Ordenaçõ es Afonsinas
- Em 1514, revogada as Ordenaçõ es Manuelinas
- Substituídas pela Có digo de D. Sebastiã o
- Ordenaçõ es Filipinas, séc. XVII, fundamentado nos preceitos religiosos.
- Apó s a proclamaçã o da independência e a promulgaçã o da Constituiçã o de 1824, foi elaborado o Código Criminal
do Império, apresentando um direito penal protetivo e humanitá rio.
- Apó s a proclamaçã o da Repú blica (1890) sancionou-se o Código Criminal da República, respeitando a
Constituiçã o de 1891, em que foi proibido a pena de morte e prisã o de cará ter perpétuo.
- Com o surgimento de vá rias outras leis extravagantes, surgiu a necessidade de copilar tudo em um ú nico
documento, feito por Desembargador Vicente Piragibe, em 1932, na Consolidação das Leis Penais.
- CF/ 1937, em 1940 jurista Alcâ ntara Machado Có digo Penal;
- Em 1942, entra em vigor o Código Penal, reformulada pela Lei n° 7.209/84.
Questõ es
1. Projeto que deu origem ao Có digo Penal de 1940, conhecido pelo nome de seu elaborador:
Alternativas
A Galdino Siqueira.
B Euzébio Gó mez.
C Alcâ ntara Machado.
D Sá Pereira.
E Alfredo Buzaid.
2. A funçã o do Direito Penal é:
Alternativas
A proteger bens jurídicos relevantes para a sociedade.
B aplicar penas e medidas de segurança.
C dirimir controvérsias e pacificar a sociedade.
D construir uma sociedade livre, justa e solidá ria.
E garantir a execuçã o das leis.
Fontes do Direito Penal
Onde a norma penal emana, surge e como se revela;
Fonte Material e Fonte Formal do Direito Penal;

1. Fonte Material do Direito Penal


É o orgã o encarregado da criaçã o do Direito Penal.
Art. 22, I, CF/ 88
Exceçã o: art. 22, § ú nico. Os Estados –membros podem legislar em questõ es
específicas do Direito Penal, desde que autorizadas por lei complementar;
Fontes do Direito Penal
Onde a norma penal emana, surge e como se revela;
Fonte Material e Fonte Formal do Direito Penal;

2. Fonte Formal do Direito Penal (fonte de conhecimento ou de cogniçã o0


Instrumento de exteriorizaçã o do Direito Penal.
Classificaçã o: imediata (a Lei é a ú nica fonte formal imediata do Direito Penal) ou
mediata ( abrange os costumes e os princípios gerais do Direito);
Fontes do Direito Penal
Fonte Formal do Direito Penal à luz da doutrina moderna
1. Fontes formais imediatas
a) Lei
é o único instrumento normativo capaz de criar infrações penais (crimes e contravenções penais) e cominar
sanções (pena ou medida de segurança).
b) Constituiçã o Federal
Estabelece os mandados de criminalizaçã o, VINCULAM O LEGISLADOR A PROTEGEREM CERTOS TEMAS
QUE ESTÃ O DETERMINADOS NA CF;

Exemplo: art. 5°, XLII, CF/ 88 (crime de racismo); art. 5°, XLIII, CF/88 (crimes hediondos e equiparados);
art. 225, §3°, CF/ 88 (crimes ambientais)
Fontes do Direito Penal
Fonte Formal do Direito Penal à luz da doutrina moderna
1. Fontes formais imediatas
b) Constituiçã o Federal
Posicionamento do STF
“A Constituiçã o de 1988 contém um significativo elenco de normas que, em princípio, nã o outorgam
direitos, mas que, antes, determinam a criminalizaçã o de condutas (CF, art. 5°, XLI, XLII, XLIII, XLIV; art.
7°, X; art. 227, § 4°). Em todas essas normas é possível identificar um mandado de criminalizaçã o
expresso, tendo em vista os bens e valores envolvidos. " (STF - Segunda Tu rma - HC 104410 - Rei. Min.
Gilmar Mendes - DJe 27/03/20 12).
Fontes do Direito Penal
Fonte Formal do Direito Penal à luz da doutrina moderna
1. Fontes formais imediatas
c) Tratados e convençõ es internacionais de Direitos Humanos
Acordo internacional que versa sobre direitos humanos, celebrado por escrito entre
Estado e regido pelo direito internacional, deve ser obrigatoriamente seguido, possui
cará ter vinculante.

d) Jurisprudência
Decisõ es reiteradas de um ou mais tribunais.
Exemplo: crime continuado (art. 71, CP), limitam a continuidade no tempo em 30
dias entre as infraçõ es;
Fontes do Direito Penal
Fonte Formal do Direito Penal à luz da doutrina moderna
1. Fontes formais imediatas
e) Princípios
Conduzem muitas vezes à absolviçã o ou reduçã o de pena;

f) Complementos
Da norma penal em branco seguem a lei
Fontes do Direito Penal
Fonte Formal do Direito Penal à luz da doutrina moderna
2. Fonte Formal Mediata
Doutrina, apenas.

FONTE INFORMAL do Direito Penal (COSTUMES)

COSTUMES CRIAM INFRAÇÕES PENAIS?

COSTUMES REVOGAM INFRAÇÕES PENAIS?


Fontes do Direito Penal
FONTE INFORMAL do Direito Penal (COSTUMES)

O jogo do bicho permanece contravenção penal?


Há 3 correntes que divergem sobre a possibilidade ou não do costume abolir
infração penal!

1ª corrente: admite-se o costume abolicionista, ou revogador da lei;


Ausência de reprovaçã o social corresponde à revogaçã o formal e material da norma incriminadora.
CONCLUSÃ O : para esta corrente, jogo do bicho nã o mais deve ser punido, pois a contravençã o foi
formal e materialmente abolida pelo costume
Fontes do Direito Penal
FONTE INFORMAL do Direito Penal (COSTUMES)

O jogo do bicho permanece contravenção penal?


Há 3 correntes que divergem sobre a possibilidade ou não do costume abolir
infração penal!

2ª corrente: inadmissível o costume abolicionista, mas se o fato não é


indesejado pelo meio social, a lei não deve ser aplicada pelo Magistrado;
Ausência da eficá cia social da infraçã o penal
CONCLUSÃ O : para os adeptos desta corrente, jogo do bicho, apesar de formalmente contravençã o,
nã o serve para punir o autor da conduta, pois materialmente abolida
Fontes do Direito Penal
FONTE INFORMAL do Direito Penal (COSTUMES)

O jogo do bicho permanece contravenção penal?


Há 3 correntes que divergem sobre a possibilidade ou não do costume abolir
infração penal!

3ª corrente: somente a lei pode revogar outra lei, não existe costume
abolicionista, e, enquanto a lei estiver em vigor, terá plena eficácia;
CONCLUSÃ O : para quem se filia a esta corrente, jogo do bicho permanece infraçã o penal, servindo a
lei para punir os contraventores enquanto nã o revogada por outra lei.
Fontes do Direito Penal
FONTE INFORMAL do Direito Penal (COSTUMES)

Qual, então, a finalidade dos costumes no ordenamento jurídico-penal?


Vetor de interpretação das normas penais.
Exemplo: art. 155, §1º CP (repouso noturno)
Fontes do Direito Penal
Fontes do Direito Penal
CARACTERÍSTICAS E CLASSIFICAÇÃ O DA LEI PENAL

Características
Exclusividade: somente a Lei define infraçõ es (crimes e contravençõ es) e comina
sançõ es penais (penas e medidas de segurança);
Imperatividade: é imposta a todos, independente da vontade de cada um;
Generalidade: todos devem acatamento à lei penal, mesmo os inimputáveis, vez que
passíveis de medida de segurança;
Impessoalidade: dirige-se abstratamente a fatos futuros e nã o as pessoas, além de
ser produzida para ser imposta a todos os cidadã os, indistintamente;
Fontes do Direito Penal
CARACTERÍSTICAS E CLASSIFICAÇÃ O DA LEI PENAL

Classificaçã o
Lei penal incriminadora: define infraçõ es penais e cominam as sançõ es que lhes sã o
inerentes; (estrutura com dois preceitos: definiçã o da conduta criminosa e a sançã o
aplicável); exemplo: art. 121, CP
Lei penal nã o incriminadora: (ou lei penal em sentido amplo) nã o tem finalidade de
criar condutas puníveis e nem de cominar sançõ es a elas relativas.
Fontes do Direito Penal
CARACTERÍSTICAS E CLASSIFICAÇÃ O DA LEI PENAL

Lei penal nã o incriminadora


Subdivide-se:
a) permissiva (justificante ou exculpante)= torna lícitas determinadas condutas que
poderiam estar sujeitas à reprimenda estatal, ex: legítima defesa art. 25, CP;
b) explicativa ou interpretativa= esclarecer o conteú do da norma, ex: art. 327, CP;
c) complementar= funçã o de delimitar a aplicaçã o das leis incriminadoras, ex: art.
5º, CP (aplicaçã o da lei no territó rio);
d) Extensã o ou integrativas= utilizada para viabilizar a tipicidade de alguns fatos, ex:
art. 14, II e art. 29, CP
Interpretaçã o da Lei Penal

IN CLARIS CESSAT INTERPRETATIO - Latim

HERMENÊ UTICA (processo interpretativo sistemá tico, ló gico)

Ato de interpretar ( quanto ao sujeito, modo e resultado)


Interpretaçã o da Lei Penal
Quanto ao sujeito:
(quem a interpreta, ou quanto à origem)

Autêntica ou legislativa: aquela fornecida pela própria lei


Art. 327, CP (conceito de funcionário público)

Doutrinária ou científica: interpretação feita pelos estudiosos, jurisconsultos.

Jurisprudencial, judiciária ou judicial: feita pelos tribunais, à medida que lhes é


exigida a análise de caso concreto, podendo adquirir caráter vinculante.
Interpretaçã o da Lei Penal
Quanto ao modo:

Gramática, filosófica ou literal: interpretação que considera o sentido literal das


palavras, correspondente a sua etimologia.
Teleológica: finalidade da lei;
Histórica: interpretação que indaga a origem da lei;
Sistemática: interpretação da lei em conjunto com a legislação que integra o
sistema do qual faz parte, bem como os princípios gerais do direito;
Interpretaçã o da Lei Penal
Quanto ao modo:

Progressiva ou evolutiva: representa a busca do significado legal de acordo com


o progresso da ciência;
Lógica ou racional: se baseia na razão, utilização de métodos dedutivos,
indutivos e da dialética para encontrar o sentido da lei;
Interpretaçã o da Lei Penal
Quanto ao resultado:

Declarativa ou declaratória: aquela em que a letra da lei corresponde


exatamente àquilo que o legislador quis dizer, nada suprimindo, nada
adicionando;
Restritiva: é a interpretação que reduz o alcance das palavras da lei para que
corresponda à vontade do texto;
Extensiva: amplia-se o alcance das palavras da lei para que corresponda à
vontade do texto;
Interpretaçã o da Lei Penal
Interpretaçã o da Lei Penal
Interpretação sui generis e a interpretação conforme a Constituição

Interpretação sui generis: exofórica e endofórica

Dependem do conteúdo que complementará o sentido da norma interpretada

EXOFÓRICA: ocorre quando o significado da norma interpretada não está no


ordenamento jurídico
Exemplo: art. 20, CP (tipo)
Interpretaçã o da Lei Penal
Interpretação sui generis e a interpretação conforme a Constituição

Interpretação sui generis: exofórica e endofórica

ENDOFÓRICA: ocorre quando o texto normativo interpretado toma de


empréstimo o sentido de outros textos do próprio ordenamento, ainda que não
seja da mesma lei. (muito presente na norma penal em branco)
Interpretaçã o da Lei Penal
Interpretação sui generis e a interpretação conforme a Constituição

Interpretação conforme a Constituição


A Constituição deve informar e conformar as normas que lhes são
hierarquicamente inferiores, aferindo a validade daquela dentro de uma
perspectiva garantista.
Interpretaçã o da Lei Penal
Interpretaçã o da Lei Penal
Interpretação Extensiva

Pode ou nã o ser em prejuízo do réu


Se dá quando o interprete amplia o significado de uma palavra para alcançar o real significado da norma;

GUILHERME DE SouZA Nucci


“é indiferente se a interpretaçá o extensiva beneficia ou prejudica o réu: pois a tarefa do intérprete é
conferir aplicaçã o ló gica ao sistema normativo, evitando-se contradiçõ es e injustiças"

PRINCÍPIO IN DUBIO PRO REO

ASSIM, o Direito Penal exige que se lhe conceda interpretaçã o cada vez mais RESTRITA
Interpretaçã o da Lei Penal
Interpretação Extensiva

artigo 22. do Estatuto de Roma:


“previsã o de um crime será estabelecida de forma precisa e nã o será permitido o
recurso à analogia. Em caso de ambiguidade, será interpretada a favor da pessoa
objecto de inquérito, acusada ou condenada.”

Observaçã o: art. 57, §2°, I, CP (roubo majorado pelo emprego de arma), abrange
qualquer instrumento, fabricado com ou sem finalidade bélica, capaz de servir
para o ataque; (revó lver, faca de cozinha, madeira, lâ mina de barbear, etc.)
Interpretaçã o da Lei Penal
Interpretação Analógica (ou intra legem)

É a interpretaçã o necessá ria a extrair o sentido da norma mediante os pró prios


elementos fornecidos por ela.

Exemplo: art. 121, §2º, I, CP


Interpretaçã o da Lei Penal
Integração da Lei Penal (ANALOGIA)

" ubi eadem ra tio ibi idem jus " (onde houver o mesmo fundamento haverá o
mesmo direito) , ou "ubi eadem legis ra tio ibi eadem dispositio" (onde impera a
mesma razã o deve prevalecer a mesma decisã o);

Analogia: complexo de meios dos quais se vale o intérprete para suprir a lacuna
do direito positivo e integrá -lo com elesmentos buscados nos pró prio direito seu
fundamento é sempre a inexistência de uma disposiçã o precisa de lei que
alcance o caso concreto;
Interpretaçã o da Lei Penal
Integração da Lei Penal (ANALOGIA)

Nas precisas liçõ es de BENTO DE FARIA:


" Nã o é suscetível de interpretaçã o uma norma que ainda nã o existe,
mas que se procura. Daí a inadmissibilidade, em regra, da analogia
em matéria penal, como decorrente do princípio fundamental nullum
crimen nulla poena sine lege“

Porém,
Interpretaçã o da Lei Penal
Integração da Lei Penal (ANALOGIA)

SE estiver presente dois requisitos:


a) Certeza de que sua aplicaçã o será favorável ao réu (in bonam partem);
b) Existência de uma efetiva lacuna legal a ser preenchida
Interpretaçã o da Lei Penal
1. Cheng foi contratado para trabalhar na Secretaria de Segurança do Estado JK, sendo incumbido de pesquisar textos
de lei que explicitassem os conteú dos normativos para permitir a aplicaçã o clara da norma. Nos termos da teoria
penal, a interpretaçã o que procede do pró prio ó rgã o que criou a norma é denominada:
Alternativas
A real
B ló gica
C autêntica
Dgramatical

2. Xanadu é estudioso das culturas orientais e busca fundamentos para justificar a estrutura repressiva do Estado
resolvendo os conflitos que surgem no dia a dia das pessoas. Ele verifica que conflitam duas perspectivas de
pensamento quanto à funçã o do Direito Penal na sociedade. Quando ocorre a tutela dos bens mais importantes e
somente atua a esfera penal, e quando estã o inó cuos os demais ramos do Direito, ocorre a incidência do princípio da:
Alternativas
A intervençã o mínima
B aboliçã o penal
C pena gravosa
D lei correta
3. São formas de interpretação da lei penal quanto ao sujeito

Alternativas
A a histórica e a sistemática
B a legislativa e a jurisprudencial.
C a sistemática e a declaratória.
D a restritiva e a extensiva.
E a declaratória e a analógica

4. Assinale a opçã o em que é apresentado o princípio do direito penal que obsta a padronizaçã o da sançã o penal e
preconiza a variaçã o da pena de acordo com a personalidade e os meios de execuçã o do agente,

Alternativas
A princípio da adequaçã o social e significâ ncia
B princípio da individualizaçã o da pena
C princípio da culpabilidade
D princípio da proteçã o do bem jurídico
E princípio da intervençã o mínima
5. Assinale a alternativa que apresenta o princípio segundo o qual o direito penal, por sua natureza
fragmentária, só vai aonde seja necessário para a proteção do bem jurídico.
Alternativas
A princípio da insignificância
B princípio da individualização da pena
C princípio da proporcionalidade
D princípio da responsabilidade pessoal
E princípio da limitação das penas

6. Quanto ao princípio da intervenção mínima no direito penal, assinale a alternativa correta.


Alternativas
A O direito penal deve se preocupar com a proteção de todos os bens importantes e necessários à vida em
sociedade.
B É vedado ao direito penal ocupar-se de temas que já foram regulados por outros ramos do direito.
C O princípio da intervenção mínima não tem aplicação no direito brasileiro.
D O princípio da intervenção mínima estabelece que somente haverá crime se a vítima manifestar a
intenção de que o autor do ilícito seja apenado.
EO direito penal deve interferir o menos possível na vida em sociedade, devendo ser solicitado somente
quando os demais ramos do direito, comprovadamente, não forem capazes de proteger os bens
considerados como da maior importância.
7. Com relaçã o à aplicaçã o da lei penal, assinale a alternativa correta.
Alternativas
ANã o há crime sem lei anterior que o defina, mas a pena independe de prévia cominaçã o legal.
BNã o há crime sem lei anterior que o defina e nã o há pena sem prévia cominaçã o legal.
CNã o há crime sem lei anterior que o defina, mas a pena pode ser criada pelo juiz competente, de acordo com as
particularidades do caso.
DOs crimes podem ser estabelecidos pelo juiz de acordo com os princípios estabelecidos na Constituiçã o Federal de
1988, mas a pena depende de prévia cominaçã o legal.
EOs crimes podem ser estabelecidos pelo juiz de acordo com os princípios estabelecidos nos tratados de direitos
humanos e a pena independe de prévia cominaçã o legal.

8. Jonas, primá rio e portador de bons antecedentes, subtraiu, sem violência ou grave ameaça, dez pacotes de biscoito
avaliados, no todo, em noventa reais, pertencentes ao supermercado XYZ.
Nesse cená rio, é correto afirmar que Jonas:
Alternativas
Anã o responderá por qualquer crime, em razã o do princípio da insignificâ ncia, que afasta a culpabilidade do agente;
Bnã o responderá por qualquer crime, em razã o do princípio da insignificâ ncia, que afasta a tipicidade da conduta;
Cnã o responderá por qualquer crime, em razã o do princípio da insignificâ ncia, que afasta a ilicitude da conduta;
Dresponderá pelo crime de furto simples privilegiado;
Eresponderá pelo crime de furto simples.
Pró xima AULA
Teoria Geral da Norma Penal
. Princípio da exclusiva proteçã o de bens jurídicos; (Rafaela)
. Princípio da intervençã o mínima; (Benedito)
. Princípio da exteriorizaçã o ou materializaçã o do fato; (Charles)
Princípio da legalidade; (Erika)
Princípio da legalidade, tipo aberto e a norma penal em branco; (Karmosa)
Princípio da ofensividade ou lesividade; (Israel)
Princípio da responsabilidade pessoal; (Almir)
Princípio da responsabilidade subjetiva; (Valdenir)
Princípio da culpabilidade; (Vitó ria)
Princípio da igualdade; (Robson)
Princípio da presunçã o de inocência (ou da nã o culpa); (Samuel)
Princípio da dignidade da pessoa humana; (Sunamita)
Princípio da individualizaçã o da pena; (Tiago Luiz)
Princípio da proporcionalidade; (Wemerson)
Princípio da pessoalidade; (Tiago Sousa)
Princípio da vedaçã o do bis in idem (Thalys)

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