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C Centro de Formação e Reabilitação Profissional de Alcoitão

Manual de Formação

Curso: Técnicos de contabilidade


UFCD: 0567 – Noções de fiscalidade
Nome do Formador: Margarida Mendes

25h
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NOÇÕ ES DE FISCALIDADE

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Índice

OBJETIVOS.................................................................................Erro! Indicador nã o definido.

I – Atividade Financeira do Estado....................................................................................... 4


1 – Caraterizaçã o da Atividade Financeira................................................................................... 4
2 – Receitas Pú blicas............................................................................................................................. 5
 Receitas coativas e receitas voluntá rias..................................................................
 Receitas patrimoniais e receitas creditícias............................................................
II – Direito Financeiro, Tributário e Fiscal........................................................................6
1 – Natureza do Direito Fiscal........................................................................................................... 9
2- As Fontes do Direito Fiscal............................................................................................................ 9
III – Impostos............................................................................................................................ 14
1 – Noçã o e fases do Imposto.......................................................................................................... 14
2 – Tributaçã o Direta e Tributaçã o Indireta............................................................................. 20
3 – Classificaçã o dos Impostos....................................................................................................... 20
4 – Finalidades Fiscais e extra fiscais dos impostos..............................................................23
5 - Benefícios Fiscais........................................................................................................................... 24
BIBLIOGRAFIA.......................................................................................................................... 26

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Introdução

Âmbito do manual
O presente manual foi concebido como instrumento de apoio à unidade de
formação de curta duração nº 0567 – Noções de fiscalidade, de acordo
com o Catálogo Nacional de Qualificações.

OBJETIVOS

Nesta UFCD pretende-se que os formados atinjam os seguintes objetivos:

1. Reconhecer a atividade financeira do Estado


2. Identificar, interpretar e compreender os principais conceitos de
fiscalidade;

I – Atividade Financeira do Estado


1 – Caraterização da Atividade Financeira
2 – Receitas Públicas
 Receitas coativas e receitas voluntárias
 Receitas patrimoniais e receitas creditícias
II – Direito Financeiro, Tributário e Fiscal
1- Natureza do Direito Fiscal
2- As Fontes do Direito Fiscal
III – Impostos
 – Noção e fases do Imposto
 – Tributação Direta e Tributação Indireta
3 – Classificação dos Impostos
4 – Finalidades Fiscais e extra fiscais dos impostos
5 - Benefícios Fiscais

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I – Atividade Financeira do Estado

1 – Caracterização da Atividade Financeira


Introdução

O Estado e os demais entes públicos necessitam de bens materiais e recursos


humanos para satisfazerem as necessidades coletivas que hoje resultam das
múltiplas e diversificadas funções que lhes são atribuídas. Para esses recursos é
necessária disponibilidade de dinheiro que há-de ser obtido, em larga medida, junto
dos agentes económicos privados.

As necessidades coletivas incluem: a justiça, a educação, a saúde, o acesso a


bens essenciais, as infra-estruturas, entre tantas outras.

As exigências de satisfação das necessidades económicas de carácter público e de


obtenção de meios indispensáveis à respectiva cobertura implicam para o Estado, e
para as outras entidades públicas, uma atividade económica com características
próprias, a atividade financeira.

Destinada a assegurar a satisfação das necessidades públicas, a atividade financeira


abrange a aquisição de meios económicos, o emprego desses meios e a
coordenação dos meios obtidos e das utilidades a realizar.

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A atividade financeira do Estado resulta da obtenção e gestão das receitas


necessárias para a satisfação das necessidades coletivas de forma a realizar as
despesas correctamente.

2 – Receitas Públicas
As Receitas Públicas são todos os recursos obtidos pelo Estado e outros entes
públicos, durante um dado período, para a satisfação das despesas públicas e a
consequente satisfação das necessidades coletivas.

Esses recursos não são mais do que a disponibilidade de dinheiro que é obtido, em
larga medida, junto dos agentes económicos privados.

As receitas públicas são constituídas pelas receitas patrimoniais ou voluntárias,


pelas receitas coactivas, coercivas ou obrigatórias e pelas receitas creditícias.

Receitas coativas e receitas voluntárias

ReceitasCoativas - receitas resultantes dos impostos e taxas que os

particulares têm de pagar. Fixadas através da Lei, tendo os particulares de se


submeter às condições impostas (IVA, taxa sobre consumo de tabaco ISP,…)

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Receitas Voluntárias - são as que o Estado recebe em virtude de obrigações

resultantes de negócios jurídicos, cujo montante é negocialmente estabelecido.


Correspondem ao valor da venda pelo Estado aos particulares de uma parcela do
seu património, sendo os preços fixados contratualmente.

Receitas patrimoniais e receitas creditícias

Receitas Patrimoniais - todas as receitas arrecadadas pelo Estado, a partir da

venda ou exploração de bens nacionais, são também receitas voluntárias.

Receitas Creditícias - empréstimos contraídos pelo Estado para que possa

realizar despesa pública. Estas receitas dão origem à dívida pública.

II – Direito Financeiro, Tributário e Fiscal

Ao conjunto de normas jurídicas que disciplinam a atividade financeira do Estado e


dos demais entes públicos chama-se:

Direito financeiro público – complexo de normas jurídicas que regulam a

obtenção e distribuição do dinheiro necessário ao funcionamento das instituições


públicas com vista à satisfação das necessidades coletivas.

O Direito Financeiro compreende três ramos que, embora sem autonomia


científica, cada um deles, são nitidamente separáveis:
 Direito das Receitas;
 Direito das Despesas e o
 Direito da Administração Financeira.

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 Direito das Receitas: receitas patrimoniais derivadas do património

mobiliário (carteira de títulos), do domínio rural e das explorações industriais


e comerciais de utilidade pública; direito do crédito público que regula o
recurso aos empréstimos (receitas creditícias) de entidades públicas e a
gestão da dívida pública; e o direito das receitas coativas em que se
destaca o direito fiscal ou seja o direito relativo às receitas coactivas
unilaterais ou impostos.

Que inclui,

- O Direito Tributário que se encarrega da captação das receitas


coativas.

- O Direito Fiscal, que se encarrega da cobrança das receitas através


dos impostos.

O sistema fiscal (art. 103º/1 CRP) visa a satisfação das necessidades financeiras do
Estado, e outras entidades públicas, de uma repartição justa dos rendimentos e da
riqueza.

A complexidade dos impostos impõe a implementação de um ramo jurídico


dedicado em exclusivo a esta temática: o Direito Fiscal.

O Direito Fiscal ou Tributário pode ser definido como um ramo do Direito

Público dotado de autonomia própria que regulamenta e disciplina todo o processo


tributário, desde o nascimento, desenvolvimento e extinção da obrigação tributária,
tendo como conceito base o imposto.

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O Direito Fiscal é o direito dos impostos , isto é, o ramo do direito que se

ocupa das normas jurídicas relativas ao imposto. Cabe-lhe o estudo das normas
reguladoras das relações jurídicas derivadas da existência dos impostos, desde as
normas da soberania fiscal, a formulação da lei fiscal, as fontes, a interpretação e a
aplicação da lei fiscal, até ao nascimento, o desenvolvimento e a extinção da
obrigação fiscal e os elementos da relação jurídico-fiscal: sujeitos do imposto,
objecto, facto jurídico e garantia.

 Direito das despesas: É o Direito que regula a utilização das receitas

pelas diversas entidades públicas encarregues de satisfazer necessidades


públicas, bem como a intervenção económico-social (ex. benefícios fiscais).

 Direito da administração ou gestão financeira : rege a organização e

funcionamento da administração financeira e cuja face visível é o direito


orçamental ou direito da contabilidade pública.

Orçamento de Estado

O Orçamento de Estado é o documento que prevê e autoriza as receitas e as

despesas a efetuar pelo Estado no ano seguinte.

O Orçamento de Estado é:

 Elaborado pelo Ministério das Finanças;


 Aprovado pelo Governo;
 Apresentado à Assembleia da República para discussão e aprovação final.

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Funções do Orçamento de Estado

 Adaptação das despesas às receitas


 Limitação das despesas
 Exposição do plano financeiro do Estado
... permite:
 Gestão eficiente e racional dos dinheiros públicos
 Definição de políticas financeiras, económicas e sociais

1– Natureza do Direito Fiscal

Diversos autores são unanimes em considerar o Direito Fiscal, quanto à sua


natureza, enquadra-se no Direito Público.
Na realidade a aplicação de qualquer critério para distinguir entre dois grandes
ramos de direito, Direito Público e Privado, leva-nos a concluir que o Direito Fiscal é
um sub-ramo do Direito Público pelos seguintes fundamentos:

1. CRITÉRIO DOS INTERESSES – visa titular os interesses da coletividade.

2. CRITÉRIO DOS SUJEITOS DA RELAÇÃO JURÍDICA – desenvolve-se num


plano superior ao do Direito privado (o que permite ao Estado, a execução de
dívidas sem recorrer ao poder judicial - privilégio ou benefício de execução
previa).
 Sujeito ativo – o Estado ou outro ente público que impõe o
imposto ao cidadão;

 Sujeito passivo – o cidadão sobre quem recai o imposto.

2- As Fontes do Direito Fiscal

As fontes podem ser imediatas e mediatas. Fonte imediata – A fonte é imediata


quando é obrigatória para toda gente. Fonte mediata – A fonte é mediata quando
não obriga, no entanto influencia.

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A Constituição da República Portuguesa

É indiscutivelmente a primeira das fontes ou modos de revelação das normas jurídico-


fiscais. É uma fonte imediata.

Por fonte de direito entende-se o modo de formação e revelação ao


cidadão, do direito fiscal.

Lei - é fonte imediata de Direito fiscal.

Costume - O costume é uma prática consuetudinária (usual, rotineira, habitual)


que gera a convicção da sua obrigatoriedade. Usos sociais não podem considerar-se
em direito fiscal (o costume) como fonte imediata de Direito fiscal, mas sim
mediata.
O costume há de afirmar-se como fonte de Direito, mas não parece que tal aconteça no campo
tributário, onde as normas não são criadas espontaneamente pelos destinatários.

Jurisprudência - A jurisprudência é o conjunto das decisões dos tribunais. As


decisões dos tribunais no nosso sistema jurídico não são fonte imediata de direito
fiscal.

Doutrina - A doutrina não é fonte imediata de Direito fiscal, é um importante instrumento


de diálogo entre a legislação e a jurisprudência.

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Acordos e Convenções - Quanto a hierarquia estes tratados ou convenções são


infraconstitucionais e supralegais, prevalece em relação ao direito interno (às normas
nacionais). É uma Fonte imediata. É obrigatória para toda gente.

No caso português, o costume, por exemplo, pode constituir fonte de Direito, na medida em que nã o
seja contrá rio ao princípio da Boa fé e desde que exista uma lei que preveja tal possibilidade.
Quanto à doutrina, resultante dos pareceres e opiniõ es dos jurisconsultos, nã o constitui hoje,
entrenó s, uma verdadeira fonte do Direito, nã o possuindo aquela força vinculante que teve o
período do Direito Romano. É , no entanto, um poderoso instrumento auxiliar para a construçã o
do Direito.

A Lei

De acordo com o princípio da legalidade fiscal, relativamente aos elementos


essenciais dos impostos tem de haver uma intervenção prévia da Assembleia
da República para que o governo e as regiões autónomas possam intervir
nesse campo.

Estas leis de autorização legislativa ao governo podem ser comuns ou constarem da


Lei do Orçamento do Estado (165º, nº 2 da CRP). O Governo só pode intervir
nesta área dos elementos essenciais dos impostos através de decreto-lei
autorizado.

As autorizações legislativas às regiões autónomas podem ser feitas através de leis


avulsas, através da Lei de Finanças das regiões autónomas ou, ainda, através dos
estatutos político administrativos (227º, nº1, al.i) da CRP).

A lei aqui entendida como fonte de direito fiscal é, assim, a lei da Assembleia
da República; decreto-lei autorizado do Governo e os decretos legislativos regionais
autorizados das Assembleias Regionais.

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Costume

O costume é uma prática habitual que gera a convicção da sua obrigatoriedade. Nos
temos do art. 3º nº1 do código civil este exclui o costume como fonte imediata de
direito.

A Jurisprudência

A jurisprudência pode ser definida como o conjunto das decisões dos Tribunais que só tenham e

A jurisprudência tem uma enorme importância não só na interpretação e


integração das leis fiscais, mas também na resolução das divergências
existentes entre os contribuintes e a Administração Fiscal.

A Doutrina

A doutrina não integra as fontes formais de direito, embora seja importante


pela influência que exercem na evolução dos sistemas de direito positivo.

Por doutrina entende-se o conjunto de estudos, trabalhos, opiniões, pareceres que sobre certos te

A doutrina não é fonte direta de Direito Fiscal, embora o parecer de um


especialista possa ter influência nas decisões dos Tribunais podendo, por isso,

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indiretamente vir a ser fonte de Direito devido ao facto de influenciar o legislador a


alterar ou clarificar a Lei existente no mesmo sentido desse parecer.

Nem a jurisprudência nem a doutrina constituem fontes


imediatas de Direito Fiscal, no entanto, a jurisprudência e a doutrina
desempenham um papel do maior relevo como fontes mediatas de Direito Fiscal,
pela influência que exercem na evolução dos sistemas de Direito Positivo.

Acordos e convenções

Estamos a falar dos tratados ou acordos em matéria fiscal que visam:


- Evitar a dupla tributação Exemplo: Quem tem rendimentos em Portugal, Brasil,
França e já foi tributada nos países estrangeiros.
- Lutar contra evasão e fraude fiscal (utilização de estratégias ilegais para fugirem
à tributação) Exemplo: Pessoas que abusivamente mudam a residência para evitar
a tributação.
Em consequência de:
1. A abertura económica dos países;
2. Internacionalização económica;
3. Globalização do mercado.

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III – Impostos

1 – Noção e fases do Imposto


Imposto pode ser

"O preço que temos que pagar por uma sociedade civilizada"

O preço que pagamos por dispormos de uma sociedade assente na ideia de


liberdade ou, o que é o mesmo, assente no prévio reconhecimento dos direitos,
liberdades e garantias fundamentais do indivíduo e suas organizações

Para que possamos viver numa sociedade estável e organizada é necessário


dinheiro e esse dinheiro é fornecido por cada um dos membros dessa
mesma sociedade.

O seu fundamento assenta na existência de um dever geral dos cidadãos em


participar na cobertura das receitas para a satisfação das necessidades públicas.

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Princípio da Legalidade Tributária (Artº 103º C.R.P.)

O Sistema fiscal visa a satisfação das necessidades financeiras do Estado e


outras entidades públicas e uma repartição justa dos rendimentos e da riqueza.

Os impostos são criados por lei, que determina a:


 incidência;
 taxa;
 benefícios fiscais e as
 garantias dos contribuintes.

Ninguém pode ser obrigado a pagar impostos que não hajam sido criados nos
termos da constituição, que tenham natureza retroativa ou cuja liquidação e
cobrança se não façam nos termos da lei.

A definição de Imposto assenta em:

a) Elemento objetivo: Prestação pecuniária, unilateral, definitiva e coativa;


b) Elemento subjetivo: prestação exigida a detentores de capacidade
contributiva a favor de entidades que exerçam tarefas ou funções públicas;
c) Elemento teleológico ou finalista: o imposto é exigido pelas entidades
que exercem funções públicas para a realização dessas funções e sem
carácter sancionatório. Não apenas para obter receitas, mas a satisfação de
fins públicos e a preocupação igualitária da justiça social.

Noção de Imposto

Podemos definir imposto como uma: prestação pecuniária, unilateral,


definitiva, coativa, estabelecida por lei, a favor de entidades que exerçam
tarefas ou funções públicas, para a satisfação de fins públicos, que não
constitui sanção de um acto ilícito.

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Análise de cada uma destas caraterísticas:

Prestação - O imposto tem natureza obrigacional inserindo-se numa relação


entre o Estado e o sujeito passivo, em que este se encontra obrigado à realização
efetiva de uma prestação a favor de um sujeito activo (Estado).

Pecuniária - Traduz-se numa obrigação de pagar uma quantia em dinheiro (ou


equivalente em dinheiro), característica esta que permite distinguir o imposto de
outras prestações coativas que o Estado, por vezes exige dos cidadãos, mas que
não se analisam numa entrega em dinheiro. É o caso, por exemplo, da prestação de
serviço militar, ou das requisições administrativas, que não vêm, pois, classificadas
como impostos.

Unilateral - A natureza unilateral do imposto reside na inexistência de uma


contrapartida individualizada por parte do credor do imposto (Estado) para com o
devedor (contribuinte).

 Através desta caraterística é possível distinguir Imposto de Taxa (outra


fonte de receitas públicas)

Taxa - Prestação pecuniária que dá origem a uma contrapartida específica resultante de

Afasta-se pois, o imposto da taxa (onde existe uma contrapartida


individualizada).

Definitiva - Não tem o prestador do imposto direito à sua restituição ou


reembolso do imposto devido. Esta característica não é prejudicada com o
reembolso do imposto que tiver sido pago em excesso, ou daquele que resultou de
um acto tributário que veio posteriormente a ser anulado. O imposto anulado, ou
pago em excesso é um imposto indevido.

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Coativa - O imposto é uma prestação coativa, porque a obrigação de pagar


imposto impõe-se ao particular e é independente da sua vontade, tem por fonte a
lei, no sentido de que não resulta de qualquer acordo ou contrato existente entre
ele e o Estado.

Estabelecida por lei - A obrigação tributária decorre da verificação de um


facto (conjugação de pressupostos tributários) a que a lei e só ela, liga como
consequência a sujeição a imposto.

A favor de entidades que exercem funções públicas - Esta


característica é uma consequência direta do facto de o imposto ser o objeto da
atividade financeira: exigências de satisfação das necessidades económicas de
caráter público.

Para satisfação de fins públicos - O imposto destina-se a realizar fins


públicos. Não é inteiramente correcto dizer-se que os impostos se destinam a cobrir
as despesas públicas ou se destinam a obter receitas, mas destinam-se também à
satisfação de fins públicos e à preocupação igualitária da justiça social

Não constitui sanção de ato ilícito - O imposto não representa uma


reação da ordem jurídica à prática de um acto ilícito.

 Daqui deriva a distinção entre imposto e Multas e Coimas

Multas e Coimas - Prestação pecuniária cobrada de forma definitiva, por uma pessoa cole

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As fases do Imposto

Os momentos que cronologicamente se sucedem, desde a ocorrência do facto


gerador do imposto até à sua cobrança, são frequentemente designados por fases
do imposto. Estas são reguladas através de um conjunto de normas jurídicas que se
podem classificar de acordo com a fase do imposto a que respeitam.

Em termos mais simples podemos dizer que os momentos da vida dos


impostos são:

A. Incidência:

O primeiro momento a considerar é o do preenchimento dos pressupostos


necessários à geração do facto tributário.
Tais pressupostos encontram-se tipificados nas normas de incidências e dividem-se
em pressupostos de natureza real e pressuposto de natureza pessoal.

 Os pressupostos de natureza real definem as normas de incidência real ou


objectiva, que são quem define os factos ou situações a que se liga a
obrigação de pagar o imposto, designados factos geradores ou pressupostos
de facto do imposto (salários, juros, lucros, rendas...)( O quê).

 Os pressupostos de natureza pessoal definidos pelas normas de incidência


pessoal ou subjectiva identificam os obrigados tributários ou sujeitos
passivos do imposto (Quem).

B. Lançamento:

É o conjunto de operações de natureza administrativa que visam a identificação do


sujeito passivo e a determinação da matéria colectável.
As normas que regulam tais operações são designadas de normas de lançamento.

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Determinar quem está sujeito ao imposto de acordo com os pressupostos de


incidência e quais os valores que irão servir de base à determinação do imposto a
pagar.

C. Liquidação:

Em sentido restrito, a liquidação é uma mera operação aritmética de aplicação da


taxa à matéria coletável, a fim de se apurar a colecta do imposto.

Matéria coletável (valores sujeitos imposto) X Taxa (%) = Coleta (valor a pagar)

Contudo, é comum a utilização do sentido lato da palavra liquidação, incluindo nele


as operações de lançamento e liquidação em sentido restrito.

D. Cobrança:

Após a fase de liquidação procede-se à cobrança do imposto.


O pagamento do imposto pode ser voluntário ou coercivo, nos casos de
incumprimento total ou parcial por parte do devedor. Neste último caso abra-se um
processo de execução fiscal.

O pagamento voluntário é em princípio efectuado dentro do prazo estabelecido nas


leis tributárias e processa-se de acordo com os regimes previstos para cada
imposto. É ainda pagamento voluntário o efectuado fora do prazo previsto nas leis
fiscais, havendo então lugar ao pagamento ao Estado, por parte do devedor, de
juros de mora.

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2 – Tributação Direta e Tributação Indireta

Tributação Direta

Na tributação direta os impostos incidem sobre os rendimentos ou sobre o


património dos contribuintes com base numa matéria coletável perfeitamente
determinada. Exemplos: IRS e IRC.

Tributação Indireta

Na tributação indireta os impostos incidem sobre o consumo ou despesa e a


matéria coletável é indiretamente determinada. Exemplos: IVA e imposto sobre o
tabaco.

3 – Classificação dos Impostos

Impostos estaduais e impostos não estaduais

Esta é uma classificação que atende à natureza da entidade credora do


imposto.

Serão não estaduais os impostos em que o credor do imposto não é o


Estado. Entre nós as Regiões Autónomas e as Autarquias são titulares de um
direito próprio a impostos.

Impostos diretos e impostos indiretos

Esta é uma das mais relevantes classificações e a que preside à classificação


orçamental dos impostos.

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São diretos os impostos que tributam manifestações diretas ou imediatas de


riqueza. Estas traduzem-se através do rendimento, capital ou património.
Exemplos: IRS, IRC, IMI, o imposto sobre veículos.

São indirectos os impostos que tributam manifestações indiretas ou mediatas de


riqueza, as quais se evidenciam através do acto de consumir.
Exemplos: o IVA e os impostos especiais sobre o consumo.

Impostos sobre o rendimento, sobre o património e sobre a despesa

Trata-se de uma classificação de cariz meramente económico, no entanto não


deixa de ser uma classificação muito importante.

Imposto sobre o rendimento

Segundo a teoria do acréscimo patrimonial, rendimento é a diferença entre o


património inicial e o final. Este conceito de rendimento possui um conteúdo
mais amplo, legitimando a tributação em imposto sobre o rendimento,
nomeadamente das mais-valias, dos ganhos do jogo, e dos proveitos de actos
isolados.
Exemplos: o IRS e o IRC.

Imposto sobre o património

Definem-se como impostos sobre o património, os que incidem sobre a riqueza


adquirida.
Exemplos: o IMI e o IMT.

Imposto sobre o consumo ou despesa

Caraterizam-se por tributar a riqueza despendida no momento da aquisição de bens


ou serviços.

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Exemplos: o IVA e o imposto especial sobre o consumo de algumas bebidas


alcoólicas.

Impostos reais e impostos pessoais

Designam-se por impostos reais, aqueles impostos em que a tributação se efetiva


alheando-se das condições pessoais, económicas e familiares dos contribuintes.
Exemplo: o IVA

Os impostos pessoais caracterizam-se por fazer relevar as características pessoais


dos contribuintes no momento da tributação.
Exemplo: o IRS

Impostos proporcionais, progressivos e regressivos

Nos Impostos proporcionais a taxa é fixa. Assim, o imposto aumenta


proporcionalmente à matéria coletável
Exemplo: o IRC.

Nos Impostos progressivos a taxa eleva-se à medida que aumenta a matéria


coletável. O imposto aumenta mais do que proporcionalmente, face ao aumento da
matéria colectável.
Exemplo: o IRS

Os Impostos regressivos caracterizam-se pela diminuição da taxa do imposto à


medida que aumenta a matéria coletável.
Exemplo: Não ocorre em Portugal

Impostos periódicos e de obrigação única

São periódicos os impostos cujo pagamento se processa periodicamente.


Exemplo: o IRS

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São de obrigação única os impostos em que apenas há lugar ao pagamento


quando o facto que o origina acontece.
Exemplo: o IMT

4 – Finalidades Fiscais e extra fiscais dos impostos

Finalidades fiscais do imposto

Obtenção de receitas Públicas para satisfação necessidades coletivas. O imposto é o


meio tradicional para arrecadar receitas para o Estado. O Estado cobra alguns
impostos apenas com o fim de cobrir as despesas públicas.

Finalidades extra fiscais do imposto

Atualmente, o “papel” do imposto vai muito além da finalidade fiscal, já que é


utilizado como um instrumento político, visando a prossecução de finalidades extra-
fiscais:
 Redistribuidor da riqueza;
 Equilibrador Macroeconómico
 Protecção de certas atividades nacionais da concorrência estrangeira, como
por exemplo os impostos alfandegários.

5 – Objetivos da Tributação
São objetivos da tributação:

 A satisfação das necessidades financeiras do Estado e de outras entidades


públicas e promover a justiça social, a igualdade de oportunidades e as
necessárias correcções das desigualdades na distribuição da riqueza e do
rendimento.

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 Favorecer o emprego, a formação da poupança e o investimento socialmente


relevante.

A tributação deve:

 Respeitar os princípios da generalidade, da igualdade, da legalidade e da


justiça material.
 Ter em consideração a competitividade e internacionalização da economia
portuguesa, no quadro de uma sã concorrência.
 Não discriminar qualquer profissão ou atividade nem prejudicar a prática de
actos legítimos de carácter pessoal, sem prejuízo dos agravamentos ou
benefícios excepcionais determinados por finalidades económicas, sociais,
ambientais ou outras.

6 – Benefícios Fiscais
(Estatuto dos Benefícios Fiscais)

Consideram-se benefícios fiscais as medidas de caráter excepcional criadas


para protecção de interesses públicos extra fiscais relevantes, que sejam mais
importantes do que a própria tributação que impedem.

São benefícios fiscais as isenções, as reduções de taxas, as deduções à matéria colectável e à c

Os benefícios fiscais são considerados despesas fiscais, as quais podem ser


previstas no Orçamento do Estado ou em documento anexo.

A atribuição de benefícios fiscais ou outras vantagens de natureza social concedidas


em função dos rendimentos do beneficiário ou do seu agregado familiar depende,
nos termos da lei, do conhecimento da situação tributária global do interessado.

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Os titulares de benefícios fiscais de qualquer natureza são sempre obrigados a


revelar ou a autorizar a revelação à administração tributária dos
pressupostos da sua concessão, ou a cumprir outras obrigações previstas na lei
ou no instrumento de reconhecimento do benefício, nomeadamente as relativas aos
impostos sobre o rendimento, a despesa ou o património, ou às normas do
sistema de segurança social, sob pena de os referidos benefícios ficarem sem
efeito.

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BIBLIOGRAFIA

PEREIRA, Manuel Henrique de Fr, Fiscalidade, 3ª Edição, Almedina

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