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Fiscalidade

Formadora:Lélia Ferreira
Centro de Formação Profissional de Beja

Curso: Técnico de Contabilidade - EFA NS

CT 3: Noções de Fiscalidade (25h)

Formadora: Lélia Ferreira


Noção de Fiscalidade
É um conjunto de procedimentos a cargo de
determinadas entidades e serviços, cujas
competências estão definidas por lei, estas
visam fiscalizar por lei o cumprimento das
obrigações, nomeadamente as obrigações
impostas pela legislação. (competência da
Assembleia da Republica).
1.2- O Direito Fiscal
Direito Público

Não há uma definição absolutamente consensual


sobre esta vasta área do direito interno.

Contudo, a que parece reunir maior consenso é a


que se fundamenta nos critérios do Interesse
subjacente e do Sujeito das relações jurídicas em
causa.

Com base nesses critérios, Direito Público pode


definir-se como se segue:
Definição

DIREITO PÚBLICO é todo o conjunto de


normas que protegem directamente interesse
público (interesse) e em que um dos sujeitos
da relação é o Estado ou outra pessoa
colectiva dotada de autoridade pública
(sujeito).
O Direito Fiscal como Direito Público
Vimos que o Direito Fiscal é um ramo específico do
Direito Financeiro e este um dos ramos do Direito
Público. Então, podemos dizer que, quanto à sua
natureza, o Direito Fiscal é um ramo de Direito
Público.

Este enquadramento não levanta qualquer dúvida se


pensarmos que o Direito Fiscal visa interesses
colectivos através da captação de impostos para
posterior satisfação das necessidades públicas.
Ramos do Direito Público .
 Podemos subdividir o Direito Público em vários ramos:
Direito Constitucional, Administrativo, criminal,
processual Financeiro e, dentro deste, o Direito Fiscal.

 Aqui interessa-nos definir o Direito Financeiro:

 Definição

 DIREITO FINANCEIRO é todo o conjunto de normas jurídicas que


disciplinam a actividade financeira do Estado.

Actividade financeira é aquela que o Estado


desenvolve ao efectuar as despesas públicas e a obter
as receitas públicas necessárias à cobertura dessas
despesas.
Direito Fiscal como Direito Público

Critério dos Interesses

O imposto destina-se à satisfação das necessidades colectivas.

Critério dos Sujeitos da Relação Juridica

No direito fiscal o Estado encontra-se revestido de


“jus imperii”, encontrando-se numa posição superior
aos dos particulares.
Ramos do Direito Financeiro
O Direito Financeiro compreende três ramos distintos:
0 Direito das Receitas,
0 Direito das Despesas e
O Direito da Administração Financeira.

Esquematicamente, temos:

DIREITO FINANCEIRO
DIREITO DAS DESPESAS
Direito dos Impostos,
DIREITO DAS RECEITAS Direito Tributário ou
Direito Fiscal
DIREITO DA ADMINISTRAÇÃO
FINANCEIRA Direito Orçamentário
Então podemos definir:

DIREITO TRIBUTÁRIO como o conjunto de normas que regulam


a actividade do Estado no que respeita à captação das receitas
coactivas em geral

DIREITO FISCAL é o ramo do Direito Financeiro que integra


as normas que regulam as relações do imposto, ou seja, a
cobrança das receitas através dos impostos

TAXAS
DIREITO
TRIBUTÁRIO DIREITO
(RECEITAS COACTIVAS) IMPOSTOS FISCAL
Base legal do Direito Fiscal
Direito Fiscal
Direito Fiscal e o Direito Constitucional
Na Constituição da República Portuguesa
(CRP)
existem normas de natureza fiscal:
- Garantias fundamentais dos cidadãos em
matéria tributária;
- Orientam o legislador e limitam a sua
competência fiscal.
CRP (Código da República portuguesa)
 Artigo 106.º - Sistema Fiscal

 1. O sistema fiscal visa a satisfação das necessidades

financeiras do Estado e outras entidades públicas e uma


repartição justa dos rendimentos e da riqueza.

 2. Os impostos são criados por lei, que determina a

incidência, a taxa, os benefícios fiscais e as garantias dos


contribuintes.
3. Ninguém pode ser obrigado a pagar
impostos que não hajam sido criados nos
termos da Constituição, que tenham natureza
retroactiva ou cuja liquidação e cobrança se
não façam nas formas prescritas na lei.
Impostos
 Artigo 107.º - Impostos

 4. A tributação do património deve contribuir para a igualdade

entre os cidadãos.

 5. A tributação do consumo visa adaptar a estrutura do

consumo à evolução das necessidades do desenvolvimento


económico e da justiça social,devendo onerar os consumos
de luxo.
 6. O imposto sobre o rendimento pessoal visa a

diminuição das desigualdades e será único e


progressivo, tendo em conta as necessidades e os
rendimentos do agregado familiar.

 7- A tributação das empresas incide


fundamentalmente sobre o seu rendimento real.
 Artigo 201.º - Competência legislativa

1. Compete ao Governo, no exercício de funções

legislativas:
a) Fazer decretos-lei em matérias não reservadas à

Assembleia da República;
b) Fazer decretos-lei em matérias de reserva relativa da

Assembleia da República, mediante autorização desta;


Principios da Lei fiscal
Principios da Lei fiscal
Artigo 5º

Começo e vigência da lei


1. A lei só se torna obrigatória depois de
publicada no jornal oficial.

2. Entre a publicação e a vigência da lei


decorrerá o tempo que a própria lei fixar…
O texto deste artigo aplica-se a toda a Lei, logo

também à Lei Fiscal.

Aplica-se assim o princípio da não retroactividade

também á Lei Fiscal, que significa que não se deverá


aplicar a nova lei desde que a obrigação tenha sido
constituída antes do seu aparecimento, ou seja, desde
que tenha surgido antes dessa lei
Aplicação da Lei Fiscal no Tempo

A Obrigação Tributária nasce com a verificação

do pressuposto previsto na lei para a sujeição ao


imposto.
Aplicação da Lei no Espaço
 Trata-se de definir qual o território em que a lei produz
efeitos

 Para isso aplica-se o princípio da territorialidade à Lei

Fiscal

 Este princípio refere que a Lei Fiscal do Estado aplica-se

apenas aos factos e situações que ocorram nesse


Estado, bem como aos rendimentos que aí forem
adquiridos
Assim, para alguns impostos, a Lei Fiscal

tem em conta factores específicos como a


sede (morada efectiva) do sujeito passivo
(contribuinte) e o local onde os rendimentos
foram obtidos ou onde ocorrem os factos que
dão origem ao imposto.
Aplicação da Lei Fiscal no Espaço
Principio da Territorialidade

 A lei fiscal de um Estado apenas abrange os factos e situações que ocorram

no território desse Estado e os rendimentos que nele tenham sido obtidos.


CIRC – Art. 4º - Extensão da Obrigação do Imposto:

 1 - Relativamente às pessoas colectivas e outras entidades com sede ou


direcção efectiva em território português, o IRC incide sobre a totalidade dos
seus rendimentos, incluindo os obtidos fora desse território.

 2 - As pessoas colectivas e outras entidades que não tenham sede nem

direcção efectiva em território português ficam sujeitas a IRC apenas quanto


aos rendimentos nele obtidos.
Principio da Legalidade
 Artigo 168.º - Reserva relativa de competência
legislativa
1. É da exclusiva competência da Assembleia da
República legislar sobre as seguintes matérias:

a) Estado e capacidade das pessoas;


b) Direitos, liberdades e garantias;
i) Criação de impostos e sistema fiscal e regime geral
das taxas e demais contribuições financeiras a favor das
entidades públicas;
O IMPOSTO
Definição de Imposto

Vejamos a definição que contempla todas as


características fundamentais dos impostos:

O Imposto é uma prestação tributária coactiva,


pecuniária, unilateral, criada por lei a favor do Estado
ou entidade pública (sujeito activo), sem carácter de
sanção, para dar cobertura às despesas públicas com
objectivos de ordem económica e social.
Natureza do Imposto

Encontramos nesta definição os vários elementos que

caracterizam a natureza do imposto.

Prestação Tributária Coactiva


Prestação Pecuniária
Natureza
Prestação Unilateral
do
Prestação Estabelecida por Lei
Imposto
Prestação Sem Carácter de Sanção
Finalidades Fiscais e Extra Fiscais
O Imposto…:
…É uma prestação tributária coactiva,
porque o Estado obriga o seu pagamento a todos os
cidadãos que se encontram nas situações previstas
na lei.

…É uma prestação pecuniária,


porque é entregue em dinheiro (só pode ser em bens
muito excepcionalmente - imposto sucessório).
…É uma prestação unilateral,

porque o sujeito activo Estado recebe o valor e não


retribui directa ou imediatamente com algo em
troca.
…É uma prestação estabelecida por lei,
porque é a lei, e só a lei, que atribui ao Estado o
poder de tributar o imposto que é, portanto, uma
obrigação legal.

É uma prestação sem carácter de sanção,


porque não é tributado como resultado de qualquer
infracção ou ilegalidade cometida.

…Tem finalidades fiscais e extra fiscais,


porque o Estado cobra para fazer face aos encargos
públicos (finalidades fiscais) mas também com o
intuito de promover o bem-estar social e a ordem
económica.
IMPOSTOS vs TAXAS
Os IMPOSTOS são as chamadas receitas fiscais, e são devidos ao Estado
sem qualquer contrapartida, ou seja, sem que o Estado tenha de entregar ou
fazer algo de concreto em troca.
 É claro que é sobretudo com estas receitas fiscais que o Estado pode fazer

face às despesas públicas em geral.

 São exemplos de Impostos:

O IVA – Imposto Sobre o Valor Acrescentado,

O IRC – Imposto Sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas,

O IRS – Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares,

entre muitos outros (IS, IMI, IA, IEC, ISP etc.)


 As TAXAS são receitas coactivas do Estado mas devidas
em contrapartida de um serviço prestado, directa ou
indirectamente.

 São exemplos de Taxas:


As Propinas – pagas pelos estudantes que
frequentam estabelecimentos de ensino público

As Taxas Moderadoras – pagas pela maioria dos


utentes dos serviços públicos de saúde

Entre muitas outras (Taxa municipal de direitos de


passagem, taxa de tratamento de resíduos sólidos, taxa
de saneamento etc.)

 As MULTAS e as COIMAS são também receitas coactivas


do Estado impostas como penalização a infracções
cometidas pelos cidadãos ou sociedades.
Distinção Impostos / Outras receitas
 Já vimos que existem outras receitas coactivas além das

receitas fiscais (dos impostos ), tais como:


As taxas
As multas
As Coimas

 O que distingue o Imposto destas receitas é a sua natureza,

concretamente:
A unilateralidade (face às taxas, que são bilaterais)

O carácter não sancionatório (face às multas e às coimas,

que são sanções)


Assim temos:
As taxas são prestações coactivas que resultam de
contratos bilaterais.

 ou seja, dão lugar a que o Estado receba, total ou


parcialmente, uma prestação ou retribuição em
troca de um serviço prestado.

A taxa tem uma utilidade individualizada, ao


contrário do imposto que se destina a aplicar em
função de todos. Só é aplicada ou cobrada a quem
pretenda utilizar o respectivo serviço.
 As multas e as coimas são prestações coactivas que
resultam de um facto ilícito e têm um fim punitivo.

As multas têm natureza não fiscal e destinam-se a


penalizar as infracções cometidas pelos cidadãos e
empresas

Por exemplo uma multa de trânsito paga à GNR ou uma


multa por lançamento de resíduos poluentes num rio paga
à Inspecção Geral do Ambiente.

As Coimas já têm natureza fiscal uma vez que se destinam


a penalizar pela falta de cumprimento duma prestação
tributária
 Por exemplo uma coima pela falta do pagamento do IRS ou IRC
Sujeitos do Imposto
 Sujeito Activo do Imposto:

 É aquele que recebe o valor do Imposto.

 Portanto é sempre o Estado que é a quem a lei atribui o direito de cobrar

impostos.
 Sujeito Passivo do Imposto

São os que pagam o valor do imposto.

É sempre o contribuinte que é a quem a lei exige o

pagamento dos impostos.


Os contribuintes podem ser pessoas singulares ou colectivas,

ou seja, são sujeitos passivos os cidadãos individuais e as


empresas
Despesas e Receitas Públicas
 O ESTADO é um ente público que, como outros, desenvolve
um conjunto de actividades que obrigam a efectuar gastos.

 Ao conjunto desses gastos com actividades públicas, ou


seja, destinadas ao uso por todos os cidadãos dá-se o nome
de DESPESA PÚBLICA
 Então uma Definição de Despesa Pública, pode ser:

As DESPESAS PÚBLICAS são os gastos efectuados pelo


Estado e outros entes públicos na satisfação das necessidades
colectivas nas suas mais diversas áreas.
Exemplos da Despesa Pública efectuada pelo Estado, nos mais
diversos sectores, tais como:

Educação – construção e manutenção de escolas, pagamentos de


remunerações a professores, auxiliares de acção educativa e
administrativos, atribuição de subsídios etc.

Saúde - construção e manutenção de hospitais e centros de


saúde, pagamentos de remunerações a médicos, enfermeiros e outros
técnicos e auxiliares de saúde, subsídios à compra de medicamentos
etc.

Segurança - construção e manutenção de esquadras e quartéis,


pagamentos de remunerações a polícias e militares, aquisição de
equipamentos e veículos etc.

Obras Públicas, Transportes e Comunicações, Justiça,


Institutos Públicos de diversa natureza, Autarquias, Governos etc.
são apenas mais alguns exemplos de sectores onde o Estado incorre
em gastos, ou seja, onde há DESPESA PÚBLICA
 Mas, para fazer face à Despesa Pública o Estado tem
também de obter rendimentos.

 Ao conjunto dos Rendimentos obtidos pelo Estado dá-se o


nome de RECEITA PÚBLICA.

 Então uma Definição de Receita Pública, pode ser:

As RECEITAS PÚBLICAS são os rendimentos económicos


obtidos pelo Estado e outras entidades públicas para fazer fac
às despesas públicas e, assim, satisfazer as necessidades
colectivas
RECEITA PÚBLICA:

Juridicamente, ou seja, de acordo com a lei, estas


Receitas Públicas podem classificar-se em:

Receitas Receitas
Voluntárias Coactivas
RECEITAS VOLUNTÁRIAS
 As RECEITAS VOLUNTÁRIAS são aquelas receitas que o Estado obtém através de

negociação. São também chamadas Receitas Patrimoniais, porque resultam da venda


de património ou da prestação de serviços pelo Estado a qualquer outro contratante
particular ou colectivo.
 Por isso, nestes casos o valor monetário dessas receitas não é fixado de forma

autoritária pelo Estado, mas sim acordado entre as partes envolvidas no contrato.
 Uma vez que o Estado actua como se se tratasse de um particular que obtém um

rendimento, estas receitas consideram-se receitas de Direito Privado (e não público)


 Tambem são chamadas de :

 Receitas públicas imediatas porque são obtidas através da administração por parte

do Estado,dos seus bens próprios.


RECEITAS COACTIVAS
 As RECEITAS COACTIVAS são aquelas que o Estado obtém por
imposição, ou seja, por coação. São fixadas de forma obrigatória sem
possibilidade de negociação.

 Na lei está definido um valor monetário e as condições em que deve


ser obrigatoriamente pago.

 Podem ser cobradas às pessoas singulares (cidadãos) e às


pessoas colectivas (sociedades/empresas).

 As Receitas Coactivas tomam a designação de Receitas públicas


mediatas, porque decorrentes da exigência as contribuintes de uma
parte da riqueza gerada por estes.
IMPOSTOS
TAXAS
ou ainda MULTAS e COIMAS
Despesas Públicas
Despesas públicas: Meio para atingir um dos fins
do Estado - necessidades públicas – O Estado
tem de adquirir bens ou serviços para ir ao
encontro das necessidades públicas.
Dividem-se em:
Despesas ordinárias são as necessidades
continuas da administração
Desesas extraordnárias são as necessidades
acidentais
Fases do Imposto
Sabemos da noção de Direito Fiscal que este ramo
regula os impostos em cada um dos seus momentos; isto
aponta para a distinção de vários momentos ou fases
Consideram-se quatro fases na relação jurídica do
imposto, a saber:

1 - Incidência
2 - Lançamento

3 - Liquidação
4 - Cobrança
1 - Incidência
A incidência do imposto é afinal o saber sobre QUEM ou O
QUÊ se aplicam as normas desse imposto.

Se se define uma pessoa como sujeito de um imposto,


diz-se que se trata duma incidência pessoal ou
subjectiva

Quando, ao invés, se define algo que é passível desse


imposto, então fala-se em incidência real ou objectiva
REAL O QUE está sujeito ao
INCIDÊNCIA (0bjectiva) imposto
PESSOAL QUEM está sujeito ao
(Subjectiva) imposto

Definição:

 A INCIDÊNCIAé a definição legal dos actos ou situações


sujeitos a imposto e das pessoas sobre as quais recai o
dever de os prestar

Exemplo: a incidência real do Imposto Municipal Sobre


Imóveis (IMI) são os próprios imóveis e a incidência pessoal
são os proprietários desses imóveis.
2 - Lançamento
 Ao lançamento corresponde apenas um processo administrativo

que é levado a cabo pelos serviços fiscais. O lançamento é


originado por um facto tributário, ou seja, um facto gerador da
obrigação de pagar o imposto.
 Exemplo: Rendimento auferido/ transacção comercial
Definição:
 O LANÇAMENTO do imposto é um conjunto de procedimentos

que levam à identificação do sujeito passivo e ao apuramento


do valor sobre o qual irá incidir esse imposto.
 A esse valor dá-se o nome de Matéria Colectável.
3 - Liquidação

 Nesta fase processa-se à aplicação da taxa legal ao valor

(matéria colectável) sobre o qual ela incide.


 Este processamento é feito pelos serviços da Direcção-Geral

de Contribuições e Impostos (DGCI), que também comunica


ao sujeito passivo a Colecta apurada, ou seja, o montante a
pagar.
 É a partir da liquidação que se estabelece a relação jurídico-

tributária obrigatória.
Definição:

A LIQUIDAÇÃO do imposto traduz-se na aplicação da


taxa legal à matéria colectável para determinar o valor de
imposto a pagar (a colecta).
Exemplo de como se procede à liquidação do IVA de
uma operação:
Base de incidência 10.000,00€
(matéria colectável)
Taxa de Imposto aplicável 23 %
(IVA à taxa normal)
Valor do IVA 10.000,00 X 0,23 =
(colecta) = 2.300,00 €
Sem IVA
Já agora:

Para achar o montante liquido , ou seja sem


IVA

12.300,00 € / 1.23 = 10.000,00 €


Podemos então, a partir do exemplo, clarificar
os significados de matéria colectável e de
colecta.
Definição:

A MATÉRIA COLECTÁVEL é o valor sobre o qual irá


incidir a taxa do imposto.
A COLECTA é o valor que resulta da aplicação da taxa de
imposto à matéria colectável.
4 - Cobrança

 A cobrança é a última das 4 fases da vidado imposto e,


quando ela se concretiza, extingue-se o seu efeito pois
cumpriu-se a prestação tributária.

 A cobrança é efectuada através das Tesourarias da Fazenda


Pública, ou seja, nas Repartições de Finanças.

 A cobrança de dívidas fiscais faz-se em duas modalidades:

Pagamento Voluntário
Cobrança Coerciva
Definição:

 A COBRANÇA é o pagamento do imposto por parte do


contribuinte sujeito passivo e a entrada do valor do imposto
nos cofres do Estado

 O pagamento é voluntário sempre que o contribuinte o


cumpre dentro do prazo estabelecido na lei.

 Se o pagamento não for efectuado até ao final desse prazo,


legalmente estabelecido, a cobrança passa a ser coerciva.
Assim, após expirado o prazo legal para o
pagamento do imposto, a DGCI instaura um
processo de execução fiscal.

A partir do dia seguinte ao final do prazo para o


pagamento voluntário, começam a vencer-se juros
moratórios (de mora).

Definição:
Os Juros Moratórios são os juros devidos pelo atraso
de pagamento das obrigações fiscais, cujas taxas (de
juro) estão fixadas na lei.
Classificação dos Impostos
Os impostos podem ser classificados de acordo com
vários critérios.

O critério mais generalista é aquele que os divide em


impostos directos e indirectos

São Directos os impostos que incidem sobre


o rendimento e o património.

São Indirectos aqueles impostos que


recaem sobre a utilização desse rendimento ,
ou seja o consumo ou despesa
Por definição, impostos directos são aqueles cuja
base de incidência é o rendimento, isto é, tributam
directamente o rendimento nacional. Ao invés, os
impostos indirectos reduzem o rendimento
disponível onerando os preços dos bens e
serviços.
Um exemplo do primeiro caso é o já familiar IRS que
todos nós temos de declarar através dos também
familiares Mod. 3, nos quais declaramos os
rendimentos auferidos no ano anterior e onde
aproveitamos para deduzir despesas dentro dos limites
legais.
No caso dos impostos indirectos temos, por exemplo, o
nosso, não menos familiar IVA, que onera em 23% os
preços de muitos bens e que pagamos quase sem nos
apercebermos
Mas o que é o rendimento?
O rendimento é por definição a remuneração dos factores
de produção.
E o que são os factores de produção?
Os principais factores de produção são: o Trabalho; o
Capital; o Risco empresarial e a
Propriedade/Terra.,Propriedade/Património.
 
Então, que rendimento é, o que remunera este factor de
produção?
As Rendas!... Mais conhecidas por Rendimentos Prediais
– Catg F.
Assim, se eu for detentor de determinada propriedade e a
puser à disposição para ser fruída por outrem, esse outrem
pagar-me-á um Rendimento – Renda que irá ser
directamente tributada em sede de IRS.
 
Esquematicamente:
Incidência Exemplos

Incidem
Impostos sobre o IRS
Directos rendimento e IRC
Classificação
sobre IMI
património
Dos
Impostos
Impostos Incidem IVA
Indirectos sobre o IA
consumo IEC
Na categoria de impostos sobre o rendimento e,
portanto, impostos directos, incluímos os que
recaem sobre os salários, ordenados ou honorários
como formas de rendimento das pessoas singulares,
que são sujeitos a IRS.

Os rendimentos das pessoas colectivas podem


assumir a forma de lucros ou dividendos sobre os
quais se aplica o IRC.

Dos impostos, igualmente directos, que incidem


sobre o património destaca-se, entre outros, o IMI
(imposto municipal sobre imóveis) que é o que se
aplica aos contribuintes, singulares ou colectivos,
que têm imóveis.
Na categoria dos impostos indirectos, temos
actualmente o imposto especial de consumo – IEC – o
imposto do selo – IS – e o mais importante e comum, o
imposto sobre o valor acrescentado – IVA.

Os impostos especiais de consumo incluem ainda o


imposto automóvel - IA - o imposto que recai sobre
produtos petrolíferos e energéticos – ISP – o imposto
sobre o tabaco – IT – e o imposto que se aplica ao
álcool e às bebidas alcoólicas – IABA.
Impostos Directos
 Os impostos directos, visam atingir faculdades contributivas
permanentes, estáveis.

 São impostos directos, aqueles cujo lançamento se baseia na


elaboração prévia de um rol nominativo de contribuintes;

 Aqueles que incidem sobre uma manifestação imediata da


capacidade contributiva, isto é, os que incidem directamente sobre
o rendimento ou o património dos contribuintes. São exemplos
de impostos directos : (IRS / IRC, e Imposto de selo(antigo Imposto
sobre Sucessões e Doações).
 O pagamento dos impostos directos é feito com referência a um
período de tempo delimitado, normalmente um ano.
Impostos Indirectos
Impostos indirectos, visam atingir faculdades
contributivas intermitentes, instáveis,
passageiras.
os impostos indirectos (também designados
vulgarmente por impostos sobre a despesa ou
o consumo, embora sejam um pouco mais
abrangentes) incidem não sobre o rendimento
propriamente dito, mas sobre a utilização que
dele é feita, ou seja, sobre as despesas de
consumo efectuadas pelos agentes económicos.
Os principais Impostos
Portugueses
 Impostos sobre o rendimento
 IRS - Imposto sobre o Rendimento de pessoas Singulares
 IRC - Imposto sobre o Rendimento de pessoas Colectivas
 Impostos sobre a despesa
 IVA - Imposto de Valor Acrescentado
 IS - Imposto do Selo (também sobre o património)
 Impostos sobre o património
 IMI - Imposto Municipal sobre Imóveis
 IMT - Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis
 IS - Imposto do Selo (também sobre a despesa)
 Impostos especiais sobre o consumo
 São três os impostos abarcados pelo IEC - Imposto Especial sobre o Consumo:
 IABA - Imposto sobre o Álcool e as Bebidas Alcoólicas;
 ISP - Imposto Sobre os Produtos Petrolíferos e energéticos;
 IT - Imposto sobre o Tabaco.
 Tributação automóvel
 ISV - Imposto Sobre Veículos
 IUC - Imposto Único de Circulação
Os beneficios fiscais
Benefícios fiscais
 Decreto-Lei n.º 215/89 alterado pelo Decreto-Lei nº

108/2008, de 26/06 que introduziu alterações ao EBF


(Estatuto dos beneficios fiscais).

CONCEITO DE BENEFÍCIO FISCAL


 Consideram-se benefícios fiscais, as medidas de carácter

excepcional instituídas para tutela de interesses públicos


extra-fiscais relevantes que sejam superiores aos da
própria tributação que impedem (n.º 1 do art. 2.º do EBF).
 São benefícios fiscais as isenções, as reduções de

taxas, as deduções à matéria colectável e à colecta,


as amortizações e reintegrações aceleradas e outras
medidas fiscais instituídas para tutela de interesses
públicos extra-fiscais relevantes (n.º 2 do art. 2.º do
EBF).
 O Benefício Fiscal é um regime especial de tributação

que envolve uma vantagem ou simplesmente um


desagravamento fiscal perante o regime normal,
assumindo-se como uma forma de isenção, redução de
taxas, deduções à matéria colectável, amortizações e/ou
outras medidas fiscais desta natureza.

 Os benefícios fiscais tanto podem ser deduzidos dos

rendimentos declarados, como subtraírem-se


directamente do montante da colecta.
Exemplos
 Exemplos de benefícios fiscais mais relevantes
abatidos do montante da colecta :
 Educação que engloba despesas de educação do
agregado familiar;
 Habitação, que implica os juros e as amortizações ou as
rendas de habitação permanentes;
 Saúde, que englobas as despesas incluindo juros de
dividas.
 Exemplos de benefícios fiscais abatidos ao
rendimento: Aplicações a prazo (inclusive os PPR),
Acções, Pensões, Quotas Sindicais e Donativos a
instituições.
Atribuição dos benefícios
fiscais
Beneficios Fiscais automáticos

Os benefícios fiscais são automáticos quando

resultam directamente e imediatamente da lei


(n.º 1 do art. 4.º do EBF).
Benefícios fiscais dependentes de
reconhecimento
 Os benefícios fiscais dependentes de reconhecimento

pressupõem um ou mais actos posteriores de


reconhecimento. Este pode ser concedido por acto
administrativo ou por acordo entre a Administração e os
interessados, tendo em ambos os casos, efeito
meramente declarativo, salvo quando a lei dispuser o
contrário (n.º 1 e 2 do art. 4.º do EBF)
Fiscalização
Todas as pessoas, singulares ou colectivas, de

direito público ou de direito privado, a quem sejam


concedidos benefícios fiscais, automáticos ou dependentes
de reconhecimento, ficam sujeitas a fiscalização da
Direcção-Geral dos impostos e das demais entidades
competentes para controlo da verificação dos pressupostos
dos benefícios fiscais respectivos e do cumprimento das
obrigações impostas aos titulares do direito aos benefícios
(art. 6.º do EBF).
Extinção dos benefícios fiscais
Os benefícios extinguem-se:

- Quando os benefícios são temporários, caducam pelo


decurso do prazo por que foram concedidos (n.º 2 do art.
12.º do EBF)

- Quando condicionados, caducam pela verificação dos


pressupostos da respectiva condição resolutiva, ou pela
inobservância das obrigações impostas, imputável ao
beneficiário (n.º 2 do art. 12.º do EBF).
As obrigações Fiscais
Obrigações Fiscais

 DECLARATIVAS

De Registo

Periódicas

 DE PAGAMENTO

 CONTABILÍSTICAS
Obrigações Declarativas
Registo: Inicio de Actividade
De registo - INÍCIO DE ACTIVIDADE

IRS IRC

Categoria B -Sociedades Comerciais


(Rendimentos -Sociedades Civis
Empresarias e -Out. Pessoas
Professionais) Colectivas
IVA

(Antes de Iniciar a Actividade)

SEGURANÇA
Até 12 meses
SOCIAL
Até 30 dias após a
após o início de
data de início de
actividade
actividade
Registo: Alterações
De registo - ALTERAÇÕES
Sempre que existam alterações nos elementos
já declarados
A efectuar no prazo de 15 dias
Situações aplicáveis mais frequentes :

PESSOAS SINGULARES SOCIEDADES


-Nome -Designação Social
-Morada -Domicílio Social
-Área de Actividade -Objecto Social
-Enquadramento em IVA -Enquadramento em IVA
(Vol. Negócios) (Vol. Negócios)
-Opção Regime de -Opção Regime de
Tributação (IVA/IRS) Tributação (IVA/IRC)
-Opções e definições -Alterações relativas à
relativas à Contabilidade Contabilidade
-Alterações nos corpos
sociais
Registo: Cessação
De registo - CESSAÇÃO

A apresentar no prazo de 30 dias após a


verificação da cessação
 Pessoas Singulares - Quando encerrar a actividade

 Sociedades - Quando estiver encerrada a

Liquidação
Periódicas- Anuais

 IRS – Modelo 3
De 1 de Fevereiro a 15 de Março Rend. Cat. A e H 
De 16 de Março a 30 de Abril Rend. Outras Cat.

 IRC – Modelo 22
Até 31 de Maio
Periódicas: outras
periodicidades

 IVA - Declarações Periódicas


Mensal:
 Até ao dia 10 do 2º mês seguinte àquele a que
respeitam as operações 
 Se o Volume de Negócios for igual ou superior a
650.000 Euros

Trimestral:
 Até ao dia 15 do 2º mês seguinte ao final do trimestre
a que respeitam as operações 
 Se o Volume de Negócios for inferior a 650.000
Euros
Obrigações de Pagamento
IRS
Liquidação efectuada pelos serviços ( anual)
Pagamentos por conta (Cat. B)
Calculados em função do 2º ano civil anterior
Efectuam-se em:
- Julho
- Outubro
- Dezembro
Retenções na fonte
Cat. A / H - Trabalho Dependente / Pensões
-Efectuadas pela entidade patronal/entidade
pagadora com base em tabelas
-Têm que ser entregues nos cofres do Estado até
ao dia 20 de cada mês seguinte.
IRC
 Autoliquidação (o contribuinte calcula o imposto a pagar)

- Tem que ser efectuado o pagamento até à data limite de entrega da


Mod. 22

 Pagamentos por conta


- Calculados em função do imposto liquidado e do volume
de negócios do ano anterior
- Abatem-se no cálculo do imposto a pagar por Autoliq.
- Efectuam-se em:
Julho
Setembro
Dezembro
Obrigações Contabilisticas
Escrituração
 SOCIEDADES
- São obrigadas a possuir Contabilidade organizada,
independentemente do regime de tributação
- São obrigados a manter os livros obrigatórios (selados)
actualizados
- As declarações fiscais têm que ser assinadas por um
Técnico Oficial de Contas

 PESSOAS SINGULARES (CAT. B)


- São obrigadas a possuir Contabilidade Organizada, se não
estiverem no Regime Simplificado de Tributação
- Se estiverem no Regime Simplificado têm que possuir
livros de registo (IVA)
Facturação

 As pessoas singulares titulares da Categoria B – Rendimentos Profissionais

 As pessoas colectivas que exerçam actividades de produção, comércio ou serviços

São obrigadas a emitir factura ou documento equivalente,


nos termos do Artº 35 do Código do IVA

 
CARACTERIZAÇÃO DE DOIS
IMPOSTOS PORTUGUESES:

- IRS
- IVA
O IRS
IRS
Imposto Sobre o Rendimento das
Pessoas Singulares
IRS é o imposto directo que incide sobre o rendimento
das pessoas singulares, ou seja, sobre os rendimentos
obtidos pelas famílias.

Vigora em Portugal desde 1989 e tem como suporte


legal o CIRS – Código do Imposto sobre o Rendimento
das Pessoas Singulares.
Caracterização do IRS
Quanto às suas características o IRS é um
imposto:

1-Directo 2-Pessoal 3-Estadual


4- Periódico 5- Ordinário e 6-Progressivo

Definição:

Para efeitos de IRS, considera-se titular


dos rendimentos o contribuinte que seja
sujeito do imposto.
Um imposto: Porque :
Directo Incide sobre o rendimento
Incide sobre as pessoas
Pessoal
O singulares
Estadual É tributado pelo Estado

IRS
Periódico É apurado anualmente

Não se trata de um imposto


É: Ordinário
Especial

É proporcional aos
Progressivo
rendimentos tributados
Incidência
O IRS incide sobre o rendimento global e anual dos
sujeitos passivos, que são os contribuintes (agregados
familiares)

Sobre esses rendimentos são, no entanto, feitas as


deduções e abatimentos.

As bases do imposto estão tipificadas em seis


categorias identificadas pelas letras A, B, E, F, G e H,
de acordo com o tipo de rendimento sobre o qual o IRS
vai incidir

Cada categoria tem diferentes normas.


Categ. A Rendimentos do trabalho
dependente (ordenados, salários…)

Categ. B Rendimentos empresariais e


Categori profissionais (ENI e liberais)
as Rendimentos de Capitais
Categ. E (juros, lucros, prémios de acções…)
Rendimentos Prediais
Categ. F
(rendas de imóveis arrendados)
De Incrementos Patrimoniais
Categ. G (prémios de jogos, algumas indemnizações)

Pensões
Categ. H
IRS (pensões várias)
Incidência Real
Categoria A:
Nesta categoria incluem-se todo o tipo de
remunerações auferidas pela prestação de trabalho
dependente, nomeadamente:
Ordenados, salários, vencimentos, gratificações,
percentagens, comissões, participações, senhas de
presença, subsídios, abonos ou prémios.

São tributados os rendimentos resultantes de


trabalho por conta de outrem, função ou cargo
público, pré-reforma ou reserva, bem como, os
auferidos pelos órgãos sociais das empresas.
Categoria B
Nesta categoria encontram-se todos os rendimentos
empresariais e profissionais, destacando-se os
seguintes:
Os obtidos pelo exercício de uma actividade comercial,
industrial, agrícola, silvícola ou pecuária (os 3 últimos
podem estar excluídos se não atingirem determinados
montantes) ;
Obtidos pela prestação de serviços por conta própria,
incluindo os científicos, artísticos ou técnicos;
Derivados da propriedade intelectual (direitos de autor)
ou industrial (patentes);
Entre outros, em situações mais específicas.
As outras categorias incluem os seguintes rendimentos:

Categoria E – Juros diversos, remunerações de


participações de capital e lucros.

– Rendas de prédios (rústicos e urbanos),


Categoria F
bem como de outros bens móveis.

Categoria G – Indemnizações (não patrimoniais) e


prémios de jogos (lotarias, totoloto, loto, bingo etc.)

Categoria H –Pensões de reforma, velhice, invalidez,


sobrevivência, de alimentos, seguros e fundos de
pensões etc.
Incidência Pessoal
O IRS é devido pelas pessoas singulares que
residam no território nacional e pelas que aqui
obtenham rendimentos.

Quando há agregado familiar o imposto é devido


pelo conjunto dos rendimentos das pessoas desse
agregado.
O agregado é constituído pelos cônjuges não separados
(ou por pai ou mãe solteiros ou adoptante) e pelos
dependentes a cargo.
Cada pessoa não pode fazer parte de mais de um
agregado familiar.
O agregado é aquele que se verifica a 31/12 do ano a que
respeita o imposto.
Apuramento do Rendimento Global
Líquido
O Rendimento Global Líquido apura-se subtraindo aos
rendimentos brutos as deduções específicas de cada
categoria:

Rendimento Rendimento Deduções


Líquido = Bruto - Específicas

Rendimento bruto é o valor declarado em cada


categoria de rendimentos.
Os Sujeitos passivos do mesmo agregado familiar
podem optar pelo englobamento.

O englobamento é o acto de agrupar todos os


rendimentos brutos auferidos no ano, nas diferentes
categorias, pelo mesmo agregado familiar.

As deduções específicas são os valores, legalmente


estabelecidos, e que poderão subtrair-se por
categoria, ao rendimento bruto declarado.

Portanto, o valor da dedução específica é diferente


consoante a categoria.
Apuramento do rendimento
colectável
O Rendimento Colectável apura-se com a dedução dos
abatimentos ao rendimento global líquido:

Rendimento Rendimento
Colectável = Líquido - Abatimentos

Então, atente-se que os abatimentos são


deduzidos ao rendimento global líquido e as
deduções específicas são deduzidas ao rendimento
bruto.
Abatimentos são, portanto, os valores definidos pelo
CIRS que se diminuem directamente ao rendimento
líquido.

Os abatimentos mais frequentes que se podem deduzir


são pensões de alimentos pagas e decretadas
judicialmente.

As deduções específicas são, como o nome indica,


específicas de cada categoria.

Na categoria A pode deduzir-se 72% do salário mínimo


nacional anual e ainda o montante que ultrapasse as
contribuições obrigatórias para a segurança social.
Determinação da Colecta
Antes de se apurar a colecta poderá ter de se corrigir
o rendimento colectável de acordo com a situação
familiar.

Assim, os contribuintes casados dividem por 2 o


rendimento colectável e chegam ao rendimento
colectável corrigido.

A esta divisão por 2, chama-se a aplicação do


quociente conjugal=2.

Os contribuintes solteiros não aplicam qualquer


quociente.
Esta correcção faz-se apenas para aplicar a taxa, pois a
seguir, volta-se a multiplicar por 2, para chegar à
colecta total.

Então, se temos quociente conjugal = 2:

Rendimento Rendimento Colectável


Colectável : 2 = Corrigido

É a este valor que se vai aplicar a taxa do imposto,


consoante o escalão.

 Os contribuintes solteiros aplicam a taxa logo ao

rendimento colectável.
Ao aplicar a taxa apura-se a colecta.

As taxas podem ser de três tipos: Gerais, liberatórias


e especiais. Actualmente, as taxas gerais podem ir até
aos 42%, nos escalões de rendimentos mais elevados.

Mas, os contribuintes casados, só têm a colecta total


(do casal) depois de voltar a multiplicar esse valor pelo
quociente 2.
 Rendimento
Colectável X Taxa = Colecta → Solteiros
Corrigido X 2 → Casados
Deduções à colecta, retenções na
fonte e pagamentos por conta
Mas, a colecta geralmente não é ainda o imposto a
pagar ou a recuperar.

O imposto a pagar - se for positivo - ou a recuperar -


se for negativo – é o resultado da subtracção à colecta
das:

Deduções à colecta

Retenções na fonte

Pagamentos por conta


Colecta (VALOR APURADO ATRÁS)

Deduções à colecta (ex.: saúde, educação, formação
– energias renováveis, seguros)

Retenções na fonte (valores retidos ao longo do ano


– por quem paga os rendimentos)

Pagamentos por (pagamentos feitos ao longo do


Conta ano por alguns sujeitos – ENI)
=
IRS a PAGAR ou (Quando é positivo é a pagar, se a
RECUPERAR é negativo é a recuperar, logo é
o fisco que devolve o valor )
Obrigações
Além da obrigação de pagar o imposto, os
contribuintes têm mais obrigações, entre outras, as
declaratórias.

Todos os contribuintes, sujeitos passivos de IRS,


estão obrigados a entregar uma declaração anual de
rendimentos.

É com esta declaração de modelo oficial, Mod 3, que


informam a administração fiscal dos rendimentos
obtidos no ano anterior e a sua situação contributiva.
Uma vez que existem várias categorias de
rendimentos sujeitos a IRS, a Mod 3 é constituída
por diferentes anexos, também usados para outras
informações.
Os mais comuns, os rendimentos das categorias A
(de trabalho dependente) e H (de pensões), são
declarados no anexo A, enquanto que os da
categoria B (de trabalho independente) utilizam o
anexo B, da Mod 3.
Quem tem rendimentos da categoria B tem ainda
que apresentar as declarações de início e cessação
de actividade, quando estas ocorram, e uma
declaração anual de informação contabilística e
fiscal no caso de possuírem contabilidade
organizada.
A declaração anual de rendimentos, tem de ser
entregue nos seguintes prazos:
Categoria A e H:
– de 1 de Fevereiro até 15 de Março
Restantes categorias:
– de 16 de Março até 30 de Abril.
Os prazos de entrega por via electrónica são mais
dilatados (Internet).
Está dispensado de entregar a Mod 3 quem
apenas tenha tido rendimentos de pensões de
valor inferior ao salário mínimo nacional mais
elevado,desempregados,rendimentos inferiores
ao SMN…
O IVA
IVA
Imposto Sobre o Valor
Acrescentado
O IVA é um imposto indirecto que incide sobre o
consumo de bens e serviços, em todas as fases do
circuito económico mas, como o seu nome indica, a sua
base tributável limita-se ao valor acrescentado em
cada fase.

Vigora em Portugal desde 1986 e tem como suporte


legal o CIVA – Código do Imposto sobre o Valor
Acrescentado
Um Porque :
imposto:
Incide sobre o consumo (despesa)
Indirecto e não sobre o rendimento
O Recai sucessivamente sobre o
valor acrescentado em todas as
Plurifásico
fases do circuito económico, da
IV produção ao retalho
A Embora seja liquidado por cada
Neutro agente económico nas várias
fases, acaba por só ser pago pelo
consumidor final
É:
É ainda um imposto que é liquidado e pago
pelos agentes económicos sem intervenção
directa da administração fiscal
O mecanismo de funcionamento do IVA é simples:
 ao longo do circuito económico as empresas entregam
ao Estado o seu valor, que só é pago pelo consumidor
final

Assim, cada empresa só entrega ao Estado a diferença


entre o que recebeu dos seus clientes - IVA
LIQUIDADO - e o IVA que entregou aos seus
fornecedores - IVA DEDUTÍVEL.

IVA IVA IVA


LIQUIDADO -DEDUTÍVEL = APURADO
IVA LIQUIDADO – é o valor do imposto aplicado, e
que se recebe dos clientes, nas vendas que a empresa
efectua.

IVA DEDUTÍVEL – é o valor do imposto aplicado, que


se entrega aos fornecedores, nas compras que a
empresa efectua.

IVA APURAMENTO – é o valor a pagar ou a receber


do Estado que a empresa apura após as suas vendas e
compras.

Genericamente, quando o IVA Liquidado é maior que o


Dedutível, a empresa tem a pagar a diferença ao
Estado
Assim se:
Liquidado > Dedutível ⇒IVA a pagar
Dedutível > Liquidado ⇒IVA a receber
Dedutível = Liquidado ⇒não paga não recebe

Exemplo:

Forneced Empres Retalhista Consumi


or Venda a Vend Supermerc Vend dor
Mat.Prim Industri a ado a final
as al

P.Custo= P. Custo = P.Custo =


1.000,00€ 1.500,00€ 2.000,00€
Iva 21%= Iva 21%= Iva 21%=
210,00€ 315,00€ 420,00€
Incidência Real
A incidência real do IVA baseia-se no princípio da
territorialidade, ou seja, genericamente, estão
sujeitas ao imposto todas as transmissões que
ocorrem em território nacional, a saber:

Transmissões de bens
Prestação de serviços
Importação de bens
Operações intracomunitária sempre que
efectuadas em território nacional
Incidência Pessoal
São sujeitos passivos do imposto as pessoas singulares
ou colectivas que, independente e regularmente exerçam
actividades:
De produção
Comércio ou prestação de serviços
Actividades extractivas ou agrícolas
Profissões livres
De importação de bens
Operações intracomunitárias

Está também sujeito ao imposto quem mencione


indevidamente o IVA, em facturas ou documento
equivalente.
Aplicação no Tempo (exigibilidade)
O IVA é devido e torna-se exigível a partir do
momento em que os bens são colocados à
disposição do comprador
No caso das prestações de serviços o IVA é
devido e exigível a partir do momento da sua
realização.
Nas transmissões em que há obrigação de emitir
factura, o IVA é exigível no momento da emissão
ou quando termina o prazo para o fazer – 5 dias
após a entrega dos bens ou prestação do serviço.
É o Direito Aduaneiro que dispõe quando se aplica
o IVA nas importações.
Isenções
O CIVA prevê um conjunto de isenções que
podem ser: simples – o sujeito passivo não
liquida nem deduz - ou completa – quando não
liquida mas pode deduzir nas compras.
A isenção de IVA significa que o agente
económico está dispensado de liquidar o IVA
aos outros agentes.
A isenção é apenas uma excepção à regra de
incidência, pois neste imposto, o sujeito passivo
é sujeito de IVA (pressuposto de sujeição) mas
está dele isento por lei.
Isenções nas Operações Internas
São muito extensas as operações internas isentas, mas
estão enumeradas no CIVA.
Estas operações internas beneficiam de isenções
simples.
Há profissões isentas, mas a maioria das isenções
aplica-se à prestação de serviços:

Transporte de doentes/feridos; transmissão de órgãos,


leite e sangue humanos; creches, tempos livres e lares;
ensino ou formação profissional; explicações; visitas a
museus; aluguer de livros; aluguer de imóveis; seguros;
segurança e assistência social; remoção de lixos; etc.
Isenções nas Importações
As isenções nas importações são também simples. As
mais importantes são:
As importações definitivas de bens que no território
nacional estejam isentos.
As importações de gás natural e electricidade

As importações de cadeiras de rodas, triciclos e


automóveis para uso de deficientes.
As importações de ouro do Banco de Portugal.

As importações definitivas de aeronaves.


Isenções nas Exportações
As exportações beneficiam geralmente de isenção
completa.

As mais importantes são:

Transmissão de produtos transportados ou expedidos


para fora da UE.
Transporte de pessoas proveniente ou com destino ao
estrangeiro.
Transmissões para o Banco de Portugal de ouro em barra
ou em bruto.
Taxas de IVA
O IVA tem apenas três diferentes taxas:

Taxa normal, que se aplica à grande parte dos


produtos e serviços transaccionados.
Taxa intermédia, com menor aplicação é a que se
aplica à restauração, cafetaria e alguns produtos
naturais.
Taxa reduzida, que é aplicada à maioria dos
produtos considerados de primeira necessidade e
também aos de educação, informação e cultura.
As nossas taxas são das mais elevadas da UE.
O valor das taxas não é o mesmo desde a entrada
em vigor do imposto, pois têm tido várias
alterações.
As taxas aplicadas nas regiões autónomas da
Madeira e dos Açores são mais baixas que no
continente.
Presentemente estão em vigor as seguintes taxas
em Portugal:

Continente Reg. Autónomas


Tx normal 23% 16%
Tx Intermédia 13% 9%
Tx Reduzida 6% 4%
Apuramento do Imposto
O apuramento do IVA obtém-se pela diferença entre o IVA
Liquidado e o IVA dedutível corrigido das regularizações.

IVA IVA IVA


IVA
Apuramento = Liquidado –Dedutível
±Regularizações
Liquidado >Dedutível ⇒ IVA A PAGAR
+ Reg. a favor + Reg. a favor
do Estado do Suj. Passivo

Dedutível >Liquidado ⇒ IVA A RECUPERAR


+ Reg. a favor + Reg. a favor
do Suj. Passivo do Estado
O IVA liquidado é o que é suportado pelos clientes nas
vendas ou prestações de serviços e despesas associadas
que conste das factura emitidas. Não se aplica aos
descontos, abatimentos ou bónus.

O Iva dedutível calcula-se com base nas aquisições do


sujeito passivo (apenas dos que não usufruem de isenções
simples). Conferem direito à dedução apenas as operações
sujeitas ao imposto e dele não isentas e ainda as
exportações.

O Iva regularizações resulta de correcções devido a


liquidações ou deduções incorrectas. Pode ser a favor do
Estado ou da Empresa.
Periodicidade e Aplicação Temporal
As empresas podem enquadrar-se em dois regimes de
apuramento do IVA:
Regime Normal Mensal, se o volume de vendas for superior
a 500.000,00€
Regime Normal Trimestral, se o volume de vendas for
inferior a 500.000,00€.
A entrega das declarações tem que ser feita nos
seguintes prazos, após o apuramento:
Mensal – até dia 10 do 2º mês seguinte

Trimestral – até dia 15 do 2º mês seguinte


Se as empresas têm IVA a Recuperar podem optar por
uma de duas situações:
A diferença reporta e é deduzida nos períodos seguintes,
ou
A diferença é reembolsada pelo Estado a pedido da
empresa.

Obrigações do Sujeito Passivo


De declaração – periódica e anual e ainda de inicio,
alteração e cessação de actividade.
De facturação – efectuar facturação.

De contabilização – dispor de contabilidade adequada à


verificação do imposto.

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