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Calculo Financeiro

2014/2015
Volume I

Miguel Coelho
Miguel Coelho

Doutorado em Economia e Mestre em Economia Internacional pelo Instituto Superior de


Economia e Gestão, Universidade Técnica de Lisboa.
Administrador da Montepio Valor, Sociedade Gestora de Fundos de Investimento, S.A.
Professor Auxiliar da Universidade Lusíada desde 1994 leccionando actualmente as cadeiras de
Mercados Financeiros (Economia), Cálculo Financeiro (Contabilidade e Gestão) e Gestão de
Risco (Mestrado em Gestão), tendo tido ainda actividades lectivas nas áreas de Investigação
Operacional, Microeconomia, Economia Internacional e Economia do Ambiente. É docente da
disciplina de Gestão de Activos e Passivos nas Instituições Financeiras (Pós-Graduação em
Gestão de Bancos e Seguradoras) do IDEFE (ISEG).
Vice-Presidente do Instituto da Segurança Social entre Setembro de 2011 e Julho de 2013.
Exerceu funções de administração no Montepio Gestão de Activos , S.A. ; FUTURO-Sociedade
Gestora de Fundos de Pensões, S.A.; Finivalor–Sociedade Gestora de Fundos Mobiliários e
Residências Montepio - Serviços de Saúde S.A entre 2009 e 2011.
Exerceu ainda funções de Direcção no Montepio Geral Associação Mutualista entre 2009 e
2011 e no Departamento Financeiro, Departamento de Estudos e Departamento de Risco da
Caixa Económica Montepio Geral entre 2004 e 2008. Economista do Gabinete de Estudos da
Comissão de Mercado de Valores Mobiliários entre Julho de 2001 e Agosto de 2004 e
economista do Departamento de Research em Macroeconomia e Mercados Financeiros do
BANIF – Banco de Investimento entre Setembro de 2000 e Junho de 2001.

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Programa da Cadeira
 1. Regime de capitalização
 1.1. Introdução
 1.2. Regime de juro simples
 1.3. Regime de juro composto
 1.4. Relações entre taxas de juro
 1.5. Taxa instantânea de capitalização
 2. Equivalência de capitais
 2.1. Introdução
 2.2. Capitais equivalentes e equação do valor
 2.3. Capital comum
 2.4. Vencimento comum
 2.5. Vencimento médio
 2.6. Taxa interna de capitalização
 2.7. Taxas médias

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Programa da Cadeira
 3 Rendas
 3.1. Introdução
 3.2. Rendas imediatas de termos normais
 3.3. Rendas de termos antecipados
 3.4. Rendas diferidas
 3.5. Rendas perpétuas
 3.6. Rendas inteiras com termos variáveis
 3.7. Rendas fraccionadas
 4. Reembolso de empréstimos
 4.1. Introdução
 4.2. Modalidade 1: Capital e juros pagos de uma só vez no final
 4.3. Modalidade 2: Capital de uma só vez e juros pagos no início
 4.4. Modalidade 3: Juros pagos ao longo do empréstimo
 4.5. Modalidade 4: Juros pagos no início e reembolsos ao longo do
prazo
 4.6. Modalidade 5: Juros pagos no início e reembolsos ao longo do
prazo
 4.7. Modalidade 6: Juros e reembolsos pagos ao longo do
empréstimo
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Programa da Cadeira

 5. Produtos e instrumentos financeiros


 5.1. Introdução
 5.2. Operações passivas
 5.3. Modalidades de depósitos nos bancos
 5.4. Operações activas
 5.5. Taxas utilizadas em operações bancárias
 5.6. Leasing e aluguer de longa duração (ADL)
 5.7. Letras e livranças

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Introdução

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Introdução

 O Calculo Financeiro está presente na nossa vida diária.

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Introdução – Conceitos

 Na teoria económica clássica e neoclássica, o Capital é um


dos componentes da triade de factores produtivos (os outros
são o trabalho e a terra).
 Corresponde a “trabalho acumulado e guardado sob uma
determinada forma, com o propósito de utilização ou
aplicação no futuro pelo seu criador ou por terceiro que
adquira o direito temporário ou permanente ao seu usufruto”.
Pode assumir as seguintes formas:
 Stock monetário;
 Um bem ou instrumento de produção de natureza física;
 Um valor intangível de mero suporte de apoio (i.e. patente);
 As fontes de financiamento empresarial (capital próprio e alheio).

 Com origem na Poupança o Capital tem de ser aplicado para


gerar produção/rendimento.
 Aplicar não é o mesmo que Investir.
 Um depósito bancário é um exemplo de Aplicação;
 A criação de uma empresa é um exemplo de um Investimento;
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Introdução – Conceitos
 A aplicação de capitais gera rendimentos:
 Taxa de juro – Juro de cada unidade de Capital por unidade de tempo;
 Taxa de aluguer – Renda de aluguer de cada unidade de capital por
unidade de tempo;
 Taxa de lucro – Lucro de cada unidade de capital por unidade de tempo.

 A taxa de juro é uma variável económica influenciada por


inúmeras variáveis.
 A taxa de juro é determinada pela procura e oferta de
moeda:
i

i*
L(i; y)

(M/P)* M/P
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Introdução – Conceitos
 As taxas de juro podem ser:
 Taxa de juro Nominal
 Taxa de Juro Real
(1  i)
i  (1  ireal )(1   )  1 ireal  1
(1   )
A taxa de juro real numa situação em que a taxa de juro nominal é de 3% e a
taxa de inflação é de 2%:

(1  i) (1,03)
ireal  1   1  0,0098  1%
(1   ) (1,02)
 Genericamente, os determinantes da taxa de juro real são:
 Taxa de crescimento do PIB;
 Nível de investimento;
 Risco de crédito;
 Eficiência do sistema bancário;
 Preferência dos agentes económicos pela liquidez.
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Introdução – Conceitos
 O cálculo rigoroso dos juros a pagar ou a receber obedece a
convenções de contagem de dias, que o cliente deve
conhecer previamente à contratação do crédito ou da
aplicação financeira. Para o cálculo do número de dias a que
se refere o juro corrido poderá considerar-se:
• O número de dias de calendário efectivamente decorridos (Actual) ou
admitir-se que os meses têm sempre 30 dias; e
• O número de dias que o ano tem efectivamente (Actual), admitir-se
que o ano tem sempre 365 dias ou que o ano tem 360 dias.

 As convenções para efeito de cálculo de juros seguem assim


uma das seguintes quatro combinações:

• Actual/Actual;
• Actual/365;
• Actual/360 (Depósitos DL 99/2008);
• 30/360 (Crédito habitação e Consumo DL 99/2008).

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Introdução – Conceitos
 Para ilustrar as diferentes convenções considere-se o
seguinte exemplo:

O juro de uma aplicação ou de um empréstimo de 1.000 euros, à taxa anual de


10%, entre 29 de Janeiro de 2008 e 5 de Junho de 2008 (ano bissexto) será
diferente consoante a convenção utilizada.

Cálculo (dias de juro corrido em


Convenção Juro corrido
proporção do ano)
Actual/Actual 0,3497
(2+29+31+30+31+5)/366 = 0,4973 34,97 €
Actual /365 (2+29+31+30+31+5)/365 = 0,3507 35,07 €
Actual /360 (2+29+31+30+31+5)/360 = 0,3556 35,56 €
30/360 (1+30+30+30+30+5)/360 = 0,3500 35,00 €

 O momento para a fixação da taxa de juro pode ser no:


• Fim do Período (In arrear) – Quando a fixação da taxa de juro a pagar
é efectuada no final do período.
• Inicio do Período (In advance) – Quando a fixação da taxa de juro a
pagar é efectuada no inicio do do período

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Introdução – Conceitos
 Qualquer problema de cálculo financeiro tem 3 variáveis:

CAPITAL TEMPO

TAXA JURO

 As operações financeiras podem ser de curto, médio ou


longo prazo

Miguel Coelho 13
Introdução – Conceitos
 As regras consuetudinárias, ou princípios axiomáticos, do
calculo financeiro:
 Todo o capital deve ter um titular (pessoa singular ou colectiva);
 A função primária dum capital é produzir rendimento, cuja titularidade é
atribuída ao seu titular ou usufrutuário;
 Em principio o rendimento o capital só pode ter rendimento nulo se o seu
próprio valor for zero ou o tempo de aplicação zero;
 Em qualquer operação financeira de empréstimo, a primeira obrigação do
devedor (mutuário) é pagar ao credor (mutuante) os juros acordados. Só
depois de regularizar os juros é que o devedor é suposto efectuar a regular
amortização do capital até ficar completo o seu plano de reembolso;
 Em todos os cálculos relativos a uma operação financeira, a taxa unitária
de juro e o prazo ou duração da operação devem estar sempre referidos à
mesma unidade de tempo: Ano ou um submúltiplo ou múltiplo do ano;
 Quaisquer operações envolvendo vários capitais, e a própria comparação
dos seus valores entre si, requerem que todos eles estejam referidos ao
mesmo momento do tempo;
 No desenrolar das operações financeira deve ser sempre respeitado o
principio da não-retroactividade de novas condições ou parâmetros
técnicos, salvo se tal for acordado.

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Regimes de Capitalização

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Regimes de Capitalização – Capitalização vs Actualização
 A capitalização corresponde à acção de adicionar
cumulativamente a um capital os rendimentos líquidos
produzidos como resultado duma aplicação económica desse
capital:
Cn  Co  J
 O processo inverso da capitalização é a actualização:

C0  Cn  J

Capitalização

Capital Juros Capital


Inicial + = Acumulado

Actualização
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Regimes de Capitalização – Tipos de Juros

Juro

Não Capitalizado
Capitalizado

Juro Pago Juro Retido

Regime de Juros Regime de Juros Regime de Juros


Simples “Puro” dito “Simples” Composto

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Regimes de Capitalização – Tipos de Juros
 As diferenças entre os dois regimes são as seguintes:
 No regime dos juros simples, a taxa de juros é aplicada
sobre o principal (valor emprestado) de forma linear.
 No regime de juros compostos, os juros de cada período
são somados ao capital para o cálculo de novos juros nos
períodos seguintes. Nesse caso, o valor da dívida é
sempre corrigido pelo valor dos juros e a taxa de juros é
calculada sobre esse valor.

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Regimes de Capitalização

Juros Simples

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Regimes de Capitalização – Juros Simples e Capitalização

Regime de Juros Juros saem do circuito da capitalização no


Simples momento do seu vencimento.

C0 C0 C0 C0

0 1 2 n

Sendo: Jn  C0ni
Temos: Cn  C0  J n Cn  C0  C0 ni Cn  C0 1 ni 

Onde: J n = Juro produzido no final do período n C0 = Capital inicial


Cn = Capital acumulado no final do período n = Prazo i = Taxa de Juro

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Regimes de Capitalização – Juros Simples e Capitalização

Exemplo

C0 = 100€ Jn  C0ni J1  100€(1)(10%)  10€


n = 1 ano

i = 10%/ano Cn  C0  C0 ni C1  100€  10€  110€

100€ 100€

0 1

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Regimes de Capitalização – Juros Simples e Capitalização

Exemplo

C0 = 100€ Jn  C0ni J2  100€(2)(10%)  20€


n = 2 anos
Cn  C0  C0 ni C2  100€  20€  120€
i = 10%/ano
Periodicidade = Anual J Anual  C0 (1)i J Anual  100€(1)(10%)  10€

100€ 100€ 100€

0 1 2

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Regimes de Capitalização – Juros Simples e Actualização

Regime de Juros A actualização corresponde ao processo inverso


Simples ao da Capitalização e pode assumir duas formas:

 Desconto por Dentro (Dd):

 Juro produzido por um dado capital actual (valor actual) durante o prazo que
falta para o seu vencimento.

 Desconto por Fora (Df):

 Juro produzido por um dado capital acumulado durante o prazo que falta para
o seu vencimento (normalmente períodos curtos).

 É também designado como desconto comercial e é aplicado no desconto de


determinados produtos financeiros (por exemplo, letras).

D f  Cn ni

C0 Cn
Miguel Coelho Dd  Cn  C0 23
Regimes de Capitalização – Juros Simples e Actualização

Regime de Juros Desconto por Dentro corresponde ao Juro


Simples produzido por um dado capital actual (valor
actual) durante o prazo que falta para o seu
vencimento.

Sendo: Cn  C0  C0 ni Cn  C0 1 ni 
Cn
Temos o valor actual dado por: C0 
1  ni
O Desconto Por Cn C 1  ni   Cn
Dentro é de: Dd  Cn  C0  Cn   n
1  ni 1  ni
Cn 1  ni  1 Cn ni C0 1  ni ni
Dd  Dd  Dd  Dd  C0 ni
1  ni 1  ni 1  ni
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Regimes de Capitalização – Juros Simples e Actualização

Exemplo
Admita que a Empresa ZZT tem uma divida para com o Banco XPTO com um valor na
maturidade de 1000€. Sabe-se que a Taxa de Juro é de 5%/ano. Admitindo que faltam
3 meses para o vencimento, calcule o desconto por dentro e o valor actual da dívida.

Cn = 1000€ Cn ni 1000€0,250,05
Dd    12,3456€
1  0,250,05
n = 3 meses
1  ni
i = 5%/ano
C0  Cn  Dd  1000€  12,34€
1000,00€

Dd  12,34€ C0  Cn  Dd  987,66€
987,66€

n 25
Miguel Coelho
Regimes de Capitalização – Juros Simples e Actualização

Regime de Juros Desconto por Fora corresponde ao Juro produzido


Simples por um dado capital acumulado durante o prazo
que falta para o seu vencimento. É também
designado de Desconto Comercial e corresponde a
uma forma “simplificada” de calcular o Desconto
para períodos curtos.

O Desconto Por D f  Cn ni
Fora é dado por:

Sendo: D f  Cn  CoC Cn ni  Cn  CoC

Temos o valor actual,


numa perspectiva CoC  Cn  Cn ni CoC  Cn 1  ni  CoC  Cn  Df
comercial, é dado por:

Onde: Df = Desconto por fora CoC = Valor actual numa perspectiva comercial

n = Prazo que medeia entre a data de referência e a data de vencimento


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Regimes de Capitalização – Juros Simples e Actualização

Exemplo
Admita que possui uma letra aceite pela Empresa ZZT com um valor de 1000€. Sabe-se
que a Taxa de Juro é de 5%/ano. Admitindo que faltam 3 meses para o vencimento e
que pretende descontar essa letra no Banco XPTO. Calcule o desconto por fora e o
valor actual da dívida.

Cn = 1000€ Df  Cn ni  1000€(0,25)(0,05)  12,5€


n = 3 meses CoC  Cn  Df  1000€  12,5€
i = 5%/ano
CoC  Cn  Df  987,5€
1000,00€

Df  12,5€ Dd  12,34€

987,66€

987,5€

n 27
Miguel Coelho
Regimes de Capitalização – Juros Simples e Actualização

Exemplo
Admita que possui uma letra aceite pela Empresa ZZT com um valor de 1000€. Sabe-se
que a Taxa de Juro é de 25%/ano. Admitindo que faltam 5 anos para o vencimento e
que pretende descontar essa letra no Banco XPTO. Calcule o desconto por fora e o
valor actual da dívida.

C0 = 1000€
n = 5 anos D f  Cn ni  1000€(5)(0,25)  1250€
i = 25%/ano
C0C  Cn  Df  1000€  1250€  250€

Conforme se constata, para taxas de juro muito elevadas e/ou prazos


elevados, o desconto por fora não é aplicável.

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Regimes de Capitalização

Juros Compostos

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Regimes de Capitalização – Juros Compostos e Capitalização

Regime de Juros Juros são integrados no circuito de capitalização


Composto na data do seu vencimento.

j1 j2 jn
C0 C1 C2 Cn

0 1 2 n

Sendo: C1  C0  C0i  C0 1 i 

C2  C1  C1i  C11 i   C0 1 i 1 i 

.......... ....
Cn  C0 1 i 1 i ....... 1 i  Cn  C0 1  i 
n
Temos:

Miguel Coelho 30
Regimes de Capitalização – Juros Compostos e Capitalização

Regime de Juros Os Juros acumulados até ao momento n são


Composto dados por:

Sendo: Jn  Cn  C0

Cn  C0 1  i 
n
Como:

Temos: Jn  C0 1  i   C0
n

Jn  C0 1  i   1
n

Onde: Jn = Juro produzido até ao final do período n C0 = Capital inicial


Cn = Capital acumulado no final do período n = Prazo i = Taxa de Juro
Miguel Coelho 31
Regimes de Capitalização – Juros Compostos e Capitalização

Regime de Juros Os Juros obtidos num dado período de tempo x


Composto são dados por:

Sendo: j x  Cx  Cx 1

Cx  Cx 11  i  Cx 1  C0 1  i 
x 1
Como: e

Temos: j x  Cx 1(1 i )  Cx 1  Cx 1(1 i  1)  Cx 1(i )

j x  C0 1  i  i 
x 1

Onde: jx = Juro produzido entre o momento x-1 e o momento x

Cx 1 = Capital acumulado no momento x-1 C x = Capital acumulado no momento x


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Regimes de Capitalização – Juros Compostos e Capitalização
Generalizando, teremos o calculo dos juros para um
período compreendido entre X-n e X, dado por:

Sendo: j x  C x  C x n

C x  C x n 1  i  C x n  C0 1  i 
n x n
Como: e

Temos: j x  C x n (1 i )n  C x n


j x  C x n 1  i   1
n

Onde: jx = Juro produzido entre o momento x-n e o momento x

C x n = Capital acumulado no momento x-n C x = Capital acumulado no momento x


Miguel Coelho 33
Regimes de Capitalização – Juros Compostos e Capitalização

Exemplo

Cn  C0 1  i  Cn  100€1 0,1  133,1€


n 3
C0 = 100€

n = 3 anos

i = 10%/ano 
Jn  C0 1  i   1
n

 
J3  100€ 1  0,1  1  33,1€
3

j1 j2 j3
100€ 110€ 121€ 133,1€

0 1 2 3

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Regimes de Capitalização – Juros Compostos e Capitalização

Exemplo

C0 = 100€ j x  Cx  Cx 1
Juro2º Ano  ?
j x  Cx 1(1 i )  Cx 1  Cx 1(1 i  1)  Cx 1(i )
i = 10%/ano
j x  C0 1  i  i 
x 1

J2º Ano  100€1 0,1 0,1  11,0€


1

j2
100€ 110€ 121€ 133,1€

0 1 2 3

11€
Miguel Coelho 35
Regimes de Capitalização – Juros Compostos e Actualização

Regime de Juros A actualização corresponde ao processo inverso


Composto ao da Capitalização

Cn  C0 1  i 
n
Sendo:

Cn
Temos: C0 
1  i n
Como: vn 
1
 1  i n
 v n

1  i n
Temos: C0  Cn v n

Onde: vn = factor de desconto a n períodos

Miguel Coelho 36
Regimes de Capitalização – Juros Compostos e Actualização

Exemplo
Admita que possui uma aplicação que se vence daqui a 5 anos em regime de juros
compostos. Sabe-se que a Taxa de Juro é de 5%/ano e na maturidade o valor de
reembolso é de 1000€. Calcule o valor actual desta aplicação.

Cn = 1000€ Cn 1000€
C0  C0   620,92€
n = 5 anos 1  i n 1,105

i = 10%/ano

Miguel Coelho 37
Regimes de Capitalização

Relação entre Taxas de Juro

Miguel Coelho 38
Regimes de Capitalização – Relação entre Taxas de Juro

 Nem sempre o período para a determinação dos juros


coincide com o período das taxas.
 Nestas situações importa recalcular o valor da taxa de
juro, fazendo coincidir o período para a determinação
dos juros.
 Neste contexto, importa distinguir:

 Taxas Proporcionais ou Taxas Equivalentes – Quando aplicadas


durante o mesmo prazo e ao mesmo capital produzem o mesmo
valor acumulado;
 Taxas Efectivas e Taxas Nominais - Taxa de juro efectiva é a taxa
de juros expressa para um período igual ao da formação e
incorporação de juros ao capital. Ao invés, a taxa nominal usa um
prazo de referência diferente do prazo de capitalização;
 Taxa Instantânea de Capitalização - O processo de formação do
juros pode ser efectuado de forma discreta ou contínua. Na
capitalização contínua, admite-se que os incrementos da variável
(tempo) são infinitesimais, ou seja, a capitalização é instantânea.

Miguel Coelho 39
Regimes de Capitalização – Relação entre Taxas de Juro

Regime de Juros Taxas Proporcionais – Em regime de juros simples


Simples quando se relacionam taxas apenas se pode falar
em taxas proporcionais.

Sendo: i = Taxa de Juro Anual

i m
nº meses do periodo maior
Temos: ik  = Taxa para um Com:
m período 1/m do ano nº meses do periodo menor

i
iS  = Taxa semestral
2
i
iT  = Taxa trimestral
4
i = Taxa mensal
iM 
12
Miguel Coelho 40
Regimes de Capitalização – Relação entre Taxas de Juro

Exemplo

8 i 4% 12%
i8 M  4% iT  ? Com m iT     1,5%
3 m 8 8
1,5% 1,5% 1,5% 3

0 3 6 8 9

4%
Exemplo
i 5%
i  5% iS  ? Com m2 iS    2,5%
m 2
2,5% 2,5%

0 6 12
Miguel Coelho
5% 41
Regimes de Capitalização – Relação entre Taxas de Juro

Regime de Juros Taxas Equivalentes – Em regime de juros


Compostos compostos quando se relacionam taxas é
necessário utilizar o conceito de taxas equivalentes

Sendo: i = Taxa de Juro Anual

1  i  1  ik  1  i  ik  1  i 
1 1
Temos:
m m  1  ik m 1

nº meses do periodo maior


Com: m (Número de vezes que o período maior cabe no
nº meses do periodo menor período menor)

Onde: ik = Taxa para um período 1/m do ano

Miguel Coelho 42
Regimes de Capitalização – Relação entre Taxas de Juro

Regime de Juros
Compostos

Alternativamente:
1 i k m  1 i h d

Onde: k = período 1/m do ano


h = período 1/d do ano
m = Número de vezes que o período k cabe no ano
d = Número de vezes que o período h cabe no ano
Miguel Coelho 43
Regimes de Capitalização – Relação entre Taxas de Juro

Exemplo

iS  1  i   1  1,1 2  1  4,881%
1 1
i  10% iS  ? Com m  2 m

4,881% 4,881%

0 6 12

10%

5% 5%
Caso aplicássemos as taxas proporcionais,

0 6 12

10,25%

Miguel Coelho 44
Regimes de Capitalização – Relação entre Taxas de Juro

Exemplo

k 1 hs
i  10% iS  ?
m 1 d 2
4,881% 4,881%

0 6 12

10%

1 i k m  1 i h d 1,11  1 is 2 i s  4,881%

Miguel Coelho 45
Regimes de Capitalização – Relação entre Taxas de Juro

Exemplo

1  i8 M  1  iT 
8
iT  4% i8 M  ? Com m  m
3
i8 M  1  iT   1  1,04 3  1  11,025%
m 8
4%

0 3 6 8

11,025%

1  iT  1  iM 
m
iT  4% iM  ? Com m3
iM  1  iT   1  1,04 3  1  1,316%
4% 1 1
m

0 1 2 3

1,316%
Miguel Coelho 46
Regimes de Capitalização – Relação entre Taxas de Juro

Exemplo

h  8M 1 i k m  1 i h d
iT  4% k  T i8 M  ? 12
m4 d 1,04  1 i 8M  8
4 12

4%
8
i 8M  11,025%

0 3 6 8

11,025%
k T
iT  4% m  4 iM  ? hM 1 i k m  1 i h d
4%
d  12 1,044  1 iM 12
i M  1,316%
0 1 2 3

1,316%
Miguel Coelho 47
Regimes de Capitalização – Relação entre Taxas de Juro

Taxa Nominal Transformação de uma Taxas Nominal em Taxa


versus Efectiva Efectiva

Sendo: i (m ) = Taxa Nominal Anual com pagamento de juros em m períodos


i ( m ) = Taxa efectiva de um período m do ano
Com: ik 
m
1  i  1  ik 
m
Temos:

 i m  
m
 i m  
m

1  i  1   i  1    1
 m   m 

i = Taxa efectiva anual

Miguel Coelho 48
Regimes de Capitalização – Relação entre Taxas de Juro

Exemplo

i 4  4%
i 4   4% iT  ? iT    1%
m 4

i ? 1  i  1  iT 
m
iT  1%
i  1 iT   1  1,04  1  4,0604%
m 4

4%

1% 1% 1% 1%

0 3 6 9 12
4,0604%

Miguel Coelho 49
Regimes de Capitalização – Relação entre Taxas de Juro

Taxa Nominal Transformação de uma Taxas Efectiva em Taxa


versus Efectiva Nominal

i (m)
Sendo: ik  = Taxa efectiva de um período m do ano
m
1  i  1  i k 
m
Com:

i m 
1 i   1  i k  i k  1  i   1  i  m  1
1 1
1
1
Temos: m m
m

i m 

 m 1  i 
1
m 1
i (m ) = Taxa Nominal Anual com pagamento de juros em m períodos

Miguel Coelho 50
Regimes de Capitalização – Relação entre Taxas de Juro

Exemplo
1 1
i  4,0604% iT  ? iT  (1  i ) m
1 iT  (1,040604) 4
 1  1%
i (m)
iT  1% i (m)  ? ik  i ( 4 )  1%4 i ( m )  4%
m
i ( 365dias)  ? 
i m   m 1  i 
1
m 
1 
i m   365 1,040604
1
365 
 1  3,9803%
3,9803%

0 1 2 365 dias

4,0604%
4%

meses
0 3 6 9 12
4,0604% 51
Miguel Coelho
Regimes de Capitalização – Relação entre Taxas de Juro

Taxa Nominal
versus Efectiva

 A taxa nominal anual é igual à taxa efectiva anual


apenas nas situações em que a frequência de
capitalização é anual;
 A taxa efectiva anual é sempre maior que a taxa
nominal sempre que existam subperiodos de
capitalização dentro do período de referência da taxa
nominal;
 Para uma dada taxa nominal anual, quanto maior o
número de capitalizações maior a taxa efectiva anual.
 Para uma dada taxa efectiva anual, quanto maior o
número de capitalizações menor a taxa nominal anual.

Miguel Coelho 52
Regimes de Capitalização – Relação entre Taxas de Juro

Taxa Nominal Transformação de uma Taxa Nominal em Taxa


versus Taxa Instantânea
Instantânea

Sendo: 
i m   m 1  i 
1
m 1
Com:
i (m ) = Taxa Nominal Anual com pagamento de juros em m períodos

e: m

Temos: lim i m  
1  i  1
m 1

1  i  1
 1

1  i 0
1 0
  In det er minação
m  1  1 0 0
   
m 

Miguel Coelho 53
Regimes de Capitalização – Relação entre Taxas de Juro

Para ultrapassar a indeterminação, substituir o numerador e denominador da equação anterior


pelas respectivas derivadas, de tal forma que:

1  i  m .ln(1  i ).  1 
1

   1  i  1m . ln(1  i )
2
Temos: m Com: m
 1 
 2 
 m 
lim i m   1  i  m .ln(1  i )  1  i   .ln(1  i )  ln(1  i )
1 1
Temos:
m

Representando a taxa instantânea de capitalização por:   ln(1 i ) e  1 i

Considerando que o processo de


Cn  C0 1  i 
n
capitalização, pode ser dado pela seguinte
equação:

Genericamente, temos: C n  C 0 e  .n
Miguel Coelho 54
Regimes de Capitalização – Relação entre Taxas de Juro

Exemplo
Admita que possui uma aplicação que se vence daqui a 1 ano em regime de juros
compostos. Sabe-se que o capital inicial é de 1000€. Calcule o valor capitalizado desta
aplicação, considerando uma taxa de juro anual nominal de 4% (capitalizada

semestralmente) e uma taxa de juro anual instantânea de 4%.

C 0 = 1000€ Cn  C0 1  i  C1  10.000€1,04  10.400€


0,04
n

n = 1 anos
i = 4%/ano

C n  C 0 e  .n C1  C0 e 0,04  10.000€e 0,04  10.408,11€


 = 4%/ano

Miguel Coelho 55
Anexos

Miguel Coelho 56
Anexos – Letra
 Letra - Titulo de crédito que permite titularizar uma divida e
transferir essa divida para terceiros. Através de uma letra uma
dada entidade X (Sacador) credora de outra dá ordem a essa
outra entidade Y (Sacado) para pagar uma determinada quantia
(valor nominal da letra) ao fim de um determinado prazo a
quem seja possuidor dessa letra (Portador).

 Saque – Saque é a ordem de pagamento que dá origem a uma letra. O saque


é ordenado pelo sacador e nela ordena ao sacado o pagamento de uma dada
quantia num dado momento do tempo.
 Endosso – O endosso consiste na transmissão de uma letra feita pelo Portador
a um Terceiro.
 Aceita – A letra para ser valida tem de ser aceite pelo sacado, ou seja, o
sacado tem de declarar que deve aquela quantia, isto é tem de fazer o aceite
da letra (sacado ou aceitante).
 Desconto – Consiste na realização antecipada do valor de uma letra, ou seja,
possibilita ao portador realizar o valor da letra antes do seu vencimento.
 Reforma – Consiste na extensão de uma letra.

Miguel Coelho 57
Anexos – Formulas
 Valor Futuro com Taxas de Juro Composta
Fórmula Descrição (Resultado)
+VFPLANO(1;{0,09;0,11;0,1}) Futuro valor de 1 com taxas de juro compostas de
0,09;0,11;0,1 (1,33089)

 Taxa Efectiva

Fórmula Descrição (Resultado)


EFECTIVA(Taxa de Juro Nominal; Numero de Taxa de Juro Efectiva
Períodos Compostos por ano)

Miguel Coelho 58
Calculo Financeiro
2014/2015
Volume I

Miguel Coelho

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