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Cálculo Financeiro

Capítulo 1 – Introdução Ano lectivo 2021

Mestre Victor Chissingui 2º Ano/ I Semestre


Mestre Riquelme Chicomo
Dr. Agostinho Miguel
Objectivos
 No final deste capítulo o aluno deverá ser capaz de:

 Compreender o âmbito de uma operação financeira e o significado


das três variáveis nela envolvidas capital, tempo e taxa de juro;
 Compreender os conceitos de operações financeiras activas e
passivas, indexante, Libor, spread, mutuário, mutuante e processos
de capitalização;
 Compreender a importância do factor tempo e o seu significado de
valor temporal do dinheiro;
 Compreender a fórmula fundamental do juro;
 Compreender a diferença entre o ano civil e ano comercial;
 Compreender a regra de ouro do cálculo financeiro;
 Utilizar correctamente a recta do tempo.
Enquadramento geral sobre operações financeiras
 O cálculo financeiro como arquitectura teórica,
apareceu muitos séculos depois de haver
começado o seu uso no mundo dos negócios
(Mateus, 1995).

 Antes da matemática financeira ser formalmente


o que é, já o juro era determinado em cada
vencimento como produto do capital por uma
taxa. Neste sentido, a matemática financeira
não tem quaisquer razões para alterar tal
princípio . De facto ele constitui o alicerce da
edificação da teoria.
Enquadramento geral sobre operações financeiras

 Operação financeira é toda acção que tem por


finalidade produzir ou modificar quantitativamente um
capital.
 São inúmeras as situações do nosso quotidiano em que
estão presentes conceitos de cálculo financeiro:

1. Óptica de investimento ( ex: depósitos bancários,


aquisição de títulos ou obrigações do BNA);

2. Óptica de financiamento (ex: empréstimos bancários,


locação financeira ou compras a prestações).
Enquadramento geral sobre operações financeiras

 A premissa básica do cálculo financeiro assenta


fundamentalmente no valor temporal do
dinheiro ( time value money) que é um conceito
intuitivo.

 Isto é 100 kwanzas, seja investido ou


emprestado, não tem para nós o mesmo valor
consoante fique disponível imediatamente ou
apenas daqui a algum tempo.
Enquadramento geral sobre operações financeiras
 Suponha as seguintes situações :

1. O gestor financeiro da empresa X foi


contemplado com um prémio de um milhão
de kwanzas pelo seu empenho nos resultados
positivos alcançados no ano transacto,
podendo optar entre recebê-los imediatamente
ou daqui a um ano.
2. Por violação de algumas normas de saúde
pública a empresa x foi multada por cem mil
kwanzas, podendo escolher entre paga-la
imediatamente ou apenas daqui a um ano.
Enquadramento geral sobre operações financeiras

 A luz da essência da preferência pela liquidez


relativamente a uma determinada quantia,
preferimos dispor imediatamente do que
apenas daqui a algum tempo, ou seja, receber o
mais rápido possível e pagar o mais tarde
possível (respostas dos dois pontos
supracitados).
Aplicação do Rendimento

Consumo
Inv. Reais directos
Rendimento
Disponível
Capital financeiro

Poupança Inv. Financeiros

Entesouramento
Variáveis fundamentais de cálculo
financeiro

Presença simultânea de
três variáveis fundamentais de
cálculo financeiro.

Capital Tempo Taxa de juro


Só nesta situação é que se
está no âmbito de uma
operação financeira.
Variáveis fundamentais de cálculo financeiro

 Capital é a quantidade de moeda cedida pelo seu proprietário a


outrem por um determinado período de tempo acordado entre ambas
as partes.

 Tempo é o prazo durante o qual o capital é aplicado.

 Período de tempo: é a unidade de tempo em que o tempo global de


aplicação foi subdividido para efeito de cálculo dos juros.

 Taxa de juro é a constante de proporcionalidade entre o juro


produzido e o capital aplicado numa unidade de tempo.
 i =f(1; 1)
Variáveis fundamentais de cálculo financeiro

 Juro é o rendimento proveniente de um capital cedido


ou aplicado por um determinado período de tempo.
 Nesta perspectiva, o juro deve ser considerado como
preço do dinheiro cedido.
J=F (t, C,i)
Fórmula fundamental do juro simples
J = Cni
J=juro
C=capital
n= tempo
i= taxa de juro
Enquadramento geral sobre operações financeiras

 Razões que justificam a remuneração de capital:

 Privação de liquidez (disponibilidade)

 Perda de poder de compra (inflação)

 Risco
Enquadramento geral sobre operações financeiras

 Intervenientes na operação financeira:

 Mutuário – aquele que pede emprestado (devedor)


 Mutuante – aquele que empresta (credor)

Nas operações financeiras intervém com


frequência a Banca .
Enquadramento geral sobre operações financeiras

 Os bancos realizam tradicionalmente dois tipos de


operações:

1. Recebimento e remuneração de depósitos de valores


de particulares e empresas;
2. Concessão de crédito a particulares e empresas.
Enquadramento geral sobre operações financeiras

 As operações bancárias dividem-se em :

 Operações activas – taxas de juro activas (recebimento


de juros ou comissões por parte de instituições
bancárias)
 Ex: emprestámos concedidos

 Operações passivas - taxas de juro passivas


(pagamento de juros por parte das instituições
bancárias)
 Ex: depósitos a prazo
Enquadramento geral sobre operações financeiras
 Spread é a diferença entre taxas activas e taxas
passivas, ou então, o acréscimo que as instituições
bancárias aplicam a uma determinada taxa de referência
(indexante) para obter a taxa de juro que será utilizada
em determinada operação bancária.

 A lógica da actividade bancária consiste tipicamente em


remunerar os capitais depositados a determinada taxa
de juro e cobrar pelos capitais emprestados a uma taxa
de juro superior.

 A sobrevivência das instituições financeiras depende


principalmente das receitas provenientes do spread e
comissões diversas que são cobradas.
Enquadramento geral sobre operações financeiras

 Taxas de referência ( indexante)


 A taxa indexante mais utilizada
actualmente na Banca é a LIBOR
(London interbank offering rate).
Enquadramento geral sobre operações financeiras

 Na resolução de qualquer problema que envolva capitais reportados


a momentos diferentes não são directamente comparáveis. Se
assim acontecer é preciso recorrer nos conceitos e técnicas de
equivalência.

 As variáveis n (tempo) e i ( taxa de juro) devem estar referidas


à mesma unidade de tempo
 Se a taxa de juro (i) é anual, o tempo (n) deve estar expresso em
anos.
 Se a taxa de juro é semestral, o tempo deve estar expresso em
semestre.
 Se a taxa de juro é mensal, o tempo deve estar expresso em mês
 Se a taxa de juro é diário, o tempo deve estar expresso em dia
Enquadramento geral sobre operações financeiras

 No caso da taxa de juro ser anual e o tempo estiver


expresso em dias torna-se necessário saber a base
de cálculo adoptada.
 As mais frequentes são:
 Ano civil – 365
n

Ano comercial – 360


n

 Na ausência de informação em contrário, assume-se


que a taxa de juro é anual e que se considera a
utilização do ano civil.
Enquadramento geral sobre operações financeiras

 Ex:
 Calcule o juro produzido por um capital de 750.000 kwanzas, a taxa anual de 6%,
após: a) 1ano; 4 meses; 112 dias (ano civil e ano comercial).
 Resolução
J= cni
a) J= 750.000 *1*0,06
J= 45.000 kz

b) J= 750.000*4/12*0,06
J= 15.000 kz

c) J= 750.000*112/365*0,06
j=13.808, 22 Kz (considerando o ano civil)
J=750.000*112/360*0,06
j=14.000 kz ( considerando o ano comercial)
Regime de capitalização – Breve caracterização

 O juro representa o preço da utilização do capital alheio.


 O processo de produção do juro designa-se por
capitalização.

 A frequência com que em determinada operação


financeira se processa o juro designa-se por frequência
ou periodicidade de capitalização.

 A capitalização pode ser: anual, semestral, quadrimestral,


trimestral, mensal e diária…..)
Desconto e taxa de desconto
 O desconto ou actualização é o processo inverso da
capitalização.

 Enquanto o processo de capitalização transforma o capital


inicial num capital superior, quando a taxa de juro é maior
que zero, o desconto transforma o capital num valor
inferior.
 C-d  C pois d  0

 O conceito de desconto só tem interesse quando


pretendermos recuar no tempo.
Desconto e taxa de desconto

 A sua aplicabilidade tem alguma relevância nos


casos em que o devedor pretende liquidar a sua
dívida ou o credor tenha necessidade de
receber os seus créditos antes da data
acordada entre as partes para o vencimento.

 Sendo um conceito semelhante ao do juro


também o desconto depende do tempo,
antecipação do vencimento e do capital em
referência.
Desconto e taxa de desconto

 Esta dependência pode ser representada


por uma proporcionalidade directa e á
constante de proporcionalidade
chamaremos logicamente de Taxa de
desconto.
 d = Cin
 d- desconto; i- taxa de juro; n - período
de tempo.
Valor acumulado e valor actual

 Designa-se por valor acumulado, se um


determinado capital C0 no momento de
referência (0) produz juro j quando aplicado durante o
espaço de tempo t.
 Ct = C0 + jt
 Em que, Ct é o valor acumulado de C0 durante o período
de tempo t.
 Valor actual é o inverso do valor acumulado.
C0 = Ct - jt
Valor acumulado e valor actual
 Temporalizando as definições importa
referir que, o valor actual de um capital é
sempre o seu valor hoje ( estamos
perante o período de referência)

 O valor acumulado será o seu valor


amanhã e o seu valor descontado teria
sido o seu valor ontem.
Valor acumulado e valor actual

 Ex: um capital de 1000 usd foi aplicado em 1-1-2008


durante um ano. O juro produzido foi de 15usd
considerando uma taxa de juro anual de 1,5%.

 Situando-nos em 1-1-2008 momento de referência, o


valor actual de capital é de 1000 usd e o seu valor
acumulado em 1-1-2009 é de 1.015 usd.

 Se no entanto nos situarmos em 1-1-2009 o seu valor


actual é 1.015 usd e o seu valor descontado para 1-1-
2008 seria de 1.000 usd.
Enquadramento geral sobre operações financeiras

 Em suma, para terminar o capítulo de introdução a


disciplina é importante na resolução dos problemas de
cálculo financeiro representar um diagrama temporal,
ou seja, recta de tempo para servir como auxílio de
raciocínio. Que doravante utilizaremos com frequência.

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