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1. Introdução
1.1. Objectivos
Expor os fundamentos da matemática financeira. Estudar as principais características
dos sistemas de juros simples e dos juros compostos e suas principais aplicações
praticas, conhecer a proporcionalidade e equivalência de capitais assim como a sua
actualização. Focar as aplicações do sistema de juros compostos nos fluxos de caixa e
dos fluxos de caixa nos sistemas de amortização. Dar ao estudante base para cursos
mais avançados.
OPERAÇÃO FINANCEIRA
Operação financeira é o ato económico pelo qual determinado agente possuidor de
capital (C) – denominado credor – transfere esse capital (C) a outro agente económico
– denominado devedor – mediante condições previamente estabelecidas, que
normalmente envolvem:
A remuneração paga pelo devedor ao credor pela utilização do capital (C);
Os prazos e as formas de devolução do capital (C) e da remuneração acordada;
e
As garantias de pagamento que o devedor apresentará ao credor.
Considere uma operação financeira em que o credor cede um capital (C) ao devedor
por um tempo constituído de (n) períodos unitários ao fim do qual o devedor devolverá
JURO
Juro (J) é o valor da remuneração do capital (C) acordado entre o credor e devedor em
uma determinada operação financeira.
A taxa de juro é uma variável positiva (> 0) de proporcionalidade entre o capital e o
juro, para cada período de capitalização, habitualmente expressa na forma percentual
(%).
TEMPO
Período ou quantidade de tempo em que decorre o processo de desembolso do
montante (capitalização).
MONTANTE
Montante (M) é a soma do capital (C) e do juro (J) que foi acordado na operação
financeira e que é devido ao seu final. Essa definição mostra a você a seguinte relação:
M=C+J
Essa relação é denominada equação básica da Matemática Financeira.
VALOR PRESENTE
Valor presente (PV) é o valor de uma operação financeira na data presente. É um valor
intermediário entre o montante (M) e o capital (C), conforme você pode ver na Figura 2.
Observe que, para uma operação financeira iniciada hoje, o capital (C) e o valor
presente (PV) coincidem; por essa razão, a expressão valor presente (PV) é,
frequentemente, utilizada como sinónima de capital (C), apesar da diferença conceitual
existente.
VALOR FUTURO
Valor futuro (FV) é o valor de uma operação financeira em qualquer data compreendida
entre a data actual e o vencimento da operação (Figura 2). De modo análogo ao valor
presente (PV) e ao capital (C), também o valor futuro (FV) é, frequentemente, tomado
como sinónimo de montante (M).
VALOR NOMINAL
Valor nominal (VN) é o valor de uma operação financeira constante do título de crédito
que a documenta. Pode ser tanto o valor inicial, ou capital (C), quanto o valor final, ou
montante (M), da operação. Alguns autores adoptam a nomenclatura “valor de face” em
vez de “valor nominal”. Frequentemente, valor nominal (VN), valor de futuro (FV) e
montante (M) são tomados como sinónimos apesar das diferenças conceituais
existentes.
será: J k ik * C k 1 (K = 1, 2, 3 …)
2. Operações de Capitalização
Capitalização
A aplicação de um capital (capital inicial) durante um determinado período de tempo,
a uma determinada taxa de juro, resulta num determinado rendimento (juro). Ao fim
desse período tempo, o capital inicial transforma-se num montante capitalizado
(capital inicial mais rendimento). A operação que consiste em adicionar o juro do
período ao capital inicial chama-se operação de capitalização.
A conversão do período de referência das taxas de juro nominais faz-se pela regra
da proporcionalidade: A uma taxa de juro anual nominal de 12% correspondem uma
taxa semestral de 6%, uma taxa trimestral de 3%, uma taxa mensal de 1%, uma
taxa bianual de 24%, e assim sucessivamente.
x
Ou seja: i x ( ) * i y ; em que x e y são os períodos de referência das duas taxas de
y
juro, que devem ser expressos na mesma base temporal (dias, meses, anos etc).
Ao contrário da taxa efectiva, este tipo de taxa de juro não gera o mesmo
montante acumulado se for alterado o seu período de referência e
capitalização.
1. O que é a “capitalização”?
2. Qual é a diferença entre “juros” e “taxa de juros”?
3. Qual e a diferença entre “taxa efectiva” e “taxa nominal”?
4. Qual é a diferença entre “regime de juros simples” e “regime de juros compostos”?
5. Qual é a diferença entre “período de capitalização” e “prazo da operação”?
6. Qual é a diferença entre “taxa proporcional” e “taxa equivalente”?
Exemplo prático nº 2:
10
11
1) Qual seria o montante devido por uma empresa que houvesse tomado emprestado
100.000,00 Meticais por dois meses, para liquidação de capital e juros no final da
operação, a uma taxa de juros de 24% ao ano no regime de juros simples?
Resposta:
Vê-se no enunciado acima que o período “n” é dois meses e a taxa de juros está
referida ao ano. Então, antes de aplicarmos a fórmula do montante, temos que calcular
a taxa de juros para dois meses que seja proporcional a 24% ao ano. Isto é feito pela
24% * 2
fórmula: i p 0,04 4% Por bimestre
100% *12
x
ix
*iy
y
2
Também podemos usar a fórmula: i2 * 0,24
12
i2 0,04
É esta a taxa de juros que vai entrar na fórmula do montante. Assim temos que:
M =?
C = 100.000,00Mt
i = 0,04 por bimestre
n = 1 bimestre
Donde:
M = C * [1 + (n * i)] = 100.000 * [1 + (1 * 0,04)] = 104.000,00 Meticais
O Capital
12
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Capital
O capital pode ser expresso pela fórmula
M
C
(1 i ) n
Taxa de Juros
A taxa de juros pode ser expressa pela fórmula
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Período/Tempo
O período de aplicação pode ser expresso por duas fórmulas:
log M log C
n
log(1 i)
Como se pode ver, algumas fórmulas derivadas são de difícil aplicação por
envolverem complexas operações de potenciação. Antigamente, estas fórmulas
eram resolvidas com o auxílio de tabelas financeiras. Hoje, com o advento das
calculadoras financeiras, estas tabelas ficaram completamente obsoletas e
anacrónicas.
Exemplo prático nº 4:
5,5917938 5,2552725
n n 4,25
0,0788
n = 4 anos e 3 meses
Exemplo prático nº 5:
1) Que capital seria necessário investir numa aplicação que rendesse 2% a.m. a
juros compostos, para que ao final de 6 meses se pudesse resgatar 250,00
Meticais?
Resposta:
C=?
M = 250,00
i = 0,02 a.m.
n = 6 meses
M 250
C 222,00 Mt
(1 I ) n
(1 0,02) 6
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1) Qual seria o montante devido por uma empresa que houvesse tomado
emprestado 100.000,00 Meticais por dois meses, para liquidação de capital e juros
no final da operação, a uma taxa de juros de 24% ao ano no regime de juros
compostos?
Resposta:
Vê-se no enunciado acima que o período “n” é dois meses e a taxa de juros está
referida ao ano. Então, para transformarmos a taxa nominal numa taxa equivalente,
temos que elevar a expressão (1+ i) por um período “n” que represente o resultado da
divisão de dois meses por um ano (2 ÷12 = 0,1667), ou seja, o inverso do número de
vezes que o período de dois meses está contido no período de um ano. Isto é feito pela
fórmula:
M C * (1 i) n 100.000 * (1 0,24) 0,1667 103.650,23Mt
2
Decompondo a expressão (1 0,24) , observamos que esta expressão é a forma
12
2
1
sintética da expressão (1 0,24) , ou seja, primeiro a expressão foi elevada a
12
“1/12”, e, em seguida, elevada a 2. Na prática, isto quer dizer que, primeiro
encontramos a taxa equivalente mês da taxa nominal de 24% ao ano; em seguida
encontramos a taxa equivalente bimestral.
Como já dissemos, na prática, as taxas nominais de juros são, quase sempre, referidas
ao mês ou ao ano, e o período “n”, em dias. Nestes casos, para calcular as taxas
equivalentes, usamos as formulas abaixo que já convertem as taxas efectivas em taxas
equivalentes, e onde o período “n” e expresso em dias:
n
(1 i) 1 (no caso de taxas mensais expressas na notação decimal) ou
30
17
n
(1 i) 1 *100 (no caso de taxas mensais expressas na notação percentual) ou
30
n
(1 i ) 360
1 *100 (no caso de taxas anuais expressas na notação percentual)
Exemplo prático nº 7:
Resposta:
15
(1 0,24) 1 0,009 ou
360
15
(1 0, 24 ) 360
1 *100 0,9%
2.) Qual é a taxa equivalente para 7 dias à taxa efectiva de 4% ao mês?
Resposta:
7
(1 0,04) 1 0,0092 ou
30
7
(1 0,04) 1 *100 0,92%
30
18
19
Resposta:
1º Investidor (Taxa de juros simples)
M = C* [1+ ( i * n)] = 100.000 * [1 + (0,10 * 0,5)] = 105.000,00
Se o prazo de resgates das duas aplicações fosse um ano, ambas teriam rendido o
mesmo, ou seja, teriam rendido juros de R$ 10.000. Se o prazo de resgate fosse
superior a um ano, o investidor que houvesse aplicado a juros compostos teria lucrado
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Conclusão
Todas as vezes que o prazo de resgate for inferior ao período de capitalização, o
regime de juros simples produz um montante superior ao montante produzido pelo
regime de juros compostos.
Actualização ou desconto
A actualização ou desconto é o processo de cálculo inverso à capitalização, pelo
qual podemos calcular, em função da taxa de juro, quanto vale num momento
anterior um capital vencível num momento posterior.
Sendo:
D S C
1
D S *S
1 i *1
1
D S * 1
(1 i * 1)
Sendo:
D – Desconto
Exemplo prático nº 9:
1) Qual é o valor actual correspondente a um valor nominal de 1.000,00 Meticais, a
receber daqui a um ano, considerando uma taxa de juros de 10%, em regime de
juros simples?
Resposta:
1 1
C *S C *1000
(1 i *1) (1 0,1 * 1)
C 909,09 Mt
Resposta:
22
Resposta:
1
C *1000
(1 0,1 * 2
C 833,33Mt
A fórmula:
1
C *S
(1 i * n)
1
Factor de actualização em regime de juro simples
1 i * n)
A fórmula de desconto:
1
D S * 1
(1 i * n)
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Resposta:
a)
1
D S * 1
(1 i * n )
1
D 100 .000 * 1
(1 0,10 * 2)
D 16.666,67 Mt
b)
1
C
(1 i * n)
1
C
(1 0,10 * 2)
C 83.333,33Mt
Resposta:
24
C 42.553,19 Mt
Df = S*i*n
Sendo:
O desconto racional ou por dentro, equivale aos juros simples, calculado sobre o valor
actual do título. Ou seja, é aquele em que a taxa de desconto incide sobre o valor
líquido do título.
S *i * n
Dd
(1 i * n)
Sendo:
Resposta:
Df = S * i * n
Df = 3.000,00 * 0,03 * 3 = 270,00
a) Se a empresa pretender receber esse crédito hoje, qual é o desconto que terá
de fazer ao seu cliente?
Resposta:
a)
Df = S * i * n
Df = 100.000*(0,10*2)
Df = 20.000,00Mt
b)
26
S
A fórmula de desconto composto é: Dcp
(1 i) n
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a) Se a taxa anual simples de desconto cobrado pelo banco for de 20%, qual
será o valor que a empresa irá receber pelo desconto dos vários títulos?
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S Co * (1 i) n
1 ou Co S * (1 i) n
Co *S
(1 i) n
Sendo:
i – Taxa de juro
1) Quanto vale hoje a quantia de 1.000,00 Meticais a receber daqui a dois anos,
em regime de juro composto. Se a taxa de juro anual for de 10%?
Resposta:
1 1
Co * S Co *1.000 C o 826,45Mt
(1 i ) n
(1 0,10) 2
D S Co
D S S * (1 i) n S * 1 (1 i) n
D S * 1 (1 i) n
Sendo:
D – Desconto
i – Taxa de juro
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Resposta:
D S * 1 (1 0,10) 2 D 1.000 * 1 (1 0,10) 2 D 173,55Mt
1
C *S ou C S * (1 i) n
(1 i ) n
Sendo:
30
Dois ou mais capitais são equivalentes, quando levados para uma mesma data
focal e com mesma taxa de juros, possuem valores iguais.
TEMOS:
X = valor que possui na data zero;
Y = quantia que possuirá após um ano;
Z = quantia que possuirá após dois anos.
Assim, temos:
20.000,00
Hoje: 25.000,00 25.000,00 12.434,43 37.434,43
(1 0,02) 24
Daqui a um ano:
20.000,00
25.000,00 * (1,02)12 31.706,04 15.770,38 47.476,42
(1 0,02)12
Daqui a dois anos:
Resposta:
C1 1.050,00
V1 1.000
(1 i ) 1
(1,05)1
C2 1.102,50
V2 1.000
(1 i ) 2
(1,05) 2
C3 1.157 ,52
V3 1.000
(1 i ) 3
(1,05) 3
C4 1.215,51
V4 1.000
(1 i ) 4
(1,05) 4
C5 1.276,28
V5 1.000
(1 i ) 5
(1,05) 5
Deste modo, podemos concluir que: V1 = V2 = V3 = V4 = V5
Pelos cálculos acima, podemos afirmar que os capitais são equivalentes. Então,
é normal possuir qualquer um dos valores acima nas respectivas datas de
vencimento. Desta forma, possuir 1.276,28 Meticais dentro de cinco anos ou
1.000,00 Meticais hoje. Esta é a lógica da equivalência de capitais, que permite
comparar valores diferentes tendo como parâmetro uma data de referência zero.
C1 C2 ou FC1 FC2
Essa equivalência pode ser representada por:
32
Dois fluxos de caixa ou capitais forem equivalentes para uma dada taxa de juros,
então, se seus valores presentes ou sua actualização/desconto calculados a
essa taxa de juros, forem iguais.
Para que os dois fluxos de caixa ou capitais sejam equivalentes, eles devem
produzir valores presentes iguais quando descontados a uma mesma taxa de
juros. A taxa que garante essa igualdade é denominada taxa de juros (ou de
desconto) de equivalência.
Observe que o desconto para o cálculo dos valores presentes de capital ou dos
fluxos de caixa pode ser feito em modelo racional ou em modelo comercial. Por
simplificação, deste ponto em diante, nos referiremos simplesmente a uma taxa
que poderá ser racional (taxa de juros) ou comercial (taxa de desconto)
conforme a situação em análise.
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S C1 S C 2
S Cn1 C n1 * (1 1 * i) C n 2 * (1 2 * i) ... C m * (1 m * i)
SCn 2 Cn1 * (1 1 * i) Cn 2 * (1 2 * i) ... Cm * (1 n * i)
Como dito, os dois fluxos de caixa serão equivalentes, em desconto
comercial, se os seus valores atuais forem iguais (para a mesma taxa de
desconto i), ou seja:
S Cn1 S Cn 2
Exemplo prático nº 17:
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n3 = 4 m, i = 2% am.
Resposta:
Aplicando a fórmula do desconto racional para o cálculo do valor presente dos
fluxos de caixa, temos:
- Para o primeiro fluxo de caixa (n1= 1 mês, n2 = 2 meses):
C1 2.000
S C1 S C1
(1 i * 2) (1 0,02 * 2)
S C1 1.923,08
C2 C3
SC 2
(1 0,02 * 3) (1 0,02 * 4)
Como C2 = C3 = C, escreve-se,
C C C C
SC 2
(1 0,02 * 3) (1 0,02 * 4) 1,06 1,08
1,08 * C 1,06 * C
SC 2
1,06 *1,08
SC 2 1,86932 * C
Aplicando a condição de equivalência para os dois fluxos de caixa, temos:
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SCn Cn * (1 i * n)
SCn1 2.000,00 * (1 0,02 * 2) 1.920,00
SCn 2 Cn * (1 0,02 * 3) Cn * (1 0,02 * 4)
SCn 2 0,94 * C 0,92 * C 1,86 * C
Dois fluxos de caixa serão equivalentes quando os seus valores presentes forem iguais
para uma dada taxa de juros, isto é, quando:
S C1 S C 2
Utilizando o critério de desconto racional composto, temos:
C1,m C 2,m C m,m
S C1 ...
(1 i )1 (1 i ) 2 (1 i ) m
C1,n C 2,n C n,n
SC 2 ...
(1 i )1 (1 i ) 2 (1 i ) n
E esses valores devem ser iguais para uma dada taxa de juros.
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2) Calcule o valor presente dos fluxos de caixa abaixo, para uma taxa de desconto
de 8% anual.
Ano Fluxo 1 Fluxo 2
1 80,00 301,92
2 80,00 301,92
3 80,00 301,92
4 1.080,00 301,92
38
39