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Matemática Financeira

PORCENTAGEM

É comum a utilização de expressões refletindo acréscimo ou reduções em preços,


números ou quantidade, tomando sempre por base 100 unidades, como nos exemplos
seguintes: A gasolina teve um aumento de 15%, significando que em cada R$ 100,00
houve um acréscimo de R$ 15,00. O cliente recebeu um desconto de 10% em todas as
mercadorias, significando que em cada R$ 100,00 foi dado um desconto de R$ 10,00.
Portanto, toda fração com denominador 100 representa uma porcentagem.

Razão centesimal
Toda razão que tem para consequente o número 100, recebe a denominação de razão
centesimal. Alguns exemplos:
7 16 125
100 100 100

Estas razões centesimais podem ser representadas de outras formas:


7
= 0,07 = 7% = 𝑠𝑒𝑡𝑒 𝑝𝑜𝑟 𝑐𝑒𝑛𝑡𝑜
100
16
= 0,16 = 16% = 𝑑𝑒𝑧𝑒𝑠𝑠𝑒𝑖𝑠 𝑝𝑜𝑟 𝑐𝑒𝑛𝑡𝑜
100
125
= 1,25 = 125% = 𝑐𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑒 𝑣𝑖𝑛𝑡𝑒 𝑒 𝑐𝑖𝑛𝑐𝑜 𝑝𝑜𝑟 𝑐𝑒𝑛𝑡𝑜
100
As expressões 7%, 16% e 125% são chamadas de taxas centesimais ou taxas
percentuais. Porcentagem é o valor obtido ao aplicarmos uma taxa percentual a um
determinado valor.

CONCEITOS BÁSICOS DE MATEMÁTICA FINANCEIRA

A Matemática Financeira tem por finalidade estudar o valor do dinheiro no tempo, tanto
nas aplicações financeiras como nos pagamentos de empréstimos. Os objetivos
principais da Matemática Financeira são:
a. A transformação e o manuseio de fluxos de caixa, com a aplicação das taxas de
juros de cada período, levando-se em conta o valor do dinheiro no tempo.
b. A obtenção da taxa interna de juros que está implícita em um fluxo de caixa.
c. A análise e a comparação de diversas alternativas de fluxos de caixa.

O VALOR DO DINHEIRO NO TEMPO

Do ponto de vista da Matemática Financeira, R$ 100,00 hoje não são iguais a R$ 100,00
em qualquer outra data, uma vez que o dinheiro cresce no tempo devido à a taxa de
juros. O valor de R$ 100,00 hoje somente será igual a R$ 100,00 daqui a um ano, na
absurda hipótese da taxa de juros ser igual a zero. A Matemática Financeira está ligada
diretamente ao valor do dinheiro no tempo, que por sua vez está ligado à existência da
taxa de juros. Em Matemática Financeira existem dois mandamentos fundamentais que
não podem deixar de ser observados:
a. Valores de uma mesma data representam grandezas comparáveis que podem ser
somados algebricamente.

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b. Valores de datas diferentes somente serão comparáveis e poderão ser somados


algebricamente após serem transportados para uma mesma data, com a correta
aplicação de uma taxa de juros.

FLUXO DE CAIXA

O fluxo de caixa é o conjunto de entradas e saídas de dinheiro (caixa) ao longo do


tempo. Pode ser apresentado como fluxo de caixa de empresas, de investimentos, de
projetos, de operações financeiras, etc. O fluxo de caixa é indispensável na análise de
rentabilidade e de custos de operações financeiras, no estudo de viabilidade econômica
de projetos e de investimentos.
O fluxo de caixa é uma representação esquemática de grande utilidade na resolução de
problemas. Basicamente, o fluxo de caixa é um eixo horizontal onde é marcado o
tempo, a partir de um instante inicial (origem). A unidade de tempo poder ser dia, mês,
ano, etc. As entradas de dinheiro são indicadas por setas perpendiculares ao eixo
horizontal e orientadas para cima. As saídas de dinheiro são igualmente representadas
por setas perpendiculares ao eixo horizontal, porém orientadas para baixo.
Todo e qualquer problema em Matemática Financeira pode ser representado por seu
fluxo de caixa (investimentos, projetos, operações financeiras, etc.)
A representação do fluxo de caixa é feito por meio de tabelas, quadros, ou,
esquematicamente, através de um diagrama, conhecido como “diagrama do fluxo de
caixa”.

Recebimento $

0 1 2 ... N
Pagamento $ Pagamento $ Pagamento $ Pagamento $

Uma mesma operação pode ter fluxos de caixa diferentes dependendo do ponto de
vista.

Por exemplo, considerando que uma pessoa tenha feito uma aplicação de $ 50.000,00
em um banco e recebido $ 6.500,00 de juros após 12 meses.

O fluxo de caixa do ponto de vista do aplicador refletirá a aplicação de $ 50.000 e o


recebimento de $ 56.500,00.

$ 56.500,00

0 12
$ 50.000,00

O fluxo de caixa dessa mesma operação, porém sob o ponto de vista do banco, refletirá
o recebimento de uma aplicação de $50.000,00 e o pagamento de um montante de
$56.500,00.

$ 50.000,00

0 12
$ 56.500,00

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Na elaboração do fluxo de caixa são respeitadas algumas convenções:


a. A escala horizontal representa o tempo, que é dividido em períodos descontínuos,
em dias, semanas, meses, trimestres, semestres ou anos.
b. Os intervalos de todos os períodos de tempo são iguais.
c. Os valores monetários de cada período são colocados no início ou no final do
período. Nenhum valor é colocado no meio do período, por que os períodos não
são contínuos.
d. Saídas de caixa correspondem a pagamentos, têm sinais negativos e são
representados por setas orientadas para baixo.
e. Entradas de caixa correspondem a recebimentos, têm sinais positivos e são
representados por setas orientadas para cima.

CAPITAL

Chamamos de capital ao valor que uma pessoa física ou jurídica empresta a outra
pessoa física ou jurídica durante determinado período de tempo. Também é conhecido
como Principal, Valor Atual, Valor Presente ou Valor Aplicado. Em inglês usa-se Present
Value (indicado pela tecla PV nas calculadoras financeiras).

JUROS

Juros podem ser definidos como a remuneração de um capital, a qualquer título.


Juros é o dinheiro pago pelo uso do dinheiro emprestado ou como remuneração do
capital empregado em atividades produtivas.
Portanto, são válidas as seguintes expressões como conceitos de juros:
a. Remuneração do capital empregado em atividades produtivas.
b. Custo do capital de terceiros
c. Remuneração paga pelas instituições financeiras sobre o capital nelas aplicado.

Os juros representam a remuneração do capital empregado em alguma atividade


produtiva. O juro é a remuneração pelo empréstimo do dinheiro. Ele existe porque a
maioria das pessoas prefere o consumo imediato, e está disposta a pagar um preço por
isto.
Por outro lado, quem for capaz de esperar até possuir a quantia suficiente para adquirir
seu desejo, e neste ínterim estiver disposta a emprestar esta quantia a alguém, menos
paciente, deve ser recompensado por esta abstinência na proporção do tempo e risco,
que a operação envolver.
Para o investidor o juro é a remuneração do investimento. Para o tomador o juro é o
custo do capital obtido por empréstimo.
O tempo, o risco e a quantidade de dinheiro disponível no mercado para empréstimos
definem qual deverá ser a remuneração, mais conhecida como taxa de juros.
Atente também para as seguintes definições:
 Inflação (desgaste da moeda) – diminuição do poder aquisitivo da moeda exige que
o investimento produza retorno maior que o capital investido.
 Utilidade – investir significa deixar de consumir hoje para consumir amanhã̃, o que
só é atraente quando o capital recebe remuneração adequada, isto é, havendo
preferência temporal para consumir, as pessoas querem uma recompensa pela
abstinência do consumo. O prêmio para que não haja consumo é o juro.
 Risco – existe sempre a possibilidade de o investimento não corresponder às
expectativas. Isso se deve ao fato de o devedor não poder pagar o débito, o tempo
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de empréstimo (as operações de curto prazo são menos arriscadas) e o volume do


capital emprestado. Pode-se associar ao acréscimo na taxa pelo maior risco como
um seguro que aquele que oferta os fundos cobra por assumi-los.
 Oportunidade – os recursos disponíveis para investir são limitados, motivo pelo qual
ao se aceitar determinado projeto perdem-se oportunidades de ganhos em outros,
e é preciso que o primeiro ofereça retorno satisfatório.

TAXA DE JUROS

A taxa de juros indica qual remuneração que será paga ao dinheiro emprestado, para
um determinado período. A taxa de juros refere-se ao valor do juro numa certa unidade
de tempo, expressa como porcentagem do capital. A taxa de juros é a razão entre os
juros que serão cobrados no fim do período e o capital (valor presente) inicialmente
empregado. Normalmente a taxa de juros é expressa da forma percentual, seguida da
especificação do período de tempo a que se refere:
8 % a.a. – a.a. significa ao ano.
10 % a.t. – a.t. significa ao trimestre.

MONTANTE

Quando um empréstimo for devolvido em um único pagamento, o tomador do


empréstimo pagará a soma do capital com o juro. Essa soma é denominada montante.

REGIMES DE CAPITALIZAÇÃO

Quando um capital é aplicado por vários períodos, a certa taxa de juros por período, o
seu montante poderá crescer de acordo com duas convenções ou regimes de
capitalização: regime de capitalização simples (ou juros simples) e regime de
capitalização composta (ou juros compostos)

JUROS SIMPLES

No regime de juros simples o percentual de juros incidirá apenas sobre o valor principal
aplicado, só o principal rende juros ao longo da vida do investimento. Os juros do
período não serão somados ao capital para o cálculo de novos juros nos períodos
seguintes, assim somente o principal é que rende juros.
O regime de juros simples é utilizado no mercado financeiro, sobretudo em operações
de curto prazo, em função da simplicidade de cálculo.

JUROS COMPOSTOS

No regime de juros compostos, os juros de cada período são somados ao capital para
o cálculo de novos juros nos períodos seguintes. Portanto, os juros de cada período
serão calculados sobre o saldo de principal mais juro existente no início de cada período
e não somente sobre o capital inicial.

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No regime de juros compostos, os juros de cada período, quando não pagos ao final do
período, são incorporados ao capital e passam, por sua vez, a render juros. O período
de tempo considerado é, então, denominado período de capitalização.

QUANDO USAMOS JUROS SIMPLES E JUROS COMPOSTOS?

A maioria das operações envolvendo dinheiro utiliza juros compostos.


Estão incluídas: compras a prazo, compras com cartão de crédito, empréstimos
bancários, as aplicações financeiras usuais como Caderneta de Poupança e aplicações
em fundos de renda fixa, etc. Raramente encontramos uso para o regime de juros
simples: é o caso das operações de curtíssimo prazo, e do processo de desconto simples
de duplicatas.

COMPARAÇÃO ENTRE REGIME DE CAPITALIZAÇÃO SIMPLES E REGIME DE


CAPITALIZAÇÃO COMPOSTA

Consideraremos para comparar os dois regimes de capitalização uma aplicação de $


1.000,00 durante 3 anos à taxa de 10% ao ano com pagamento de juros ao final da
operação.
No regime de capitalização simples o juro gerado em cada período é constante e igual
ao produto do capital pela taxa de juros. Portanto, somente o capital aplicado é que
renderá juros.
No regime de capitalização composta, o juro do primeiro período (capital vezes a taxa
de juros) será agregado ao capital inicial gerando o montante M 1. O juro do segundo
período será igual ao produto do montante gerado no primeiro período (M 1) pela taxa
de juros, que agregado ao montante M1 dará o montante M2. O juro do terceiro período
será igual ao produto do montante gerado no segundo período (M 2) pela taxa de juros,
que agregado ao montante M2 dará o montante M3.

No regime de capitalização simples, teremos:


1º ano – $ 1.000,00 x 0,10 = juros de $ 100,00
2º ano – $ 1.000,00 x 0,10 = juros de $ 100,00
3º ano – $ 1.000,00 x 0,10 = juros de $ 100,00
Portanto, o montante após 3 anos será de $ 1.300,0
No regime de capitalização composta, teremos:
1º ano – $ 1.000,00 x 0,10 = juros de $ 100,00 – montante = $ 1.100,00
2º ano – $ 1.100,00 x 0,10 = juros de $ 110,00 – montante = $ 1.210,00
3º ano – $ 1.210,00 x 0,10 = juros de $ 121,00 – montante = $ 1.331,00
Portanto, o montante após 3 anos será de $ 1.331,00.

Capitalização simples: o juro de cada intervalo de tempo sempre é calculado sobre


o capital inicial emprestado ou aplicado.
Capitalização composta: o juro de cada intervalo de tempo é calculado a partir do
saldo no início de correspondente intervalo. Ou seja: o juro de cada intervalo de tempo
é incorporado ao capital inicial e passa a render juros também.

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Comparação - regimes de capitalização simples e de capitalização composta.


Dados básicos: Capital inicial = $ 100,00; Taxa de juros = 10 % a.a.; Prazo = 4 anos

Juros simples
Final do Escala Saldo no início de Juros de cada ano Saldo no final de
cada ano cada ano
- 0 - - 100,00
1° Ano 1 100,00 100,00 x 0,1= 10 110,00
2° Ano 2 110,00 100,00 x 0,1= 10 120,00
3° Ano 3 120,00 100,00 x 0,1= 10 130,00
4° Ano 4 130,00 100,00 x 0,1= 10 140,00

Juros compostos
Escala Saldo no início de Juros de cada ano Saldo no final de
Final do cada ano cada ano
- 0 - - 100,00
1° Ano 1 100,00 100,00 x 0,1= 10,00 110,00
2° Ano 2 110,00 110,00 x 0,1= 11,00 121,00
3° Ano 3 121,00 121,00 x 0,1= 12,10 133,10
4° Ano 4 133,10 133,10 x 0,1= 13,31 146,41

JUROS SIMPLES – RELAÇÕES BÁSICAS

Fórmula dos juros


J=C.i.n
J = juros
C = capital ou principal
i = taxa de juros
n = número de períodos
Importante: a taxa i tem que ser expressa na mesma medida de tempo de n, ou seja,
taxa de juros ao mês para n meses.

Exemplo 1 – Uma dívida de R$ 1.000,00 deve ser paga com juros de 8% a.m. pelo
regime de juros simples e no prazo de 2 meses. Qual o valor dos juros?
J = (1.000,00 x 0,08) x 2 = 160,00
Fórmula do montante
Ao somarmos os juros ao valor principal temos o montante.
Montante = Capital + Juros
Montante = Capital+ (Capital x Taxa de juros x Número de períodos)
M = C (1 + in)

Exemplo 2 – Calcular o montante resultante da aplicação de $ 70.000,00 à taxa de


10,5% a.a. durante 145 dias.
M = C . ( 1 + i.n)
145
M=70.000,00 (1+ 0,105 × ) =$ 72.960,42
360

Observe que expressamos a taxa i e o período n, na mesma unidade de tempo, ou


seja, anos. Daí ter dividido 145 dias por 360, para obter o valor equivalente em anos,
já que um ano comercial possui 360 dias.
Com frequência as taxas são fornecidas em termos anuais e os prazos fixados em
número de dias. Pode-se ter dois enfoques neste caso, dependendo do número de dias
tomado para o ano.

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a) Juro exato – base ano civil (365 ou 366 dias) e cada mês com seu número real de
dias.
b) Juro comercial – base ano comercial (360 dias) e o mês comercial com 30 dias.
Conhecendo os valores dos juros e do capital, podemos encontrar a taxa de juros do
𝑱
período pela fórmula 𝒊= 𝑪
Conhecendo os valores do montante e do capital, podemos encontrar a taxa de juros
𝑴
do período pela fórmula 𝒊 = (𝑪) − 𝟏

Exemplo 3 – Um capital de $ 5.000,00 foi aplicado a juros simples, durante 3 anos, à


taxa de 12% ao ano. Obtenha os juros e o montante

Juros.
C = 5.000,00
n = 3 anos
i = 12% ao ano
J=?

J=C.i.n
J = 5.000,00 x 0,12 x 3 = 1.800,00

Montante.
C = 5.000,00
n = 3 anos
i = 12% ao ano
M=?

M = C ( 1 + in)
M = 5.000,00 (1 + 0,12 x 3)
M = 6.800,00
ou M = C + J
M = 5.000,00 + 1.800,00 = 6.800,00

Exemplo 4 – Um capital de $ 7.000,00 é aplicado a juros simples, durante um ano e


meio, á taxa de 8% a.s. (ao semestre). Obtenha os juros e o montante.
C = 7.000,00
n = 1 ano e meio = 18 meses = 6 semestres
i = 8% a.s.

a) Juros
J=C.i.n
J = 7.000,00 x 0,08 x 3 = 1.680,00

b) Montante
M = C ( 1 + in)
M = 7.000,00 (1 + 0,08 x 3)
M = 8.680,00
Ou
M=C+J
M = 7.000,00 + 1.680,00 = 8.680,00

Exemplo 5 – Qual o capital que rende juros simples de $ 3.000,00 no prazo de 5


meses, se a taxa for de 2% a.m.?
J = 3.000,00
n = 5 meses
i = 2% ao mês

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J=C.i.n
3.000,00 = C x 0,02 x 5
3.000,00 = 0,10C
3.000,00
C= = 𝟑𝟎. 𝟎𝟎𝟎, 𝟎𝟎
0,10

Exemplo 6 – Uma aplicação financeira tem prazo de 5 meses, rende juros simples à
taxa de 22% ao ano e paga imposto de renda igual a 20% do juro; o imposto é pago
no resgate.
a) Qual o montante líquido de uma aplicação de $ 8.000,00? (montante líquido é
igual ao montante menos o imposto de renda).
b) Qual o capital que deve ser aplicado para dar um montante líquido de $
9.500,00?

Seja IR o imposto de renda e ML o montante líquido.


Se o ML é igual ao montante menos o IR, então ML = C + J – IR
Se IR = 0,20J, então ML = C + J – 0,20J.
Portanto ML = C + 0,80J
Substituindo J por C.i.n, teremos ML = C + 0,80 (C.i.n)

a) Montante líquido
C = 8.000,00
n =5 meses
i = 22% ao ano
ML = C + 0,80 (C.i.n)
ML = 8.000,00 + 0,80 (8.000,00 x 0,22/12 x 5)
ML = 8.000,00 + 0,80 (733,33)
ML = 8.000,00 + 586,67 = 8.586,67

b) Capital procurado
C=?
n =5 meses
i = 22% ao ano
ML = 9.500,00
ML = C + 0,80 (C.i.n)
9.500,00 = C + 0,80 (C x 0,22/12 x 5)
9.500,00 = C + 0,80 (0,09166666C)
9.500,00 = C + 0,0733333C
9.500,00 = 1,0733333C
C = 9.500,00 / 1,0733333 = 8.850,93

VALOR NOMINAL E VALOR ATUAL (OU PRESENTE) EM JUROS SIMPLES

Uma pessoa tem uma dívida de $ 11.000,00 a ser paga daqui a 5 meses. Considerando
que esta pessoa pode aplicar seu dinheiro hoje, a juros simples e à taxa de 2% ao mês,
quanto precisará aplicar para poder pagar a dívida no seu vencimento? Nesta situação
chamamos de:
 Valor nominal (N) – valor da dívida na data de seu vencimento
 Valor atual ou valor presente (V) – valor aplicado a juros simples numa data
anterior até a data de vencimento e que proporcione um montante igual ao valor
nominal.

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Esquematicamente teremos:
N

0 N
V

Matematicamente teremos V + Vin = N

No exemplo temos:
N = 11.000,00
n = 5 meses
i = 2% ao mês
V + Vin = N
V + V x 0,02 x 5 = 11.000,00
V = 0,10 V = 11.000,00
1,10 V = 11.000,00
V = 11.000,00 / 1,10 = 10.000,00
Portanto, esta pessoa deverá aplicar $ 10.000 hoje, à taxa de 2% ao mês, para saldar
o compromisso daqui a 5 meses.

Exemplo 7 – Consideraremos que um investidor tenha adquirido por $ 17.000,00 um


título de uma empresa, cujo valor nominal é de $ 20.000,00 sendo o prazo de
vencimento igual a 12 meses. Esta operação dará ao investidor o direito de receber $
20.000,00 daqui a 12 meses.
a) Qual a taxa de juros desta aplicação, no período e ao mês, no regime de juros
simples?
b) Supondo que, 6 meses antes do vencimento do título, o investidor, necessitando
de dinheiro, decida vender o título para outro investidor. Além disso,
consideraremos que nesta data a taxa de juros para este tipo de aplicação tenha
caído para 1,3% ao mês. Qual o preço de venda do título?
c) Considerando os dados acima, qual a taxa de juros auferida pelo investidor nesta
aplicação.

a) Taxa de juros no período e ao mês


i = ( M / C ) – 1 ou i = ( N / V ) – 1
N = 20.000,00
V = 17.000,00
i = (20.000,00 / 17.000,00) – 1
i = 0,1765 = 17,65% no período
A aplicação foi feita pelo período de 12 meses, portanto a taxa mensal foi
i = 17,65% / 12 = 1,47% ao mês

b) Preço de venda do título (V = ?)


N = 20.000,00
n = 6 meses
i = 1,3% ao mês
V + Vin = N
V + V x 0,013 x 6 = 20.000,00
V = 0,078 V = 20.000,00
1,078 V = 20.000,00
V = 20.000,00 / 1,078 = 18.552,88

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c) Taxa de juro auferido pelo investidor


i=(M/C)–1
M = 18.552,88
C = 17.000,00
i = (18.552,88 / 17.000,00) – 1
i = 0,0913 = 9,13% no período
A aplicação foi feita pelo período de 6 meses, portanto a taxa mensal foi
i = 9,13% / 6 = 1,52% ao mês

JUROS COMPOSTOS – RELAÇÕES BÁSICAS

Fórmula do montante
M = C . (1 + i)n
Importante: a taxa i tem que ser expressa na mesma medida de tempo de n, ou seja,
taxa de juros ao mês para n meses.
O fator (1 + i)n é chamado de fator de acumulação de capital para pagamento
único, e pode ser calculado em calculadoras ou ser obtido em tabelas constantes de
livros de Matemática Financeira.
Para calcularmos apenas os juros basta diminuir o principal do montante ao final do
período, ou seja, J = M - C

Exemplo 8 – Um capital de $ 6.000,00 foi aplicado a juros compostos durante 3 meses,


à taxa de 2% ao mês. Determinar o valor do montante. Determinar o total de juros
auferido.

a) Montante
C = 6.000,00
n = 3 meses
i = 2% ao mês
M = C . (1 + i)n
M = 6.000,00 (1 + 0,02)3
M = 6.000,00 (1,02)3
M = 6.000,00 x 1,061208
M = 6.367,25

b) Total de juros auferidos


J=M-C
J = 6.367,25 – 6.000,00
J = 367,25

Resolução na HP-12C
6.000 CHS PV
3 n
2 i
FV 6.367,25

Exemplo 9 – Qual o capital que, aplicado a juros compostos à taxa de 2,5% ao mês,
produz um montante de $ 3.500,00 após um ano?
M = 3.500,00
n = 1 ano = 12 meses
i = 2,5% ao mês
C=?

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M = C . (1 + i)n
3.500,00 = C (1 + 0,025)12
3.500,00 = C (1,025)12
3.500 = 1,344888824C
C = 3.500,00 / 1,344888824
C = 2.602,45

Resolução na HP-12C
3.500 CHS FV
12 N
2,5 I
PV 2.602,45

Exemplo 10 – Um capital de $ 2.500,00 foi aplicado a juros compostos durante 4


meses, produzindo um montante de $ 3.500,00. Qual a taxa mensal de juros?
C = 2.500,00
n = 4 meses
M = 3.500,00
i=?

M = C . (1 + i)n
3.500,00 = 2.500,00 (1 + i)4
(1 + i)4 = 3.500,00 / 2.500,00
(1 + i)4 = 1,4
Elevando os 2 membros da equação ao expoente ¼
((1 + i)4)1/4 = (1,4)1/4
(1 + i)4/4 = (1,4)1/4
1 + i = (1,4)0,25
1 + i = 1,087757306
i = 1,087757306 – 1
i = 0,087757306
i = 8,78% ao mês

Resolução na HP-12C
2.500 CHS PV
4 N
3.500 FV
i 8,78

Exemplo 11 – Durante quanto tempo um capital de $ 1.000,00 deve ser aplicado a


juros compostos, à taxa de 10% ao ano para dar um montante de $ 1.610,51?
C = 1.000,00
i = 10% ao ano
M = 1.610,51
n=?

M = C . (1 + i)n
1.610,51 = 1.000,00 (1 + 0,10)n
(1,10)n = 1.610,51 / 1.000,00
(1,10)n = 1,61051
Tomando o logaritmo natural (LN) de ambos os membros
LN (1,10)n = LN (1,61051)
n.LN (1,10) = LN (1,61051)
n = LN (1,61051) / LN (1,10)
n = 0,476551 / 0,09531
n = 5 anos

Pág. 11
Matemática Financeira

Resolução na HP-12C
1.000 CHS PV
10 I
1.610,51 FV
N 5

Exemplo 12 – Uma empresa recebeu um empréstimo de $ 30.000,00 para pagamento


em 56 dias. O banco cobrou juros compostos a uma taxa de 52% ao ano. qual o
montante?
C = 30.000,00
n = 56 dias = 56/360
i = 52% ao ano

M = C . (1 + i)n
M = 30.000,00 (1 + 0,52)56/360
M = 30.000,00 (1,52)0,155555
M = 30.000,00 x 1,067300666
M = 32.019,02

Resolução na HP-12C
30.000 CHS PV
56 Enter
360 :n
52 i
FV 32.019,02
No exemplo acima, o prazo n é um período não inteiro. Neste caso, existem duas
convenções de cálculo:
- Convenção exponencial – a fórmula do montante é estendida para valores de n
positivos e não inteiros.
- Convenção linear – calcula o montante a juros compostos durante a parte inteira do
período e, sobre o montante obtido, aplica juros simples durante a parte não inteira
do período considerado. Na prática, a convenção linear é raramente utilizada.
Na maioria das calculadoras financeiras, as teclas financeiras já estão programadas com
a convenção exponencial.
No caso da HP-12C, o cálculo pode ser realizado considerando ambas as convenções:
acionando-se a tecla STO seguida da tecla EEX, aparecerá no visor a letra C, indicando
que a calculadora estará operando pela convenção exponencial. Acionando-se
novamente a sequência de tecla, a letra C desaparecerá do visor e a calculadora estará
operando pela convenção linear.

Exemplo 13 – Um capital de R$ 1.000,00 foi aplicado a juros compostos, durante três


meses e meio, à taxa de 8% ao mês. Qual o montante peça convenção exponencial?
Qual o montante pela convenção linear?
C = 1.000,00
n = 3,5 meses
i = 8% ao mês

Convenção exponencial
M = 1.000,00 (1 + 0,08)3,5
M = 1.309,13

Convenção linear
M = 1.000,00 (1 + 0,08)3 = 1.259,71
M’ = 1.259,71 + 1.259,71 (0,08) 0,5
M’ = 1.310,10

Pág. 12
Matemática Financeira

TAXAS EQUIVALENTES EM JUROS COMPOSTOS

Duas taxas são equivalentes a juros compostos quando, aplicadas num mesmo capital
e durante um mesmo prazo, produzem montantes iguais.
iq = a taxa que queremos
it = a taxa que temos
q = o prazo da taxa que queremos
t = o prazo da taxa que temos
iq = ( 1 + it)q/t - 1

Exemplo 14 – Em juros compostos, qual a taxa anual equivalente a 2% ao mês?


iq = i ao ano
it = 2% ao mês
q = 1 ano = 12 meses
t = 1 mes

iq = ( 1 + it)q/t – 1
iq = (1 + 0,02)12/1 – 1
iq = (1,02)12 – 1
iq = 1,268241795 – 1
iq = 26,82% ao ano
Portanto, a taxa de 26,82% ao ano é equivalente á taxa de 2% ao mês no regime
de juros compostos.

Exemplo 15 – Em juros compostos, qual a taxa trimestral equivalente a 15% ao ano?


iq = i ao trimestre
it = 15% ao ano
q = 1 trimestre = 3 meses
t = 1 ano = 12 meses

iq = ( 1 + it)q/t – 1
iq = (1 + 0,15)3/12 – 1
iq = (1,15)0,25 – 1
iq = 1,035558076 – 1
iq = 3,56% ao trimestre
Portanto, a taxa de 3,56% ao trimestre é equivalente á taxa de 15% ao ano no
regime de juros compostos.

Exemplo 16 – Em juros compostos, qual a taxa mensal correspondente a 8% ao


trimestre?
iq = i ao mes
it = 8% ao trimestre
q = 1 mês
t = 1 trimestre = 3 meses

iq = ( 1 + it)q/t – 1
iq = (1 + 0,08)1/3 – 1
iq = (1,08)0,3333333 – 1
iq = 1,025985568 – 1
iq = 2,60% ao mês
Portanto, a taxa de 2,60% ao mês é equivalente á taxa de 8% ao trimestre no
regime de juros compostos.

Pág. 13
Matemática Financeira

VALOR NOMINAL E VALOR ATUAL EM JUROS COMPOSTOS

Os conceitos de valor nominal e de valor atual em juros compostos são similares aos
conceitos vistos em juros simples.
 Valor nominal (N) – valor do compromisso na data de seu vencimento
 Valor atual ou valor presente (V) – valor do compromisso numa data anterior
ao vencimento e que aplicado a juros compostos a partir desta data até a data de
vencimento, produz um montante igual ao valor nominal.

Esquematicamente teremos:
N

0 n
V

Matematicamente teremos:
V(1 + i)n = N
𝑁
𝑉=
(1 + 𝑖)𝑛

Exemplo 17 – Uma pessoa tem uma dívida de $ 10.000,00 vencível daqui a 3 meses.
Qual o seu valor atual hoje considerando uma taxa de juros compostos de 1,5% ao
mês?
N = 10.000,00
n = 3 meses
i = 1,5% ao mês
𝑁
𝑉=
(1 + 𝑖)𝑛
10.000,00
𝑉=
(1 + 0,015)3
10.000,00
𝑉= = 𝟗. 𝟓𝟔𝟑, 𝟏𝟕
1,045678375

COMPRA À VISTA E COMPRA À PRAZO

A decisão entre um compra à vista e uma compra à prazo é uma aplicação do conceito
de valor atual. O procedimento consiste em calcular o valor atual do pagamento à prazo
e compará-lo com o preço à vista. A melhor alternativa é a que apresentar menor valor
(preço econômico).

Exemplo 18 – O que é melhor para um comprador: pagar por um terreno $ 50.000,00


daqui a 50 dias ou pagar à vista com 3% de desconto sobre aquele preço? Suponha
que o comprador consiga aplicar seu dinheiro à taxa de 1,4% ao mês.
Preço à vista
50.000,00 – (0,03 x 50.000,00) = 48.500
Pág. 14
Matemática Financeira

Valor presente do preço à prazo


N = 50.000,00
n = 50 dias
i = 1,4% ao mês
V = N / (1 + i)n
V = 50.000,00 / (1 + 0,014)50/30
V = 50.000,00 / (1,014)1,666666
V = 50.000,00 / 1,023442054
V = 48.854,74

Conclusão – a melhor alternativa é pagar à vista


Preço à vista (48.500,00) < Valor presente do preço à prazo (48.854,74)

CAPITALIZAÇÃO COMPOSTA COM TAXAS DE JUROS VARIÁVEIS

Até agora, consideramos a capitalização composta com a taxa de juros permanecendo


constante durante todo o tempo da operação. Vamos considerar a capitalização
composta quando a taxa de juros varia em cada período. Neste caso, o montante após
n períodos será dado por:
Mn = C (1 + i1)(1 + i2)(1 + i3) ... (1 + in)
A taxa acumulada no período é dada por:
iAC = (1 + i1)(1 + i2)(1 + i3) ... (1 + in) – 1

Exemplo 19 – Em três meses consecutivos, um fundo de renda fixa rendeu,


respectivamente, 1,3%, 1,7% e 2,1%. Se o capital aplicado no início do primeiro mês
foi de R$ 16.000,00, pede-se o montante ao final do terceiro mês e a taxa de
rentabilidade acumulado deste fundo no trimestre.
C = 16.000,00
i1 = 1,3% ao mês
i2 = 1,7% ao mês
i3 = 2,1% ao mês
Montante ao final do terceiro mês
M = 16.000,00 (1,013) (1,017) (1,021)
M = 16.829,69

Taxa de rentabilidade acumulada


iAC = (1,013) (1,017) (1,021) – 1 = 0,0519
iAC = 5,19%

Leis fundamentais dos logaritmos

a) o logaritmo da multiplicação de dois ou mais números positivos é a soma dos


logaritmos dos números.
log (A x B) = log A + log B
b) O logaritmo do quociente de dois números positivos é o logaritmo do numerador
menos o logaritmo do denominador.
log (A / B) = log A – log B
c) O logaritmo da potência de um número positivo é o produto do expoente n da
potência pelo logaritmo do número.
log An = n.log A

Pág. 15
Matemática Financeira

Propriedades dos expoentes


a) a m x an = a m+n

b) am / an = a m–n

c) (am)n = a mxn

d) (a x b)n = an x bn
e) (a / b)n = an / bn

DESCONTO

Desconto está associado ao abatimento dado a um valor monetário em determinadas


condições. Podemos ter um desconto no preço unitário de um produto quando fazemos
uma compra em grande quantidade. No comércio é prática comum o vendedor conceder
prazo para pagamento; caso o comprador queira pagar à vista, é usual a concessão de
um desconto sobre o preço praticado. Nestas situações, o desconto é um expresso por
um porcentual aplicado sobre o preço.
Outra situação em que o conceito de desconto é utilizado ocorre quando o vendedor
vende um produto à prazo, emitindo neste caso uma duplicata que lhe dará o direito
de receber do comprador em uma data futura o valor da venda realizada. Caso o
vendedor necessite de dinheiro, poderá ir a um banco e efetuar o desconto da duplicata.
Neste caso, a empresa vendedora cede ao banco o direito de receber a duplicata em
troca de dinheiro recebido antecipadamente.
Do mesmo modo que o desconto de duplicatas, uma empresa pode descontar notas
promissórias em um banco. A nota promissória tem origem quando um devedor assume
uma dívida junto a um credor, sendo a nota promissória um título representativo de
uma promessa de pagamento ao credor, feita pelo devedor.

Se uma pessoa deve uma quantia em dinheiro em uma data futura, é normal que
entregue ao credor um título de crédito, que é o comprovante dessa dívida. Todo título
de crédito tem uma data de vencimento, porém, o devedor pode resgatá-lo
antecipadamente, obtendo com isso um abatimento denominado desconto.

Os títulos de crédito mais utilizados em operações financeiras são a nota promissória,


a duplicata e a letra de câmbio.

 A nota promissória é um comprovante da aplicação de um capital com vencimento


predeterminado. É um título muito usado entre pessoas físicas ou entre pessoa física
e instituição financeira.
 A duplicata é um título emitido por uma pessoa jurídica contra seu cliente (pessoa
física ou jurídica), para o qual ela vendeu mercadorias a prazo ou prestou serviços a
serem pagos no futuro, segundo um contrato.
 A letra de câmbio, assim como a nota promissória, é um comprovante de uma
aplicação de capital com vencimento predeterminado, porém, é um título ao
portador, emitido exclusivamente por uma instituição financeira.
Com relação aos títulos de crédito, pode ocorrer:
 que o devedor efetue o pagamento antes do dia predeterminado. Nesse caso, ele se
beneficia com um abatimento correspondente ao juro que seria gerado por esse
dinheiro durante o intervalo de tempo que falta para o vencimento;
 que o credor necessite do seu dinheiro antes da data predeterminada. Nesse caso,
ele pode vender o título de crédito a um terceiro e é justo que este último obtenha
um lucro, correspondente ao juro do capital que adianta, no intervalo de tempo que
falta para o devedor liquidar o pagamento. Assim, ele paga uma quantia menor que
a fixada no título de crédito.

Pág. 16
Matemática Financeira

Em ambos os casos há um benefício, definido pela diferença entre as duas quantidades.
Esse benefício, obtido de comum acordo, recebe o nome de desconto.

TAXA DE DESCONTO

A taxa de desconto representa o percentual a ser aplicado sobre o valor de resgate de


uma operação visando ao cálculo do valor do desconto. Em outras palavras, representa
os juros (encargos ou rendimentos) antecipados calculados no momento da realização
da operação.

DESCONTO SIMPLES COMERCIAL OU BANCÁRIO

O desconto simples comercial ou bancário é definido como sendo o valor que se obtém
pelo cálculo do juro simples sobre o valor nominal do compromisso que seja saldado n
períodos antes do seu vencimento.
Chamamos de desconto comercial ou bancário o valor equivalente ao juro simples
produzido pelo valor nominal do título no período de tempo correspondente e à taxa
fixada.
O desconto simples comercial ou bancário ou “por fora” é dado pela fórmula:
D = N.d.n, onde:
D = valor do desconto. É a quantia a ser abatida do valor nominal.
N = valor nominal (ou valor futuro, ou valor de face, ou valor de resgate) do título a
ser descontado. É o valor indicado no título (importância a ser paga no dia do
vencimento).
d = taxa de desconto
n = prazo de vencimento do título. É o número de dias compreendido entre o dia em
que se negocia o título e o de seu vencimento, incluindo o primeiro e não o último, ou
então, incluindo o último e não o primeiro.
A diferença N – D é chamada de valor descontado, ou valor atual comercial, ou valor
líquido do título. É o valor líquido pago (ou recebido) antes do vencimento. Indicaremos
esta diferença por Vd, portanto:
Vd = N – D
Ou ainda: Vd = N – Ndn

As operações de desconto de títulos praticadas pelos bancos comerciais costumam


apresentar os seguintes encargos financeiros, os quais são geralmente cobrados sobre
o valor nominal do título e pagos à vista (descontados no momento da liberação dos
recursos):
a. Taxa de desconto: segue as características já estudadas;
b. IOF – Imposto sobre Operações Financeiras: identicamente à taxa de desconto, esse
percentual é calculado linearmente sobre o valor nominal do título e cobrado no ato
da liberação dos recursos;
c. Taxa administrativa: cobrada muitas vezes pelas instituições financeiras visando
cobrir certas despesas de abertura, concessão e controle do crédito. É calculada
geralmente de uma única vez sobre o valor do título e descontada na liberação do
recurso.

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Matemática Financeira

Exemplo 20 – Uma duplicata de $ 18.000,00 foi descontada num banco 2 meses antes
do vencimento, a uma taxa de desconto comercial de 2,5% ao mês.
a) Obter o valor do desconto
b) Obter o valor líquido recebido pela empresa
c) Obter o fluxo de caixa da operação do ponto de vista do banco.
N = 18.000,00
d = 2,5% ao mês
n = 2 meses

a) Valor do desconto
D = Ndn
D = 18.000,00 x 0,025 x 2
D = 900,00

b) Valor líquido recebido pela empresa


Vd = N – D
Vd = 18.000,00 – 900,00
Vd = 17.100,00

c) Fluxo de caixa da operação


$ 18.000 (N)

0 2 (n)
$ 17.100 (Vd)

A taxa de juros simples efetiva da operação será dada por:


i = (N / Vd) -1
i = (18.000,00 / 17.100,00) -1
i = 1,052631579 – 1
i = 5,26% no período (2 meses)
i = 5,26% / 2 meses
i = 2,63% ao mês

Cabe a observação de que a taxa de juros simples mensal (2,63% a.m.) é diferente da
taxa mensal de desconto (2,5% a.m.). A taxa de juros incide sobre o valor inicial ($
17.100,00) para dar $ 900,00 enquanto que a taxa de desconto incide sobre o valor
final ($ 18.000,00) para dar o mesmo resultado de $ 900,00.

Exemplo 21 – Uma nota promissória de $ 12.000,00 foi descontada num banco 42


dias antes do vencimento, a uma taxa de desconto simples comercial de 2% ao mês.
a) Qual o valor do desconto?
b) Qual o valor líquido recebido pela empresa, sabendo-se que o banco cobrou uma
taxa de serviço de 0,5% do valor da promissória, paga no dia em que empresa
efetuou o desconto?
c) Qual a taxa efetiva de juros simples da operação no período?

N = 12.00000
d = 2% ao mês
n = 42 dias

a) Valor do desconto
D = Ndn
D = 12.00000 x (0,02 / 30) x 42
D = 336,00

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Matemática Financeira

b) Valor líquido recebido pela empresa


Vd = N – D – taxa de serviço
Vd = 12.000,00 – 336,00 – (12.000,00 x 0,005)
Vd = 12.000,00 – 336,00 – 60,00
Vd = 11.604,00

c) Taxa efetiva de juros simples da operação


i = (N / Vd) -1
i = (12.000,00 / 11.604,00) -1
i = 1,034126163 – 1
i = 3,41% no período

Exemplo 22 – Um banco cobra em suas operações de desconto de duplicatas uma


taxa de desconto simples comercial de 3% ao mês. Qual a taxa efetiva de juros simples,
se os prazos de vencimento forem de 1 mês e de 2 meses?
Como o valor da duplicata não é fornecido, vamos arbitrar um valor de $ 100,00.

Prazo de 1 mês
Vd = N - Ndn
Vd = 100,00 – (100,00 x 0,03 x 1)
Vd = 97,00
i = (N / Vd) -1
i = (100,00 / 97,00) -1
i = 1,030927835 – 1
i = 3,09% ao mês

Prazo de 2 meses
Vd = N - Ndn
Vd = 100,00 – (100,00 x 0,03 x 2)
Vd = 94,00
i = (N / Vd) -1
i = (100,00 / 94,00) -1
i = 1,063829787 – 1
i = 6,38% ao bimestre

Exemplo 23 – Ao descontar uma duplicata com prazo de 72 dias até o vencimento,


um banco pretende ganhar uma taxa de juros simples de 6% no período. Qual a taxa
de desconto comercial simples mensal que deverá cobrar? (assumiremos que N =
$ 100,00)
i = (N / Vd) -1
0,06 = (100,00 / Vd) -1
1 + 0,06 = 100,00 / Vd
1,06 Vd = 100,00
Vd = 100,00 / 1,06
Vd = 94,34
D = N – Vd
D = 100,00 – 94,34
D = 5,66

D = Ndn
5,66 = 100,00 x d x 72/30
5,66 = 100,00 x d x 2,4
5,66 = 240,00 x d
d = 5,66 / 240,00
d = 0,02358333
d = 2,36% ao mês

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Matemática Financeira

RELAÇÃO ENTRE TAXA DE DESCONTO E TAXA DE JUROS SIMPLES

Consideremos que a taxa de desconto d e a taxa de juros i estejam na mesma unidade


de tempo e seja n o prazo de vencimento do título (expresso na mesma unidade de
tempo de d e i), podemos obter a seguinte relação ente taxa de desconto simples e
taxa de juros simples:
𝑑
𝑖=
1 − 𝑑𝑛

Exemplo 24 – Se a taxa de desconto comercial for de 4% ao mês e o prazo de


vencimento de uma duplicata for de três meses, qual será a taxa mensal de juros
simples da operação?
d = 4%
n = 3 meses

𝑑
𝑖=
1 − 𝑑𝑛

0,04
𝑖= = 0,0455 = 𝟒, 𝟓𝟓% 𝒂. 𝒎.
1 − (0,04)3

Exemplo 25 – Uma duplicata com prazo de vencimento de dois meses foi descontada
em um banco, proporcionando-lhe uma taxa efetiva de juros simples igual a 3% ao
mês. Qual a taxa de desconto utilizada?
i = 3%
n = 2 meses

𝑑
𝑖=
1 − 𝑑𝑛
𝑑
0,03 =
1 − 𝑑2
0,03 (1 – 2d) = d
0,03 – 0,06d = d
– 1,06d = – 0,03
d = 0,03 / 1,06
d = 0,0283 = 2,83% a.m.

OPERAÇÕES COM UM CONJUNTO DE TÍTULOS

Quando descontamos um conjunto de títulos (borderô de duplicatas) o valor atual


comercial (ou valor líquido) do conjunto de títulos será a soma dos valores atuais de
cada título.

Exemplo 26 – Uma empresa apresenta o borderô de duplicatas abaixo para serem


descontadas num banco à taxa de desconto comercial de 2% ao mês. Qual o valor
líquido recebido peça empresa?

Pág. 20
Matemática Financeira

Duplicata Valor Prazo até vencimento


A $ 20.000,00 30 dias
B $ 40.000,00 65 dias
C $ 80.000,00 82 dias

Duplicata A
DA = 20.000,00 x 0,02 x 1 = 400,00
Vliq = 20.000,00 – 400,00 = 19.600,00

Duplicata B
DB = 40.000,00 x (0,02 / 30) x 65 = 1.733,33
Vliq = 40.000,00 – 1.733,33 = 38.266,67

Duplicata C
DC = 80.000,00 x (0,02 / 30) x 82 = 4.373,33
Vliq = 80.000,00 – 4.373,33 = 75.626,67

O valor do desconto foi de:


400,00 + 1.733,33 + 4.373,33 = 6.506,66

O valor líquido liberado para a empresa foi de:


19.600,00 + 38.266,67 + 75.626,67 = 133.493,34

PRAZO MÉDIO DE UM CONJUNTO DE TÍTULOS

O prazo médio de um conjunto de títulos é o prazo em que devemos descontar o valor


total do conjunto, a certa taxa de desconto comercial, para obter o mesmo resultado
que a soma dos descontos de cada título, à mesma taxa de desconto.
Sendo:
N1, N2, N3,...,Np = valores dos títulos com prazos respectivos iguais a n1, n2, n3,...,np.
d = taxa de desconto comercial
O prazo médio será dado por:

𝑁1 𝑛1 + 𝑁2 𝑛2 + 𝑁3 𝑛3 + ⋯ + 𝑁𝑝 𝑛𝑝
𝑛̅ =
𝑁1 + 𝑁2 + 𝑁3 + ⋯ + 𝑁𝑝

Exemplo 27 – Tomando por base o borderô anterior podemos calcular o prazo médio
do borderô.

(20.000,00 x 30)  (40.000,00 x 65)  (80.000,00 x 82)


n   69,71 dias
20.000,00  40.000,00  80.000,00

Portanto, se descontarmos o valor total do borderô ($ 140.000,00) a uma taxa de 2%


ao mês no prazo de 69,71 dias, obteremos:

D = 140.000,00 x (0,02 / 30 x 69,71) = 6.506,27

Pág. 21
Matemática Financeira

TAXAS PROPORCIONAIS

Taxas proporcionais são taxas de juros fornecidas em unidades de tempo diferentes


que, ao serem aplicadas a um mesmo principal, durante um mesmo prazo, produzem
um mesmo montante acumulado no final daquele prazo, no regime de juros simples.
Exemplos: 12% ao ano e 1% ao mês; 12% ao ano e 3% ao trimestre; 12% ao ano e
6% ao semestre.
Duas taxas dão proporcionais quando os seus valores formam uma proporção direta
com os temos a elas referidos, reduzidos à mesma unidade.
A maior parte dos juros praticados no mercado financeiro nacional e internacional tem
sua referência na taxa proporcional, como a remuneração real da caderneta de
poupança, as taxas internacionais Libor e prime rate, o desconto bancário, os juros da
tabela price, as taxas do mercado interfinanceiro, entre outros.
Exemplos de taxas proporcionais:
- 2,4% ao mês é proporcional à taxa de 28,8% ao ano.
- 5% ao trimestre é proporcional à taxa de 20% ao ano.
- 5,7% ao semestre é proporcional à taxa de 0,95% ao mês.
- 1,35% ao mês, 5,4% ao quadrimestre e 16,2% ao ano são proporcionais.

Exemplo 28 – Determinar os montantes acumulados no final de 4 anos, a partir de


um principal de R$ 100,00 no regime de juros simples, com as seguintes taxa de juros:
a) 12% ao ano; b) 6% ao semestre; c) 1% ao mês.

i = 12% ao ano
n = 4 anos
M = C (1 + i.n)
M = 100,00 (1 + 0,12 x 4)
M = 148,00

i = 6% ao semestre
n = 4 anos = 8 semestres
M = C (1 + i.n)
M = 100,00 (1 + 0,06 x 8)
M = 148,00

i = 1% ao mês
n = 4 anos = 48 meses
M = C (1 + i.n)
M = 100,00 (1 + 0,01 x 48)
M = 148,00

TAXAS EQUIVALENTES

Taxas equivalentes são taxas de juros fornecidas em unidades de tempo diferentes que,
ao serem aplicadas a um mesmo principal durante um mesmo prazo, produzem um
mesmo montante acumulado no final daquele prazo, no regime de juros compostos.
Duas taxas são equivalentes quando, aplicadas a um mesmo capital, durante o mesmo
período, produzem o mesmo juro.
Abaixo uma tabela comparativa de diversas taxas anuais, proporcionais e equivalentes
a determinadas taxas mensais, demonstrando as diferenças nas taxas anuais obtidas a
juros simples (taxas proporcionais) e a juros compostos (taxas equivalentes) à medida
que as taxas de juros aumentam.

Pág. 22
Matemática Financeira

Taxas anuais Taxas anuais


Taxas proporcionais equivalentes
Mensais (juros simples) (juros compostos)
1,00% 12,00% 12,68%
3,00% 36,00% 42,58%
5,00% 60,00% 79,59%
7,00% 84,00% 125,22%
10,00% 120,00% 213,84%
12,00% 144,00% 289,60%
15,00% 180,00% 435,03%
20,00% 240,00% 791,61%

Portanto, a diferença entre taxas equivalentes e proporcionais prende-se


exclusivamente ao regime de juros considerado. As taxas proporcionais baseiam-se em
juros simples e as taxas equivalentes baseiam-se em juros compostos.

Exemplo 29 – Determinar os montantes acumulados no final de 4 anos, a partir de


um principal de R$ 100,00 no regime de juros compostos, com as seguintes taxa de
juros: a) 12,6875% ao ano; b) 6,1520% ao semestre; c) 1% ao mês.

i = 12,6875% ao ano
n = 4 anos
M = C (1 + i)n
M = 100,00 (1 + 0,126875)4
M = 100,00 x 1,6122
M = 161,22

i = 6,1520% ao semestre
n = 4 anos = 8 semestres
M = C (1 + i)n
M = 100,00 (1 + 0,061520)8
M = 100,00 x 1,6122
M = 161,22

i = 1% ao mês
n = 4 anos = 48 meses
M = C (1 + i)n
M = 100,00 (1 + 0,01)48
M = 100,00 x 1,6122
M = 161,22

TAXA EFETIVA

A taxa efetiva é a taxa de juro do período de capitalização que, efetivamente, será


aplicada sobre o capital, independentemente da taxa nominal contratada.
Se o período de capitalização for igual à unidade de tempo em que a taxa de juro é
expressa, a taxa efetiva coincidirá com a taxa nominal, tanto no regime de juros
compostos, como no regime de juros simples.
É a taxa de juros em que a unidade referencial de seu tempo sempre coincide com a
unidade de tempo dos períodos de capitalização. Exemplos: 1% ao mês, capitalizados
mensalmente; 12% ao ano, capitalizados anualmente.
Tendo em vista a coincidência nas unidades de medida dos tempos das taxas de juros
e dos períodos de capitalização, costuma-se dizer simplesmente: 1% ao mês e 12% ao
ano.
Pág. 23
Matemática Financeira

Exemplos de taxas efetivas:


- 2% ao mês, capitalizados mensalmente.
- 3% ao trimestre, capitalizados trimestralmente.
- 6% ao semestre, capitalizados semestralmente.
- 10% ao ano, capitalizados anualmente.
Nos casos acima, como ocorre a coincidência nas unidades de medida dos tempos da
taxa de juros e dos períodos de capitalização, podemos simplesmente dizer 2% ao mês,
3% ao trimestre, 6% ao semestre e 10% ao ano. A taxa efetiva é utilizada nas
calculadoras financeiras e nas funções financeiras das planilhas eletrônicas.

TAXA NOMINAL

A taxa nominal á a taxa de juro contratada em uma operação financeira, expressa


percentualmente em unidade de tempo, tanto no regime de juros simples, como no
regime de juros compostos. A unidade de tempo da taxa nominal nem sempre coincide
com a unidade de tempo dos períodos de capitalização. A taxa nominal é sempre
fornecida em termos anuais, sendo que os períodos de capitalização podem ser
semestrais, trimestrais, mensais ou diários. A taxa nominal, embora seja bastante
utilizada no mercado, não representa uma taxa efetiva, portanto não deve ser utilizada
nos cálculos financeiros, no regime de juros compostos. Exemplo:
- 12% ao ano, capitalizados mensalmente.
- 24% ao ano, capitalizados semestralmente.
- 10% ao ano, capitalizados trimestralmente.
- 18% ao ano, capitalizados diariamente.
A taxa nominal traz em seu enunciado uma taxa efetiva implícita, que é a taxa de juros
a ser aplicada em cada período de capitalização. Esta taxa efetiva implícita é sempre
calculada de forma proporcional utilizando neste cálculo o regime de juros simples. As
taxas efetivas implícitas nas taxas nominais acima citadas serão as seguintes:
- 12% ao ano, capitalizados mensalmente.
12% a.a. / 12 meses = 1% ao mês
- 24% ao ano, capitalizados semestralmente.
24% a.a. / 2 semestres = 12% ao semestre
- 10% ao ano, capitalizados trimestralmente.
10% a.a. / 4 trimestres = 2,5% ao trimestre
- 18% ao ano, capitalizados diariamente.
18% a.a. / 360 dias = 0,05% ao dia
As taxas nominais devem ser abandonadas e todos os cálculos financeiros devem ser
feitos no regime de juros compostos, considerando os valores das taxas efetivas
implícitas correspondentes, ou seja, 1% ao mês, 12% ao semestre, 2,5% ao trimestre
e 0,05% ao dia.

TAXA BRUTA E TAXA LÍQUIDA

Taxa bruta de uma aplicação financeira é a taxa de juros obtida considerando o valor
da aplicação e o valor de resgate bruto, sem levar em conta o desconto do imposto de
renda que é retido pela instituição financeira.
Taxa líquida de uma aplicação financeira é a taxa de juros obtida considerando o valor
da aplicação e o valor de resgate líquido, levando em conta o desconto do imposto de
renda que é retido pela instituição financeira.

Pág. 24
Matemática Financeira

INFLAÇÃO
A inflação é um fenômeno monetário que consiste no aumento persistente dos preços
em geral, resultando em contínua perda do poder aquisitivo da moeda. Inúmeros
fatores causam a inflação, tais como a escassez de produtos, o déficit orçamentário do
Governo com emissão descontrolada de dinheiro, desequilíbrios na balança de
pagamentos, etc. Quando se diz que a taxa de inflação é de 5% não significa que todos
os preços subiram 5%, mas que a média ponderada dos aumentos de preços de alguns
produtos foi de 5%. Portanto, alguns produtos aumentaram mais de 5% e outros
aumentaram menos de 5%.
Existem diversos indicadores de variação de preços adotados na economia nacional com
usos em diferentes segmentos de atividades, como por exemplo:
- IGP-M – índice geral de preços de mercado – com ampla utilização no mercado
financeiro.
- IGP-DI – índice geral de preços – conceito de disponibilidade interna – apurado
pela Fundação Getúlio Vargas
- TR – taxa referencial – indexador da caderneta de poupança e de outros
instrumentos do mercado financeiro.
- IPA – índice de preços por atacado da Fundação Getúlio Vargas.
- INPC-IBGE – índice nacional de preços ao consumidor da FIBGE.
- IPCA – índice nacional de preços ao consumidor amplo da FIBGE.
- IPC-FIPE – índice de preços ao consumidor da FIPE.
- ICV-DIEESE – índice do custo de vida do DIEESE.
Escolhido o índice de preços, a taxa de inflação medida por este índice será obtida pela
fórmula:
INF = (IN / IN-T) – 1
IN = índice de preços do final do período
IN-T = índice de preços do início do período
A inflação é calculada relacionando-se o índice de preços de um período pelo índice de
preços no período imediatamente anterior. Por exemplo, um determinado índice de
preços apresentou o valor de 118,1 no final do ano de 19X9 e 107,3 no final do ano de
19X8. O índice de inflação referente ao ano 19X9 é de 10%:
INF = (118,1 / 107,3) – 1 = 10%

TAXA REAL

A taxa real representa o encargo (ou receita) financeiro, calculado livre dos efeitos
financeiros (inflação). A sua utilização no mercado financeiro permite a apuração de
quanto se ganhou (ou perdeu) verdadeiramente, sem a interferência das variações
verificadas nos preços. Quando a taxa de juros for maior que a taxa de inflação do
período de capitalização, a taxa de juros real é positiva; caso contrário, a taxa de juros
é negativa.
A taxa real de juros reflete o ganho real expresso como porcentagem do capital
corrigido e é expressa pela fórmula:
(1 + 𝑖)
1+𝑟=
(1 + 𝑗)
r = taxa real de juros
i= taxa de juros no período
j = taxa de inflação no período

Pág. 25
Matemática Financeira

Exemplo 30 – Um capital foi aplicado, por um ano, à taxa de juros de 22% ao ano.
No mesmo período a taxa de inflação foi de 12%. Qual a taxa real de juros?
i = 22% ao ano
j = 12%
(1 + 𝑖)
1+𝑟 =
(1 + 𝑗)

(1 + 0,22)
1+𝑟 =
(1 + 0,12)

(1,22)
1+𝑟 =
(1,12)

1 + 𝑟 = 1,0892847

𝑟 = 1,0892847 − 1
𝑟 = 0,0892857
𝑟 = 8,93 % 𝑎𝑜 𝑎𝑛𝑜

Exemplo 31 – Um capital foi aplicado por 6 meses a uma taxa de 7% ao semestre e,


no mesmo período, a taxa de inflação foi de 9%. Qual a taxa real da aplicação?
i = 7% ao semestre
j = 9%

(1 + 𝑖))
1+𝑟 =
(1 + 𝑗)

(1 + 0,07)
1+𝑟 =
(1 + 0,09)

(1,07)
1+𝑟 =
(1,09)

1 + 𝑟 = 0,981651376

𝑟 = 0,981651376 − 1

𝑟 = − 0,018348624

𝑟 = −1,83 % 𝑎𝑜 𝑎𝑛𝑜

TAXA APARENTE

A taxa aparente, também chamada de taxa nominal, é a taxa que vigora nas operações
correntes, sem expurgar a inflação.
Quando uma aplicação financeira remunera o capital investido após um ano em 12%
de juros, a primeira impressão é que a renda foi de 12%. No entanto, esse rendimento
é ilusório, pois uma boa parte desses juros somente corrige o capital, repondo a parcela
corroída pela inflação. Por esse motivo essa taxa de 12% é chamada de taxa de juros
aparente. E a impressão de que os 12% seja uma renda recebe o nome de ilusão
monetária.

Pág. 26
Matemática Financeira

As taxas de juro aparente e real relacionam-se da seguinte forma:

(1 + 𝑟)
1+𝑖 =
(1 + 𝑗)
r = taxa real de juros
i= taxa de juros no período
j = taxa de inflação no período

CONTEXTO INFLACIONÁRIO - INDICE DE PREÇOS (INDEXADORES)

Um índice de preços (ou indexador) procura medir a mudança que ocorre nos níveis de
preços de um período para outro.
Cálculo da variação:
𝐼𝑖
∆ = ( − 1) . 100
𝐼0
Onde:
Ii = índice de preços da data atual
I0 = incide de preços da data anterior (a partir da qual se pretende medir a variação)

Corrigindo monetariamente um valor


𝐼𝑖
𝑃𝑐 = 𝑃0
𝐼0
Onde:
Pc = preço corrigido
P0 = preço inicial

Exemplo 32 – No início de setembro, o preço de um produto era de R$ 30,00 e no


início de outubro do mesmo ano, era R$ 31,00. Qual a variação porcentual de preços
correspondente?
𝑃1
∆𝑝 = ( − 1) . 100
𝑃0
31,00
∆𝑝 = ( − 1) . 100
30,00
∆𝑝 = 0,0333 = 𝟑, 𝟑𝟑%

Exemplo 33 – Um indivíduo comprou um terreno pagando uma pequena entrada mais


3 prestações anuais de R$ 15.000,00 cada, corrigidas monetariamente pelas taxas de
indexação entre a data de compra e a data de pagamento. Consideremos que as taxas
de indexação sejam de 10% no primeiro ano, 15% no segundo ano e 20% no terceiro.
Quais os valores das prestações corrigidas monetariamente?
1ª prestação corrigida = 15.000 (1,10) = 16.500
2ª prestação corrigida = 15.000 (1,10) (1,15) = 18.975
3ª prestação corrigida = 15.000 (1,10) (1,15) (1,20) = 22.770

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Matemática Financeira

TAXA EFETIVA EM MOEDA NACIONAL PARA OPERAÇÕES EM MOEDA


ESTRANGEIRA

O cálculo da taxa efetiva em moeda nacional de uma operação em moeda estrangeira


é feito com base na taxa efetiva em moeda estrangeira e na taxa de desvalorização (ou
revalorização) da moeda nacional por meio de:
𝑖𝑚𝑛 = [(1 + 𝑖𝑚𝑒 )(1 + 𝑖𝑡𝑑 ) − 1] . 100
ou
𝑖𝑚𝑛 = [(1 + 𝑖𝑚𝑒 )(1 + 𝑖𝑡𝑟 ) − 1] . 100

Onde:
imn = taxa efetiva em moeda nacional
ime = taxa efetiva em moeda estrangeira
itd = taxa de desvalorização da moeda nacional
itr = taxa de revalorização da moeda estrangeira

FLUXO DE CAIXA

O fluxo de caixa é um esquema representativo das entradas e saídas de caixa ao longo


do tempo, devendo existir pelo menos uma entrada e pelo menos uma saída.
Um investidor realizou um investimento no valor de $ 11.000,00 no instante zero e
obteve os retornos: $4.000,00 no mês 2, $5.000,00 no mês 3 e $6.000,00 no mês 6.
Além do investimento inicial, o investidor realizou outros 2 investimentos: de $1.000,00
no mês 3 e de $2.144,00 no mês 5. O fluxo de caixa deste investidor pode ser
apresentado de forma analítica ou gráfica.
Abaixo a representação analítica:

Meses Entradas Saídas Entradas / Saídas


0 11.000,00 - 11.000,00
1
2 4.000,00 + 4.000,00
3 5.000,00 1.000,00 + 4.000,00
4
5 2.144,00 - 2.144,00
6 6.000,00 + 6.000,00

A seguir a representação gráfica do mesmo fluxo de caixa (diagrama de fluxo de caixa):

0,00 4.000,00 4.000,00 0,00 6.000,00

0 1 2 3 4 5 6
11.000,00 2.144,00
Por convenção, as entradas de dinheiro são indicadas por setas perpendiculares ao eixo
horizontal e orientadas para cima. As saídas de dinheiro são igualmente representadas
por setas perpendiculares ao eixo horizontal, porém orientadas para baixo.
Existem dois tipos de fluxo de caixa: fluxo de caixa convencional, formado por uma
única entrada e várias saídas de caixa ou uma única saída e várias entradas de caixa;
e o fluxo de caixa não convencional, com várias entradas e várias saídas de caixa.

Pág. 28
Matemática Financeira

FLUXOS DE CAIXA HOMOGÊNEOS E FLUXOS DE CAIXA NÃO HOMOGÊNEOS

Os fluxos de caixa podem ser homogêneos ou não homogêneos, representando séries


de pagamentos uniformes ou não uniformes.
As séries de pagamentos uniformes apresentam valores iguais e distribuídos
regularmente no tempo e o cálculo do seu valor atual ou do seu valor futuro é realizado
através do uso de fatores que podem ser encontrados em tabelas financeiras.
De maneira geral, qualquer sequência de fluxos de caixa estável, ou constante, ou
iguais, e igualmente espaçadas, é chamada anuidade. Se a série de pagamentos durar
para sempre, é chamada perpetuidade.
As séries de pagamentos não uniformes são as que apresentam valores diferentes
distribuídos uniformemente no tempo; ou valores iguais com distribuição irregular no
tempo; ou valores diferentes com distribuição irregular no tempo. Nestes casos, o
cálculo do valor atual ou do valor futuro deverá considerar isoladamente cada elemento
integrante da série.

FLUXOS DE CAIXA HOMOGÊNEOS

Como os fluxos de caixa homogêneos apresentam valores iguais distribuídos


regularmente no tempo podemos utilizar de fórmulas simplificadas para a capitalização
e desconto das parcelas. Essas fórmulas permitem transformar prestações uniformes
(PMT) em valor presente (PV) e em valor futuro (FV). As fórmulas permitem também a
realização de operações inversas, transformando o valor presente (PV) e o valor futuro
em prestações de valores iguais (PMT):
 Dado PMF achar FV
 Dado FV achar PMT
 Dado PMT achar PV
 Dado PB achar PMT

Problema tipo “DADO PMT ACHAR FV”

Este problema consiste em determinar o montante acumulado FV, no final de n


períodos, a partir da capitalização das n prestações de valor PMT, a uma dada taxa de
juros i, mediante a aplicação da seguinte fórmula:

[(1 + 𝑖)𝑛 ] − 1
𝐹𝑉 = 𝑃𝑀𝑇 𝑥
𝑖

[(1+𝑖)𝑛 ]−1
O fator é chamado de Fator de Capitalização ou Fator de Acumulação de
𝑖
Capital de uma Anuidade ou Série Uniforme de Pagamentos.

Exemplo 34 – Determinar o valor do montante FV do fluxo de caixa que se segue,


com uma taxa de 10% ao ano, no regime de juros compostos.
FV = ?

0 1 2 3 4 5
0,00 1.000,00 1.000,00 1.000,00 1.000,00 1.000,00

Pág. 29
Matemática Financeira

n = 5 anos
i = 10% ao ano
PMT = 1.000,00
PV = 0,00
FV = ?
[(1 + 𝑖)𝑛 ] − 1
𝐹𝑉 = 𝑃𝑀𝑇 𝑥
𝑖

[(1 + 0,10)5 ] − 1
𝐹𝑉 = 1.000,00 𝑥
0,10
[(1,10)5 ] − 1
𝐹𝑉 = 1.000,00 𝑥
0,10
1,61051 − 1
𝐹𝑉 = 1.000,00 𝑥
0,10

0,61051
𝐹𝑉 = 1.000,00 𝑥
0,10

𝐹𝑉 = 1.000,00 𝑥 6,1051
𝐹𝑉 = 6.105,10

Resolução na HP-12C
5 N
10 I
0 PV
1.000 CHS PMT
FV 6.105,10

Problema do tipo “DADO FV ACHAR PMT”

Este problema envolve a obtenção do valor PMT de cada prestação, sendo as prestações
em número n, a uma dada taxa de juros i, a partir do valor futuro FV e consiste na
solução da seguinte relação:
𝑖
𝑃𝑀𝑇 = 𝐹𝑉
(1 + 𝑖)𝑛 − 1

𝑖
O fator é denominado Fator de Formação de Capital.
(1+𝑖)𝑛 −1

Exemplo 35 – Determinar o valor dos quatro depósitos trimestrais do fluxo de caixa


que se segue, capazes de produzir o montante de $ 10.000,00 no final do 4º trimestre,
com uma taxa efetiva de 3% ao trimestre, no regime de juros compostos.

FV = 10.000,00

0 1 2 3 4
0 PMT = ? PMT = ? PMT = ? PMT = ?

Pág. 30
Matemática Financeira

n = 4 trimestres
i = 3% ao trimestre
FV = 10.000,00
PV = 0
PMT = ?
𝑖
𝑃𝑀𝑇 = 𝐹𝑉
(1 + 𝑖)𝑛 − 1

0,03
𝑃𝑀𝑇 = 10.000,00
(1 + 0,03)4 − 1
0,03
𝑃𝑀𝑇 = 10.000,00
(1,03)4 − 1

0,03
𝑃𝑀𝑇 = 10.000,00
1,125508810 − 1

0,03
𝑃𝑀𝑇 = 10.000,00
0,125508810

𝑃𝑀𝑇 = 10.000,00 𝑥 0,239027045


𝑃𝑀𝑇 = 2.390,27
Resolução na HP-12C
4 N
3 I
0 PV
10.000 CHS FV
PMT 2.390,27

Problema do tipo “DADO PMT ACHAR PV”

Este problema envolve a obtenção do valor presente PV, a partir do valor de cada
prestação PMT de uma série uniforme de n prestações, dada uma taxa de juros i, e
consiste na solução da seguinte fórmula:
(1 + 𝑖)𝑛 − 1
𝑃𝑉 = 𝑃𝑀𝑇
𝑖(1 + 𝑖)𝑛

(1+𝑖)𝑛 −1
O fator é chamado Fator de Valor Atual ou Fator de Valor Presente de uma
𝑖(1+𝑖)𝑛
Anuidade ou Série Uniforme de Pagamentos.

Exemplo 36 – Determinar o valor do principal de um financiamento realizado com uma


taxa efetiva de 1% ao mês, no regime de juros compostos, e que deve ser liquidado
em 12 prestações mensais, sucessivas e iguais de $ 1.000,00.

n = 12 meses
i = 1% ao mês
PMT = 1.000,00
FV = 0,00
PV = ?

Pág. 31
Matemática Financeira

(1 + 𝑖)𝑛 − 1
𝑃𝑉 = 𝑃𝑀𝑇
𝑖(1 + 𝑖)𝑛

(1 + 0,01)12 − 1
𝑃𝑉 = 1.000,00
0,01(1 + 0,01)12

(1,01)12 − 1
𝑃𝑉 = 1.000,00
0,01(1,01)12

1,12682503 − 1
𝑃𝑉 = 1.000,00
0,01 𝑥 1,12682503

0,12682503
𝑃𝑉 = 1.000,00
0,112682503

𝑃𝑉 = 1.000,00 𝑥 11,25507736

𝑃𝑉 = 11.255,08

Resolução na HP-12C
12 N
1 I
0 FV
1.000 CHS
PMT
PV 11.255,08

Problema do tipo “DADO PV ACHAR PMT”

Este problema envolve a obtenção do valor PMT de cada prestação, sendo as prestações
em número n, a partir do valor presente PV, dada uma taxa de juros i e consiste na
solução da seguinte expressão:
𝑖(1 + 𝑖)𝑛
𝑃𝑀𝑇 = 𝑃𝑉 [ ]
(1 + 𝑖)𝑛 − 1

i(1+i)n
O fator é denominado Fator de Recuperação de Capital.
(1+i)n −1

Exemplo 37 – Determinar o valor das prestações anuais de um financiamento


realizado em a taxa efetiva de 8% ao ano, no regime de juros compostos, sabendo-se
que o valor do principal é de $ 1.000,00 e que o prazo da operação é de 4 anos.

n = 4 anos
i = 8% ao ano
PV = 1.000,00
FV = 0,00
PMT = ?

Pág. 32
Matemática Financeira

𝑖(1 + 𝑖)𝑛
𝑃𝑀𝑇 = 𝑃𝑉 [ ]
(1 + 𝑖)𝑛 − 1

0,08(1 + 0,08)4
𝑃𝑀𝑇 = 1.000,00 [ ]
(1 + 0,08)4 − 1

0,08(1,08)4
𝑃𝑀𝑇 = 1.000,00 [ ]
(1,08)4 − 1

0,08(1,36048896)
𝑃𝑀𝑇 = 1.000,00 [ ]
1,36048896 − 1

0,108839117
𝑃𝑀𝑇 = 1.000,00 [ ]
0,36048896

𝑃𝑀𝑇 = 1.000,00𝑥 0,301920805

𝑃𝑀𝑇 = 301,92

Resolução na HP-12C
4 N
8 I
0 FV
1.000 CHS PV
PMT 301,92

FLUXOS DE CAIXA NÃO HOMOGÊNEOS

Os fluxos de caixa não homogêneos apresentam valores distintos entre si e que não
apresentam nenhuma lei de formação que possibilite uma simplificação do cálculo do
seu valor atual. Portanto, deveremos calcular o valor atual individual de cada parcela
que compõe o fluxo de caixa. O valor atual do fluxo de caixa será igual à soma dos
valores atuais de cada capital à taxa de juros i.
Considerando y0, y1, y2,y3, ..., yn os capitais nas datas 0, 1, 2,3,...,n respectivamente,
i a taxa de juros, podemos calcular o valor atual do conjunto de capitais na data 0 (V)
pela fórmula a seguir apresentada:

𝑦1 𝑦2 𝑦3 𝑦𝑛
𝑉 = 𝑦0 + + + +⋯+
(1 + 𝑖)1 (1 + 𝑖) 2 (1 + 𝑖) 3 (1_𝑖)𝑛
Ou podemos usar o símbolo do somatório:
𝑛
𝑦𝑗
𝑉=∑
(1 + 𝑖)𝑗
𝑗=0

Pág. 33
Matemática Financeira

Exemplo 38 – Determinar o valor atual do fluxo de caixa abaixo, descontado à taxa


de 2% ao mês (composto)

0 1 2 3 4 5 6
0 10 15 0 25 40 40

10 15 25 40 40
𝑉= + + + +
(1 + 0,02)1 (1 + 0,02)2 (1 + 0,02)4 (1 + 0,02)5 (1 + 0,02)6

10 15 25 40 40
𝑉= + + + +
1,02 1,0404 1,08243216 1,104080803 1,126162419
𝑉 = 9,80 + 14,42 + 23,10 + 36,23 + 35,52
𝑉 = 119,07

Resolução na HP-12C
0 g CF0
10 g CFj
15 g CFj
0 g CFj
25 g CFj
40 g CFj
40 g CFj
2 i
f NPV 119,07

VALOR PRESENTE LÍQUIDO

O VPL – valor presente líquido – de um fluxo de caixa é igual ao valor presente de suas
parcelas futuras, que são descontadas com uma determinada taxa de juros, somadas
algebricamente com o valor alocado no ponto zero. Normalmente, o valor alocado no
ponto zero corresponde ao valor investido e tem sinal negativo, representando uma
saída de caixa. Podemos dizer que o valor atual líquido é a diferença entre os valores
atuais das entradas líquidas de caixa e os das saídas de caixa relativas ao investimento
liquido. Portanto, o VPL corresponde aos benefícios adicionais provocados pelo
investimento. O cálculo do valor presente líquido pode ser demonstrado pela fórmula
abaixo:

 n Ej   n Ij 
VPL    j 
(1  1)  
  0 
I 
j 1 (1  i )
j 
 j 1 

Onde:
Ej = cada uma das entradas líquidas de caixa
I0 = valor do investimento no momento t0
Ij = saídas líquidas de caixa nos períodos subseqüentes
i = taxa de desconto utilizada
j = períodos de ocorrência dos fluxos de caixa
n = total de períodos

Pág. 34
Matemática Financeira

Exemplo 39 – O estudo de viabilidade econômica de um projeto resulta no fluxo de


caixa indicado na tabela abaixo. Calcular o VPL – valor presente líquido desse fluxo de
caixa considerando a taxa de juros de 10% ao ano.

ano Valor ($)


0 - 11.500
1 + 2.350
2 + 1.390
3 + 3.350
4 + 4.275
5 + 5.350
Soma + 5.215

VPL = 2.350/(1,1)1+1.390/(1,1)2+3.350/(1,1)3+4.275/(1,1)4+5.350/(1,1)5–11.500
VPL = 2.350/1,1+1.390/1,21+3.350/1,331+4.275/1,4641+5.350/1,61051-11.500
VPL = 2.136,36 + 1.148,76 + 2.516,90 + 2.919,88 + 3.321,93 – 11.500
VPL = 12.043,83 – 11.500,00
VPL = 543,83

O VPL positivo de $ 543,83 indica que o fluxo de caixa está remunerando o investimento
de $ 11.500 com a taxa de 10% ao ano e ainda está gerando um aumento de riqueza
de $ 543,83 expresso em moeda do ponto zero. Em outras palavras, o investimento
está sendo remunerado a 10% ao ano e agregando um valor econômico de $ 543,83
expresso em termos de valor presente.

Resolução na HP-12C
11.500 CHS g CF0
2.350 g CFj
1.390 g CFj
3.350 g CFj
4.275 g CFj
5.350 g CFj
10 I
f NPV 543,83

AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS PELO MÉTODO DO VPL

O método do VPL – Valor Presente Líquido é utilizado na avaliação de projetos de


investimentos. Neste método os fluxos de caixa são convertidos ao valor presente
através da aplicação de uma taxa de desconto predefinida que pode corresponder ao
custo de capital da empresa ou à rentabilidade mínima aceitável em face do risco
envolvido, ou seja, a taxa mínima de atratividade do projeto.
O VPL – Valor Presente Líquido é a diferença entre os valores atuais das entradas
líquidas de caixa e os das saídas de caixa relativas ao investimento líquido,
correspondendo a uma quantificação dos benefícios adicionais provocados pela
proposta de investimento.

Pág. 35
Matemática Financeira

- VPL > 0  a proposta gerará um retorno maior que a taxa de desconto utilizada
 o investimento poderá ser aprovado
- VPL = 0  a proposta gerará um retorno igual à taxa mínima aceitável após o
pagamento dos valores investidos  proposta viável.
- VPL < 0  a proposta gerará um retorno menor que o custo de capital ou menor
que a rentabilidade mínima exigida  proposta economicamente inviável
Uma proposta que tenha VPL igual a zero não significa que apresentará resultado
econômico igual a zero. Significa que a proposta além de pagar os valores investidos,
proporciona um lucro exatamente igual ao mínimo esperado, atingindo a taxa mínima
de atratividade. Ao compararmos dois ou mais projetos, será aceito como o melhor
projeto, aquele que apresentar o maior valor presente líquido, desde que os projetos
tenham a mesma duração.
Em alguns casos o valor presente líquido (VPL) não fornece uma resposta
suficientemente clara para comparar duas ou mais propostas. Nestes casos é mais
apropriado calcular o índice de lucratividade (IL) obtido através do quociente entre
os valores atuais das entradas líquidas de caixa e os valores atuais das saídas líquidas
de caixa, usando-se como taxa de desconto a taxa mínima de atratividade do projeto.
Esse índice indica o retorno apurado para cada R$ 1,00 investido, em moeda atualizada
pela taxa de atratividade.

Valor atual das entradas líquidas de caixa


Índice de lucratividade = -------------------------------------------------------
Valor atual das saídas líquidas de caixa

O cálculo do índice de lucratividade pode ser expresso pela fórmula abaixo:


n Ej
j 1 (1  i ) j
n Ij
I0   j 1 (1  i ) j

O índice de lucratividade reflete a razão “benefício/custo” da proposta, fornecendo


uma medida do retorno esperado por unidade monetária investida.
- IL  1  a proposta produzirá benefícios monetários superiores ou iguais às saídas
líquidas de caixa
- IL < 1  proposta economicamente inviável

O VPL e o IL são técnicas bastante satisfatórias uma vez que consideram o valor do
dinheiro no tempo. A grande vantagem destes métodos é a utilização de uma taxa de
desconto definida antecipadamente como a mínima aceitável para aprovar o
investimento.

SISTEMAS DE AMORTIZAÇÃO DE EMPRÉSTIMOS

Nem sempre as empresas detêm capital próprio para investir nas diversas
oportunidades que lhe são apresentadas em dado momento. Entretanto, sempre haverá
a possibilidade de poupar, até que a acumulação de capital gerada por excedentes
líquidos de diversos exercícios fiscais seja suficiente para o volume de investimentos
necessários para dada oportunidade de negócio. No entanto, não é aconselhável
esperar, pois há uma competição no mercado por oportunidades lucrativas. Nesses
casos, as empresas lançam mão de empréstimos para financiar o investimento.

Pág. 36
Matemática Financeira

Quando os empréstimos são tomados a longo prazo, os juros passam a ser considerados
em sua forma composta. As prestações compõem-se de amortização do principal mais
juros incidentes sobre o saldo devedor no início de cada período.
A amortização é um processo financeiro pelo qual uma dívida ou obrigação é paga
progressivamente por meio de parcelas ou prestações de modo que ao término do prazo
estipulado o débito seja liquidado.
As prestações constituem-se de duas partes: a amortização ou devolução do principal
emprestado e os juros correspondentes aos saldos do empréstimo ainda não
amortizados, ou seja: PRESTAÇÃO = AMORTIZAÇÃO + JUROS

Os sistemas ou métodos de amortização de empréstimos mais usuais são:

 Sistema de Amortização Constante (SAC): as amortizações são constantes;


 Sistema Francês ou Tabela Price: as prestações são constantes;
 Sistema Americano (ou Sinking Fund): os juros são constantes.

A mecânica para a elaboração de uma tabela de amortização é bastante simples. O


saldo devedor no início do primeiro período é o valor do empréstimo. Os juros devidos
de cada período são iguais ao produto da taxa de juros pelo saldo devedor no início
daquele período, sempre. A amortização em cada período vai depender do sistema ou
método acordado entre a instituição que concede o financiamento (banco ou fabricante
do equipamento) e a empresa tomadora do empréstimo ou pessoa física (mutuário).

SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO CONSTANTE (SAC)

O Sistema de Amortização Constante (SAC) é bastante utilizado e consiste em fazer


com que todas as parcelas de amortização sejam iguais. A amortização é calculada
dividindo-se o valor do principal pelo número de períodos de pagamento. Como a
amortização é feita em partes iguais, os valores dos juros e das prestações são
decrescentes. Este sistema é utilizado no Sistema Financeiro de Habitação.

SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO FRANCÊS (TABELA PRICE)

O Sistema Francês foi concebido pelo matemático inglês Richard Price no século XVIII
(daí a denominação Sistema Price), embora tenha se desenvolvido na França, no século
XIX. Neste sistema, as prestações são iguais e consecutivas a partir do instante em que
começam a serem pagas as amortizações, portanto a amortização é crescente e os
juros são decrescentes. Este sistema é utilizado nos financiamento de bens de consumo.
É o sistema mais empregado no Brasil. Consiste em um sistema de amortização
utilizando pagamentos em parcelas constantes ao longo de todo o prazo de pagamento
do empréstimo. Para o cálculo das prestações, que são constantes, usa-se a expressão
da série anual uniforme (problema do tipo “dado PV achar PMT”):
𝑖(1 + 𝑖)𝑛
𝑃𝑀𝑇 = 𝑃𝑉 [ ]
(1 + 𝑖)𝑛 − 1

SISTEMA AMERICANO

No Sistema Americano, o pagamento do principal é feito de uma só vez no final do


período do empréstimo. Os juros, em geral, são pagos periodicamente, podendo,
entretanto ser capitalizados e pagos de uma só vez juntamente com o principal,
Pág. 37
Matemática Financeira

dependendo de acordo entre as partes interessadas. O Sistema Americano com


pagamento de juros no final é utilizado em diversas operações do mercado, como
operações de capital de giro, desconto de títulos, aplicações em títulos de renda fixa. O
sistema Americano com pagamento periódico de juros é utilizado em operações de
leasing e aplicações em títulos de renda periódica (anual, mensal, etc.).

COMPARAÇÃO DOS SISTEMAS

Supondo a amortização de um empréstimo (C) de $ 100.000,00 contratado à taxa de


juros (i) de 10% ao ano, pelo prazo (n) de 4 anos, os quadro abaixo evidenciam a
evolução do saldo devedor, em função da forma de amortização, que impacta no valor
dos juros e da prestação.

SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO CONSTANTE (SAC)

Saldo no Pagamento Saldo final


Saldo no Juros final do ano, amortização Pagamento Pagamento do ano
Ano início do do antes do no final do de juros no total no final após o
ano ano pagamento ano final do ano do ano pagamento
0 100,000,00 l 100.000,00
1 100.000,00 10.000,00 110.000,00 25.000,00 10.000,00 35.000,00 75.000,00
2 75.000,00 7.500,00 82,500,00 25.000,00 7.500,00 32.500,00 50.000,00
3 50.000,00 5.000,00 55.000,00 25.000,00 5.000,00 30.000,00 25.000,00
4 25.000,00 2.500,00 27.500,00 25.000,00 2.500,00 27.500,00 0,00
Soma dos pagamentos 100.000,00 25.000,00 125.000,00

No Sistema de Amortização Constante – SAC o financiamento é liquidado em 4 parcelas


anuais mediante o pagamento de prestações linearmente decrescentes, compostas de
2 partes:
- Amortização do principal – obtida pela divisão do principal do financiamento pelo
prazo da operação.
- Juros do ano – calculados sobre o saldo inicial do respectivo ano.
Portanto, o valor de cada amortização será igual a $ 100.000,00 / 4 = $ 25.000,00.
Os juros do 1º ano serão $ 100.000,00 x 0,10 = $ 10.000,00
Os juros do 2º ano serão $ 75.000,00 x 0,10 = $ 7.500,00
Os juros do 3º ano serão $ 50.000,00 x 0,10 = $ 5.000,00
Os juros do 4ª ano serão $ 25.000,00 x 0,10 = $ 2.5000,00
O valor de cada prestação será composto da parcela do principal mais os juros de cada
ano:
A prestação do 1º ano será $ 25.000,00 + $ 10.000,00 = $ 35.000,00.
A prestação do 2º ano será $ 25.000,00 + $ 7.500,00 = $ 32.500,00
A prestação do 3º ano será $ 25.000,00 + $ 5.000,00 = $ 30.000,00
A prestação do 4º ano será $ 25.000,00 + $ 2.500,00 = $ 27.500,00
Assim, as prestações e os juros de cada ano vão diminuindo linearmente de valor ao
longo do tempo, e as amortizações permanecem com o mesmo valor de $ 25.000,00.

Pelo fato de a amortização ser constante, a série de pagamento não é uniforme. Ou


seja, primeiro calcula-se o valor da amortização em função do número de parcelas do
financiamento, depois o cálculo dos juros devidos será sobre o saldo devedor na data
da amortização. Calculados os juros, temos então o valor do pagamento a ser realizado.

Pág. 38
Matemática Financeira

SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO FRANCÊS (TABELA PRICE)

Roteiro de cálculo:
a) Calcula-se o valor da prestação (PMT);
b) Determina-se o juro contido na 1ª prestação (J = PV x i);
1
c) Determina-se a parcela de amortização contida na 1ª prestação pela diferença entre
o valor da prestação e o juro nela contido (A = PMT – J ); e, assim, sucessivamente.
1 1

Saldo no Pagamento Saldo final


Saldo no Juros final do ano, amortização Pagamento Pagamento do ano
Ano início do do antes do no final do de juros no total no final após o
ano ano pagamento ano final do ano do ano pagamento
0 100,000,00 l 100.000,00
1 100.000,00 10.000,00 110.000,00 21.547,08 10.000,00 31.547,08 78.452,92
2 78.452,92 7.845,29 86.298,21 23.701,79 7.845,29 31.547,08 54.751,13
3 54.751,13 5.475,13 60.226,25 26.071,97 6.560,25 31.547,08 28.679,13
4 28.679,13 2.867,91 31.547,08 28.679,16 2.867,91 31.547,08 0,00
Soma dos pagamentos 100.000,00 26.188,32 126.188,32

No Sistema de Amortização Francês (Tabela Price) o financiamento é liquidado em 5


parcelas anuais consecutivas e constantes, compostas de 2 partes:
- Juros do ano – calculados sobre o saldo inicial do respectivo ano.
- Amortização do principal – obtida pela diferença entre o valor da prestação e o
valor dos juros do ano.
O valor de cada prestação de será calculado pela fórmula abaixo (problema do tipo
“dado PV achar PMT”):
𝑖(1 + 𝑖)𝑛
𝑃𝑀𝑇 = 𝑃𝑉 [ ]
(1 + 𝑖)𝑛 − 1
0,10(1 + 0,10)4
𝑃𝑀𝑇 = 100.000,00 [ ]
(1 + 0,10)4 − 1

0,10(1,10)4
𝑃𝑀𝑇 = 100.000,00 [ ]
(1,10)4 − 1

0,10(1,4641)
𝑃𝑀𝑇 = 100.000,00 [ ]
1,4641 − 1

0,14641
𝑃𝑀𝑇 = 100.000,00 [ ]
0,4641
𝑃𝑀𝑇 = 100.000,00 𝑥 0,3154708
𝑷𝑴𝑻 = 𝟑𝟏. 𝟓𝟒𝟕, 𝟎𝟖
Portanto, o valor de cada prestação será de $ 31.547,08.
Os juros do 1º ano serão $ 100.000,00 x 0,10 = $ 10.000,00
Os juros do 2º ano serão $ 78.452,92 x 0,10 = $ 7.845,29
Os juros do 3º ano serão $ 54.751,13 x 0,10 = $ 5.475,13
Os juros do 4ª ano serão $ 28.679,13 x 0,10 = $ 2.867,91

Pág. 39
Matemática Financeira

O valor de cada amortização será obtido pela diferença entre o valor da prestação e o
valor dos juros do ano.
A amortização do 1º ano será $ 31.547,08 - $ 10.000,00 = $ 21.547,08
A amortização do 2º ano será $ 31.547,08 - $ 7.845,29 = $ 23.701,79
A amortização do 3º ano será $ 31.547,08 - $ 5.475,13 = $ 26.071,97
A amortização do 4º ano será $ 31.547,08 - $ 2.867,91 = $ 28.679,13
Assim, os juros de cada ano vão diminuindo de valor ao longo do tempo, e as
amortizações, inversamente, vão aumentando de valor de forma exponencial.

SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO AMERICANO

Neste sistema, em cada período o tomador somente paga os juros do saldo devedor,
não havendo nenhum pagamento a título de amortização. Portanto, o saldo devedor
não se alterará durante o prazo contratual, pois, como os juros são pagos e não
incorporados ao saldo devedor, o principal será pago então no final do prazo contratual
acordado entre as partes.
Note que, como os juros são pagos e não incorporados ao saldo devedor, é como se o
empréstimo fosse concedido no regime de juros simples.

SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO AMERICANO – PAGAMENTO PERIÓDICO

Saldo no Pagamento Saldo final


Saldo no Juros final do ano, amortização Pagamento Pagamento do ano
Ano início do do antes do no final do de juros no total no final após o
ano ano pagamento ano final do ano do ano pagamento
0 100,000,00 l 100.000,00
1 100.000,00 10.000,00 110.000,00 0,00 10.000,00 10.000,00 100.000,00
2 100.000,00 10.000,00 110.000,00 0,00 10.000,00 10.000,00 100.000,00
3 100.000,00 10.000,00 110.000,00 0,00 10.000,00 10.000,00 100.000,00
4 100.000,00 10.000,00 110.000,00 100.000,00 10.000,00 110.000,00 0,00
Soma dos pagamentos 100.000,00 40.000,00 140.000,00

No Sistema de Amortização Americano com pagamentos periódicos o financiamento é


liquidado mediante um único pagamento no final do 4º ano, e os juros são pagos
periodicamente ao final de cada ano.

SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO AMERICANO – PAGAMENTO NO FINAL

Saldo no Pagamento Saldo final


Saldo no Juros final do ano, amortização Pagamento Pagamento do ano
Ano início do do antes do no final do de juros no total no final após o
ano ano pagamento ano final do ano do ano pagamento
0 100,000,00 l 100.000,00
1 100.000,00 10.000,00 110.000,00 0,00 0,00 0,00 110.000,00
2 110.000.00 11.000,00 121.000,00 0,00 0,00 0,00 121.000,00
3 121.000,00 12.100,00 133.100,00 0,00 0,00 0,00 133.100,00
4 133.100,00 13.310,00 146,410,00 100.000,00 46.410,00 146.410,00 0,00
Soma dos pagamentos 100.000,00 46.410,00 146.410,00

No Sistema de Amortização Americano com pagamentos no final o financiamento é


liquidado mediante um único pagamento no final do 4º ano, os juros são capitalizados
mensalmente e pagos no final do período juntamente com o principal.

Pág. 40
Matemática Financeira

COMENTÁRIOS SOBRE OS PLANOS DE AMORTIZAÇÃO

Foram demonstradas acima as formas de liquidação de um financiamento de um


principal de $ 100.000, no prazo de 4 anos, com uma taxa de 10% ao ano, através da
utilização dos seguintes planos de amortização: Sistema de Amortização Constante –
SAC; Sistema de Amortização Francês (Tabela Price); Sistema de Amortização
Americano – pagamento periódico; Sistema de Amortização Americano – pagamento
no final.
Cabe observar que nos quadros de amortização, o saldo do principal do início de cada
ano foi sempre remunerado a 10% ao ano, e que o pagamento do final do 4ª ano
liquidou integralmente o saldo remanescente do principal e dos juros devidos de cada
plano.
A amortização do principal de $ 100.000 no prazo de 4 anos, com uma taxa de 10% ao
ano, gera os seguintes pagamentos, conforme o plano de amortização utilizado:

Amortização Amortização Amortização Amortização


Mês Constante - SAC Francês (Tabela Americano Americano
Price) Pagto. periódico Pagto. no final
0
1 35.000,00 31.547,08 10.000,00 0,00
2 32.500,00 31.547,08 10.000,00 0,00
3 30.000,00 31.547,08 10.000,00 0,00
4 27.500,00 31.547,08 110.000,00 146.410,00
Soma 125.000,00 126.188,32 140.000,00 146.410,00

Os quatro planos são absolutamente equivalentes a 10% ao ano, pois os mesmos


apresentam o mesmo valor presente quando descontados a essa mesma taxa,
conforme demonstrado abaixo:

Sistema de Amortização Constante – SAC


PV = 35.000,00/(1,1)1 + 32.500,00/(1,1)2 + 30.000,00/(1,1)3 + 27.500,00/(1,1)4
PV = 35.000,00/1,1 + 32.500,00/1,21 + 30.000,00/1,331 + 27.500,00/1,4641
PV = 31.818,18 + 26.859,50 + 22.539,44 + 18.782,87
PV = 100.000,00

Sistema de Amortização Francês (Tabela Price)


PV = 31.547,08/(1,1)1 + 31.547,08/(1,1)2 + 31.547,08/(1,1)3 + 31.547,08/(1,1)4
PV = 31.547,08/1,1 + 31.547,08/1,21 + 31.547,08/1,331 + 31.547,08/1,4641
PV = 28.679,16 + 26.071,97 + 23.701,79 + 21.547,08
PV = 100.000,00
Sistema de Amortização Americano – pagamento periódico
PV = 10.000,00/(1,1)1 + 10.000,00/(1,1)2 + 10.000,00/(1,1)3 + 110.000,00/(1,1)4
PV = 10.000,00/1,1 + 10.000,00/1,21 + 10.000,00/1,331 + 110.000,00/1,4641
PV = 9.090,91 + 8.264.46 + 7.513,15 + 75.131,48
PV = 100.000,00

Sistema de Amortização Americano – pagamento no final


PV = 146.410,00/(1,1)4
PV = 146.410,00/1,4641
PV = 100.000,00

Pág. 41
Matemática Financeira

Resumidamente os valores totais das prestações de cada um dos 4 planos são os


seguintes:
- Sistema de Amortização Constante – SAC = $ 125.000,00
- Sistema de Amortização Francês (Tabela Price) = $ 126.188,32.
- Sistema de Amortização Americano – pagamento periódico = $ 140.000,00
- Sistema de Amortização Americano – pagamento no final = $ 146.410,00

Aparentemente, o Sistema de Amortização Constante – SAC é o plano mais adequado


para quem quiser tomar esse financiamento, uma vez que apresenta o menor valor a
ser pago. Já o Sistema de Amortização Americano com pagamento no final é o pior
plano, pois o seu valor a ser pago é o maior entre os 4 planos.

Essa conclusão apresenta um erro básico: no Sistema de Amortização Americano com


pagamento no final, o principal financiado somente é devolvido ao financiador no final
do 4ª ano, portanto, tem de ser remunerado durante os quatro anos, juntamente com
os juros capitalizados. Já no Sistema de Amortização Constante – SAC, o principal é
amortizado durante o prazo da operação, portanto somente o saldo remanescente de
principal é que deve ser remunerado, produzindo um valor menor de juros a ser pago
pelo financiamento.

Os planos são equivalentes considerando a 10% ao ano, pois apresentam o mesmo


valor presente de $ 100.000 com esta taxa de desconto, e não são equivalentes com
qualquer outra taxa de desconto. Somar as prestações de cada plano equivale a calcular
seus valores presentes com a taxa de desconto de 0% ao ano. Por este motivo os
valores obtidos para o total de pagamentos de cada plano são diferentes.

Outra maneira de analisar os planos é usar o cálculo das reaplicações dos valores que
ficaram disponíveis em cada plano antes do final do 4ª ano, com a taxa de 10% ao ano.
As possíveis reaplicações em cada plano são as seguintes:
 Sistema de Amortização Constante – SAC = reaplicação das 3 primeiras prestações
($ 35.000,00; $ 32.500,00 e $ 30.000,00) até o final do 4º ano, mais o valor da
prestação do 4º ano ($ 27.500,00).

 Sistema de Amortização Francês (Tabela Price) = reaplicação das 3 primeiras


prestações de $ 31.547,08 até o final do 4º ano, mais o valor da prestação do 4º
ano ($ 31.547,08).

 Sistema de Amortização Americano – pagamento periódico = reaplicação das três


primeiras parcelas de juros de $ 10.000 até o final do 4º ano, mais o valor da
prestação do 4º ano ($ 110.000,00).

 Sistema de Amortização Americano – pagamento no final = nenhum valor a


reaplicar, mais o valor da prestação do 4º ano ($ 146.410,00).

Calculando o valor futuro das reaplicações teremos:

Sistema de Amortização Constante – SAC


FV = 35.000,00x(1,1)3 + 32.500,00x(1,1)2 30.000,00x(1,1)1 27.500,00
PV = (35.000,00x1,331) + (32.500,00x1,21) + (30.000,00x1,1) + 27.500,00
PV = 46.585,00 + 39.325,00 + 33.000,00 + 27.500,00
PV = 146.410,00

Pág. 42
Matemática Financeira

Sistema de Amortização Francês (Tabela Price)


PV = 31.547,08x(1,1)3 + 31.547,08x(1,1)2 + 31.547,08x(1,1)1 + 31.547,08
PV = (31.547,08x1,331) + (31.547,08x1,21) + (31.547,08x1,1) + 31.547,08
PV = 41.989,16 + 38.171,97 + 34.701,79 + 31.547,08
PV = 146.410,00

Sistema de Amortização Americano – pagamento periódico


PV = 10.000,00x(1,1)3 + 10.000,00x(1,1)2 + 10.000,00x(1,1)1 + 110.000,00
PV = (10.000,00x1,331) + (10.000,00x1,21) + (10.000,00x1,1) + 110.000,00
PV = 13.310,00 + 12.100,00 + 11.000,00+ 110.000,00
PV = 146.410,00

Sistema de Amortização Americano – pagamento no final


PV = 146.410,00

As diferenças entre os totais pagos em cada um dos 4 planos são compensadas pelas
receitas de reaplicações das parcelas recebidas antes do final do 4º ano, a taxa de 10%
ao ano, conforme quadro abaixo:

Total Receitas de Montante no


Plano pago reaplicação final do 4º ano
Sistema de Amortização Constante - SAC 125.000,00 21.410,00 146.410,00
Sistema de Amortização Francês (Tabela Price) 126.188,32 20.221,68 146.410,00
Sistema de Amortização Americano – pagto. periódico 140.000,00 6.410,00 146.410,00
Sistema de Amortização Americano – pagto. no final 146.410,00 0,00 146.410,00

Podemos verificar a equivalência dos 4 planos, com a taxa de 10% ao ano, podendo
afirmar que:
 Os 4 planos são equivalente, com a taxa de 10% ao ano, por apresentarem o mesmo
valor presente (PV = $ 100.000,00) quando seus valores são descontadas a essa
mesma taxa.
 Os 4 planos são equivalentes, com a taxa de 10% ao ano, por apresentarem o
mesmo valor futuro (FV = $ 146.410,00) no final do 4º ano, quando seus valores
são capitalizados para essa mesma data, com taxa de 10% ao ano.

LEASING – ARRENDAMENTO MERCANTIL

O leasing é uma operação em que o dono do bem (arrendador) cede para outro
(arrendatário) a sua utilização durante um período de tempo determinado, recebendo
em troca uma remuneração periódica (contraprestação), constituída pela amortização
do valor do bem, pelos encargos, pela remuneração da arrendadora e pelos impostos.
Trata-se de uma operação de financiamento com cláusula prevendo a possibilidade de
recompra do objeto arrendado pelo arrendatário, mediante um valor residual
previamente estipulado.

Pág. 43
Matemática Financeira

As contraprestações de leasing podem ser levadas para contas de resultado como


despesa, sendo esse tipo de operação financeira recomendável para empresas que
possuem grande previsibilidade de fluxo de caixa e alta carga fiscal.
As operações de leasing dividem-se em dois grupos: leasing operacional e leasing
financeiro.

LEASING OPERACIONAL

O leasing operacional é praticado diretamente entre o produtor do bem e o arrendador,


sendo o primeiro o responsável pela manutenção ou assistência. Esse tipo de leasing
não envolve uma entidade financeira. As prestações tem a finalidade de amortizar o
bem durante o contrato. A compra do bem ao final do período da operação, se
acontecer, será objeto de negociação entre as partes.
A legislação brasileira apresenta duas exigências para que um leasing seja considerado
operacional:
 A opção de compra não pode ser determinada em contrato, mas no fim do leasing,
e deve ser equivalente ao valor de mercado do bem
 O somatório das prestações pagas deve ser inferior a 75% do valor da opção de
compra.

Exemplo 40 – A empresa do setor de telecomunicações Telecom (arrendatária)


pretende arrendar operacionalmente do fabricante (arrendador) um equipamento de
telefonia digital (leasing operacional). Calcular o valor mínimo da prestação anual a ser
cobrada da arrendatária, considerando os seguintes dados da operação:
 Valor do equipamento = R$ 20.000,00
 Vida útil do equipamento = 4 anos
 Prazo da operação = 4 anos
 Alíquota do IR do arrendador = 30%
 Custo do capital do arrendador = 7% ao ano
 Gastos gerais = R$ 2.000,00 por ano
No quadro abaixo estão demonstrados os fluxos de caixa relevantes da operação do
ponto de vista do arrendador.

Item Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4


Custo inicial (20.000)
Gastos gerais (2.000) (2.000) (2.000) (2.000)
Efeito fiscal dos gastos gerais (a) 600 600 600 600
Efeito fiscal da depreciação (b) 1.500 1.500 1.500 1.500
Fluxo de caixa incremental líquido (20.000) 100 100 100 100

(a) Benefício fiscal será igual ao valor da despesa multiplicado pela alíquota de IR
($2.000 x o,30 = $600)
(b) Benefício da depreciação será igual à alíquota do IR multiplicado pelo valor da quota
de depreciação anual (0,30 x $20.000 / 4 = $1.500)

Cálculo do valor presente líquido (VPL) do investimento


No cálculo do valor presente líquido (VPL) do investimento realizado pelo arrendador,
utilizamos como taxa de desconto o custo de oportunidade do capital, no caso o custo
de capital do arrendador de 7% ao ano.

Pág. 44
Matemática Financeira

VPL = 100/(1,07)1 + 100/(1,07)2 + 100/(1,07)3 + 100/(1,07)4 – 20.000


VPL = 100/1,07 + 100/1,1449 + 100/1,225043 + 100/1,31079601 – 20.000
VPL = 93,46 + 87,34 + 81,63 + 76,29 – 20.000
VPL = 338,72 – 20.000,00
VPL = R$ 19.661,28

Cálculo da prestação mínima


A contraprestação mínima a ser cobrada da arrendatária (Telecom) será igual a uma
anuidade equivalente (AE) calculada sobre o VPL do arrendador:
𝑉𝑃𝐿
𝐴𝐸 =
(1 + 𝑖)𝑛 − 1
(1 + 𝑖)𝑛 𝑥 𝑖

19.661,28
𝐴𝐸 =
(1 + 07)4 − 1
(1 + 07)4 𝑥 0,07

19.661,28
𝐴𝐸 =
1,31079601 − 1
1,31079601 𝑥 0,07

19.661,28
𝐴𝐸 =
0,31079601
0,09175572

19.661,28
𝐴𝐸 =
3,387211282

𝑨𝑬 = 𝑹$ 𝟓. 𝟖𝟎𝟒, 𝟓𝟔

O valor da AE ou prestação de R$ 5.804,56 permite ao arrendador auferir uma


rentabilidade compatível com seu custo de oportunidade de capital. Essa prestação
representa uma receita operacional na contabilidade do arrendador, sobre a qual
incidirá IR de 30%. Portanto, a prestação mínima líquida a ser cobrada da arrendatária
será de R$ 8.292,23, conforme calculada abaixo:

𝐴𝐸 𝑅$ 5.804,56
𝑝𝑟𝑒𝑠𝑡𝑎çã𝑜 𝑚í𝑛𝑖𝑚𝑎 = = = 𝑹$ 𝟖. 𝟐𝟗𝟐, 𝟐𝟑
(1 − 𝑇) (1 − 0,30)

Concluímos que, considerando-se unicamente os aspectos financeiros da operação, a


prestação de equilíbrio financeiro é de R$ 8.292,23.

Pág. 45
Matemática Financeira

LEASING FINANCEIRO

Operacionalmente, o leasing financeiro assemelha-se a um financiamento.


No leasing financeiro, a empresa pode ao final do contrato exercer e opção de compra
do bem, revendê-lo e recuperar parte do dinheiro investido, ou renovar o contrato,
trocando o bem arrendado por outro tecnologicamente mais atual e financiando o valor
adicional desse bem.
A totalidade do valor das prestações pagas durante o contrato pode ser deduzida no
cálculo do lucro tributável para efeito do imposto de renda (nos empréstimos
convencionais, somente os juros são deduzidos fiscalmente).
Principais elementos do contrato de leasing financeiro:
 Contraprestação – a contraprestação ou taxa de arrendamento é o valor devido
periodicamente pela arrendatária durante o prazo da operação.
 Opção de compra – a existência da opção de compra diferencia o leasing financeiro
de um contrato de aluguel comum. A opção de compre é estipulada entre as partes
e serve de base para a aquisição ou renovação da operação no final do prazo de
arrendamento.
 Valor residual garantido (VRG) – constitui-se em uma proporção do valor da
operação que será devida à arrendadora caso seja exercida a opção de compra do
bem. Este valor pode ser pago no início (VRG antecipado), no fim (VRG postecipado)
ou durante o contrato (VRG diluído).

Exemplo 41 – Calcule a taxa de arrendamento e o valor das prestações para uma


operação de leasing financeiro no valor de R$ 100.000, com prazo de 36 meses e taxa
de juros de 8% ao mês, aplicada pela sociedade arrendadora, considerando as
seguintes hipóteses sobre o valor residual garantido (VRG):
 VRG de 20% cobrado ao término da operação
 VRG cobrado ao longo do prazo da operação (diluído nas parcelas)
 VRG de 20% cobrado no início da operação

Dados da operação:
 Valor da operação – VO = R$ 100.000
 Valor residual garantido – VRG = 20%
 Prazo da operação – n = 36 meses
 Taxa de juros efetiva aplicada no arrendamento – iA = 8% ao mês

VRG de 20% cobrado ao término da operação


Cálculo da taxa de arrendamento (TA)

(100% − 𝑉𝑅𝐺%)
𝑇𝐴 = + 𝑖𝐴 𝑥 𝑉𝑅𝐺%
(1 + 𝑖𝐴 )𝑛 − 1
(1 + 𝑖𝐴 )𝑛 𝑥 𝑖𝐴

(100% − 20%)
𝑇𝐴 = + 0,08 𝑥 20%
(1 + 0,08)36 − 1
(1 + 0,08)36 𝑥 0,08

Pág. 46
Matemática Financeira

80%
𝑇𝐴 = + 0,08 𝑥 20%
(1,08)36 − 1
(1,08)36 𝑥 0,08

80%
𝑇𝐴 = + 0,08 𝑥 20%
15,96817184 − 1
15,96817184 𝑥 0,08

80%
𝑇𝐴 = + 0,08 𝑥 20%
14,96817184
1,277453747

80%
𝑇𝐴 = + 0,08 𝑥 20%
11,71719279

𝑇𝐴 = 6,827573928% + 0,08 𝑥 20%


𝑇𝐴 = 6,827573928% + 1,6%
𝑻𝑨 = 𝟖, 𝟒𝟐𝟕𝟓𝟕𝟑𝟗𝟐𝟖%

Cálculo da prestação mensal (R)


R = valor da operação (VO) x taxa de arrendamento (TA)
R = R$ 100.000 x 8,427573928%
R = R$ 8.427,57

VRG cobrado ao longo da operação (diluído nas parcelas)


Cálculo da taxa de arrendamento (TA)

100%
𝑇𝐴 =
(1 + 𝑖𝐴 )𝑛 − 1
(1 + 𝑖𝐴 )𝑛 𝑥 𝑖𝐴
100%
𝑇𝐴 =
(1 + 0,08)36 − 1
(1 + 0,08)36 𝑥 0,08

100%
𝑇𝐴 =
(1,08)36 − 1
(1,08)36 𝑥 0,08

100%
𝑇𝐴 =
15,96817184 − 1
15,96817184 𝑥 0,08
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Matemática Financeira

100%
𝑇𝐴 =
14,96817184
1,277453747

100%
𝑇𝐴 =
11,71719279
𝑻𝑨 = 𝟖, 𝟓𝟑𝟒𝟒𝟔𝟕𝟒𝟏%

Cálculo da prestação mensal (R)


R = valor da operação (VO) x taxa de arrendamento (TA)
R = R$ 100.000 x 8,53446741%
R = R$ 8.534,47

VRG de 20% cobrado no início da operação


Cálculo da taxa de arrendamento (TA)

(100% − 𝑉𝑅𝐺%)
𝑇𝐴 =
(1 + 𝑖𝐴 )𝑛 − 1
(1 + 𝑖𝐴 )𝑛 𝑥 𝑖𝐴

(100% − 20%)
𝑇𝐴 =
(1 + 0,08)36 − 1
(1 + 0,08)36 𝑥 0,08
80%
𝑇𝐴 =
(1,08)36 − 1
(1,08)36 𝑥 0,08

80%
𝑇𝐴 =
15,96817184 − 1
15,96817184 𝑥 0,08

80%
𝑇𝐴 =
14,96817184
1,277453747

80%
𝑇𝐴 =
11,71719279

𝑻𝑨 = 𝟔, 𝟖𝟐𝟕𝟓𝟕𝟑𝟗𝟐𝟖

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Matemática Financeira

Cálculo da prestação mensal (R)


R = valor da operação (VO) x taxa de arrendamento (TA)
R = R$ 100.000 x 6,827573928%
R = R$ 6.827,57

NOÇÕES SOBRE O MERCADO DE CAPITAIS

Poupança e investimento
Os recursos necessários para uma aplicação provêm da parcela não consumida da
renda, à qual se dá o nome de poupança. Qualquer pessoa que tenha uma poupança
(por menor que seja seu valor) ou uma disponibilidade financeira pode efetuar um
investimento, esperando obter:
 reserva para qualquer despesa imprevista e uma garantia para o futuro —
segurança;
 boa remuneração — rentabilidade;
 crescimento do capital empregado — valorização;
 defesa contra eventual desvalorização do dinheiro — proteção;
 oportunidade de associação com empresas dinâmicas — desenvolvimento
econômico;
 rápida disponibilidade do dinheiro aplicado — liquidez.

Por que e no que investir


Todo investidor busca a otimização de três aspectos básicos em um investimento:
retorno, prazo e proteção. Ao avaliá-lo, portanto, deve estimar sua rentabilidade,
liquidez e grau de risco. A rentabilidade está sempre diretamente relacionada ao risco.
Cabe ao investidor definir o nível de risco que está disposto a correr em função de obter
maior ou menor lucratividade.

Investimentos imobiliários
Envolvem a aquisição de bens imóveis, como terrenos e habitações. Para a economia
como um todo, entretanto, a compra de um imóvel já existente não constitui
investimento, apenas transferência de propriedade. Os objetivos do investidor de
imóveis são geralmente distintos de quem procura aplicar em valores mobiliários,
sobretudo no que se refere ao fator liquidez de um e de outro.

Investimentos em títulos
Abrangem aplicações em ativos diversos negociados no mercado financeiro (de crédito),
que apresentam características básicas em relação a:
 renda — variável ou fixa;
 prazo — variável ou fixo;
 emissão — particular ou pública.

Renda
A renda é fixa quando se conhece previamente a forma do rendimento que será
conferido ao título. Nesse caso, o rendimento pode ser pós ou prefixado, como ocorre,
por exemplo, com o certificado de depósito bancário (CDB).
A renda variável será definida de acordo com os resultados obtidos pela empresa ou
instituição emissora do respectivo título.
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Matemática Financeira

Prazo
Há títulos com prazo de emissão variável ou indeterminado, isto é, não têm data
definida para resgate ou vencimento, podendo sua conversão em dinheiro ser feita a
qualquer momento. Já os títulos de prazo fixo apresentam data estipulada para
vencimento ou resgate, quando seu detentor receberá o valor correspondente à sua
aplicação, acrescido da respectiva remuneração.

Emissão
Os títulos podem ser particulares ou públicos. Particulares, quando lançados por
sociedades anônimas ou instituições financeiras autorizadas pela CVM ou pelo Banco
Central do Brasil, respectivamente; públicos, se emitidos pelos governos federal,
estadual ou municipal. De forma geral, as emissões de entidades públicas têm o
objetivo de propiciar a cobertura de déficits orçamentários, o financiamento de
investimentos públicos e a execução da política monetária.

O mercado de capitais
O mercado de capitais é um sistema de distribuição de valores mobiliários que visa
proporcionar liquidez aos títulos de emissão de empresas e viabilizar seu processo de
capitalização. É constituído pelas bolsas, corretoras e outras instituições financeiras
autorizadas.
No mercado de capitais, os principais títulos negociados são os representativos do
capital de empresas — as ações — ou de empréstimos tomados, via mercado, por
empresas — debêntures conversíveis em ações, bônus de subscrição e commercial
papers — que permitem a circulação de capital para custear o desenvolvimento
econômico.
O mercado de capitais abrange ainda as negociações com direitos e recibos de
subscrição de valores mobiliários, certificados de depósitos de ações e demais
derivativos autorizados à negociação.

Por que investir no mercado de capitais


À medida que cresce o nível de poupança, maior é a disponibilidade para investir. A
poupança individual e a poupança das empresas (lucros) constituem a fonte principal
do financiamento dos investimentos de um país. Esses investimentos são o motor do
crescimento econômico, que, por sua vez, gera aumento de renda com consequente
aumento da poupança e do investimento. E assim por diante.
Assim é o esquema da circulação de capital presente no processo de desenvolvimento
econômico. À medida que se expandem, as empresas necessitam de mais e mais
recursos que podem ser obtidos por meio de:
 empréstimos de terceiros;
 reinvestimentos de lucros;
 participação de acionistas.
As duas primeiras fontes de recursos são limitadas. Geralmente, as empresas utilizam-
nas para manter sua atividade operacional. Mas é pela participação de novos sócios —
os acionistas — que uma empresa ganha condição de obter novos recursos não
exigíveis, como contrapartida à participação no seu capital.
Com os recursos necessários, as empresas têm condições de investir em novos
equipamentos ou no desenvolvimento de pesquisas, melhorando seu processo
produtivo, tornando-o mais eficiente e beneficiando toda a comunidade. Essa é a
mecânica da democratização do capital de uma empresa e da participação em seus
lucros.

Pág. 50
Matemática Financeira

Principais ativos privados de renda variável negociados no mercado de


capitais
Ações
Títulos de renda variável, emitidos por sociedades anônimas, que representam a menor
fração do capital da empresa emissora. Podem ser escriturais ou representadas por
cautelas ou certificados. O investidor de ações é um coproprietário da sociedade
anônima da qual é acionista, participando dos seus resultados. As ações são
conversíveis em dinheiro, a qualquer tempo, pela negociação em bolsa ou no mercado
de balcão.

Tipos de ações
Ordinárias – proporcionam participação nos resultados da empresa e conferem ao
acionista o direito de voto em assembleias gerais.
Preferenciais – garantem ao acionista a prioridade no recebimento de dividendos
(algumas vezes em percentual mais elevado que o atribuído às ações ordinárias) e no
reembolso de capital, em caso de dissolução da sociedade.

Formas das ações


Nominativas – cautelas ou certificados que apresentam o nome do acionista, cuja
transferência é feita com a entrega da cautela e a averbação de termo, em livro próprio
da sociedade emissora, identificando o novo acionista.
Escriturais – ações que não são representadas por cautelas ou certificados,
funcionando como uma conta corrente na qual os valores são lançados a débito ou a
crédito dos acionistas, não havendo movimentação física de documentos.

Rentabilidade das ações


É variável. Parte dela, composta de dividendos ou participação nos resultados e
benefícios concedidos pela empresa, advém da posse da ação; outra parte advém do
eventual ganho de capital na venda da ação.
Dividendos – a participação nos resultados de uma sociedade é feita sob a forma de
distribuição de dividendos em dinheiro, em percentual a ser definido pela empresa de
acordo com os seus resultados referentes ao período correspondente ao direito. Quando
uma empresa obtém lucro, em geral é feito um rateio que destina parte deste lucro
para reinvestimentos, parte para reservas e parte para pagamento de dividendos.
Juros sobre o capital próprio – as empresas, na distribuição de resultados aos seus
acionistas, podem optar por remunerá-los por meio do pagamento de juros sobre o
capital próprio, em vez de distribuir dividendos, desde que sejam atendidas
determinadas condições estabelecidas em regulamentação específica.
Bonificação em ações – advém do aumento de capital de uma sociedade mediante a
incorporação de reservas e lucros, quando são distribuídas gratuitamente novas ações
a seus acionistas em número proporcional às já possuídas.
Bonificação em dinheiro – excepcionalmente, além dos dividendos, uma empresa
poderá conceder a seus acionistas participação adicional nos lucros por meio de uma
bonificação em dinheiro.
Direito de subscrição – é direito de aquisição de novo lote de ações pelos acionistas
— com preferência na subscrição — em quantidade proporcional às possuídas, em
contrapartida à estratégia de aumento de capital da empresa.
Venda de direitos de subscrição – como não é obrigatório o exercício de preferência
na subscrição de novas ações, o acionista poderá vender a terceiros, em bolsa, os
direitos que detiver.
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Matemática Financeira

Outros ativos privados negociados no mercado de capitais – Opções sobre ações;


operações em margem; banco de títulos BTC; clube de investimento; fundo mútuo de
investimento; fundo imobiliário; fundo mútuo de investimento em empresas
emergentes; opções de compra não padronizadas (warrants).

Ativos públicos de renda fixa negociados no mercado de capitais – Títulos


emitidos pelo Tesouro Nacional – Letras do Tesouro Nacional (LTN); Letras Financeiras
do Tesouro (LFT); Notas do Tesouro Nacional (NTN).

Comissão de Valores Mobiliários (CVM)


A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é uma autarquia especial, vinculada ao
Ministério da Fazenda, com a responsabilidade de disciplinar, fiscalizar e promover o
mercado de valores mobiliários.
Criada pela Lei 6.385, de 07/12/76, a CVM exerce atividade de fiscalização e
normatização do mercado de valores mobiliários, de modo a assegurar o exercício de
práticas equitativas e coibir qualquer tipo de irregularidade.
Ao mesmo tempo, elabora estudos e pesquisas dos quais obtém elementos necessários
à definição de políticas e iniciativas capazes de promover o desenvolvimento do
mercado.
No exercício de suas atribuições, a Comissão de Valores Mobiliários poderá examinar
registros contábeis, livros e documentos de pessoas e/ou empresas sujeitas à sua
fiscalização, intimá-las a prestar declarações ou esclarecimentos sob pena de multa;
requisitar informações de órgãos públicos, outras autarquias e empresas públicas;
determinar às companhias abertas a republicação de demonstrações financeiras e
dados diversos; apurar infração mediante inquéritos administrativos e aplicar
penalidade.

As Bolsas de Valores
As bolsas são locais que oferecem as condições e os sistemas necessários para a
realização de negociação de compra e venda de títulos e valores mobiliários, e de outros
ativos, de forma transparente. Além de oferecer um ambiente para a negociação dos
títulos nelas registrados, orientar e fiscalizar os serviços prestados por seus
intermediários, facilitar a divulgação constante de informações sobre as empresas e
sobre os negócios que se realizam sob seu controle, as bolsas propiciam liquidez às
aplicações de médio e longo prazos, por intermédio de um mercado contínuo
representado por seus pregões diários.

As Corretoras
Corretoras são instituições financeiras credenciadas pelo Banco Central do Brasil, pela
CVM e pela Bolsa, habilitadas a negociar valores mobiliários em pregão. As corretoras
podem ser definidas como intermediárias especializadas na execução de ordens e
operações por conta própria e determinadas por seus clientes, além da prestação de
uma série de serviços a investidores e empresas, tais como:
 diretrizes para seleção de investimentos;
 intermediação de operações de câmbio;
 assessoria a empresas na abertura de capital, emissão de debêntures e debêntures
conversíveis em ações, renovação do registro de capital etc.

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Matemática Financeira

BM&FBOVESPA
A Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros (BM&FBOVESPA) foi criada em maio de 2008
com a integração da Bolsa de Mercadorias & Futuros e da Bovespa Holding. Juntas,
essas companhias originaram uma das maiores bolsas do mundo em valor de mercado.
A BM&FBOVESPA oferece à negociação ações, contratos futuros, de opções, a termo e
de swaps referenciados em índices, taxas de juro e câmbio, e commodities
agropecuárias e de energia, além de operações no mercado a vista, como ouro, dólar
pronto e títulos públicos federais.
Na Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros, são negociados os mais variados títulos e
valores mobiliários de empresas criteriosamente selecionadas. A BM&FBOVESPA
exerce, em defesa do investidor, rigoroso acompanhamento de todos os aspectos
envolvidos nas transações, assegurando o cumprimento dos negócios realizados. Todas
as operações são realizadas via pregão eletrônico.

Clearing e central depositária


A BM&FBOVESPA presta serviços de clearing e de central depositária, sendo responsável
pela compensação e liquidação das operações realizadas nos mercados a vista e de
liquidação futura, bem como pelo registro e pelo controle das operações de empréstimo
de títulos (BTC).
Depois de fechadas pelas corretoras no Mega Bolsa, sistema eletrônico de negociação
da BM&FBOVESPA, as operações precisam ser liquidadas, ou seja, os vendedores
devem entregar as ações aos compradores e estes devem efetuar o pagamento aos
vendedores. É a Bolsa quem coordena esse processo.
A entrega das ações e o correspondente pagamento não ocorrem diretamente entre os
participantes da operação, mas sim por meio de agentes de compensação.
Além disso, quando um investidor compra ações ou outros títulos na Bolsa, eles ficam
guardados na central depositária, em uma conta de custódia aberta em seu nome pelo
seu agente de custódia, que é semelhante a uma conta corrente, mas, em vez de
guardar dinheiro, guarda ações.

Governança corporativa
Governança corporativa é um sistema pelo qual as sociedades são geridas a partir do
relacionamento entre acionistas, conselho de administração, diretoria, auditoria
independente e conselho fiscal. Boas práticas de governança corporativa visam
aumentar o valor da empresa, facilitar seu acesso ao capital e contribuir para sua
perenidade.
Para adequar-se a essa tendência, a BM&FBOVESPA criou segmentos especiais para a
listagem de companhias abertas, cada um deles com diferentes exigências relativas aos
direitos dos acionistas e à prestação de informações.
O Novo Mercado, principal segmento, abriga companhias que emitem exclusivamente
ações com direito a voto (ON). Além disso, exige a publicação de informações segundo
padrões internacionais ou norte-americanos e a adesão à Câmara de Arbitragem do
Mercado para a resolução de conflitos entre acionistas.
Os outros dois segmentos — os Níveis Diferenciados de Governança Corporativa 1 e 2
— permitem a listagem de companhias com ações sem direito a voto, mas, no Nível 2,
em alguns casos, os detentores de ações PN podem votar. Já no Nível 1, verifica-se
expressiva melhoria na prestação de informações em comparação ao exigido por lei.
Em todos os segmentos, requerem-se a manutenção de pelo menos 25% das ações em
circulação.

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Matemática Financeira

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

HAZZAN, Samuel e POMPEO, José Nicolau. Matemática Financeira. São Paulo: Saraiva,
2007.
PUCCINI, Abelardo de Lima. Matemática Financeira – Objetiva e Aplicada. São Paulo:
Saraiva, 2004.
SAMANEZ, Carlos Patrício. Engenharia Econômica. São Paulo: Pearson Prentice Hall,
2009.
LAURENCEL, Luiz da Costa e REZENDE, Mauro. Engenharia Financeira – Fundamentos
para Avaliação e Seleção de Projetos de Investimentos e Tomada de Decisão. Rio de
Janeiro: LTC, 2013.
BM&FBOVESPA. Introdução ao Mercado de Capitais. São Paulo, 2010

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