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Capital, tempo e juro.

Operações financeiras
Juro
 Remuneração recebida em contrapartida da cedência temporária ou definitiva de capital.
 Remuneração de um certo capital, durante um certo prazo.
 Preço do uso, temporário ou definitiva, do capital alheio;
 Depende de três fatores: o capital, o tempo e a taxa de juro.
 Varia diretamente em relação a cada um destes fatores, isto é, aumenta quando qualquer
um deles aumenta, mantendo-se os outros dois constantes.

Operação Financeira: produz ou modifica um capital, só faz sentido falar-se de operação financeira se,
na mesma, se verificar a presença simultânea das seguintes variáveis fundamentais: o capital, o tempo
e o juro (taxa de juro).

Horizonte temporal da operação financeira:


 De curto prazo (até 1 ano)
 De médio prazo (de 1 a 5 anos)
 De longo prazo (mais de 5 anos)

Intervenientes:
 Mutuário: aquele que pede emprestado- devedor
 Mutuante: aquele que empresta- credor

Capital: conjunto de meios líquidos, cedidos durante um determinado espaço de tempo, temporária
ou definitiva, produzindo uma certa remuneração para o seu proprietário.
 O fator tempo é o prazo durante o qual o capital é aplicado e será analisado numa base
periódica
 Período é cada um dos espaços de tempo considerado como uma unidade de tempo.

Diferença entre juro e taxa de juro:


 Juro: um valor absoluto (expresso em euros)
 Taxa de juro: um valor relativo, para determinado período de tempo, ou seja, representa o
juro (em valor absoluto) por cada 100 unidades monetárias e por cada ano.

Operações ativas e operações passivas

 Operações ativas - são aquelas que têm subjacente o recebimento de juros (ou comissões)
por parte das instituições bancárias (tipicamente, empréstimos concedidos).
 Operações passivas - são aquelas que têm implícito o pagamento de juros por parte das
instituições bancárias (por exemplo, depósitos).

Nota: Às operações ativas estão associadas taxas (de juro) ativas e às operações passivas estão
associadas taxas (de juro) passivas.

Prime rate: é a taxa de juro que os bancos praticam para os seus melhores clientes, aqueles que, de
acordo com sua análise, apresentam menor risco.

Spread: acréscimo que as instituições bancárias aplicam a uma determinada taxa de referência para
obter a taxa de juro que será utilizada em determinada operação bancária.
 Taxas indexadas: taxas de juro que são associadas a outras taxas.
 Taxa indexante: taxa de juro utilizada como referência nos empréstimos com taxa de juro
variável. (a taxa indexante mais utilizada é a Euribor.)

Regime de Capitalização
Capitalização:
 o vencimento de juros, ou seja, o incremento do valor dum capital à medida que o tempo vai
decorrendo;
 consiste num processo de acumulação de capital ou de produção de juros;
 a frequência com que em determinada operação financeira se processa o juro por
“frequência” ou “periodicidade de capitalização” (capitalização anual, semestral, mensal,
etc.).

O juro justifica-se por três ordens de razões:


1. Privação de liquidez: quem empresta determinado capital fica privado de decidir o que fazer
com ele; quanto maior for o prazo do empréstimo, mais este efeito se faz sentir;
2. Perda do poder de compra: quanto maior for o prazo do empréstimo, maior será o efeito da
inflação;
3. Risco: quem empresta corre sempre o risco de não vir a receber de volta o que emprestou;
quanto maior for o prazo do empréstimo, maior é o risco envolvido.

Regime de juro simples: sai do processo de capitalização, isto é, o juro produzido em cada período não
produz juro no(s) períodos seguintes(s), ou seja, não capitaliza.

: Fórmula da capitalização em regime de juro simples

: Expressão que permite calcular o juro acumulado durante m meses pelo


capital Co em regime de juro simples e à taxa anual i.
Regime de juro composto: é incorporado no capital com que vai iniciar o período seguinte, vindo a
gerar ele próprio juros no(s) período(s) seguinte(s), ou seja, capitaliza. A este fenómeno (juros de
juros) dá-se o nome de anatocismo.

: Fórmula da capitalização em regime de juro composto

: Expressão que permite determinar o capital inicial em função do capital


acumulado, da taxa e do período t.

: Expressão que permite determinar o juro acumulado, ou juro de t


período sem função do capital inicial e da taxa.

Atualização: fenómeno inverso da capitalização, consiste no cálculo do valor de um capital antes da


data acordada.
Desconto: corresponde a uma redução do valor do capital durante um determinado espaço de tempo.
Considerando o capital (C) no momento t, o desconto (D) constitui a redução desse capital durante o
período compreendido entre t-1 e t.

Taxa de desconto: redução sofrida por uma unidade de capital descontada durante uma unidade de
tempo.

Bases de Cálculo para Contagem de Prazos


Relativamente ao número de dias entre duas datas:
 Real (ou Atual): contam-se os dias de acordo com o calendário real;
 30: contam-se os dias como se todos os meses tivessem 30 dias.

Desconto em regime de juro simples


Desconto por dentro (ou racional): corresponde ao juro produzido pelo valor atual do capital durante
o prazo que falta para o seu vencimento.

Desconto por fora (ou comercial): corresponde ao juro produzido pelo valor nominal do capital
durante o prazo que falta para o seu vencimento.

Sendo Df>Dd → C0(c)<C0(r), a utilização do desconto por fora confere um benefício para a entidade
credora visto que, com um menor valor atual, irá receber o mesmo valor nominal.

Como na solução comercial (desconto por fora) a taxa incide sobre o valor nominal, oqual é,
obviamente, superior ao valor atual, a taxa efetivamente suportada pelomutuário (dc) é superior à
taxa anunciada.
---Limite de aplicabilidade teórica---

A existência de um limite de aplicabilidade teórica no desconto comercial simples tem a ver com o
facto de esta modalidade de atualização ser apenas aplicável a operações dê prazo curto e/ou taxa de
juro baixa.

Em operações de prazo dilatado e/ou taxa de juro elevada, ela apresenta alguns problemas. Para
prazos superiores a 1/t ou taxas superiores a 1/i, o valor atual comercial simples é negativo.

Juros antecipados ou à cabeça: trata-se de uma modalidade praticável em operações de curto prazo
em que os juros são pagos antecipadamente.

Em algumas modalidades de concessão de crédito o mutuário suporta os juros na sua totalidade, logo
no momento do contrato, por dedução ao capital pedido (Ct). Deste modo, o capital efetivamente
recebido naquele momento (C0) é inferior ao capital pedido (Ct). No final do prazo, paga o montante
que pediu (Ct). A taxa de juro incide sobre este último, isto é, está subjacente a utilização do desconto
comercial. No fundo paga-se juros sobre uma quantia superior àquela que é recebida.

Desconto Bancário
Desconto bancário: consiste na realização do valor das letras de câmbio antes da datado seu
vencimento através de organismos de crédito. As empresas, ao descontarem nos bancos comerciais
as letras de que são portadoras, vão suportar encargos com a operação - encargos de desconto.
Componentes: Desconto propriamente dito (Df) – representa o “juro” relativo ao prazo de
antecipação do pagamento.

: Comissão de cobrança (Cc) - trata-se de uma comissão bancária expressa


através de uma percentagem ou permilagem sobre o valor nominal da letra.

: Imposto de selo (IS) – trata-se de um encargo fiscal imposto por lei e retido
na fonte pela instituição de crédito. Incide sobre “juros” e comissões. A Taxa de imposto de selo (IS) é
de 4%.

Portes (D): trata-se de uma rubrica residual que varia de banco para banco.

Produto líquido da letra (ou valor líquido do desconto) = Vt – Encargos


Taxas de juro:
1. Taxas anuais / Taxas periódicas
Anual: O que está na essência desta distinção é o período a que se refere a taxa. Uma taxa diz-
se anual se estiver reportada ao ano.
Periódica: Qualquer taxa reportada a outro período diz-se, genericamente, periódica, sendo
que esta designação se deverá concretizar, em cada caso referindo que a taxa é mensal, ou trimestral,
ou semestral, etc.

2. Taxas proporcionais / Taxas equivalentes


Proporcionais: Dizem-se proporcionais quando, reportadas a períodos diferentes, a razão
existente entre elas for idêntica à que existe entre os períodos de referência de ambas.
Equivalentes: As taxas dizem-se equivalentes entre si se, aplicadas a um mesmo capital,
conduzem ao mesmo capital acumulado, em diferentes capitalizações temporais, após um mesmo
intervalo de tempo.
Relação de Equivalência:

i: Taxa
ik : Taxa referente a um determinado período que é função
do período de referência de i
k :número de vezes em que ocorre a capitalização
(frequência da capitalização)

3. Taxas Nominais / Taxas Efetivas


Nominal: não leva em consideração as sucessivas capitalizações, e a taxa periódica é calculada
segundo uma relação de proporcionalidade ( i(k) = Taxa anual nominal, composta k vezes por a ano);
Efetiva: leva em consideração o efeito de sucessivas capitalizações, e a taxa periódica é calculada
segundo uma relação de equivalência (i = Taxa anual efetiva).
São quatro as hipóteses de problemas com os quais podemos ser confrontados:

 Determinação de uma taxa efetiva em função de uma outra taxa efetiva (Taxa Efetiva/Taxa
Efetiva) - Relação de Equivalência

 Determinação de uma taxa nominal em função de uma taxa efetiva (Taxa Nominal/Taxa
Efetiva) - Relação de Proporcionalidade

1.º Calcula-se a taxa periódica reportada ao mesmo período a que são efetuadas as capitalizações,
através de uma relação de proporcionalidade.

2.º O cálculo da taxa efetiva reportada a outro período deverá ser feito através de uma relação de
equivalência.

 Determinação de uma taxa efetiva em função de uma taxa nominal (Taxa Efetiva/Taxa
Nominal) - Relação de Proporcionalidade
 Determinação de uma taxa nominal em função de uma taxa nominal (Taxa Nominal/Taxa
Nominal) - Relação de Proporcionalidade

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