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PARTNER RELATIONSHIP
MANAGEMENT
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prazo e que envolve tanto o seu planejamento estratégico quanto seus objetivos
estratégicos (Wegner, 2020). Em outras palavras, diferentes autores podem
entender e descrever as alianças estratégicas de diferentes formas. De acordo
com Dias e Matos (2012) e Klotzle (2002), a literatura especializada sobre o
assunto apresenta frequentemente os seguintes pontos de vistas:
AUTORES CONCEITO
Jarillo (1988) Acordos de longo prazo entre organizações lucrativas
distintas, mas relacionadas que permitem obter uma
vantagem competitiva sustentável.
Williamson (1991) Nas alianças, as partes mantêm autonomia, mas são
bilateralmente dependentes em certo grau.
Teece (1992) Acordos nos quais dois ou mais parceiros dividem o
compromisso de alcançar um objetivo comum, unindo todas
as suas capacidades e recursos e coordenando suas
atividades. Uma aliança estratégica implica em algum grau de
coordenação estratégica e operacional das atividades e inclui,
entre outras, as seguintes atividades conjuntas de Pesquisa e
Desenvolvimento (P&D), transferência mútua de tecnologia,
concessão de direitos exclusivos de produtos e venda de
acordos de cooperação na área de marketing. Alianças
estratégicas podem ou não envolver participação acionária.
Dussauge e Carrette (1995) Projetos de colaboração implantados por firmas rivais,
operando na mesma indústria. As firmas mantêm, entretanto,
a sua independência. Essa definição exclui, assim, fusões e
aquisições, as quais levam à perda de autonomia de pelo
menos um parceiro. Também são excluídas parcerias
verticais formada por fornecedores e compradores.
Hagedoorn e Narula (1996) Alianças estratégicas podem ser classificadas de duas
maneiras. De um lado, existem tipos que envolvem
participação acionária, como joint-ventures e companhias
conjuntas de pesquisa. De outro lado, há formas sem
participação acionária, isto é, baseadas somente em
contratos entre parceiro. Nesse grupo, encontram-se, entre
outros, acordos de desenvolvimento conjunto de produtos,
pactos de pesquisa conjunta, acordos mútuos de
licenciamento e contratos de Pesquisa e Desenvolvimento
(P&D).
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Garai (1999) Alianças estratégica incluem acordos de esforços conjuntos
na área de marketing, atividades conjuntas de Pesquisa e
Desenvolvimento, colaboração no desenvolvimento de novos
produtos, transferência de tecnologia e atividades de
terceirização.
Rothaermel e Deeds (2004) Relações intraorganizacionais voluntárias que permite
agrupar riscos e reduzir incertezas, construir novas
competências, acessar recursos complementares, aumentar
a aprendizagem organizacional e a legitimidade, adaptar
novas tecnologias, construir capital relacional através do
tempo e obter êxito em áreas em que as empresas,
isoladamente, não poderiam alcançar.
Fonte: elaborado com base em Dias e Matos, 2012, p. 37-38; Klotzle, 2002, p. 89.
Nesse mesmo sentido, Dias e Matos (2012, p. 40-41), com base em Lewis
(1992), complementam essa visão ao argumentarem que as alianças estratégicas
podem ser entendidas como:
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Em continuação, Dias e Matos (2012, p. 40-41) defendem que a aliança
estratégica se trata de uma instituição duradoura de “relações privilegiadas entre
empresas, baseadas na reciprocidade de vantagens, no entendimento
sistemáticos, e tendo em comum o anseio por progredir e avançar rumo ao
objetivo estabelecido conjuntamente” e que “as partes envolvidas no processo de
aliança permanecem legalmente separadas” (Dias; Matos, 2012, p. 40-41).
Diante de tantos conceitos e contribuições de diversos autores, podemos
observar que os elementos abaixo são frequentemente mencionados, por vários
autores, ao tentar descrever as alianças estratégicas:
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Em síntese, os tipos de alianças estratégicas “podem assumir várias
formas, que vão de simples contratos à joint ventures” (Techemayer, 2002, p. 10).
Nesse sentido, podemos entender as joint ventures como um importante
tipo de aliança estratégica e que, ao mesmo tempo, ilustram bem os
entendimentos o potencial e a complexidade das alianças estratégicas.
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Figura 1 – Joint venture do tipo societária
Figura 2 – Fusão
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Já a aquisição pode ser entendida como “uma estratégia pela qual uma
empresa compra o controle, ou 100%, de outra empresa com a intenção de tornar
a empresa adquirida subsidiária em seu portfólio” (Dias; Matos, 2012, p. 43).
Vejamos a representação a seguir:
Figura 3 – Aquisição
Em síntese, tanto nas alianças estratégicas quanto nas joint venture uma
determinada empresa não assume o controle sob a outra e/ou deixam de existir
(Dias; Matos, 2012). Por fim, cabe destacar que, de acordo com o estudo realizado
nesta disciplina, também não podemos entender as alianças estratégicas e as
joint ventures como os casos de “relações entre uma matriz e suas filiais e acordos
para aquisição de bens ou prestação de serviços a curto prazo” e sem que seja
observada uma união estável, codependência e os demais elementos
caracterizadores das alianças estratégicas e das joint ventures discutidos
anteriormente (Dias; Matos, 2012, p. 42).
Para que possamos melhor entender as joint ventures, agora iremos expor
alguns exemplos reais e importantes desse tipo de parceria empresarial.
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vinha sendo negociada entre as duas companhias desde maio do ano
passado [2011], comtempla a participação de 50% para a BRF e 50%
para a DCH, com abrangência em produtos in natura e processados,
focando em geração de capacidade e a operação no mercado local,
incluindo vendas, importação, suprimentos de produtos, customer
clearance e trade marketing. [...]. A BRF focará na produção, suporte
técnico e marketing dos produtos a serem comercializados pela
associação. A DCH irá concentrar na cadeia de suprimentos e
distribuição das operações, serviços e processamento de embalagem e
serviços gerais de suporte de operações. (Veja, 2012)
3.2 BrasilCel
Saiba mais
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Já em 2010, a “Telefónica adquiriu as ações da Vivo, que pertenciam à
Portugal Telecom, se tornando líder do mercado de telecomunicações do Brasil”
(Telefónica, s.d.).
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3.3 AutoLatina
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política de carro popular, quando o Brasil reduziu as tarifas sobre as
importações de automóveis, permitindo que empresas concorrentes
pudessem entrar no Brasil e na Argentina, com o intuito de iniciar a
produção local de vários modelos de carros populares, tornando o país
o décimo maior produtor mundial de veículos.
Saiba mais
Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=S7c7g_QswuU&ab_channel=CanalAutosMo
tivos>. Acesso em: 27 set. 2021.
Em 1997, foi realizada uma joint venture entre Gradiente e Nokia Mobile
Phones, resultando na criação na criação da NG Industrial Ltda (NGI) (Grupo
Gradiente, 2017). De acordo com Villaça e Torrezan (2015, p. 51-52):
Saiba mais
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tecnologia-e-inovacao--a-joint-venture-nokia-gradiente>. Acesso em: 27 set.
2021.
Toda empreitada possui seus riscos, mas que, uma vez observados com
antecedência, podem ser considerados fatores de sucesso. Isso não é diferente
com as joint ventures. Sendo assim, abaixo listamos os principais ricos que devem
ser observados em uma formação de uma joint venture para que se transformem
em fatores de sucesso.
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possuem de melhor, como um corpo capacitado de profissionais,
tecnologias, capital etc. Por mais óbvio que isso possa parecer, muitas
empresas costumam ver seus o parceiro com desconfiança e com medo
de mostrar seus segredos e estratégias, em especial quando as parceiras
eram concorrentes (Flamia, 2001). “Se isto acontecer, a aliança
provavelmente será improdutiva e se tornará um peso para ambas, onde
estarão desperdiçando tempo e capital” (Flamia, 2001, p. 15). No entanto,
cabe destacar “que esse dever fica restrito às operações praticadas em
conjunto, uma vez que fica conservada a liberdade de competição em
ramos distintos àquele limitado pela Joint Venture” (Manucci, 2018).
• Objetivos desalinhados: é muito importante que os objetivos da aliança
estratégica sejam claros e objetivos, bem como estejam alinhados entre os
parceiros. Desse modo, as empresas parceiras devem conhecer suas
respectivas contribuições e responsabilidades, antes de desenvolverem a
joint venture (Dias; Matos, 2012). Nesse sentido, Dias e Matos (2012, p.
52) argumentam que ao terem objetivos comuns “os parceiros que decidem
cooperar entre si devem chegar a um consenso em relação ao que desejam
alcançar com a atividade conjunta” e que “cada uma das empresas que vai
fazer o acordo deve saber o que deve ceder ou não para viabilizar a
cooperação” (Dias; Matos, 2012, p. 52).
• Diferenças nos procedimentos operacionais e nas atitudes dos
parceiros: outros problemas que podem surgir entre as empresas que
formam uma aliança vêm das diferentes atitudes das parceiras. Por
exemplo, uma empresa pode entregar produtos em um momento errado ou
em parâmetros qualitativos mais baixos, o que vai deteriorar a parceria
(Dias; Matos, 2012). As empresas parceiras devem determinar os
processos operacionais e seus custos conjuntamente, tais como “a
necessidade de recursos para a aquisição de insumos, mão de obra,
manutenção, limpeza, seguros, salários, comissões, propaganda, imposto
sobre as vendas, juros de financiamentos e outros” (Flamia, 2001, p. 39).
• Risco relacional: esse risco potencial refere-se à possibilidade de que as
empresas parceiras não tenham um compromisso real com a aliança
estratégica, e desenvolvam um comportamento oportunista para minar as
perspectivas da parceria. É claro que as empresas estão mais interessadas
em seguir seu próprio interesse do que nos interesses comuns da aliança.
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É preciso que haja confiança, alinhamento de objetivos claros para que a
relação entre os parceiros não seja um problema. Comportamentos
oportunistas incluem desviar recursos de parceiros para fins unilaterais,
distorção de informações (gerenciais ou não), desenvolver planos e
estratégias ocultas e assim por diante (Das; Teng, 1998). Como essas
atividades comprometem a viabilidade da aliança, o risco de
relacionamentos é um componente importante do risco total assumido
pelas alianças estratégicas.
• Risco de desempenho: esse risco refere-se à possibilidade de uma
aliança fracassar mesmo quando as empresas parceiras têm um
compromisso total com a aliança. Uma série de fatores estão relacionados
ao risco de desempenho, tais como: mudanças nas políticas
governamentais, guerras, recessão econômica; fatores de mercado, como
alta concorrência e flutuações de demanda.
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• Aquisição de recursos, transferência de conhecimento e acesso a
novas tecnologias: muitas empresas buscam fazer joint ventures quando
não possuem alguns recursos e capacidades indispensáveis para
desenvolver adequadamente suas estratégias (Dias; Matos, 2012). Por
exemplo, as empresas parceiras podem obter novas tecnologias, como
maquinário de última geração e técnicas (Onze, 2020). A partir disso, “a
linha de produção será mais eficiente, produzindo não apenas mais rápido,
mas também resultando em produtos com melhor qualidade” (Onze, 2020).
• Aprendizagem: as joint ventures podem fazer com que uma determinada
empresa parceira tenha como principal motivo o aprendizado adquirido ao
longo da parceria, seja descobrindo novas oportunidades, seja adquirindo
novas capacidades (Dias; Matos, 2012).
• Orientação estratégica: ao buscar a inserção em novos mercados, as
empresas parceiras podem decidir iniciar essa empreitada sozinha ou em
parceria com outra(s) empresa(s) (Dias; Matos, 2012). Quando algumas
empresas optam por inserir-se em novos mercados por meio do
estabelecimento de joint ventures, elas estarão reduzindo custos de
operação e os impactos gerados caso os negócios não deem certo (Dias;
Matos, 2012).
• Inovação: joint ventures são uma importante fonte de inovação para muitas
empresas, particularmente quando se estabelece parceria com aquelas
que possuem um grande know how em um mercado pretendido ou com
aqueles que estão sediadas em locais onde a tecnologia possui grande
presença.
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REFERÊNCIAS
DAS, T. K.; TENG, B.-S. Between Trust and Control: Developing Confidence in
Partner Cooperation in Alliances. The Academy of Management Review, v. 23,
n. 3, 1998. Disponível em: <https://www.jstor.org/stable/259291>. Acesso em: 27
set. 2021.
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<https://www12.senado.leg.br/ril/edicoes/52/207/ril_v52_n207_p187.pdf>.
Acesso em: 27 set. 2021.
MAGNA. Você sabe o que significa Joint Venture? Conheça mais sobre
Empreendimento conjunto e alguns de seus exemplos. 2018. Disponível em:
<http://www.magnaempresajunior.com.br/2018/06/voce-sabe-o-que-significa-
18
joint-venture-conheca-mais-sobre-empreendimento-conjunto-e-alguns-de-seus-
exemplos/>. Acesso em: 27 set. 2021.
19
<https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/016726819290050L>.
Acesso em: 27 set. 2021.
VEJA. BRF conclui joint venture com Dah Chong Hong Limited. 2012.
Disponível em: <https://veja.abril.com.br/economia/brf-conclui-joint-venture-com-
dah-chong-hong-limited/>. Acesso em: 27 set. 2021.
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