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Professor(a): Danilo Soares Professor(a): Danilo Soares

Unidade 2 | Aula 5
Unidade 2 Gestão de Bens Materiais

Aula 5 – Possibilidades de Parcerias para


Fornecimento
Objetivo da Aula

Apresentar a importância das parcerias e colaborações com foco na Parcerias Público-


Privadas (PPP).

Apresentação

Olá, estudante! Você já parou para pensar nas possibilidades de parcerias para
fornecimento na gestão pública? Em um cenário onde a demanda por serviços públicos
de qualidade é cada vez maior, é fundamental que as organizações trabalhem em conjunto
para atender às necessidades da população. Nesse sentido, as parcerias público-privadas
(PPPs) têm se mostrado uma alternativa interessante para a gestão de projetos e serviços
públicos. Você ficou curioso(a) para conhecer mais sobre este tema? Então, vamos explorar
juntos as possibilidades de parcerias na gestão pública e refletir sobre seus benefícios
e desafios.

1. A Importância das Parcerias e da Colaboração

A procura incessante por eficiência, inovação e soluções criativas é uma realidade presente
no ambiente das organizações. Em cenários de recursos limitados e incertezas, essa busca é
ainda mais intensa e exige que as organizações encontrem maneiras inovadoras de alcançar
seus objetivos. As estratégias colaborativas surgiram como uma forma de aproveitar as
capacidades internas de produção por meio de parcerias e cooperação.
Essa busca por cooperação pode ser encontrada em diversos tipos de organizações e,
segundo Meyer (2021), em diferentes níveis de tomada de decisão, incluindo:

• entre organizações governamentais;

• entre governos e cidadãos; e

• mais recentemente, entre governos e organizações privadas.

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O conceito de estratégias colaborativas ou cooperativas é definido de maneira clara e


objetiva. Essa abordagem estratégica acontece quando organizações se unem de forma
integrada para atingir objetivos em comum.
Mas, segundo Meyer (2021), apesar da cooperação entre organizações ser muito benéfica,
pode-se destacar três riscos significativos que ameaçam as estratégias colaborativas e
podem ter impactos negativos nos projetos em que estão inseridas:
1) Seleção adversa: quando os parceiros simulam possuir habilidades e recursos que,
na verdade, não possuem para contribuir com a parceria;
2) Risco moral: quando os parceiros têm recursos e habilidades valiosos para o
desenvolvimento do trabalho em parceria, mas não os disponibilizam;
3) Holdup: quando um parceiro exige retornos maiores do que o acordado inicialmente,
ou ameaça não arcar com os custos e investimentos necessários ou pactuados.
Então, é responsabilidade dos parceiros encontrar maneiras de evitar riscos que possam
ameaçar o trabalho conjunto das organizações. Dessa forma, a mitigação de riscos é uma
atividade importante em arranjos colaborativos.
Na administração pública, essa realidade não é diferente. Apesar da existência de
riscos, é cada vez mais comum a busca por formas colaborativas de atuação para atender
às demandas sociais. A colaboração entre o setor público e privado não é algo novo, uma
vez que ao longo da história sempre houve algum tipo de cooperação entre atores públicos
e privados.
E com o aumento das funções e responsabilidades assumidas pelos governos, bem como
a crescente instabilidade do ambiente em que atuam, a necessidade de cooperação tem
se tornado cada vez mais premente. Isso se deve, em parte, ao aumento da complexidade
da gestão e operação governamentais. A fim de atender às demandas da sociedade em
face desse cenário desafiador, é necessário buscar novas formas de colaboração, incluindo
parcerias com atores privados.
Essas práticas colaborativas podem ocorrer por meio de diversos tipos de organizações,
desde empresas privadas até organizações não governamentais, sociais, sindicais, comunitárias
e movimentos sociais. As formas de colaboração também podem variar, desde contratos
formais até modalidades menos estruturadas.

2. Parcerias Público-Privadas (PPP)

Não há uma única definição internacionalmente aceita para o que constitui uma parceria
público-privada (PPP). Isso se deve ao fato de que diferentes países tratam as parcerias

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entre o setor público e os atores privados de maneiras distintas. Em alguns países, o termo
é usado de forma ampla para incluir qualquer tipo de colaboração entre os setores público e
privado. No entanto, em outros países, como no Brasil, o termo se refere especificamente a
um tipo de contrato entre os setores público e privado, que possui características específicas
(MEYER, 2021).
Apesar de, normalmente, empresas privadas serem os parceiros privados em PPPs, é
possível que a parceria seja estabelecida com organizações da sociedade civil. Isso inclui
organizações como as não governamentais, comunitárias, voluntárias, bem como outras
que possam ser identificadas sob essa mesma denominação.
É importante salientar que as PPPs não devem ser confundidas com processos de
privatização, como algumas vezes apresentadas em alguns lugares. Isso porque, ao final
do contrato, os ativos concedidos retornam ao controle do Estado, não havendo, portanto,
transferência de propriedade do patrimônio público. O que se pode afirmar é que as PPPs
são uma estratégia de desestatização, já que envolvem a diminuição da participação
direta do governo na gestão de seus ativos, através de parcerias com atores não estatais
(MEYER, 2021).
Apesar de as PPPs serem relativamente novas no Brasil, essa prática já é empregada
em outras partes do mundo há algum tempo. Segundo a maioria dos estudos, sua origem
pode ser traçada até a Europa, enquanto outras opiniões as consideram uma invenção dos
Estados Unidos (MEYER, 2021).
Durante a década de 1990, as PPPs se expandiram na Europa em decorrência das
restrições fiscais impostas pela União Europeia aos países membros. Tal limitação afetou a
capacidade de investimento público dos países, e as PPPs emergiram como uma alternativa
para garantir os investimentos necessários sem comprometer seus orçamentos.
Em 1993, durante a gestão do Primeiro-Ministro John Major, do Partido Conservador, na
Inglaterra, foi instituído o Project Finance Initiative – PFI, que buscava transferir atividades
públicas para atores privados, como construção de obras e administração de serviços públicos,
a fim de garantir seu financiamento. A escassez de recursos e a crise econômica dos anos 1980
e início dos anos 1990 levaram muitos países europeus a promoverem reformas e a adotarem
medidas de redução de gastos públicos em busca de maior eficiência. Posteriormente, com
a eleição do Partido Trabalhista na Inglaterra em 1997, alguns pensaram que o PFI poderia
ser encerrado. No entanto, o governo do Primeiro-Ministro Tony Blair, visando ampliar a
colaboração com o setor privado, expandiu o escopo do programa e mudou seu nome para
Public-Private Partnership ou PPP (MEYER, 2021).
As parcerias público-privadas são bem estabelecidas no continente europeu, mas
experiências bem-sucedidas também podem ser encontradas em outras partes do mundo,

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como nas Américas, Ásia e Oceania. Países como Reino Unido, Portugal, Espanha e Austrália
têm visto um aumento constante no número de PPPs promovidas por seus governos. No
Canadá, as PPPs representam uma parcela significativa do investimento em infraestrutura,
variando de 10% a 20%. Na Austrália, esse número é ainda maior, ultrapassando os 20%
(MEYER, 2021).
Nos países em desenvolvimento, as Parcerias Público-Privadas (PPPs) têm sido
implementadas gradualmente devido às crescentes demandas por investimentos em
infraestrutura. Em alguns desses países, as PPPs têm sido bem-sucedidas e reconhecidas
como modelos internacionais. Por exemplo, o Chile e a África do Sul têm suas estruturas
legais para PPPs destacadas como modelos pelo PPP Knowledge Lab do Banco Mundial em
2020 (MEYER, 2021).
Quando olhamos o nosso país, a principal razão para a criação da legislação das PPPs
no Brasil foi impulsionar o desenvolvimento do país por meio de investimentos privados
em infraestrutura e solucionar as lacunas históricas na área logística.
A escassez de recursos públicos para investimento no Brasil incentivou o crescimento
das PPPs, seguindo a tendência de sucesso observada em outras partes do mundo. No
Brasil as PPPs começaram a surgir no início dos anos 2000. Segundo Oliveira e Oliveira Filho
(2013, p. 18)

(...) as parcerias público-privadas stricto sensu (PPPs) entraram em cena a partir dos anos 2000,
inicialmente com a edição das leis estaduais mineira (14.868/03) e paulista de PPPs (11.688/04)
e, posteriormente, com a Lei Federal no 11.079/04 (“Lei das PPPs”).

No Brasil, o conceito de uma PPP é definido no art. 2º da Lei n. 11.079, de 30 de


dezembro de 2004:

Art. 2º Parceria público-privada é o contrato administrativo de concessão, na modalidade pa-


trocinada ou administrativa (BRASIL, 2004, n.p.).

Ou seja, as PPPs podem se concretizar através de contratos administrativos de concessão


nos quais o governo assume, total ou parcialmente, a responsabilidade pelo pagamento
ao parceiro privado. Esse pagamento deve cobrir tanto o investimento quanto a operação
realizada pelo parceiro privado. Nas PPPs, é responsabilidade do concessionário executar
seu trabalho conforme as exigências estabelecidas pelo poder concedente.
No Brasil, as PPPs são divididas em duas categorias, patrocinada e administrativa.
Na modalidade patrocinada, é permitida a cobrança de tarifas dos usuários finais, mas
o governo ainda é responsável pelo pagamento das contraprestações acordadas com o

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parceiro privado. Essa modalidade é semelhante ao modelo tradicional de concessão, mas


com a adição das contraprestações públicas na remuneração do concessionário.
Já na modalidade administrativa das PPPs no Brasil, a remuneração do parceiro privado
é proveniente somente do poder público, sem a possibilidade de cobrança de tarifas
dos usuários.

E você caro estudante, sabe qual foi a primeira PPP do Brasil? Em 2006, o Estado
de São Paulo celebrou a primeira PPP no Brasil, concedendo a Linha 4 – Amarela
– do Metrô de São Paulo em um regime patrocinado. O contrato de concessão,
que tem validade de 30 anos, abrange diversas atividades, incluindo operação,
manutenção, compra de frota de trens e sistemas operacionais complementares
para a nova linha de metrô (MEYER, 2021).

Uma observação importante é que, no Brasil, as PPPs têm sido predominantemente


aplicadas em serviços intermediários, ou atividades de suporte, em vez de atividades fim,
como saúde, educação e segurança pública, que ainda carecem de serviços públicos de
qualidade. Essa abordagem limita o potencial das PPPs em ajudar o setor público a alcançar
melhores resultados para a sociedade, uma vez que essas parcerias devem ser consideradas
uma estratégia da administração pública para solucionar problemas críticos.
Então, ao analisar um contexto geral, as PPPs têm ganhado popularidade como uma
estratégia colaborativa em diversos países. Embora existam muitos casos de sucesso no uso
de PPPs em diferentes partes do mundo, também existem casos notáveis de insucesso. Isso
se deve em parte ao fato de que o uso de PPPs ainda é relativamente novo em todo o mundo.
Com o passar do tempo, as PPPs foram adotadas em diversas áreas da administração
pública, com modelos variados se multiplicando em diferentes países para atender aos
objetivos governamentais e às demandas da sociedade.
No Brasil, a regulamentação das PPPs ocorreu apenas em 2004, sendo mais frequentes
ao nível estadual. Estados como Minas Gerais, São Paulo e Bahia têm utilizado parcerias
desde os primeiros anos da lei, acumulando aprendizado com essa estratégia. Recentemente,
outros estados e municípios também estão implementando PPPs para lidar com diferentes
questões públicas.
É crucial simplificar a estruturação das PPPs e reduzir a burocracia prevalente na administração
pública para garantir o sucesso delas. Isso exige uma mudança de mentalidade, focando mais

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no desempenho e nos resultados e menos em procedimentos e atividades intermediárias. Para


isso, é preciso contar com profissionais capacitados a atuar sob essa perspectiva.
A implementação de uma PPP é um processo complexo e desafiador, que não pode ser
concluído com facilidade, rapidez ou simplicidade. No entanto, essa complexidade não é
inesperada, já que os contratos envolvidos são complexos e abrangem uma variedade de
serviços, exigindo investimentos significativos e longo prazo de vigência.
Então, a preparação de PPPs requer um período de aprendizagem que é adquirido através
da experiência e dos obstáculos encontrados na administração de contratos. Por essa
razão, é essencial desenvolver habilidades internas de aprendizado para ter a capacidade
de adquirir conhecimento e compartilhá-lo posteriormente.
Como você pode perceber, as Parcerias Público-Privadas (PPPs) têm se mostrado uma
alternativa interessante para a gestão pública, permitindo a realização de projetos que
poderiam ser inviáveis sem a participação de empresas privadas. No entanto, é preciso lembrar
que as PPPs também apresentam desafios e riscos, exigindo uma avaliação criteriosa antes
de serem implementadas. Como estudante, você pode se perguntar: qual o papel das PPPs
na construção de uma gestão pública mais eficiente e sustentável? E como garantir que
essas parcerias sejam transparentes e atendam aos interesses da sociedade? Refletir sobre
essas questões é fundamental para entendermos melhor as potencialidades e limitações
das PPPs, e contribuir para aprimorar a gestão pública no nosso país.

Considerações Finais da Aula

Em suma, discutir a possibilidade de parcerias para fornecimento na gestão pública e as


PPPs é fundamental para entender como a colaboração entre o setor público e privado pode
contribuir para o desenvolvimento de políticas e projetos de infraestrutura. É preciso refletir
sobre como as PPPs podem ser uma alternativa para suprir as limitações orçamentárias
do governo, bem como para garantir maior eficiência e qualidade na prestação de serviços
públicos. Além disso, é importante considerar os desafios e riscos envolvidos nesse tipo
de colaboração, como a questão da transparência e da prestação de contas. Em resumo,
é preciso buscar um equilíbrio entre os interesses das partes envolvidas e garantir que as
parcerias sejam efetivas e benéficas para a sociedade como um todo.

Materiais Complementares

Parcerias Público Privadas: Uma Estratégia Governamental


2021, Bernardo Meyer. Lisboa: Grupo Almedina.

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Você aprendeu que as PPPs, ou Parcerias Público-Privadas, são importantes porque


permitem que o governo trabalhe em conjunto com empresas privadas para melhorar
determinados aspectos para o cidadão. Ficou curioso e quer conhecer um pouco mais
sobre a história das PPPs? Então, veja o capítulo 1.4 do livro para entender como surgi-
ram e como aconteceram as parcerias público-privadas em diversos países.

Referências

BRASIL. Lei n. 11.079, de 30 de dezembro de 2004. Institui normas gerais para licitação
e contratação de parceria público-privada no âmbito da administração pública. Diário
Oficial da União, Brasília, DF, 31 dez. 2004.

MEYER, Bernardo. Parcerias público-privadas: uma estratégia governamental. Lisboa:


Grupo Almedina, 2021.

OLIVEIRA, Gesner; OLIVEIRA FILHO, Luiz Chrysostomo de. Parcerias público-privadas: ex-
periências, desafios e propostas. São Paulo: Grupo GEN, 2013.

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