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DIRETORA-PRESIDENTE
Regina Célia Esteves de Siqueira
COORDENAÇÃO GERAL
Patricia Loyola
CONTEÚDO E PESQUISA
Álvaro Gabriel Sandoval Rodríguez
Álvaro Barros Modesto
Bruna Santos
Dayane Reis
Maria Gabriela Beloto
Roberta Piozzi
Bianca dos Santos Waks (Mattos Filho) - Colaboração
EDIÇÃO
Álvaro Barros Modesto
Bruna Santos
Dayane Reis
Patricia Loyola
REDAÇÃO
Álvaro Barros Modesto
Clarissa Malinverni
Dayane Reis
Flávia Regina de Souza Oliveira (Mattos Filho)
Bianca dos Santos Waks (Mattos Filho)
Thandara Santos
REVISÃO
Bruna Santos
Dayane Reis
Patricia Loyola
5
Cartilha do Programa Juntos Pelo
Desenvolvimento Sustentável
O programa Juntos pelo Desenvolvimento governança. Além disto, traz exemplos de
Sustentável foi criado pela Comunitas iniciativas desenvolvidas e reflexões sobre
como uma nova forma de qualificar os o arcabouço jurídico e metodológico que
investimentos sociais por meio de uma viabiliza a interação entre os setores da
coalizão de líderes de grandes empresas em sociedade de forma efetiva e em prol do
prol do desenvolvimento sustentável do País. bem público. Este material pode ser utilizado
por aqueles que desejam compreender o
O maior objetivo do programa é atuar em
modelo de governança do Juntos e como
conjunto com o Poder Público, envolvendo e
ele influencia os resultados na prática. Esta
engajando a sociedade civil em um trabalho
cartilha serve como inspiração, referência e
colaborativo em busca do aprimoramento
guia para aqueles que acreditam no trabalho
da gestão pública. Acreditamos que assim é
multissetorial e em rede como melhor
possível que os investimentos sociais sejam
caminho para melhoria da gestão pública
mais sustentáveis e impactem de forma mais
brasileira e, consequentemente, da qualidade
assertiva a realidade das cidades brasileiras de
de vida dos cidadãos.
maneira estrutural.
Sabemos que temos muitos desafios e
Em 2016, encerramos o ciclo de quatro
responsabilidades pela frente e que o
anos de atuação do Juntos em 12 cidades
programa irá se expandir ainda mais nos
brasileiras. Para escalarmos e disseminarmos
próximos anos. Continuaremos com a nossa
a experiência e as boas práticas do
missão de contribuir para o aprimoramento
programa com um maior número de
dos investimentos sociais corporativos
cidades brasileiras, contamos com uma
por meio da geração de conhecimento,
estratégia de sistematização e disseminação
da disseminação de boas práticas e da
que compreende, entre outras ações, o
articulação entre os setores da sociedade.
desenvolvimento de cartilhas como esta.
Tudo isto por que contribuir para o
O objetivo desta ação é replicar as frentes
desenvolvimento do Brasil é o compromisso
de trabalho do Juntos, garantindo o amplo
que nos guia!
compartilhamento deste conhecimento.
Esta cartilha apresenta o Programa Juntos,
sua abordagem, metodologia e modelo de Boa leitura!
O Programa Juntos pelo Desenvolvimento Sustentável atua em municípios
brasileiros com o objetivo de investir em parcerias inovadoras entre os
setores público e privado e a sociedade civil para, desta forma, fortalecer a
gestão pública, promover o desenvolvimento local e melhorar os serviços
à comunidade. A cartilha do Juntos serve como inspiração, referência e
guia para aqueles que acreditam no trabalho multissetorial e em rede
6 como melhor caminho para melhoria da gestão pública brasileira e,
consequentemente, da qualidade de vida dos cidadãos.
Regina Célia Esteves de Siqueira
Diretora-Presidente da Comunitas
Carta do Especialista
INTRODUÇÃO 13
Usos da Cartilha 12
MODELO DE GOVERNANÇA 35
A governança compartilhada e a nova agenda urbana 36
A Governança Compartilhada do Juntos 38
Metodologia do Programa Juntos 42
Sistemática de Acompanhamento 42
Papéis e responsabilidades 43
Coordenação de Município 45
8
Diagrama de Ishikawa 60
SUMÁRIO
Análise de causa-raiz (5 Porquês) 61
Modelo Prado para Medição da Maturidade em Gerenciamento de 62
Projetos (MMGP)
Design Thinking 63
66
ASPECTOS JURÍDICOS PARA A RELAÇÃO DA PARCERIA
Artigo: Organizações da Sociedade Civil e novas possibilidades de relação 67
com Estado
Introdução 68
Formas jurídicas para relação de parceria 69
Novos instrumentos jurídicos da Lei nº 13.019/2014 72
Novo Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil 73
O Acordo de Cooperação 75
Potencialidades e desafios 76
81
DESTAQUES DE ATUAÇÃO
Cidades da rede Juntos 83
Campinas 84
Paraty 84
Pelotas 88
Santos 94
Juiz de Fora 99
Teresina 103
Curitiba 105
Itirapina e Consórcio 108
Sustentabilidade e Retenção do Conhecimento 111
Liderança e a cultura da transformação 115
Transformação e Sustentabilidade 115
Sustentabilidade das práticas locais 117
Principais desafios para a sustentabilidade 120
Sucessão 122
123
9
REPLICABILIDADE 125
Cartilhas de Replicabilidade 128
Plataforma Digital Juntos 130
SUMÁRIO
Novas Cidades 131
Estudo de Universidade de Columbia sobre Governança Compartilhada 131
mostra Juntos como caso de sucesso
GLOSSÁRIO 133
10
QUEM SOMOS
11
Quem Somos
A Comunitas
12
INTRODUÇÃO
13
Introdução
14
Usos da Cartilha
Gestores Públicos
Os gestores públicos e servidores também podem tomar a cartilha para colher
informações - referência para secretários e prefeitos. A cartilha pode ainda ser fonte de
dados para a opinião pública sobre as ações desenvolvidas; referência de boas práticas
entre secretários e prefeitos, assim como informativo sobre o nível de comprometimento,
requisitos tecnológicos e perfis necessários para composição das equipes de execução
das atividades. Além disto, a publicação conta com informações técnicas sobre papéis e
responsabilidades e o conhecimento técnico necessário para a implementação do modelo
do Juntos.
15
O PROGRAMA JUNTOS PELO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
17
O Programa Juntos
pelo Desenvolvimento
Sustentável
18
Abordagens do Programa
19
O Programa Juntos
pelo Desenvolvimento
Sustentável
No Brasil, de acordo com o IBGE, o organização administrativa do País,
contingente populacional urbano inaugurado pela Constituição de 1988.
representava 67,70% do total da população Se em 1990 existiam 1.121 municípios no
em 1980. Este número saltou para 84,36% território brasileiro, em 2010 chegamos
do total da população em 2010. No País, ao número de 5.565, o que determina a
o processo de urbanização pode ser dinâmica de organização da vida urbana.
historicamente associado a importantes Apesar do número crescente de cidades,
transformações econômicas e sociais, em 2015, 21,95% da população brasileira
tais como: aumento da mobilidade concentrava-se em apenas 17 cidades
geográfica e diminuição da natalidade, brasileiras com mais de 1 milhão de
aumento da expectativa de vida e habitantes cada. Por outro lado, 32% da
envelhecimento da população. Se, por população (ou 65 milhões de pessoas)
um lado, a vida nas cidades pode ser vivem em 4.915 municípios com menos
associada a maiores taxas de acesso à de 50 mil habitantes. O processo de
educação, saúde, políticas sociais e bens descentralização das políticas públicas,
culturais, por outro, o crescimento rápido trazido pela Constituição Federal,
e desordenado de áreas urbanas pode proporcionou maior protagonismo aos
ameaçar o desenvolvimento econômico municípios no enfrentamento aos desafios
e social sustentável do País. Se este impostos à gestão pública em nível local.
crescimento não for acompanhado
Os municípios assumem, assim, papel
pelo desenvolvimento de infraestrutura
de protagonistas no desenvolvimento
urbana adequada, capaz de enfrentar
econômico e social do País. Neste sentido,
desafios associados ao processo de
assume centralidade política e estratégica
urbanização, como poluição, degradação
a discussão sobre os novos modelos para
ambiental e padrões de consumo e
governar e gerir cidades, tendo em vista
produção insustentáveis, o processo
o alcance dos desafios enfrentados pelos
de urbanização nos moldes que
municípios e as oportunidades oferecidas
conhecemos hoje se tornará insustentável.
pela proximidade da gestão municipal
Poluição, mobilidade, acesso a serviços,
com os cidadãos, que têm nas políticas
saneamento, desenvolvimento sustentável
municipais referências mais diretas e
e democratização do espaço público são
palpáveis a determinar seu futuro do que
apenas alguns dos principais desafios que
as políticas discutidas no âmbito estadual
se impõem às gestões municipais em um
ou federal. Se, por um lado, a proximidade
contexto de crescimento das cidades e
com o cidadão oferece maior capacidade
aumento populacional.
de impacto das políticas desenvolvidas, por
No caso brasileiro, há ainda uma outro, abre também caminho para maiores
especificidade associada à urbanização: demandas por participação nos espaços de
20 o processo de descentralização da tomada de decisão.
A descentralização de políticas e o diferentes segmentos da sociedade nos
fortalecimento do papel das cidades espaços de tomada de decisão e, assim,
devem ser combinados às novas oferecer as bases para a formulação de
estratégias para o fortalecimento da políticas a partir da abordagem sistêmica
democracia em nível local. Neste aspecto, (nos campos econômico, cultural, social,
é preciso levar em conta os modelos de tecnológico, ambiental, tributário, etc.)
governança capazes de organizar territorial e participativa que o novo contexto
e politicamente a participação dos demanda.
Estágios de Governo
21
O Programa Juntos
pelo Desenvolvimento
Sustentável
22
Atuação do Programa Juntos
Finanças Públicas
convênios, que financiam diversas políticas
Conhecidamente, a gestão e planejamento públicas descentralizadas e respondem por
das finanças públicas dos municípios parte importante das receitas municipais.
brasileiros são um grande desafio da gestão Soma-se a isto o cenário de crise nacional,
pública municipal. As prefeituras brasileiras com queda da atividade econômica e do
possuem como um dos seus grandes nível de emprego, associado ao aumento
desafios o oferecimento de serviços da inflação. Em meio ao contexto nacional
públicos de qualidade aos cidadãos, bem de queda da arrecadação, o Programa
como a manutenção da máquina pública e Juntos pelo Desenvolvimento Sustentável,
dos investimentos em um cenário nacional em seu primeiro ciclo de implementação,
de queda de arrecadação de recursos. As enfrentou o desafio de ampliar a
finanças públicas precisam ser equilibradas, capacidade de investimento das prefeituras
com as despesas racionalizadas e elevação apoiadas e garantir o equilíbrio fiscal das
das receitas, sem onerar os cidadãos com contas municipais.
mais tributos.
Deste modo, por meio da frente de
As receitas arrecadadas pela União Equilíbrio Fiscal, a primeira a ser
recuaram 2% em 2014 e 4,7% em 2015, o implementada na maior parte dos
que impactou diretamente as transferências municípios da rede do Juntos, busca-se
federais para Estados e municípios, criar as condições para o aprimoramento
reduzindo os recursos disponíveis para dos serviços públicos já existentes e para a
transferências voluntárias, por meio de ampliação da escala de acesso às soluções 23
O Programa Juntos
pelo Desenvolvimento
Sustentável
cocriadas em outras frentes do programa. para a análise da consultoria viabilizada pelo
Esta frente compreende o balanceamento Juntos e submeter ao modelo de governança
das contas públicas por meio do compartilhada o monitoramento das ações
gerenciamento matricial de despesas e de revisão dos pacotes de receitas e despesas
receitas e acompanhamento sistemático da Prefeitura, o município sela um importante
das metas, composto por um conjunto de compromisso com a transparência e firma
ações interligadas cuja função é garantir um acordo de confiança com o programa,
maior eficiência no controle das finanças e consolidando o diálogo aberto e transparente
proporcionar capacidade de investimento que garantirá o sucesso das ações.
às prefeituras.
As fases de implementação da frente de
Além de oferecer as bases para a Equilíbrio Fiscal e a metodologia utilizada
implementação de diversas ações, a Frente estão apresentadas na nona seção desta
de Equilíbrio Fiscal representa a principal cartilha, onde também são apresentados
pactuação entre a prefeitura apoiada, o exemplos práticos dos municípios da rede.
núcleo de governança do programa e a
Comunitas. Ao abrir as contas municipais
Educação
Com o objetivo de apoiar os municípios para a melhoria do processo de
da rede no enfrentamento aos desafios aprendizado e redução da evasão
inerentes à gestão da política educacional, escolar. Em Paraty, o programa atuou na
o Programa Juntos buscou introduzir formação de coordenadores pedagógicos,
uma cultura de gestão por resultados nas requalificação da merenda escolar,
escolas das redes municipais, atuando em formação continuada de professores da
diferentes municípios a partir do princípio rede municipal e construção do Plano
da gestão democrática e participativa, Municipal de Educação, a partir de amplo
passando pelo planejamento e definição processo de consulta à comunidade
de projetos e metas, até a fase de escolar. Em Itirapina, foi implementado um
implementação e monitoramento dos conjunto de ações de aprimoramento da
resultados. gestão educacional com a formulação de
um currículo unificado e o monitoramento
Por exemplo, foi implementado em
de metas de alfabetização e proficiência.
Santos, por meio de parceria firmada
entre o Juntos, a Fundação Itaú Social e a Os resultados do Índice de
Secretaria de Educação, foi implementado Desenvolvimento da Educação Básica
o projeto Coordenadores de Pais, que (IDEB) mostraram que os 12 municípios
estimula o envolvimento dos pais na inicialmente apoiados pelo Programa
24 vida escolar de seus filhos, contribuindo Juntos evoluíram em seus índices entre
os anos de 2013 e 2015. O IDEB avalia desigualdades educacionais em cada
a qualidade do ensino fundamental território com foco nas especificidades de
(primeiro ao nono ano) em toda a rede sua população.
de ensino pública e privada. O indicador
Com o apoio do Juntos, as prefeituras
é divulgado pelo MEC a cada dois anos e
de Pelotas (RS) e Paraty (RJ) assumiram
cruza dados do rendimento escolar (taxas
o compromisso de elaborar planos
de aprovação, reprovação e abandono),
municipais de educação, buscando
com os resultados da Prova Brasil. As
estabelecer metas em longo e médio
notas são escalonadas de 0 a 10. De
prazos ao sistema educacional. A principal
modo geral, as escolas municipais de
prioridade em ambas as cidades era
ensino fundamental da rede do Juntos
garantir que as metas estabelecidas no
conseguiram atingir a média de 5,3 em
documento não partissem de decisões
2015, superando a meta estabelecida de
unilaterais, tomadas unicamente pelo Poder
4,8 para os ciclos iniciais (primeira a quinta
Público. O objetivo era ouvir a comunidade
série). Já nos anos finais (sexta a nona
e seus diferentes atores para que essa
série), a pontuação em 2015 foi de 4,1,
agenda fosse construída em coautoria com
abaixo da meta geral estabelecida (4,3). Os
a sociedade e considerar as especificidades
principais destaques entre os municípios
de cada cidade na elaboração dos planos,
da rede foram os de Brotas e Paraty, que
observando as diferentes distribuições de
alcançaram o melhor resultado individual
populações rurais e urbanas. No caso de
da rede (com IDEB de 6,6 nos anos iniciais
Paraty, era preciso, ainda, levar em conta
da rede municipal de Brotas) e a maior
a existência de quatro aldeias indígenas
evolução percentual entre 2013 e 2015
no território, além de uma comunidade
(com crescimento de 27% no IDEB dos
quilombola e diversas comunidades
anos finais em Paraty).
caiçaras.
Em junho de 20141, o Plano Nacional de
Em Pelotas, foram realizadas as pré-
Educação (PNE) foi aprovado e, com isto, os
conferências e Conferência Municipal
municípios brasileiros, sob pena de terem
de Educação com a participação da
seus acessos aos recursos do governo
comunidade e de uma comissão ampliada,
Federal bloqueados, foram estimulados
formada por representantes de instituições
a desenvolver seus Planos Municipais
de ensino superior, Conselho Municipal de
de Educação, tendo como prazo para
Educação, 5ª Coordenadoria Regional de
sancioná-los a data de 24 de junho 2015.
Educação, Secretaria de Cultura (Secult),
Deste modo, elaborar um plano de
escolas especiais, Conselho Municipal
educação no Brasil, hoje, implica assumir
da Criança e do Adolescente (Condica),
compromissos com o esforço contínuo
Promotoria Regional da Educação, Grupo
de eliminação de desigualdades que são
EducAção e Sindicato dos Municipários de
históricas no País. As metas são orientadas
Pelotas (Simp). Além disto, participaram as
para enfrentar as barreiras impostas ao
secretarias de Cultura, Saúde, Justiça Social,
acesso e à permanência escolar e as
1
Lei 13.005/2014. 25
O Programa Juntos
pelo Desenvolvimento
Sustentável
Desenvolvimento Econômico e Turismo. A pela Câmara de Vereadores em dezembro
partir desta pré-conferência, foi elaborado de 2015, na forma da Lei n° 035/15.
o documento base do plano para ajustes e A Fundação Itaú Social encerrou o
aprovação final na Conferência Municipal. trabalho de assessoria ao PME de Paraty
Após o que a versão final do PME seguiu em março de 2016. A Secretaria de
para votação na Câmara dos Vereadores. Educação continua desenvolvendo o
O Plano Municipal de Educação foi então plano de ação e implantação do Fórum
aprovado pela Câmara e, no mesmo dia 24 Municipal de Educação. A Comunitas
de junho de 2015, o prefeito Eduardo Leite vem acompanhando os avanços nesta
sancionou a Lei nº 6.245, que instituiu o frente. O desenvolvimento das frentes em
PME de Pelotas, com vigência de dez anos. Pelotas e Paraty estão descritos na seção
Em novembro de 2015, foi constituído Destaques de Atuação desta cartilha,
o Fórum Municipal de Educação com a onde apresentamos alguns dos principais
missão de implementar o plano. resultados alcançados nos municípios.
Em Paraty, o PME também foi aprovado
Saúde
Aproximadamente 75% mas sim ao fato de que o cidadão não
da população brasileira tinha acesso à informação correta sobre
não têm planos de saúde e dependem os serviços, quando buscava por ela. A
do acesso aos recursos oferecidos partir deste diagnóstico, a administração
pelo Sistema Único de Saúde (SUS), de municipal definiu como prioridade
acordo com o IBGE. Parte da população democratizar as informações sobre a rede
desconhece plenamente seus direitos em de saúde, o que foi viabilizado por meio
relação aos recursos de saúde disponíveis da parceria com o Programa Juntos para
e como obtê-los da forma correta. Em a criação da plataforma Clique Saúde. A
virtude da falta de informação, os fluxos de ferramenta de busca online permite ao
acesso ao sistema de saúde pública muitas cidadão encontrar informações sobre os
vezes resultam em ineficiência, gastos recursos disponibilizados pela rede pública
desnecessários, serviços de má qualidade de saúde na cidade, como endereço das
e, como consequência, descontentamento unidades de saúde, exames e consultas
por parte da população. disponíveis em cada posto de atendimento,
No Rio Grande do Sul, a prefeitura medicamentos e períodos de vacinação,
de Pelotas identificou que parte das além de trazer dados sobre os principais
reclamações dos usuários do SUS não programas de saúde da prefeitura.
estava diretamente relacionada ao tipo Para os gestores públicos, a plataforma
26 ou à qualidade de atendimento oferecido, abre um canal de comunicação, gestão
e avaliação para que a população saiba da saúde municipal, apoiando as equipes
mais sobre a administração do sistema da secretaria para avaliar e classificar as
público de saúde. Além disto, os gestores soluções implementadas com o apoio do
poderão acessar informações estatísticas Programa Juntos, além de desenvolver uma
do buscador por intermédio de um painel estratégia de expansão dessas práticas,
de indicadores que gera uma visão mais reclassificando-as de acordo com uma
clara e precisa das demandas do cidadão, escala de prioridade de investimento.
permitindo, assim, uma maior eficiência na
gestão dos recursos.
Ainda no mesmo município, um trabalho
foi desenvolvido para aperfeiçoar a gestão
Inovação
Neste sentido, a Rede Bem Cuidar, outra e qualifica o atendimento à população. Estes
iniciativa do Juntos em Pelotas, tem como serviços foram priorizados por um processo
premissa a inovação dos serviços públicos de de cocriação com servidores e cidadãos.
saúde por meio da construção colaborativa Foram realizadas oficinas periódicas com
dos serviços. As unidades básicas de saúde moradores, usuários, servidores e líderes
da rede, além de passar por reformas físicas, de associações de bairro com o intuito de
informatização do sistema e reestruturação colher opiniões da população a respeito do
do atendimento, começaram a oferecer atendimento local – como é feito e como é
uma gama de serviços inovadores como possível melhorá-lo.
a farmácia distrital, cozinha experimental,
Em Campinas, também foi implementada
academia de ginástica, atividades para idosos,
a frente de cocriação em serviços de
playground ao ar livre, aulas com educador
saúde, onde a rede municipal de serviços
físico e o Agente Bem Cuidar, que fortalece
o papel dos agentes comunitários de saúde
de saúde é composta por unidades
27
O Programa Juntos
pelo Desenvolvimento
Sustentável
próprias, conveniadas e contratadas, Campo Grande. Por meio da metodologia
abrangendo a atenção básica e de média de design thinking2, foi desenvolvido um
e alta complexidade. A frente buscou processo de cocriação de ideias e soluções
engajar cidadãos e servidores públicos no a serem prototipadas e testadas junto à
desenvolvimento e implementação de população para que, então, se transformem
soluções inovadoras em serviços públicos em políticas públicas.
de saúde, especificamente na unidade de
28 Na seção Métodos de Gestão e Inovação está descrito o processo conhecido como Design Thinking.
2
incidência dos jovens sobre o desenho Em Paraty, foram implementadas diferentes
institucional das políticas e valorizam sua ações para a valorização do papel do jovem
capacidade de participar dos espaços de na sociedade, como o oferecimento de
decisão sobre o futuro das cidades. Em políticas de capacitação, acesso à cultura,
Teresina, foi lançada a plataforma e-você educação e, por fim, o apoio à formulação
que ampliou o debate com a população ao de um plano municipal de políticas
criar um espaço virtual para recebimento, públicas para a juventude, que consolida
votação e implementação de propostas as diretrizes para a implementação de
que contribuam para a construção de políticas em longo prazo com foco nos
uma cultura de paz na cidade. O primeiro jovens. Além disto, inclui-se a capacitação
tema de discussão foi “Como a juventude de 120 jovens de comunidades em situação
pode contribuir para reduzir o consumo de vulnerabilidade social do município e
de drogas e construir uma cultura de de seu entorno, para atender à demanda
paz?”. Foram enviadas 173 propostas, das de setores da indústria de infraestrutura e
quais 35 foram selecionadas para a fase de serviços náuticos da cidade.
votação popular, que escolheu 10 delas
Neste aspecto, o Programa Juntos tem
para premiação e implementação. Além
apoiado os municípios participantes em
disto, 5.547 votos foram computados
iniciativas que fortalecem a capacidade
somente para as dez propostas finalistas.
de incidência dos jovens sobre o desenho
Ao todo, a plataforma registrou mais de 30
institucional das políticas e valorizam sua
mil acessos. Esta ação não só endereça o
participação nos espaços de decisão sobre
desafio das áreas da gestão pública para
o futuro das cidades.
estruturação de políticas públicas para
juventude, mas também como meio para
mobilização cidadã.
Engajamento
O futuro das cidades está cada vez esfera pública. Os canais
menos concentrado nas mãos de tradicionais de participação
atores individuais. As novas ferramentas já não são o bastante em
tecnológicas, o aumento da conectividade termos de alcance. As ouvidorias e formas
móvel e o advento das mídias sociais de atendimento telefônico ao cidadão
têm empoderado os cidadãos comuns, são vistas como ferramentas de acesso
oferecendo-lhes novos canais de limitado e precisam ser ampliadas. Este
comunicação com líderes públicos, cenário rápido de mudanças demanda
questionando-os em sua capacidade de também o aprofundamento dos canais e
responder às demandas da população. estratégias tradicionais de participação.
Neste contexto, a relação da população Mais do que opinar sobre uma ação
com a gestão pública é caracterizada pela pública, a população passa a demandar ser
ampliação e aprofundamento dos canais parte do processo de criação da agenda
pública. Com isto, surge a necessidade de
de engajamento da população com a
29
O Programa Juntos
pelo Desenvolvimento
Sustentável
pensarmos o engajamento cidadão não no serviço de atendimento telefônico
apenas como participação, mas como ao cidadão, inaugurou, em 1984, um dos
forma de colaboração. primeiros serviços de Disque 156 do País,
um canal telefônico de comunicação
Atento a este contexto, o Programa Juntos
direta com o cidadão. Com o advento da
busca promover estratégias que facilitem
internet e a popularização da comunicação
o engajamento do cidadão e tragam a
virtual no Brasil, principalmente a partir
sociedade para mais próximo dos espaços
do ano 2000, ocorreu um boom das
de tomada de decisões sobre o dia a dia da
redes sociais e da tecnologia móvel.
cidade.
Neste contexto, a prefeitura de Campinas
Uma das ações que caracterizam este procurou aperfeiçoar seus canais de
objetivo estratégico é a viabilização comunicação com o cidadão, trabalhando
do orçamento participativo digital para inovar e modernizar a administração
no município de Santos. Por meio da pública e tornar mais eficiente a resolução
ferramenta Colab, ampliou-se os canais das demandas da população. Por
de diálogo entre governantes e sociedade meio da parceria com a Comunitas, a
e foi possível aumentar o impacto da prefeitura campineira implementou o
participação popular na decisão sobre a aplicativo Colab.re, em uma estratégia de
alocação orçamentária do município. Ao aproximação e fortalecimento dos canais
todo, R$ 10 milhões foram alocados de de diálogo com a sociedade, somando às
acordo com a decisão dos cidadãos que ações existentes e ampliando o controle
interagiram na ferramenta. O município social por meio de um aplicativo on-line
já havia realizado consultas públicas e gratuito. Até setembro de 2016, mais
anteriores sobre o orçamento participativo de 8.100 usuários foram cadastrados na
e, em 2015, obteve apenas 400 votos plataforma. A prefeitura vem melhorando
populares. Com o apoio da Comunitas significativamente a taxa de fiscalizações
e o uso de uma nova ferramenta de solucionadas, passando de 50% em
engajamento digital, o orçamento fevereiro de 2016 para 82% em setembro
participativo contou com mais de 9 mil de 2016. Dentre as principais fiscalizações
votos em 2016. realizadas pelos cidadãos destacam-se:
Além disto, em Campinas e Teresina, buracos nas vias (22% das publicações);
o programa apoiou outra importante entulho na calçada/via pública (7,5%);
estratégia para a democratização da gestão estacionamento irregular (7%); limpeza
municipal, com a realização de consultas urbana (5,6%); mato alto (5,5%); poda/
públicas e cocriação de soluções para os retirada de árvore (5,2%); e calçada irregular
problemas dos municípios. (4,2%).
Gestão de Pessoas
O Programa Juntos busca promover uma lideranças públicas tem
nova cultura gerencial nas prefeituras sentido estratégico na garantia
da rede, facilitando a internalização da de sustentabilidade das ações
disciplina metodológica experimentada implementadas pelo programa
pelos servidores durante o período em junto à gestão pública. Mais do que
que os parceiros técnicos viabilizados simplesmente formar servidores para as
pelo programa acompanham de perto ações do Juntos centradas na melhoria da
o trabalho desenvolvido nos diferentes gestão de pessoas, entende os servidores
órgãos municipais, apresentando novas como atores estratégicos na consolidação
ferramentas, capacitando para o uso de de uma verdadeira transformação cultural
novas soluções, revendo fluxos internos, na gestão pública.
pactuando e monitorando metas e Assim, o programa se vale de uma
resultados. As frentes de gestão de pessoas abordagem transversal para a formação de
do Juntos têm como premissa a noção de lideranças, oferecendo bolsas de estudos
que os servidores são os atores capazes de em centros de excelência em gestão
criar as bases para a sustentabilidade do pública a servidores das prefeituras da
planejamento estratégico dos municípios rede, como na Universidade de Columbia
e, assim, garantir que uma visão de futuro e em Harvard, por meio do Centro de
para a cidade, construída coletivamente, Lideranças Públicas (CLP). Em Juiz de
não seja descontinuada pelos ciclos dos Fora, por exemplo, secretários municipais,
mandatos. que também são servidores de carreira,
Assim sendo, o fortalecimento das ganharam bolsas de estudos para o Master
32
em Liderança e Gestão Pública (MLG). iniciativa surgiu como uma inovação em
gestão de pessoas e formação de equipes
Outra abordagem em fortalecimento de
para governos municipais. No Brasil, a
lideranças são os Encontros de Comitês
nomeação de Altos Dirigentes Públicos
Gestores. O objetivo deles é fortalecer e
é realizada de maneira discricionária por
capacitar as lideranças locais por meio
atores políticos e, em geral, não existem
do processo contínuo de discussão sobre
critérios baseados em competências ou
as diretrizes e metas do programa. Essas
experiências prévias.
discussões acontecem em encontros
que reúnem os principais interlocutores No que diz respeito à remuneração, a
locais mobilizados pelas ações, entre metodologia aplicada de Diagnóstico da
secretários, líderes empresariais locais e Folha de Pagamentos em Juiz de Fora é
parceiros técnicos. Nessas reuniões, são um destaque. Lá, esse diagnóstico buscou
feitos os acompanhamentos das metas identificar melhorias nos processos da folha
definidas para cada cidade e são pactuadas e garantir a consistência dos pagamentos.
as diretrizes do programa na localidade, A meta de otimizaçao das despesas dessa
em um rico espaço de debate, troca de frente, considerando a administração direta
conhecimento e aprofundamento das e indireta, foi pactuada em R$ 7,04 milhões,
discussões sobre os desafios e soluções equivalente a 1,4% de todos os gastos com
tocantes à gestão pública municipal. folha de pagamentos da prefeitura. Além
da redução de custos, outros resultados
Ainda com essa visão estratégica sobre
positivos foram implementados, como a
a gestão de pessoas, em Porto Alegre, o
introdução da biometria, reorganização no
Juntos apoia a implantação do Banco de
processo de pagamento de gratificações
Talentos, uma ferramenta que facilita o
aos servidores e revisão da relação de
recrutamento de quadros para os cargos
funcionários que recebem adicionais de
de confiança. O recrutamento é um dos
insalubridade ou periculosidade.
elementos da Gestão de Pessoas entendida
como política pública, o que inclui outros
temas como a retenção, a remuneração
e a avaliação de profissionais. Esta
33
O Programa Juntos
pelo Desenvolvimento
Sustentável
Comunicação
A comunicação é uma polo de disseminação de informações
das mais importantes qualificadas sobre gestão pública e os
ferramentas utilizadas por diferentes modelos de articulação entre a
empresas e instituições para promover iniciativa privada e o setor público no Brasil.
o engajamento de seus interlocutores
Além disto, durante a implantação
e facilitar o posicionamento estratégico
de frentes de trabalho nas cidades,
de suas agendas e interesses no debate
a articulação estratégica entre a
público. Não à toa, a comunicação, cada
comunicação do Juntos e dos municípios
vez mais, ganha destaque no planejamento
desempenha papel importante, por
estratégico das organizações,
exemplo a definição da premissa de
consolidando-se como uma área chave na
que toda comunicação realizada por
garantia da sustentabilidade e viabilidade
meio do Programa Juntos seja feita pela
de diferentes projetos. A comunicação é
prefeitura em questão. Isto acontece
primordial no processo de engajamento
porque é importante que a prefeitura seja
dos diferentes stakeholders, como
o grande líder da ação, pois o objetivo
sociedade civil, academia, iniciativa privada,
é exatamente fortalecer a sua atuação.
governos e imprensa, sobre os impactos
No entanto, essa comunicação sempre é
gerados por projetos estratégicos.
feita com aprovação da Comunitas para
Assim como o fortalecimento de que haja alinhamento com as diretrizes
lideranças, a comunicação representa para do programa. Para que isto aconteça de
o Juntos não só um desafio transversal das forma fluida, a Comunitas oferece diversos
áreas da gestão pública municipal, mas materiais e produtos que auxiliem a
também um eixo temático importante comunicação das gestões públicas, como
que permeia as frentes de trabalho do guias de comunicação e manuais de estilo.
Juntos. Ao longo da implementação do
programa s, buscou-se consolidar a área
de Comunicação da Comunitas como um
34
MODELO DE GORVERNANÇA
35
Modelo de Governança
TheGlobalCompetitivenessReport2016-2017_FINAL.pdf
democracia e no aumento da participação, a legitimidade, a responsabilidade e
da responsabilização e da transparência. a inovação. Este modelo se apresenta
O relatório aponta como recomendação como uma ferramenta para assegurar o
descentralizar radicalmente a autoridade desenvolvimento sustentável de longo
e a tomada de decisões sobre políticas prazo das cidades, pois reúne diferentes
públicas até as cidades. abordagens e perspectivas sobre os
problemas públicos e promove o
O movimento de descentralização e o
compartilhamento de ideias, conhecimento
fortalecimento do papel das cidades
e riscos que podem ser mitigados.
suscitam a necessidade de criarem-
se novas estratégias participativas, A ideia de colaboração entre setores e
fortalecendo a governança compartilhada agentes sociais na busca de soluções
no nível local. compartilhadas é crescente nos discursos
políticos dominantes e na agenda
Entre os vários conceitos e
internacional. No entanto, na prática,
problematizações sobre governança
os desafios são inúmeros. Observa-se,
colaborativa, Simon Zadek, professor da
porém, a indicação de um movimento
escola de governo de Harvard, é quem
de importantes atores globais rumo a
oferece o conceito que mais se aproxima
construção de uma nova agenda urbana,
daquele compartilhado pelo programa
baseada na governança colaborativa, que
Juntos Pelo Desenvolvimento Sustentável.
visa, sobretudo, responder às expectativas
Segundo ele, a governança colaborativa
da sociedade e reivindicações de
é um processo pelo qual múltiplos atores,
participação mais ampla. Estas alternativas
incluindo instituições públicas e privadas,
surgem como meio de gerenciar os riscos
se reúnem e evoluem, implementam e
políticos e econômicos associados às
supervisionam as regras, proporcionando
altas expectativas sociais. Partindo do
soluções de longo prazo para os desafios
pressuposto de que a maioria das políticas
disseminados . Como é dito pelo autor,
públicas territoriais tem como objetivo,
essa definição refere-se, principalmente,
em última análise, o desenvolvimento
aos arranjos institucionais que envolvem
sustentável no longo prazo, a perspectiva
uma colaboração deliberativa entre
que o Juntos propõe está baseada na
múltiplos atores no estabelecimento de
descentralização da governança, no
regras de comportamento que regem
aumento do engajamento social nas
alguns ou todos os envolvidos em seu
decisões sobre a cidade, na ampliação
desenvolvimento e, potencialmente, uma
do nível de comunicação entre os
comunidade mais ampla de atores.
atores sociais e, também, na construção
O programa Juntos pelo Desenvolvimento e ampliação de redes de interação e
Sustentável trabalha com a hipótese de compartilhamento entre esses atores.
que a governança colaborativa promove
Informação do artigo desenvolvido por Clarissa Malinverni, que é graduada em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo,
com mestrado em Administração Pública pela Columbia University e uma experiência de dez anos no terceiro setor, tendo atuado
em projetos e programas voltados à garantia dos direitos humanos, gênero, educação e mobilização social e de redes. Desde 2013
tem trabalhado na Comunitas como gerente do Programa Juntos pelo Desenvolvimento Sustentável. Texto traduzido e adaptado
para a publicação. Originado da dissertação de mestrado em Administração Pública na Columbia University. Nova York, 2016. 37
Modelo de Governança
Encontro dos Comitês Gestores: Este encontro visa fortalecer a rede de gestores
públicos engajados e comprometidos com a busca pela melhoria dos serviços
públicos entregues aos cidadãos. O encontro serve como espaço de debate, troca e
reflexão acerca dos desafios e soluções tocantes à gestão pública municipal.
39
Modelo de Governança
41
Modelo de Governança
Sistemática de Acompanhamento
Para o acompanhamento consistente das são identificados antes do início de cada
frentes na rede de municípios parceiros do frente do Juntos em um município e atuam
Juntos, foi desenvolvida uma sistemática em parceria com a equipe da Comunitas
de reuniões de acompanhamento na articulação de todas as atividades
classificadas por níveis funcionais das desenvolvidas pelo programa.
prefeituras – chamados de N3, N2 e N1.
A equipe da Comunitas costumeiramente
Cada um destes níveis está condicionado a
acompanha as reuniões de N2 e N1,
um grau de decisão: o N3 é o operacional,
mas também podem participar das
o N2 é o tático e o N1 é o estratégico. Esta
reuniões de N3, quando necessário. Para
sistemática é uma das principais inovações
um bom funcionamento das atividades
do programa, pois gera integração de
de acompanhamento, é imprescindível
processos que anteriormente ocorriam
a participação e o envolvimento das
de forma isolada. As reuniões devem
lideranças, principalmente do prefeito, nas
ocorrer mensalmente, sempre em
decisões e na legitimação da estratégia. A
sequência, de acordo com o grau decisório
liderança dos secretários do Comitê Gestor
– primeiro N3, depois N2 e, por último,
e do prefeito é o principal elemento de
N1. A organização destas reuniões é
engajamento da frente. A N1 é a reunião
coordenada por um grupo de secretários
mais importante da estrutura e sua
locais, chamados de Comitê Gestor, e deve
periodicidade deve ser mantida, levando
ser feita pelos multiplicadores, também
sempre em consideração a agenda do
conhecidos como pontos focais (mais
prefeito.
sobre os multiplicadores na seção Papéis e
42 Responsabilidades). Estes multiplicadores
Figura: Pirâmide de Acompanhamento
Para que os participantes das reuniões se organizem com antecedência, recomenda-se
que o calendário de reuniões seja antecipadamente planejado. Remarcações, mudanças
e cancelamentos devem ser realizados em último caso, para que se evite a dispersão da
equipe e o não cumprimento de ações e responsabilidades definidas previamente.
Papéis e responsabilidades
Todos os envolvidos em uma frente de dos envolvidos, as atividades serão
atuação precisam conhecer o Programa sustentáveis e duradouras.
Juntos, estar alinhados com seus valores
Para a execução de qualquer frente do
e premissas e saber qual é o seu papel
programa nos municípios, é necessária
e a sua responsabilidade nesse esforço.
a criação de um grupo de trabalho
Quando há uma definição clara de quais
para acompanhamento das atividades,
são as responsabilidades e as funções
participação das reuniões, definição de
dos envolvidos, as possibilidades de
estratégias, entre outras atividades. O grupo
atritos devido às sobreposições das
é composto por diversos atores que têm as
ações são reduzidas. Com os papéis e
seguintes funções:
responsabilidades assumidos e bem
executados, além do próprio engajamento
Prefeito: principal liderança no município, participa das reuniões de N1, validando todas
as ações definidas nos níveis anteriores e recebe relatórios do Comitê Gestor, quando
necessário.
43
Modelo de Governança
Comitê Gestor: é o responsável pela coordenação das frentes do Juntos nos municípios
parceiros. Seus membros devem ser indicados pelo prefeito e normalmente são
os secretários que lideram as secretarias maiores e/ou responsáveis pela gestão ou
administração da prefeitura. O comitê tem como principais atribuições: participar das
reuniões de acompanhamento; conduzir as reuniões de N1; garantir alinhamento
estratégico das ações; avaliar o andamento das ações no que se refere ao cumprimento
dos prazos e às estruturas organizacionais (papéis e responsabilidades, alinhamento
conceitual, escopo, riscos e objetivos estabelecidos no redesenho dos processos), bem
como avaliar resultados e, caso necessário, propor contramedidas; avaliar o desempenho
e os relatórios de desvio de todos os processos; apoiar a interação entre departamentos
e secretarias da prefeitura, resolvendo conflitos; atuar como facilitador entre os principais
envolvidos na execução das ações; aprovar ou reprovar as solicitações de mudança
propostas; interromper, suspender ou cancelar ações que estejam em desacordo com o
produto esperado ou desalinhadas com a estratégia da prefeitura.
Equipes da Prefeitura: atuam no dia a dia das ações. Suas atribuições englobam a execução
dos planos de ação, a elaboração de relatórios técnicos de desvios e a participação nas
reuniões de acompanhamento.
44
Multiplicadores (ou pontos focais): responsáveis pela atualização dos dados dos planos
de ação desenvolvidos. Têm como principais atribuições: coletar e analisar informações e
dados; realizar o diagnóstico da situação anterior à intervenção de alguma frente do Juntos;
mapear os processos priorizados; sugerir e elaborar, em conjunto com os gestores de
processos, os planos de ação para solução de dificuldades identificadas ou para reavaliação
de cronogramas de execução das atividades; realizar a mensuração de desempenho e
elaborar o relatório de status das ações de acordo com periodicidade estabelecida e enviar às
partes interessadas declaradas no plano de projeto; facilitar o entendimento do projeto pelos
agentes mais importantes; registrar as ações aprendidas no processo e avaliar qualitativa
e quantitativamente o desenvolvimento do projeto até o seu término; elaborar a agenda,
organizar e conduzir as reuniões.
Coordenação de Município
A Coordenação do Município é uma das sistematização de disseminação de ações.
áreas primordiais para a articulação das
Por fim, há também a Gerência do
ações realizadas pela Comunitas. Além de
Programa, que atua na gestão das ações
acompanhar e analisar as informações do
entre as partes pública e privada, além
andamento das frentes, o coordenador - ou
de garantir a qualidade e eficiência
coordenadora - também atua diretamente
da execução de todos os projetos
nas ações estratégicas e operacionais
desenvolvidos pelo Programa Juntos. A área
garantindo a capilaridade do programa
é responsável por garantir o andamento do
até a ponta. Desta forma, identifica
Juntos em consonância com as premissas,
oportunidades e desafios das frentes e
valores e diretrizes do programa e do seu
atua em sinergia com a gerência e as áreas
Núcleo de Governança.
de Conhecimento e Comunicação na
45
Modelo de Governança
Reuniões de Governança
As Reuniões de Governança têm como município em uma perspectiva mais ampla,
objetivo promover encontros entre o estas lideranças buscam potencializar os
Núcleo de Governança do Juntos, líderes benefícios que o programa pode trazer
empresariais locais, prefeitos, secretários para desenvolvimento do País. Estes
integrantes dos comitês gestores e encontros acontecem trimestralmente,
parceiros técnicos do Programa Juntos, em cada um dos municípios, e permitem
a fim de debater sobre expectativas, o acompanhamento do andamento dos
desafios e oportunidades do programa. projetos em toda a rede.
Considerando as características do
Objetivos
• Apresentar o andamento e os próximos passos dos projetos;
• Debater sobre expectativas, desafios e oportunidades do programa, considerando as
características do município, mas em uma perspectiva mais ampla, buscando compreender
e potencializar os benefícios que os impactos do programa podem trazer para
desenvolvimento do País.
Periodicidade
Preferencialmente trimestral.
Observação: é necessária uma coordenação para agendamento com as lideranças.
Duração
Preferencialmente 2 horas (Validar a pauta do dia com a coordenação do programa para
definição do tempo de duração).
46
Participantes
Núcleo de Governança – Líderes que compõem a governança do programa;
Líderes Locais – Líderes que não fazem parte da governança do programa, mas apoiam
financeiramente o projeto nos municípios e compõem a governança local. Para este grupo,
sempre convidar o presidente ou CEO;
Prospects Locais (Empresas prospectadas) – Empresários que ainda não apoiam o
Projeto;
Parceiros Estratégicos – Não são apoiadores do Juntos e não são prospects, mas são
relevantes para o andamento do programa;
Prefeituras – Prefeito, secretários que compõem o Comitê Gestor do município em
questão e demais secretários que participam diretamente do projeto no município. Caso
seja solicitado pelo prefeito ou Comitê Gestor, a participação de outros secretários ou
integrantes da Câmara dos Vereadores pode ser autorizada mediante análise e aprovação
da coordenação;
Parceiros Técnicos (Consultorias) – Fornecedores que prestam serviços de consultoria
especializada nos municípios. Convidar aqueles que atuam no município onde será
realizada a reunião e avaliar a participação de parceiros em negociação, que poderão
apresentar a proposta de trabalho.
Objetivos
• Fortalecer a rede de gestores públicos engajados e comprometidos com a busca pela
melhoria dos serviços públicos entregues aos cidadãos e proporcionar um espaço de troca
e disseminação de boas práticas e iniciativas inovadoras.
47
Modelo de Governança
Participantes
Prefeitura – Prefeito e secretários que compõem o Comitê Gestor do município que
recebe a reunião e demais. Prefeitos e secretários relacionados aos temas em discussão
de acordo com a programação. Outros municípios além do escopo do Juntos devem ser
convidados;
Executivos Sociais – Diretores de fundações e institutos das empresas parceiras do Juntos;
Parceiros Técnicos (Consultorias) – Avaliar de acordo com programação.
Periodicidade
Preferencialmente trimestral.
Duração
Duas horas.
Objetivos
• Promover a troca de boas práticas, conhecimento, tecnologias e instrumentos
que contribuam para o aprimoramento da gestão pública e ampliem o impacto do
investimento social corporativo;
• Aprofundar a discussão sobre a relação entre os investimentos sociais corporativos e a
gestão pública, visando desenvolver conhecimento e ampliar o entendimento de todos os
interlocutores sobre a área;
• Apresentar o status do Juntos pelo Desenvolvimento Sustentável nos municípios que
fazem parte do programa.
Participantes
Executivos Sociais – Diretores de fundações e institutos das empresas parceiras do Juntos;
Parceiros Técnicos – Consultorias e outras organizações que eventualmente tenham
resultados dos serviços prestados para o programa.
48
Periodicidade
Trimestral.
Duração
Três horas.
Reuniões de Kickoff
Objetivos
• Apresentar metodologia do programa, metas preliminares e planos de ação para os
secretários, Comitê Gestor e servidores da prefeitura;
• Oficializar o início do projeto na prefeitura.
Participantes
Prefeitura – Prefeito, secretários que compõem o Comitê Gestor do município, demais
secretários e servidores relacionados às áreas de trabalho do projeto no município;
Parceiros Técnicos (Consultorias) – Avaliar de acordo com a frente de trabalho a ser
iniciada. Ver lista base de parceiros.
Periodicidade
Pontual – de duas a três semanas após a entrada do parceiro técnico na prefeitura.
Duração
Duas horas.
Participantes
Núcleo de Governança – Líderes que compõem o núcleo de governança do programa;
Parceiros Estratégicos – Não são apoiadores do Juntos e não são prospects. Verificar
quem foi convidado para as reuniões anteriores e se há convidados especiais de acordo
com o tema e agenda da reunião;
Parceiros Técnicos (Consultorias) - Avaliar conforme a pauta definida. 49
Modelo de Governança
Periodicidade
Preferencialmente mensal.
Duração
Duas horas.
50
FERRAMENTAS DE GESTÃO E INOVAÇÃO
51
Ferramentas de Gestão
e Inovação
Aprimoramento e Otimização de Processos
É parte da metodologia do Juntos planos são implementados e avaliados por
sempre começar sua intervenção nas relatórios de desvios e uma sistemática
cidades com a busca pelo equilíbrio de acompanhamento que envolve toda a
fiscal. Este trabalho tem como objetivo governança do programa.
não só auxiliar no aprimoramento e na
A frente de Equilíbrio Fiscal segue o
otimização de processos, mas também
método gerencial do PDCA (Plan, Do, Check
definir metodologias e ferramentas de
e Act em Inglês), que permite às prefeituras
acompanhamento, para que o município
realizarem as mudanças necessárias de
alcance suas metas e melhore seus
maneira eficiente. Esta metodologia pode
resultados em longo prazo.
apoiar no controle e captura de resultados
As frentes de Equilíbrio Fiscal do Juntos dos trabalhos. Este método de gestão
partem da análise de receitas e despesas pode ser traduzido para o português
municipais, sob administração direta como: Planejar, Fazer, Verificar e Agir. Com
da prefeitura5, todo o histórico de o ciclo contínuo do PDCA, além do próprio
desempenho financeiro do município controle e captura de resultados, permite
é analisado, de forma a identificar avaliações sistemáticas dos processos,
oportunidades e metas de melhoria. proporcionando as mudanças necessárias
Após este diagnóstico, diversas metas e de maneira eficiente e melhorias contínuas.
diferentes planos de ação são pactuados Com ele, é possível trabalhar a resolução
com os secretários do Comitê Gestor de problemas e o entendimento do papel
e prefeito do município. Depois da de cada um no esforço coletivo e no
definição de metas e estratégias, os aprendizado contínuo.
52 5
Transferências federais e estaduais não fazem parte do escopo da frente de Equilíbrio Fiscal.
P = Plan (Planejar): na primeira etapa do ciclo, o gestor deve estabelecer metas e
identificar os elementos causadores do desvio que impedem o alcance das metas
esperadas. É preciso analisar os fatores que influenciam esse problema, bem como
identificar as suas possíveis causas. Ao término, é desenvolvido um plano de ação com
contramedidas.
A = Act (Agir): na última etapa do ciclo, é preciso tomar as providências definidas nas
avaliações e relatórios sobre os processos. O gestor deve continuamente desenhar novos
planos de ação para melhoria da qualidade do procedimento, sempre orientado para a
correção de desvios e visando à busca por resultados.
Matriz de Responsabilidades
Em um projeto, principalmente os maiores de tudo, é fundamental que cada projeto
e mais complexos, muitas pessoas tenha uma pessoa ou área responsável. A
poderão ter algum papel no processo definição do responsável é relevante para o
de criação e de aprovação das entregas accountability 6 do projeto ou até da própria
e atividades. Em certos momentos, esse prefeitura.
processo é direto e simples, por exemplo,
A matriz de responsabilidades é usada
uma pessoa elabora um relatório e
para ilustrar as conexões entre as atividades
uma outra o aprova. Porém, em outros
e os membros da equipe do projeto. O
casos, muitas pessoas poderão estar
formato matricial ilustra todas as atividades
envolvidas na criação de um produto e
associadas a uma pessoa e todas as pessoas
várias outras nos processos de aprovação.
associadas a uma atividade.
Para um melhor planejamento,
uma boa prática é representar Uma forma muito utilizada para representar
graficamente os responsáveis pelo a matriz de responsabilidades é pela
desenvolvimento e aprovações. Antes matriz RACI (Responsible, Accountable,
6
Accountability é uma palavra de origem inglesa que não possui uma tradução específica para o Português. Ela pode ser traduzida
como responsabilidade com ética e que remete à obrigação de membros de um órgão administrativo ou representativo de prestar
contas a instâncias controladoras ou a seus representados. 53
Ferramentas de Gestão
e Inovação
Consulted and Informed. Em português: departamento. Apesar das atribuições bem
Responsável, Aprovador, Consultado e definidas, deve-se tomar o devido cuidado
Informado). A RACI é uma forma usada para que os envolvidos sejam informados
para atribuição de responsabilidades adequadamente e que, em caso de devidas
dentro de um determinado processo, eventualidades, possam assumir ações que
projeto, serviço e até funções dentro de um não estão indicadas na matriz.
Aprovador – é a pessoa que possui a propriedade sobre a atividade e responde pelos seus
resultados. Somente uma pessoa pode possuir a autoridade de uma tarefa;
Regras gerais:
Em toda atividade deve existir pelo menos um responsável pela atividade e um dono;
Só haverá uma autoridade aprovadora por atividade;
O responsável de uma atividade poderá ser também o aprovador;
Em uma mesma atividade poderão existir várias pessoas consultadas e informadas;
Um responsável por atividade é o ideal, para evitar dispersão ou duplicidade de
processos. Caso seja necessário determinar mais de um responsável, a divisão de tarefas
deverá ser clara e bem definida.
54
Tabela. Exemplo de Matriz RACI para o desenvolvimento de um sistema
55
Ferramentas de Gestão
e Inovação
Verificação de Resultados
Para se identificar o não cumprimento nível mensais (N3, N2 e N1). As reuniões
das metas, é necessário avaliar quais possibilitam avaliar se as ações planejadas
fatores mais influenciaram para esses na frente de trabalho estão trazendo os
desvios. Após a análise, são buscadas resultados e efeitos esperados.
contramedidas para se corrigir o desvio
Os desvios são localizados a partir do
e para que ele não se repita no mês
resultado da comparação da meta prevista
seguinte. Os Relatórios de Desvios são
com o realizado naquele período, caso
documentos elaborados todas as vezes
seja igual ou acima da meta prevista o
que forem identificados desvios em relação
resultado foi alcançado; se não, existe
às metas acumuladas e quais serão as
um desvio naquele período. O relatório,
ações desenvolvidas – as contramedidas –
além de mostrar quais foram os desvios
para solucioná-los.
encontrados, deve propor ações para
Para uma análise mais visual, comumente atacá-los, contendo prazos, os responsáveis,
são utilizados faróis de cumprimento os recursos alocados e as formas de
ou não das metas: quando a meta for monitoramento e controle. O plano
cumprida, o farol é verde; quando não se efetivo é aquele que contém medidas
alcança a meta, o farol se torna vermelho. para eliminar ou minimizar as causas
Para as metas não alcançadas, busca-se fundamentais. É importante que os planos
quais foram as causas do não atingimento indiquem a causa fundamental do desvio
e quais ações devem ser realizadas para com orientação para a solução do mesmo
que as metas voltem a ser atingidas no com clareza e objetividade e, por fim, um
período seguinte. prazo de ação real e adequado.
No relatório de controle e captura de Para a identificação de causas e a
resultados, devem constar os desvios, quais elaboração de planos de ação, a parceira
foram os fatores que mais influenciaram técnica lança mão de diversas ferramentas
para o resultado negativo e quais ações da administração: diagrama de Pareto,
serão propostas para que as causas diagrama de Ishikawa e os 5 Porquês.
sejam corrigidas. Os desvios, quando
Independentemente da ferramenta, os
identificados, podem avaliar a efetividade
desvios são tratados para que se alcance
dos indicadores de desempenho, assim
as metas pactuadas e melhore o resultado.
como as melhorias necessárias para que
Caso as causas dos desvios não sejam
as metas sejam alcançadas. As ações
identificadas ou tratadas, a probabilidade
devem ser validadas pelo Comitê Gestor
do não atingimento das metas será maior
e pelo prefeito para que, após isto, sejam
e de um impacto negativo nos resultados
realizadas. O espaço para discussão e
acumulados será ainda maior.
56 validação das ações são as reuniões de
Tabela. Modelo de relatório de desvios utilizado pelo parceiro técnico
Além das barras empilhadas, o gráfico de pizza também pode ser utilizado para a
representação específica de um período de acompanhamento.
59
Ferramentas de Gestão
e Inovação
Diagrama de Pareto
O Diagrama de Pareto é um recurso gráfico Para a elaboração do diagrama, as
que tem o objetivo de compreender a informações sobre causas e efeitos são
relação - benefício, ou seja, ele permite pesquisadas e dispostas em tabela,
selecionar prioridades quando há um indicando a participação de cada causa
grande número de problemas. O diagrama no total de efeitos. O diagrama é então
é uma técnica de estatística e utilizado composto por uma sequência de barras
como uma das ferramentas básicas da que ordena as frequências das ocorrências
qualidade. em ordem decrescente, permitindo
a localização de problemas vitais e a
Segundo este princípio, os itens
eliminação de perdas futuras. Muitas vezes
significativos de um grupo normalmente
os diagramas contam com a porcentagem
representam uma pequena proporção do
comum dos valores e a porcentagem
total de itens desse mesmo grupo; assim,
acumulada das ocorrências, tornando
a maior parte dos prejuízos é causada por
possível avaliar o efeito acumulado dos
um número relativamente pequeno de
itens selecionados.
defeitos. A teoria de Pareto defende que
20% dos defeitos são responsáveis por
80% dos prejuízos.
No caso de uma frente do Juntos, o parceiro técnico lança mão do Diagrama de Pareto a
partir dos gestores de processo, ao buscar eliminar as anomalias crônicas verificadas no
relatório de situação elaborado.
60
Os pontos fortes do Diagrama de Pareto são:
• Visualizar os diversos elementos do problema, permitindo a classificação e
priorização destes;
• Permitir a rápida visualização dos 80% dos prejuízos significativos;
• Facilitar o direcionamento dos esforços;
• Conseguir ótimos resultados com poucas ações (20%).
Diagrama de Ishikawa
O Diagrama de Ishikawa, também conhecido itens para serem conferidos por meio da qual
como Diagrama de Causa e Efeito ou se consegue uma rápida coleta de dados
ainda Diagrama Espinha-de-peixe, é uma para várias análises. Essas informações são
ferramenta de qualidade utilizada para buscar utilizadas para se obter uma localização da
e identificar as causas de um problema. O causa dos problemas. A partir da organização
diagrama foi originalmente proposto pelo do raciocínio e da discussão sobre as causas
engenheiro químico Kaoru Ishikawa, no de um problema prioritário, permite analisar
ano de 1943, e foi aperfeiçoado nos anos as dispersões em seu processo e os efeitos
seguintes. decorrentes disso.
Esta ferramenta dá ao usuário uma lista de
Figura: Exemplo de um
Diagrama de Ishikawa com a
sequência de barras com as
frequências das ocorrências e
seu percentual cumulativo
63
Ferramentas de Gestão
e Inovação
Nível 1 Inicial: indica que a organização não possui uma percepção dos conceitos de
projetos e Gerenciamento de Projetos (GP). Projetos são executados na base da intuição,
“boa vontade” ou “melhor esforço” individual. Geralmente não há planejamento e nem
o controle e os procedimentos não são padronizados. O sucesso depende muito dos
esforços e habilidades individuais.
Figura. Plataforma de
Gerenciamento de Projetos
Design Thinking
Design Thinking7 é o conjunto de métodos • Foco no ser humano: observando usuários
e processos (ou modelo mental) para extremos e mapeando oportunidades e
abordar problemas relacionados à necessidades.
aquisição de informações, análise de
Este modelo mental utiliza um tipo
conhecimento e propostas de soluções.
de raciocínio pouco convencional,
Como uma abordagem, é considerada
o pensamento abdutivo. Neste tipo
a capacidade para combinar empatia
de pensamento, busca-se formular
em um contexto de um problema, de
questionamentos por meio da apreensão
forma a colocar as pessoas no centro
ou compreensão dos fenômenos, ou seja,
do desenvolvimento de um projeto;
são formuladas perguntas para serem
criatividade para geração de soluções e
respondidas de acordo com as informações
razão para analisar e adaptar as soluções
coletadas durante a observação do
para o contexto. A metodologia foi
universo que permeia o problema,
criada por designers, com um foco mais
quer dizer, usar as suas experiências e
orientado no ser humano. O Design
conhecimentos para resolver problemas.
Thinking possui algumas características:
Assim, ao pensar de maneira abdutiva,
• É um processo colaborativo e o ideal a solução não é derivada do problema:
é que as equipes sejam compostas por ela se encaixa nele. É pensando de uma
profissionais multidisciplinares; maneira distinta, diferente do pensamento
cartesiano, que se encontra a solução para
• A empatia é o princípio para o
os problemas, criando oportunidades para
desenvolvimento dos projetos. O ponto de
inovar.
vista de quem vivencia é fundamental;
Empatia: começar pequeno e testar para aprender, errar de forma rápida e barata para
evitar prejuízos em implementações futuras;
7
Referências: BROWN, Tim. Design Thinking - Uma Metodologia Poderosa para Decretar o Fim das Velhas Ideias. São
66 Paulo, Campus, 2010. PINHEIRO, Tennyson & ALT, Luís. Design Thinking Brasil. São Paulo, Campus, 2011.
ASPECTOS JURÍDICOS PARA A RELAÇÃO DA PARCERIA
67
Aspectos Jurídicos para a
relação da parceria
8
Bacharel em Direito pela Universidade de São Paulo (USP) e mestre em Gestão de Políticas Públicas pela Fundação
Getúlio Vargas (FGV). Possui especialização em Direito Tributário pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
(PUC-SP) e pós-graduação em Direito para organizações sem-fins lucrativos e em Responsabilidade Social, ambas pela
Fundação Getúlio Vargas (FGV). Sócia da prática de Terceiro Setor, Cultura e Responsabilidade Social do Mattos Filho,
Veiga Filho, Marrey Jr. e Quiroga Advogados. Dedica-se, exclusivamente, ao terceiro setor e à responsabilidade social,
assessorando entidades sem-fins lucrativos, empresas e instituições culturais.
9
Bacharel em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC) e mestre em Direitos Humanos e
Desenvolvimento pela Universidad Pablo de Olavide de Sevilla (UPO). Coordenadora da advocacia pro bono do Mattos
Filho, Veiga Filho, Marrey Jr. e Quiroga Advogados. Pesquisadora associada da Escola de Direito da Fundação Getúlio
Vargas (FGV). Integrou a equipe da Secretaria-geral da Presidência da República que conduziu a elaboração do Marco
68 Regulatório das Organizações da Sociedade Civil.
Introdução
A diversidade é característica essencial adolescente e dos idosos11, para os quais
do universo das Organizações da o constituinte indicou a responsabilidade
Sociedade Civil brasileiras. Extremamente compartilhada entre “a família, a sociedade
heterogêneas entre si, apresentam e o Estado”. Para as ações de assistência
variados históricos, objetivos, formas social, também há a previsão de que
organizacionais, fontes de financiamento e “entidades beneficentes” participem de sua
modos de relacionamento com o Estado. execução12. Os tópicos sobre educação,
proteção ao patrimônio cultural brasileiro e
Das Santas Casas de Misericórdia surgidas
defesa do meio ambiente ecologicamente
no século XVI, passando pelas entidades
equilibrado igualmente indicam a
ligadas aos movimentos sociais e à
sociedade civil como partícipe13.
defesa de direitos humanos, é fato que
tais organizações – seja estabelecendo Se considerarmos as áreas de atuação,
vínculos contratuais ou pressionando segundo a pesquisa As fundações privadas
governos a reconhecer direitos – tiveram e associações sem-fins lucrativos no Brasil
papel relevante no desenvolvimento (Fasfil, IBGE/2012)14, observamos que as
dos direitos sociais no País. O seu maior organizações de desenvolvimento e defesa
desenvolvimento se deu, sobretudo, após a de direitos e de interesses dos cidadãos
promulgação da Constituição de 1988, que são as mais recorrentes, correspondendo
reconheceu e afirmou como um direito a a 30% do total. Em seguida, aparecem as
participação da sociedade civil nas políticas entidades ligadas à religião (28%), cultura e
públicas. recreação (12,7%), assistência social (10,5%)
e aquelas que desenvolvem atividades
A previsão constitucional desta
na área de educação e pesquisa (6,1%),
participação é expressa nas disposições
conforme indica o gráfico a seguir:15
sobre ações e serviços públicos de
saúde10 e sobre os direitos da criança, do
10
Constituição Federal de 1988, art. 197, 198 e 199.
11
Constituição Federal de 1988, art. 227 e art. 230.
12
Constituição Federal de 1988, art. 204 inciso I.
13
Constituição Federal de 1988, artigos 215, 216, §1º e 225.
14
Realizada em 2002, 2005 e 2010, a pesquisa oferece um mapeamento do universo associativo e fundacional brasileiro. Além
de informações sobre a finalidade de atuação e a distribuição espacial das entidades, os dados de 2010 (publicados em 2012)
permitem avaliar o perfil das entidades em relação à sua idade, relações de emprego e remuneração e, ainda, as alterações
ocorridas no setor no período de 2006 a 2010.
15
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). As fundações privadas e associações sem-fins lucrativos no Brasil:
2010. Rio de Janeiro: IBGE, 2012.
69
Aspectos Jurídicos para a
relação da parceria
16
TEIXEIRA, Ana Cláudia C. Identidades em construção: as organizações não governamentais no processo brasileiro
de democratização. Vol. 237. Annablume, 2003. p.71.
70 17
Oliva, Rafael. Alinhamento entre o investimento social privado e o negócio. São Paulo: GIFE, 2016. p.16.
80% das empresas se associam, de alguma Fundações e Empresas (Censo GIFE/2014)21,
forma, a órgãos governamentais.18 A partir aponta que, das 113 empresas e
de entrevistas com lideranças e gestores organizações associadas, 86% afirmam
sociais, o relatório19 mostra que os governos, ter algum tipo de alinhamento entre suas
sobretudo os locais, estão mais abertos iniciativas e as políticas públicas. A influência
ao diálogo e à troca de experiências e na formulação de políticas públicas é
que os gestores entendem que “a doação apontada como estratégia por 39% dos
de recursos financeiros não é a única respondentes. Tais estratégias variam
contribuição que o setor privado pode de escopo: 42% estruturam programas
oferecer”20. relacionados às políticas públicas setoriais
e 50% se dedicam às ações de formação
Entre as razões apresentadas para esta
e capacitação de gestores22. Quanto às
atuação junto à gestão pública, 70% dos
iniciativas de intervenção direta na ação
participantes da pesquisa indicam o interesse
pública, 30% se dedicam ao apoio à gestão
de:
pública e 19% preferem a parceria direta
(i) alinhamento de investimentos privados às na formulação e execução de políticas, o
políticas públicas; que se dá, na maior parte das vezes, sem
(ii) ampliar o alcance de seus próprios transferência de recursos.23
projetos; Neste contexto, à medida que institutos e
(iii) influenciar tais políticas; e fundações empresariais buscam potencializar
a gestão pública com experiências de
(iv) contribuir para melhorias na sua gestão.
inovação, organizações ligadas a movimentos
Em relação à esfera governamental de de defesa de direitos também entendem a
atuação, 54% das empresas e 55% dos colaboração com o Estado como estratégia
institutos empresariais indicaram ter para pautar novos direitos, aprimorar o
fortalecido a aproximação com organizações controle social e democratizar a gestão das
municipais. políticas públicas.24 Embora com origens e
Outra pesquisa de referência na área, propósitos diversos, tais organizações devem
realizada pelo GIFE - Grupo de Institutos, observar regras comuns em sua relação com
o Poder Público.
18
COMUNITAS. Relatório BISC (Benchmarking do Investimento Social Corporativo), 2014. São Paulo, 2015, p.127.
19
Segundo a metodologia indicada pela pesquisa, os resultados foram obtidos mediante três procedimentos: (a) um levantamento on-line
junto às instituições parceiras que representam um universo de 312 empresas, 24 fundações empresariais e a federação de empresas do setor
de indústria do Rio de Janeiro - Sistema FIRJAN; (b) entrevistas com gestores sociais e lideranças de dez empresas ou institutos empresariais que
participaram da última edição da pesquisa; (c) trabalhos desenvolvidos pelo Grupo de Debates BISC.
20
Idem, p. 120.
21
SILVA, A. e ANDRADE, S. Alinhamento do investimento social privado às políticas públicas. In: Censo GIFE 2014. Degenszajn, A. e Rolnik, I. (orgs.)
São Paulo: GIFE, 2015. P.34
22
Idem, p. 37.
23
Embora tenha sido objetivo de discussão e consenso nos fóruns e debates de apresentação dos dados, (segundo informado pela gerência de
conhecimento do Gife), a informação sobre a não transferência de recursos como característica das parcerias diretas não consta dos resultados
publicados pela pesquisa.
24
A experiência do Programa JUNTOS pelo Desenvolvimento Sustentável insere-se, justamente, entre estes dois tipos de atuação da sociedade
civil. Realizado por uma organização relevante no histórico da sociedade civil brasileira, o projeto congrega também a perspectiva do
investimento social privado, por meio de líderes empresariais interessados em colaborar com iniciativas de aprimoramento da gestão pública. 71
Aspectos Jurídicos para a
relação da parceria
25
Regido pela Lei nº 8.666/1993 (art. 116), Decreto nº 6.170/2007, Portaria Interministerial nº 507/2011.
26
Regido pelo art. 116 da Lei nº 8.666/1993, Decreto nº 6.170/2007, Portaria Interministerial nº 507/2011.
27
Lei nº 9.790/1999, Decreto nº 3.100/1999, Decreto nº 6.170/2007, Portaria Interministerial nº 507/2011.
28
Lei nº 9.637/1998 e pelo Decreto nº 2.487/1998.
29
Lei nº 8.666/1993 (art. 24, incisos XX, XXVII, XXX e XXXIII).
72 30
Decreto nº 6.170/2007, Decreto nº 1.819/1996, Portaria Interministerial nº 507/2011.
da Sociedade Civil (Lei nº 13.019/2014) selecionadas por meio de chamamento
criou novos instrumentos jurídicos. São público para a execução de finalidades
eles: o termo de fomento31, por meio propostas pela administração pública;
do qual são formalizadas as parcerias e o acordo de cooperação33, para as
que envolvem a transferência de parcerias estabelecidas com organizações
recursos financeiros, estabelecidas pela da sociedade civil sem que haja a
administração pública com as próprias transferência de recursos financeiros.
organizações da sociedade civil; o termo O quadro a seguir resume os novos
de colaboração32, a ser estabelecido pela instrumentos criados:
administração pública com organizações
31
Lei nº 13.019/2014, art. 2º, inciso VII.
32
Lei nº13.019/2014, art. 2º, inciso VIII.
33
Lei nº 13.019/2014, art. 2º, inciso VIII-A. 73
Aspectos Jurídicos para a
relação da parceria
Os novos instrumentos criados podem relativas às transferências de recursos da
ser celebrados independentemente de União mediante convênios e contratos
titulação ou certificação da organização de repasse. A Portaria Interministerial nº
parceira. Isto certamente ampliará o 507/2011 também afastava expressamente
universo de organizações elegíveis a a aplicação de suas disposições “aos
realizar parcerias com o Poder Público. A convênios cuja execução não envolva
lei ainda define a relação de organizações a transferência de recursos entre os
passíveis de celebrar os instrumentos por partícipes”36. Restava, deste modo, a
ela estabelecidos. Além das “entidades aplicação subsidiária da Lei nº 8.666/1993.37
privadas sem-fins lucrativos que não
Diante disto, embora não haja informações
distribuam eventuais resultados”,
em bases de dados oficiais, sabe-se
foram acrescentadas as sociedades
que a figura do convênio era também
cooperativas com finalidade voltadas às
largamente utilizada para a relação sem
atividades ou projetos de cunho social
repasse de recursos, ainda que sob uma
e às organizações religiosas, desde que
multiplicidade de denominações, tais
se dediquem a projetos de interesse
como “termos de cooperação técnica”,
público.34
“pacto de interesses”, “acordo de parceria”,
Dados do governo Federal35 revelam que, etc. Assim, não havia até recentemente
até a promulgação da lei em 2014, o regras ou mecanismos de controle comuns
convênio era o instrumento comumente que permitissem conhecer melhor esta
utilizado nas transferências voluntárias da modalidade. Tal forma de ajuste deverá
União para as entidades privadas sem- passar por alterações significativas com a
fins lucrativos, com 89% do total de 9.903 aplicação da Lei nº 13.019/2014, diante da
parcerias realizadas no período (2009 a criação da figura do acordo de cooperação,
2013). que será detalhado mais adiante.
No caso exclusivo dos acordos sem Cabe ressaltar que todos os instrumentos
transferência de recursos não havia citados anteriormente estão vigentes e,
um diploma legal específico que o em conjunto com as novas modalidades
disciplinasse, uma vez que tal ajuste previstas no novo marco regulatório, irão
não correspondia a nenhum dos compor o conjunto de normas aplicáveis à
instrumentos regidos pelo Decreto nº relação entre Organizações da Sociedade
6.170/2007, que dispõe sobre as normas Civil e o Poder Público.
34
Lei 13.019/2014, art. 2º, inciso I, alínea “c”.
35
Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação (SLTI) do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão com
base em dados do Siconv, 2014. In: MARCO REGULATÓRIO DAS ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL: A CONSTRUÇÃO
DA AGENDA NO GOVERNO FEDERAL – 2011 a 2014. Secretaria-geral da Presidência da República, Laís de Figueiredo
Lopes, Bianca dos Santos e Iara Rolnik Xavier (orgs.) – Brasília: Governo Federal, 2014.
37
Por força do art. 116, caput, §1º da referida lei.
Novo Marco Regulatório das Organizações
da Sociedade Civil (Lei 13.019/2014)
A primeira alteração significativa trazida excepcionada a regra do chamamento
pela Lei nº 13.019/2014 é a extinção da traz o risco de que tal mecanismo seja
figura do convênio para a relação entre esvaziado.
Organizações da Sociedade Civil e o
A lei procura dar maior objetividade aos
Poder Público, salvo aqueles celebrados
instrumentos e procedimentos da parceria,
no âmbito do Sistema Único de Saúde.
com a descrição detalhada dos elementos
Em vigor na União e nos Estados desde
que devem constar de planos de trabalho,
janeiro de 2016, as novas regras impactam
indicação dos possíveis itens de despesa,
também, desde janeiro de 2017, os 5.570
regras e prazo de prestação de contas
municípios brasileiros
– etapa que agora conta com prazo de
Embora se trate de uma lei extensa e que prescrição de cinco anos.
exigirá diversas adaptações, sobretudo por
Também é vedada a celebração de
parte de gestores públicos, a expectativa é
qualquer das modalidades de parceria
que sejam incentivadas novas práticas de
para a organização da sociedade civil que
gestão e criados entendimentos comuns,
tenha como dirigente membro do Poder
tornando mais seguros os repasses de
Público ou do Ministério Público ou, ainda,
recursos públicos às organizações. Embora
que seja dirigente de órgão ou entidade
coexistam outros instrumentos jurídicos
da administração pública da mesma esfera
para parcerias (já mencionados acima), a
governamental na qual será celebrado
oportunidade que se coloca é que o novo
o termo de colaboração ou de fomento.
marco regulatório fomente a atuação da
Tal vedação estende-se aos respectivos
sociedade civil organizada e amplie as suas
cônjuges ou companheiros, bem como
possibilidades de interação com o Estado.
parentes em linha reta, colaterais ou por
Entre as inovações, diversos dispositivos afinidade, até o segundo grau.38
reforçam a necessidade de se garantir
Outra alteração significativa é o enfoque
maior transparência na relação de parceria.
no controle dos resultados, obrigando
O procedimento de chamamento
gestores e organizações a criar meios de
público passou a ser regra obrigatória,
aferir e dar visibilidade ao que efetivamente
comportando exceções somente nos
é realizado no âmbito de uma parceria.
repasses a atividades de educação,
Cabe ressaltar que esta nova perspectiva
saúde e assistência social que, em muitos
pode convergir com os interesses de
casos, contam com sistemas próprios
investidores sociais, habituados a avaliar
de credenciamento, adequados às
se os recursos investidos, sejam eles
necessidades de cada política. Contudo,
financeiros ou não, se traduzem em ações
considerando que os repasses a tais áreas
de gestão bem planejadas e executadas.
são significativos, o fato de que possa ser
O Acordo de Cooperação
Para as relações entre Organizações da atividade ou, se for o caso, a indicação da
Sociedade Civil e o Poder Público que participação de apoio técnico;
não envolvem o repasse de recursos, o
(vi) a definição, se for o caso, da
novo marco regulatório prevê a figura
titularidade dos bens e direitos
do acordo de cooperação. Conforme
remanescentes na data da conclusão ou
a lei, as organizações que venham a
extinção da parceria;
celebrar tais acordos deverão ser regidas
por normas de organização interna que (vii) a prerrogativa atribuída à
prevejam objetivos voltados à promoção administração pública para assumir ou
de atividades e finalidades de relevância transferir a responsabilidade pela execução
pública e social.39 do objeto, no caso de paralisação, de
modo a evitar sua descontinuidade;
Assim como os demais instrumentos
jurídicos previstos na lei, o acordo de (viii) a faculdade dos partícipes
cooperação somente produzirá efeitos rescindirem o instrumento;
após a publicação do extrato em meio (ix) a indicação do foro para dirimir as
oficial de publicidade da administração dúvidas decorrentes da execução da
pública.40 Considerando que não há parceria.
recursos envolvidos, uma leitura do
Também deverá constar como anexo o
artigo 42 da lei nos permite extrair que as
plano de trabalho, elemento essencial para
seguintes cláusulas essenciais devem fazer
a formalização da parceria.
parte deste instrumento jurídico:
O Decreto Federal nº 8.726/2016 trouxe
(i) a descrição do objeto pactuado;
mais subsídios para os acordos de
(ii) as obrigações das partes; cooperação a serem observados nas
(iii) a vigência e as hipóteses de parcerias estabelecidas por órgãos
prorrogação; pertencentes à União. Entre eles, a
indicação de que o instrumento poderá
(iv) a obrigação de prestar contas com
ser proposto pela administração pública
definição de forma, metodologia e prazos41;
federal ou pela organização da sociedade
(v) a forma de monitoramento e avaliação, civil interessada, devendo ser firmado pelo
com a indicação dos recursos humanos e ministro de Estado ou pelo dirigente do
tecnológicos que serão empregados na órgão, com possibilidade de delegação.
39
Lei 13.019/2014, art. 33, inciso I.
40
Lei 13.019/2014, art. 38.
41
Cabe destacar que a prestação de contas é definida pela nova lei como a forma de “verificar o cumprimento do
76 objeto da parceria e o alcance das metas e dos resultados previstos”. Neste sentido, poderá haver o entendimento de
que tal procedimento deve aplicar-se também aos acordos de cooperação.
O acordo também poderá ser prorrogado estabelecidos, se for o caso.
independentemente de análise jurídica
Em seguida, terão que ser observados
prévia e conforme o interesse público
os critérios de julgamento, que deverão
envolvido.42
abranger, no mínimo, o grau de adequação
Todas as disposições preliminares do da proposta aos objetivos da política
decreto federal, atinentes aos demais pública em que se insere a parceria e
instrumentos jurídicos criados, também poderão ser privilegiados aspectos de
devem ser aplicadas aos acordos de inovação e criatividade, conforme previsão
cooperação, como, por exemplo, a no edital.
determinação de que a administração
O edital não poderá indicar como condição
pública “adotará procedimentos para
que as organizações interessadas possuam
orientar e facilitar a realização de parcerias
certificação ou titulação concedida pelo
e estabelecerá, sempre que possível,
Estado, exceto quando a exigência decorrer
critérios para definir objetos, metas, custos
de previsão na legislação específica da
e indicadores de avaliação de resultados”. 43
política setorial. Além disto, poderá incluir
As demais regras contidas no decreto cláusulas e condições específicas para o
devem ser aplicadas apenas “no que alcance de um público determinado, bem
couber” a tais acordos. Indicamos, a seguir, como delimitação territorial, pontuação
as regras potencialmente aplicáveis. diferenciada, cotas, entre outros, visando,
especialmente, aos seguintes objetivos:
Em primeiro lugar, a previsão do
procedimento de chamamento público, I - redução nas desigualdades sociais e
que prevê que a administração pública regionais;
deverá realizar processo de seleção antes
II - promoção da igualdade de gênero,
de celebrar uma parceria. A partir da leitura
racial, de direitos de Lésbicas, Gays,
do artigo 9º do decreto federal voltada
Bissexuais, Travestis e Transexuais - LGBT ou
ao que “poderia caber” aos acordos de
de direitos das pessoas com deficiência;
cooperação, extraem-se elementos a
constar em um edital com esta finalidade, III - promoção de direitos de indígenas, de
tais como: quilombolas e de povos e comunidades
tradicionais; ou
(i) o objeto da parceria com indicação da
política, do plano, do programa ou da ação IV - promoção de direitos de quaisquer
correspondente; populações em situação de vulnerabilidade
social.
(ii) a minuta do instrumento de parceria;
Contudo, os acordos de cooperação
(iii) as datas e os critérios de seleção e
envolvem, invariavelmente, iniciativa
julgamento das propostas, inclusive no que
própria de determinada organização em
se refere à metodologia de pontuação e
cooperar com a política, programa ou ação
ao peso atribuído a cada um dos critérios
50
Lei 13.019/2014, art. 11, incisos I a III.
Ainda, nos acordos de cooperação que (i) substituídos por acordo de colaboração,
não envolvam comodato, doação de bens no caso de decisão do gestor pela
ou outras formas de compartilhamento continuidade da parceria; ou
patrimonial, a administração pública federal, (ii) rescindidos, justificada e unilateralmente,
mediante justificativa prévia e considerando pela administração pública federal, com
a complexidade da parceria e o interesse notificação à organização da sociedade civil
público envolvido, tem a prerrogativa de parceira.54
afastar a exigência de chamamento público,
bem como a necessidade de cláusula que As exceções previstas no decreto federal
defina a titularidade dos bens remanescentes quanto à aplicação de diversos dispositivos
no instrumento de acordo. da lei aos acordos de cooperação são formas
de, por um lado, organizar e, por outro,
Também poderá dispensar a apresentação desburocratizar a relação de cooperação
de estatuto social, comprovantes de sem o repasse de recursos, não impondo
experiência prévia e de existência há pelo as mesmas exigências cabíveis às demais
menos três anos, certidões de regularidade parcerias realizadas.
fiscal, relação dos dirigentes e declaração de
que a entidade não incorre em nenhuma De todo modo, há mais um ponto de
vedação51. Terá, ainda, a faculdade de atenção: a expressão “no que couber” foi
estabelecer ou dispensar o procedimento de outrora razão para muitas divergências
prestação de contas52. de interpretação sobre o que era ou não
aplicável às parcerias em razão do artigo
Cabe lembrar que os convênios e 116 da Lei no 8.666/93, que culminou na
instrumentos existentes na data de entrada aplicação de várias regras próprias da lei de
em vigor da lei permanecerão regidos licitações para as parcerias com entidades
pela legislação em vigor ao tempo de sua sem-fins lucrativos.
celebração. Isto não impede a aplicação
subsidiária da lei e do decreto federal, Assim, deve-se evitar o risco de
quando for o caso e naquilo em que for interpretações mais restritivas sobre as
cabível, “desde que em benefício do alcance cláusulas que disciplinam o acordo de
do objeto da parceria”.53 cooperação, impondo a este instrumento
exigências desproporcionais à sua natureza.
Além disto, os atuais instrumentos Trata-se, porém, de uma oportunidade para
celebrados por prazo indeterminado ou garantir mais transparência e de um meio de
prorrogáveis por período superior ao oferecer parâmetros comuns para essa forma
inicialmente estabelecido deverão, no prazo de relação entre sociedade civil e Poder
de um ano contado da data de entrada em Público.
vigor da lei, ser:
51
Lei 13.019/2014, art. 26
52
Lei 13.019/2014, art.63,§ 3º.
53
Lei 13.019/2014, art. 91, §1º.
54
Lei 13.019/2014, art. 91, § 2º.
79
Aspectos Jurídicos para a
relação da parceria
O quadro abaixo busca organizar as diferentes previsões sobre a figura do Acordo de
Cooperação:
Acordo de Cooperação
Aplica-se Aplica-se, no que couber Executa-se
Lei nº 13.019/2014: Decreto Federal nº 8.276/2016: Decreto Federal nº 8.276/2016:
Necessidade de que a Procedimento de chamamento Necessidade de indicação de
organização tenha objetivos público (Capítulo II) previsão orçamentária pela adm.
e finalidades de relevância pública
Aplicação de sanções em caso
pública e social
de descumprimento do Plano de Indicação referente às receitas e
Efeitos produzidos apenas Trabalho (Capítulo VIII) despesas no Plano de Trabalho.
após publicação oficial
Procedimento de manifestação Exigência de que sejam firmados
Inclusão de cláusulas de interesse social (Capítulo IX) pelo ministro de Estado ou pelo
essenciais no instrumento dirigente máximo da entidade
Necessidade de transparência
(Art. 42, incisos I,II,VI,VII,VIII, da administração pública federal
e divulgação expressa das
X,XII,XVI,XVII)
parcerias (Capítulo X); Nos acordos sem comodato,
Obrigatoriedade de Plano doação de bens ou outras
Regras de transição para que
de Trabalho anexo ao formas de compartilhamento
atuais instrumentos celebrados
instrumento patrimonial também são
por prazo indeterminado
possíveis:
Decreto Federal nº ou prorrogáveis por período
8.276/2016: superior ao inicialmente Excetuar regra do chamamento
estabelecido sejam substituídos público
Poderá ser proposto pela
ou rescindidos
administração pública federal Dispensar cláusula que
ou pela organização da defina a titularidade dos bens
sociedade civil (Art. 5º, § 1º) remanescentes no instrumento
de acordo
Deve ser firmado pelo Ministro
de Estado ou pelo dirigente Necessidade de apresentar a
máximo da entidade da documentação prevista no artigo
administração pública federal, 26 da lei
permitida a delegação (Art. 5º,
Estabelecer ou dispensar o
§ 2 º)
procedimento de prestação de
Prorrogação de acordo com contas previsto no art. 63, § 3º,
o interesse público envolvido da Lei nº 13.019/2014
(Art. 5º, § 3º)
Adm. pública deve orientar
e facilitar a realização de
parcerias e estabelecer, sempre
que possível, critérios para
definir objetos, metas, custos
e indicadores de avaliação de
resultados (Art. 4º)
55
Breve pesquisa jurisprudencial realizada nos sites do TCU, TCE-SP, STJ e STF não revelou resultados que permitissem
revelar um entendimento consolidado a respeito de ajustes sem repasses de recursos entre órgãos da administração
pública e entidades sem-fins lucrativos. 81
82
DESTAQUES DE ATUAÇÃO
83
Destaques de atuação
Campinas
Localizada no interior de São Paulo, frentes de Equilíbrio Fiscal e de Cocriação
Campinas é a 14ª cidade mais populosa do de Serviços de Saúde. A escolha da cidade
País e a 3ª maior do Estado. Formada pelos como experiência-piloto do programa
distritos de Campinas, Barão de Geraldo, levou em consideração o amplo impacto
Joaquim Egídio, Nova Aparecida e Souzas, em toda região metropolitana, buscando
a cidade caracteriza-se por altos índices desenvolver projetos que pudessem
de desenvolvimento humano e pela forte atingir, direta e indiretamente, seus mais
influência regional. de 3 milhões de habitantes, influenciando
ainda o modelo de gestão pública nos
Campinas foi a primeira cidade a integrar
diferentes municípios que a integram.
o programa Juntos pelo Desenvolvimento
Sustentável, em fevereiro de 2013, com as
PIB municipal (2013) PIB per capita (2013) Índice Firjan de Índice Firjan de Gestão
Desenvolvimento Fiscal (2015)
R$ 51.347.710,8058 R$ 44.850,5759
Municipal (2013)
0.4762 (conceito A)
0.8418 (faixa de alto
desenvolvimento)
Taxa de urbanização
98,3% 60
56
Fonte: Estimativa IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
57
Fonte: Censo IBGE, 2010. Mede a proporção de pessoas com renda domiciliar per capita inferior a R$ 140,00 (a
preços de agosto de 2010).
58
Fonte: IBGE, em parceria com os órgãos estaduais de estatística, secretarias estaduais de governo e
Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), 2013. Em milhares de reais.
59
Fonte: IBGE, em parceria com os órgãos estaduais de estatística, secretarias estaduais de governo e
Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), 2013.
84 60
Percentagem da população da área urbana em relação à população total. Fonte: IBGE, Censo 2010.
Histórico de atuação em Campinas
Paraty
Fundada em 1667, Paraty é umas das cidades chegando a ter cerca de 600 habitantes.
coloniais mais antigas do Brasil. A cidade Em 1970, quando a rodovia que conecta
fez parte do ápice e declínio da maioria os Estados de São Paulo e Rio de Janeiro foi
dos ciclos econômicos pelos quais o Brasil concluída, turistas e viajantes começaram
passou. No século XVII, Paraty era o principal a chegar à cidade, inserindo Paraty e sua
porto de exportação de ouro para Portugal. história colonial nas rotas de turismo nacional
Até a primeira metade do século XX, a cidade e internacional.
passou por um período de isolamento,
Quadro de informações gerais sobre o município:
População total (2015) Área Densidade Incidência de pobreza
demográfica (2015)
40.478 hab.61 925,39 km² 9,50% 62
43,76 hab./km²
PIB municipal (2013) PIB per capita (2013) Índice Firjan de Índice Firjan de Gestão
Desenvolvimento Fiscal (2015)
R$ 3.153.152,70 63 R$ 79.960,25 64 Municipal (2013)
0,5797 (conceito C)
0.7487 (faixa de
desenvolvimento
moderado)
Taxa de urbanização
74% 65
61
Fonte: Estimativa IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2015.
62
Fonte: Censo IBGE 2010. Mede a proporção de pessoas com renda domiciliar per capita inferior a R$ 140,00 (a valores de agosto de 2010).
63
Fonte: IBGE, em parceria com os órgãos estaduais de estatística, secretarias estaduais de governo e Superintendência da Zona Franca de
Manaus (Suframa), 2013. Em milhares de reais.
64
Fonte: IBGE, em parceria com os órgãos estaduais de estatística, secretarias estaduais de governo e Superintendência da Zona Franca de
89
Destaques de atuação
Para chegar as estes resultados, foram implementadas uma série de iniciativas. Entre elas
destacam-se:
Levantamento de imóveis por georreferenciamento. Foram incluídos 4.500 imóveis
antes não cadastrados e identificados, outros 2.701 com acréscimo de área, ampliando a
base de recolhimento de IPTU;
Criação do REGIN, um sistema integrado de cadastro que emite alvará para empresas de
risco pequeno ou médio em até 48 horas;
Foto: Prefeitura
de Paraty
Pelotas
Pelotas é a terceira cidade mais populosa do Estado do Rio Grande do Sul, com 342.873
habitantes e figura na nona posição entre os municípios gaúchos mais ricos, com PIB de R$
5 milhões em 2013. Situada na região sul do Estado, a cidade de Pelotas se divide em nove
distritos: Pelotas, Cascata, Cerrito Alegre, Colônia Z/3, Monte Bonito, Quilombo, Rincão da
Cruz, Santa Silvana e Triunfo.
Quadro de informações gerais sobre o município:
População total (2015) Área Densidade Incidência de pobreza
demográfica (2015)
342.873 hab.66 1.549,41 km² 7,56%67
221,29 hab./ km²
PIB municipal (2013) PIB per capita (2013) Índice Firjan de Índice Firjan de Gestão
Desenvolvimento Fiscal (2015)
R$ 5.920.548,0068 R$ 17.353,1569 Municipal (2013)
0.6456 (conceito B)
0.7269 (faixa de
desenvolvimento
moderado)
Taxa de urbanização
94%70
66
Fonte: Estimativa IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2015.
67
Fonte: IBGE, Censo 2010. Mede a proporção de pessoas com renda domiciliar per capita inferior a R$ 140,00 (a valores de
agosto de 2010).
68
Fonte: IBGE, em parceria com os órgãos estaduais de estatística, secretarias estaduais de governo e Superintendência da Zona
Franca de Manaus (Suframa), 2013. Em milhares de reais.
69
Fonte: IBGE, em parceria com os órgãos estaduais de estatística, secretarias estaduais de governo e Superintendência da Zona
94
Franca de Manaus (Suframa).
70
Percentagem da população da área urbana em relação à população total. Fonte: IBGE, Censo 2010.
Até o final de 2016, o Juntos implementou constituído ao longo da frente de trabalho,
em Pelotas 16 frentes de trabalho. Com que é responsável por implementar e
o objetivo de aprimorar a gestão, atuou padronizar diretrizes, práticas, processos
por meio da frente de Escritório de e operações dos projetos dentro da
Gerenciamento de Projetos (EGP) e prefeitura. Assim, o EGP garante a
da frente de Convênios e Contratos, qualidade dos produtos e serviços e
ambas com foco no aprimoramento e aumenta a eficiência dos processos, além
na otimização de processos, definição de de ser o ponto de referência para os
metodologias e, também, de ferramentas stakeholders dos projetos.
de acompanhamento, para que o As ações em Saúde foram de grande
município alcance suas metas e melhore destaque durante o primeiro ciclo de
seus resultados. atuação do Juntos no município. Em
Dentre as principais ações destaca-se 2012, o recém-eleito prefeito Eduardo
a identificação inicial da carteira de Leite definiu como prioridade a melhoria
programas e projetos, seguida de análise da gestão municipal da saúde para
e priorização das ações de acordo com torná-la capaz de responder ao aumento
os objetivos estratégicos da prefeitura constante das demandas por atendimento
e levando em conta a otimização de básico e especialização. Viabilizada por
recursos para a sua implementação. meio das transferências constitucionais e
As fases de planejamento, execução e por recursos próprios, a gestão da política
acompanhamento dos programas e de saúde nos municípios representa
projetos são viabilizadas por intermédio do lócus estratégico para a inovação de seus
Escritório de Projetos (também conhecido modelos.
como PMO), departamento ou grupo
O conceito e a metodologia de design thinking permearam a idealização e implementação
da frente de Cocriação de Serviços em Saúde. As ações foram realizadas com a Agência Tellus,
parceira técnica da Comunitas em três fases: empatia – entendimento empático e exploração do
contexto do cidadão e dos servidores; cocriação – construir “com” e não “para” a sociedade civil; e
experimentação – testar para aprender errando de forma rápida e barata.
serviços públicos. Ela desenvolve soluções A unidade foi a primeira da cidade a contar
a partir do processo de cocriação com com atendimento psicológico e ter em sua
cidadãos e servidores, buscando aumentar equipe agentes bem cuidar, agentes de
a qualidade dos serviços entregues aos saúde que passaram a utilizar um aplicativo
usuários. As ideias e soluções cocriadas desenvolvido especialmente para apoiar
pela comunidade, funcionários e gestores seu trabalho e que visitam os pacientes
públicos constituem, hoje, os serviços da em suas casas equipados com tablets,
primeira unidade da Rede Bem Cuidar, a bicicletas e equipamentos de segurança.
UBS Bom Jesus, que já foi replicada para A Bom Jesus conta, ainda, com o primeiro
a unidade Simões Lopes e até novembro totem do Clique Saúde Pelotas, outra
de 2016 deve absorver mais uma, a ação do Programa Juntos, que permite
Guabiroba. Há previsão de expansão da ao cidadão verificar informações sobre
Rede Bem Cuidar para outras unidades a medicamentos, vacinação, outros postos
partir de 2017. de saúde, Samu e dados sobre a própria
UBS, como horário de atendimento e
Inaugurada em janeiro de 2015, a UBS Bom
equipe de funcionários. Outra inovação é
Jesus – projeto-piloto da rede – segue
a primeira farmácia distrital do município,
os preceitos do Mapa Estratégico da
que facilita o acesso aos medicamentos
Gestão Municipal, com foco no respeito e
gratuitos, inclusive os de alto custo.
diálogo com o cidadão e inclui iniciativas
que melhorem a qualidade de vida dos
usuários.
O Clique Saúde tem como objetivo educar, orientar e facilitar o acesso aos recursos de saúde
para a população, por meio de um buscador que pode ser consultado a partir de qualquer dispositivo
ligado à internet, universalizando o acesso às informações e, como consequência, aos serviços.
98
Premiações
Em 2015, a Rede Bem Cuidar foi eleita a segunda melhor experiência em saúde pelo
prêmio InovaSUS, do Ministério da Saúde – a primeira colocação ficou com Curitiba,
cidade também parceira do Programa Juntos. A premiação busca reconhecer e
incentivar projetos e experiências inovadoras no âmbito do SUS e a posição rendeu a
Pelotas R$ 250 mil.
O projeto também recebeu premiação do Centro de Design Ativo de Nova Iorque, nos
Estados Unidos, em 2016, sendo uma das 12 experiências reconhecidas mundialmente
– a única brasileira. O Centro procura identificar e reconhecer projetos de pesquisa e
design convincentes, que cultivam o bem-estar por meio da promoção da atividade
física, saúde mental e vida cívica.
Santos
Situada no Litoral Paulista, a cidade enfrenta ainda importantes desafios
de Santos abriga o maior porto da em Saúde e Educação, especialmente.
América Latina e destaca-se entre os Nestas dimensões, destacam-se: a taxa de
municípios brasileiros por altos índices mortalidade materna na cidade em 2014,
de desenvolvimento, pela economia que atingiu a marca de 97,8 óbitos a cada
crescente e pela alta renda per capita 100 mil nascidos vivos, muito acima da taxa
que, de acordo com os dados do Censo máxima recomendada pela Organização
de 2010, figurava como a nona maior do Pan-Americana de Saúde (Opas), que é de
País, atingindo o patamar de R$ 1.693,65, 20 casos a cada 100 mil nascidos vivos70, e
superando capitais como São Paulo (R$ o percentual de jovens de 15 a 17 anos fora
1.495,04) e Rio de Janeiro (R$ 1.518,55), da escola. Embora a frequência de jovens
à época. Com população estimada em ao ensino médio tenha evoluído na cidade
433.966 habitantes, Santos apresenta nas últimas duas décadas, em 2010, 34,4%
alta taxa de urbanização e, apesar de se dos jovens entre 15 e 17 anos estavam fora
destacar nos índices de desenvolvimento, deste ciclo71.
70
Fonte: Portal ODM – Relatórios dinâmicos: monitoramento de indicadores. Disponível em: <http://www.
relatoriosdinamicos.com.br/portalodm/>.
71
Fonte: IBGE, Censo 2010. 99
Destaques de atuação
Taxa de urbanização
99,9%76
72
Fonte: Estimativa IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2015.
73
Fonte: IBGE, Censo 2010. Mede a proporção de pessoas com renda domiciliar per capita inferior a R$ 140,00 (a
valores de agosto de 2010).
74
Fonte: IBGE, em parceria com os órgãos estaduais de estatística, secretarias estaduais de governo e
Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), 2013. Em milhares de reais.
75
Fonte: IBGE, em parceria com os órgãos estaduais de estatística, secretarias estaduais de governo e
Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa).
100 76
Percentagem da população da área urbana em relação à população total. Fonte: IBGE, Censo 2010.
(Cidades de Oportunidades), no qual 27 principais vocações e oportunidades
grandes cidades do planeta tiveram suas de Santos. Seguindo esta metodologia
infraestruturas comparadas em termos de de planejamento, na primeira fase, é
qualidade e, posteriormente, foi feita uma definida a visão de futuro do “Santos 500”,
projeção de suas possíveis necessidades com o desenvolvimento de projeções
futuras. O estudo foi adaptado ao estatísticas, baseadas nos estudos de
cenário brasileiro e os municípios foram cidades e oportunidades, e de indicadores
classificados em 14 grupos, de acordo socioeconômicos, além da identificação
com suas características e baseados nas de desafios para o desenvolvimento do
análises de milhares de variáveis. Com município. Com isto, a primeira fase do
base nelas, foram criadas sete áreas que projeto terá como resultados a definição
permitem avaliar o desenvolvimento e de temas prioritários, detalhados em
competitividade das cidades: econômica, subtemas e em iniciativas estratégicas
intelectual, social, ambiental, cultural construídas com o Conselho da Cidade e
e lazer, infraestrutura e acessibilidade, alinhados à ambição da sociedade.
institucional, imagem e identidade.
Ainda que o projeto esteja em execução, é
A partir da análise dos indicadores que possível identificar importantes resultados
compõem estas grandes áreas, foram já alcançados, tais como a elaboração do
avaliadas as condições da cidade de Santos diagnóstico da cidade, com sugestão das áreas
em segmentos como moradia, acesso à estratégicas a serem trabalhadas no plano e
Educação, retenção de profissionais na desafios para os próximos anos; a realização
região e mercado de trabalho, entre outros. de reunião com atores do conselho para
A análise também se estendeu a alguns apresentar e validar o resultado do diagnóstico
dos pontos principais da região conurbada feito pela consultoria, como também para
de Santos, uma vez que há grande receber indicações de outras organizações para
influência dos municípios do entorno no participar do grupo e formar grupos temáticos
dia a dia santista. de acordo com as diferentes especialidades
– foram convidadas 16 organizações para o
Após as projeções de futuro e definição
encontro e 9 compareceram; e a realização de
dos temas principais, serão realizadas
reuniões individuais para formação de câmaras
câmaras temáticas e dinâmicas junto
temáticas e priorização de ações, projetos e
ao Conselho da Cidade para definir as
políticas para o plano no horizonte de 30 anos.
iniciativas estratégicas que explorem as
101
Destaques de atuação
Juiz de Fora
Localizada a 283 km da capital Belo Horizonte, a população. Neste sentido, ao promover
Juiz de Fora é o quarto município mais estratégias para o controle social da gestão
populoso de Minas Gerais, com 555.284 municipal, a prefeitura de Juiz de Fora se
habitantes. Importante polo turístico do alinha a um dos princípios fundamentais
Estado, a cidade abriga ainda a Universidade do programa Juntos pelo Desenvolvimento
Federal de Juiz de Fora, uma das 20 melhores Sustentável.
do País77. Em relação à gestão pública,
Juiz de Fora se integrou ao programa em
destaca-se pelo alto índice de transparência
maio de 2014, com a realização da frente
da administração municipal, segundo
de Equilíbrio Fiscal. Desde então, diferentes
avaliação do Ministério Público Federal. Em
frentes de trabalho foram desenvolvidas em
2016, Juiz de Fora ocupou o primeiro lugar
contexto local com o apoio da Comunitas
no Ranking Nacional da Transparência78, que
e o acompanhamento de um núcleo de
avalia o nível de transparência das contas
governança.
públicas municipais e canais de diálogo com
Quadro de informações gerais sobre o município:
População total (2015) Área Densidade Incidência de pobreza
demográfica (2015)
555.284 hab.79 1.435,70 km² 5,48%80
386,76 hab./km²
PIB municipal (2013) PIB per capita (2013) Índice Firjan de Índice Firjan de Gestão
Desenvolvimento Fiscal (2015)
R$ 13.279.245,2081 R$ 24.323,5582 Municipal (2013)
0,6202 (conceito B)
0.7912 (Faixa de
desenvolvimento
moderado)
Taxa de urbanização
98,28%83
77
Fonte: Ranking Universitário Folha, 2015.
78
Fonte: Ranking Nacional da Transparência, criado pela Câmara de Combate à Corrupção do Ministério Público Federal
(MPF). Avaliação de 2016.
79
Fonte: Estimativa IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2015.
80
Fonte: Censo IBGE 2010. Mede a proporção de pessoas com renda domiciliar per capita inferior a R$ 140,00 (a valores de
agosto de 2010).
81
Fonte: IBGE, em parceria com os órgãos estaduais de estatística, secretarias estaduais de governo e Superintendência da
Zona Franca de Manaus (Suframa), 2013. Em milhares de reais.
82
Fonte: IBGE, em parceria com os órgãos estaduais de estatística, secretarias estaduais de governo e Superintendência da
Zona Franca de Manaus (Suframa), 2013.
83
Percentagem da população da área urbana em relação à população total. Fonte: IBGE, Censo 2010.
103
Destaques de atuação
104
Algumas metas alcançadas pela frente de Diagnóstico da Folha de Pagamentos em Juiz de
Fora foram:
• mudança de cultura dos servidores na busca de benefícios para a prefeitura e cidadãos;
• correção de servidores que foram contratados inicialmente para atuar na zona rural
do município, mas que estavam atuando na zona urbana e continuavam recebendo a
gratificação da zona rural;
• correção da relação de funcionários que recebiam adicionais de insalubridade ou
periculosidade, mas que já estavam alocados em outras funções;
• maior controle e critério no pagamento de gratificações não obrigatórias; e
• introdução da biometria em unidades de saúde e em órgãos da administração indireta.
Teresina
Uma das principais capitais do Nordeste Por outro lado, é também uma das cidades
e município mais populoso do Piauí, com piores indicadores de saneamento
a cidade de Teresina encontra-se no no Brasil, situando-se na 85ª posição
centro-norte do Estado, a 343 km do do ranking de 100 cidades brasileiras
Litoral. Com população estimada em analisadas pelo Instituto Trata Brasil. O
844.245 habitantes, é a sétima capital levantamento indicou que apenas 15% do
mais populosa do País, destacando-se esgoto da cidade é tratado e somente 19%
entre as capitais do Norte-Nordeste por da população contam com atendimento
apresentar melhores índices de qualidade total de esgoto84.
de vida, segurança e acesso à Educação.
Fonte: Relatório Ranking do Saneamento 2016. Instituto Trata Brasil. Disponível em: http://www.tratabrasil.org.br/datafiles/
84
estudos/ranking/2016/relatorio-completo.pdf 105
Destaques de atuação
94,3% 89
85
Fonte: Estimativa IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2015.
86
Fonte: Censo IBGE, 2010. Mede a proporção de pessoas com renda domiciliar per capita inferior a R$ 140,00 (valores de
agosto de 2010).
87
Fonte: IBGE, em parceria com os órgãos estaduais de estatística, Secretarias Estaduais de governo e Superintendência
da Zona Franca de Manaus – Suframa (2013). Em milhares de reais.
106 Fonte: IBGE, em parceria com os órgãos estaduais de estatística, Secretarias Estaduais de governo e Suframa.
88
89
Percentagem da população da área urbana em relação à população total. Fonte: IBGE, Censo 2010.
Em Teresina, a necessidade de ampliar a Além dos resultados tangíveis, a frente
participação dos tributos municipais na proporcionou uma mudança de cultura
receita primária corrente fez com que a entre os servidores, pautada pela disciplina
prefeitura buscasse o equilíbrio fiscal, com metodológica resultante do uso do PDCA,
o objetivo de incrementar a arrecadação e facilitando o alcance de ganhos reais para a
otimizar despesas. No município de Teresina, prefeitura.
foram estabelecidas as seguintes metas para Outro destaque da atuação do Juntos em
esta frente: incrementar a receita própria de Teresina foram as ações de engajamento,
impostos ISS e IPTU em R$ 20,7 milhões, em visando melhorias na situação das políticas
12 meses de projeto; e reduzir os gastos em para a juventude da cidade. De acordo
R$ 24,8 milhões, em 12 meses de projeto. com dados oferecidos pela Secretaria de
A meta definida para receita previa uma Segurança Pública do Piauí, no ano de 2013,
arrecadação de R$ 20,7 milhões. Entretanto, 65% das vítimas de homicídios na cidade
em virtude do ano atípico de 2015, com o de Teresina eram jovens (o que representa
agravamento da crise econômica no Brasil e 209 das 311 vítimas registradas na capital).
queda nas receitas municipais, a prefeitura de Diante disto, a prefeitura de Teresina, por
Teresina não bateu a meta estipulada, mas meio das secretarias de Juventude e de
alcançou um ganho de R$ 9,4 milhões entre Planejamento e Coordenação, desenvolveu
outubro de 2014 e novembro de 2015. o projeto “Se liga na ideia”, que visa promover
a participação da população jovem na
Em despesas, a meta definida para a frente
discussão sobre políticas públicas voltadas
previa uma economia de R$ 24,7 milhões
à construção de uma cultura de paz na
até fevereiro de 2017. Até o mês de agosto
cidade. Inicialmente formulado como um
de 2016, foi alcançada a marca de R$ 11
concurso de ideias inovadoras propostas
milhões, o que corresponde a uma economia
por jovens, o projeto premiou e executou
de R$ 3,7 milhões acima do previsto para o
iniciativas de bibliotecas comunitárias, arte,
período. Um grupo formado por servidores
cultura, educação e esporte. Apesar de bem-
foi treinado para garantir a sustentabilidade
sucedida, a prefeitura identificou na ação
da frente de equilíbrio fiscal, dando
a inexistência de algum tipo de tecnologia
continuidade às ações desenvolvidas. Além
que pudesse alavancar maior participação
disto, esses servidores responsabilizam-se
da juventude, de modo a amplificar o
pela qualidade das análises, organização
alcance das contribuições. Com este intuito, a
das reuniões de nível, estabelecimento de
prefeitura buscou novas tecnologias e optou
prazos e tarefas e promoção da integração
pela implementação da plataforma e-você.
do núcleo.
A plataforma e-você é uma iniciativa de inovação aberta, que permite que centenas de pessoas
participem de forma colaborativa da solução de um desafio importante para a comunidade,
permitindo acompanhar a resolução do desafio em todas as suas fases. A prefeitura lança um desafio
relacionado a um serviço público e a população apresenta propostas para sua implementação.
Depois, as propostas que tenham viabilidade de execução são colocadas em votação. O projeto
vencedor mediante consulta popular é implementado pela administração.
107
Destaques de atuação
Curitiba
Fundada em 1693, a capital do Estado especialmente no eixo de governança,
do Paraná é hoje umas das principais ocupando a primeira posição nacional
referências brasileiras em inovação, entre as cidades capazes de promover
além de apresentar altos índices de desenvolvimento social a partir de
desenvolvimento social. Com população administrações públicas fortalecidas
estimada em 1.879.355 habitantes, e abertas à população. Neste sentido,
totalmente concentrada em ambiente destaca-se ainda como a sétima cidade
urbano, Curitiba é o oitavo município mais mais transparente do Brasil e segunda
populoso do Brasil e o mais populoso da entre as capitais (atrás apenas de Brasília –
Região Sul. DF), segundo a Escala Brasil Transparente91,
revelando um importante compromisso do
A capital paranaense figura entre as
Poder Público municipal com a abertura
cidades mais inovadoras do País. Entre
de suas informações e o diálogo com a
os quesitos analisados pelo ranking
população.
Connected SmartCities90, Curitiba se destaca
90
Ranking Connected SmartCities, criado pela consultoria Urban Systems, que analisa 662 municípios brasileiros por meio de
12 indicadores, que compreendem: mobilidade, urbanismo, meio ambiente, energia, tecnologia, educação, saúde, segurança,
empreendedorismo, economia, governança e inovação. Disponível em: http://ranking.connectedsmartcities.com.br/
91
Ranking produzido pela Controladoria Geral da União (CGU) que avalia se os Estados e municípios regulamentaram a Lei de
108 Acesso à Informação e a existência de canais eficazes para solicitação de informações públicas pela população. Disponível em:
https://relatorios.cgu.gov.br/Visualizador.aspx?id_relatorio=10.
Quadro de informações gerais sobre o município:
População total (2015) Área Densidade Incidência de pobreza
demográfica (2015)
1.879.355 hab. 92 435,036 km² 1,73% 93
4.319,99 hab./ km²
PIB municipal (2013) PIB per capita (2013) Índice Firjan de Índice Firjan de Gestão
Desenvolvimento Fiscal (2015)
R$ 79.383.343,20 94 R$ 42.934,38 95 Municipal (2013)
0,5903 (Conceito C)
0.8618 (faixa de alto
desenvolvimento)
Taxa de urbanização
100% 96
92
Fonte: Estimativa IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
93
Fonte: Censo IBGE, 2010. Mede a proporção de pessoas com renda domiciliar per capita inferior a R$ 140,00 (valores de
agosto de 2010).
94
Fonte: IBGE, em parceria com os órgãos estaduais de estatística, Secretarias Estaduais de governo e Superintendência da
Zona Franca de Manaus (Suframa), 2013. Em milhares de reais.
Fonte: IBGE, em parceria com os órgãos estaduais de estatística, Secretarias Estaduais de governo e Superintendência da
109
95
O “Curitiba 2035” tem foco na mobilização cidade. De caráter apartidário, visa também
e engajamento da sociedade civil para orientar a atuação de agentes públicos
a construção de diretrizes em longo e privados que investem no município,
prazo, que deverão nortear as políticas de buscando o crescimento sustentável
desenvolvimento urbano da cidade nos e respostas efetivas às demandas da
próximos anos. O projeto busca promover população e às tendências sociais e
o protagonismo da sociedade civil na econômicas.
construção do futuro que deseja para a
O princípio para a implantação do plano “Curitiba 2035” tem uma metodologia de trabalho
baseada em estudos preparatórios para elaboração do diagnóstico da cidade, mobilização de atores-
chave para a construção coletiva do plano e utilização de métodos interativos e participativos de
sistematização e composição de conteúdo.
Itirapina e Consórcio
O município de Itirapina, localizado no interior de São Paulo, se integrou ao programa Juntos
pelo Desenvolvimento Sustentável em setembro de 2014, por meio de um modelo inovador
de parceria que possibilitou a criação de um consórcio com mais quatro municípios vizinhos:
São Carlos, Limeira, Brotas e Corumbataí.
111
Destaques de atuação
97
Fonte: Estimativa IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
98
Fonte: Censo IBGE, 2010. Mede a proporção de pessoas com renda domiciliar per capita inferior a R$ 140,00 (valores de
agosto de 2010).
99
Fonte: IBGE, em parceria com os órgãos estaduais de estatística, secretarias estaduais de governo e Superintendência da
Zona Franca de Manaus (Suframa,, 2013). Em milhares de reais.
100
Fonte: IBGE, em parceria com os órgãos estaduais de estatística, secretarias estaduais de governo e Superintendência da
112 Zona Franca de Manaus (Suframa, 2013).
Essa parceria teve início com a frente de desafios importantes para oferecer serviços
Equilíbrio Fiscal em Itirapina, cidade polo públicos de qualidade. Por outro lado, elas
do consórcio, que irradiaria a metodologia oferecem a possibilidade de implementar
de equilíbrio fiscal e uma nova cultura transformações de impacto na gestão
de eficiência na gestão pública para os pública com baixos investimentos,
municípios do entorno. Entre as cidades valendo-se da redefinição de processos e
que integram o consórcio, apenas Limeira fluxos internos, organização de espaços
e São Carlos podem ser consideradas e otimização de recursos humanos e
municípios de grande porte (acima de materiais em escala reduzida.
100 mil habitantes). As demais têm menos
Neste sentido, a opção do Juntos pela
de 50 mil habitantes e representam a
formulação de um consórcio regional e
realidade de 32% da população brasileira
o compromisso com a replicabilidade
em 2015 (ou 65 milhões de pessoas),
de ferramentas e metodologias entre
concentrada em municípios de pequeno
os municípios participantes, além de
porte. Itirapina, cidade polo da atuação do
apresentar potencial para influenciar a
Programa Juntos, com 17 mil habitantes,
forma como se administra cidades de
representa a realidade de quase 70% dos
pequeno porte no Brasil, se alinha a um
municípios do País, que possuíam até 20
dos propósitos fundamentais do programa,
mil habitantes em 2015.
que é replicar boas práticas na gestão
Com baixa arrecadação e dificuldade de pública por meio da atuação regionalizada
consolidar processos maduros de gestão, e em rede.
as cidades de pequeno porte enfrentam
Histórico de atuação em Itirapina e consórcio
113
Destaques de atuação
114
Sustentabilidade e Retenção do
Conhecimento
Uma organização, seja ela pública ou que os aperfeiçoamentos propostos para
privada, é composta por diversas pessoas a gestão municipal sejam internalizados
com diferentes experiências, crenças pelos envolvidos e que as práticas
e formações distintas que precisam prossigam sem a presença da Comunitas
conviver e se relacionar entre si. Fora isto, em um cenário futuro.
é necessário o envolvimento e empenho
Nesse ínterim, os desafios da
de todos em prol de uma causa comum,
sustentabilidade das práticas e do
que no caso da gestão pública municipal
conhecimento adquirido serão o foco dos
é atender às demandas da população
próximos tópicos da publicação.
com qualidade e competência. Um dos
principais desafios do Programa Juntos é
101
Álvaro Barros Modesto é cientista social graduado pela Universidade de São Paulo, pós-graduado em
Administração de Empresas e também MBA em Gestão de Bens Culturais pela Fundação Getúlio Vargas. Atualmente
é coordenador de sistematização da Comunitas. Texto adaptado do Trabalho de Conclusão de Curso “A Gestão
da Cultura pelas Empresas em um Mundo Dinâmico” de Álvaro Barros Modesto. Turma 7, MBA em Gestão de Bens
Culturais: Cultura, Economia e Gestão, da FGV-SP. São Paulo, 2015.
102
BARBOSA, Lívia. Igualdade e Meritocracia. A Ética do Desempenho nas Sociedades Modernas. 3. ed. Rio de Janeiro:
Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1999.
103
SAHLINS, Marshall.Cultura e Razão Prática. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editores, 2003. 115
Sustentabilidade
Idem.
103
105
Texto adaptado do Trabalho de Conclusão de Curso “A Gestão da Cultura pelas Empresas em um Mundo
Dinâmico” de Álvaro Barros Modesto. Turma 7, MBA em Gestão de Bens Culturais: Cultura, Economia e Gestão,
da Fundação Getúlio Vargas. São Paulo, 2015.
106
ABRAMOVAY, Ricardo. Muito além da Economia Verde. São Paulo: Ed. Abril, 2012. 117
Sustentabilidade
107
LIPOVETSKY, Gilles & SERROY, Jean. A cultura-mundo: resposta a uma sociedade desorientada. São Paulo:
Companhia das Letras, 2011.
118 108
DIAS, Reinaldo. Cultura Organizacional. Campinas: Ed. Alínea, 2012.
que a afeta e busca mais condições para de participação gera engajamento.
possuir maior qualidade de vida. Outro ponto relevante é que a
comunicação seja realizada de forma
O desenvolvimento sustentável nas
constante e transparente com todos
organizações apresenta três dimensões:
os públicos envolvidos. O objetivo-fim
a econômica, a social e a ambiental.
deve ser a prestação de contas com a
Segundo Dias (2012)109, a dimensão
sociedade, mantendo sempre o diálogo.
econômica prevê que as organizações
Conforme considera Dias (2012:146)110,
necessitam ser economicamente viáveis.
“a sustentabilidade se manifesta nas
No âmbito social, a organização tem como
empresas com a mudança de valores,
papel proporcionar as melhores condições
princípios, posturas, atitudes, hábitos e
de trabalho aos seus colaboradores e
comportamentos, ainda uma completa
a diversidade (cultural, étnica, gênero,
mudança cultural”.
etc.) existente na sociedade, bem como
participar ativamente da comunidade que As estratégias e o planejamento em longo
a envolve. Já na dimensão ambiental, deve- prazo devem ser mais abrangentes e
se buscar eficiência e menor impacto na compatíveis com o uso sustentável dos
natureza, além de disseminar uma cultura recursos naturais. O desenvolvimento
de conscientização nos stakeholders. social não é um problema apenas do
governo, mas de toda a sociedade. A
Estas três dimensões são chamadas de
incorporação não deve ser superficial,
triple bottom line. Esta expressão surgiu na
mas integral. Caso contrário, como
década de 1990, mas ganhou notoriedade
afirma Abramovay (2012:15)111, “a ideia
em 1997, com a publicação da obra
de condução corriqueira dos negócios
de John Elkington chamada “Cannibals
representa o caminho mais curto para o
with forks: the triple bottom line of 21st
rochedo”. Entretanto, existem algumas
Century business”. Esta obra, de acordo
organizações que apenas publicam
com Dias (ibid.), reflete um conjunto de
informações inconclusas e com pouco
valores, objetivos e processos no qual uma
impacto.
organização deve focar para criar valor nas
três dimensões mencionadas acima. As pessoas, cada vez mais informadas
e com o acesso à Internet e,
Para que ocorra a transformação e
consequentemente, às redes sociais,
internalização da sustentabilidade
monitoram ativamente as ações dos
na organização, seja ela pública ou
governos e das instituições privadas
privada, é necessário que a cultura
em redes sociais e sites institucionais. A
de desenvolvimento sustentável
reputação e a prestação de contas passam
seja disseminada. Um dos preceitos
a ser fatores importantes dentro do
fundamentais é o envolvimento das
contexto, pois uma falha pode decretar o
lideranças, assim como a participação
fim de uma gestão.
de todas as equipes, pois o sentimento
109
Idem.
110
Ibidem.
111
ABRAMOVAY, Ricardo. Muito além da Economia Verde. São Paulo: Ed. Abril, 2012. 119
Sustentabilidade
LIPOVETSKY, Gilles & SERROY, Jean. A cultura-mundo: resposta a uma sociedade desorientada. São Paulo:
112
121
Sustentabilidade
125
Replicabilidade
Figura. Pilares de
sistematização das
frentes
Pessoas. São as responsáveis por decidir e executar a frente, como servidores, secretários,
prefeitos e, também, a equipe da Comunitas. É a partir deste pilar que a sustentabilidade
da frente é consolidada. São essas pessoas envolvidas que recebem o conhecimento
metodológico e aprendem a utilizar a tecnologia;
126
Metodologia. É o método desenvolvido com a tecnologia para aprimorar a gestão. A
metodologia é ensinada e transferida para os servidores e secretários municipais durante
a execução da frente. A sustentabilidade só é bem-sucedida se os processos forem bem
assimilados. Os detentores da metodologia são os consultores do parceiro técnico que
atuam no município ou as prefeitura que disseminam a técnica entre elas.
Cartilhas de Replicabilidade
Escritório de Gerenciamento de
Projetos: A Cartilha de Replicabilidade –
Escritório de Gerenciamento de Projetos
traz a metodologia e os resultados da
frente do programa que auxilia na gestão
de todos os projetos da administração
pública. O escritório organiza
procedimentos, analisa a carteira de
programas para evitar sobreposição, define
objetivos estratégicos e prioridades, além
de acompanhar as ações para identificar
oportunidades e garantir a eficiência nos
processos.
128
Diagnóstico da Folha de Pagamento:
A Cartilha de Replicabilidade
Diagnóstico da Folha de Pagamento
é um desdobramento da Cartilha de
Equilíbrio Fiscal, lançada pela Comunitas
em 2015. Ela trata dos processos internos
da gestão pública para se atingir uma
maior eficiência no emprego dos
recursos e se evitar quaisquer prejuízos à
população.
Aprimoramento de Compras
Governamentais: A Cartilha de
Replicabilidade de Aprimoramento de
Compras Governamentais tem como
objetivo auxiliar as prefeituras a tornar
as despesas públicas mais eficientes.
A frente de trabalho foi desenvolvida
em Paraty (RJ), em 2014, como um
desdobramento da frente de Equilíbrio
Fiscal, que identificou uma oportunidade
de ganho de até R$ 3,3 milhões em
despesas correntes, a partir do processo
de compras, redução de preços e
revisões de contratos e convênios.
129
Replicabilidade
Novas Cidades
Diversas cidades buscaram a Comunitas para formar parceria com o Programa Juntos e
replicar o programa. Inicialmente, em 2017, o Juntos já expandiu sua metodologia para São
Paulo, Porto Alegre e Salvador. Esta cartilha, a plataforma digital e todo o conhecimento
produzido pela equipe de gestão do conhecimento da Comunitas têm como objetivo
ampliar esta rede, por meio da replicabilidade, para muitas outras cidades brasileiras de
forma sustentável e eficaz.
132
GLOSSÁRIO
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Glossário
Administração Direta: corresponde à atuação direta pelo próprio Estado por suas
entidades estatais. É o conjunto de órgãos criados na estrutura de cada uma das
pessoas políticas para o exercício das funções administrativas e outras atípicas. Assim,
corresponde aos órgãos que integram a estrutura da União, dos Estados-Membros, do
Distrito Federal e dos Municípios (atuação direta ou desconcentrada do Poder Público).
Escopo: é o trabalho que precisa ser realizado para entregar um produto, serviço ou
resultado com as características e funções especificadas previamente. Contempla os
objetivos do projeto, os resultados esperados e a descrição sumária do trabalho a ser
realizado.
Lei Orçamentária Anual (LOA): é uma lei que prevê as receitas e fixa as despesas
públicas para o período de um exercício financeiro. Nela, o governo define as
prioridades contidas no PPA e as metas que deverão ser atingidas naquele ano.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Referências Bibliográficas
______. Gerenciamento pelas diretrizes. 5ª ed. Nova Lima: Editora Falconi, 2013.
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