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o Legalidade
A Administração Pública só pode fazer o que a lei permite.
o Impessoalidade
Pode ter mais que um sentido.
1. O princípio está relacionado com a Finalidade Pública
enquanto um norteador da atividade administrativa. A
Administração NÃO PODE agir com vistas a
prejudicar ou beneficiar pessoas determinadas ( artigo
100 da constituição, quando trata dos precatórios
judiciais)
2. Não promoção de pessoas determinadas, ou de obras ...
previsto no artigo 37, §1 da CR.
o Especialidade
Decorrência do princípio da legalidade e supremacia do interesse
público. Por força deste princípio, impõe-se a necessidade do
administrador do estrito cumprimento da finalidade estabelecida ao
órgão administrado.
o Controle ou Tutela
A administração Pública Direta fiscaliza a atividade dos referidos entes,
com o objetivo de garantir a observância de suas finalidades
institucionais.
Tenciona a independência da entidade e o controle para que a pessoa
jurídica política que institui aquela entidade da Administração indireta
se assegure de que ela está agindo de conformidade com os fins que
justificaram a sua criação.
Regra é autonomia, exceção é o controle, este não se presume; Só pode
ser exercido nos limites definidos em lei;
o Autotutela
O controle é exercido sobre ela mesma, sobre os próprios atos, com a
possibilidade de anular os ilegais e revogar os inconvenientes ou
inoportunos independentemente de recurso ao Poder Judiciário.
Súmulas que asseguram essa prerrogativa
Nº 346 A administração pública pode declarar a nulidade
dos seus próprios atos
Nº 473 A Administração Pública pode anular seus próprios
atos, quando eivado de vícios que os tornem ilegais, porque
deles não se originam direitos; ou revoga-los por motivo de
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos
adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação
judicial;
o Hierarquia
A Administração é organizada de tal forma que há uma coordenação e
subordinação entre uns entes e outros, cada qual com atribuições
definidas na lei.
o Continuidade do Serviço Público
O Serviço Público enquanto a forma pela qual o Estado desempenha
funções essenciais ou necessária à coletividade, não pode parar.
Deste princípio decorre
1. Proibição de greve nos serviços públicos. STF
decidiu pela aplicação da Lei nº 7.783/89
2. Impossibilidade de invocar a exceptio non adimpleti
contractus nos contratos que tenham por objeto a
execução de serviço público.
o Publicidade
Exige ampla divulgação dos atos praticados pela Administração
Pública, ressalvadas as hipóteses legais.
O inciso LX determina que a lei só poderá restringir a publicidade dos
atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o
exigirem;
O inciso XIV assegura a todos o acesso à informação e resguardado o
sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional.
O inciso XXXIII estabelece que todos têm direito a receber dos órgãos
públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse
coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à
segurança da sociedade e do Estado; essa norma deve ser combinada
com a do inciso LX, que garante o sigilo dos atos processuais quando
necessário à defesa da intimidade e proteção do interesse social. Tais
dispositivos estão disciplinados pela Lei nº 12.527, de 18-11-11.
O Inciso XXXIV assegura a todos, independentemente do pagamento
de taxas:
O direito de petição aos poderes públicos em defesa de direitos
ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
Obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de
direitos e esclarecimentos de situações pessoais.
o Razoabilidade e Proporcionalidade um juízo de adequação entre meios e fins
Presente na Constituição do Estado de São Paulo, no artigo 111
tentativa de impor-se limitações à discricionariedade administrativa,
ampliando-se o âmbito de apreciação do ato administrativo pelo poder
judiciário
Deve o administrador fastar seu próprio standard e utilizar um critério
de razoabilidade geral
o Motivação
A administração deve indicar os fundamentos de fato e de direito de
suas decisões. ( consagrado pela doutrina e pela jurisprudência)
Trata-se de formalidade necessária para permitir o controle de
legalidade dos atos administrativos.
Na Lei m. 9784/99, o princípio da motivação é previsto no artigo 2º,
caput, havendo no inciso VII, “ Indicação dos pressupostos de fato e de
direito que determinam a decisão”.
No Artigo 50 estabelece a obrigatoriedade de motivação, com indicação
dos fatos e fundamentos jurídicos quando:
1. Neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
2. Imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
3. Decidam processos administrativos de concurso ou
seleção pública;
4. dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo
licitatório;
5. decidam recursos administrativos;
6. decorram de exame de ofício;
7. deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a
questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e
relatórios oficiais;
8. importem anulação, revogação, suspensão ou
convalidação de ato administrativo
A motivação, em regra, não exige formas específicas, podendo ser ou
não concomitante com o ato, além de ser feita, muitas vezes, por órgão
diverso daquele que proferiu a decisão. Frequentemente, a motivação
consta de pareceres, informações, laudos, relatórios, feitos por outros
órgãos, sendo apenas indicados como fundamento da decisão. Nesse
caso, eles constituem a motivação do ato, dele sendo parte integrante;
o Eficiência
Exige-se resultados positivos para o serviço público e satisfatório
atendimento das necessidades da comunidade e de seus membros.
pode ser considerado em relação ao modo de atuação do agente
público, do qual se espera o melhor desempenho possível de suas
atribuições, para lograr os melhores resultados; e em relação ao modo
de organizar estruturar, disciplinar a Administração Pública,
também com o mesmo objetivo de alcançar os melhores resultados na
prestação do serviço público
o Segurança Jurídica
Vedação da aplicação retroativa de nova interpretação de lei no âmbito
da Administração Pública
Lei 9784/99, art.2º, inciso XIII “ Interpretação da norma
administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do
fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova
interpretação
× Poderes da Administração
o Não se trata de uma faculdade, mas sim de um Poder-dever, posto que são
irrenunciáveis.
o Ato vinculado Está sujeito À lei em quase todos os aspectos. O legislador
estabelece todos os requisitos do ato, de tal forma que, estando eles presentes,
não cabe à autoridade administrativa senão editá-lo, sem apreciação de aspectos
concernentes à oportunidade, interesse público, equidade.
o Ato discricionário Tem a ideia de prerrogativa, posto que deixa alguns
aspectos para serem apreciados pela Administração diante do caso concreto
o Normativo
Poder regulamentar Atos pelos quais a Administração Publica
exerce seu poder normativo têm em comum com a lei o fato de
emanarem normas ( atos gerais e abstratos)
Atos Normativos Derivados Têm por objetivo a
explicitação ou especificação de um conteúdo normativo
preexistente, visando sua execução no plano concreto
regulamento não ultrapassa o horizonte de legalidade da
lei.
¥ Descentralização e desconcentração
o Descentralização é a distribuição de competências de uma para outra pessoa,
física ou jurídica.
o Desconcentração é a distribuição de competências dentro da mesma pessoa
jurídica;
A administração pública tem o chefe do poder executivo como seu
ápice e tem a outorga de competências coordenada de forma
hierárquica,
¥ Descentralização política e administrativa
o Descentralização Política (autonomia)
Ocorre quando o ente descentralizado exerce atribuições próprias que
não decorrem do entre central;
As atividades jurídicas que exercem não constituem delegação ou
concessão do governo central, pois delas são titulares de maneira
originária.
Indica autonomia enquanto faculdade de legislar sobre os próprios
assuntos e interesses dentro de um rol de atribuições originário.
o Descentralização Administrativa (administração)
Ocorre quando as atribuições que os entes descentralizados exercem só
tem o valor jurídico que lhes empresta o ente central;
Suas forças não decorrem da constituição, mas do poder central;
Autoadministração enseja a ideia de capacidade de gerir os próprios
negócios, mas com subordinação a leis prostas pelo ente central
¥ Traços comuns entre o regime jurídico das pessoas públicas e o das pessoas de direito
privado instituídas pelo Estado
o Todas têm personalidade jurídica própria, o que implica direitos e obrigações
definidos em lei, patrimônio próprio, capacidade de autoadministração, receita
própria;
o A sua criação é sempre feita por lei, exigência que consta agora do artigo 37, XlX,
da Constituição;
o A sua finalidade essencial não é o lucro e sim a consecução do interesse público;
o falta-lhes liberdade na fixação ou modificação de seus próprios fins; é a própria lei
singular que, ao criar a entidade, define o seu objeto, o qual só pode ser alterado por
oura lei da mesma natureza;
o Elas não têm a possibilidade de se extinguirem pela própria vontade; sendo criadas
por lei, só outra lei poderá extingui-as, em consonância com o princípio do
paralelismo das formas; por isso mesmo, não se aplicam a essas entidades as formas
normais de extinção previstas no direito civil e comercial;
o A todas elas se aplica o controle positivo do Estado, o qual tem por finalidade
verificar se a entidade está cumprindo os fins para os quais foi criada.
¥ A diferença principal está nas PRERROGATIVAS e RESTRIÇÕES próprias do regime
jurídico administrativo
o Autoexecutoriedade, autotutela, possibilidade de alteração e rescisão unilateral dos
contratos, impenhorabilidade de seus bens, juízo privativo, imunidade tributária,
sujeição à LEGALIDADE, à moralidade, à licitação, à realização de concursos
públicos.
¥ As pessoas públicas (autarquias e fundações de direito público) têm as mesmas
prerrogativas e sofrem as mesmas restrições que os órgãos da Administração Direta
¥ As pessoas de direito privado só possuem as prerrogativas e sujeitam-se às restrições
expressamente previstas em lei.
o Essas pessoas privadas nunca se sujeitam completamente ao regime de direito
privado, posto que devem ter em perspectiva a satisfação do interesse público. Por
esse motivo, as normas de direito público derrogam parcialmente o direito privado
posto que têm por objetivo assegurar o equilíbrio entre a posição de supremacia da
Administração e a liberdade de atuação que caracteriza as pessoas jurídicas de
direito privado.
o A Administração confere às suas pessoas jurídicas privadas os meios de atuação
do direito privado considerados mais adequados para a execução de determinadas
atividades; mas, simultaneamente, as submete, em parte, ao regime administrativo,
na medida considerada essencial para a consecução daqueles mesmos fins.
¥ Em todas as PESSOAS DE DIREITO PRIVADO criadas pelo Estado existe um traço
comum: DERROGAÇÃO PARCIAL DO DIREITO PRIVADO POR NORMAS DE
DIREITO PÚBLICO
Autarquia
o Pessoa Jurídica de direito Público;
o Possui mesmas prerrogativas e sujeições da Administração Direta; o seu regime
jurídico pouco difere do estabelecido para esta, aparecendo, perante terceiros,
como a própria Administração Pública;
o Não possui autonomia política, diferentemente da Administração Direta;
o Apenas tem poder de autoadministração.
Fundação
o instituída pelo Poder Público;
o caracteriza-se por ser um patrimônio, total ou parcialmente público, a que a lei
atribui personalidade jurídica de direito público ou privado, para consecução de
fins públicos;
o quando tem personalidade pública, o seu regime jurídico é idêntico ao das
autarquias, sendo, por isso mesmo, chamada de autarquia fundacional, em
oposição à autarquia corporativa;
o outros preferem falar em fundações públicas ou de direito público;
o as fundações de direito privado regem-se pelo Direito Civil em tudo o que não
for derrogado pelo direito público
Consórcio Público
o é pessoa jurídica de direito público ou privado criada por dois ou mais entes
federativos (União, Estados, Distrito Federal ou Municípios) para a gestão
associada de serviços públicos prevista no artigo 247 da Constituição;
o se tiver personalidade de direito público, é denominado de associação
pública, inserindo-se na categoria de autarquia;
o se tiver personalidade de direito privado, rege-se pela legislação civil, em
tudo o que não for derrogado pelo direito público, em especial pela Lei no 11.
I07 , de 6-4-O5;
Sociedade de Economia Mista
o é pessoa jurídica de direito privado, em que há conjugação de capital público e
privado, participação do Poder Público na gestão e organização sob forma de
sociedade anônima, com as derrogações estabelecidas pelo direito público e
pela própria lei das S.A. (Lei n" 6.404, de 15-12-26);
o executa atividades econômicas, algumas delas próprias da iniciativa privada
(com sujeição ao art. 173 da Constituição) e outras assumidas pelo Estado como
serviços públicos (com sujeição ao art. 175 Constituição);
Empresa Pública
o
é pessoa jurídica de direito privado com capital inteiramente público (com
possibilidade de participação das entidades da Administração Indireta) e
organização sob qualquer das formas admitidas em direito;
Empresa Sob controle Acionário do Estado
o É pessoa Jurídica de direito privado, que presta atividade econômica (pública
ou privada), mas que falta um dos requisitos essenciais para que seja
considerada empresa pública ou sociedade de economia mista;
o em geral, presta serviços públicos comerciais e industriais do Estado, atuando,
em muitos casos, como empresa concessionária de serviços públicos, sujeita a
CR (artigo l75 da Constituição.)
Fundações
Indireta Autarquias
Empresas Estatais
Consórcio Público
Região
metropolitana
MEDAUAR, Odete. Direito administrativo moderno. 19ª ed. São Paulo: Ed.
Revista dos Tribunais, 2015, pp. 318-345 (excerto do capítulo 13,
“Servidores públicos”, itens 13.1 ao 13.7.9, parte inicial).
¥ Servidores Públicos
o Legislação
As bases normativas sobre servidores públicos encontram-se na
Constituição da República. A matéria relativa a servidores foi alterada
pelas emendas 19, de 04/06/1998, 20, de 15/12/1998, 41, de
19.12.2003, publicada em 3I.12.2003, e 47, de 05.07.2005;
Por força do caput do art. 37, as normas dos seus incisos e parágrafos
aplicam-se à Administração Direta e Indireta
As normas constitucionais sobre servidores e outras vêm englobadas
nos chamados Estatutos, ou seja, leis que reúnem os preceitos
fundamentais na matéria para cada âmbito administrativo, aplicáveis a
boa parte dos servidores.
o Terminologia
“O serviço público é um termo polissêmico, que abrange pelo menos três significados
essenciais, entre os quais os deslocamentos recíprocos (glissements) são constantes. O serviço
público é, ao mesmo tempo, uma entidade social (engloba diversas atividades e estruturas
sujeitas às autoridades públicas); Uma noção jurídica (acarreta a aplicação de regras de
direito específicas e derrogatórias do direito comum); um operador ideológico (em tese
comanda a gestão pública e a finalidade à qual são atados os agentes públicos, constituindo o
princípio do qual depende a legitimidade de suas ações.) O vocábulo serviço público evoca,
portanto, três tipos de significado (institucional, jurídico, e ideológico) que se influenciam e se
alimentam mutuamente de forma permanente (Jacques Chevallier)
§ Noção de Serviço Público
¶ O serviço público à francesa ( parece piada, mas não é) o serviço público
foi elevado à altura de um verdadeiro mito: ele figura entre as imagens
fundadoras sobre as quais se apoia a identidade coletiva ; mexer com o serviço
público é considerado um sacrilégio, que pode ferir os fundamentos do Estado e
ferir a unidade nacional (Chevallier)
As raízes ideológicas do serviço público francês podem ser
identificadas na Revolução Francesa, que “ por ter confundido a
rejeição de privilégios com destruição dos corpos intermédios da
sociedade ( igrejas, associações.. ), o individualismo revolucionário
teria erigido o Estado no ‘único aparelho jurídico da coesão social’, o in
incitando, dessa forma, a remodelar os espíritos para melhor lutar
contra os particularismos. Assim, a obsessão homogeneizadora que
cobre o vazio do fim das estruturas corporativas inscreve o debate em
uma nova perspectiva, substituindo a ‘incerteza da providência
religiosa’ pela ‘certeza da providência estatal’
¶ Léon Deguit, pai da escola do serviço público (Estado de Direto
Prestacional): A Interdependência Social ( uma posição mais sociológica do
instituto)
Escola de Bordeaux. Coube a essa tradição de pensamento descrever a
transição de um Estado monoclasse para um Estado pluriclasse, com
todas as consequências por isso geradas no Direito e no Estado sobre as
suas ações legitimadoras.
Deguit foi precursor na formulação jurídica da função social da
propriedade e dos contratos ( para ele, a função estava para os direitos
sociais subjetivos dos particulares como o serviço público estava para a
soberania do Estado.
Observa-se que seu pensamento revela um aspecto antes não visto na
doutrina: a interdependência de todos os membros da sociedade e a
necessidade de o Estado assegurar a prestação de determinadas
atividades para manter esse liame social;
Deguit sustentava que “o Estado, como órgão da vontade soberana dos
governados, deve ser subordinado a uma ordem objetiva que não foi
criada por ele próprio” e que repousa sobre a ideia de “solidariedade
social” O Estado só poderia ser considerado como realmente
limitado pelo Direito, se esse for considerado como uma realidade
distinta à do Estado. O Direito na concepção do autor seria apenas uma
cristalização de uma norma jurídica já existente, ainda que de maneira
latente, no grupo social.
O é estado de consciência da massa dos indivíduos que compõem em
um determinado grupo social a força criadora do Direito, que eclode
quando o grupo social entende e admite que possa ser socialmente
organizada um reação contra os violadores da regra, momento em que a
simples norma social, fundada sobre a solidariedade e interdependência
dos indivíduos que compõem a sociedade, transforma-se em norma
jurídica, que é originariamente um fato social, não uma criação do
Estado ou expressão da soberania.
Diante da nova percepção (início do século XX) de que a Soberania não
era o traço mais relevante para identificação do Estado-Nação, mas que
a ação do Estado deveria ir além da proteção interna e externa, e suprir
as necessidades dos seus habitantes, Deguit então define o serviço
público como : “ A atividade cujo cumprimento deve ser regulado,
assegurado e fiscalizado pelos governantes, por ser indispensável à
realização e ao desenvolvimento da interdependência social, e de tal
natureza que só possa ser assegurado plenamente pela intervenção da
força governante (...) Dizer que um serviço é um serviço público quer
dizer que esse serviço é organizado pelos governantes, funcionando
sob a sua intervenção e devendo ter por eles assegurado o seu
funcionamento sem interrupção”
Há dois elementos na definição do Deguit
O serviço deve influir sobre a interdependência social
O mercado deve se revelar deficiente na sua capacidade de
gerir essa interdependência social em prol do interesse público
A questão estava em definir o interesse público (Communis opinio)
O autor não apresentou respostas satisfatórias
Outra característica marcante da teoria de Deguit é a amplitude do que
é considerado serviço público, por ele entendido como toda
atividade estatal (legislativa, jurisdicional, administrativa). Nessa
toada, viria a definir o Estado como um conjunto de serviços públicos.
Outro ponto de sua teoria diz respeito à atribuição da noção de serviço
público para toda a atividade de relevância social que deveria ser
assegurada pelo Estado para que ele atingisse os seus fins, não
importando se era exercida em regime de Direito Público ou
Privado. (Por esse motivo foi criticado por Gaston Jéze, que criticou a
indiferença apresentada por ele, assim, sustentou que só poderia ser
considerado serviço público a atividade prestada sob o regime jurídico
de Direto Público) com o tempo até essa critica perdeu o vigor.
Tentou dar certa objetividade aos seus critérios de definição
de serviço público:
“Se fosse necessário um critério formal para
identificar as atividades que devem servir à
organização de um serviço público, diríamos que se
encontra na desordem social produzida pela
suspensão dessa atividade ainda que por um bastante
curto lapso de tempo” o exemplo que ele dá sugere
que uma serviço que não pode ser descontinuado, pois
do contrário produziria desordem, passa por um
processo de engessamento normativo ( imposição de
regras de trabalho, salário, funcionamento,
contratação..) que indica a antessala da Estatização,
ou como ele diz :’ um primeiro passo para organização
como serviço público’
Cabe apontar que esse autor afirmava que a caracterização com serviço
público não implica em monopólio em favor do Estado, e que certas
atividades, mesmo podendo ser livremente exercidas por particulares,
são objeto de serviços públicos quando são prestadas pelo Estado.
Em resumo, o que sobrou não modificado do pensamento de Deguit
não foram os elementos subjetivos (titularidade estatal) ou formais
(regime Jurídico de Direito Público), mas o elemento material
(atendimento do interesse público).
¶ Gaston Jèze: O regime jurídico de Direito Público ( escola do serviço
público)
Buscou dar ao instituto jurídicos determinados, atribuindo uma noção
mais stricto sensu jurídica do que sociológica, identificando serviço
público enquanto as atividades prestadas pelo Estado sob regime
jurídico de Direito Público.
Constata que não é a necessidade de determinado bem ou serviço que
faz com que o seu fornecimento seja um serviço público. Isto é, afirma
que a Administração Pública deve satisfazer o interesse geral, mas não
se pode dizer que lhe compete a cura de todos os interesses gerais;
Quando, para atender os interesses públicos, o Estado se vale
de mecanismos de Direito Público, então ele afirma “nessa
hipótese há serviço público, ou seja, para satisfazer regular e
continuamente determinada categoria de necessidade de
interesse público, há um regime jurídico especial, que sempre
podem ser modificados pelas leis e pelos regulamentos”
Quando se está diante de um serviço público propriamente dito,
constata-se a existência de regras jurídicas especiais, que tem por
objeto facilitar o funcionamento regular e contínuo do serviço
público, de dar mais rápida e completa possível satisfação às
necessidades de interesse público; e essas regras, justamente por essas
razões, são modificáveis a qualquer instante (...)
Portanto, o Serviço Público é um mecanismo para satisfação do
interesse público. Há um regime jurídico especial, que é legal e
regulamentar.
Para identificar se um serviço é ou não um serviço público, afirma que:
“para saber se uma delas é de Direito Público, o intérprete não
tem que se perguntar se a sua finalidade é, em si, de interesse
público, apreciação subjetiva que seria das mais incertas;
deve-se apenas perguntar se o Estado a considerou como tal, o
que equivale a dizer que é na organização e no conjunto das
regras que o Estado lhe dá que o critério deve ser” ( “deve-se
buscar o critério na intenção dos governantes”).
A principal crítica feita ao autor está 1. na sua incapacidade de
extirpar o subjetivismo posto por Deguit; 2. Por não observar que
nenhuma atividade feita pelo Estado se rege exclusivamente por regras
de direito privado ou público, uma vez que qualquer atividade
desenvolvida pelo Estado está sujeita a constrições publicitas (licitação,
concurso) e, por outro lado, até mesmo as atividades mais dotadas de
jus imperii mutas vezes satisfazem as necessidades de meio através de
contratos comuns do Direito Privado;
¶ Maurice Hauriou: poder de império e serviço público
Em oposição à Escola do Serviço público, este centra o Direito
Administrativo sobre o poder de império exercido pelo Estado
sobre os particulares. Desta forma, ainda quando presta serviços à
coletividade, o Estado estaria empregando para tanto o seu jus imperii.
Ao criticar Jéze no que tange ao possibilidade de modificações
unilaterais pela Administração Pública, Hauriou diz que essa
característica pressupõe o poder de império:
“O regime de Direito Público parte da ideia de superioridade do
interesse público sobre o privado, e a modificação unilateral
das condições de prestação dos serviços se dá através de atos
de autoridade por prescindirem de qualquer consenso dos
particulares”
Ao criticar Deguit, diz que seu conceito de serviço público pressupõe
que essas atividades sejam atividades que só possam ser asseguradas
pela “força governante”, ou seja, pela intervenção do poder.
“O poder de império deve ser mantido na posição primordial do
Direito Administrativo, mas deve se reconhecer que o serviço público,
apesar de estar em um segundo plano, também tem um importante
papel, que é a ideia que ele acarreta uma autolimitação objetiva do
poder de império (...) é o próprio poder de império que se organizou
em razão do serviço, tomando precauções redobradas para se
disciplinar, através da hierarquia, da tutela administrativa, de todo um
conjunto de reclamações administrativas à disposição dos
administrados e do acesso à justiça administrativa, que é parte da
própria Administração Pública (...) A autolimitação do poder possui
um meio de se objetivar que lhe é próprio, que é a organização,
gradualmente transformada em instituição. A organização
administrativa é a organização do poder administrativo tanto quanto
dos serviços. De toda sorte, a alta Administração, o conjunto das
autoridades e das jurisdições administrativas, é uma organização do
poder. É no interior dessa organização que o Poder Executivo se
instituiu e que o poder de império progressivamente se submeteu à
ideia de servir, ao invés de dominar. E a virtude de uma organização
institucionalizada é que ela automaticamente registra toda vontade de
promover o serviço e que, por um detalhe da organização, cria um
obstáculo jurídico às mudanças de vontade do poder que não forem de
acordo com o interesse do serviço"
O poder de império é a pedra angular do Direito Administrativo; e o
Serviço público é um mecanismo organizativo e institucional de
autolimitação do poder:
“Se o regime jurídico administrativo repousa essencialmente
no poder, deve ser reconhecido que esse poder é instituído, ou
seja, é enquadrado em uma organização submetida a uma
ideia. Essa ideia é a do serviço a ser prestado ao público, ou
seja, a ideia do serviço público (...) O essencial é que seja a
ideia de servir, de prestar serviço, ao invés daquela de
pressionar e de oprimir
Segundo suas formulações, a grande razão de ser dos serviços
públicos seria a igualdade e a regularidade, já que a iniciativa pode
perfeitamente desenvolver atividades realizadas pelo serviço público
(como transporte ferroviário, distribuição de energia), contudo ela o
faria apenas para quem e onde desse lucro e enquanto desse lucro, ou
seja, desigualmente e irregularmente. O serviço público tem um
caráter instrumental à manutenção da ordem pública.
Pode-se observar que Hauriou tentou estabelecer uma separação entre o
espaço público e o privado, para que este fosse preservado da
ingerência estatal; Serviço público (esfera pública) e Atividade
econômica (esfera privada)
§ Balanço das principais posições doutrinárias francesas sobre os serviços públicos
¶ Observa-se que Hauriou apresentou uma solução combativa ao Estado
Interventor, uma vez que conformou a Administração enquanto uma garantidora
da paz social por meio da satisfação da população por meio da manutenção
exclusiva do extremamente necessário, e não como uma promotora da
satisfação das necessidades coletivas.
§ A construção da Jurisprudência Francesa
¶ Acordão Arrêt Blanco
Considerou que o conselho de Estado não era competente para julgar
todas as causas envolvendo a administração pública, mas apenas aquela
que envolvessem a aplicação do Direito Administrativo. Mas para
caracterizar o que deveria ser considerado causas envolvendo o Direito
Administrativo, o acórdão preferiu considerar as que tocavam à
prestação de Serviços Públicos, e não primordialmente as que
envolviam o exercício da puissance publique (poder público).
A partir deste caso, passou-se não mais considerar suficiente apenas a
existência de um serviço da Administração Pública para acarretar a
competência da jurisdição administrativa, devendo a prestação do
serviço ser acompanhada do exercício de poderes público típicos.
Igualmente, foram excluídos da jurisdição administrativa os conflitos
envolvendo os serviços públicos industriais e comerciais, os chamados
SERVIÇOS PÚBLICOS ECONÔMICOS.
O acórdão tornou-se o símbolo da autonomia da responsabilidade
administrativa com a ideia de uma ligação de duplo sentido entre o
fundo do direito aplicável e a competência ( derrogatória do direito
comum) da jurisdição administrativa;
¶ Acordão Terrier (1903)
Um cidadão obteve o direito a ser pago pelo serviço de caçar cobras
que realizara para uma administração local. ficou fixado que NÃO
BASTAVA TRATAR-SE DE SERVIÇO PÚBLICO, já que este
poderia também ser prestado pelo regime jurídico privado, MAS
SIM A EXISTÊNCIA DA GESTÃO PÚBLICA DO INTERESSE
PÚBLICO, em contraposição à gestão privada.
§ A Common Law e as Public Utilities
¶ Em um dado momento, diante da evolução tecnológica, alguns serviços
apresentavam a impossibilidade de congregar os interesses da coletividade e a
manutenção da concorrência, ainda que nos ditames das liberdades de entrada
no mercado e de desenvolvimento das empresas;
¶ Nesse contexto, foram editadas leis disciplinadoras das atividades privadas com
especial pertinência ao interesse público, limitando-lhes o ingresso e
estabelecendo normas finalísticas para seu exercício.
¶ Assim, “As public utilíties apresentam-se como atividades que se encontram
(are afficted with) com o interesse público e por isso sujeitam-se a um controle
de preços (para que se tenha um preço reasonable), ao controle da qualidade
dos serviços e outros controles, realizados, de regra, por agências reguladoras
independentes. Busca-se na regulação dos monopólios privados fazer face às
falhas do mercado e garantir a concorrência.
¶ As leis editadas sobre este respeito conferem à Administração Pública, na forma
das agências reguladoras independentes, o poder de especificar os meios que
serão utilizados para alcançar os objetivos legais.
O principal marco da agirmação da teoria das Publics Utilities foi o
caso Munn v. Illinois
Caso de elevação artificial de preços de grãos.
“"Não existe privação ou dano à propriedade privada
nesse caso, consagrando-a ao uso público. É a
expressão da vontade do povo, por intermédio dos seus
representantes em Assembleia-Geral, que esses centros
de opressão e extorsão sejam submetidos a um regime
que os faça ajudar mais ao povo (...). Atribuímos o
direito de legislar sobre essa matéria ao poder, seja ele
chamado como se quiser, inerente a todo governo
organizado." ( Julgamento da Suprema Corte Estadual)
Quando a propriedade privada é afetada por um
interesse público, deixa de ser apenas Direito Privado.
Isso foi dito por Lord Hale, há mais de duzentos anos,
no seu Tratado De Portibus Møris, e foi desde então
aceito como o principal elemento de regulamentação
da propriedade. A propriedade deve ser considerada
embebida de interesse público quando é usada de
maneira capaz de gerar consequências públicas e
efeitos para a comunidade. Quando se consagra a
propriedade a um uso no qual o público tem um
interesse, se cede ao público um interesse nesse uso, e
deve se submeter ao controle pelo público para o bem
comum, na extensão do interesse criado. Pode-se
deixar de ceder o uso do bem ao público, fazendo
cessar o uso, mas enquanto houver o uso deve
admitir-se o controle (...). Não há dúvida que o
princípio geral amparado pela lei e pela justiça é que
toda pessoa pode fixar o preço que quiser pela sua
propriedade ou pelo seu uso, mas se por uma
circunstância específica, o público tem direito a
participar com suas propostas e a fazer uso deia, e se
existe um monopólio do qual se beneficiam os
proprietários, devem, de forma proporcional, ser
impostos os ônus que correspondam a esses benefícios.
(Julgamento na Suprema Corte Americana)
§ União Europeia: Serviços de Interesse Econômico Geral e Serviços Universais
¶ Uma das primeiras medidas da consolidação da integração econômica europeia
foi determinar, no art.86 do Tratado Constitutivo da União, que também os
serviços públicos prestados por empresas estatais ou por concessionárias
nacionais sob o regime de exclusividade se sujeitassem à normas de
concorrência, tornando ilegítima as reservas de mercado que os Estado
estabeleciam em favor das empresas públicas ou privadas, seja por razões de
interesse público, estratégico ou fiscal;
¶ Neste caso, o Estado pode continuar a prestar o serviço, diretamente ou através
de suas empresas, mas em concorrência com todas as demais empresas
europeias que atendam aos requisitos mínimos para poder operar naquele
setor A questão passa a estar na Exclusividade da prestação, e não na
titularidade;
¶ Esses são os critérios para que uma empresa seja excepcionada das normas
comunitárias de concorrência:
1) a empresa deve estar encarregada da prestação da atividade em razão
de um ato do poder público, como uma concessão ou outorga, não
sendo suficiente uma simples autorização para exercício de uma
atividade privada;
2) a atividade deve satisfazer necessidades importantes para a
coletividade, o que normalmente é associado à existência de obrigações
de serviço público ou universal;
e 3) que o cumprimento das regras de concorrência comprometa a
realização da sua missão.
¶ Interesse Econômico Geral: Atividades da iniciativa privada, sujeitas à livre
concorrência, mas submetidas a uma forte regulação estatal, muito semelhante
aos serviços públicos funcionais ou objetivos, ou seja, definíveis não por seu
vínculo com a Administração Pública, mas sim por sua ligação com a realização
de interesses públicos
¶ Serviço Público: tem sido utilizado, ora em sentido subjetivo — atividades
prestadas pelo Estado (ou seus concessionários) — Ora em sentido objetivo –
designando os princípios de serviço universal.
¶ Serviço Universal: Parece ser mais objetivo, é simplesmente a manifestação da
necessidade legitima de que essa extensão universal do serviço se produza; A
forma de realização deste serviço não integra o conceito de serviço universal, a
forma possa ser justificada pelo objetivo, mas não implica a forma de forma
mandamental.