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REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO

Regime Jurídico Administrativo E Seus Princípios Norteadores

O Direito Administrativo versus regime jurídico administrativo se baseia em duas idéias opostas: de
um lado, a proteção aos direitos individuais frente ao Estado e de outro lado, a idéia da necessidade
de satisfação dos interesses coletivos.

O Direito Administrativo

Primeiramente o que vem a ser o Direito Administrativo? Sucintamente, diz-se de um ramo do direito
público que ocupa uma das funções do Estado: a função administrativa. O Direito Administrativo
Brasileiro pode ser considerado um direito codificado, pois o mesmo é regido por princípios, regras e
normas.

Leciona-se: “o conceito de Direito Administrativo Brasileiro, para nós, sintetiza-se no conjunto


harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas
tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado” . Helly Lopes
Meirelles, por sua vez destaca o elemento finalístico na conceituação: os órgãos, agentes e
atividades administrativas como instrumentos para realização dos fins desejados pelo Estado.

A Administração Pública E A Administração Pública

A Administração Pública representa o conjunto de órgãos e agentes estatais no exercício da função


administrativa, independentemente se pertencentes ao Poder Executivo, ao Legislativo, ao Judiciário,
ou a qualquer outro organismo estatal (como Ministério Público, Defensorias Públicas e etc).

A administração pública designa a atividade consistente na defesa concreta do interesse público,


“exemplo: os concessionários e permissionários de serviços públicos exercem administração pública,
mas não fazem parte da Administração Pública”. A expressão “Administração Pública” pode ser
empregada com diferentes sentidos. Alude a professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro:
“Administração Pública” em sentido subjetivo ou orgânico é o conjunto de agentes, órgãos e
entidades públicas que exercem a função administrativa; e “Administração Pública” em sentido
objetivo, material ou funcional, mais adequadamente denominada “administração pública” (com
iniciais minúsculas), é a atividade estatal consistente em defender concretamente o interesse público.

Portanto, “Administração Pública” considera-se o conjunto de órgãos e de pessoas jurídicas as quais


a lei atribui o exercício da função administrativa do Estado; e a “administração pública” tem-se a ótica
de que é um complexo de atividades concretas e imediatas desempenhadas pelo Estado sob os
termos e condições da lei visando o atendimento das necessidades coletivas.

Helly Lopes Meirelles nos lembra que, se grafada com iniciais maiúsculas, a expressão
“Administração Pública” terá a conotação de subjetiva. De outra forma (com iniciais minúsculas) sua
conotação será objetiva, referindo-se à atividade administrativa exercida sob o pálio do regime
jurídico administrativo.

Regime Jurídico Administrativo

A professora Di Pietro nos oferece o seguinte conceito: “A expressão regime jurídico administrativo é
reservada tão-somente para abranger o conjunto de traços, de conotações, que tipificam o direito
administrativo colocando a Administração Pública numa posição privilegiada, vertical, na relação
jurídico-administrativa”, por isso a apresentação de conceito da Administração Pública e
da administração pública acima.

Maria Sylvia Zanella Di Pietro sustenta que o regime jurídico administrativo pode ser resumido a duas
únicas realidades, ou seja, por prerrogativas e sujeições à Administração Pública.

O Direito Administrativo versus regime jurídico administrativo se baseia em 02 (duas) idéias opostas:
de um lado, a proteção aos direitos individuais frente ao Estado, que serve de fundamento ao
princípio da legalidade, um dos esteios do Estado de Direito, a liberdade do indivíduo; e de outro lado,
a idéia da necessidade de satisfação dos interesses coletivos, que conduz a outorga de prerrogativas
e sujeições para a Administração Pública, quer para limitar o exercício dos direitos individuais em
benefício do bem-estar coletivo (poder de polícia), quer para a prestação de serviços públicos, ou
seja, a autoridade da Administração.

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A liberdade do indivíduo dispõe do seguinte dispositivo legal, artigo 5º, inciso II, da Constituição
Federal de 1988: “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude
de lei”, presente aqui o princípio da legalidade.

A Administração Pública possui prerrogativas e privilégios, não utilizados e até desconhecidos na


esfera do direito privado, tais como a autoexecutoriedade, a autotutela, o poder de expropriar, o de
requisitar bens e serviços, o de ocupar temporariamente o imóvel alheio, o de instituir servidão, o de
aplicar sanções administrativas, o de alterar e rescindir unilateralmente os contratos, o de impor
medidas de polícia.

A força maior da supremacia do interesse público nos atos administrativo entre a Administração e o
particular para anular e revogar seus próprios atos sem necessidade de autorização judicial é
justamente em função da condição da imperatividade da autotutela e da autoexecutoriedade, que
reveste o citado supraprincípio.

Por mais que as prerrogativas colocam a Administração em posição de superioridade perante o


particular, sempre com o objetivo de atingir o benefício da coletividade, as restrições a que está
sujeita limitam a sua atividade a determinados fins e princípios, que se não observados, implicam
desvio de poder e consequentemente nulidade dos atos da Administração.

As prerrogativas e restrições a que está sujeita a Administração e que não se encontram nas relações
entre particulares dá origem ao regime jurídico administrativo, posicionamento da administrativista
Maria Sylvia Zanella Di Pietro.

A Sumpremacia Do Interesse Público E A Indisponibilidade Do Interesse Público

Todo o arcabouço legal que dá origem e curso regular ao Direito Administrativo Brasileiro é
construído com base nos supraprincípios: supremacia do interesse público sob o privado e
indisponibilidade do interesse público.

O professor Celso Antônio Bandeira de Mello afirma que o regime jurídico administrativo é amparado
por dois princípios basilares, a Supremacia do interesse público e a Indisponibilidade do interesse
público, que são os princípios centrais dos quais derivam todos os demais princípios e normas do
Direito Administrativo.

A supremacia do interesse público sobre o privado, também chamada simplesmente de princípio do


interesse público ou da finalidade pública, significa que os interesses da coletividade são mais
importantes que os interesses individuais, razão pela qual a Administração, como defensora dos
interesses públicos, recebe da lei poderes especiais não extensivos aos particulares.

A outorga dos citados poderes projeta a Administração Pública a uma posição de superioridade
diante do particular, onde os interesses do grupo devem prevalecer sobre os do individuo que o
compõem.

Sendo assim, a supremacia do interesse público designa que os interesses da coletividade, os


interesses públicos são mais importantes que os interesses individuais. Exemplo: a desapropriação é
a prevalência do interesse público sob o privado, como vários outros exemplos citados acima.

Alude ainda Celso Antônio Bandeira de Mello, sobre a Supremacia do interesse publico sobre o
privado: “Trata-se de verdadeiro axioma reconhecível no moderno Direito Público. Proclama a
superioridade do interesse da coletividade, firmando a prevalência dele sobre o particular, como
condição, até mesmo, da sobrevivência e asseguramento deste último. É pressuposto de uma ordem
social estável, em que todos e cada um possam sentir-se garantidos e resguardados.”

Já a indisponibilidade do interesse público enuncia que os agentes públicos não são donos do
interesse por eles defendido. Assim, no exercício da função administrativa os agentes públicos estão
obrigados a atuar, não segundo sua própria vontade, mas do modo determinado pela legislação.

Portanto a indisponibilidade do interesse público significa que o agente público não é dono dos
interesses que defende, por isso que o agente só pode atuar da forma como a lei determina,
interpretação dada ainda à validade do princípio da legalidade para o direito público.

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A indisponibilidade dos interesses públicos significa que, sendo interesses qualificados como próprios
da coletividade – internos ao setor público – não se encontram à livre disposição de quem quer que
seja por inapropriáveis. O próprio órgão administrativo que os representa não tem disponibilidade
sobre eles, no sentido de que lhe incumbe apenas curá-los – o que é também um dever – na estrita
conformidade do que predispuser a intentio legis.

A existência desses dois supraprincípios é o reflexo de uma dualidade permanente no exercício da


função administrativa, sendo, a dicotomia entre os poderes da Administração Pública, ou seja, a
Supremacia do interesse público o qual reflete os poderes da Administração Pública, e de outro lado
a indisponibilidade do interesse público o qual reflete os direitos dos administrados.

O regime funciona como se houvesse 02 (duas) colunas verticais uma ao lado da outra, uma a
complementar a outra. De um lado os poderes outorgados a Administração para que a mesma haja
em benefício e para o bem-estar coletivo, e, de outro lado agentes competentes para agirem de forma
finalística em busca da segurança do direito do administrado.

Princípios Norteadores Do Regime-Jurídico Administrativo

A Constituição Federal de 1988, ao tratar da Administração Pública, não traz expressos os princípios
da Supremacia do interesse público e da Indisponibilidade do interesse público. Apesar que é
possível considerar que os princípios do Direito Administrativo são desdobramento da supremacia do
interesse público e da indisponibilidade do interesse público.

Entretanto, no caput de seu artigo 37, enumera os mais importantes princípios administrativos:
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, são estes ainda os princípios que
norteiam a Administração Pública.

Tanto a Administração Pública direta ou indireta de qualquer dos poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios expressos no artigo 37, caput, da
Constituição Federal de 1988.

Importante citar que: “violar um princípio é muito mais grave que transgredir uma norma. A
desatenção ao princípio implica ofensa não apenas a um específico mandamento obrigatório, mas a
todo o sistema de comandos. É a mais grave forma de ilegalidade ou inconstitucionalidade conforme
o escalão do princípio violado, porque representa insurgência contra todo o sistema, subversão de
seus valores fundamentais, contumélia irremissível a seu arcabouço lógico e corrosão de sua
estrutura mestra.”

Helly L. Meirelles ensina que, “na Administração Pública, não há liberdade nem vontade pessoal.
Enquanto na administração particular é lícito fazer tudo que a lei não proíbe, na Administração
Pública só é permitido fazer o que a lei autoriza. A lei para o particular significa ‘pode fazer assim’,
para o administrador público significa ‘deve fazer assim’.

Importante observar que não há uma hierarquia entre os princípios, cada um tem sua importância e
não se diz que um prevalece sobre o outro. Cada caso é que acaba dando mais valor a um ou a
outro, mas isso não quer dizer que exista hierarquia, um princípio que não seja usado num
determinado caso pode ser o mais importante em outro.

Imperioso relembrar a interpretação, bem como, a validade do princípio da legalidade para o


particular, sendo, que este pode fazer tudo o que a lei não proíbe e já para o direito público, este só
pode realizar o que estiver previsto em lei, fazer somente o que a lei permite / determina, sob pena de
ter seus atos anulados. O princípio da legalidade explicita a subordinação da atividade administrativa
à lei.

A relação que o particular tem com a lei é de liberdade e autonomia da vontade, de modo que os
ditames legais operam fixando limites negativos à atuação privada. Assim, o silêncio da lei quanto ao
regramento de determinada conduta é recebido na esfera particular como permissão para agir.

No Direito Público a relação do agente público com a lei é de subordinação, razão pela qual os
regramentos estabelecidos pelo legislador desenham limites positivos para as atividades públicas.
Por isso, a ausência de disciplina legal sobre certo comportamento significa no âmbito da
Administração Pública uma proibição de agir.

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Portanto a atividade administrativa, somente será legítima se estiver em consonância com os


comandos veiculados em lei, com capacidade de disciplinar o comportamento da Administração
Pública.

O Regime Jurídico Administrativo

O Conceito De Regime Jurídico Administrativo

Na Constituição da República Federativa do Brasil, encontramos um conjunto de princípios e normas,


os quais norteiam a atividade desempenhada pelos agentes encarregados de zelar pela coisa
pública. Desse modo, conjugando as regras e os princípios que estruturam a Administração Pública
Brasileira, tem-se o regime jurídico administrativo.

Maria Sylvia Zanella Di Pietro ensina que “a expressão regime jurídico administrativo é reservada tão-
somente para abranger o conjunto de traços, de conotações que tipificam o Direito Administrativo,
colocando a Administração Pública numa posição privilegiada, vertical, na relação jurídico-
administrativa. Basicamente pode-se dizer que o regime administrativo resume-se a duas palavras
apenas: prerrogativas e sujeições”.

Marçal Justen Filho tem a seguinte definição: “o regime jurídico de direito público consiste no conjunto
de normas jurídicas que disciplinam o desempenho de atividades e de organizações de interesse
coletivo, vinculadas direta ou indiretamente à realização dos direitos fundamentais, caracterizado pela
ausência de disponibilidade e pela vinculação à satisfação de determinados fins”.

Decorre do ensinamento de Celso Antônio Bandeira de Mello que o regime de direito público resulta
da caracterização normativa de determinados interesses como pertinentes à sociedade e não aos
particulares considerados em sua individuada singularidade. Juridicamente esta caracterização
consiste, no Direito Administrativo, segundo nosso modo de ver, na atribuição de uma disciplina
normativa peculiar que, fundamentalmente se delineia em função da consagração de dois princípios:
a) supremacia do interesse público sobre o privado; b) indisponibilidade, pela Administração, dos
interesses públicos.

Cumpre ressaltar que os dois princípios retro mencionados são considerados princípios implícitos,
entretanto, tem a mesma força jurídica que os princípios expressos. Ademais são princípios basilares
da Administração Pública constituindo a base de todo o sistema normativo sendo, portanto, de alta
relevância no ordenamento jurídico em geral. Dessa forma, o princípio da supremacia do interesse
público sobre o interesse privado e o princípio da indisponibilidade do interesse público, informam
todo o Direito Administrativo e constituem, por sua vez, o chamado regime jurídico administrativo.

Neste sentido Di Pietro expõe que “ao mesmo tempo em que as prerrogativas colocam a
Administração em posição de supremacia perante o particular, sempre com o objetivo de atingir o
benefício da coletividade, as restrições a que está sujeita limitam a sua atividade a determinados fins
e princípios que, se não observados, implicam desvio de poder e conseqüente nulidade dos atos da
Administração. O conjunto das prerrogativas e restrições a que está sujeita a Administração e que
não se encontram nas relações entre particulares constitui o regime jurídico administrativo. Muitas
dessas prerrogativas e restrições são expressas sob a forma de princípiosque informam o direito
público e, em especial, o Direito Administrativo”[.

Imperioso concluir esse tema com as palavras de Raquel de Carvalho que elucida o seguinte:

“um Estado, para ser Democrático de Direito, deve encarar a tarefa de tutelar a primazia do bem
comum, tanto na mediação das relações privadas, quanto no exercício das competências públicas.
Os efeitos danosos do individualismo característico do mundo contemporâneo alastram-se nas
relações privadas e até mesmo no cumprimento dos deveres estatais. É grave o resultado da falta de
consciência de que existe um interesse social que, em determinadas realidades, pode transcender o
particular e que deve sobre o último prevalecer. Se o século XXI nasceu sob o signo do
individualismo egoísta, cumpre ao jurista estruturar o sistema normativo de modo a combater as
conseqüências desastrosas de tal vício quando atinge as instituições públicas. O regime jurídico
administrativo deve necessariamente reconhecer que:

a) a supremacia do interesse público primário (pertinente a toda sociedade) é princípio integrante do


regime jurídico administrativo;

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b) é possível que haja, em dadas situações, convergência entre interesses privados e interesse
público ou atividade particular protetora do bem comum, sem qualquer tensão que torne necessário
falar-se na primazia do interesse público;

c) na hipótese de conflito entre interesse publico e interesses privados, a proteção constitucional à


dignidade da pessoa humana e aos direitos fundamentais não embasa a negativa de predomínio do
bem comum, sendo este o interesse geral a ser tutelado pela Administração, o que não significa
arbítrio ou autoritarismo, mas efetividade do Estado Democrático de Direito;

d) não conduz à negação da primazia do interesse público primário o fato deste não ser sempre
único, claramente identificável e incidente, de modo exclusivo, em uma dada realidade; o caráter
dinâmico e a multiplicidade de interesses públicos inerentes ao mundo contemporâneo apenas torna
cabível a técnica da ponderação entre os diversos interesses, em face de cada situação específica, à
luz da proporcionalidade”.

Concluímos que, o regime jurídico administrativo trava no sentido de estabelecer, entre o


administrador público e seus administrativos, um tratamento próprio e peculiar diferente daquele
travado entre os particulares. Surge da relação entre administrador público e particulares um conjunto
de direitos (prerrogativas) e deveres (limitação) que a lei confere à Administração Pública, tendo em
vista que ela atua em busca do bem-estar coletivo. Ressalta-se que esses direitos e deveres não se
estendem aos particulares, salvo quando lhe for delegado a execução de algum serviço público,
através de concessão ou permissão, por exemplo.

Quando mencionamos que a Administração Pública promove o bem-estar coletivo, queremos


enfatizar que ela tem o dever de buscar o interesse público. Vale ressaltar que este interesse é
pertencente ao povo, sendo, desse modo, indisponível. Assim cabe a Administração Pública buscar a
primazia do bem comum, sem, no entanto, transferir a terceiros a administração desse interesse
público, pois faz parte da função administrativa protegê-lo.

Pois bem. Dado o conceito de regime jurídico administrativo, cabe salientar que, em regra, os
doutrinadores enumeram, os princípios da legalidade, igualdade, impessoalidade, moralidade,
publicidade, eficiência, supremacia do interesse público, razoabilidade, proporcionalidade, motivação
e controle da Administração como integrantes do regime jurídico administrativo. Vale destacar que a
doutrina clássica adota a posição que a legalidade, a supremacia e a indisponibilidade do interesse
público são princípios fundantes do regime mencionado.

Diante do que foi exposto, para fins deste trabalho monográfico, é fundamental discorrer sobre os
princípios previstos no artigo 37 da Constituição Federal de 1988 e sobre os princípios da supremacia
e indisponibilidade do interesse público. Portanto, mãos à obra.

Princípios Constitucionais Expressos

Estão previstos no artigo 37, caput, da Constituição da República de 1988. A seguir passamos a
descrever os princípios constitucionais expressos fundamentais, os quais são aplicáveis a todos os
institutos do Direito Administrativo.

1 – Legalidade: também chamado de princípio da juridicidade, exige adequação de toda e qualquer


conduta administrativa a todo o ordenamento jurídico, nele estando incluídos todas as normas e todos
os princípios. Enquanto o particular é livre para fazer tudo o que não seja proibido, a Administração
só pode agir se a lei ordenar, nos termos que a lei traz, no condicionamento da lei e no tempo que a
lei determina. Se a lei não traz qualquer comando, a Administração não pode agir.

Para Di Pietro, “este princípio, juntamente com o de controle da Administração pelo Poder Judiciário,
nasceu com o Estado de Direito e constitui uma das principais garantias de respeito aos direitos
individuais. Isto porque a lei, ao mesmo tempo em que os define, estabelece também os limites da
atuação administrativa que tenha por objeto a restrição ao exercício de tais direitos em benefício da
coletividade. É aqui que melhor se enquadra aquela idéia de que, na relação administrativa, a
vontade da Administração Pública é a que decorre da lei”.

Segundo José dos Santos “o princípio da legalidade é certamente a diretriz básica da conduta dos
agentes da Administração. Significa que toda e qualquer atividade administrativa deve ser autorizada
por lei. Não o sendo, a atividade é lícita. Tal postulado, consagrado após séculos de evolução

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política, tem por origem mais próxima a criação do Estado de Direito, ou seja, do Estado que deve
respeitar as próprias leis que edita”.

O princípio da legalidade é considerado pelo Direito Constitucional como uma das maiores conquistas
do povo, porque a legalidade é, na verdade, uma barreira protetora que os particulares têm em
relação à Administração. É de se notar que a Administração atua em nossas vidas com poderes
muito grandes, e se não houvesse o princípio da legalidade, a máquina administrativa poderia ser
utilizada sem qualquer controle e sem a devida atenção que o interesse público merece. Assim esse
princípio representa um escudo para que a Administração não abuse dos seus poderes.

Como aplicação ao princípio da legalidade, foram editadas as seguintes súmulas, ambas do Supremo
Tribunal Federal:

Súmula 346: “A administração pública pode declarar a nulidade de seus próprios atos”.

Súmula 473: “A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os
tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos e ressalvada, em todos os casos, a apreciação
judicial”.

2 – Impessoalidade: princípio da isonomia no Direito Administrativo. Não significa dar o mesmo


tratamento a todos, mas sim, um tratamento igual para os iguais e para os desiguais, um tratamento
desigual, na medida em que se desigualam, como ensinava Pontes de Miranda. Desse modo, é
possível um tratamento privilegiado desde que ele venha expressamente previsto em lei e esteja em
conformidade com o interesse da sociedade.

A título de exemplo, o Estatuto do Idoso prevê privilégios para quem é considerado idoso. Isso,
contudo, não fere o princípio da impessoalidade, tendo em vista que a sociedade brasileira prevê tal
tratamento como decorrente do princípio da dignidade da pessoa humana. É o que também ocorre
com o tratamento especial dispensado às micro empresas e empresas de pequeno porte, uma vez
que, como atende aos interesses da sociedade porque gera empregos e promove a circulação de
renda, o tratamento é isonômico.

Na feliz síntese de José dos Santos Carvalho Filho “o princípio objetiva a igualdade de tratamento
que a Administração deve dispensar aos administrados que se encontrem em idêntica situação
jurídica. Nesse ponto, representa uma faceta do princípio da isonomia. Por outro lado, para que haja
verdadeira impessoalidade, deve a Administração voltar-se exclusivamente para o interesse público,
e não para o privado, vedando-se, em conseqüência, sejam favorecidos alguns indivíduos em
detrimento de outros e prejudicados alguns para favorecimento de outros”. (grifo nosso)

Celso Antônio Bandeira de Mello ensina que “no texto constitucional há, ainda, algumas referências a
aplicações concretas deste princípio, como ocorre no art. 37, II, ao exigir que o ingresso em cargo,
função ou emprego público depende de concurso público, exatamente para que todos possam
disputar-lhes o acesso em plena igualdade. Idem, no art. 37, XXI, ao estabelecer que os contratos
com a Administração direta e indireta dependerão de licitação pública que assegure igualdade de
todos os concorrentes. O mesmo bem jurídico também está especificamente resguardado na
exigência de licitação para permissões e concessões de serviço público (art. 175)”.

Isto quer dizer que, o particular tem autonomia para contratar quem quiser para a sua empresa. Já a
Administração tem que observar o princípio da impessoalidade devendo contratar, destarte, através
de concurso público. O empresário pode contratar qualquer serviço e pelo valor que estiver de
acordo. Por outro lado a Administração não tem autonomia de vontade para isso, sendo necessário,
portanto, a realização de licitação para realizar contrato com aquele licitante que ofereceu a melhor
proposta.

3 – Moralidade: obrigação de honestidade e de probidade. Ser honesto quer dizer ser fiel ao
interesse público definido na lei. É exigido da Administração como um todo, de cada agente público e
também dos particulares que se relacionam com a Administração. Em Direito Administrativo a
violação grave do dever de moralidade é chamada de improbidade administrativa e está prevista no
artigo 37, parágrafo 4º, da CF/88 e na lei nº 8.429/92.

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Segundo Celso Antônio Bandeira de Mello, de acordo com o princípio da moralidade “a Administração
e seus agentes tem de atuar na conformidade de princípios éticos. Violá-los implicará violação ao
próprio Direito, configurando ilicitude que assujeita a conduta viciada a invalidação, porquanto tal
princípio assumiu foros de pauta jurídica, na conformidade do art. 37 da Constituição”.

José dos Santos Carvalho Filho, por sua vez, adverte que “a falta de moralidade administrativa pode
afetar vários aspectos da atividade da Administração. Quando a imoralidade consiste em atos de
improbidade, que, como regra, causam prejuízos ao erário público, o diploma regulador é a Lei nº
8.429, de 2/6/1992, que prevê as hipóteses configuradoras da falta de probidade na Administração,
bem como estabelece as sanções aplicáveis a agentes públicos e a terceiros, quando responsáveis
por esse tipo ilegítimo de conduta.

Ao mesmo tempo, contempla os instrumentos processuais adequados à proteção dos cofres públicos,
admitindo, entre outras, ações de natureza cautelar de seqüestro e arresto de bens e o bloqueio de
contas bancárias e aplicações financeiras, sem contar, logicamente, a ação principal de perdimento
de bens, ajuizada pelo Ministério Público ou pela pessoa de direito público interessada na
reconstituição de seu patrimônio lesado. Outro instrumento relevante de tutela jurisdicional é a ação
popular, contemplada no art. 5º, LXXIII, da vigente Constituição. Pela ação popular, regulamentada
pela Lei nº 4.717, de 29/6/65, qualquer cidadão pode deduzir a pretensão de anular atos do Poder
Público contaminados de imoralidade administrativa. Por fim, não se pode esquecer de também citar
a ação civil pública, prevista no art. 129, III, da CF, como uma das funções institucionais do Ministério
Público, e regulamentada pela Lei nº 7.347, de 24/7/85, como outro dos instrumentos de proteção à
moralidade administrativa”.

4 – Publicidade: como a Administração não é titular do interesse público, o qual pertence ao povo,
tudo aquilo que acontece na esfera administrativa deve ser publicizado. É o dever de clareza e de
transparência que a Administração deve ter em relação aos titulares do interesse público. A
publicidade é também condição de validade dos atos administrativos, ou seja, apenas quando se
tornam claros, eles estão em conformidade com a ordem jurídica.

Cumpre salientar que esse princípio traz duas únicas exceções previstas no art. 5º, LX, quais sejam,
restrição à publicidade determinada em lei para a proteção da intimidade (do particular ou do agente
público) e o interesse social.

O dever de motivação que a Administração Brasileira tem, ou seja, dever de expor por escrito as
razões de fato e de direito que justificam a prática de qualquer uma de suas condutas decorre do
princípio da publicidade.

Expõe José dos Santos Carvalho Filho que o princípio da publicidade pode ser reclamado através de
dois instrumentos básicos: a) o direito de petição, pelo qual os indivíduos podem dirigir-se aos órgãos
administrativos para formular qualquer tipo de postulação (art. 5º, XXXIV, ‘a’, CF); b) as certidões que,
expedidas por tais órgãos, registram a verdade de fatos administrativos, cuja publicidade permite aos
administrados a defesa de seus direitos ou o esclarecimento de certas situações (art. 5º, XXXIV, ‘b’,
CF). Negado o exercício de tais direitos, ou ainda não veiculada a informação, ou veiculada
incorretamente, terá o prejudicado os instrumentos constitucionais para garantir a restauração da
legalidade – o mandado de segurança (art. 5º, LXIX, CF) e o habeas data (art. 5º, LXXII, CF). Na
verdade, não se deve perder de vista que todas as pessoas têm direito a receber dos órgãos públicos
informações de seu interesse particular ou de interesse coletivo, com exceção das situações
resguardadas por sigilo (art. 5º, XXXIII, CF), e o exercício de tal direito, de estatura constitucional, há
de pressupor necessariamente a obediência da Administração ao princípio da publicidade.

5 – Eficiência: foi tornado expresso no caput do art. 37 da CR/88, por meio da Emenda
Constitucional nº 19/98. Antes da emenda esse princípio não estava escrito na Constituição, pois era
implícito, no entanto, a Administração já tinha o dever de ser eficiente, independente da ordem estar
escrita ou não.

Segundo Maria Sylvia Zanella di Pietro “o princípio da eficiência apresenta, na realidade, dois
aspectos: pode ser considerado em relação ao modo de atuação do agente público, do qual se
espera o melhor desempenho possível de suas atribuições, para lograr os melhores resultados; e em
relação ao modo de organizar, estruturar, disciplinar a Administração Pública, também com o mesmo
objetivo de alcançar os melhores resultados na prestação do serviço público. Vale dizer que a

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eficiência é princípio que se soma aos demais princípios impostos à Administração, não podendo
sobrepor-se a nenhum deles, especialmente ao da legalidade, sob pena de sérios riscos à segurança
jurídica e ao próprio Estado de Direito”.

Acrescenta-se que a construção desse princípio teve inspiração na iniciativa privada, uma vez que o
sucesso de um negócio é medido pelo grau de satisfação de seu cliente. Cumpre ressaltar que o
princípio da eficiência é tão importante quanto todos os outros princípios estruturantes do regime
jurídico administrativo, de modo que não é possível que, em nome de uma maior eficiência, seja
preterido, por exemplo, o princípio da legalidade.

Princípios Implícitos

Tem a mesma força jurídica dos princípios explícitos. A doutrina e a jurisprudência usualmente se
referem a estes princípios, tendo, desse modo, uma mesma relevância jurídica que os princípios
escritos na Constituição.

Os princípios implícitos que mais nos interessam são: a supremacia do interesse público sobre o
interesse particular e a indisponibilidade do interesse público.

Recordando as palavras de Celso Antônio no que tange a estes dois princípios: “atribui-se-lhes a
importância de pontos fundamentais do Direito Administrativo não porque possuam em si mesmos a
virtude de se imporem como fontes necessárias do regime, mas porque, investigando o ordenamento
jurídico-administrativo, acredita-se que eles hajam sido encampados por ele e nesta condição
validados como fonte-matriz do sistema. Todo o sistema de Direito Administrativo, a nosso ver, se
constrói sobre os mencionados princípios da supremacia do interesse público sobre o particular e
indisponibilidade do interesse público pela Administração”.

O Princípio Da Indisponibilidade Do Interesse Público

A Administração deve realizar suas condutas sempre velando pelos interesses da sociedade, mas
nunca dispondo deles, uma vez que o administrador não goza de livre disposição dos bens que
administra, pois o titular desses bens é o povo. Isto significa que a Administração Pública não tem
competência para desfazer-se da coisa pública, bem como, não pode desvencilhar-se da sua
atribuição de guarda e conservação do bem. A Administração também não pode transferir a terceiros
a sua tarefa de zelar, proteger e vigiar o bem. Ademais a disponibilidade dos interesses públicos
somente pode ser feita pelo legislador.

Vale mencionar dois importantes institutos que concretizam o dever de indisponibilidade do interesse
público pela Administração: a licitação e o concurso público. No primeiro caso, a Administração não
pode escolher, sem nenhum critério objetivo definido em lei, com quem vai celebrar contrato. A lei
estabelece um processo administrativo que deve ser rigorosamente seguido a fim de que se possa
escolher o interessado que apresente a proposta mais vantajosa. No que tange ao concurso público,
se há uma vaga na estrutura administrativa, a escolha de quem será nomeado não pode ser
aleatória. Então, por meio do concurso, pretende-se dar a mesma oportunidade a todos que
preenchem os requisitos estabelecidos em lei de apresentarem sua capacidade física e intelectual de
ser escolhido.

Leciona Diógenes Gasparini que, segundo o princípio da indisponibilidade do interesse público, não
se acham os bens, direitos, interesses e serviços públicos à livre disposição dos órgãos públicos, a
quem apenas cabe curá-los, ou do agente público, mero gestor da coisa pública. Aqueles e este não
são senhores ou seus donos, cabendo-lhes por isso tão-só o dever de guardá-los e aprimorá-los para
a finalidade a que estão vinculados. O detentor dessa disponibilidade é o Estado. Por essa razão, há
necessidade de lei para alienar bens, para outorgar concessão de serviço público, para transigir, para
renunciar, para confessar, para revelar a prescrição e para tantas outras atividades a cargos dos
órgãos e agentes da Administração Pública.

Hely Lopes Meirelles assevera que a Administração Pública não pode dispor desse interesse geral
num renunciar a poderes que a lei lhe deu para tal tutela, mesmo porque ela não é titular do interesse
público, cujo titular é o Estado, que, por isso, mediante lei poderá autorizar a disponibilidade ou a
renúncia.

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Segundo Raquel de Carvalho “com base na premissa de que a Administração não titulariza os
interesses públicos primários, é lugar comum afirmar a indisponibilidade de tais interesses pelo
agente encarregado de, na sua gestão, protegê-los. Quem detém apenas poderes instrumentais à
consecução de um dado fim não possui, em princípio, a prerrogativa de deles abrir mão, donde
resulta a idéia de indisponibilidade do interesse público”.

Na concepção de José dos Santos Carvalho Filho os bens e interesses públicos não pertencem à
Administração nem a seus agentes. Cabe-lhes apenas geri-los, conservá-los e por eles velar em prol
da coletividade, esta sim a verdadeira titular dos direitos e interesses públicos. A Administração não
tem a livre disposição dos bens e interesses públicos, porque atua em nome de terceiros. Por essa
razão é que os bens públicos só podem ser alienados na forma em que a lei dispuser. Da mesma
forma, os contratos administrativos reclamam, como regra, que se realize licitação para encontrar
quem possa executar obras e serviços de modo mais vantajoso para a Administração. O princípio
parte, afinal, da premissa de que todos os cuidados exigidos para os bens e interesses públicos
trazem benefícios para a própria coletividade. A Lei Geral do Processo Administrativo nº 9.784/99
prevê no seu art. 2º, parágrafo único, inciso II, a indisponibilidade do interesse público pela
Administração Pública:

“Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de:

II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial de poderes ou


competências, salvo autorização em lei.” (grifo nosso)

Raquel de Carvalho acentua que o interesse público é indisponível e este é um princípio integrante do
regime jurídico administrativo. No entanto, embora não seja a alternativa primeira, nem mesmo a
regra, pode ser que, em dada realidade, abrir mão de uma vantagem seja a única saída para a real
proteção do interesse público primário.

Mais além, diz a autora que, o que se admite discutir, portanto, é o que de fato representa proteger o
interesse público primário em cada situação. Se o bem estar geral for atendido com a perseguição
integral de todas vantagens decorrentes do ordenamento em favor da Administração, é isto que cabe
ao Estado buscar, de modo irrenunciável. Se, contudo, em determinados contextos, o empenho na
satisfação de todos os benefícios públicos não conduzir à satisfação do bem comum, é cabível usar
medida flexibilizadora inserida no novo arsenal normativo para o desenvolvimento da atividade
negocial administrativa, inclusive diante de conflitos. Cumpre atentar para as especificidades do caso
concreto e para o dever de motivar jurídica e concretamente a escolha levada a efeito[19].

Segundo Celso Antônio Bandeira de Mello a indisponibilidade dos interesses públicos significa que,
sendo interesses qualificados como próprios da coletividade – internos ao setor público -, não se
encontram à livre disposição de quem quer que seja, por inapropriáveis. O próprio órgão
administrativo que os representa não tem disponibilidade sobre eles, no sentido de que lhe incumbe
apenas curá-los – o que é também um dever – na estrita conformidade do que predispuser
a intentio legis. Relembre-se que a Administração não titulariza interesses públicos. O titular deles é o
Estado, que, em certa esfera, os protege e exercita através da função administrativa, mediante o
conjunto de órgãos (chamados administração, em sentido subjetivo ou orgânico), veículos da vontade
estatal consagrada em lei.

É oportuno aqui recordar as lições do professor Manoel Messias Peixinho, no sentido de que o
administrador público não pode gerir o Estado desvinculado do interesse público. A indisponibilidade
deste interesse quer dizer obediência obsequiosa aos direitos fundamentais e aos valores
constitucionais eleitos pelo constituinte embrionário.

Indisponibilidade, no contexto do Direito Administrativo, deixa de ser só ato de não poder dispor com
liberdade dos deveres entregues à tutela do administrador. Torna-se, também é dever de prover a
coisa pública com equidade, isonomia, publicidade, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade,
enfim, com todos os demais princípios explícitos e implícitos, enraizados no direito administrativo, que
são afluentes do princípio da indisponibilidade do interesse público.

Diante do que foi exposto, vale ressaltar que os bens, direitos e interesses públicos são confiados ao
administrador apenas para a sua gestão, nunca para a sua disposição. Para dispor, alienar, renunciar
ou transacionar, o administrador dependerá sempre de lei. Assim sendo, não há para a Administração

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e seus agentes, qualquer liberdade de disposição ou renúncia, mas sim de indisponibilidade no que
tange ao interesse do povo.

O regime jurídico administrativo e seus princípios basilares

O objetivo deste artigo é simplesmente possibilitar um breve estudo sobre um tema propedêutico do
Direito Administrativo: o regime jurídico administrativo e os seus respectivos princípios basilares.

É certo que muitas vezes os alunos iniciam no estudo da disciplina Direito Administrativo nas
faculdades Brasil afora, porém não se preocupam, ou melhor, não percebem que estão iniciando o
estudo de um ramo de Direito Público com normas e princípios bem peculiares. Muitas vezes, na
realidade, quando se inicia o estudo do Direito Administrativo não se percebe que se está imiscuindo
em um regime jurídico próprio e bem específico.

Nesse sentido, este artigo é um instrumento válido para apresentar aos estudantes algumas noções
básicas sobre o tema regime jurídico administrativo. Acredita-se que, desse modo, permitir-se-á aos
leitores uma melhor compreensão dos baluartes em que se sustentam este ramo tão relevando do
Direito: o Administrativo.

Enfim, sem mais delongas, cabe iniciar o quanto antes o estudo do tema proposto.

Do Regime Jurídico Administrativo

Antes de introduzir-se no tema regime jurídico administrativo propriamente dito, há a necessidade de


se visitar algumas definições preliminares, justamente para não se perder de vista as premissas que
fundam e estruturam o Direito Administrativo, já que estas se irradiam por todo o sistema e
influenciam as múltiplas atividades executadas pela Administração Pública.

Conceito E Características Do Termo Regime Jurídico

Dentro de um ordenamento jurídico, coabitam basicamente dois regimes jurídicos distintos: um de


direito público e outro de direito privado. Aquele dá origem a diversos ramos do Direito:
Constitucional, Processual Civil e Penal, Tributário, Administrativo, etc. Enquanto que este, por sua
vez, serve de base para outros tantos ramos: Civil, Comercial, Internacional Privado, etc. A
caracterização e a demarcação dos campos de atuação destes dois regimes é dada por Luís Roberto
Barroso nas linhas abaixo:

No regime jurídico de direito privado, vigoram princípios como os da livre iniciativa e da autonomia
da vontade. As pessoas podem desenvolver qualquer atividade ou adotar qualquer linha de conduta
que não lhes seja vedada pela ordem jurídica. O particular tem liberdade de contratar, pautando-se
por preferências pessoais. A propriedade privada investe seu titular no poder de usar, fruir e dispor do
bem. As relações jurídicas dependem do consenso entre as partes. E a responsabilidade civil, como
regra, é subjetiva. Violado um direito na esfera privada, seu titular tem a faculdade de defendê-lo, e
para tanto deverá ir a juízo requerer a atuação do Estado no desempenho de sua função jurisdicional.

Já o regime jurídico de direito público funda-se na soberania estatal, no princípio da legalidade e


na supremacia do interesse público. A autoridade pública só pode adotar, legitimamente, as condutas
determinadas ou autorizadas pela ordem jurídica. Os bens públicos são, em linha de princípio,
indisponíveis e, por essa razão, inalienáveis. A atuação do Estado na prática de atos de império
independe da concordância do administrado, que apenas suportará as suas competências, como
ocorre na desapropriação. Os entes públicos, como regra, somente poderão firmar contratos
mediante licitação e admitir pessoal mediante concurso público. E a responsabilidade civil do
estado é objetiva. Violada uma norma de direito público, o Estado tem o poder-dever – não a
faculdade – de restabelecer a ordem jurídica vulnerada. Além disso, normalmente os atos do Poder
Público são auto-executáveis, independendo de intervenção judicial. Os atos públicos sujeitam-se a
controles específicos, tanto por parte do próprio Poder que o praticou como dos demais.

No contexto da atuação estatal, vigoram, principalmente, regras e princípios oriundos de um regime


de direito público. O fundamento para tal preponderância é encontrado em preceitos como a
soberania estatal, o princípio da legalidade e a supremacia do interesse público.

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No entanto, há exceções, que permitem a aplicação de normas de direito privado dentro da esfera da
Administração Pública. Cite-se, por exemplo, o art. 54 da Lei nº 8.666/93 (Lei Geral das Licitações), o
qual prevê a aplicação subsidiária de normas de direito privado aos contratos administrativos; e o
inciso II, parágrafo 1º do art. 173 da Carta Magna, que prevê a criação de empresas públicas e
sociedades de economia mista (entes pertencentes à Administração Pública Indireta) sob o regime de
direito privado, respeitados os requisitos gerais estabelecidos pelo caput do mesmo dispositivo:
“imperativos da segurança nacional” ou “relevante interesse coletivo”.

Ademais, Maria Sylvia Zanella Di Pietro[6] lembra ainda que é preciso diferenciar o regime jurídico da
Administração Pública do regime jurídico administrativo, pois as normas aplicadas, a cada um desses
regimes, são distintas.

A expressão regime jurídico da Administração Pública é utilizada para designar, em sentido


amplo, os regimes jurídicos de direito público e de direito privado a que pode submeter-se a
Administração Pública. Já a expressão regime jurídico administrativo é reservada tão-somente
para abranger o conjunto de traços, de conotações, que tipificam o Direito Administrativo, colocando a
Administração Pública numa posição privilegiada, vertical, na relação jurídico-administrativa.

Em outras palavras, o regime jurídico utilizado pela Administração Pública é mais amplo, pois
abrange tanto as normas de direito público quanto as de direito privado.

No entanto, quando se fala em regime jurídico administrativo, está se diante de uma relação de
subordinação jurídica entre Administração e administrado, a qual objetiva o atendimento do interesse
público. Trata-se, em poucas palavras, de um poder-dever conferido à Administração sempre que for
atuar no seio da sociedade.

Novamente, Maria Sylvia Zanella Di Pietro contribui ao alertar para a possibilidade de uma atuação
bipolar da Administração Pública dentro do regime jurídico administrativo. Este regime imprime,
também, certas prerrogativas e algumas restrições de observância obrigatória pelos administradores.
Nas palavras da autora, há uma bipolaridade do Direito Administrativo: liberdade do indivíduo e
autoridade da Administração; restrições e prerrogativas. Para assegurar-se a liberdade, sujeita-se a
Administração Pública à observância da lei; é a aplicação ao direito público, do princípio da
legalidade. Para assegurar a autoridade da Administração Pública, necessária a consecução de seus
fins, são-lhe outorgados prerrogativas e privilégios que lhe permitem assegurar a supremacia do
interesse público sobre o particular.

[...]

ao lado das prerrogativas, existem determinadas restrições a que está sujeita a Administração, sob
pena de nulidade do ato administrativo e, em alguns casos, até mesmo da responsabilização da
autoridade que o editou. Dentre tais restrições, citem-se a observância da finalidade pública, bem
como os princípios da moralidade administrativa e da legalidade, a obrigatoriedade de dar publicidade
aos atos administrativos e, como decorrência dos mesmos, a sujeição à realização de concursos para
seleção de pessoal e de concorrência pública para a elaboração de acordos com particulares.

Ao mesmo tempo em que as prerrogativas colocam a Administração em posição de supremacia


perante o particular, sempre com o objetivo de atingir o benefício da coletividade, as restrições a que
está sujeita limitam a sua atividade a determinados fins e princípios que, se não observados,
implicam desvio de poder e conseqüente [sic] nulidade dos atos da Administração.

Esta ideia de regime jurídico administrativo, por sua vez, não é uma exclusividade da doutrina
pátria.[12]Numa análise de Direito Comparado, a doutrina de José Roberto Dromi serve de exemplo
para se entender como é bem difundida e sedimentada, dentro do Direito Administrativo vigente em
outros ordenamentos jurídicos, a expressão regime jurídico administrativo: “El régimen jurídico de la
función administrativa comprende las formas jurídicas y los principios jurídicos del obrar administrativo
estatal”.

Mutatis mutandis, o termo “régimen jurídico de la función administrativa” é similar ao regime jurídico
administrativo apresentado pela doutrina pátria. Em poucas palavras, pode-se concluir que este
regime traduz-se num conjunto normativo, ou melhor, no “ponto nuclear de convergência e
articulação de todos os princípios e normas de direito administrativo”.

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Dos Princípios Basilares Da Administração Pública

O regime jurídico administrativo apresentado se delineia sobre dois princípios basilares: a supremacia
do interesse público e a indisponibilidade, pela Administração, dos interesses públicos.

A caracterização destes princípios é importante, uma vez que eles delineiam toda uma disciplina
normativa peculiar para o ramo do Direito Administrativo. São, na prática, verdadeiras “pedras de
toque” para a atuação da Administração Pública.

Cabe, então, direcionar o presente estudo para a análise destes princípios nos tópicos seguintes.

Supremacia Do Interesse Público Sobre O Privado

O princípio da supremacia do interesse público sobre o privado é o sustentáculo de uma série de


atuações da Administração Pública, tais como:

a auto-executoriedade, a autotutela, o poder de expropriar, o de requisitar bens e serviços, o de


ocupar temporariamente imóvel alheio, o instituir servidão, o de aplicar sanções administrativas, o de
alterar unilateralmente os contratos, o de impor medidas de polícia. Goza, ainda, de determinados
privilégios como a imunidade tributária, prazos dilatados em juízo, juízo privativo, processo especial
de execução, presunção de veracidade de seus atos.

De início, cabe ressalvar que qualquer entendimento adequado do princípio da supremacia do


interesse público perpassa antes pela definição do que vem a ser o intitulado interesse público. Celso
Antônio Bandeira de Mello ensina que este instituto pode “ser conceituado como o interesse
resultante do conjunto dos interesses que os indivíduos pessoalmente têm quando considerados em
sua qualidade de membros da Sociedade e pelo simples fato de o serem”.

Assim sendo, percebe-se que o interesse que prevalece não é o da Administração em si, mas sim o
da coletividade.

Outra elucidação necessária para o prosseguimento deste estudo é a distinção entre o interesse
público primário e o interesse público secundário. Aquele pode ser entendido como o “plexo de
interesses dos indivíduos enquanto partícipes da Sociedade”. Este, por sua vez, apresenta-se como
os interesses que são peculiares do Estado, o qual é concebido em sua mera individualidade, ou
seja, traduzem-se nos interesses peculiares da pessoa jurídica, o Estado, os quais só poderão
prevalecer se “não se chocarem com os interesses públicos propriamente ditos”, isto é, os primários.

Feitas as definições acima, já se pode definir melhor o que vem a ser o chamado princípio da
supremacia do interesse público, a saber:

O princípio da supremacia do interesse público sobre o interesse privado é princípio geral de Direito
inerente a qualquer sociedade. É a própria condição de sua existência. Assim , não se radica em
dispositivo específico algum da Constituição, ainda que inúmeros aludam ou impliquem
manifestações concretas dele, como, por exemplo, os princípios da função social da propriedade, da
defesa do consumidor ou do meio ambiente (art. 170, III, V e VI), ou tantos outros. Afinal, o principio
em causa é um pressuposto lógico do convívio social. Para o Direito Administrativo interessam
apenas os aspectos de sua expressão na esfera administrativa. Para não deixar sua sem referência
constitucional algumas implicações concretas especificamente dispostas na Lei Maior e pertinentes
ao Direito Administrativo, basta referir aos institutos da desapropriação e da requisição (art. 5º, XXIV
e XXV), nos quais é evidente a supremacia do interesse público sobre o interesse privado.

Marcos Juruena Villela Souto, nesta linha, pondera que

Tal princípio resulta numa posição privilegiada do órgão encarregado de zelar pelo interesse público e
de exprimi-lo em relações com os particulares, nas quais assume posição de supremacia, encarnada
em benefício e privilégios, com vistas ao atendimento da finalidade da Administração. Essa
supremacia autorizam, por exemplo, o uso da força sobre o particular, a imposição de tributos, a
intervenção sobre a propriedade, a regulação da atividade econômica e a existência de cláusulas
exorbitantes nos contratos administrativos.

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Apesar da completude das palavras dos autores acima, cabe destacar ainda que a atuação estatal se
consubstancia numa posição de superioridade sobre o particular (supremacia), que inexiste em uma
relação exclusivamente entre particulares. “Isto significa que a Administração Pública possui
prerrogativas ou privilégios, desconhecidos na esfera do direito privado”.

Enfim, estas prerrogativas da Administração têm como finalidade o interesse público, a qual é o
próprio pressuposto de uma ordem social estável, do contrário, a ação estatal será viciada, inválida e
passível de controle judicial.

No âmbito das licitações, Lucas Rocha Furtado aduz que a “potestade da Administração Pública de
anular ou revogar a licitação é exemplo da supremacia do interesse públicos sobre o interesse dos
particulares envolvidos”.

Por fim, José dos Carvalho Filho lembra que o princípio em análise vem sendo relativizado, com uma
argumentação “no sentido da primazia de interesses privados com suporte em direitos fundamentais
quando ocorrem determinadas situações específicas”.Conquanto, este mesmo autor pondera bem ao
concluir que esta “’desconstrução’ do princípio [da supremacia do interesse público] espelha uma
visão distorcida e coloca em risco a própria democracia”.

Indisponibilidade, Pela Administração, Dos Interesses Públicos

Uma definição exemplar para se entender o que o princípio em análise exprime é dada por Cirne
Lima citado por Celso Antônio Bandeira de Mello: “Administração é a ‘atividade do que não é senhor
absoluto’”. A simplicidade e completude desta assertiva é a sua maior riqueza, pois o administrador,
em regra, gerencia aquilo que não tem a propriedade, bem como sobre esta ação deve prestar conta
para o real proprietário: a coletividade.

De certo modo, esta é a realidade da Administração, ou seja, servir de curador para os interesses
públicos na estrita observância do que predispuser “a intentio legis”. Marcos Juruena Villela
Souto expõe que os interesses qualificados como próprios da coletividade são inapropriáveis,
cabendo “ao órgão que os representa apenas [...] curá-los, na estrita conformidade do que dispuser a
lei”.

Novamente, impõe se a lição de Celso Antônio Bandeira de Mello sobre o que vem a ser o princípio
ora estudado, in verbis:

Em suma, o necessário – parece-nos – é encarecer que na administração os bens e os


interesses não se acham entregues à livre disposição da vontade do administrador. Antes, para este,
coloca-se a obrigação, o dever de curá-los nos termos da finalidade a que estão adstritos. É a ordem
legal que dispõe sobre ela.

Cabe ressalvar, ainda, que o titular dos interesses públicos não é a Administração, mas o Estado, que
se divide nas três funções clássicas: Legislativo, Executivo e Judiciário.

Completando e ratificando as definições apresentadas, Hely Lopes Meirelles ensina que:

O princípio da indisponibilidade do interesse público, segundo o qual a Administração Pública não


pode dispor deste interesse geral nem renunciar a poderes que a lei lhe deu para tal tutela, mesmo
porque ela não é titular do interesse público, cujo titular é o Estado, que, por isso, mediante lei poderá
autorizar a disponibilidade ou a renúncia.

Nesta linha e um pouco além, José dos Santos Carvalho Filho ressalta os pontos apresentados e
aproveita ainda para acrescentar o papel da licitação pública dentro do princípio indisponibilidade,
pela Administração, dos interesses públicos. Nas palavras deste autor, os bens e interesses públicos
não pertencem à Administração nem a seus agentes. Cabe-lhes apenas geri-los, conservá-los e por
eles velar em prol da coletividade, esta sim verdadeira titular dos direitos e interesses públicos.

O princípio da indisponibilidade enfatiza tal situação. A Administração não tem a livre disposição dos
bens e interesses públicos, por que atua em nome de terceiros. Por essa razão é que os bens
públicos só podem ser alienados na forma em que a lei dispuser. Da mesma forma, os contratos
administrativos reclama, como regra, que realize licitação para encontrar quem possa executar
obras e serviços de modo mais vantajoso para a Administração.

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O princípio parte, afinal, da premissa de que todos os cuidados exigidos para os bens e interesse
públicos trazem benefícios para a própria coletividade.

Basicamente, a coletividade é a proprietária dos bens e dos interesses públicos, enquanto que o
Estado exerce apenas a titularidade. Este mesmo Estado, por sua vez, se organiza através de
funções (Legislativo, Executivo e Judiciário), conforme se verá mais à frente. Sendo que, dentre estas
funções, cabe sobretudo a função administrativa o exercício e a proteção destes interesses públicos
indisponíveis, “mediante o conjunto de órgãos (chamados administração, em sentido subjetivo ou
orgânico), veículos da vontade estatal consagrada em lei”.

Portanto, a regra é a indisponibilidade, ou seja, a Administração deve balizar toda sua atuação sobre
o fato de que administra a propriedade de terceiros, ou melhor, os bens e interesses da coletividade.

Regime Jurídico‐Administrativo

O Regime Jurídico Administrativo consiste no conjunto de regras, normas e princípios que estruturam
a Administração Pública, sempre evidenciando a supremacia do interesse público sobre o interesse
particular. Basicamente, visando a “integridade” da coisa pública, referido regime tem a finalidade de
nortear as atividades desempenhadas pelos seus agentes.

Segundo Marçal Justen Filho, “o regime jurídico de direito público consiste no conjunto de normas
jurídicas que disciplinam o desempenho de atividades e de organizações de interesse coletivo,
vinculadas direta ou indiretamente à realização dos direitos fundamentais, caracterizado pela
ausência de disponibilidade e pela vinculação à satisfação de determinados fins.”

Cumpre ressaltar que a Administração Pública deve sempre buscar o bem estar coletivo e, para
tanto, deve obedecer estritamente tanto os princípios expressos quanto os princípios implícitos que
regem sua atuação.

Princípios Expressos E Implícitos Da Administração Pública

Princípios Expressos:

Perante a doutrina temos os princípios do Direito Administrativo, que são acolhidos pela Constituição
Federal de 1988, sendo eles; a legalidade, a impessoalidade, a moralidade, a publicidade e a
eficiência.

Limpe

Princípio da legalidade: A administração pública esta vinculada à lei. Só pode fazer o que a lei
autoriza, ou seja, se não tem lei não pode fazer.

Princípio da impessoalidade: A administração tem que tratar todos de forma igual sem
discriminações ou benefícios. O ato administrativo e público não pode tem influência de interesses
pessoais.

Princípio da moralidade: Atuar com ética, com integridade de caráter, com honestidade.

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Princípio da publicidade: Agir com transparência afim que todos saibam o que esta sendo feito.
Toda a informação deve ser divulgada, com exceção as de segurança nacional, defesa da intimidade
e interesse social.

Princípio da eficiência: Atuar de forma rápida e precisa satisfazendo plenamente a necessidade da


população.

Princípios Implícitos

Princípio Da Supremacia Do Interesse Público

havendo conflito de interesses, prevalece sempre o interesse público. É o princípio que determina
privilégios jurídicos e um patamar de superioridade do interesse público sobre o particular

Princípio Da Indisponibilidade Do Interesse Público:

O interesse público não pode ser livremente disposto pelo administrador que, NECESSARIAMENTE,
deve atuar nos limites da lei.

Ex.: A LICITAÇÃO É OBRIGATÓRIA; é interesse público qualificado, indisponível. O administrador


não pode dispor.

Em virtude da grande vantagem que a Administração tem sobre os administrados, o Princípio da


Indisponibilidade do Interesse Público estabelece que o Poder Estatal é um Poder-Dever.

Desta forma, a Administração não pode se afastar do interesse público. Este princípio é uma forma
de controle do Estado.

A indisponibilidade do interesse público contrabalanceia a supremacia do interesse público.

Esses dois princípios são chamados de Pedras de Toque pelo professo Celso Antônio Bandeira de
Melo.

Por exemplo, um prefeito não pode deixar de arrecadar o IPTU na cidade sob sua gestão, em razão
da sua simples vontade, haja vista que a arrecadação tributária é de interesse público indisponível.

Princípio Da Continuidade Dos Serviços Públicos

Os serviços públicos são imprescindíveis ao bem estar da sociedade.

Por isso, em regra, eles não podem sofrer interrupções.

Lembre-se dos serviços de segurança e saúde públicas para saber o quanto precisamos de serviços
estatais. Sem eles, o caos se instalaria.

O Supremo Tribunal Federal já decidiu que, em caso de greve de servidores, o ponto deles pode ser
cortado, isto é, eles podem ficar sem receber remuneração nos dias referentes ao período de greve.
Mas se houver compensação de horários, não haverá desconto na remuneração.

Princípio Da Presunção De Legitimidade:

Os atos da Administração presumem-se legítimos, até prova em contrário (presunção relativa ou juris
tantum – ou seja, pode ser destruída por prova contrária.)

Finalidade:

Toda atuação do administrador se destina a atender o interesse público e garantir a observância das
finalidades institucionais por parte das entidades da Administração Indireta. A finalidade pública
objetivada pela lei é a única que deve ser perseguida pelo administrador. A Lei, ao atribuir
competência ao Administrador, tem uma finalidade pública específica. O administrador, praticando o
ato fora dos fins, expressa ou implicitamente contidos na norma, pratica DESVIO DE FINALIDADE.

Autotutela:

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A Administração tem o dever de zelar pela legalidade e eficiência dos seus próprios atos. É por isso
que se reconhece à Administração o poder e dever de anular ou declarar a nulidade dos seus
próprios atos praticados com infração à Lei.

• A Administração não precisa ser provocada ou recorrer ao Judiciário para reconhecer a nulidade
dos seus próprios atos;

• A Administração pode revogar os atos administrativos que não mais atendam às finalidades
públicas – sejam inoportunos, sejam inconvenientes – embora legais.

• Em suma, a autotutela se justifica para garantir à Administração: a defesa da legalidade e eficiência


dos seus atos; nada mais é que um autocontrole;

Razoabilidade:

Os poderes concedidos à Administração devem ser exercidos na medida necessária ao atendimento


do interesse coletivo, sem exageros. O Direito Administrativo consagra a supremacia do interesse
público sobre o particular, mas essa supremacia só é legítima na medida em que os interesses
públicos são atendidos. Exige proporcionalidade entre os meios de que se utilize a Administração e
os fins que ela tem que alcançar. Agir com lógica, razão, ponderação. Atos discricionários.

Fonte: Jus Brasil, tudo sobre concursos e portal concurso público

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