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DIREITO Lucinalda Carneiro Lima

ADMINISTRATIVO
O QUE É DIREITO
ADMINISTRATIVO?
O Direito Administrativo é o ramo do Direito que estuda as funções e atividades
administrativas do Estado. Ele engloba a legislação brasileira que dispõe sobre os
órgãos e agentes que compõem os aparelhos estatais na prestação de serviços
públicos e princípios.
A Constituição da República traça o perfil de Administração Pública, ditando os seus
princípios básicos, regula a forma de acesso aos cargos, empregos e funções
públicas, estabelece as acumulações vedadas, a obrigatoriedade de licitação, a
possibilidade de constituição de empresas estatais, a prestação de serviços públicos,
dentre outras tantas normas aplicáveis à Administração Pública direta e indireta.
O PROFESSOR MIGUEL REALE (2006) TAMBÉM NOS PRESENTEIA COM SUA DEFINIÇÃO:

Muito ligado ao Direito Constitucional, põe-se o Direito Administrativo. O Estado Moderno


distingue-se pela discriminação de três poderes, que não são rigorosamente independentes, mas
autônomos, embora mantendo entre si relações íntimas de necessária cooperação. Dos três poderes,
um existe, cuja função primordial é executar serviços públicos em benefício da coletividade: é o
poder que outros autores propõem se denomine ‘Poder Administrativo’, mas que é mais próprio
denominar Executivo. (…) O Direito Administrativo, de certa maneira, é o Direito dos serviços
públicos e das relações constituídas para a sua execução.

A atividade do Estado pode ser de várias espécies: ora é legislativa, para a edição de normas legais
de organização e de conduta; ora é jurisdicional, como quando o juiz toma conhecimento de uma
demanda e profere a sua decisão; ora é de cunho administrativo, para consecução de objetivos da
comunidade que o Estado executa como próprios. Essa terceira forma de atividade, muito embora
deva conter-se nos limites da lei, não tem por fim realizá-la, como pretendem os adeptos da
concepção do Direito Administrativo em termos técnico-jurídicos.
OBJETIVO
Seu objetivo é traçar os limites dos poderes delegados aos
órgãos da administração pública, conferindo as atribuições e
vantagens a seus componentes e lhes indicando a maneira por
que devem realizar os atos administrativos e executar todos os
negócios pertinentes à administração e aos interesses de ordem
coletiva, inclusos em seu âmbito.
O Direito administrativo, no desempenho de sua precípua finalidade, triparte-se em
aspectos diferentes, dos quais surgem: o Direito Administrativo, propriamente dito, o
Direito Financeiro e o Direito Tributário, que, embora estreitamente entrelaçados no
cumprimento de seu objetivo, apresentam-se definidos pela soma de regras que se
fazem fundamentais a cada uma destas subdivisões.

O Direito Administrativo, propriamente, cuida mais principalmente dos serviços de


ordem pública e de interesse coletivo, segundo os quais dá execução aos planos de
difusão e fomento, estabelecidos pelo poder público, para desenvolvimento e
grandeza do Estado, deixando aos Financeiro e Tributário, que cuidem ou zelem por
esta parte privativa ao estabelecimento de normas financeiras oriundas do poder
financeiro do Estado, e ao estabelecimento de regras promotoras da realização das
rendas públicas.
Apesar de guardar relação com outros ramos
do Direito, o Direito Administrativo é
autônomo, com um conjunto de regras e
princípios próprios, denominado regime
jurídico-administrativo.
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

É importante mencionar o que são princípios para a concepção jurídica. Diferente da definição que
encontramos no dicionário (Princípio = razão, começo, início), vejamos a definição de Miguel
Reale (2006):

Princípios são enunciações normativas de valor genérico, que condicionam e orientam a


compreensão do ordenamento jurídico, a aplicação e integração ou mesmo para a elaboração de
novas normas. São verdades fundantes de um sistema de conhecimento, como tais admitidas, por
serem evidentes ou por terem sido comprovadas, mas também por motivos de ordem prática de
caráter operacional, isto é, como pressupostos exigidos pelas necessidades da pesquisa e da práxis.
O princípio é o fundamento de uma norma jurídica, ou seja, são os pilares que sustentam o Direito
e que não estão definidas em nenhum Lei, em nenhum diploma Legal. Ele inspira os legisladores
ou outros agentes responsáveis pela criação da norma, a tratarem de certos assuntos por causa de
certos motivos.
PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DO
INTERESSE PÚBLICO

Trata-se da supremacia do interesse público sobre o interesse privado. Ou seja, o


interesse público sempre estará acima do interesse privado, não importa o que seja.
Portanto, havendo conflito de interesses na interpretação da norma jurídica, o
administrador deverá prezar pelo interesse da coletividade (dos cidadãos como um
todo).
De forma mais técnica, podemos dizer que este Princípio fundamenta a existência
das prerrogativas da Administração Pública. É certo que, para que o Estado atinja
suas finalidades, é necessário que disponha de poderes que não são permitidos aos
particulares. Isso é extremamente importante, pois, na existência de conflitos entre o
interesse público e o interesse particular, o público deve prevalecer.
Porém, o Estado deve sempre agir dentro dos limites legais, por isso existem tantas
regras para a atuação dos órgãos e agentes que compõem o aparelho estatal
Porém, o Estado deve sempre agir dentro dos limites legais, por isso existem tantas
regras para a atuação dos órgãos e agentes que compõem o aparelho estatal.
É por isso, por exemplo, que para cargos públicos (que mexam com dinheiro
público, prestem serviços indispensáveis ao bom andamento da comunidade, por
exemplo) é necessário prestar concurso público. Ao passar na prova, os servidores
demonstram que conhecem a Lei e irão buscar atingir os interesses da população.

Isso não significa que o Estado possa violar direitos assegurados aos particulares.
Um bom exemplo disso é o caso da desapropriação. Nessa situação o Poder
Público pode, diante da necessidade pública, desapropriar o bem de uma pessoa
(para construir um metrô ou aumentar uma rodovia, por exemplo), mas a pessoa
que tiver seu bem desapropriado sempre terá direito a uma indenização pelo Poder
Público
PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE DO
INTERESSE PÚBLICO

Já vimos no item acima que ao atuar, a Administração Pública deve sempre ter em vista o
interesse público, de acordo com as normas legais. No entanto, não é dada ao administrador
liberdade para realizar atividades sem que uma norma preveja tal atividade.
Ou seja, a própria administração deve se pautar e obedecer a limites impostos pelo
ordenamento jurídico vigente.
O administrador deve sempre buscar o interesse público, sem, no entanto, poder dispor de
bens, direitos e interesses públicos. O poder de dispor, ou seja, alienação de bens, renúncia
de direitos ou transação com o interesse público, sempre depende de lei que o permita.
A vontade do agente público deve ser a vontade da lei, e não a própria. Nesse caso, o
concurso público também seria um bom exemplo, mas pelo motivo de que, para nomear
alguém a um cargo efetivo, o administrador deve seguir as regras do interesse público.
INTERESSES PÚBLICOS PRIMÁRIOS E
INTERESSES PÚBLICOS SECUNDÁRIOS

Interesse Público Primário é aquele que o Estado


deve efetivamente alcançar – como segurança, saúde,
transporte;

Interesse Público Secundário se refere aos meios


que o Estado deve utilizar para atingir o interesse
público primário.
Por exemplo, a construção de um hospital guarda relação com a saúde (interesse
primário), mas deve ser precedida de uma licitação para escolher a empresa que o
construirá (interesse secundário).

Os interesses públicos primários são os interesses diretos do povo, os interesses


gerais imediatos. Já os secundários são os interesses imediatos do Estado na
qualidade de pessoa jurídica, titular de direitos e obrigações. Estes interesses são
aqueles considerados como meramente patrimoniais, em que o Estado busca
aumentar sua riqueza, ampliando receitas ou evitando gastos.
PRINCÍPIOS GERAIS DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Conforme já foi dito, os princípios são as vigas mestras do ordenamento jurídico.


Tanto a Administração Pública direta como a indireta (autarquias, fundações, empresas
públicas, sociedades de economia mista), bem como as atividades administrativas de
todos os Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), devem observar e respeitar os
princípios.
O desrespeito a um princípio é tão grave quanto a transgressão de uma lei, há casos
em que são considerados mais graves do que isso.
A Constituição Federal (CF), em seu artigo 37, apresenta os Princípios Gerais da
Administração Pública, e que são mais relevantes, senão vejamos:
A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (…).
Legalidade
Impessoalidade
Moralidade
Publicidade
Eficiência
LEGALIDADE

O Princípio Geral da Legalidade pressupõe que a atividade do administrador deva


estar pautada, sempre, com base na lei. O administrador só poder fazer o que a lei
permite. Há quem diga que é um dos mais importantes princípios do Direito, pois
tem a função de limitar a atuação do Estado.
De acordo com o professor Hely Lopes Meirelles (2003):
Na Administração Pública não há liberdade nem vontade pessoal. Enquanto na
administração particular é lícito fazer tudo o que a lei não proíbe, na Administração
Pública só é permitido fazer o que a lei autoriza. A lei para o particular significa
‘pode fazer assim’; para o administrador público significa ‘deve fazer assim’.
IMPESSOALIDADE

O Princípio Geral da Impessoalidade pode ser analisado sob vários aspectos. Um


deles determina que, como a Administração Pública tem como finalidade o interesse
público, o administrador público não pode usar do cargo para satisfazer e/ou
privilegiar interesse de cunho particular ou de terceiros (chamado “princípio da
finalidade”).
Outro aspecto consiste em que a Administração Pública não pode ser utilizada para a
promoção do agente sobre sua realização administrativa. Conforme § 1º, do artigo 37
da CF:
A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos
deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo
constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de
autoridades ou servidores públicos.
A impessoalidade também pode ser analisada
pelo fato de que o ato é atribuído ao órgão ou à
entidade estatal, e não ao agente que o praticou.
Por fim, a impessoalidade prega que ao atuar
dessa forma, a Administração Pública deve
tratar com igualdade a todos (“isonomia”).
MORALIDADE

A Administração Pública deve se pautar em padrões éticos e, prezar pela prevalência


da moralidade, boa-fé e probidade nos préstimos do serviço público. não basta o ato
ser legal e impessoal: deve ser moral. A honestidade é um requisito que deve
incorporar a atuação pública.
Esse princípio da moralidade está eficientemente protegida no artigo 5º, LXXIII, da
CF, que trata da ação popular:
Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato
lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o
autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência.
CF/1988
O § 4º do art. 37 da CF, que trata da improbidade
administrativa, enumera quatro responsabilidades:
Os atos de improbidade administrativa importarão
a suspensão dos direitos políticos, a perda da função
pública, a indisponibilidade dos bens e o
ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas
em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
PUBLICIDADE

Esse princípio visa dar transparência à Administração Pública, possibilitando o


conhecimento das atividades administrativas, bem como seu controle e sua
fiscalização. Dessa forma, a publicidade dispõe ao administrado a obtenção de
certidões, informações, atestados, desde que de acordo com a lei.
Os atos públicos devem possuir ampla divulgação, de forma a evidenciar essa
transparência dos atos da Administração Pública para com os administrados. Há
casos de exceção, onde ocorre o sigilo dos atos. São casos de: sigilo imprescindível à
segurança da sociedade e do Estado, bem como sigilo necessário à defesa da
intimidade e honra do particular.
Portanto, tal princípio não possui caráter absoluto. A Constituição
Federal, em seu artigo 5º, XXXIII, apresenta a seguinte regra e as
exceções:

Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu


interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão
prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas
aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do
Estado.
EFICIÊNCIA
A eficiência era um princípio implícito. Com a Emenda
Constitucional 19/98 (Reforma Administrativa), passou a ser um
princípio explícito, que dispõe que a Administração Pública deve
atuar de forma objetiva, procurando sempre utilizar os recursos
públicos da melhor maneira, podendo assim, economizar recursos
públicos.
Nas palavras de Roberto Bordalo (2011), “o administrador deve
agir da melhor maneira possível”, evitando gastos desnecessários
no melhor, e menor tempo possível, sem deixar de lado os demais
princípios da Administração Pública. Esse processo abrange tanto
os meios como os resultados.
Outros Princípios

Existem outros princípios que se desdobram desses principais, como


por exemplo o princípio da permanência ou continuidade (art. 6º, § 3º
da Lei nº 8.987/95); princípio da motivação (art. 50 da Lei nº
9.874/99); princípio da autotutela; princípio da tutela; princípio da
segurança jurídica e princípio da razoabilidade, que serão melhor
estudados no item sobre atos administrativos.
FONTES DO DIREITO
ADMINISTRATIVO
São fontes do Direito Administrativo: Leis, Jurisprudência, Costumes e Súmulas
Vinculantes.
Lei: O Direito Administrativo não possui um código próprio como o Direito Civil,
Direito Previdenciário e outros. Ele se pauta em leis esparsas e estatutos. Exemplo: Lei
8.666/1993 (Lei das Licitações); Lei 8112/1990 (Estatuto dos servidores públicos civis
da União).
Jurisprudência: É a decisão reiterada de julgados de um mesmo assunto. São resumos
que servem como fonte de pesquisa para aplicabilidade de normas dentro do Direito
Administrativo. Súmulas vinculantes se encaixam muito bem nesse conceito, pois são
interpretações jurídicas que auxiliam tribunais no tratamento de matérias parecidas.
Costumes: São regras não escritas que suprem a ausência de regra legislativa descrita
em códigos e estatutos. São aceitos dentro de uma sociedade, e levam em conta a
cultura onde esses costumes são aplicados.
ORGANIZAÇÃO DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
É necessário que exista uma estrutura organizada para que o
Estado possa desenvolver sua função administrativa.
Portanto, a Administração Pública compreende um conjunto
de entidades e órgãos incumbidos de realizar as atividades
administrativas. Existem três formas para exercer as
atividades administrativas:
Centralizada: diretamente pelo ente político competente
(União, Estado, Município, Distrito Federal), por meio de
seus órgãos e agentes.
ÓRGÃOS PÚBLICOS

Podemos conceituá-los como entes da Administração Pública munidos de


responsabilidade jurídica e capacidade técnica para a execução e prestação
de serviços públicos.
Encontram-se presentes na administração direta e indireta. É através dos
órgãos que ocorre a desconcentração na administração pública.
Conforme diz Hely Lopes Meirelles (2003):
Órgãos públicos são centros de competência instituídos para o
desempenho de funções estatais, através de seus agentes, cuja atuação é
pautada à pessoa jurídica a que pertencem. São unidades de ação com
atribuições específicas na organização estatal.
Descentralizada: distribuída a outras entidades (outras
pessoas jurídicas ou físicas). Pode ser por Delegação (Poder
Público transfere a execução de determinado serviço, por
exemplo as concessionárias) ou por Outorga (Poder Público
transfere a titularidade do serviço, por meio de autarquias,
fundações, empresas públicas, sociedades de economia
mista).

Desconcentração: resultado da criação de órgãos públicos


dentro de uma mesma pessoa jurídica, em que se repartem
internamente as atribuições e se estabelece a subordinação
hierárquica.
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
DIRETA
Os entes que constituem a Administração Direta são a União,
os Estados, o Distrito Federal e os municípios. Unidos
formam a República Federativa do Brasil, nos termos do art.
18 da Constituição Federal. Possuem autonomia política,
administrativa e financeira. Ainda, possuem bens públicos,
portanto não podem ser objeto de penhora.

São exemplos de órgão da Administração Pública Direta os


ministérios, Polícia Federal, Secretaria da Receita Federal.
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
INDIRETA
Os entes que constituem a Administração Indireta são as Autarquias, as Empresas Estatais
(Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista) e as Fundações Públicas. Possuem
personalidade jurídica própria. Possuem patrimônio e receita próprios. Não têm autonomia
política. Possuem autonomia administrativa, técnica e financeira.
As autarquias são pessoas jurídicas de direito público, criadas por lei por força do art. 37,
inciso XIX, da CF, que dispõe: “somente por lei específica poderá ser criada autarquia”.
São exemplos de autarquia:
INSS
IBAMA
Banco Central
INCRA
Quando a autarquia celebra contrato de gestão com o Poder
Executivo, para aumentar a eficiência, é chamada de Agência
Executiva, nos termos dos arts. 51 e 52, da Lei nº 9.649/98.
As agências reguladoras são constituídas sob forma de “autarquia
especial”, dotadas de uma liberdade maior para a regulação de
setores da sociedade. São exemplos de agências reguladoras:

Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel);


Agência Nacional de Aviação Civil (Anac);
Agência Nacional do Petróleo (ANP).
As Empresas Estatais são pessoas jurídicas de direito privado, com as seguintes diferenças: a
empresa pública utiliza somente capital público e pode ser organizada por qualquer tipo societário,
como sociedade limitada, sociedade anônima, etc; por outro lado, a sociedade de economia mista
possui capital misto (parte público, parte privado) e somente pode ser sociedade anônima (S/A). Lei
específica autoriza a instituição de empresa pública e sociedade de economia mista.

São exemplos de empresa pública: Caixa Econômica Federal, Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos, INFRAERO, BNDES, entre outros. São exemplos de sociedade de economia mista:
Banco do Brasil, Petrobrás, SABESP, entre outras.

Por fim, as Fundações são entidades dotadas de personalidade jurídica, criadas por lei específica,
para o desenvolvimento de atividades de interesse coletivo, de natureza assistencial, educacional,
pesquisa, etc. São exemplos: FUNAI, IBGE, Universidade de Brasília (UnB).

A lei somente autoriza a criação de um ente fundacional, nos termos do art. 37, XIX, da CF.
Conforme este artigo, lei complementar deverá definir as áreas em que poderá atuar a fundação.
PODERES ADMINISTRATIVOS
Os poderes administrativos são dispositivos legais que a Administração tem para
impor obrigações e garantir deveres aos cidadãos que estão sob sua tutela.
Veja o que diz Hely Lopes Meirelles (2003):
Os Poderes Administrativos nascem com a Administração e se apresentam
diversificados segundo as exigências do serviço público, o interesse da coletividade
e os objetivos a que se dirigem.
Dentro dessa diversidade, são classificados, consoante a liberdade da Administração
para a prática de seus atos, em poder vinculado e poder discricionário; segundo
visem ao ordenamento da Administração ou à punição dos que a ela se vinculam,
em poder hierárquico e poder disciplinar; diante da finalidade normativa,
em poder regulamentar; e, tendo em vista seus objetivos de contenção dos direitos
individuais, em poder de polícia.
Poder Vinculado: Modalidade de poder em que não há margem de escolha para o
agente público. Ou seja, ele deve seguir exatamente as determinações e trâmites
previstos em lei.

Poder Discricionário: Modalidade de poder em que o agente público tem margem de


escolha, maior liberdade na análise de conveniência e oportunidade. Sempre
respeitando os limites da lei.

Poder de Polícia: É a capacidade que a Administração Pública possui de restringir


liberdades e direitos individuais, visando assim, o bem estar social e/ou do Estado.

Poder Disciplinar: É a capacidade que a administração tem de punir infrações


cometidas por seus servidores. Também pune particulares que prestam serviços junto à
Administração Pública.

Poder Regulamentar: São normas, deliberações, portarias e instruções editadas pelo


poder Executivo da União, dos Estados, e dos Municípios.
ATOS ADMINISTRATIVOS
Nas palavras do professor Hely Lopes Meirelles (2003), ato administrativo
é o seguinte:
É toda manifestação unilateral de vontade da Administração Pública que,
agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar,
transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos
administrados ou a si própria.
O ato administrativo corresponde a uma manifestação unilateral de
vontade do Estado (ou de quem esteja atuando em tal função), expedida no
exercício da função administrativa, com base no interesse público e na
legalidade. É um ato jurídico com finalidade pública, é manifestação de
vontade da Administração Pública
São requisitos de um Ato Administrativo:

 Competência: A capacidade que o agente público possui para produzir o ato. Poder legal no
desempenho de suas funções.
 Finalidade: O ato deve sempre ser praticado com uma finalidade pública. O agente público jamais
pode desviar-se de tal finalidade, e seu desvio leva à invalidação do ato.
 Forma: A formação do ato deve seguir as formalidades legais. Trata-se da maneira de
exteriorização do ato, que pode ser por meio de editais, licitações, portarias e etc.
 Motivo: Situação de fato que demanda a necessidade de propositura do ato, ou seja, que levou o
agente a editar o ato.
 Objeto: O conteúdo do ato, as modificações que o mesmo busca alcançar. Constitui o efeito que o
ato deve produzir – por exemplo, conferir um direito, extinguir uma relação. O objeto deve ser
lícito, possível, certo e moral.
São atributos de um Ato Administrativo, ou seja, as particularidades que
o diferenciam dos demais atos jurídicos:

Presunção de legitimidade e veracidade: Permeia-se pelo princípio da legalidade.


Veracidade do ato e consonância com o ordenamento jurídico. O ato, quando
editado, nasce com a presunção de ter sido editado de acordo com a lei e por
autoridade dotada de competência e de serem verdadeiros os fatos suscitados pela
Administração Pública.
Imperatividade (ou coercibilidade): Obrigação de cumprimento do ato. O ato
administrativo pode ser imposto ao particular, sem a necessidade de sua
concordância. Constitui o “poder extroverso” do Estado, por meio do qual este
impõe unilateralmente a sua vontade.
Autoexecutoriedade: Capacidade que a Administração de editar e produzir seus
próprios atos, sem que seja necessário acionar o poder Judiciário ou intervenção de
qualquer outro Poder.
Exigibilidade: Obriga os destinatários a cumprirem o ato.
A Administração Pública pode revogar o Ato Administrativo por motivo de
conveniência e oportunidade. Anular quando detectadas ilegalidades. No
caso de ilegalidade do ato, o Judiciário tem capacidade para anular.
Conforme a Súmula 473 do Superior Tribunal Federal:

A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios


que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-
los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos
adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicia.
Súmula 473/STF

Os Atos Administrativos podem ser realizados por meio de autorização,


permissão e licença, bem como se extinguem mediante cassação,
revogação ou anulação.
AGENTES PÚBLICOS E CONTROLE DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Os agentes públicos são todas as pessoas físicas incumbidas, de maneira definitiva
ou transitória, do exercício de alguma função estatal. Podem ser classificados em:
Agentes políticos, que são aqueles que exercem atividades tipicamente
governamentais, por meio do exercício, regra geral, de um mandato para o qual são
eleitos. São os Chefes do Executivo (Presidente, Governadores e Prefeitos) e seus
respectivos vices, seus auxiliares (Ministros e Secretários) e os membros do
Legislativo (Senadores, Deputados federais e estaduais, e Vereadores).

Servidores Públicos, que na concepção de Celso Antônio Bandeira de Mello (2003),


“abarca todos aqueles que entretêm com o Estado e suas entidades da Administração
indireta, independentemente de sua natureza pública ou privada (autarquias,
fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista) relação de trabalho
de natureza profissional e caráter não eventual sob vínculo de dependência”.
Os servidores públicos abrangem 3 espécies: servidores estatutários
(submetidos ao regime estatutário e titulares de cargos públicos);
empregados públicos (contratados pelo regime trabalhista e ocupantes de
emprego público) e servidores temporários (contratados por tempo
determinado para atender à necessidade temporária de excepcional
interesse público, nos termos do art. 37, inciso IX, da CF).

Podem ter cargo em comissão (cargo de livre nomeação e exoneração),


cargo efetivo (preenchidos requisitos, passa a ter estabilidade) e cargo
vitalício (o vínculo somente pode ser extinto por meio de decisão
judicial transitada em julgado.
Controlar a Administração Pública
Significa verificar se ela está agindo de acordo com os princípios do regime
jurídico-administrativo, atendendo a suas finalidades. Tal controle é composto por
um conjunto de instrumentos estabelecidos pelas normas jurídicas para a execução
por meio dos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. Visa assegurar:

A legitimidade dos atos administrativos;


A coibição dos abusos das condutas funcionais dos agentes públicos;
A defesa dos direitos dos administrados
O Controle Legislativo é o realizado pelo Poder Legislativo, que tem, além
da função de legislar, a função de fiscalizar os atos do Poder Executivo.
Realizado pelas Casas Legislativas (Congresso Nacional, assembleias
legislativas, câmaras legislativas). Exemplos: Convocação de autoridades
(art. 50, CF), Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs – § 3º, art. 58,
CF), Fiscalização financeira e orçamentária (art. 70, CF).

Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou qualquer de suas


Comissões, poderão convocar Ministro de Estado ou quaisquer titulares de
órgãos diretamente subordinados à Presidência da República para
prestarem, pessoalmente, informações sobre assunto previamente
determinado, importando crime de responsabilidade a ausência sem
justificação adequada
Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes e temporárias,
constituídas na forma e com as atribuições previstas no respectivo regimento ou no ato
de que resultar sua criação. (…) § 3º As comissões parlamentares de inquérito, que terão
poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos
regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo
Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de
seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas
conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a
responsabilidade civil ou criminal dos infratores.

Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da


União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade,
legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será
exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle
interno de cada Poder.
O Controle Administrativo é feito no próprio âmbito administrativo, muitas
vezes de forma hierárquica. São exemplos: representação, reclamação
administrativa, pedido de reconsideração, recursos hierárquicos, entre outros.

O Controle Judicial é exercido pelo Poder Judiciário, incluídos


o HabeasCorpus, Habeas Data, Mandado de Segurança, entre outros. A CF,
em seu artigo 5º, inciso LXXIII dispõe que “qualquer cidadão é parte legítima
para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público
ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao
meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo
comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência”.
GRATA

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