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1. INTRODUÇÃO
Na medida em que a Administração Pública seja caracterizada pela gestão de
interesses coletivos comuns e pela utilização de recursos públicos em prol desse fim,
ela deve partir de pressupostos mínimos para que sua atuação seja materialmente
legítima, alinhada aos objetivos que persegue e reconhecida pelo corpo de
administrados que a ela se submete.
À referida cartela de compromissos se deve o reconhecimento de um regime
jurídico de direito público, cujo exercício se respalda e se restringe pelo conjunto de
princípios constitucionais da Administração Pública. Inscritos no caput do art. 37 da
Constituição Federal de 1988, são eles: legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência.
Nesse contexto é que se situa o presente trabalho, cujo objetivo é discutir,
ainda que brevemente, algumas considerações conceituais acerca dos princípios
constitucionais da Administração Pública.
Deve-se esclarecer que muito embora existam princípios da administração
que decorrem da interpretação constitucional e que configuram um corpo de valores
implícitos e não escritos amplamente reconhecido pela doutrina administrativista e
constitucional, estes não foram objeto de estudo no presente trabalho.
2. DESENVOLVIMENTO
A seguir serão indicados na forma de subtópicos os cinco princípios expressos
que regem a Administração Pública no Brasil, de acordo com a ordem prevista pelo
caput do art.37 da Constituição Federal. Em cada um desses tópicos será feita breve
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revisão de literatura a respeito do tema, reservando-se o último parágrafo, em todos
os casos, à uma breve síntese do assunto discutido.
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com isso, estrita observação à idoneidade e probidade de sua conduta, tendo como
horizonte inarredável o pleno atendimento do interesse público.
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dos serviços públicos com presteza, perfeição e rendimento funcional” (CARVALHO
FILHO, 2011, p. 52).
Para Marçal Justen Filho (2014) o princípio em causa se desdobra em quatro
diretrizes fundamentais para a atuação do Poder Público: a) a utilização de recursos
públicos deve ser a mais produtiva possível (eficiência econômica); b) é vedado o
desperdício ou má utilização de recursos destinados à satisfação do interesse público
(dever de otimização dos recursos públicos); c) deve ser perseguida a eficiência
estatal e de sua própria configuração, e; d) é vedada toda espécie de desperdício e
falha na gestão de necessidades coletivas.
Como consequência do princípio:
3. CONCLUSÃO
A partir de todas as considerações tecidas no decorrer do presente estudo é
possível concluir que a expressa indicação de princípios da administração pública na
Constituição Federal de 1988 desempenhou e desempenha um papel fundamental na
construção do estado contemporâneo em todas as suas manifestações. Isso porque,
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de um lado, eles reservam pressupostos mínimos para a atuação administrativa, e, de
outro, flexibilizam o alcance da norma constitucional a todos os atos da administração,
afastando os rigorismos da exegese e estimulando a modernização do Poder Público.
No primeiro momento foi destacado o princípio da legalidade e o papel
fundamental que ele desempenha na fixação de diretrizes para a atuação da
administração pública, impondo deveres, limites e objetivos a serem cumpridos em
prol do atendimento de necessidades coletivas. Além disso, ele garante a
previsibilidade dos atos públicos (sua padronização) e o seu conteúdo, afastando
arbitrariedades e garantindo mínimos substanciais que devem ser cumpridos.
Em sequência, ao ser abordado o princípio da impessoalidade, foi delineado
o distanciamento que o mesmo promove entre assuntos da esfera privada e àqueles
afetos ao interesse público. Foi evidenciada a origem do preceito no direito
fundamental à isonomia e a proibição que dela decorre contra atos da Administração
Pública que, direta ou indiretamente, tivesse por propósito lesar ou beneficiar
indivíduos específicos por motivos estranhos ao estrito interesse público (sem
identidade determinada).
Analisando o princípio da moralidade observou-se o horizonte a que se
persegue na reconstrução da Administração Pública no Brasil após a promulgação da
Constituição Federal de 1988, quando passa a exigir expressamente que o
Administrador Público atue com honestidade, lealdade, boa-fé. Ele excede à
compreensão de uma “moral comum” e busca sua abstração jurídica.
Posteriormente, ao dedicar-se olhos ao penúltimo preceito analisado, princípio
constitucional da publicidade, identificou-se, excepcionalmente, valor estranho ao
conteúdo e forma dos atos públicos, mas fundamental para sua eficácia e validade, e
não poderia ser diferente. Se na gestão dos assuntos relativos à esfera privada a
privacidade é a regra, a administração do interesse público obrigatoriamente há de
ser pública. Somente assim a sociedade administrada pode conhecer os atos
engendrados pela Administração, seu conteúdo e justificativa, para que possa, em
seguida, avaliar se as normas fundamentais e os preceitos que balizam o Poder
Público efetivamente estão sendo respeitados.
Por fim foi discutido o princípio constitucional da eficiência, inovação
constitucional trazida em meados de 1998 visando promover a utilização racional de
recursos públicos (vedando quaisquer desperdícios ou falhas), bem como o
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aprimoramento da máquina pública em prol da qualidade e satisfação dos interesses
públicos atendidos direta ou indiretamente pelo Estado.
REFERÊNCIAS
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 24ª. ed.,
rev. ampl e atual. até 31.12.2010. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. - 27. ed.- São Paulo:
Atlas, 2014.
JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de direito administrativo. – 10. ed., rev., atual. e
ampl. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2014.
MELLO, Celso Antônio Bandeiro de. Curso de Direito Administrativo. 27ª. ed., rev.
e atual. até a Emenda Constitucional 64, de 4.2.2010. – São Paulo: Editora
Malheiros, 2010.
SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. – 25. ed., rev. e
atual. nos termos da Reforma Constitucional, Emenda Constitucional n. 48, de
10.8.2005. – São Paulo: Editora Malheiros, 2005.