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UCM- UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

TEMA: Regimento da administração pública nas suas relações com particulares

ESTUDANTE: ERNESTO CHICO BINZE

CÓDIGO DO ESTUDANTE: 708200781

CURSO DE LICENCIATURA EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

CADEIRA DE TEORIA DE ADMINISTRAÇÃO GERAL

1º ANO

Docente: Rosalina

Gorongosa, Outubro de 2020


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Índice

1. Intruducao---------------------------------------------------------------------------------------------------2

2. O Direito Administrativo ---------------------------------------------------------------------------------3

3. A Administração Pública ---------------------------------------------------------------------------------3

3.1. Os Princípios da Administração Pública ------------------------------------------------------------4

3.1.1. Princípio da Legalidade ------------------------------------------------------------------------------6

3.1.2. Princípio da Impessoalidade -------------------------------------------------------------------------7

3.1.3. Princípio da Moralidade ----------------------------------------------------------------------------7

3.1.4. Princípio da Publicidade ----------------------------------------------------------------------------10

3.1.5. Princípio da Eficiência -----------------------------------------------------------------------------12

4. Considerações Finais -----------------------------------------------------------------------------------14

5. Referências Bibliográficas-----------------------------------------------------------------------------15
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1.Introdução

Administração Pública é o conjunto de órgãos, serviços e agentes do Estado que procura


satisfazer as necessidades da sociedade, tais como educação, cultura, segurança, saúde, dentre
outras áreas. Em outras palavras, Administração Pública é a gestão dos interesses públicos por
meio da prestação de serviços públicos.

Em síntese, pode-se defini-la como sendo o conjunto harmônico de princípios jurídicos que
regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e
imediatamente os fins desejados pelo Estado.

A Administração Pública tem como objetivo trabalhar em favor do interesse público e dos
direitos e interesses dos cidadãos que administra. Ou seja, nela estão duas atividades distintas
como a superior de planejar e a inferior de executar. “Administrar significa não só prestar
serviço executá-lo como, igualmente, dirigir, governar, exercer a vontade com o objetivo de
obter um resultado útil e que até, em sentido vulgar, administrar quer dizer traçar programa de
ação e executá-lo” (DI PIETRO, 2010, p. 44).

Hely Lopes Meirelles compara Governo e Administração da seguinte forma:

Comparativamente, podemos dizer que Governo é atividade política e discricionária; a


Administração é atividade neutra, normalmente vinculada à lei ou à norma técnica. Governo é
conduta independente; Administração é conduta hierarquizada. O Governo comanda com
responsabilidade constitucional e política, mas sem responsabilidade profissional pela
execução; a Administração executa sem responsabilidade constitucional ou política, mas com
responsabilidade técnica e legal pela execução. A Administração é o instrumental de que
dispõe o Estado para pôr em prática as opções políticas do Governo. Isto não quer dizer que a
Administração não tenha poder de decisão. Tem. Mas o tem somente na área de suas
atribuições e nos limites legais de sua competência executiva, só podendo opinar e decidir
sobre assuntos jurídicos, técnicos, financeiros ou de conveniência e oportunidade
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administrativas, sem qualquer faculdade de opção política sobre a matéria. (MEIRELLES,


2010, p. 66.

2. Direito administrativo: conceitos e princípios de administração pública

2.1.    O Direito Administrativo

O Direito Administrativo tem como objeto o estudo do estatuto dos órgãos públicos
administrativos do Estado, assim como a estrutura de suas atividades e serviços públicos. Tem
ainda como objeto a análise dos procedimentos tendentes ao cumprimento das tarefas do Poder
Público.

Para Medauar (2010), o Direito Administrativo é definido como sendo o conjunto de


normas e princípios que regem a atuação da Administração Pública, tratando primordialmente da
organização, meios de ação, formas e relações jurídicas da Administração Pública.

Segundo a autora, o Direito Administrativo é informado por princípios próprios e tem


objeto específico, que é a disciplina da Administração Pública e, sob o ângulo científico,
apresenta-se como ramo autônomo no campo do direito. A Administração Pública exerce o
controle de seus próprios atos, além de sujeitar-se ao controle por parte dos Poderes Legislativo e
Judiciário.

3.    A Administração Pública

A Administração Pública se encontra inserida no Poder Executivo e se trata de um


objeto do Direito Administrativo, podendo ser considerada tanto sob o ângulo funcional quanto
sob o ângulo organizacional.

No ângulo funcional significa o conjunto de atividades do Estado que auxiliam as


instituições políticas de cúpula no exercício de funções de governo, que organizam a realização
das finalidades públicas postas por tais instituições e que produzem serviços, bens e utilidades
para a população.

No ângulo organizacional, a Administração Pública representa o conjunto de órgãos e


entes estatais que produzem serviços, bens e utilidades para a população, coadjuvando as
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instituições políticas de cúpula no exercício das funções de governo, predominando uma


estrutura ou aparelhamento articulado, destinado à realização de tais atividades.

A Administração Pública sobrepõe à vontade da lei a vontade particular dos


administrados, de forma a privilegiar o interesse público em relação ao interesse individual e,
para que este possa exercer suas atividades e a satisfação do bem comum, é conferida à
Administração uma gama de poderes que instrumentalizam a realização de suas tarefas
administrativas, conhecidos como poderes da Administração ou poderes administrativos, os
quais somente podem ser exercidos nos limites da lei e são inerentes ao exercício da atividade
administrativa da União,da provincias,dos Municípios. Esses poderes são classificados como
poder regulamentar, poder disciplinar, poder hierárquico e poder de polícia.

Para melhor desempenhar suas funções, a Administração Pública se utiliza, explícita ou


implicitamente, de certas diretrizes importantes objetivando assegurar de um lado a supremacia
do interesse público sobre o particular e, de outro, o respeito à convivência pacífica, ordeira e
justa dos administrados.

3.1.        Os Princípios da Administração Pública

Os princípios da Administração Pública representam relevante papel no ramo do direito


permitindo à Administração e ao Judiciário estabelecer o necessário equilíbrio entre os direitos
dos administrados e as prerrogativas da Administração.

Medauar (2010) confirma o que Di Pietro (2010) diz e acrescenta que os princípios se
revestem de grande importância, pois auxiliam na compreensão e consolidação de seus institutos,
sobretudo de possibilitar a solução de casos não previstos, permitindo melhor compreensão dos
textos esparsos e a conferência da segurança dos cidadãos quanto à extensão dos seus direitos e
deveres. 

Além disso, o que havia eram normas esparsas relativas principalmente ao


funcionamento da administração pública, à competência de seus órgãos, aos poderes do Fisco, à
utilização, pelo povo, de algumas modalidades de bens públicos, à servidão pública. Não se tinha
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desse ramo do direito uma elaboração baseada em princípios informativos próprios que lhe
imprimissem autonomia (DI PIETRO, 2010, p, 19).

De acordo com Di Pietro (2010), a Idade Média não achou ambiente favorável para o
desenvolvimento do direito administrativo. Era a época das monarquias absolutas, em que todo
poder competia ao soberano e a sua vontade era a lei, a que obedeciam todos os cidadãos,
justificadamente denominados como servos ou vassalos, ou seja, aqueles que se submetem à
vontade de outrem. Com isso, do chamado Estado de Polícia, o direito público se exaure num
singular princípio jurídico, o qual estabelece um direito limitado para administrar, estruturado
sobre princípios segundo os quais the king can do no wrong (o rei não pode errar , le roi ne peut
mal faire (o rei não pode fazer mal).

O rei não podia ser levado aos Tribunais, uma vez que seus atos se colocavam acima de
qualquer ordenamento jurídico. De acordo com essa ideia é que se estabeleceu a teoria da
irresponsabilidade do Estado, que, em alguns sistemas, prosseguiu a ter aplicação mesmo após as
conquistas do Estado Moderno em benefício dos direitos individuais (DI PIETRO, 2010).

Conforme relatos de Di Pietro (2010), “não havia Tribunais independentes, uma vez
que, em uma primeira fase, o próprio rei decidia os conflitos entre particulares e, em fase
posterior, as funções judicantes foram delegadas a um conselho, que ficava, no entanto,
subordinado ao soberano”.

No entanto, apontam-se algumas obras de glosadores da Idade Média,  principalmente


dos séculos XIII e XIV, nas quais se encontra o germe dos  atuais direitos constitucional,
administrativo e fiscal. Indica-se a obra de Andrea Bonello (1190 a 1275 dC.), dedicada ao
estudo dos três últimos livros do Código Justiniano, que tinham sido deixados de lado, porque
dedicados a estruturas fiscais e administrativas de um império que já não existia. Outro texto
sobre o qual trabalharam os juristas, na época, foi o Liber Constitutionis, publicado pelo
parlamento de Melfi em 1231. No século XIV, a obra de Bartolo de Sassoferrato (1313-57) lança
as bases da teoria do Estado Moderno (cf. Mario G. Losano, 1979:55). (DI PIETRO 2010, p. 20).

Entretanto, conforme Di Pietro (2010), a constituição do direito administrativo, como


ramo autônomo, teve início, juntamente com o direito constitucional e outros ramos do direito
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público, a partir do momento em que começou a desenvolver-se, ou seja, já na fase do Estado


Moderno, o conceito de Estado de Direito, estruturado sobre o princípio da legalidade (em
decorrência do qual até mesmo os governantes se submetem à lei, em especial à lei fundamental
que é a Constituição) e sobre o princípio da separação de poderes, cujo objetivo é assegurar a
proteção dos direitos individuais, não apenas nas relações entre particulares, mas também entre
estes e o Estado.

Daí a asseveração de que o direito administrativo nasceu das Revoluções que  acabaram
com o velho regime absolutista que vinha da Idade Média.

Constitui disciplina própria do Estado Moderno, ou melhor, do chamado  Estado de


Direito, porque só então se cogitou de normas delimitadoras da  organização do Estado-poder e
da sua ação, estabelecendo balizas às  prerrogativas dos governantes, nas suas relações
recíprocas, e, outrossim, nas relações com os governados. Na verdade, o Direito Administrativo
só se plasmou  como disciplina autônoma quando se prescreveu processo jurídico para  atuação
do Estado-poder, através de programas e comportas na realização das suas funções (BANDEIRA
DE MELLO, 1979 apud DI PIETRO, 2010, p. 20).

Os princípios elencados são exemplificativos e servem para nortear os caminhos que os


aplicadores da lei devem seguir, eliminando lacunas e oferecendo coerência e harmonia para o
ordenamento jurídico; sem, entretanto, esgotar a matéria. A importância desses princípios da
Administração Pública também se justifica por abrir mais espaço para a fiscalização e controle
da máquina pública.

3.1.1.   Princípio da Legalidade

Conforme Medauar (2010), o princípio da legalidade é considerado um princípio


fundamental no regime jurídico-administrativo, pois além de ser essencial, é específico e
informador, submetendo ainda o Estado à lei. Como a Administração Pública só pode ser
exercida na conformidade da lei, este princípio protege o cidadão dos abusos dos agentes
administrativos e limita o Poder do Estado na interferência da liberdade individual.
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Medauar (2010) afirma ainda que o princípio da legalidade significa que o agente
público, em toda a sua atividade laboral, está sujeito aos mandamentos da lei, não podendo
desviar das leis, sob pena de praticar ato inválido e expor-se à responsabilidade disciplinar, civil
e criminal, conforme o caso, pois a Administração Pública, em toda a sua atividade, é presa aos
mandamentos das leis, ou seja, as atividades administrativas estão condicionadas ao atendimento
da lei.

O princípio da legalidade se estende ainda às demais atividades do Estado, não ficando


apenas condicionada às atividades da Administração, sendo seu objetivo, beneficiar os interesses
da coletividade como um todo, uma vez que é este o objetivo principal de toda atividade
administrativa.

A sua finalidade é a de evitar que os agentes públicos ajam com liberdade, sem seguir as
normas especificadas em lei, contra a coletividade, desviando-se do interesse coletivo.

Conforme Di Pietro (2010), este princípio nasceu do Estado de Direito e constitui-se


numa das principais garantias de respeito aos direitos individuais no qual se enquadra a ideia de
que na relação administrativa, a vontade da Administração Pública é a que decorre da lei. Não
pode conceder direitos de qualquer espécie, criar obrigações ou impor vedações aos
administrados uma vez que depende da lei.

É por meio deste princípio, de acordo com Medauar (2010), que são informadas as
atividades da Administração Pública e, de acordo com a autora, este princípio é traduzido de
forma simples quando diz: “A Administração deve sujeitar-se às normas legais” (MEDAUAR,
2010, p. 142).

Bandeira de Mello (2010) ressalta ainda que o princípio da legalidade se contraponha a


qualquer tendência de exacerbação personalista dos governantes e a todas as formas de poder
autoritário. Este princípio instaura que todo poder emana do povo, de tal sorte que os cidadãos é
que são proclamados como os detentores do poder e que os governantes são apenas
representantes da sociedade. Em mocambique, o princípio da legalidade significa que a
Administração nada pode fazer senão o que a lei determina.
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3.1.2.   Princípio da Impessoalidade

O princípio da impessoalidade representa uma densificação possível dos princípios


fundantes do ordenamento jurídico mocambicano que, muito mais do que um significado
autônomo, tem como principal função a de servir de ponte entre os princípios estruturais e os
deveres deles advindos.

Segundo Medauar (2010), os princípios da impessoalidade, moralidade e publicidade se


confundem, pois a impessoalidade configura-se meio para atuações dentro da moralidade e da
publicidade que, por sua vez, dificulta medidas contrárias à moralidade e impessoalidade. No que
diz respeito à moralidade administrativa, de seu lado, implica observância da impessoalidade e
da publicidade. O princípio da impessoalidade recebe várias interpretações da doutrina.

Meirelles (1990, p. 81, apud MEDAUAR, 2010, p. 144) associa a impessoalidade ao


princípio da finalidade, o qual significa o atendimento do interesse público, ou seja, “o
administrador fica impedido de buscar outro objetivo ou de praticá-lo no interesse próprio ou de
terceiros”.

No entender de Bandeira de Mello (1992, p. 60 apud MEDAUAR, 2010, p. 145), a


impessoalidade “traduz a ideia de que a Administração tem que tratar a todos os administrados
sem discriminações, benéficas ou detrimentos. [...] O princípio em causa não é senão o próprio
princípio da legalidade ou isonomia”.

Tem ainda como finalidade, segundo Medauar (2010), fazer com que a função do
princípio da impessoalidade predomine o sentido de função, ou seja:

A ideia de que os poderes atribuídos finalizam-se ao interesse de toda a coletividade,


portanto a resultados desconectados de razões pessoais. Em situações que dizem respeito a
interesses coletivos ou difusos, a impessoalidade significa a exigência de ponderação equilibrada
de todos os Interesses envolvidos, para que não se editem decisões movidas por preconceitos ou
radicalismos de qualquer tipo (MEDAUAR, 2010, p. 145).
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Segundo Meirelles (2010), o princípio da impessoalidade é o que o clássico princípio da


finalidade impõe ao administrador público, que é somente a prática do ato para o seu fim legal,
sendo aquele que a norma de direito indica de forma expressa o objetivo do ato de forma
impessoal, excluindo também, a promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos sobre
suas realizações administrativas.

Di Pietro (2010) afirma que este princípio dá margem a diversas interpretações e que a
exigência da impessoalidade da administração pode significar que esse atributo deve ser
observado em relação aos administrados como à própria Administração.

Conforme Moraes (2011), o princípio da impessoalidade às vezes, se encontra no


mesmo campo de incidência dos princípios da igualdade e da legalidade. Este princípio completa
a ideia de que o administrador é um executor do ato, o qual serve como veículo de manifestação
da vontade estatal e, com isso, as realizações administrativo-governamentais não são do agente
político, mas da entidade pública em nome da qual atuou.

3.1.3.   Princípio da Moralidade

O princípio da moralidade quer dizer que o administrador tem que ter um


comportamento ético e jurídico adequado e associado à honestidade.  Este princípio veda
condutas eticamente inaceitáveis e transgressoras do senso moral da sociedade, a ponto de não
comportarem condescendência. A moralidade administrativa abrange padrões objetivos de
condutas exigíveis do administrador público, independentemente da legalidade e das efetivas
intenções dos agentes públicos.

O principal objetivo do princípio da moralidade é orientar a ação administrativa e


controlar o poder discricionário do administrador. Seu teor objetivo é a boa-fé e a confiança,
sendo que seu teor subjetivo é o dever de probidade.

Meirelles (2010) ressalta ainda que “o certo é que a moralidade do ato administrativo
juntamente com sua legalidade e finalidade, além da sua adequação aos demais princípios,
constituem pressupostos de validade sem os quais toda atividade pública será ilegítima”
(MEIRELLES, 2010, p. 89).
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Conforme Medauar (2010, p. 145), “o princípio da moralidade é de difícil expressão


verbal. A doutrina busca apreendê-lo, ligando-o a termos e noções que propiciem seu
entendimento e aplicação”.

Pelo princípio da moralidade administrativa, não bastará ao administrador o estrito


cumprimento da estrita legalidade, devendo ele, no exercício de sua função pública, respeitar os
princípios éticos de razoabilidade e justiça, pois a moralidade constitui, a partir da Constituição
de 1988, pressuposto de validade de todo ato da Administração Pública (MORAES, 2011, p.
805).

Bandeira de Mello (2010) afirma que, conforme o princípio da moralidade, a


Administração e seus agentes têm que atuar na conformidade dos princípios éticos, pois, ao
violá-los, se implicará na violação do próprio Direito, configurando ilicitude que assujeita a
conduta viciada à invalidação, porquanto tal princípio assumiu foros de pauta jurídica, de acordo
com a Constituição da República.

3.1.4.   Princípio da Publicidade

Segundo o princípio da publicidade qualquer cidadão pode se dirigir ao Poder Público e


requerer cópias e certidões de atos e contratos.  O Poder Público deve agir com transparência
para que os administrados possam ter a qualquer hora, conhecimento do que os administradores
estão fazendo. Publicar é tornar público, ou seja, tornar do conhecimento público, mas, também,
tornar claro e compreensível ao público. É fazer com que a publicidade cumpra o papel essencial
de informar o público.

O princípio da publicidade visa à transparência das atividades públicas, para que os


administrados possam ter conhecimento das ações do poder público e verificar se essas ações
estão alinhadas ao fim que se destinam: o interesse da coletividade. A visibilidade da gestão
pública é, sem dúvida, fator de legitimidade. Proporciona também a fiscalização e controle com
o objetivo de se verificar se as políticas oficiais do governo correspondem realmente às
demandas da sociedade. Com a publicidade se busca maior eficiência, melhoria das relações
entre administrador e administrado, orientação social, informação, garantia do bom
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funcionamento estatal e, principalmente, serve de instrumento de verificação de princípios como


legalidade, moralidade, proporcionalidade, imparcialidade, impessoalidade e outros.

Trata-se, na verdade, da ampliação da transparência, permitindo que todo cidadão tenha


acesso à gestão pública para que todos saibam se os atos praticados pelos gestores do dinheiro
público estão coerentes com o que a população deseja.

Segundo Meirelles (2010, p. 94), trata-se da “divulgação oficial do ato para


conhecimento público e início de seus feitos externos”. Conforme o autor, “a publicidade não é
elemento formativo do ato; é requisito de eficácia e moralidade. Por isso mesmo, os atos
irregulares não se convalidam com a publicação, nem os regulares a dispensam para sua
exequibilidade, quando a lei ou regulamento exige” (MEIRELLES, 2010, p. 94).

Meirelles (2010) ressalta que o sigilo só é permitido no caso de segurança nacional,


investigações policiais ou por interesse superior da Administração, a ser preservado em processo
previamente declarado nos termos das leis e decretos. A publicidade, como princípio de
Administração Pública, abrange toda atuação estatal, não só sob o aspecto de divulgação oficial
de seus atos, como ainda de propiciação de conhecimento da conduta interna de seus agentes.

Di Pietro (2010) concorda com Meirelles (2010) e ressalta ainda sobre outros preceitos
que confirmam ou restringem o princípio da publicidade, como é o caso do art. 5, inciso LX da
Constituição de 1988, que determina que a lei só poderá restringir a publicidade dos atos
processuais quando a defesa da intimidade ou interesse social o exigirem; o inciso XIV, que
assegura a todos o acesso à informação e resguarda o sigilo da fonte, quando necessário ao
exercício profissional; o inciso XXXIII, que estabelece que todos têm direito a receber dos
órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que
serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aqueles cujo sigilo seja
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; e o inciso XXXIV que assegura a todos,
independente do pagamento de taxas, o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de
direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder e a obtenção de certidões em repartições
públicas, para defesa de direito e esclarecimento de situações pessoais.
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Fora os casos previstos em lei, tudo que o que for mantido em segredo na atividade
administrativa do setor público mostra-se contrário ao caráter democrático do Estado, sendo esta
tendência reforçada através da Constituição de 1988 de forma a ampliar a publicidade que rege
as atividades da Administração. No que diz respeito ao acesso às informações provindas dos
órgãos públicos está explícito que incide não somente sobre matérias de interesse do próprio
indivíduo, mas também sobre matérias de interesse da coletividade.

3.1.5.   Princípio da Eficiência

O princípio da eficiência exige que toda ação administrativa deva ser exercida de forma
a se prestar um bom atendimento. Entretanto não basta apenas atender bem, é necessário que
haja presteza, eficácia, rapidez, urbanidade, neutralidade, regularidade e resultado, sempre
visando à qualidade. O contribuinte, que paga a conta da Administração Pública, tem o direito de
que essa Administração seja eficiente, ou seja, tem o direito de exigir um retorno (segurança,
serviços públicos etc.) equivalente ao que pagou, sob a forma de tributos. A Administração
Pública deve atender o cidadão na exata medida de sua necessidade, com agilidade, mediante
adequada organização interna e ótimo aproveitamento dos recursos disponíveis, evitando
desperdícios e garantindo uma maior rentabilidade social.

A eficiência deve ser entendida como medida rápida, eficaz e coerente do


Administrador Público, no intuito de solucionar as necessidades da sua coletividade. Nada
justifica qualquer demora ou pensamento em contrário. Aliás, essa atitude do agente público
pode levar o Estado a indenizar os prejuízos que o atraso possa ter ocasionado ao interessado
num dado desempenho estatal.

Pode-se definir o bom agente público como aquele seguidor da moral administrativa, e
que seja eficiente, justo e probo, sempre buscando atender de maneira satisfatória às
necessidades individuais ou coletivas.  Por mais óbvio que possa parecer, nunca é demais
mencionar que em nome do princípio da eficiência não se pode sacrificar o princípio da
legalidade, pois os dois princípios são e devem ser sempre conciliados. 

O Administrador Público deve desempenhar com afinco as atribuições do seu cargo ou


função, pois é inadmissível a aceitação de desleixo e negligência deste desempenho, sujeitando o
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referido servidor às sanções administrativas, civis e penais. O grande problema parece ser como
controlar a eficiência ou não da Administração Pública com a criação de parâmetros confiáveis
para mensurá-la para se coibir uma atuação ineficiente, impondo sanções proporcionais à falta
cometida.

A eficiência, na realidade, é algo que se exige a todos os ramos da atividade humana e


não só a atividade administrativa do Estado. Não há como se conceber a ideia de uma
administração ineficiente. Ser eficiente não é nada mais do que uma obrigação para os agentes
públicos.

Ser eficiente é satisfazer às necessidades coletivas num regime de igualdade dos


usuários, ou seja, é a utilização dos melhores meios sem se distanciar dos objetivos da
Administração Pública, atingindo resultados que sejam satisfatórios para a coletividade de
maneira geral. O administrador deve estar atento para a objetividade de seu princípio, sob pena
de incorrer em arbitrariedades.

Tem como finalidade a escolha da solução mais adequada ao interesse público, de modo
a satisfazer plenamente a demanda social. A Administração Pública deve empregar meios
idôneos e adequados ao fim pretendido, não mais, nem menos.

A atividade estatal produz de modo direto ou indireto consequências jurídicas que


instituem, reciprocamente, direito ou prerrogativas, deveres ou obrigações para a população,
traduzindo uma relação jurídica entre Administração e os administrados. Portanto, existirão
direitos e obrigações recíprocos entre Estado-administração e o indivíduo-administrado e,
consequentemente, esse, no exercício de seus direitos subjetivos, poderá exigir da Administração
Pública o cumprimento de suas obrigações da forma mais eficiente possível (MORAES, 2011, p.
809).
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4.    Considerações Finais

Pode-se, então, observar que os princípios da Administração Pública são extremamente


importantes para que haja coerência na interpretação das demais normas jurídicas, servindo de
norteamento e apontando o melhor caminho a ser seguido pelos aplicadores da lei, procurando
eliminar lacunas e oferecendo harmonia para o ordenamento jurídico, ao mesmo tempo em que
abre mais espaço para o controle e fiscalização da máquina pública.
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5.    Referências Bibliográficas                                                         

BANDEIRA DE MELLO, Celso António.  Curso de Direito Administrativo. 27. ed. São
Paulo: Malheiros, 2010.

MIRELES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 30. Ed. São Paulo:
Malheiros,2005.

GASPARINI, Diogenes. Direito Administrativo. 6. Ed. São Paulo: Saraiva,2001.

CARVALHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 22. Ed. Rio de
Janeiro: Lu

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em 15 set. 2014.

CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 25. ed. São
Paulo: Atlas, 2012.

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 23. ed. São Paulo: Atlas,


2010.

GIL, Antônio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas,
2010.

MEDAUAR, Odete. Direito Administrativo Moderno. 14. ed. São Paulo: Revista dos


Tribunais, 2010.

MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 36. ed. atual. São Paulo:


Malheiros, 2010.

MORAES, Alexandre de. Constituição do Brasil Interpretada e Legislação


Constitucional. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2011.

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