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CADERNO DE ESTUDOS

DIREITO
ADMINISTRATIVO
SUMÁRIO

1 APRESENTAÇÃO

2 DESCRIÇÃO DA DISCIPLINA

3 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

4 REFERÊNCIAS

5 DIREITO ADMINISTRATIVO: ORIGEM, OBJETO E CONCEITO

6 REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E


SEUS PRINCÍPIOS;

7 ATOS ADMINISTRATIVOS: CONCEITO, ATRIBUTOS,


ELEMENTOS, CLASSIFICAÇÃO, ESPÉCIES E EXTINÇÃO;

8 SERVIÇO PÚBLICO
9 PODERES ADMINISTRATIVOS
10 AGENTES PÚBLICOS

11 RESPONSABILIDADE CIVIL DA ADMINISTRAÇÃO


APRESENTAÇÃO

Este livro didático corresponde à disciplina Direito Administrativo.

O Material foi elaborado de forma clara e objetiva, destacando os núcleos


conceituais dos vários institutos da matéria, visando contribuir com a aprendizagem dos
alunos do Curso de Formação de Praças da PMPA. Abordando, ainda, conteúdos selecionados
observando as competências profissionais a serem adquiridas/desenvolvidas no processo de
aprendizagem profissional.

O aluno do Curso de Formação de Praças da PMPA, nesta disciplina curricular,


dentro das competências exigidas terá que conhecer a incidência dos institutos do
Direito Administrativo à luz dos princípios Constitucionais. Além disso, entender a
importância do Direito Administrativo para o direcionamento dos atos da Administração
Pública e para o exercício da atividade policial.

Logo, este material deverá dar suporte ao aluno do desempenho de suas atividades
acadêmicas, bem como ajudar na relação teoria e prática profissional.

Bons estudos!

MAJ QOPM RG 33524 ADRIANO NAZARENO GOES DA SILVA- INSTRUTOR


DESCRIÇÃO DA DISCIPLINA

Contextualização

A disciplina está inserida na malha curricular da área de segurança pública, e vem


observando conhecimentos e habilidades na área do Direito Administrativo, com objetivo de
contribuir na solução das problemáticas a serem enfrentadas no cotidiano policial militar. Ter
percepção do conhecimento e habilidades necessárias para atuar em funções diversas, e
conhecer o Direito Administrativo para contribuir de forma permanente e efetiva com ações
que sejam pautadas pelas normas que regem a Administração Pública.
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

- Direito Administrativo: origem, objeto e conceito.

- Regime Jurídico Administrativo: Administração Pública e seus princípios


explícitos e implícitos (supremacia do interesse público, presunção de legitimidade ou de
veracidade, especialidade, controle ou tutela, autotutela, hierarquia, continuidade do serviço
público, razoabilidade e proporcionalidade, motivação, segurança jurídica, proteção à
confiança e boa-fé).

-Serviços públicos: conceitos, classificação, sentido amplo e restrito, titularidade e


princípios.

- Poderes administrativos: conceito, poder regulamentar, poder hierárquico, poder


disciplinar;

- Poder de polícia: introdução, conceitos, polícia administrativa e judiciária,


características, limites abuso de poder;

- Atos administrativos: conceitos, discricionariedade, vinculação, atos da


administração, fatos da administração, fatos administrativos, requisitos, desfazimento dos atos
administrativos, atributos, espécies de atos administrativos;

- Agentes Públicos: classificação, regime jurídico, organização funcional e


normas constitucionais.

- Responsabilidade Objetiva: conceito, evolução, reparação do dano, direito de


regresso e causas de exclusão.

- CARGA HORÁRIA: 30H


REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Diário Oficial da República


Federativa do Brasil nº 191-A, Brasília, DF, 5 outubro 1988.
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. ed.
São Paulo: Atlas, 2016.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo, ul. ed. São Paulo:
Atlas, 2015.
MARINELA, Fernanda. Direito Administrativo. 4ª Edição. Editora Impetus.
Niterói, 2010.
MAZZA, Alexandre. Manual de direito administrativo. 3. ed. São Paulo: Saraiva,
2013.

MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo, ul. ed. São Paulo: Malheiros,
2012.
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo, ul. ed.
São Paulo: RT.

MARCELO Alexandrino, VICENTE Paulo. Direito administrativo


descomplicado - 25. ed. rev. e atual. 2013.
I- DIREITO ADMINISTRATIVO: ORIGEM, OBJETO E CONCEITO

A) Origem: O Direito Administrativo surge relacionado diretamente com a


consagração dos ideais da Revolução Francesa de 1789 e as demais revoluções que puseram
fim ao regime absolutista, com surgimento do Estado de Direito. Os ideais Liberais
(legalidade, separação dos poderes e a própria Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão), o poderio estatal é limitado. Assim, o Direito Administrativo é concebido como
ramo do Direito regulador das relações envolvendo o Estado e o exercício das atividades
administrativas.
Deste modo, até a revolução burguesa de 1789, reinava a lógica do Estado
absolutista onde o rei, absoluto, não era responsabilizado pelos seus atos. Segundo Carvalho
Filho “o regime vigorante era o das monarquias absolutistas, em que todos os poderes do
ESTADO desaguavam nas mãos do monarca, tornando frágeis as relações entre o Estado e os
súditos”. Muitas vezes, aliás, o Direito era exatamente aquilo que ditava o Rei. A ordem
jurídica- e todo o resto da sociedade civil era totalmente submissa às ordenações reais.
Com a revolução e com queda do absolutismo houve a instalação do Estado de
Direito. Nesse novo período histórico, respondendo aos anseios da burguesia ascendente, que
temia o poder estatal desenfreado, o Estado passa a se submeter ao Direito. Assim, os
governantes e o próprio Estado também passam a dever respeito ao Direito, tanto quanto
qualquer membro da sociedade.
B) OBJETO: Abrange todas as relações internas à administração pública
– entre os órgãos e entidades administrativas, uns com os outros, e entre a administração e
seus agentes, estatutários e celetistas - todas as relações entre a administração e os
administrados, regidas predominantemente pelo direito público.
Destarte, seu objeto principal é o desempenho da função
administrativa.
C) CONCEITO:
Segundo Hely Lopes Meirelles, trata-se de um "conjunto harmônico de
princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas
tendentes a realiza concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo
Estado".

Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo apresentam o seguinte conceito:


conjunto de regras e princípios que, orientados pela finalidade geral de
bem atender ao interesse público, disciplinam a estruturação e o
funcionamento das entidades e órgãos integrantes da administração pública, as
relações entre esta e seus agentes, o exercício da função administrativa –
especialmente quando afeta interesses dos administrados - e a gestão dos bens
públicos

Destaca-se que todas essas normas, regras ou princípios jurídico- administrativas,


encontram-se em textos legais esparsos, afirmando-se, daí, que o Direito Administrativo trata-
se de um ramo do direito não codificado, não sistematizado num único documento legislativo.

II- REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO:


ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E SEUS PRINCÍPIOS;

Na Constituição da República Federativa do Brasil, encontramos um conjunto de


princípios e regras, os quais norteiam a atividade desempenhada pelos agentes encarregados
de zelar pela coisa pública, dentre estes agentes incluímos os policiais militares de todos os
entes da federação.
Desse modo, conjugando as regras e os princípios que estruturam a
Administração Pública Brasileira, tem-se o regime jurídico administrativo. Maria
Sylvia Zanella Di Pietro ensina que
(...)a expressão regime jurídico administrativo é reservada tão somente para abranger
o conjunto de traços, de conotações, que tipificam o Direito Administrativo,
colocando a Administração Pública numa posição privilegiada, vertical, na relação
jurídico-administrativa. Basicamente, pode- se dizer que o regime administrativo
resume-se a duas palavras apenas: prerrogativas e sujeições.

Segundo Celso Antônio Bandeira de Mello, no Direito Administrativo existem


dois “Supraprincípios” ou “superprincípios” sendo princípios centrais dos quais derivam todas
as demais normas (princípios e regras) do Direito Administrativo. São eles: a) A
Supremacia do Interesse Público sobre o particular; b) A Indisponibilidade do
Interesse Público.
A existência desses dois supraprincípios é reflexo de uma dualidade permanente
no exercício da função administrativa: a oposição entre os poderes da Administração Pública
(supremacia do interesse público) e os direitos dos Administrados (indisponibilidade do
interesse público).
ATENÇÃO POLICIAL: Os dois princípios são relativos, e não absolutos.
Deste modo, não existe supremacia absoluta do interesse público sobre o
privado, nem indisponibilidade absoluta dos interesses públicos.

A Supremacia do Interesse Público sobre o Particular, estabelece


que o interesse do Estado (bem verdade, trata-se do Interesse de toda a
Coletividade) deve prevalecer em relação ao interesse do particular. O Estado
para garantia à prevalência do interesse coletivo, sempre que houver necessidade, pode/deve
limitar e restringir direitos individuais para garantir o interesse coletivo. Este princípio confere
verdadeiros privilégios ao administrador, que ao fazer uso dessas prerrogativas, faz com que o
administrado se submeta a elas. Tem-se deste modo, uma relação de verticalidade.

Há diversos institutos do Direito Administrativo que são


consequências da Supremacia do Interesse Público sobre o particular. Os
institutos podem ser: a) Poder de Polícia (limita a atuação do particular em
nome do interesse público); b) Atributos dos Atos Administrativos (presunção
de legitimidade); c) Intervenção do Estado na propriedade (desapropriação por interesse
público, necessidade pública ou interesse social), d) Cláusulas exorbitantes nos contratos
administrativos (colocam o Estado em posição mais favorável, extrapolando a ordem do
direito privado) dentre outros.
Delimitar o regime jurídico administrativo não significa tão somente dar ao
administrador prerrogativas, pois, também, há outra vertente a ser analisada, que são as
sujeições ou limitações, estas que o administrador deve obedecer.
Deste modo, a Indisponibilidade do Interesse Público significa que o
administrador não pode abrir mão do interesse público. Esse princípio
estabelece ao Estado algumas limitações que garantem que o administrador
não vá atrás de direitos individuais e disponha do interesse público.

RESUMINDO: O regime jurídico administrativo é o conjunto de


princípios que confere prerrogativas e impõe sujeições à Administração
Pública.
Os princípios explícitos, no caput do artigo 37 da Magna Carta, são:
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
A) PRINCÍPIO DA LEGALIDADE: segundo ele, todos os atos da
Administração têm que estar em conformidade com os princípios legais. José
dos Santos “o princípio da legalidade é certamente a diretriz básica da conduta dos agentes da
Administração. Significa que toda e qualquer atividade administrativa deve ser autorizada
por lei. Não o sendo, a atividade é ilícita. Tal postulado, consagrado após séculos de
evolução política, tem por origem mais próxima a criação do Estado de Direito, ou seja, do
Estado que deve respeitar as próprias leis que edita”

ATENÇÃO: Um administrador de empresa particular pratica tudo aquilo


que a lei não proíbe
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes: II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma
coisa senão em virtude de lei.

Já o administrador público, por ser obrigado ao estrito cumprimento da lei e


dos regulamentos, só pode praticar o que a lei permite. É a lei que distribui
competências aos administradores.

B) PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE: estabelece um dever de


imparcialidade na defesa do interesse público impedindo discriminações e
privilégios no exercício da função administrativa. Princípio da não
discriminação.

Na feliz síntese de José dos Santos Carvalho Filho:

o princípio objetiva a igualdade de tratamento que a Administração deve dispensar


aos administrados que se encontrem em idêntica situação jurídica. Nesse
ponto, representa uma faceta do princípio da isonomia. Por outro lado, para que haja
verdadeira impessoalidade, deve a Administração voltar-se exclusivamente para o
interesse público, e não para o privado, vedando-se, em consequência, sejam
favorecidos alguns indivíduos em detrimento de outros e prejudicados alguns para
favorecimento de outros.

O princípio da Impessoalidade se desdobra em duas vertentes:

- Impessoalidade relativa aos administrados: a Administração só pode


praticar atos impessoais se tais atos vão propiciar o bem comum (a coletividade).
- Impessoalidade relativa à Administração: os atos impessoais se
originam da Administração, não importando quem os tenha praticado. Esse princípio deve ser
entendido para excluir a promoção pessoal de autoridade ou serviços públicos sobre suas
relações administrativas no exercício de fato.

OS ATOS SÃO DOS ÓRGÃOS E NÃO DOS AGENTES


PÚBLICOS;

C) PRINCÍPIO DA MORALIDADE: é a obediência aos princípios éticos da


HONESTIDADE, LEALDADE e BOA-FÉ com a coisa pública. Ser honesto quer dizer ser fiel ao
interesse público definido na lei. É exigido da Administração como um todo, de cada agente público
e também dos particulares que se relacionam com a Administração.
A moralidade administrativa é mais rigorosa do que a moralidade comum e vai além do
simples certo ou errado.

D) PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE: é a transparência na atuação


administrativa na divulgação oficial do ato da Administração para a ciência do público em geral,
com efeito de iniciar a sua atuação externa, ou seja, de gerar efeitos jurídicos.
A publicidade dos atos administrativos sofre as seguintes exceções:
- Segurança do Estado, Segurança da sociedade e intimidade dos
envolvidos.

E) PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA: é a obtenção do melhor resultado com o


uso racional dos meios. Economicidade, redução de desperdícios, qualidade, rapidez,
produtividade e rendimento funcional são valores da eficiência.

PRINCÍPIOS IMPLÍCITOS

- Motivação: entendendo motivação como a fundamentação fática e jurídica. Tanto para os


atos ditos vinculados, quanto para os discricionários, onde vige o binômio da oportunidade e
conveniência do administrador, que após escolher um dos caminhos apontados pela lei torna o
ato daquele momento em diante vinculado.

- Razoabilidade e Proporcionalidade: a administração deve pautar-se sob o que


é razoável, ou seja, agindo da melhor forma possível para atingir o fim público
pretendido, sendo uma forma de limitar a discricionariedade administrativa, averiguada na
velha forma dos valores atribuídos ao entendimento(valore) do homem médio, como informa
Lúcia Valle Figueiredo. A doutrina explica a razoabilidade em consonância com a
proporcionalidade que seria a adequação do meio e fim de dado ato, devendo ato ser
racionalizado buscando a medida mais compatível com a finalidade pública a ser perquirida.

- Ampla defesa e Contraditório: é a proteção constitucionalmente consagrada no artigo


5º, LV, da Constituição Federal “aos litigantes em processo judicial ou administrativo será
assegurado o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”. Assim
nas situações de litigio administrativo aos litigantes será dado todos os meios e
recursos de defesa, tanto pessoal quanto técnica (através defensor) bem como
o direito ao contraditório que garante as partes a possibilidade do exercício do
direito de resistir a uma dada pretensão, ou seja, alegado algo contra/desfavorável a
minha pessoa posso contraditar e alegar o contrário e vice-versa.

- Segurança Jurídica: pode ser entendido como princípio da não retroatividade, ou seja,
dado assunto de Direito Administrativo cujo entendimento passe a ser divergente do atual,
não volta no tempo para anular os atos já praticados sob o crivo da antiga lei. Isto ocorre em
todos os ramos do direito, visto que entendimento diverso causaria insegurança jurídica,
rompendo com os vínculos e preceitos da boa-fé, assim é possível a mutabilidade das leis,
sem que tal mudança venha a afetar o ato jurídico perfeito, a coisa julgada, bem como o
direito adquirido.

- Presunção legitimidade ou de veracidade: os atos administrativos tem presunção de


legalidade, visto que todos os atos devem estrito cumprimento em conformidade com a lei e
de veracidade, por serem dotados da chamada fé pública. “Trata-se de presunção relativa
(juris tantum) que, como tal, admite prova em contrário. O efeito de tal presunção é o de
inverter o ônus da prova” (DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo.)

- Autotutela: a Administração deve exercer o controle de mérito de seus


próprios atos. “...pela autotutela o controle se exerce sobre os próprios atos,
com a possibilidade de anular os ilegais e revogar os inconvenientes ou
inoportunos, independentemente de recurso ao Poder Judiciário” (DI PIETRO,
Maria Sylvia Zanella. Direito) Assim não cabe ao Judiciário interferir no mérito dos atos
discricionários, somente fiscalizar os aspectos concernentes a sua legalidade, bem como a
legalidade dos atos vinculados. Segundo a nobre Di Pietro, tal prerrogativa existe também
quanto a tutela dos bens que integram o patrimônio público, através do poder de polícia
administrativa, o que nada mais é do que o princípio do controle jurisdicional.

- Hierarquia: a administração deve seguir com rigor a chamada repartição de


competências, assim existe entre os diversos órgãos da Administração relações de
subordinação, visto que cada qual possui uma função típica dada pela lei. Assim deve- se
seguir a escala vertical e/ou horizontal de competência para a resolução de conflitos conforme
a demanda do caso concreto.

III- ATOS ADMINISTRATIVOS: CONCEITO, ATRIBUTOS, ELEMENTOS,


CLASSIFICAÇÃO, ESPÉCIES E EXTINÇÃO;

1 – INTRODUÇÃO

A Administração Pública no exercício de suas funções administrativas executa diversos


atos administrativos cuja finalidade principal é perseguir o interesse público, porém
devemos salientar que nem todo ato que a administração pratica e é importante para o
mundo jurídico pode ser considerado ato administrativo, pois este se encontra dentro de
uma seara mais restrita, se o analisarmos em relação a outros institutos que tem conceito mais
amplo, como os fatos administrativos e os atos jurídicos, do qual ele é espécie.
Nesse contexto é importante ressaltar que todo acontecimento é fato, como nascer e
morrer, mas se esse acontecimento gera efeito para o mundo jurídico é fato jurídico,
por exemplo, quando nasce alguém, nasce uma pessoa física, se esta morre, abre-se a sucessão,
sobre esse tema leciona a Professora Fernanda Marinela:
(...) tudo que ocorre no mundo são fatos. Contudo, nem tudo tem importância para o
Direito, pois alguns deles são considerados pelos homens como mais importantes do
que outros. Assim existem fatos que interferem nas relações humanas e, para tanto,
precisam estar regulados por normas jurídicas. Esses fatos regulados por
normas jurídicas são considerados fatos jurídicos.

Já ato jurídico é conceituado pela maioria da doutrina como sendo o ato


humano decorrente de uma manifestação de vontade que desencadeia efeitos
jurídicos.
O ato administrativo é espécie de ato jurídico, tanto que ambos são formados
por alguns elementos comuns, como objeto, forma e o sujeito, a diferença básica é que nos atos
administrativos o sujeito em regra é agente público e o objeto deve estar sempre ligado ao interesse
público.
ATOS JURÍDICOS – São aqueles que produzem efeitos jurídicos, ou seja,
interessam ao estudo do direito. Uma espécie desses é ato administrativo.

ATENÇÃO: o Legislativo e o Judiciário também editam atos administrativos,


com respeito à manutenção de sua própria estrutura administrativa, no exercício da
função atípica.
2 – O ATO ADMINISTRATIVO

3- REQUISITOS NECESSÁRIOS À SUA FORMAÇÃO


É toda manifestação unilateral de vontade da
AdministraçãoÉ a Pública
A. COMPETÊNCIA: capacidade que, agindo
atribuída pelanessa
lei, ao agente público
qualidade, tenha por fim imediato adquirir,
para o exercícioresguardar,
de suas atribuições. Quando
transferir, o agente atua
modificar, fora dos limites
extinguir e da lei, diz-se que
cometeu excesso dedeclarar direitos
poder, passível e A
de punição. impor obrigações
competência aos
poderá ser delegada ou avocada.
administrados ou a si própria. (Hely Lopes
Meirelles)
ATENÇÃO: o ato de delegação não retira a competência da autoridade
delegante que continua competente CUMULATIVAMENTE com a autoridade
- B. FINALIDADE: De todo ato administrativo é sempre o interesse público,
jamais podendo ser praticado com a finalidade de atender a interesse privado, caso em que será nulo
e eivado de desvio de finalidade.

C. FORMA: É o modo através no qual se exterioriza o ato administrativo, é


seu revestimento. Em sua maioria, os atos administrativos se manifestam na forma escrita, no
entanto, a lei poderá estabelecer outras formas: Ex.: sonoro, visual, escrito, sirene, apito etc.
D. MOTIVO: É o fato (ocorrência no mundo real dos eventos previstos na norma) e
fundamento jurídico (previsão abstrata na norma) que levam à prática do ato. O motivo da
dissolução de uma passeata tumultuosa, por exemplo, é o tumulto. Do fechamento de uma fábrica
poluidora é a poluição. Da remoção de servidor é a necessidade do serviço.

E. Objeto: O que se busca produzir. É o conteúdo do ato administrativo. Ex.:


Objeto do semáforo = os administrados pararem.

ATENÇÃO: A falta de qualquer um desses requisitos pode conduzir a


invalidação do ato administrativo.

MÉRITO DO ATO ADMINISTRATIVO


O mérito é a margem de liberdade que os atos discricionários recebem da
lei para permitir que agentes públicos possam escolher diante da situação concreta
a melhor maneira de atender o interesse público.
De acordo com seu grau de liberdade, o ato administrativo pode ser:
- Vinculado: é aquele que não tem liberdade, não tem juízo de valor.
Preenchidos os requisitos, o ato deve ser praticado. Preenchidos os requisitos, não pode o
administrador fugir nem ao motivo, nem ao objeto, estando obrigado a conceder a transferência
para inatividade do policial militar.
- Discricionário: é aquele que tem liberdade, tendo juízo de valor, sendo
produzido com conveniência e oportunidade, estando limitado apenas em lei.
A discricionariedade, nos casos de atos administrativos discricionários
reside apenas nos elementos Motivo e Objeto.

Resumindo....

ELEMENTOS DO ATO ATO


ADMINISTRATIVO

COMPETÊNCIA Vinculado (quem define é a lei)


FORMA Vinculado (definida em lei)
FINALIDADE Vinculado (tem que ser sempre em razão d
interesse público)
MOTIVO Discricionário
OBJETO Discricionário

4- ATRIBUTOS
Os atos administrativos, como manifestação do Poder Público, tem atributos que lhes
conferem características peculiares. Os atributos do ato administrativo são: presunção de
legitimidade, imperatividade e autoexecutoriedade.
Presume-se presentes quando da sua produção e, ao contrário dos
requisitos, não estão obrigatoriamente presentes em todos os atos. São atributos do
ato:
A. PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE E VERACIDADE – Essa é a característica
do ato administrativo que advém do princípio da legalidade que informa toda atividade da
Administração Pública.

RESUMINDO...os atos presumem-se legítimos. Essa presunção, todavia, é juris


tantum, ou seja, presunção relativa, visto que admite contestação (prova em
contrário). Assim, desta forma, a Administração não tem o ônus de provar que seus atos são
legais, tampouco que a situação que gerou a necessidade de sua prática realmente existiu, tal ônus
recai sobre o destinatário.
- a presunção de legitimidade e veracidade não são absolutas.
B. IMPERATIVIDADE – os atos administrativos são impostos a todos
independentemente da vontade do destinatário. Nos dizeres de Marcelo Alexandrino e Vicente
Paulo, a imperatividade traduz a possibilidade de a administração pública,
unilateralmente, criar obrigações para os administrados, ou impor-lhe restrições.
Este atributo decorre do poder extroverso do Estado, cuja principal característica é de
impor seus atos independentemente da concordância do particular.

RESUMINDO...O ato é manifestação unilateral e decorre do poder de


império. Deriva do Poder extroverso que impõe ao administrado o querer da administração. Este
atributo deriva, também, do princípio da supremacia do interesse coletivo. Ex.: Decreto
(normativo), multa (punitivo) ou mesmo o Poder de Polícia.

C. AUTO-EXECUTORIEDADE – Os atos produzem seus efeitos sem


necessidade de decisão judicial que lhes sirva de meio, podendo usar a força física
se preciso for para desconstituir situação violadora da ordem jurídica (coercibilidade). Ex:
de carro parado em local proibido poderá ser guinchado; fechamento de restaurante pela vigilância
sanitária; interdição de estabelecimento comercial irregular.
A auto executoriedade é atributo de alguns atos administrativos
normalmente aqueles que a lei confere (guincho de veículo irregular) e nos atos praticados
em situações emergenciais. Ex: dispersão pela polícia militar de manifestação que se converte em
onda de vandalismo (crimes contra o patrimônio).

5- ESPÉCIES DE ATOS ADMINISTRATIVOS

- Atos Normativos É aquele que regulamenta, disciplina, normatiza uma determinada


situação prevista em lei. Caracteriza-se por ser de caráter geral e abstrato. Como regra, o ato
administrativo permite a fiel execução da lei, com exceção do decreto regulamentar autônomo.
Ex.: decretos (presidente), regulamentos, instruções normativas (ministros de estado),
regimentos (órgãos colegiados e corporações legislativas), resoluções, deliberações.
- Atos Ordinatórios
São aqueles que determinam obrigações, organiza, estrutura, escalona os quadros da
administração. Diz quem manda e quem obedece. É exercício do Poder Hierárquico. Ex.:
instruções, circulares, avisos, portarias, ordens de serviço, ofícios, despachos.

- Atos Punitivos
São aqueles que têm em seu conteúdo uma pena, sanção no exercício do Poder
Disciplinar ou do Poder de Polícia. Ex.: EXTERNO - multa, interdição de atividade, destruição de
coisas. INTERNA – advertência, suspensão, destituição, demissão, cassação.
- Atos Enunciativos
É aquele que certifica, atesta ou emite opinião. Não tem conteúdo decisório. Ex:
certidões, atestados e pareceres.
- Ato Negocial
É aquele que tem coincidência de vontade entre a administração e o particular. Ex.:
licenças, autorizações, permissão, aprovação, admissão, visto, homologação, dispensa, renúncia,
protocolo administrativo. (critica!)
7- EXTINÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO
a) Com o cumprimento dos seus efeitos.
b) Retirada por ato do poder público:
c) ANULAÇÃO: esta ocorre quando o ato administrativo é ilegal, podendo ocorrer
tanto pela própria Administração, quanto pelo Judiciário, seja em atos vinculados ou
discricionários, tem efeitos ex tunc, ou seja, retroagem os seus efeitos, pois do ato não
se originam direitos.
Nas palavras de Maria Sylvia Zanella DI PIETRO: Anulação, que alguns preferem
chamar de invalidação é o desfazimento do ato administrativo por razões de ilegalidade. Como a
desconformidade com a lei atinge o ato em suas origens, a anulação produz efeitos retroativos à
data em que foi emitido (efeito ex tunc, ou seja, a partir de então).

- A Administração possui prazo para anular atos dos quais decorrem efeitos favoráveis aos
administrados? Sim. De acordo com o art. 54, da Lei nº 9.784/99, aplicável no âmbito federal, “O
direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para
os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada
má-fé”.

d) REVOGAÇÃO: Esta ocorre quando um ato administrativo discricionário legal deixa de


ser conveniente ou oportuno para a Administração.
-Não pode o Judiciário revogar atos administrativos, pois a revogação envolve juízo de
valores, os quais não podem ser realizados pelo Judiciário, sob pena de ferir a separação dos
poderes.
-Os efeitos da revogação são ex nunc, ou seja, não retroagem, pois o ato foi
plenamente válido até a data de sua revogação, preservando os direitos adquiridos até então.
Não existe prazo para revogação do ato administrativo.

- Atos Irrevogáveis:
1. atos consumados que já exauriram seus efeitos (férias/licença gozadas),
2. os atos vinculados (licença para exercer profissão, promoção)
3. Atos que geram dir. adquirido previsto na CF (aposentadoria de um servidor que
preencheu todos requisitos exigidos)
e) CASSAÇÃO: ocorre quando o beneficiário descumpriu as condições que deveriam ser atendidas
para a continuidade da relação jurídica. Ex: a cassação de licença de restaurante por descumprir as
regras sanitárias; cassação de uma licença para construir; cassação de um licença para o exercício
de determinada profissional.

f) CADUCIDADE: ocorre quando norma jurídica posterior torne ilegal a situação jurídica antes
autorizada. Exemplo: caducidade de permissão para construção em área que foi declarada de
preservação ambiental.

g) CONTRAPOSIÇÃO ou DERRUBADA: ocorre quando emitido ato administrativo com efeitos


contrapostos ao ato anterior. Ex: exoneração de servidor público, cujo ato é contraposto ao da
nomeação.
- A diferença da caducidade e contraposição: na caducidade, tem-se um ato e uma
lei, o posterior vai extinguir o primeiro; na contraposição é ato mais ato, o segundo
extingue o primeiro.

h) RENÚNCIA: ocorre quando o próprio beneficiário abre mão da vantagem que tinha com o ato
administrativo.

IV- SERVIÇO PÚBLICO


1- Conceito
Segundo Hely Lopes Meirelles “serviço público é todo aquele prestado pela
Administração ou por seus delegados, sob normas e controles estatais, para satisfazer
necessidades essenciais ou secundárias da coletividade, ou simples conveniência do Estado”. São
exemplos de serviços públicos: o ensino público, o de polícia, o de saúde pública, o de transporte
coletivo, o de telecomunicações, etc.
A titularidade de um serviço público é intransferível e pertence à administração. O que
pode ocorrer é tão somente a transferência da sua execução para um particular que, no entanto,
ficará sempre sob sua fiscalização.
Portanto, a execução de serviços públicos poderá ser realizada pela administração
direta, indireta ou por particulares. Oportuno lembrar que a administração direta é composta por
órgãos, que não têm personalidade jurídica, que não podem estar, em regra, em juízo para propor ou
sofrer medidas judiciais. Exemplos: Ministérios, Secretarias de Estado, administrações regionais,
subprefeituras.
A administração indireta é composta por pessoas, surgindo como exemplos: autarquias,
fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista. Por outro lado, o serviço público
também pode ser executado por particulares, por meio de concessão, permissão e autorização.

2- Princípios do Serviço Público (Requisitos e Direitos do Usuário) Os


requisitos do serviço público são sintetizados em cinco princípios:
A) permanência (continuidade do serviço);
Impõe continuidade no serviço; os serviços não devem sofrer interrupções; A
continuidade admite exceções, como no caso de greve ou de exceção de contrato não cumprido.
Mas ainda assim é preciso haver formas de suplência e substituição, para garantir a continuidade.

B) generalidade (serviço igual para todos);


Também chamado princípio da universalidade. Dispõe que os serviços devem ser
prestados com a maior amplitude possível, de forma a beneficiar o maior número possível de
indivíduos. Mas também significa que os serviços devem ser prestados sem discriminação entre os
beneficiários, quando tenham as mesmas condições técnicas e jurídicas para a fruição. Aplica-se
assim, o princípio da isonomia, mais especificamente, da impessoalidade (CARVALHO).
Alguns autores, como Maria Sylvia Zanella Di Pietro, denominam esse modelo como
princípio da igualdade dos usuários. Desde que a pessoa satisfaça as condições legais, ela faz jus à
prestação do serviço, sem qualquer distinção de caráter pessoal. A Lei
n. 8.987/95 prevê a possibilidade de serem estabelecidas tarifas diferenciadas em função
das características técnicas e dos custos específicos provenientes do atendimento aos distintos
segmentos de usuário. Exemplo disso é a isenção de tarifas para idosos (DI PIETRO).

C) eficiência (serviços atualizados);


Os serviços públicos devem ser prestados com a maior eficiência possível, em conexão com o
princípio da continuidade. Para isso, o Estado deve atualizar-se mediante os avanços tecnológicos,
de modo que a execução seja mais proveitosa e com menor dispêndio. Periodicamente deve ser feita
uma avaliação sobre o proveito do serviço prestado, com o objetivo de adequar o serviço à demanda
social. Em face da importância dessa adequação da Administração, a Emenda Constitucional nº
19/98 incluiu no artigo 37 na CF/88 o princípio da eficiência entre os já postulados para guiar os
objetivos administrativos (CARVALHO FILHO).

D) modicidade (tarifas módicas);


Os serviços públicos devem ser remunerados a preços módicos, avaliando-se o poder aquisitivo do
usuário para que não deixe de ser beneficiário. Esse princípio traduz a ideia de que o lucro não é
objetivo da função administrativa (CARVALHO FILHO).

E) cortesia (bom tratamento para o público).


O princípio da cortesia refere-se ao dever do prestador de serviço público de ser cortês e educado
em sua prestação ao tratar com o usuário. Para se considerar adequada a atividade estatal, deve-se
atentar para o bom trato com os particulares que usufruirão dos serviços executados. Já o princípio
da regularidade estipula que a prestação do serviço deve observar as condições e horários
adequados diante dos interesses da coletividade, sem atrasos ou intermitências. Em relação ao
princípio da segurança, a prestação do serviço não pode colocar em risco a integridade dos usuários
ou a segurança da coletividade (CARVALHO FILHO).

3- Classificação
Os serviços públicos, conforme sua essencialidade, finalidade, ou seus destinatários podem ser
classificados em:
• públicos;
• de utilidade pública;
• próprios do Estado;
• impróprios do Estado;
• administrativos;
• industriais;
• gerais;
• individuais.
Públicos
São os essenciais à sobrevivência da comunidade e do próprio Estado. São privativos do Poder
Público e não podem ser delegados. Para serem prestados o Estado pode socorrer- se de suas
prerrogativas de supremacia e império, impondo-os obrigatoriamente à comunidade, inclusive com
medidas compulsórias. Exs.: serviço de polícia, de saúde pública, de segurança.
De Utilidade Pública
São os que são convenientes à comunidade, mas não essenciais, e o Poder Público pode prestá-los
diretamente ou por terceiros (delegados), mediante remuneração. Exs.: fornecimento de gás, de
energia elétrica, telefone, de transporte coletivo, etc. Estes serviços visam a facilitar a vida do
indivíduo na coletividade.
Próprios do Estado
São os que relacionam intimamente com as atribuições do Poder Público. Exs.: segurança, política,
higiene e saúde pública, etc. Estes serviços são prestados pelas entidades públicas (União, Estado,
Municípios) através de seus órgãos da Administração direta. Neste caso, diz-se que os serviços são
centralizados, porque são prestados pelas próprias repartições públicas da Administração direta.
Aqui, o Estado é o titular e o prestador do serviço, que é gratuito ou com baixa remuneração. Exs.:
serviço de polícia, de saúde pública.
Impróprios do Estado
São os de utilidade pública, que não afetam substancialmente as necessidades da
comunidade, isto é, não são essenciais. A Administração presta-os diretamente ou por entidades
descentralizadas (Autarquias, Empresas Públicas, Sociedades de Economia Mista, Fundações
Governamentais), ou os delega a terceiros por concessão, permissão ou autorização. Normalmente
são rentáveis e são prestados sem privilégios, mas sempre sob a regulamentação e controle do Poder
Público. Exs.: serviço de transporte coletivo, conservação de estradas, de fornecimento de gás, etc.
Administrativos
São os executados pela Administração para atender às suas necessidades internas. Ex.: datilografia,
etc.
Industriais
São os que produzem renda, uma vez que são prestados mediante remuneração (tarifa). Pode ser
prestado diretamente pelo Poder Público ou por suas entidades da Administração indireta ou
transferidos a terceiros, mediante concessão ou permissão. Exs.: transporte, telefonia, correios e
telégrafos.
Gerais
São os prestados à coletividade em geral, sem ter um usuário determinado. Exs.: polícia, iluminação
pública, conservação de vias públicas, etc. São geralmente mantidos por impostos.
Individuais
São os que têm usuário determinado. Sua utilização é mensurável. São remunerados por tarifa. Exs.:
telefone, água e esgotos, etc.

V- PODERES ADMINISTRATIVOS

1- INTRODUÇÃO

2- USO E ABUSO DE PODER


São instrumentos e prerrogativas que tem o Estado para a busca de seus
interesses.

Uso do poder

prerrogativa, seria empregar o poder segundo as normas legais, a moral da instituição, a finalidade do ato e as exigências d

Abuso do poder:

quando uma autoridade ou agente público pratica um ato, ultrapassando os limites das suas atribuições ou competências, o

- FORMAS DE ABUSO DE PODER:

a) Excesso de poder – o agente atua fora dos limites de sua competência. Ex.:
Comandante de Batalhão que puni disciplinarmente determinada praça com exclusão a
bem da disciplina, através de um PADS. Sabe-se que de acordo com o Código de Ética e Disciplina
da PMPA, o agente competente para licenciar ou excluir praças, após o devido processo legal, é o
Comandante Geral da PMPA.
b) Desvio de finalidade – o agente público, embora dentro de sua competência,
afasta-se do interesse público (motivos ou fins diversos dos objetivados pela lei).
Pode ocorrer quando o agente público:
a) busca finalidade que contraria o interesse público;
b) busca finalidade ainda que de interesse público, alheia à categoria do ato que
utilizou.

- Todo abuso de poder caracteriza uma ilegalidade.

Desvio de poder –
vício na
finalidade
Abuso de poder
Excesso de poder –
vício na competência

- Poderes da administração (prerrogativas, instrumentos)

- Poderes do Estado (Executivo, Legislativo e Judiciário - elementos


estruturais, orgânicos ou organizacionais do Estado, objeto de Estudo do Direito
Constitucional).

3- PODER VINCULADO: Quando a lei confere à Administração Pública a prática de determinado


ato, estipulando todos os aspectos da conduta a ser adotada, sem atribuir margem de liberdade
para o agente público escolher a melhor forma de agir.

EX: lançamento tributário, IPVA etc., Licença para construir.

4- PODER DISCRICIONÁRIO: Na discricionariedade, o legislador atribui certa competência à


Administração Pública, reservando uma margem de liberdade, DENTRO DA LEI, para
que o agente público, diante da situação concreta, possa selecionar entre as opções predefinidas
qual a mais apropriada para defender o interesse público.

5- PODER HIERÁRQUICO
Segundo leciona Hely Lopes Meirelles, “é o instrumento disponibilizado à
Administração para distribuir e escalonar as funções dos seus órgãos, ordenar e rever a atuação de
seus agentes, estabelecendo a relação de subordinação entre os servidores do seu quadro de
pessoal".
Maria Sylvia Zanella Di Pietro (2005, p. 74) fala em um princípio da hierarquia: Em
consonância com o princípio da hierarquia, os órgãos da Administração Pública são estruturados de
tal forma que se cria uma relação de coordenação e subordinação entre uns e outros, cada qual com
atribuições definidas em lei.

- O poder hierárquico não se aplica aos particulares.


- Do poder hierárquico decorrem algumas faculdades implícitas para o administrador, tais como:
a) Dar ordens;
b) Fiscalizar o seu cumprimento;
c) Delegar e avocar atribuições; e
d) Rever os atos inferiores.

DELEGAÇÃO AVOCAÇÃO

significa transferir parcela de competência do superiorsignifica


para o subordinado
chamar parahierárquico
si parcela de competência do subordinado para o super

6- PODER DISCIPLINAR é o instrumento disponibilizado à Administração Pública para apurar


infrações e aplicar penalidades aos servidores públicos e demais pessoas sujeitas à disciplina
administrativa.
Portanto, apenas os servidores públicos e pessoas vinculadas à
Administração Pública, por exemplo, as contratadas, submetem-se ao poder
disciplinar.
Não confunda poder Hierárquico com poder Disciplinar
No Poder hierárquico a administração pública distribui e escalona as funções de seus órgãos e de seus servidore
No Poder disciplinar ela responsabiliza os seus servidores pelas faltas cometida Ex: Se um superior hierárquico,

7- PODER REGULAMENTAR:
A Constituição Federal de 1988 estabelece a separação de poderes (funções), conferindo
ao Poder Legislativo a função típica de criar direitos e obrigações por meio de normas.
Não obstante, a Administração Pública, também, com fundamento constitucional,
possui competência atípica normativa, o que significa que a Administração Pública também poderá
editar normas, desde que não venha a usurpar a competência do Poder Legislativo.
O poder regulamentar enquadra-se em uma categoria mais ampla denominada poder
normativo, que inclui todas as diversas categorias de atos abstratos, tais como: regimentos,
instruções, deliberações, resoluções e portarias.
- Decorrente do poder hierárquico, o poder regulamentar consiste na possibilidade de os
Chefes do Poder Executivo (Presidente, Governadores e Prefeitos) editarem atos administrativos
gerais e abstratos, ou gerais e concretos, expedidos para dar fiel execução à lei.

complementar a lei e viabilizar a sua fiel execução

8- PODER DE POLÍCIA

Não se pode confundir o “poder da polícia” com o “poder de polícia”. Aquele é


inerente ao próprio exercício da atividade policial, considerando a competência
constitucional que tem o aparelho policial para coibir e apurar infrações criminais, competências
estas estabelecidas pela Constituição Federal, em seu Art. 144.

Em relação ao Poder de Polícia recorremos à definição constante do art.


78 do Código Tributário Nacional:

Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública


que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a
prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público
concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da
produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes
de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao
respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos

Segundo o clássico conceito de Hely Lopes Meirelles, poder de polícia “é a


faculdade de que dispõe a Administração Pública para condicionar e restringir
o uso e gozo de bens, atividades e direitos individuais, em benefício da
coletividade. Para Celso Antônio, poder polícia é

a atividade da Administração Pública, expressa em atos normativos ou concretos,


de condicionar, com fundamento em sua supremacia geral e na forma da
lei, a liberdade e a propriedade dos indivíduos, mediante ação ora
fiscalizadora, ora preventiva, ora repressiva, impondo coercitivamente aos
particulares um dever de abstenção (“non facere”) a fim de conformar-lhes os
comportamentos aos interesses sociais consagrados no sistema normativo.

O poder de polícia caracteriza-se por uma verdadeira limitação a


direitos fundamentais, notadamente liberdade e propriedade. Marinella define
poder de polícia como “um instrumento conferido ao administrador que lhe permite
condicionar, restringir, frenar o exercício de atividade, o uso e gozo de bens e
direitos pelos particulares, em nome do interesse da coletividade”.

Ex: concessão de alvará de construção pelo Município, aplicação de multa por


construção irregular, por excesso de velocidade, por infração ambiental, etc., demolição de
casa construída em obra pública, concessão de licença de instalação, dispersão de passeata
que atenta contra bens jurídicos individuais e da coletividade etc.

Os meios de atuação do poder de polícia são os


- Poder de polícia PREVENTIVO – normatização de condutas – ex.
seguintes: prevenção, fiscalização e repressão.
prevenção de acidentes com a fixação da velocidade em 30 km/h próximo as escolas.
- Poder de polícia FISCALIZADOR – fiscalizar o cumprimento das
regras – ex. radares, foto sensores.

- Poder de polícia REPRESSIVO – quando vamos punir o


desrespeito às regras – ex. aplicação de multas (como a de trânsito).

ATRIBUTOS: são a discricionariedade, a auto-executoriedade e a coercibilidade.

A Discricionariedade traduz-se na livre escolha, pela Administração,


da oportunidade e conveniência de exercer o poder de polícia, bem como aplicar
as sanções e empregar os meios conducentes a atingir o fim colimado, que é a proteção de
algum interesse público; a discricionariedade do poder de polícia reside no uso da liberdade
legal da valoração das atividades policiadas e na graduação das sanções aplicáveis aos
infratores.

A Auto-executoriedade, ou seja, a faculdade de a Administração


decidir e executar diretamente sua decisão por seus próprios meios, sem
intervenção do Judiciário, é outro atributo do poder de polícia; no uso desse poder, a
Administração impõe diretamente as medidas ou sanções de polícia administrativa necessárias
à contenção da atividade que ela visa a obstar.

A Coercibilidade, isto é, a imposição coativa das medidas adotadas


pela Administração, constitui também atributo do poder de polícia, realmente, todo ato de
polícia é imperativo, admitindo até o emprego da força pública para seu cumprimento, quando
resistido pelo administrado; não há ato de polícia facultativo para o particular, pois todos eles
admitem a coerção estatal para torná-los efetivos, e essa coerção também independe de
autorização judicial; é a própria Administração que determina e faz executar as medidas de
força que se tornarem necessárias para a execução do ato ou aplicação da penalidade
administrativa.

Quanto aos sujeitos aptos a seu desempenho, a atividade de polícia administrativa


é exclusiva das pessoas jurídicas de direito público (União, Estados, Distrito Federal,
Municípios e respectivas autarquias e fundações públicas de direito público). Logo, o poder
de polícia não pode ser delegado a pessoas de direito privado, nem mesmo quando integrantes
da Administração Indireta (fundações públicas de direito privado, empresas públicas e
sociedades de economia mista. É a posição tradicional: da indelegabilidade total a
pessoas de direito privado.)
O mestre Carvalho Filho acentua que pessoas de direito privado “jamais serão
dotadas da potestade (ius imperii) necessária ao desempenho da atividade de polícia”.

O que se admite é que particulares pratiquem atos de execução sem


qualquer poder decisório objetivando dar suporte à polícia administrativa. Cite-
se o exemplo das empresas contratadas pelos departamentos de trânsito para
efetuarem a manutenção dos equipamentos eletrônicos de fiscalização de
trânsito. Note que nesses casos não há nenhum poder decisório envolvido nessa atividade,
mas apenas a prática de atos operacionais que precedem o poder de polícia.

A DIVISÃO ENTRE POLÍCIA ADMINISTRATIVA E JUDICIÁRIA NA


ATUAÇÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA.

O poder de polícia constitui um complexo de atividades


administrativas mais abrangentes do que as atuações de segurança pública.
Assim, o poder de polícia não é privativo das “polícias”. Mas o estudo das
atividades estatais de prevenção e repressão à criminalidade, sob a ótica da teoria do poder de
polícia. Segundo José dos Santos Carvalho Filho "quando agentes administrativos estão
executando serviços de fiscalização em atividades de comércio, ou em locais proibidos para
menores, ou sobre as condições de alimento para consumo, ou ainda em parques florestais,
essas atividades retratam o exercício de polícia administrativa.

Especificamente com relação à segurança pública, o professor Alexandre Mazza


apresenta a seguinte divisão nas atuações de segurança pública em polícia administrativa e
polícia judiciária

:
Polícia administrativa Polícia judiciária

tem caráter predominantemente preventivo, sua atuando


atuação
antes
preponderante
de o crime ocorrer,
tem natureza
para evitá
repressiva,
-lo. submet
ag
regras do Direito Administrativo. Sujeita -se basicamente aos princípios e normas do Dire
No Brasil, a polícia administrativa é associada ao
No chamado
sistema atual,
policiamento
a políciaostensivo,
judiciária ésendo
exercida
realizada
pela Políc
pela

VI- AGENTES PÚBLICOS

1- AGENTE PÚBLICO

São todos aqueles que, a qualquer título, executam uma função pública como preposto do Estado (Carv

O que é relevante para a caracterização de alguém como agente público é a


verificação do exercício de função pública.

A expressão agente público é bem ampla e abrange diversas pessoas como, por
exemplo, o Presidente da República, um Deputado Federal, um policial militar, um Delegado
de Polícia, um servidor de um Município, um empregado público de uma sociedade de
economia mista, um ocupante de cargo em comissão, um magistrado, um servidor temporário,
um mesário, um jurado, um oficial de registro de imóveis, um concessionário de serviço
público.

2- ESPÉCIES DE AGENTES PÚBLICOS

2.1 Agentes políticos — exercem função pública de alta direção (ocupam a


cúpula diretiva do Estado) do Estado ingressam, em regra, por eleição e
desempenham mandatos fixos exercendo funções previstas na CF88. Exemplos: políticos,
secretários, ministros.

Segundo Celso Antônio Bandeira de Mello, “Agentes políticos são os titulares dos
cargos estruturais à organização política do Estado, isto é, são os ocupantes dos cargos que
compõem o arcabouço constitucional do Estado”

2.2- Servidores Públicos

Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro, “Servidor público em sentido amplo, são
as pessoas físicas que prestam serviços ao Estado e às entidades da Administração Indireta,
com vínculo empregatício e mediante remuneração paga pelos cofres públicos”.

a) Estatutários ou servidor público em sentido estrito, são os titulares


de cargo público efetivo e em comissão, com regime jurídico estatutário geral ou peculiar
definidos em lei, integrantes da Administração Direta, autarquias e fundações públicas com
personalidade jurídica de Direito Público.

b) Empregados Públicos são os titulares de emprego público da


Administração Direta e Indireta, regidos pela CLT, não ocupam cargo público e não possuem
estabilidade. Embora regidos pela CLT, submetem-se às normas constitucionais referentes a
requisitos iminentes do cargo, investidura, acumulação, vencimentos entre outros.

- Com exceção das funções de direção e de confiança das pessoas jurídicas da


Administração Indireta, os empregados públicos são admitidos mediante concurso público ou
processo seletivo.

c) Temporários: exercem função sem vinculação a cargo ou emprego público e


são submetidos a regime jurídico especial a ser disciplinado em lei de cada unidade da
federação. Atualmente, esse tipo de contratação só poderá ocorrer com a finalidade de atender
à necessidade temporária de excepcional interesse público.

2.3- Militares

São militares as pessoas físicas que prestam serviços às Forças Armadas


(Exército, Marinha e Aeronáutica), e às Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares
dos Estados, Distrito Federal e Territórios, com vínculo estatutário sujeito a regime jurídico
próprio, mediante remuneração paga pelo Governo.
2.4- Particulares em Colaboração com o Poder Público

Os particulares em colaboração com o Poder Público não fazem parte do Estado,


eles exercem função pública, entretanto, não deixam de ser particulares.

Celso Antônio Bandeira de Mello define estes particulares em colaboração da


seguinte forma: em primeiro lugar, os requisitados, que exercem munus público e são os
recrutados para o serviço militar obrigatório; os jurados e os que trabalham nos cartórios
eleitorais, quando das eleições; os gestores de negócios públicos que assumem a gestão da
coisa pública livremente, em situações anormais e urgentes; os contratados por locação civil
de serviços; os concessionários e os permissionários de serviços públicos, os delegados de
função ou ofício público, os que praticam atos que são de competência do Estado e têm força
jurídica oficial.

3- CARGO PÚBLICO, EMPREGO PÚBLICO E FUNÇÃO PÚBLICA

3. 1- Cargo público: é o lugar dentro da organização funcional da organização funcional


da Administração Direta e de suas autarquias e fundações públicas que, ocupado por servidor
público, submetidos ao regime estatuário, tem funções específicas e remuneração fixada em
lei ou diploma a ela equivalente.
Para Celso Antonio Bandeira de Melo são as mais simples e indivisíveis unidades
de competência a serem titularizadas por um agente. São criados por lei, previstos em número
certo e com denominação própria.

- Acesso ao cargo público: será via concurso público para cargos efetivos ou
não, nos casos de cargos em comissão. De qualquer forma, o cargo é próprio das pessoas de
direito público, é inerente ao regime estatutário, não sendo compatível com as pessoas
jurídicas de direito privado da Administração Pública,

3.2- Empregos públicos: é o local ocupado pelo agente público contratado


para desempenhar suas atribuições sob o regime celetista, são núcleos de encargos de trabalho
permanentes a serem preenchidos por agentes contratados para desempenhá-los, sob regime
trabalhista. Da mesma forma que os cargos, os empregos permanentes são criados por lei.

3.3- Função Pública: são atribuições conferidas a um órgão, cargo, emprego


ou diretamente ao agente. Todo cargo ou emprego tem uma função, mas
nem toda função equivale a um cargo ou emprego. Pode existir sem cargo público ou
emprego público, mas o inverso não é verdadeiro, quer dizer, todo cargo público e todo
emprego público possuem atribuições que devem ser desempenhadas por seus ocupantes.

-VII- RESPONSABILIDADE CIVIL DA ADMINISTRAÇÃO

1- Introdução
A responsabilidade civil do Estado é, primeiramente, uma obrigação
EXTRACONTRATUAL (existir independentemente de vínculo ou relação prévia com o Poder
Público) que tem o Estado de indenizar os danos patrimoniais ou morais que seus agentes, atuando
em seu nome, causem a particulares.

- Tem como elementos: a conduta humana, o dano causado e o nexo de


causalidade entre a conduta e o dano.
A conduta humana desempenhada pelo agente público que exerce o poder de Estado
consiste na prestação de um serviço público que causou danos. Enquanto isso, o dano causado
consiste em bem jurídico tutelado pela ordem jurídica que foi lesado. Já o nexo causal, representa a
ligação entre os dois no caso concreto.
Exemplos:
- Motorista dos Correios colide com o automóvel de um particular;
- Particular acaba sendo atingido por bala perdida disparada por policial
em serviço.

A Constituição Federal estabelece que a Administração é objetivamente responsável


pelos danos causados pela ação de seus agentes, nos seguintes termos:
O artigo 37, § 6º da Constituição Federal de 1988 positiva:

“As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de


serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem
a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou

culpa.” Atenção: O Art. 27 da Constituição Estadual, pois ela trata no âmbito do


Estado do Pará da Responsabilidade Civil do Estado.
Do dispositivo em tela pode-se extrair o princípio da responsabilidade objetiva dos
Estado, uma vez que não se faz necessária, segundo a regra constitucional, a demonstração
de culpa do agente, “(...) responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a
terceiros”, e também o princípio da responsabilidade subjetiva do próprio agente estatal,
“assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo e culpa”. A
Responsabilidade subjetiva do Estado será estudada logo mais.

2- Responsabilidade Civil do Estado:

A responsabilidade civil objetiva (1947- até hoje): significa que o Estado deve se
responsabilizar pelos atos cometidos pelos seus agentes que causem danos aos particulares.
Objetiva porque não se exige demonstração de dolo/culpa do agente público.
Celso Antônio Bandeira de Melo informa que a responsabilidade civil estabelece a
“obrigação de indenizar quem incumbe a alguém em razão de um procedimento lícito ou ilícito
que produziu uma lesão na esfera juridicamente protegida de outrem”, motivo pelo qual basta
que seja comprovado o nexo de causalidade entre a conduta e o dano, não mais o
dolo ou culpa do agente.

A responsabilidade civil objetiva do Estado não alcança somente o Estado propriamente


dito, mas também aqueles entes administrativos (membros da administração indireta) que lhes faça
as vezes e os integram, como as autarquias, as fundações públicas de Direito Público.
3- Teorias da Responsabilidade Objetiva:
a) Teoria do Risco Integral: A teoria do risco integral traz que é necessário o
acontecimento de um caso concreto que cause danos e o nexo causal para que o Estado indenize.
Isso não permite que o Estado alegue eventuais excludentes de responsabilidade jurídica. O Estado
acabaria por se torna um indenizador universal.
Hipóteses de aplicação no ordenamento jurídico:
- Acidentes de trânsito para pagamento de seguro DPVAT;
- Responsabilidades perante terceiros no caso de atentados terroristas contra aeronaves;
- Danos nucleares.
b) Teoria do Risco Administrativo: O Estado só responde pelos riscos que
tiver causado a terceiros, podendo, inclusive, invocar as causas excludentes de
responsabilidade. Causas de exclusão total ou parcial da responsabilidade
objetiva:
- Ocorrência de força maior- expressa em fatos da natureza, irresistíveis
tais como: terremoto, chuva de granizo, tornado, queda de raio, inundação de rio;
- Culpa exclusiva da vítima, o Estado não irá ser responsabilizado por
uma pessoa que, buscando o suicídio, se joga nos trilhos de um metrô, por
exemplo.
- Culpa exclusiva de terceiro, hipóteses em que não se verifica o nexo
causal entre a conduta do Estado e o resultado danos.

4- RESPONSABILIDADE SUBJETIVA: baseia-se na ideia de que o Estado deve ser


responsabilizado somente caso haja imprudência, imperícia ou negligência (teoria da culpa). Em
nosso ordenamento jurídico, a responsabilidade subjetiva é aplicada em casos de atos e condutas de
terceiros e fenômenos da natureza; em linhas gerais, quando há um ato omissivo do poder público.
Exemplos (em todos os casos houve omissão estatal):
- Pedaços de árvore que não é devidamente podada caem sobre o carro de um
particular;
- Casas destruídas por enchente causada pela falta de manutenção de bueiros.

ATENÇÃO: Na responsabilidade subjetiva, o particular tem que provar


que o Estado teve a culpa, isto é, que este foi omisso em suas obrigações e que tal omissão
resultou em um dano ao particular.

5- AÇÃO REGRESSIVA: Administração Pública X Agente Público:


É possível, por autorização expressa da CF/88, no art. 37, §6º, a ação regressiva contra
o agente que estava representando o Estado no momento em que o dano foi causado, se for provado
dolo ou culpa na sua atuação. Para que a ação regressiva seja possível, é necessário que a
Administração ou quem lhe fizer às vezes prove que já foi obrigada a indenizar, vez que o seu
direito de regresso nasce apenas com o trânsito em julgado da decisão judicial condenatória.
É importante diferencia a responsabilidade da administração da
responsabilidade do agente perante a administração. A primeira será no risco
administrativo e objetiva, já a segunda, no caso de dolo ou culpa do agente
responsável e será subjetiva. Ainda, é possível que mesmo depois de encerrado o
vínculo entre o agente e a Administração Pública, a ação de regresso seja ajuizada.

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