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O Direito Pú blico tem por objeto principal a regulaçã o dos interesses da sociedade como um todo, a
disciplina das relaçõ es entre esta e o Estado, e das relaçõ es das entidades estatais entre si. Tutela ele o
interesse pú blico, só alcançando as condutas individuais de forma indireta ou reflexa.
É característica marcante do direito pú blico a desigualdade nas relaçõ es jurídicas por ele regidas, tendo
em conta a prevalência do interesse pú blico sobre os interesses privados. Essa desigualdade se justifica
pelo fato de que o interesse coletivo deve prevalecer sobre o interesse privado. Em razã o disso o Estado
na defesa do interesse pú blico goza de certas prerrogativas que o situa em posiçã o de superioridade ante
o particular.
Direito pú blico e ordem pú blica nã o sã o sinô nimos. Ordem pú blica sã o regras inafastáveis pela vontade
das partes. Nã o pode ser modificada, nã o pode ser afastada pela vontade das partes (exigência de
pagamento de impostos, concurso pú blico para provimento de cargos – sã o de ordem pú blica). No Có digo
Civil há os impedimentos para o casamento que sã o inegociáveis. Mesmo estando no direito privado, sã o
regras de ordem pú blica. Essas regras estã o distribuídas por todo o ordenamento.
Na verdade, toda regra de direito pú blico é também de ordem pú blica, mas toda regra de ordem pú blica
nã o é de direito pú blico. Regra de ordem pú blica existe no direito pú blico e também no direito privado
O direito privado tem como escopo principal a regulaçã o dos interesses particulares, como forma de
possibilitar o convívio das pessoas em sociedade e uma harmoniosa fruiçã o de seus bens. O que o
caracteriza é a igualdade jurídica entre os pó los das relaçõ es por ele regida.
Cabe observar que nã o há ramo do direito em que todas as relaçõ es jurídicas sejam integralmente regidas
pelo direito privado, pois pode ter repercussã o nos interesses da coletividade. Como também no â mbito
dos ramos do direito pú blico inú meras relaçõ es jurídicas tem aplicaçã o subsidiá ria do direito privado.
O que nã o é possível é alguma atuaçã o do Estado, em qualquer campo, ser regida exclusivamente pelo
direito privado, com total afastamento de normas de direito pú blico.
Crítica: Para essa teoria, o direito administrativo simplesmente estuda a lei seca. No entanto, o
Direito Administrativo nã o se limita a um corpo de leis, desprezando os princípios jurídicos.
Crítica: critério insuficiente, pois o direito administrativo também se ocupa da disciplina de outras
atividades distintas do serviço pú blico, como a atividade de polícia administrativa, de fomento e de
intervençã o.
Crítica: esse conceito nã o satisfaz na medida que o Poder Legislativo e Judiciá rio também editam
atos administrativos disciplinados pelo direito administrativo.
Crítica: esse critério nã o é ú til para a definiçã o de direito administrativo, porque as relaçõ es entre a
Administraçã o e os administrados também sã o reguladas por outros ramos do Direito, como
constitucional, tributá rio, penal...
Crítica: Esse critério diz que o direito administrativo nada mais é do que um conjunto harmô nico de
princípios. Esse critério é insuficiente, associa o direito administrativo aos fins do Estado.
1. Celso Antô nio Bandeira de Melo: “o ramo do Direito Pú blico que disciplina a funçã o administrativa e os
ó rgã os que a exercem”
2. Hely Lopes Meirelles: “conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos, os
agentes e as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins
desejados pelo Estado.”1
Concreta = efeitos concretos.
Direta = independente de provocaçã o.
Imediata = afasta a funçã o social do Estado.
A funçã o imediata do Estado se refere à funçã o jurídica do Estado, que é diferente da funçã o
mediata. A funçã o mediata traz a funçã o social do Estado. A imediata é a jurídica, distinta da
mediata que é a atividade social. Funçã o social nã o é problema nosso. Escolher política pú blica nã o
3. Maria Sylvia Zanella Di Pietro: “ramo do direito pú blico que tem por objeto os ó rgã os, agentes e
pessoas jurídicas administrativas que integram a Administraçã o Pú blica, a atividade jurídica nã o
contenciosa que exerce e os bens de que se utiliza para a consecuçã o de seus fins, de natureza pú blica”
2 OBJETO E ABRANGÊNCIA
O objeto do direito administrativo abrange todas as relaçõ es internas à administraçã o pú blica - entre os
ó rgã os e entidades administrativas, uns com os outros, e entre a administraçã o e seus agentes,
estatutá rios e celetistas -, todas as relaçõ es entre a administraçã o e os administrados, regidas
predominantemente pelo direito pú blico ou pelo direito privado, bem como atividades de administraçã o
pú blica em sentido material exercidas por particulares sob regime de direito pú blico, a exemplo da
prestaçã o de serviços pú blicos mediante contratos de concessã o ou de permissã o.
Embora a atividade de administraçã o pú blica seja típica do Poder Executivo, os demais Poderes também
praticam atos que sã o objeto do direito administrativo, estando sujeito ao regramento do direito
administrativo.
OBS: a funçã o de governo (política - elaboraçã o de políticas pú blicas, diretrizes) nã o constitui objeto do
direito administrativo.
O Direito Administrativo nã o se encontra codificado, seus textos de lei nã o estã o reunidos em um có digo.
Fontes:
Lei: fonte primordial do direito administrativo. Deve-se incluir, de forma secundá ria, além das leis
propriamente ditas e da Constituiçã o, os atos normativos infralegais expedidos pela administraçã o
pú blica, pois sã o de observâ ncia obrigató ria pela pró pria Administraçã o.
Deve-se ressaltar que apesar de um modo geral as decisõ es judiciais só terem eficá cia entre as partes do
processo, nas açõ es de controle abstrato de constitucionalidade produzirã o eficá cia contra todos e feito
vinculante, relativamente aos demais ó rgã os do Poder Judiciá rio e à administraçã o pú blica direta e
indireta. Essas decisõ es e as sú mulas vinculantes - efeito vinculante e eficá cia contra todos - devem ser
consideradas como fontes principais, e nã o secundá rias, pois estabelecem condutas de observâ ncia
obrigató ria.
costumes: conjunto de regras nã o escritas observadas pela sociedade. Fonte secundá ria.
* Os costumes administrativos: prá tica reiteradamente observada pelos agentes administrativos. A praxe
administrativa diante de lacunas normativas funcionam como fonte secundá ria do direito administrativo
podendo gerar direitos aos administrados. Isto com base nos princípios da lealdade, boa-fé e moralidade
administrativa.
Sistema administrativo vem a ser o regime adotado pelo Estado para o controle dos atos administrativos
ilegais ou ilegítimos praticados pelo poder pú blico nas diversas esferas e em todos os Poderes. Sã o dois
sistemas: inglês e francês
OBS: Deve-se observar que a adoçã o do sistema de jurisdiçã o ú nica nã o implica a vedaçã o à
existência de soluçã o de litígios em â mbito administrativo. O que se assegura nesse sistema é que
qualquer litígio, de qualquer natureza, ainda que já tenha sido iniciado (ou já esteja concluído) na
esfera administrativa, pode sem restriçõ es, ser levado à apreciaçã o do Poder Judiciá rio.
Esse sistema nã o impede a realizaçã o do controle de legalidade dos atos administrativos pela pró pria
administraçã o pú blica que os tenha editado (autotutela administrativa).
XXXV - a lei nã o excluirá da apreciaçã o do Poder Judiciá rio lesã o ou ameaça a direito;
Isso nã o significa retirar da administraçã o pú blica o poder de controlar os seus pró prios atos. No entanto,
as decisõ es dos ó rgã os administrativos nã o sã o dotadas da força e da definitividade que caracterizam as
decisõ es do Poder Judiciá rio, suas decisõ es nã o fazem coisa julgada, ficando sujeitas à revisã o pelo Poder
Judiciá rio.
Deve ficar claro que mesmo apó s o início do processo administrativo, por iniciativa do administrado, esse
pode abandoná -lo em qualquer etapa e recorrer ao Poder Judiciá rio, a fim de ver decidida nessa esfera.
O administrado pode, ainda, em qualquer hipó tese, recorrer diretamente ao Poder Judiciá rio quando
entender que se perpetrou alguma lesã o ou ameaça a direito seu, independentemente de se ter esgotado
as vias administrativas.
Ainda há outros atos ou decisõ es, nã o enquadrados como atos administrativos em sentido pró prio, que
nã o se sujeitam a apreciaçã o judicial. Ex: atos políticos, tais como a sançã o ou veto a projeto de lei,
políticas pú blicas.
6 REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO
É um regime de direito pú blico, aplicável aos ó rgã os e entidades que compõ em a administraçã o pú blica e
à atuaçã o dos agentes administrativos em geral. Baseia-se na existência de poderes e restriçõ es especiais
que regem a atuaçã o da Administraçã o pú blica. Essas prerrogativas e limitaçõ es traduzem-se nos
princípios da supremacia do interesse pú blico e na indisponibilidade do interesse pú blico. (Pedras de
Toque)
Havendo conflito entre os interesses pú blicos e os interesses de particulares, aquele deve prevalecer,
exigindo-se, entretanto, o respeito aos direitos e garantias fundamentais.
Ex: toda atuaçã o administrativa em que exista imperatividade, em que sejam impostas, unilateralmente,
obrigaçõ es para o administrado, ou em que seja restringido ou condicionado o exercício de atividades.
Pode-se citar: poder de polícia (poder que limita a atuaçã o do particular), clá usulas exorbitantes no
contratos pú blicos, desapropriaçã o, presunçã o de legitimidade dos atos administrativos, auto-
executoriedade de atos administrativos, etc.
Em decorrência desse princípio a administraçã o somente pode atuar quando houver lei que autorize ou
determine sua atuaçã o, e nos limites estipulados por essa lei. Nã o existe, a rigor, a idéia de vontade
autô noma da administraçã o, mas sim de vontade da lei, que é o instrumento que traz a vontade geral, do
povo, manifestada por seus representantes.
Exemplos: necessidade de realizar concurso pú blico, licitaçã o, a exigência de motivaçã o dos atos
administrativos, restriçõ es à alienaçã o de bens pú blico.
A Constituiçã o nã o traz expressamente esses dois princípios, no entanto no art. 37, CF enumera os
princípios que decorrem diretamente desses dois. Princípios mínimos do Direito Administrativo:
Art. 37. A administraçã o pú blica direta e indireta de qualquer dos Poderes da Uniã o, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: