1) Administração Pública
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abstrata) e imediata (se preocupa com a atividade jurídica do Estado, e não
social), os fins desejados pelo Estado. Os fins do Estado realizados pelo
direito administrativo são definidos pela Constituição. Esse conjunto
de regras e princípios formam o regime jurídico administrativo. Esta
corrente, que representa a somatória das teses das três últimas correntes,
foi aceita e é hoje adotada no Brasil.
b) Doutrina
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- São elementos do Estado: o povo, o território e o Governo, que será
soberano para garantir a independência do Estado. A soberania representa
a independência na ordem internacional e a supremacia na ordem interna.
Ainda de acordo com a consagrada teoria de Montesquieu, o poder do
Estado é tripartido (legislativo, judiciário e executivo), cada um possuindo
funções predominantes específicas. O Poder Legislativo, no exercício da
função típica, que é direta (não depende de provocação), pode inovar no
ordenamento jurídico por meio de leis, que em regra terão efeito abstrato e
erga omnes. A função típica do Poder Judiciário, é o julgamento, que por
sua vez, não tem o condão de inovar no ordenamento jurídico, e terá, em
regra, efeitos concretos, individuais e intangibilidade jurídica (imutabilidade
alcançada pela coisa julgada). Sua função é indireta, ao passo que sua
atuação depende de provocação. O Poder Executivo, no exercício de sua
função administrativa, em regra, tampouco inova no ordenamento jurídico,
tem efeitos concretos, é direta, e seus atos podem ser revistos pelo
judiciário sempre que exista lesão ou ameaça de lesão a direito. A coisa
julgada administrativa se limita ao âmbito administrativo, admitindo
mutabilidade por meio de revisão judicial. Outra função do Estado, que
abrange aquelas não contidas nas três acima discriminadas, é a política,
como a sanção e veto do Presidente, declaração de guerra e celebração da
paz, e outras funções não corriqueiras do Estado. Assim, governo significa
o comando do Estado.
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sentido material e formal e, num 2° momento, também às leis somente em
sentido material. Assim, a Administração pode agir de forma inválida
mesmo que o ato em questão não tenha violado nenhum princípio
administrativo ou dispositivo de lei, mas apenas um decreto ou portaria.
Pode-se ainda dizer que, de acordo com este princípio, administrar é aplicar
a lei de ofício. Sempre que violado princípio constitucional, terá sido violado
também, o princípio da legalidade em seu conceito amplo. Dessa forma, ao
se violar o princípio da impessoalidade, por exemplo, ter-se-á violado,
simultaneamente, o princípio da legalidade. Finalmente, deve se ter por
entendido que o princípio da legalidade não impede a atuação discricionária
do administrador, apenas limita sua liberdade. Não se deve confundir
legalidade com reserva legal, sendo que esta está contida naquela, podendo
ser conceituada como a previsão de espécie normativa determinada para
regulação de uma matéria. Assim, de tudo o exposto, pode-se concluir que
é ilegal o ato administrativo praticado sem lei anterior que o preveja,
podendo ter sua invalidade decretada pela própria administração ou pelo
poder judiciário.
O STF aprovou nesta quinta-feira o texto da súmula vinculante (entendimento sobre o tema) que,
proíbe o nepotismo no serviço público nos três poderes. Pelo texto, ficou estabelecida a
ampliação do conceito que trata do nepotismo cruzado e que envolve diretamente os parentes
de autoridades e pessoas que ocupam cargos de chefia ou confiança. A ordem vale para
familiares até 3º grau. O texto da súmula diz:
"A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até 3º
grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo
de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou ainda
de função gratificada da administração pública direta, indireta em qualquer dos poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas,
viola a Constituição Federal".
A decisão de proibir o nepotismo inclui Judiciário, Legislativo e Executivo - órgãos de autarquias direta e
indireta. Com a súmula vinculante, a ordem passa a ser obrigatória em todo país. Nesta quinta-feira, os
ministros não mencionaram a exclusão da lista de contratações que indicam nepotismo, os cargos de
ministro de Estado, secretários estaduais e municipais, além do Distrito Federal. Mas ontem excluíram
essas situações.
A questão das contratações cruzadas, abordada na discussão sobre a súmula vinculante, é caracterizada
pelo ato de políticos que pedem para amigos nomearem seus parentes.
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Pelo entendimento dos ministros, a decisão do STF passa a valer a partir da publicação da súmula
vinculante - que define que a ordem deve ser seguida por todos no país. O presidente do STF, Gilmar
Mendes, disse ontem que o texto deve ser publicado em, no máximo, dez dias.
Segundo alguns ministros, com a publicação da súmula, será possível recorrer na própria Corte
Suprema, por intermédio de reclamação, sobre a contratação de parentes para cargos da administração
pública direta e indireta no Executivo e no Legislativo.
A decisão de editar a súmula vinculante ocorreu a partir do julgamento de uma ação relatada pelo
ministro Ricardo Lewandowski, que examinou casos específicos de contratação do secretário municipal
de Saúde, Elias de Souza, e do motorista em Água Nova (RN), Francisco de Souza. Ambos eram
parentes de um vereador e vice-prefeito.
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governamentais, que devem voltar-se exclusivamente para o interesse social, sendo incompatível com a
menção de nomes, símbolos ou imagens, aí incluídos slogans que caracterizem a promoção pessoal ou
de servidores públicos. Asseverou-se que a possibilidade de vinculação do conteúdo da divulgação
com o partido político a que pertença o titular do cargo público ofende o princípio da
impessoalidade e desnatura o caráter educativo, informativo ou de orientação que constam do
comando imposto na Constituição.
RE 191668/RS, rel. Min. Menezes Direito, 15.4.2008. (RE-191668)
* Sanções pela prática de atos de improbidade (imoralidade qualificada - art. 37, § 4º, CF):
. perda da função; suspensão dos direitos políticos; indisponibilidade de bens (é a única que independe
de transito em julgado da decisão, por ser medida acautelatória); ressarcimento ao erário; proibição de
contratar com a Administração ou dela receber benefícios fiscais ou creditícios. A perda da função
pública e a suspensão dos direitos políticos somente se efetivam com o trânsito em julgado da sentença
condenatória, sendo que durante a instrução processual somente se admite o afastamento do
processado do cargo, e ainda assim, sem prejuízo da respectiva remuneração.
O art. 12 da Lei faz a graduação da intensidade do ato e das sanções conforme a tabela abaixo:
- A aplicação destas sanções, salvo no caso do art. 10, independe do dano efetivo ao erário
(art. 21, da lei 8429/92) ou de decisão proferida pelos TC’s.
- O § único do mesmo artigo prevê que o juiz deverá considerar, para aplicação de sanções: a extensão
do dano e o proveito obtido pelo agente (dosimetria).
- No art. 3º da lei há previsão de litisconsórcio passivo com aquele que tenha contribuído com o
agente público para a ocorrência do ato, ou tenha dele se beneficiado, ainda que não seja agente
público.
- O fôro por prerrogativa de função não se aplica às ações de improbidade, que serão julgadas em 1ª
instância.
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- A Lei proíbe acordos ou transações (art. 17, §1°).
OBS:
A conciliação em causas coletivas se revela como um importante instrumento de efetivação dos direitos coletivos. Não é outra a
conclusão a que se chega após a leitura do excelente trabalho de Geisa de Assis Rodrigues sobre o termo de ajustamento de conduta,
negócio jurídico pelo qual se resolve um conflito coletivo por autocomposição, previsto em diversos textos normativos (art.5º, § 5º,
Lei 7.347/85, por ex.).
Contudo, o §1º, do artigo 17, da Lei de Improbidade Administrativa (Lei 8.429/92) impede a conciliação nas ações dessa natureza.
Mas, a regra merece ser aplicada com certo temperamento.
Não se vê razão para impedir a conciliação, no processo de improbidade, no que diz respeito à reparação dos prejuízos ao erário.
Obstaculizá-la, nestas situações, é criar um grande embaraço para efetividade da tutela coletiva, máxime quando se sabe que, em
muitas situações, o prejuízo ao erário não é de grande monta e o pagamento da indenização em parcelas, por exemplo, acaba por
revelar-se uma forma eficaz de adimplemento da dívida.
É possível, inclusive, estabelecer a seguinte diretriz hermenêutica: sempre será possível a conciliação no processo de improbidade
administrativa em relação aos pedidos que poderiam ter sido formulados em processos coletivos comuns (ação civil pública ou ação
popular, v.g.), de que serve de exemplo exatamente o pedido de reparação dos prejuízos.
- As ações destinadas a levar a efeito as sanções previstas na Lei 8429 prescrevem em cinco anos
após o término do exercício de mandato, cargo em comissão ou função de confiança. Ou
dentro do prazo prescricional previsto em lei específica para faltas disciplinares puniveis com
demissão a bem do serviço público, nos casos de cargo efetivo ou emprego. O art. 37, § 5º, da
CF, trata ainda da imprescritibilidade da reparação do dano ao patrimônio público:
§ 5º - A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente,
servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento (estas
são imprescritíveis).
- Ações com finalidade de anulação dos atos de improbidade (a simples ação de improbidade se presta
apenas para ressarcimento ao erário e punição do agente, mas não para anulação do ato):
a) ação popular:
. legitimidade ativa – cidadão;
. legitimidade passiva (litisconsórcio passivo necessário): pessoa física responsável pelo ato lesivo +
pessoa jurídica que ela representa + terceiros beneficiados.
b) ação civil pública:
. legitimidade ativa - (art. 129, III + art. 5º da Lei 7347/85) – MP, Defensoria Pública, União, Estados,
Municípios e DF, autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista, associações
particulares, estas últimas desde que tenham pertinência temática, sejam legalmente constituídas, e em
funcionamento há mais de 01 ano.
. legitimidade passiva: Lei 8429/92 – arts. 2º e 3º (agente público)
26/12/2008 - 10h45
A ação civil pública destinada a apurar danos ao erário não se submete a qualquer prazo prescricional, sendo,
por isso, imprescritível. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) definiu a questão numa ação ajuizada pelo Ministério Público
que apurava prejuízos decorrentes da um contrato realizado entre o Departamento de Estradas e Rodagens de São Paulo e o
Consórcio Nacional de Engenheiros e Consultores (CNEC).
Na sentença de primeiro grau, houve o entendimento de que a apuração dos danos não era mais possível porque haviam se
passado dez anos entre a celebração do contrato e o ingresso da ação (a ação civil pública foi proposta em junho de 2000 e o
contrato data de 18/4/1990).
Essa sentença foi confirmada pela justiça de segundo grau, que assinalou que deveria ser aplicado no caso o prazo de cinco
anos, por analogia ao prazo estipulado nas ações populares, disciplinadas pela Lei n. 4.717/65.
A ação civil pública é disciplinada pela Lei n. 7.347/87, que é omissa em relação ao prazo de prescrição. A Constituição
Federal, por sua vez, no artigo 37, parágrafo quinto, assinala que a lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos
praticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de
ressarcimento. Segundo algumas decisões, a prescritibilidade é a regra do direito brasileiro e as exceções devem estar
expressas em lei, o que tornaria a ação civil pública sujeita a prazo extintivo.
Segundo decisão da Primeira Seção, a ação civil pública tem suas pretensões submetidas à prescrição em cinco anos, à
semelhança da lei da ação popular, mas ressalvada a hipótese de ressarcimento de dano ao erário, que é imprescritível.
Eventuais danos ao erário decorrentes do Contrato 7903/1990 entre o Departamento de Estradas e Rodagens e o CNEC
devem ser julgados pelos órgãos jurisdicionais ordinários.
OBS.: As sanções previstas no art. 12 somente poderão ser aplicadas pelo Poder Judiciário, podendo a
Administração aplicar apenas sanções administrativas.
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OBS.: a lei de improbidade não se aplica aos agente políticos, segundo entendimento do STF proferido
na Recl. 2138, julgada em 2002, aplicando-se a eles a Lei de responsabilidade 1079/50. Cabe ressaltar
que a atual composição do STF é diferente daquela de 2002, não supreendendo alteração desse
posicionamento, uma vez que a Lei de responsabilidade prevê a perda do cargo, mas não prevê o
ressarcimento ao erário.
___________________________________________________________________________________
O ato administrativo somente passa a ter eficácia após sua publicação (ex.:
art. 61, da lei 8666), assim como os prazos, seguindo esse mesmo
raciocínio, somente começam a correr com a publicação.
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com funções idênticas ou assemelhadas somente poderá ser recriado em
quatro anos (garantindo-se assim, a impessoalidade).
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supremacia do interesse público por meio dos institutos da intervenção do
Estado na propriedade, como a desapropriação e a requisição; no exercício
do poder de polícia, a Administração pode determinar o fechamento de
estabelecimentos comerciais por inobservância de regras de saúde pública
etc.). A fim de alcançar a consecução do interesse público, a Administração
goza de uma série de prerrogativas, tais como: os atributos dos atos
administrativos; as cláusulas exorbitantes dos contratos administrativos e
as diversas formas de intervenção do Estado na propriedade privada. O
princípio da supremacia tem como limite aquele da indisponibilidade do
interesse público. Sugestão de leitura – Supremacia do interesse público e
relativização, da autora Alice Gonçalves Borges (está no material da aula).
Ainda é relevante conceituar interesse público primário que representa a
vontade do povo e interesse público secundário que representa a
vontade do Estado enquanto pessoa jurídica. Em regra, esses interesses
deveriam ser coincidentes, entretanto, essa premissa nem sempre é
verdadeira, sendo que quando houver conflito entre eles, predominará o
interesse público primário.
473 – “A administração pode anular seus próprios atos quando eivados de vícios que os tornam
ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência e
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.”
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prevê exceção a esse princípio em duas situações: em nome da segurança
das instalações e em razão de inadimplência do usuário. Cabe destacar
que atualmente a posição majoritária da jurisprudência prevê a
possibilidade do corte do serviço, mesmo quando essencial, em caso de
inadimplemento, com fundamento na supremacia do interesse público, e da
isonomia. Para a minoria, que entende não ser possível o corte de serviços
essenciais, o fundamento desta posição estaria nos arts. 22 e 42, do CDC.
“O limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em face do art. 7°, XXX,
da CF, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido.”
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condição para o exercício do direito de recurso, tendo em vista que
referida exigência afrontaria o direito à ampla defesa – RE 388.359 / Resp
943116). Vale ressaltar que não há proibição da reformatio in pejus em
recurso administrativo, por outro lado, a revisão não a admite.
RE 388359 / PE - PERNAMBUCO
RECURSO EXTRAORDINÁRIO Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO
Julgamento: 28/03/2007 Órgão Julgador: Tribunal Pleno
Publicação DJe-042 DIVULG 21-06-2007 PUBLIC 22-06-2007DJ 22-06-2007 PP-00017 Parte(s)
RECTE.(S): HTM - DISTRIBUIDORA DE MELAÇO LTDA
RECDO.(A/S) : UNIÃO
RECURSO ADMINISTRATIVO - DEPÓSITO - § 2º DO ARTIGO 33 DO DECRETO Nº 70.235/72 -
INCONSTITUCIONALIDADE. A garantia constitucional da ampla defesa afasta a exigência do depósito
como pressuposto de admissibilidade de recurso administrativo.
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facultativa a participação de advogado, em razão de entendimento do STF
consolidado na súmula vinculante n.º 05, segundo a qual “a ausência
do advogado em processo disciplinar não ofende a constituição”.
Melhor andaria o STF, se seguisse o posicionamento do STJ no sentido da
necessidade de participação do advogado no PAD, podendo ter utilizado o
instituto da manipulação ou modulação temporal de efeitos da súmula
vinculante, no sentido de que esta produzisse efeitos apenas ex nunc, dessa
forma preservariam-se o princípio da legalidade, bem como as finanças
públicas.
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finalidade, elas estão vinculadas, não podendo o Administrador sobre ela
deliberar.
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hierarquia, mas tão somente controle ou fiscalização institucional, tendo em
vista que se dá entre pessoas jurídicas distintas. A descentralização se
efetiva da seguinte forma:
Formas de descentralização
Outorga Delegação
Instrumento Sempre por meio de lei Por meio de lei, contrato ou ato unilateral
Quem recebe Pessoa jurídica de direito público Pessoa jurídica de direito privado da
da administração pública indireta administração pública indireta e
(autarquias e fundações) particulares
Objeto de Titularidade + execução do serviço Apenas execução do serviço
Transferência
Espécies - Legal, Concessão, permissão e
Autorização
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3) autorização de serviços públicos: é feita por ato unilateral, por prazo
determinado ou indeterminado, sem necessidade de licitação, a
pessoas físicas ou jurídicas. Temos que esclarecer que a autorização é um
ato de caráter precário, revogável a qualquer tempo sem direito à
indenização (mesmo quando é conferida por prazo determinado).
b) São criadas por uma de nossas entidades políticas, por meio de lei
específica ordinária, diretamente (lei criadora), no caso das autarquias,
quando será dispensável o registro de Estatutos, eis que a entidade nasce
com a própria Lei e será extinta por igual ato normativo; e mediante ato do
Executivo autorizado por lei específica (lei autorizadora), nos casos de
E.P.; S.E.M.; Fundações Públicas (a lei autoriza o executivo a, por meio de
decreto, instituir a entidade, sendo que a pessoa jurídica nascerá com o
registro dos Estatutos no registro competente – sua extinção se dá por ato
do Executivo, mediante lei autorizadora), para exercer uma das atividades
administrativas que lhe foram outorgadas pela CF. Vale ressaltar que, as
fundações públicas de regime jurídico privado, são criadas por lei ordinária
específica autorizadora, entretanto, suas finalidades são estabelecidas em
lei complementar. A autorização legislativa para a criação de subsidiárias
de empresa pública e sociedade de economia mista a que se refere o art.
37, da CF possui caráter genérico, desde que na lei autorizativa específica
para a criação da entidade já haja permissão para seu estabelecimento.
Autarquias e Fundações Públicas não têm subsidiárias.
“Art. 37.
XIX - somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa
pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso,
definir as áreas de sua atuação.”
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c) Finalidade específica definida por lei (princípio da especialidade). Assim,
suas finalidades somente poderão ser alteradas por lei, em razão do
princípio da simetria.
d) Não podem ter fins lucrativos, sendo que este poderá apenas ser uma
conseqüência de suas atividades, mas não uma finalidade para sua criação.
Valendo ressaltar que o caput do art. 173, da CF prevê que a exploração
direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando
necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante
interesse coletivo.
a) Autarquias:
- Características gerais:
. são autônomas;
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. personalidade jurídica de direito público (patrimônio próprio;
atuações estatais específicas; se sujeitam ao controle da entidade estatal a
que pertencem por meio de supervisão ministerial, diferente de
subordinação; ausência de finalidade lucrativa).
- Características específicas:
“Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios:
(...)
VI - instituir impostos sobre:
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;
b) templos de qualquer culto;
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais
dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os
requisitos da lei;
d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.
(...)
§ 2º - A vedação do inciso VI, "a", é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo
Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades
essenciais ou às delas decorrentes.
§ 3º - As vedações do inciso VI, "a", e do parágrafo anterior não se aplicam ao patrimônio, à renda e aos
serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a
empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário,
nem exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel.
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celetista ou estatutário, sendo que uma vez adotado este último, não
poderia ser convertido no primeiro.
. Natureza dos bens: os bens das autarquias são públicos sendo, portanto,
inalienáveis, impenhoráveis (logo, inarrestáveis e inseqüestráveis),
imprescritíveis e não podem ser objeto de oneração (garantia). Seus
débitos são quitados pelo sistema de precatórios (art. 100, da CR),
recordando que cada autarquia tem fila própria, assim como os débitos
alimentícios também terão fila própria.
OBS.: A OAB, de acordo com a ADI 3026, é pessoa jurídica “ímpar”, logo
não compõe a Administração Pública, e sendo assim, por não ser pessoa
jurídica de direito público, a anuidade da OAB não é tributo; não se sujeita
a controle dos TCs; contra os inadimplentes não cabe execução fiscal; não
observa a Lei de contabilidade pública e não exige a contratação de pessoal
por meio de concurso público.
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Indireta. 3. A OAB não é uma entidade da Administração Indireta da União. A Ordem é um serviço
público independente, categoria ímpar no elenco das personalidades jurídicas existentes no direito
brasileiro. 4. A OAB não está incluída na categoria na qual se inserem essas que se tem referido como
"autarquias especiais" para pretender-se afirmar equivocada independência das hoje chamadas
"agências". 5. Por não consubstanciar uma entidade da Administração Indireta, a OAB não está sujeita
a controle da Administração, nem a qualquer das suas partes está vinculada. Essa não-vinculação é
formal e materialmente necessária. 6. A OAB ocupa-se de atividades atinentes aos advogados, que
exercem função constitucionalmente privilegiada, na medida em que são indispensáveis à administração
da Justiça [artigo 133 da CB/88]. É entidade cuja finalidade é afeita a atribuições, interesses e seleção de
advogados. Não há ordem de relação ou dependência entre a OAB e qualquer órgão público. 7. A Ordem
dos Advogados do Brasil, cujas características são autonomia e independência, não pode ser tida como
congênere dos demais órgãos de fiscalização profissional. A OAB não está voltada exclusivamente a
finalidades corporativas. Possui finalidade institucional. 8. Embora decorra de determinação legal, o
regime estatutário imposto aos empregados da OAB não é compatível com a entidade, que é autônoma e
independente. 9. Improcede o pedido do requerente no sentido de que se dê interpretação conforme o artigo
37, inciso II, da Constituição do Brasil ao caput do artigo 79 da Lei n. 8.906, que determina a aplicação
do regime trabalhista aos servidores da OAB. 10. Incabível a exigência de concurso público para admissão
dos contratados sob o regime trabalhista pela OAB. 11. Princípio da moralidade. Ética da legalidade e
moralidade. Confinamento do princípio da moralidade ao âmbito da ética da legalidade, que não pode ser
ultrapassada, sob pena de dissolução do próprio sistema. Desvio de poder ou de finalidade. 12. Julgo
improcedente o pedido.
. Agência Reguladora:
- Características:
. a ela se aplicam todas as regras de uma autarquia comum, acrescidas de
regras especiais em razão de sua atividade regulatória (de normatizar e
fiscalizar os diversos serviços públicos), são elas:
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a) independência ou autonomia caracterizadas pela ausência de
subordinação hierárquica e autonomia financeira asseguradas pela:
estabilidade dos dirigentes (nomeados pelo Presidente da República
com prévia aprovação do Senado) com o objetivo de garantir a
imparcialidade e autonomia. O dirigente assume o cargo para
mandato por prazo certo (há projeto de lei para unificar o prazo do
mandato dos dirigentes das Agências em 04 anos), não sendo
possível sua demissão ad nutum, estabelecendo a Lei 9986/00, que
o dirigente poderá perder o cargo por renúncia, processo judicial
transitado em julgado, ou via PAD. No caso da Anatel, seu órgão
máximo (conselho diretor) será composto por 05 conselheiros, com
mandatos de cinco anos, não sendo vedada a recondução.
Os dirigentes ainda se sujeitam ao prazo de quarentena em relação
à iniciativa privada do mesmo ramo de atividade, sendo esse prazo
de quatro meses;
Lei 9986
Art. 8o O ex-dirigente fica impedido para o exercício de atividades ou de prestar qualquer serviço no setor regulado
pela respectiva agência, por um período de quatro meses, contados da exoneração ou do término do seu mandato.
§ 1o Inclui-se no período a que se refere o caput eventuais períodos de férias não gozadas.
§ 2o Durante o impedimento, o ex-dirigente ficará vinculado à agência, fazendo jus a remuneração compensatória
equivalente à do cargo de direção que exerceu e aos benefícios a ele inerentes.
§ 3o Aplica-se o disposto neste artigo ao ex-dirigente exonerado a pedido, se este já tiver cumprido pelo menos seis
meses do seu mandato.
§ 4o Incorre na prática de crime de advocacia administrativa, sujeitando-se às penas da lei, o ex-dirigente que
violar o impedimento previsto neste artigo, sem prejuízo das demais sanções cabíveis, administrativas e civis.
§ 5o Na hipótese de o ex-dirigente ser servidor público, poderá ele optar pela aplicação do disposto no § 2 o, ou pelo
retorno ao desempenho das funções de seu cargo efetivo ou emprego público, desde que não haja conflito de
interesse. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.216-37, de 2001)
Lei 9986 - Art. 9o Os Conselheiros e os Diretores somente perderão o mandato em caso de renúncia, de condenação
judicial transitada em julgado ou de processo administrativo disciplinar.
Parágrafo único. A lei de criação da Agência poderá prever outras condições para a perda do mandato.
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autônomos, pois defluem da lei, e não da CF, por outro lado, criam,
modificam ou extinguem direitos (são mais do que meros regulamentos de
execução).
b) Fundações Públicas
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privilégios, direitos e restrições das autarquias; e fundações públicas de
regime privado, que são criadas pelo Executivo, por lei específica
autorizadora, recebendo a denominação de “fundações
governamentais”, seguindo o regime híbrido aplicável às SEM e EP’s.
“Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica
pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante
interesse coletivo, conforme definidos em lei.
§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas
subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de
serviços, dispondo sobre:
I - sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela sociedade;
II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações
civis, comerciais, trabalhistas e tributários;
III - licitação e contratação de obras, serviços, compras e alienações, observados os princípios da
administração pública;
IV - a constituição e o funcionamento dos conselhos de administração e fiscal, com a participação de
acionistas minoritários;
V - os mandatos, a avaliação de desempenho e a responsabilidade dos administradores.
§ 2º - As empresas públicas e as sociedades de economia mista não poderão gozar de privilégios fiscais
não extensivos às do setor privado.
§ 3º - A lei regulamentará as relações da empresa pública com o Estado e a sociedade.
§ 4º - A lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da
concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros.
§ 5º - A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a
responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, nos atos praticados contra a
ordem econômica e financeira e contra a economia popular.
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. finalidade:
DECISÃO [PET STF n. 156202/2007]: Junte-se. A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT requer a
concessão de tutela antecipada para restabelecer o direito à expedição de certidão positiva, com efeitos de negativa, de
débitos de ICMS junto ao Distrito Federal. 2. Alega que em razão da decisão que proferi nos autos da ACO n. 865,
apensada à presente ação, foi anulada decisão proferida pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios que
permitia a emissão da certidão até julgamento final da questão tributária envolvida. 3. Menciona precedentes desta Corte,
que reconhecem a imunidade tributária da ECT. Observa que a ausência de certidão negativa impede o desenvolvimento
regular do serviço público prestado pela empresa, na medida em que se vê impedida de receber os haveres de contratos
celebrados com outros entes da Administração Pública e de participar de novas licitações. 4. É o relatório. Decido. 5. O
Pleno desta Corte, examinando questão semelhante à destes autos, reconheceu a competência do STF para julgar o feito
originariamente, bem como a plausibilidade da extensão da imunidade tributária da ECT [AgR-ACO n. 765, Relator o
24
Ministro MARCO AURÉLIO, DJ de 15.12.06]. 6. No voto que proferi registrei o meu entendimento pessoal a respeito
do tema, do qual reproduzo os seguintes trechos: "3. A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos ajuizou ação
declaratória visando o afastamento da cobrança, pelo Estado do Rio de Janeiro, do tributo incidente sobre os veículos de
sua propriedade. Evocou, como fundamento da sua pretensão, o decreto-lei 509/69, que a criou com o objetivo de prestar
os serviços postais a que alude o artigo 21, X, da Constituição. Sustentou ser em razão disso beneficiária da imunidade
tributária prevista no artigo 150, VI, "a", da Constituição do Brasil (imunidade recíproca), razão pela qual o juízo federal
determinou a remessa dos autos a este Tribunal, tendo em consideração o disposto no artigo 102, inciso I, alínea "f", da
Constituição. [...] 10. A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos é uma empresa pública, entidade da
Administração Indireta da União, como tal tendo sido criada pelo decreto-lei nº 509, de 10 de março de 1969. Seu
capital é detido integralmente pela União Federal (artigo 6º) e ela goza dos mesmos privilégios concedidos à
Fazenda Pública, "quer em relação a imunidade tributária, direta ou indireta, impenhorabilidade de seus bens,
rendas e serviços, quer no concerne a foro, prazos e custas processuais". Leia-se o texto do artigo 12 do decreto-lei.
11. No que concerne às obrigações tributárias, a ela não se aplica o § 2o do art. 173 da Constituição do Brasil, na
afirmação de que as empresas públicas e as sociedades de economia mista não poderão gozar de privilégios fiscais
não extensivos às do setor privado. O que resta definidamente evidente, neste passo, como anotei em outra ocasião,
é que tanto o preceito inscrito no § 1o quanto o veiculado pelo § 2o do art. 173 da Constituição de 1988 apenas
alcançam empresas públicas e sociedades de economia mista que explorem atividade econômica em sentido estrito.
Não se aplicam àquelas que prestam serviço público, não assujeitadas às obrigações tributárias às quais se
sujeitam as empresas privadas. As empresas públicas, sociedades de economia mista e outras entidades estatais
que prestem serviço público podem gozar de privilégios fiscais, ainda que não extensivos a empresas privadas
prestadoras de serviço público em regime de concessão ou permissão (art. 175 da CF 88). Isso me parece
inquestionável. 12. O Pleno do Supremo Tribunal Federal declarou, quando do julgamento do RE 220.906, Relator o
Ministro Maurício Corrêa, DJ 14.11.2002, à vista do disposto no artigo 6o do decreto-lei nº 509/69, que a Empresa
Brasileira de Correios e Telégrafos é "pessoa jurídica equiparada à Fazenda Pública, que explora serviço de competência
da União (CF, artigo 21, X)". 13. E, mais, declarou ainda ter sido o decreto-lei recebido pela Constituição de 1988 e ---
repito --- que a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT é "pessoa jurídica equiparada à Fazenda Pública, que
explora serviço de competência da União (CB, artigo 21, X)"; que lhe são deferidos os mesmo privilégios concedidos aos
entes estatais, "quer em relação a imunidade tributária, direta ou indireta"; e que, como empresa pública mantida pela
União Federal, seus "bens pertencem à entidade mantenedora". 14. Assentadas essas premissas, observo que a
Constituição do Brasil, em seu artigo 150, VI, "a", veda a instituição de impostos sobre o patrimônio, renda e serviços da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, garantia extensiva às autarquias e às fundações instituídas e
mantidas pelo poder público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços vinculados a suas finalidades
essenciais ou 14. Assentadas essas premissas, observo que a Constituição do Brasil, em seu artigo 150, VI, "a", veda a
instituição de impostos sobre o patrimônio, renda e serviços da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
garantia extensiva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo poder público, no que se refere ao patrimônio,
à renda e aos serviços vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes (CB, artigo 150, VI, § 2º). 15. A
imunidade recíproca tende a evitar que as unidades da federação sejam compelidas a pagar impostos umas às outras, com
o que resultam afastadas eventuais pressões que umas e outras poderiam exercer entre si de forma recíproca,
comprometendo a unidade política essencial ao perfeito funcionamento do regime federativo. A imunidade recíproca, na
lição de Aliomar Baleeiro, é uma forma de expressão do princípio federativo; não se pode conceber a federação sem a
imunidade tributária recíproca. 16. Retorno ao texto do artigo 12 do decreto-lei 509/69 para lembrar que a Empresa
Brasileira de Correios e Telégrafos goza dos mesmos privilégios concedidos à Fazenda Pública, explora serviço de
competência da União --- serviço público federal --- e, sendo mantida pela União Federal (CB, artigo 21, X), seus bens
pertencem à entidade mantenedora. Esses bens consubstanciam propriedade pública, estando integrados à prestação de
serviço público. Esse patrimônio identifica-se com aquele que a Constituição define como imune aos impostos da
titularidade de qualquer pessoa de direito público. 17. Ainda que no caso se cuide de empresa pública integrante da
Administração Indireta, pessoa jurídica de direito privado, a EBCT é delegada da prestação de serviço público federal, a
ela amoldando-se qual u''a luva ainda outra lição de Aliomar Baleeiro: constituem serviço público "quaisquer
organizações de pessoal, material, sob a responsabilidade dos poderes de Pessoa de Direito Público Interno, para
desempenho de funções e atribuições de sua competência, enfim, todos os meios de operação dessas Pessoas de Direito
Público, sob várias modalidades, para realização dos fins que a Constituição, expressa ou implicitamente lhes comete".
17. Ainda que no caso se cuide de empresa pública integrante da Administração Indireta, pessoa jurídica de direito
privado, a EBCT é delegada da prestação de serviço público federal, a ela amoldando-se qual u''a luva ainda outra lição
de Aliomar Baleeiro: constituem serviço público "quaisquer organizações de pessoal, material, sob a responsabilidade
dos poderes de Pessoa de Direito Público Interno, para desempenho de funções e atribuições de sua competência, enfim,
todos os meios de operação dessas Pessoas de Direito Público, sob várias modalidades, para realização dos fins que a
Constituição, expressa ou implicitamente lhes comete". 18. Sendo assim, dada a impossibilidade de tributação de bens
públicos federais pelo Estado do Rio de Janeiro em razão da garantia constitucional de imunidade recíproca e convencido
de que ela, a imunidade recíproca, assenta-se basicamente no princípio da federação, entendo verificar-se a competência
originária desta Corte para conhecer e julgar a lide, nos termos do disposto no artigo 102, I, f, da Constituição. O fato
jurídico que deu ensejo à causa é a tributação de bem público federal." 7. Estes fundamentos, que adoto para o presente
caso, demonstram a verossimilhança do direito invocado. 8. O periculum in mora evidencia-se na medida em que a
ausência de certidão positiva com efeitos de negativa impede a regular continuidade do serviço público prestado pela
empresa. Defiro o pedido de antecipação de tutela, a fim de que o crédito tributário expressivo da CDA n. 50119031337
não consubstancie nenhum óbice à regularidade fiscal da ECT junto ao Distrito Federal até julgamento final da presente
ação, expedindo-se a Certidão Positiva de Débitos Fiscais, com efeito de negativa. Comunique-se, com urgência.
Publique-se. Brasília, 3 de outubro de 2007. Ministro Eros Grau – Relator.
25
. forma jurídica sempre de S.A.;
. capitais públicos e privados sendo que pelo menos 50% + 01 das ações
com direito a voto, devem pertencer ao poder público (controle acionário).
Ainda acerca do tema, deve-se recordar que nem sempre a licitação será
obrigatória, já que só haverá licitação quando a competição for viável, e
para que a competição seja viável, devem ser observados três
pressupostos: lógico (pluralidade do produto ou do fornecedor), fático
(interesse de mercado) e jurídico (interesse público). Ausente um desses
pressupostos, a competição será inviável, e portanto, inexigível. Assim,
quando a licitação prejudicar a atividade fim da empresa (interesse
público), será inexigível por falta de pressuposto jurídico (art. 25, da Lei
8666/93).
OBS.: A Lei 9478/97 (que regula as MP’s), em seu art. 67, prevê um
procedimento simplificado de licitação para a Petrobrás, o qual seria
definido por Decreto do Presidente da República, como de fato ocorreu.
Entretanto, tem-se entendido que referida norma é inconstitucional, tendo
em vista que não se trata de “estatuto próprio”, eis que regula as MP’s.
Diante disso, o TCU declarou a inconstitucionalidade desse artigo
26
justamente com esse fundamento. Em face dessa decisão, a Petrobras
ajuizou o MS 25888, junto ao STF, que por sua vez, em sede de liminar,
afastou a decisão do TCU ao argumento de que este apenas pode fazer
controle de constitucionalidade de forma incidental e não por via de ação,
em controle concentrado, conferindo inédita interpretação à sua súmula
347, que não prevê essa restrição em seu texto. Todavia aguarda-se o
julgamento do mérito da ação.
27
TST, que entende ainda pior, na OJ 247, este Tribunal prevê que sequer é
necessária a motivação da dispensa (salvo no caso de EBCT).
. Os bens das EP e SEM, seguem um regime de bem público, apenas se
estiverem diretamente ligados à prestação de serviços públicos (princípio da
continuidade). Assim, a regra é a penhorabilidade dos bens.
- Principais diferenças:
d) Consórcios Públicos
- Estado x Agente
28
. Teoria do Órgão ou da Imputação: o dever do agente em face do Estado
decorre de previsão legal. A vontade do Estado se confunde com a vontade
do agente, quando este age no exercício da função pública (confusão de
vontades). Foi essa teoria a acolhida pelo nosso ordenamento.
3.1.1. Características
29
contrato de gestão entre órgãos, sendo que essa possibilidade existe
apenas teoricamente.
“Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
(...)
§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e entidades da administração direta e
indireta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus administradores e o poder público,
que tenha por objeto a fixação de metas de desempenho para o órgão ou entidade , cabendo à lei dispor
sobre:
I - o prazo de duração do contrato;
II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos, obrigações e responsabilidade dos
dirigentes;
III - a remuneração do pessoal.”
3.1.2. Classificação
a) Quanto à estrutura:
. Simples – não se subdividem, sendo constituídos por um só centro de
competência, desenvolvendo suas atribuições de forma concentrada (ex.:
gabinete).
. Compostos – subdividem-se em diversos órgãos (ex.: Ministérios,
Delegacias de Ensino).
d) Quanto à função:
. ativos – exercem a atividade fim da entidade política ou administrativa
que integram;
. de controle – têm por finalidade fiscalizar a atuação de outros órgãos
públicos, sendo sua atuação de caráter eminentemente interno;
. consultivos – têm por finalidade subsidiar tecnicamente a atuação dos
órgãos ativos, principalmente mediante a emissão de pareceres sobre
matérias controvertidas. Tais pareceres poderão ser facultativos (quando a
autoridade competente não é obrigada a solicitá-los, e quando o faz, não
30
está vinculada à opinião neles manifestada); obrigatórios, quando está
obrigada a solicitá-los, mas não a segui-los; ou vinculantes, quando a
autoridade competente está obrigada a solicitar o parecer, e a ele fica
vinculada.
a) Introdução:
- o termo “agente público” substituí a antiga denominação “funcionário
público”.
- servidor público – estatutário; empregado público – celetista.
- o agente público é a pessoa física vinculada, definitiva ou
transitoriamente, ao exercício de função, cargo, emprego ou mandato
público, com ou sem remuneração (inclui mesário, jurado, etc).
b) Classificação:
31
direito privado da Administração Indireta, se equipara ao servidor público
em relação a algumas regras, quais sejam:
obrigatoriedade de contratação por concurso;
vedação de acumulação de cargos, salvo nas hipóteses
excepecionadas pela CR;
sujeitam-se ao teto remuneratório do art. 37, da CR, desde que a
entidade receba recursos da Administração Direta para custeio;
se sujeita às sanções previstas na Lei 8429/92;
compreendidos no conceito de funcionário público previsto no art.
327, do CP;
são considerados autoridades para fins de remédios constitucionais.
b.3.2. atos oficiais: há ainda os particulares que prestam atos oficiais, por
terem recebido a titularidade para a prestação do serviço da própria CR
(dirigente de entidade de ensino e de hospital privados).
32
“Crise do Estado”, assim compreendida a incapacidade do ente estatal de
manter em nível adequado os necessários investimentos no setor público e
desta forma cumprir a contento suas atribuições, na forma em que foram
estas delineadas na Constituição de 1988.
. Agências reguladoras
Reforma
Administrativa . Organizações sociais e OSCIP
33
para o cumprimento de objetivos e metas de desempenho definidas no
contrato que serão celebrados com peridiciocidade mínima de 01 ano;
c) organizações sociais.
34
parafiscalidade, uma vez que recebe delegação da capacidade tributária. Em
razão de sua participação no orçamento e de sua capacidade tributária, os
serviços sociais autônomos se sujeitam a controle pelo TC, devendo
também, se sujeitar a licitação, entretanto, não ao procedimento previsto
na Lei 8666/93, mas a um procedimento simplificado definido em decisão
administrativa do TCU.
5.1. Conceito:
35
a) Obrigatoriedade: São poderes-deveres, isto é, de exercício obrigatório.
Assim, havendo a competência, o administrador deverá usar o poder ( de
poderá), em razão da indisponibilidade do interesse público.
a) Dever de agir
b) Dever de Eficiência
c) Dever de Probidade
36
qualquer pessoa poderá representar à autoridade administrativa a fim de
que seja instaurada a investigação destinada a apurar a prática de ato de
improbidade.
a) Poder Vinculado
b) Poder discricionário
37
- O ato passa a ser arbitrário ou ilegal, portanto, nulo e ilegítimo, quando
for praticado por autoridade incompetente, ou realizado por forma diversa
da prescrita em lei, ou ainda quando informado de finalidade estranha ao
interesse público.
c) Poder Hierárquico
“Toda ordem emitida pelo superior gera um dever para o subordinado, em regra o
dever de cumpri-la, salvo na hipótese de ser ela manifestamente ilegal, em que o
dever será de representação.”
d) Poder Disciplinar
38
sua fiel execução. Exterioriza-se por meio de decretos (decreto ou
regulamento de execução). São exemplos: os regulamentos, portarias,
instruções, resoluções, deliberações e regimentos.
Regulamento Lei
Não exige formalismos para sua elaboração Depende de processo legislativo constitucional para
sua elaboração
Elaborado pelo Chefe do Poder Executivo (menor Elaborada por uma Casa legislativa (com maior
representatividade) representatividade)
Não permite inovação no ordenamento (salvo no Permite inovação
caso de decreto autônomo)
39
administrativas, eis que essas somente poderão ser aplicadas após seu
detalhamento pelo chefe do executivo.
CTN: “Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou
disciplinando direito, interêsse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de
intêresse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e
do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder
Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.
(Redação dada pelo Ato Complementar nº 31, de 28.12.1966)
Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado pelo
órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de
atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder.”
40
limite de velocidade, este será punido em razão do poder de polícia,
fundamentado na supremacia geral.
- Objeto:
. O poder de polícia não gera onerosidade eis que não restringe o direito
sobre a propriedade, apenas regula ou disciplina seu uso. Dessa forma,
quando por exemplo, a Administração limita o número de andares de um
prédio em determinada avenida, não há direito à indenização.
- Espécies:
- Meios de atuação:
41
b) repressivamente: a atuação se dará pela fiscalização das atividades e
bens sujeitos ao controle da administração, devendo ser lavrado auto de
infração, do qual será cientificado o infrator.
- Delegabilidade:
42
OBS.: Não confundir polícia administrativa com polícia de manutenção da
ordem pública ou com polícia judiciária.
43
5.6. Abuso de poder
6) SERVIDORES PÚBLICOS
mandato eletivo;
cargo em comissão (tem como base a confiança, e é utilizado para
direção, chefia e assessoramento, podendo ser exercidos por
qualquer pessoa, resguardando-se um mínimo àqueles que já
44
possuem cargo efetivo a fim de se garantir a continuidade do
serviço);
Contrato temporário (art. 37, IX) – para os casos de excepcional
interesse público (processo seletivo simplificado);
Hipóteses constitucionais: Ministros do STF, Ministros e Conselheiros
dos TC’s, quinto constitucional;
Emenda Constitucional 51 que altera o art. 198, da CF permitindo a
contratação por meio de processo seletivo simplificado, em regime de
direito público, o que garante o direito à estabilidade (agente de
combate a endemias e agentes comunitários de saúde, por exemplo).
SÚMULA Nº 683
“O LIMITE DE IDADE PARA A INSCRIÇÃO EM CONCURSO PÚBLICO SÓ SE LEGITIMA EM FACE DO ART. 7º, XXX,
DA CONSTITUIÇÃO, QUANDO POSSA SER JUSTIFICADO PELA NATUREZA DAS ATRIBUIÇÕES DO CARGO A SER
PREENCHIDO.”
SÚMULA Nº 684
“É INCONSTITUCIONAL O VETO NÃO MOTIVADO À PARTICIPAÇÃO DE CANDIDATO A CONCURSO PÚBLICO.”
SÚMULA Nº 685
“É INCONSTITUCIONAL TODA MODALIDADE DE PROVIMENTO QUE PROPICIE AO SERVIDOR INVESTIR-SE, SEM
PRÉVIA APROVAÇÃO EM CONCURSO PÚBLICO DESTINADO AO SEU PROVIMENTO, EM CARGO QUE NÃO
INTEGRA A CARREIRA NA QUAL ANTERIORMENTE INVESTIDO.”
SÚMULA Nº 686
“SÓ POR LEI SE PODE SUJEITAR A EXAME PSICOTÉCNICO A HABILITAÇÃO DE CANDIDATO A CARGO
PÚBLICO.”
SÚMULA N° 266
“O DIPLOMA OU HABILITAÇÃO LEGAL PARA O EXERCÍCIO DO CARGO DEVE SER EXIGIDO NA POSSE E NÃO NA
INSCRIÇÃO PARA O CONCURSO PÚBLICO.”
45
NOMEAÇÃO E À POSSE NO CARGO - RECURSO PROVIDO. 1. Em conformidade com jurisprudência
pacífica desta Corte, o candidato aprovado em concurso público, dentro do número de vagas
previstas em edital, possui direito líquido e certo à nomeação e à posse. 2. A partir da veiculação, pelo
instrumento convocatório, da necessidade de a Administração prover determinado número de vagas, a
nomeação e posse, que seriam, a princípio, atos discricionários, de acordo com a necessidade do serviço
público, tornam-se vinculados, gerando, em contrapartida, direito subjetivo para o candidato aprovado
dentro do número de vagas previstas em edital. Precedentes. 3. Recurso ordinário provido.
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
(...)
IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade
temporária de excepcional interesse público;
46
remuneração do Presidente da República e Vice; Ministros; Senadores e
Deputados. A Câmara Municipal também fixará por Decreto Legislativo a
remuneração dos Vereadores. Deve-se recordar que o DL não prescinde de
deliberação do Presidente da República (sanção ou veto do Presidente).
Alguns doutrinadores entendem que a espécie adequada não seria DL e sim
resolução, mas esse entendimento é minoritário.
47
OBS.: algumas verbas remuneratórias são exceção à regra da parcela
única, como as garantidas de todo trabalhador comum (13º, horas extras, e
demais garantias do art. 39, §3°, da CF); verbas de natureza indenizatória
(transporte, diária, alimentação e ajuda de custo paga por remoção em
razão de necessidade do serviço – esta última é limitada a 3x o valor da
remuneração do servidor).
A Emenda Constitucional nº 19/98 não criou o teto. O teto salarial sempre existiu, só que havia um para cada Poder e nele não se
incluíam as vantagens pessoais. Com a EC/19 fixou-se uma remuneração única - subsídio - a título de teto, qual seja, o subsídio
mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal (art. 37, XI). Outra novidade foi que as vantagens pessoais
passaram a incluir esta "parcela única", diferentemente das regras anteriores (art. 37, XI - Os artigos citados são todos da CF).
A fixação deste título é feita por Lei Ordinária federal, de iniciativa conjunta, obrigatoriamente, sob pena de inconstitucionalidade,
dos Presidentes da República, do Senado Federal, da Câmara dos Deputados e do Supremo Tribunal Federal (art.48,XV).
OBS - No que diz respeito a estas regras de remuneração, a EC/19 é norma limitada, porque carece de lei ordinária (Princípio da
Reserva Legal) que fixe o teto. Outra exigência é que esta lei que cria ou altera os subsídios deve ser ESPECÍFICA, ou seja, trate tão
somente do tema em pauta, não podendo "dar outras providências".
Assim subsídio é a espécie de remuneração que se constitui em parcela única, não acumulável com qualquer outra. Este novo
sistema é obrigatório para uns e facultativo para outros. Será facultativo para os servidores organizados em carreira, nos termos
do art. 39, §8º e obrigatório para: parlamentares, membros de Poder, órgãos do Executivo, Ministros e Conselheiros dos
Tribunais de Contas (TCU, TCE's e TCM's, estes últimos onde houverem), membros do Ministério Público e da Advocacia
Pública - arts. 39, §4º,135 e 144, §9º.
Vale lembrar que a própria Constituição Federal dá caráter excepcional a certas parcelas remuneratórias e que, por óbvio, podem ser
acrescidas ao subsídio. São elas, por exemplo, o abono de férias (1/3), o salário-família, as horas-extras, as verbas de natureza
indenizatória (diárias, auxílio-transporte, auxílio-alimentação, férias indenizatórias).
PODER EXECUTIVO
. O teto é o mesmo, ou seja, o subsídio mensal do Ministro do STF. A Constituição Federal prevê a fixação pelo Congresso
Nacional dos subsídios do Presidente da República, Vice-Presidente e dos Ministros de Estado - art.49, VIII . Importante
observar que tal fixação se dá por Decreto-Legislativo (é lei, mas sem a participação - sanção/veto - do Presidente da
República!!). Outra observação de relevo é que há uma vedação implícita quando da fixação de tais subsídios: o Congresso não
pode inverter a hierarquia, por exemplo, estipulando um subsídio para os Ministros superior ao do Presidente.
No âmbito estadual, quem fixará o subsídio do Chefe do Executivo será a Assembléia Legislativa, por meio de lei ordinária (onde há
a participação do Governador!!), por maioria simples.
De igual forma se procede no âmbito municipal, onde a Câmara fixará o subsídio do Prefeito, por lei municipal, com a fase de
sanção/veto.
PODER LEGISLATIVO
Para a União, é o Congresso Nacional, via Decreto-Legislativo, que fixa o valor dos subsídios dos Deputados Federais e
Senadores (que são iguais - art. 49, VII). Antes da EC/19 a fixação dos vencimentos era feito para a próxima legislatura, mas isso
foi revogado com a reforma administrativa, mas há sempre a observância da não superação do "teto".
Nos Estados membros, é a própria Assembléia Legislativa que, por Lei Ordinária, fixa os subsídios dos Deputados Estaduais,
observando que tal valor não poderá exceder a 75% do subsídio dos deputados federais (mas esse subsídio-teto é em valor, porque
não pode ser estabelecido em percentual!!!) - art. 27, §2º.
Nos municípios também é a própria Câmara de Vereadores, por Lei Municipal que faz a fixação de seus subsídios. Neste caso há a
previsão de dois tetos (sub-tetos): 1) um vereador só pode ganhar no máximo 75% do subsídio do deputado estadual, em espécie; 2)
globalmente, o município não poderá gastar mais de 5% de sua receita com o pagamento de seus vereadores (art.29, VI e VII).
PODER JUDICIÁRIO
48
Aqui, vale reiterar, que o teto continua sempre o mesmo: subsídio mensal do Ministro de STF e que é vedado qualquer privilégio
tributário em relação aos demais contribuintes - arts. 150, I, 153, III e § 2º, I.
A segunda regra a ser observada é a que fixa os subsídios dos Ministros dos Tribunais Superiores (STJ, TST e STM) em 95% do
subsídio dos Ministros do STF - art. 93, V. É de se observar, que neste caso específico, não precisa que a lei ordinária fixe tais
valores, pois a própria Carta Magna já expressa que será este percentual (neste será de 95% do subsídio do Ministro do STF e não
no máximo de 95%).
A terceira regra é que normatiza os subsídios dos Tribunais inferiores e demais magistrados: a primeira norma a ser observada é que
tais valores não podem ser superiores a 95% dos subsídios dos Tribunais Superiores - art. 93, V, última parte; a segunda norma é que
regulamenta o escalonamento entre um degrau e outro da carreira judiciária, não podendo a diferença entre um e outro ser superior a
10% e inferior a 5%.
Por fim, vale lembrar que para as Justiças Estaduais, será a Assembléia Legislativa o órgão competente para a feitura de tal lei
específica, cuja iniciativa é do Tribunal de Justiça (observando, sempre, as regras constitucionais acima).
49
- O empregado público, celetista, poderá ter seu contrato de trabalho
rescindido unilateralmente pela Administração nas seguintes hipóteses:
a) prática de falta grave (art. 482, da CLT);
b) acumulação ilegal de cargos (art. 37, XVI, da CF);
c) redução de quadro de pessoal por excesso de despesa (art. 169, I e II,
da CF);
d) insuficiência de desempenho.
Súmula 390, do TST: “II - Ao empregado de empresa pública ou de sociedade de economia mista,
ainda que admitido mediante aprovação em concurso público, não é garantida a estabilidade prevista no art. 41 da
CF/1988. (ex-OJ nº 229 da SBDI-1 - inserida em 20.06.2001)”
OJ 247, do TST: “Servidor público. Celetista Concursado. Despedida imotivada. Empresa pública ou
sociedade de economia mista. Possibilidade."
50
a) sentença judicial transitada em julgado (pode decorrer de: atos de
improbidade administrativa / crimes praticados com abuso de poder ou
violação de dever para com a Administração, quando praticada pena
privativa de liberdade = ou > a 01 ano / demais crimes, quando for
aplicada pena privativa de liberdade > a 04 anos);
51
requisitos são de 55 anos de idade e 30 de contribuição para os homens, e
50 anos de idade e 25 anos de contribuição para as mulheres. Acerca de
aposentadoria especial dos professores, deve-se ler a ADI 3772, julgada em
29 de outubro de 2008. O STF decidiu que fica mantida a aposentadoria
especial ainda quando o professor assumir, cumulativamente, cargo de
diretor ou coordenador, dentre outras atividades acadêmicas. A EC 47
previu a possibilidade de aposentadoria especial ao deficiente físico e aos
servidores que exerçam atividade de risco à saúde e integridade física.
Estas hipóteses dependem de lei regulamentadora, sendo que, tendo em
vista que até o momento essa lei não foi editada, o STF determinou a
aplicação do RGPS para esses casos, na forma do art. 57, da Lei 8113/01,
enquanto não for editada a lei específica.
52
6.5. Disposições legais relativas aos servidores públicos federais
(estatutários)
53
- formas de provimento de cargo público (ato administrativo por meio do
qual é preenchido cargo público):
54
- a jornada de trabalho dos servidores federais deverá respeitar os limites,
mínimo e máximo, de 06 e 08 horas diárias.
“Art. 20. Ao entrar em exercício, o servidor nomeado para cargo de provimento efetivo ficará
sujeito a estágio probatório por período de 24 (vinte e quatro) meses, (apesar da MP 431
prever alteração de prazo para 36 meses, a Lei conversora 11784/08 rejeitou essa
alteração, mantendo o prazo de estágio probatório em 24 meses) durante o qual a sua
aptidão e capacidade serão objeto de avaliação para o desempenho do cargo, observados os
seguintes fatores:
I- assiduidade;
II - disciplina;
III - capacidade de iniciativa;
IV - produtividade;
V- responsabilidade.”
55
O ministro lembrou que o texto original do artigo 41 da CF previa estágio probatório de dois anos, mas
que a Emenda Constitucional nº 19, de junho de 1998, aumentou esse período para três anos,
acrescentando o parágrafo 4º a esse artigo. E, segundo ele, “a nova norma constitucional do artigo 41
é imediatamente aplicável”.
Logo, segundo o ministro, “as legislações estatutárias que previam prazo inferior a três anos para o
estágio probatório restaram em desconformidade com o comando constitucional. Isso porque não há
como se dissociar o prazo do estágio probatório do prazo da estabilidade”.
Ele citou precedentes do STF nesse sentido, relacionado, entre eles, o Recurso Extraordinário (RE)
170665 e a Resolução 200, do STF, de 31 de maio de 2000, que dispôs que o estágio probatório
compreende o período de três anos.
Também o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), conforme lembrou Gilmar Mendes, ao examinar uma
consulta do Conselho Superior da Justiça do Trabalho, respondeu que o estágio probatório a ser
observado para os servidores do Poder Judiciário foi ampliado de dois para três anos, conforme
disposto no artigo 41 da CF.
Por fim, o ministro reconheceu o risco de “efeito multiplicador”, ante a possibilidade de multiplicação de
medidas liminares em demandas que contenham o mesmo objeto. Ele lembrou que adotou decisão
idêntica ao apreciar as STA 263 e 264.
“Art. 40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exercício de cargo público, com valor
fixado em lei.
Parágrafo único. Nenhum servidor receberá, a título de vencimento, importância inferior
ao salário-mínimo. (Revogado pela Medida Provisória nº 431, de 2008). (Revogado pela Lei nº
11.784, de 2008)
Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens
pecuniárias permanentes estabelecidas em lei.
56
(...)
§ 5o Nenhum servidor receberá remuneração inferior ao salário mínimo. (Incluído pela
Lei nº 11.784, de 2008”
57
pode o servidor federal exercer a gerência ou administração de
sociedade privada, no período relativo ao de gozo da licença não-
remunerada para o trato de interesses particulares.
b) demissão;
c) promoção;
d) readaptação;
e) aposentadoria;
g) falecimento.
58
- a contraprestação recebida pelo servidor é representada pela soma do seu
vencimento básico, acrescido das vantagens pecuniárias permanentes
estabelecidas em lei. As vantagens dividem-se em: indenizações (estão
enumeradas no art. 51, da Lei 8112, e em nenhuma hipótese se incorporam
ao vencimento ou provento, visando apenas recompor o patrimônio do
servidor que sofreu uma redução em decorrência do regular exercício de
suas funções – compreendem ajudas de custo; diárias; e indenização de
transporte); gratificações e adicionais (art. 61, da Lei 8112/90 – retribuição
pelo exercício de função de direção; chefia e assessoramento; gratificação
natalina; adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas ou
penosas, sendo que este último se encontra revogado; adicional de hora
extra de 50%; adicional noturno de 25%; adicional de férias; gratificação
por encargo de curso ou concurso).
59
em que o fato se tornou conhecido, ocorre em cinco anos no caso de
demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e
destituição de cargo em comissão; 02 anos no caso de suspensão e
180 dias em caso de infração punível com advertência. A destituição
de cargo em comissão exercido por não ocupante de cargo efetivo
será aplicada nos casos de infração sujeita às penalidades de
suspensão e de demissão.
60
- A Lei 9527/97 estabeleceu rito sumário, com duração de 30 dias,
prorrogáveis por mais 15 para os casos de acumulação ilícita; abandono de
cargo (há elemento subjetivo – intenção de abandonar o cargo) e
inassiduidade habitual (não há elemento subjetivo – ausência por 60 dias
interpolados em 12 meses), sendo que o rito terá as seguintes fases:
instauração; instrução sumária (indiciação, defesa e relatório) e julgamento.
O prazo para defesa escrita, bem como para julgamento será de 05 dias.
7) ATOS ADMINISTRATIVOS
. Introdução:
61
tenha sido praticado por uma empresa privada (concessionária), e não pela
Administração.
b) Regime Privado
Ex.: contrato de locação - quando se afirma que o contrato de locação se
sujeita ao regime privado, não significa dizer que o Estado esteja
dispensado de licitar. A licitação continua obrigatória, salvo os casos de
dispensa e inexigibilidade previstos na Lei 8666, mas o contrato obedecerá
ao regime privado.
“É ato da administração, mas não é ato administrativo, porque não está sujeito ao
regime público, e sim ao regime privado.”
. Conceito:
62
. Recorda-se que quando o Estado pratica atos jurídicos regulados pelo
Direito Civil ou Comercial, coloca-se no plano dos particulares, devendo sua
conduta ser norteada pelas regras de Direito Privado.
63
própria competência, à sua titularidade, matéria reservada à lei, ao passo
que a improrrogabilidade refere-se ao exercício de competência (produção
de atos). Ademais, são atos impostos pelo superior ao subordinado; não há,
aqui, qualquer acordo de vontade (Arts. 11 a 15 da Lei 9784/99).
64
- O motivo ou causa é a situação de direito e de fato que determina ou
autoriza a realização do ato administrativo, podendo ser vinculado, quando
vir expresso em lei (ex. licença paternidade) ou discricionário, quando
couber ao administrador a avaliação quanto à existência de oportunidade e
conveniência da prática do ato (nomeação ou exoneração de servidor
ocupante de cargo comissionado). O motivo deve ser legal, e para tanto,
deverá:
existir, ser verdadeiro;
haver compatibilidade do motivo declarado com o motivo previsto na
lei (ex.: a lei prevê as circunstâncias em que se permite a remoção
de servidores, não podendo o administrador criar um outro motivo
para a referida remoção);
haver compatibilidade do motivo declarado com o resultado do ato
(ex.: não se pode alegar fato estranho ao ato para fundamentá-lo).
65
poderiam, a princípio, ser produzidos sem motivação, observadas as
recomendações acima:
“Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos
jurídicos, quando:
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública;
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório;
V - decidam recursos administrativos;
VI - decorram de reexame de ofício;
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos,
propostas e relatórios oficiais;
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo.
§ 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de
concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste
caso, serão parte integrante do ato.
§ 2o Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode ser utilizado meio mecânico que
reproduza os fundamentos das decisões, desde que não prejudique direito ou garantia dos interessados.
§ 3o A motivação das decisões de órgãos colegiados e comissões ou de decisões orais constará da
respectiva ata ou de termo escrito.”
66
almejado pelo ato será sempre o interesse público, enquanto em seu
sentido estrito, o fim será variável e decorrerá de previsão legal. A
inobservância da finalidade acarreta a nulidade do ato por abuso de poder
na modalidade de desvio de finalidade (vício ideológico ou vício
subjetivo). Tradicionalmente, o desvio de finalidade representa defeito em
dois elementos do ato administrativo: na finalidade e, em alguns casos, no
motivo, que normalmente será falso (Hely Lopes Meirelles).
67
a liberdade do Administrador, o mérito administrativo, podendo anular seus
atos desde que desrespeitados esses princípios. Um exemplo real dessa
situação, por incrível que pareça, foi a exigência de que o candidato ao
cargo de “gari” do município do Rio de Janeiro tivesse todos os dentes.
Referida exigência, como é notório, é absolutamente desrazoável. Assim, no
que tange à legalidade, qualquer ato administrativo pode ser revisto pelo
judiciário, lembrando que quando o judiciário realiza controle dos princípios
constitucionais e administrativos, não está analisando o mérito do ato
administrativo (oportunidade e conveniência), mas sim, a própria legalidade
do mesmo. Dessa forma, o judiciário pode rever o objeto e o motivo quanto
à sua legalidade, mas não quanto ao juízo de valor ou mérito, que apenas
poderá ser atingido indiretamente.
“Art. 62. O instrumento de contrato é obrigatório nos casos de concorrência e de tomada de preços, bem
como nas dispensas e inexigibilidades cujos preços estejam compreendidos nos limites destas duas
modalidades de licitação, e facultativo nos demais em que a Administração puder substituí-lo por outros
instrumentos hábeis, tais como carta-contrato, nota de empenho de despesa, autorização de compra ou
ordem de execução de serviço.”
68
descumprindo a lei, continue a fazê-lo. Eles representam a imposição de
uma sanção ao administrado que estiver descumprindo a lei, mas não
impedem que ela continue a ser descumprida. A executoriedade, por
sua vez, é mais gravosa que a exigibilidade, pois ela se verifica quando a
Administração, mais uma vez independentemente de participação do Poder
Judiciário, vale-se de meios diretos de coação contra o administrado,
compelindo-o materialmente à observância da lei.
69
dentro de um mesmo órgão, desiguais, sendo a primeira a principal, e a
segunda, secundária (a primeira depende de referendum da segunda para
continuar a produzir efeitos – ex.: declaração de guerra – art. 84, XIX);
complexo: necessita, para sua formação, da manifestação de vontade de
dois ou mais órgãos diferentes, em patamar de igualdade (ex.: ratificação
de tratados internacionais; nomeação de dirigente de Agência reguladora;
indicação de Ministros do STF – a primeira vontade necessita da segunda
para produzir efeitos);
- Ato eficaz: é todo aquele que pode produzir efeitos imediatamente, sendo
que o ato inválido é eficaz até ter sua declaração de nulidade pronunciada
pela Administração ou pelo Judiciário.
70
- Atos normativos – devem esmiuçar, explicitar o conteúdo das leis que
regulamentam a fim de possibilitar a fiel execução de leis pela
Administração. É exercício do Poder Regulamentar e de Polícia. Exs.:
decretos, regulamentos, regimentos, etc.
- Decorrente de renúncia;
71
ainda em regra, não admite convalidação. Se a anulação prejudicar o
administrado, restringindo direitos, seus efeitos serão ex nunc (esse é o
posicionamento de Celso Antônio Bandeira de Melo e do STF).
SÚMULA Nº 346 A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PODE DECLARAR A NULIDADE DOS SEUS PRÓPRIOS
ATOS.
SÚMULA Nº 473 A ADMINISTRAÇÃO PODE ANULAR SEUS PRÓPRIOS ATOS, QUANDO EIVADOS DE
VÍCIOS QUE OS TORNAM ILEGAIS, PORQUE DELES NÃO SE ORIGINAM DIREITOS; OU REVOGÁ-LOS,
POR MOTIVO DE CONVENIÊNCIA OU OPORTUNIDADE, RESPEITADOS OS DIREITOS ADQUIRIDOS, E
RESSALVADA, EM TODOS OS CASOS, A APRECIAÇÃO JUDICIAL. (esta parte final reflete o disposto no art.
5°, XXXV, da CF – se aplica quando direitos de terceiros forem prejudicados)
72
Convalidação é o aproveitamento do ato pela correção de seus defeitos,
sem ocorrer sua transformação. Nem todo ato administrativo admite
correção. A escola dualista entende que há defeitos mais graves, ditos
insanáveis (ato nulo), que impedem a convalidação do ato acarretando,
necessariamente, a anulação do ato administrativo, pela própria
administração ou pelo poder Judiciário; e há defeitos menos graves, ditos
sanáveis (ato anulável), que autorizam a administração, e apenas a ela, a
decidir pela anulação ou pela convalidação do ato. Assim, desde que de sua
correção não resulte lesão ao interesse público ou a terceiros, a lei 9784/99
prevê expressamente a possibilidade de sua convalidação por iniciativa da
Administração. O ato de convalidação tem efeitos ex tunc, retroagindo ao
momento em que foi praticado o ato originário. Será possível a convalidação
do ato quando padecer de vício de incompetência, desde que não se esteja
diante de competência exclusiva; ou de forma, desde que ela não seja
essencial à validade do ato. Por outro lado, quando o vício do ato recair
sobre a finalidade, o motivo ou o objeto, não poderá ser convalidado.
Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis
para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada
má-fé.(convalidação tácita ou estabilização)
§ 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência contar-se-á da percepção do
primeiro pagamento.
§ 2o Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de autoridade administrativa que
importe impugnação à validade do ato.
Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a
terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria
Administração (convalidação expressa)
73
Administração disporá de prazo decadencial de 05 anos para anulá-lo.
Ultrapassado esse prazo sem que a Administração tenha anulado o ato, este
poderá ser estabilizado, salvo má fé do beneficiário. Novamente, segundo a
professora Marinella, este caso seria de estabilização e não de convalidação,
tendo em vista que não houve correção do ato.
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) assegurou o direito a 12 servidores de permanecer em seus respectivos cargos na
Assembléia Legislativa do Estado da Paraíba e, entre os já aposentados, o de preservar suas aposentadorias. A decisão
unânime é da Quinta Turma, que, sob a relatoria do ministro Napoleão Nunes Maia Filho, entendeu que a efetivação dos
servidores sem concurso foi, sem dúvida, ilegal, mas o transcorrer de quase 20 anos sem que a administração se
manifestasse tornou a situação irreversível, impondo a prevalência do princípio da segurança jurídica.
Segundo os autos, os respectivos servidores foram empossados nos cargos em 1989, sem ter sido aprovados em concurso
público. Eles recorreram ao STJ devido a uma decisão do Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba (TJPB) segundo a
qual, por força do artigo 37 da Constituição Federal (CF), o ato de nomeação para cargo efetivo sem a realização de
concurso público é nulo de pleno direito, não sendo alcançado o instituto da prescrição. Com isso, manteve um ato da
Assembléia Legislativa da Paraíba e do Tribunal de Contas da Paraíba que determinou a suspensão de qualquer despesa
com os servidores.
A defesa deles sustentou que o fato de terem sido nomeados pela Assembléia Legislativa da Paraíba há quase 20 anos
torna seguros os atos de admissão por força do princípio da segurança jurídica, que impede que os administrados fiquem
sujeitos indefinidamente ao poder de autotutela da administração. Alegaram, ainda, que prescreveu o direito da
administração de rever seus atos, uma vez transcorrido o prazo de cinco anos previsto pela Lei n. 9.784/99.
Segundo o relatado pelo ministro Napoleão Maia Filho, os fundamentos que dão suporte à impetração revestem-se de
inquestionável plausibilidade jurídica. Ele afirma ser certo que a administração atua sob a direção do princípio da
legalidade, que impõe a anulação do ato que contenha vício insuperável para o fim de restaurar a legalidade malferida.
Porém, não é menos certo que o poder-dever da administração de invalidar seus próprios atos encontra limite temporal no
princípio da segurança jurídica, pela evidente razão de que os administrados não podem ficar indefinidamente sujeitos à
instabilidade originada do poder de autotutela do Estado. (estabilização do ato)
Em seu voto, o ministro afirma ainda que a singularidade do caso impõe a prevalência do princípio da segurança jurídica
na ponderação dos valores em questão (legalidade e segurança), não se podendo fechar os olhos à realidade e aplicar a
norma jurídica como se incidisse em ambiente de absoluta abstração.
8) CONTRATO ADMINISTRATIVO
8.1. Introdução
8.2. Conceito
É um ato jurídico bilateral, um vínculo jurídico que irá criar uma prestação e
uma contraprestação criando, modificando ou extinguindo direitos
(comutativo), sujeito ao regime público, tendo, necessariamente,
participação da Administração direta ou indireta.
8.3. Classificação
74
vigorando nesse caso, suas prerrogativas (cláusulas exorbitantes); e
atípicos, quando regidos por normas de direito privado já que há
concorrência entre o interesse público e privado, ou mesmo este predomina
sobre aquele. Atualmente, tendo em vista que a Lei 8666/93 estendeu aos
contratos atípicos a aplicação das prerrogativas da Administração, a
relevância da distinção foi mitigada.
b) bilaterais
c) precedidos de licitação;
d) formais;
e) onerosos;
75
e) a forma do contrato administrativo, ao contrário do que ocorre com o ato
administrativo, será discricionária, desde que a lei garanta ao Administrador
opções de escolha (ex.: instrumento facultativo).
8.6. Cláusulas necessárias e exorbitantes:
76
VI - as garantias oferecidas para assegurar sua plena execução, quando exigidas;
VII - os direitos e as responsabilidades das partes, as penalidades cabíveis e os valores das multas;
VIII - os casos de rescisão;
IX - o reconhecimento dos direitos da Administração, em caso de rescisão administrativa prevista no art. 77
desta Lei;
X - as condições de importação, a data e a taxa de câmbio para conversão, quando for o caso;
XI - a vinculação ao edital de licitação ou ao termo que a dispensou ou a inexigiu, ao convite e à proposta
do licitante vencedor;
XII - a legislação aplicável à execução do contrato e especialmente aos casos omissos;
XIII - a obrigação do contratado de manter, durante toda a execução do contrato, em compatibilidade com
as obrigações por ele assumidas, todas as condições de habilitação e qualificação exigidas na licitação.
§ 2o Nos contratos celebrados pela Administração Pública com pessoas físicas ou jurídicas, inclusive
aquelas domiciliadas no estrangeiro, deverá constar necessariamente cláusula que declare competente o foro
da sede da Administração para dirimir qualquer questão contratual, salvo o disposto no § 6o do art. 32 desta
Lei.
§ 3o No ato da liquidação da despesa, os serviços de contabilidade comunicarão, aos órgãos incumbidos da
arrecadação e fiscalização de tributos da União, Estado ou Município, as características e os valores pagos,
segundo o disposto no art. 63 da Lei no 4.320, de 17 de março de 1964.
77
a) quando houver modificação do projeto ou das especificações, para melhor adequação técnica aos seus
objetivos;
b) quando necessária a modificação do valor contratual em decorrência de acréscimo ou diminuição
quantitativa de seu objeto, nos limites permitidos por esta Lei;,
II - por acordo das partes:
(...)
§ 1o O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas condições contratuais, os acréscimos ou supressões que se
fizerem nas obras, serviços ou compras, até 25% (vinte e cinco por cento) do valor inicial atualizado do contrato, e, no
caso particular de reforma de edifício ou de equipamento, até o limite de 50% (cinqüenta por cento) para os seus
acréscimos.
§ 2o Nenhum acréscimo ou supressão poderá exceder os limites estabelecidos no parágrafo anterior, salvo:
I - (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998)
II - as supressões resultantes de acordo celebrado entre os contratantes.
(...)
§ 4o No caso de supressão de obras, bens ou serviços, se o contratado já houver adquirido os materiais e posto
no local dos trabalhos, estes deverão ser pagos pela Administração pelos custos de aquisição regularmente
comprovados e monetariamente corrigidos, podendo caber indenização por outros danos eventualmente
decorrentes da supressão, desde que regularmente comprovados.
Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as devidas justificativas, nos
seguintes casos:
d) para restabelecer a relação que as partes pactuaram inicialmente entre os encargos do contratado e a
retribuição da Administração, para a justa remuneração da obra, serviço ou fornecimento, objetivando a
manutenção do equilíbrio econômico-financeiro inicial do contrato, na hipótese de sobrevirem fatos
imprevisíveis, ou previsíveis porém de conseqüências incalculáveis, retardadoras ou impeditivas da
execução do ajustado, ou ainda, em caso de força maior, caso fortuito ou fato do príncipe, configurado
álea econômica extraordinária e extracontratual.
78
constitui em mera faculdade da Administração, porque inexiste
discricionariedade. Trata-se de um dever do Poder Público.
79
- Nas hipóteses previstas nos incisos XII e XVII, tem o contratado direito a:
ressarcimento dos prejuízos regularmente comprovados; devolução da
garantia; pagamentos devidos pela execução do contrato até a data da
rescisão; pagamento do custo de desmobilização.
80
até a data da rescisão e ao pagamento do custo de desmobilização. Por
outro lado, a regra não se aplica à Administração, que sempre poderá opor
a exceção de descumprimento de contrato. Princípios: continuidade do
serviço público e supremacia do interesse público sobre o particular.
OBS.: na verdade, como a exceptio non adimpleti contractus é aplicada,
entretanto, de forma diferenciada, não será uma cláusula exorbitante, mas
sim uma cláusula comum, aplicada de forma mitigada. Hely Lopes defendia
se tratar de cláusula exorbitante por entender que não se aplicava a
exceptio nos contratos administrativos.
81
(pequenas obras, remuneração periódica, na proporção em que a obra é
realizada);
9) LICITAÇÃO PÚBLICA
. Previsão legal: Lei 8666/93 e alterações (Lei 11.783 que alterou o art. 24,
XXIX da Lei 8666/93 / Lei 10520/02 - Lei do Pregão)
9.1. Introdução
82
- Obrigados a licitar: O art. 1º da Lei 8666/93 sujeita à licitação as Pessoas
Jurídicas da Administração direta e indireta, bem como os demais entes
controlados direta ou indiretamente pelo Poder Público (ex.: OSCIP; Serviço
Social Autônomo – sistema “S”), e os fundos especiais.
OBS.: Cabe ressaltar que a constituição prevê em seu art. 173, §3º, a
elaboração de estatuto da empresa pública, sociedade de economia mista e
suas subsidiárias, que explorem atividade econômica de produção ou
comercialização de bens ou de prestação de serviços que disporá, dentre
outras coisas, sobre licitação e contratação realizada por essas entidades.
Entretanto, tendo em vista que até o momento referido estatuto não foi
editado, continuam-se aplicando as regras previstas na Lei 8666/93 às
mesmas. Vale recordar que a Petrobrás possui procedimento simplificado
previsto no art. 67 da Lei 9478/97, dispositivo que como dito
anteriormente, é objeto do MS 25.888 junto ao STF, tendo em vista que
referida Lei regulamenta as MP’s, não sendo específica, como previsto na
CR.
83
c) igualdade (não há estabelecimento de privilégios, sendo que mesmo
empresas estrangeiras deverão receber o mesmo tratamento das
brasileiras, a não ser em hipótese de empate);
d) sigilo na apresentação das propostas (assegura a
competitividade – a única modalidade que não se sujeita ao sigilo
de proposta é o leilão, eis que nele todas as propostas são feitas
oralmente);
e) julgamento objetivo (regras claras, prévias e objetivas – só pode ser
utilizado como critério de seleção o que esteja previsto no edital);
f) vinculação ao instrumento convocatório (edital);
g) adjudicação compulsória ao vencedor (obriga a Administração a, em
contratando, vir a fazê-lo com o vencedor do certame. A não convocação
para a contratação pela Administração, decorridos 60 dias da data da
entrega das propostas, libera os licitantes dos compromissos
assumidos);
h) probidade e moralidade administrativa;
i) competitividade.
84
singular; estar previsto no art. 13; ser notória a especialização; ser
relevante à Administração a contratação do melhor profissional da área), e
contratação de artistas consagrados. Assim, são pressupostos de viabilidade
da licitação: o pressuposto lógico (necessidade de pluralidade), o fático
(interesse de mercado – ou seja, o objeto da licitação deve despertar
interesse) e o jurídico (proteção do interesse público – ex.: seria inexigível
quando a licitação prejudicasse a empresa pública e sociedade de economia
mista na atividade fim, como no caso em que se exigisse licitação de uma
gráfica oficial para aquisição de papel ou tinta). Não se deve confundir a
ausência de pressuposto fático (ocorre antes da publicação do edital) com a
licitação deserta, que não é caso de inexigibilidade, mas sim de
dispensabilidade (ocorre após a publicação do edital e do procedimento
licitatório). A licitação deserta nem sempre se dá por falta de interesse do
mercado, podendo ser conseqüência de uma série de fatores, como por
exemplo, o não preenchimento dos requisitos previstos no edital.
85
. o consórcio público celebrado entre a União, Estados, Distrito Federal e
Municípios também dispensará licitação.
Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública, subordinada à existência de interesse público
devidamente justificado, será precedida de avaliação e obedecerá às seguintes normas:
I - quando imóveis, dependerá de autorização legislativa para órgãos da administração direta e
entidades autárquicas e fundacionais, e, para todos, inclusive as entidades paraestatais, dependerá de
avaliação prévia e de licitação na modalidade de concorrência, dispensada esta nos seguintes casos:
a) dação em pagamento;
b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou entidade da administração pública, de
qualquer esfera de governo, ressalvado o disposto nas alíneas f e h; (Redação dada pela Lei nº 11.481, de
2007)
c) permuta, por outro imóvel que atenda aos requisitos constantes do inciso X do art. 24 desta Lei;
d) investidura;
e) venda a outro órgão ou entidade da administração pública, de qualquer esfera de governo;
f) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real de uso, locação ou permissão de
uso de bens imóveis residenciais construídos, destinados ou efetivamente utilizados no âmbito de
programas habitacionais ou de regularização fundiária de interesse social desenvolvidos por órgãos ou
entidades da administração pública; (Redação dada pela Lei nº 11.481, de 2007)
g) procedimentos de legitimação de posse de que trata o art. 29 da Lei no 6.383, de 7 de dezembro de
1976, mediante iniciativa e deliberação dos órgãos da Administração Pública em cuja competência legal
inclua-se tal atribuição;
h) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real de uso, locação ou permissão de
uso de bens imóveis de uso comercial de âmbito local com área de até 250 m² (duzentos e cinqüenta metros
quadrados) e inseridos no âmbito de programas de regularização fundiária de interesse social desenvolvidos
por órgãos ou entidades da administração pública; (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007)
II - quando móveis, dependerá de avaliação prévia e de licitação, dispensada esta nos seguintes casos:
a) doação, permitida exclusivamente para fins e uso de interesse social, após avaliação de sua
oportunidade e conveniência sócio-econômica, relativamente à escolha de outra forma de alienação;
b) permuta, permitida exclusivamente entre órgãos ou entidades da Administração Pública;
c) venda de ações, que poderão ser negociadas em bolsa, observada a legislação específica;
d) venda de títulos, na forma da legislação pertinente;
e) venda de bens produzidos ou comercializados por órgãos ou entidades da Administração Pública,
em virtude de suas finalidades;
f) venda de materiais e equipamentos para outros órgãos ou entidades da Administração Pública, sem
utilização previsível por quem deles dispõe.
a) menor preço – é a mais utilizada por ser um critério que permite maior
objetividade. Será regra geral nos casos de contratação de obras, serviços,
compras, locações e fornecimento.
86
Art. 23 Concorrência Tomada de Preços Convite
Obras e Valores acima de R$ Acima de R$ De 0,00 até R$ 150.000,00
serviços de 1.500.000,00 150.000,00 até R$ OBS.: Até 10% desse valor (15.000,00) a
engenharia 1.500.00,00 licitação será dispensável. Este limite será
dobrado (20%) para autarquias ou
fundações qualificadas como Agências
Executivas, EP, SEM e Consórcios
Públicos da lei 11.107.
Outros Para serviços com Acima de R$ De 0,00 até R$ 80.000,00
serviços valor acima de R$ 80.000,00 até R$ OBS.: Até 10% (8.000,00) desse valor a
650.000,00 650.00,00 licitação será dispensável. Este limite será
dobrado (20%) para autarquias ou
fundações qualificadas como Agências
Executivas, EP, SEM e Consórcios
Públicos da lei 11.107.
OBS.: O art. 23, §8º prevê que os limites para a realização de convite e
tomada de preços, nos casos em que os consórcios públicos contarem com
até 03 entes serão dobrados (R$300.000,00 ou R$ 3.000.000,00), e quando
contarem com mais de 03 entes, será triplicado (R$ 450.000,00 ou R$
4.500.000,00).
“Art. 23. As modalidades de licitação a que se referem os incisos I a III do artigo anterior serão
determinadas em função dos seguintes limites, tendo em vista o valor estimado da contratação:
I - para obras e serviços de engenharia:
a) convite - até R$ 150.000,00 (cento e cinqüenta mil reais);
b) tomada de preços - até R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais);
c) concorrência: acima de R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais);
II - para compras e serviços não referidos no inciso anterior:
a) convite - até R$ 80.000,00 (oitenta mil reais);
b) tomada de preços - até R$ 650.000,00 (seiscentos e cinqüenta mil reais);
c) concorrência - acima de R$ 650.000,00 (seiscentos e cinqüenta mil reais).
§ 8o No caso de consórcios públicos, aplicar-se-á o dobro dos valores mencionados no caput deste artigo
quando formado por até 3 (três) entes da Federação, e o triplo, quando formado por maior número.”
...
87
critérios constantes de edital publicado na imprensa oficial com antecedência mínima de 45 (quarenta e
cinco) dias.
§ 5o Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para a venda de bens móveis
inservíveis para a administração ou de produtos legalmente apreendidos ou penhorados, ou para a
alienação de bens imóveis prevista no art. 19, a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da
avaliação.
§ 6o Na hipótese do § 3o deste artigo, existindo na praça mais de 3 (três) possíveis interessados, a cada
novo convite, realizado para objeto idêntico ou assemelhado, é obrigatório o convite a, no mínimo, mais
um interessado, enquanto existirem cadastrados não convidados nas últimas licitações.
§ 7o Quando, por limitações do mercado ou manifesto desinteresse dos convidados, for impossível a
obtenção do número mínimo de licitantes exigidos no § 3o deste artigo, essas circunstâncias deverão ser
devidamente justificadas no processo, sob pena de repetição do convite.
§ 8o É vedada a criação de outras modalidades de licitação ou a combinação das referidas neste artigo.
§ 9o Na hipótese do parágrafo 2o deste artigo, a administração somente poderá exigir do licitante não
cadastrado os documentos previstos nos arts. 27 a 31, que comprovem habilitação compatível com o
objeto da licitação, nos termos do edital.
88
requisitos até o 3º dia anterior à data do recebimento das propostas,
observada a qualificação necessária (qualificação prévia). A prova do
preenchimento dos requisitos até o 3º dia anterior pela empresa se dá por
meio de requerimento com apresentação de todos os documentos, não
sendo condição para participação no certame que o requerimento já tenha
sido deferido, devendo-se observar, entretanto, que se o cadastramento
tiver sido indeferido nesse prazo de três dias, caberá recurso com efeito
suspensivo contra essa decisão.
OBS.: De acordo com o TCU, para que a licitação prossiga é necessário que
hajam ao menos três propostas válidas, entretanto, o entendimento
majoritário (melhor para concursos) é no sentido de que basta o convite a
ao menos 03 interessados, não havendo exigência de 03 propostas para o
prosseguimento regular da licitação.
89
arrematado será pago no percentual estabelecido no edital à vista, quando
o pagamento restante será efetuado também no prazo nele previsto.
OBS.: O leilão é feito por leiloeiro, que poderá ser contratado por concurso
desde que seja criado o referido cargo, entretanto, como ainda não existe
esse “cargo”, o que ocorre na prática é sua designação por nomeação.
Fase Interna:
90
1º) Formalização do processo:
. autuação;
. identificação da necessidade devidamente justificada;
. identificação do recurso orçamentário;
. nomeação de comissão na forma do art. 51;
. elaboração do edital observando-se os requisitos do art. 40;
. parecer jurídico;
. remessa à autoridade superior para autorização da deflagração formal do
certame.
Fase Externa:
91
a) por qualquer cidadão até o quinto dia útil anterior à data designada para
a entrega dos envelopes, tendo a comissão três dias úteis para julgar a
impugnação.
b) por qualquer potencial licitante até o segundo dia útil anterior à data
designada para a entrega dos envelopes (prazo decadencial quanto à via
administrativa), sendo que caso não impugne as regras do edital nesta
ocasião, se operará a preclusão.
OBS.: A impugnação não terá efeito suspensivo, já que não tem natureza
de recurso.
92
- Preenchidos os requisitos pelo licitante, estará habilitado ou qualificado
para ter sua proposta julgada, sendo que, por outro lado, não preenchidos
os requisitos, o licitante estará inabilitado ou desqualificado.
93
quando houver decorrido este período sem que nenhum dos licitantes tenha
apresentado nova proposta, ou se as propostas apresentadas ainda
contiverem preços manifestamente superiores aos praticados no mercado
interno ou forem incompatíveis com aqueles fixados pelos órgãos oficiais, é
que poderá a Administração proceder à adjudicação direta do serviço,
dispensando a licitação (ou seja, a dispensa só é possível em caso de
desclassificação, e não no de inabilitação, devendo-se nesta útima situação,
proceder-se a uma nova licitação).
- O art. 64, §3° fixa o prazo de 60 dias, a contar da entrega das propostas,
para que a Administração resolva a respeito da contratação, ultrapassado
esse prazo, ficam os licitantes liberados de qualquer compromisso.
94
classificação, a fim de que manifestem o interesse de contratar pela
proposta do vencedor, se nenhum licitante tiver interesse nessa
contratação, deverá proceder-se a nova licitação. Encerrado o procedimento
licitatório, passa-se à celebração do contrato, na oportunidade em que isto
seja conveniente à Administração.
95
contrato. Poderá ensejar direito a indenização, produzindo efeitos “ex
nunc”.
a) recurso – terá cabimento nos casos previstos no art. 109, da Lei 8666/93
(habilitação ou inabilitação do licitante; julgamento das propostas; anulação
ou revogação da licitação; indeferimento do pedido de inscrição em registro
cadastral, sua alteração ou cancelamento; rescisão do contrato, a que se
refere o inciso I do art. 79 desta Lei; aplicação das penas de advertência,
suspensão temporária ou de multa), sendo o prazo, em regra, de 05 dias
úteis a contar da intimação do ato ou da lavratura da ata, e no caso de
convite, de 02 dias úteis.
96
Serviço Público seria a atividade que, pela sua imprescindibilidade social, justifique que o
poder público assuma os ônus de manter a oferta dessa utilidade a toda a coletividade, sem
necessariamente monopolizá-la”.
10.2. Características:
97
prevê a continuidade dos serviços essenciais, mas sim aquela prevista no
art. 6º, § 3°, II, da Lei 8987/95 (acima transcrito), que disciplinando as
concessões de serviços públicos autoriza, expressamente, referida
providência por parte do concessionário.
Não obstante, segundo leciona o professor José dos Santos Carvalho Filho,
a suspensão do serviço só é admissível no caso de débitos atuais, ou seja,
os que provêm do próprio mês de consumo, ou ao menos, dos anteriores
próximos. Em se tratando de débitos pretéritos, isoladamente considerados,
deve o concessionário valer-se dos meios ordinários de cobrança.
Súmula 356, do STJ: É legítima a cobrança de tarifa básica pelo uso dos serviços de
telefonia fixa.
98
e) modicidade: os serviços devem ser remunerados a preços módicos, até
mesmo porque o lucro não é objetivo da função administrativa.
a) Serviços delegáveis: são aqueles que por sua natureza ou pelo fato de
assim dispor o ordenamento jurídico, comportam ser executados pelo
Estado ou por particulares colaboradores (ex.: transporte coletivo). Quando
se trata de pessoas integrantes da própria Administração, a
descentralização enseja a delegação legal, ao contrário do que acontece
quando a execução dos serviços é hipótese que constitui delegação
negocial, a qual se consuma através de negócios jurídicos celebrados entre
o Poder Público e o particular, se caracterizando por receber,
necessariamente, o influxo de normas de direito público, haja vista a
finalidade a que se destinam: o atendimento a demandas primárias ou
secundárias da coletividade ou do próprio Estado. Referidos negócios
jurídicos se materializam através de concessões e permissões;
99
coletividade. José dos Santos Carvalho Filho discorda dessa classificação
dada por Hely Lopes Meirelles, que a elaborou antes do início da política de
privatizações e desestatizações. Carvalho Filho lembra que há serviços
públicos essenciais que são delegáveis a particulares, e nada impede que o
sejam, desde que o Poder Públcio não se abstenha de controlá-los e
fiscalizá-los. O caráter de essencialidade do serviço não tem parâmetros
previamente definidos, variando de acordo com o lugar e o tempo em que a
atividade é desempenhada (exs.: polícia, saúde, defesa nacional etc.).
100
reservada a determinada pessoa federativa, nenhuma outra poderá exercê-
la, sob pena de vício de inconstitucionalidade (ex.: Estados e DF não podem
dispor sobre consórcios e sorteios, inclusive bingos e loteriais, visto se
tratar de competência da União - súmula vinculante nº 03);
. Assim, tendo em vista que os serviços públicos são regidos por princípios
como o da adequação, eficiência e continuidade, a Administração, em face
da falta ou inadequação do serviço, tem o dever de intervir em sua
prestação, inclusive mediante ocupação temporária. O serviço será
considerado adequado quando observados os seguintes requisitos já
trabalhados isoladamente neste tópico: regularidade, continuidade,
eficiência, segurança, atualidade de técnicas, generalidade, cortesia na
prestação e modicidade das tarifas.
10.7. Usuários:
10.7.1. Direitos:
10.7.2. Deveres:
101
ordem administrativa (concernente aos dados a serem apresentados
pelo interessado junto à Administração);
ordem técnica (relativa às condições técnicas necessárias para a
Administração prestar o serviço);
contribuir para a permanência das boas condições dos bens públicos
empregados na execução do serviço;
pecuniária (remuneração do serviço).
OBS.: Vale ressaltar que ainda que prestado o serviço por terceiro, o Estado
não pode deixar de ter alguma responsabilidade nesse processo, afinal,
quem teve o poder jurídico de transferir atividades há de suportar, de
algum modo, as conseqüências do fato. Dessa forma, o Estado responde
subsidiariamente pelos danos causados pelas pessoas jurídicas
prestadoras de serviços públicos.
102
competência), mediante contrato administrativo precedido de licitação na
modalidade de concorrência, a pessoa jurídica ou consórcio de empresas
(reunião de várias empresas para a contratação), que demonstre
capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco (a relação ou
vínculo se faz usuário-empresa, sendo o Estado mero fiscalizador), e por
prazo determinado na lei específica do serviço (quanto maior o
investimento, maior o prazo). Toda concessão deverá ser precedida de
licitação na modalidade concorrência devendo ser observados os
critérios de melhor preço, ou melhor técnica e preço. Essa concorrência
para concessão será peculiar, apresentando regras específicas em relação à
Lei 8666/93, como: critério da tarifa mínima por usuário para seleção da
proposta; admite procedimento invertido (a habilitação é posterior ao
julgamento das propostas, procedimento esse mais eficiente que o
tradicional, tendo em vista que apenas os documentos do vencedor serão
examinados pela comissão); admissão de lances verbais.
Art. 2o Para os fins do disposto nesta Lei, considera-se:
(...)
II - concessão de serviço público: a delegação de sua prestação, feita pelo poder concedente,
mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que
demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado;
103
Resolução n. 85 da Anatel; 7º da Lei 8.078/90 e 877 do Código Civil/2002, além de divergência
jurisprudencial com julgados oriundos do TJMG. Sustenta, em suma, que os direitos previstos no CDC não
excluem os decorrentes da legislação ordinária preexistente: a Lei Geral das Telecomunicações; que a
tarifa mensal não é voltada apenas à cessão de linha ou de terminal telefônico, mas também à infra-
estrutura fornecida; que o art. 52 da Resolução n. 85 da Anatel, autoriza a cobrança da tarifa de
assinatura; e somente cabe a repetição do indébito quando demonstrado o erro do pagamento voluntário,
nos termos do atual art. 877 do Código Civil. 2. Recurso especial conhecido pela letra “a” do inciso III do
art 105 da CF, bem como pela divergência. 3. Matéria jurídica abordada no acórdão, cobrança pela
recorrente da assinatura mensal básica para prestação de serviços telefônicos, amplamente debatida.
Divergência demonstrada. 4. A tarifa, valor pago pelo consumidor por serviço público voluntário que lhe é
prestado, deve ser fixada por autorização legal. 5. A prestação de serviço público não-obrigatório por
empresa concessionária é remunerada por tarifa. 6. A remuneração tarifária tem seu fundamento jurídico
no art. 175, parágrafo único, inciso III, da Constituição Federal, pelo que a política adotada para a sua
cobrança depende de lei. 7. O art. 2º, II, da Lei n. 8.987/95, que regulamenta o art. 175 da CF, ao
disciplinar o regime de concessão e permissão da prestação de serviços públicos, exige que o negócio
jurídico bilateral (contrato) a ser firmado entre o poder concedente e a pessoa jurídica concessionária
seja, obrigatoriamente, precedido de licitação, na modalidade de concorrência. 8. Os concorrentes ao
procedimento licitatório, por ocasião da apresentação de suas propostas, devem indicar o valor e os tipos
das tarifas que irão cobrar dos usuários pelos serviços prestados. 9. As tarifas fixadas pelos proponentes
servem como um dos critérios para a escolha da empresa vencedora do certame, sendo elemento
contributivo para se determinar a viabilidade da concessão e estabelecer o que é necessário ao equilíbrio
econômico-financeiro do empreendimento. 10. O artigo 9º da Lei n. 8.987, de 1995, determina que “a
tarifa do serviço público concedido será fixada pelo preço da proposta vencedora da licitação ...”. 11. No
contrato de concessão firmado entre a recorrente e o poder concedente, há cláusula expressa refletindo o
constante no Edital de Licitação, contemplando o direito de a concessionária exigir do usuário o
pagamento mensal da tarifa de assinatura básica. 12. A permissão da cobrança da tarifa mencionada
constou nas condições expressas no Edital de Desestatização das Empresas Federais de Telecomunicações
(Edital MC/BNDES n. 01/98) para que as empresas interessadas, com base nessa autorização, efetuassem
as suas propostas. 13. As disposições do Edital de Licitação foram, portanto, necessariamente
consideradas pelas empresas licitantes na elaboração de suas propostas. 14. No contrato de concessão
firmado entre a recorrente e o poder concedente, há cláusula expressa afirmando que, “para manutenção
do direito de uso, as prestadoras estão autorizadas a cobrar tarifa de assinatura”, segundo tabela fixada
pelo órgão competente. Estabelece, ainda, que a tarifa de assinatura inclui uma franquia de 90 pulsos. 15.
Em face do panorama supradescrito, a cobrança da tarifa de assinatura mensal é legal e contratualmente
prevista. 16. A tarifa mensal de assinatura básica, incluindo o direito do consumidor a uma franquia de 90
pulsos, além de ser legal e contratual, justifica-se pela necessidade da concessionária manter
disponibilizado o serviço de telefonia ao assinante, de modo contínuo e ininterrupto, o que lhe exige
dispêndios financeiros para garantir a sua eficiência. 17. Não há ilegalidade na Resolução n. 85 de
30.12.1998, da Anatel, ao definir: “XXI – Tarifa ou Preço de Assinatura – valor de trato sucessivo pago
pelo assinante à prestadora, durante toda a prestação do serviço, nos termos do contrato de prestação de
serviço, dando-lhe direito à fruição contínua do serviço”. 18. A Resolução n. 42/05 da Anatel estabelece,
ainda, que “para manutenção do direito de uso, caso aplicável, as Concessionárias estão autorizadas a
cobrar tarifa de assinatura mensal”, segundo tabela fixada. 19. A cobrança mensal de assinatura básica
está amparada pelo art. 93, VII, da Lei n. 9.472, de 16.07.1997, que a autoriza, desde que prevista no
Edital e no contrato de concessão, como é o caso dos autos. 20. A obrigação do usuário pagar tarifa
mensal pela assinatura do serviço decorre da política tarifária instituída por lei, sendo que a Anatel pode
fixá-la, por ser a reguladora do setor, tudo amparado no que consta expressamente no contrato de
concessão, com respaldo no art. 103, §§ 3º e 4º, da Lei n. 9.472, de 16.07.1997. 21. O fato de existir
cobrança mensal de assinatura, no serviço de telefonia, sem que chamadas sejam feitas, não constitui
abuso proibido pelo Código de Defesa do Consumidor, por, primeiramente, haver amparo legal e, em
segundo lugar, tratar-se de serviço que, necessariamente, é disponibilizado, de modo contínuo e
ininterrupto, aos usuários. 22. O conceito de abusividade no Código de Defesa do Consumidor envolve
cobrança ilícita, excessiva, que possibilita vantagem desproporcional e incompatível com os princípios da
boa-fé e da eqüidade, valores negativos não presentes na situação em exame. 23. O STJ tem permitido, com
relação ao serviço de consumo de água, a cobrança mensal de tarifa mínima, cuja natureza jurídica é a
mesma da ora discutida, a qual garante ao assinante o uso de, no máximo, 90 pulsos, sem nenhum
acréscimo ao valor mensal. O consumidor só pagará pelos serviços utilizados que ultrapassarem essa
quantificação. 24. Precedentes do STJ garantindo o pagamento de tarifa mínima: Resp 759.362/RJ, Rel.
Min. Eliana Calmon, DJ 29/06/2006; Resp 416.383/RJ, Rel. Min. Luiz Fux, DJ 23/09/2002; REsp
209.067/RJ, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, DJ 08/05/2000; REsp 214.758/RJ, Rel. Min. Humberto
Gomes de Barros, DJ 02/05/2000; REsp 150.137/MG, Rel. Min.Garcia Vieira, DJ 27/04/1998, entre outros.
Idem do STF: RE 207.609/DF, decisão da relatoria do Ministro Néri da Silveira, DJ 19/05/1999. 25.
Precedente do STJ, em medida cautelar, sobre tarifa de assinatura básica em serviço de telefonia:
PROCESSUAL CIVIL. MEDIDA CAUTELAR. ANTECIPAÇÃO DA TUTELA RECURSAL. RECURSO
ESPECIAL PENDENTE DE ADMISSÃO NO TRIBUNAL DE ORIGEM. APLICAÇÃO, POR ANALOGIA,
DAS SÚMULAS 634 E 635 DO STF. SERVIÇO DE TELEFONIA FIXA. TARIFA DE ASSINATURA
BÁSICA.1. Em conformidade com a orientação traçada pelo Supremo Tribunal Federal nas Súmulas 634 e
104
635, em casos excepcionais, em que estiverem conjugados os requisitos (a) da verossimilhança das
alegações (= probabilidade de êxito do recurso interposto) e (b) do risco de dano grave e irreparável ao
direito afirmado, esta Corte vem admitindo o cabimento de medida cautelar destinada a atribuir efeito
suspensivo ou a antecipar tutela em recurso especial ainda não admitido pelo Tribunal de origem. 2. No
caso, milita em favor da requerente a presunção de legitimidade dos atos normativos e administrativos que
dão suporte à cobrança da tarifa de assinatura básica dos serviços de telefonia (verossimilhança das
alegações). A supressão da cobrança, por medida liminar, compromete cláusula financeira do contrato de
concessão do serviço, pesando sobre a requerente o risco maior da improvável e difícil reversibilidade da
situação (risco de dano). 3. Pedido deferido. (MC 10.235/PR, Rel. Min. Teori Zavascki, Primeira Turma,
DJ 01.08.2005). 26. Artigos 39, § 6º, I, III e V; e 51, § 1º, III, do Código de Defesa do Consumidor que não
são violados com a cobrança mensal da tarifa de assinatura básica nos serviços de telefonia. 27. Recurso
especial provido para permitir a cobrança mensal da tarifa acima identificada.
Súmula 357 - A pedido do assinante, que responderá pelos custos, é obrigatória, a partir de 1º
de janeiro de 2006, a discriminação de pulsos excedentes e ligações de telefone fixo para
celular.
Súmula 356 - É legítima a cobrança da tarifa básica pelo uso dos serviços de telefonia fixa.
105
para a prestação do serviço. Por outro lado, o concedente em regra será
um ente político, e excepcionalmente, uma autarquia, como é o caso da
ANATEL, a quem a Lei 9472/97 delegou o poder de celebrar e gerenciar
contratos de concessão dos serviços de telefonia sob regime público, neles
assumindo, como sujeito ativo, a qualidade jurídica de concedente.
106
- Encargos do Concessionarário: a fim de evitar penalizações como multas,
intervenção no serviço e extinção da concessão, deverá o concessionário:
- Intervenção na concessão:
- Extinção da concessão:
107
relevante destacar que o único caminho para esse tipo de rescisão é a
via judicial. Helly Lopes Meirelles lembra que a inoponibilidade da exceção
de contrato não cumprido pelo contratado tem sido mitigada na doutrina e
jurisprudência, sobretudo quando há encargo extraordinário e insuportável,
como no caso de falta de pagamento por prolongados períodos.
108
- As concessionárias são pessoas jurídicas de direito privado, logo não
gozam de imunidades tributárias.
OBS.: Com a redação do art. 40, da Lei 8987/95, que atribui a natureza
jurídica de contrato de adesão à permissão, ao invés de sua tradicional
qualificação como ato administrativo, foram mitigadas, praticamente
extintas, as distinções entre permissão e concessão.
109
particular, etc. De regra, não haverá direito à indenização para o particular
que tenha sua autorização revogada.
110
primária. A fim de garantir a maior imparcialidade dessas autarquias, e
evitar sua captura pela Administração, seus dirigentes, apesar de nomeados
pelo Chefe do Executivo, possuem estabilidade, exercendo mandato a prazo
certo. Ainda nessa direção, assegurando maior autonomia às agências
reguladoras, suas decisões não se sujeitam a recurso à instâncias revisoras.
111
Setor”. O Terceiro Setor resulta de iniciativa da sociedade civil, através de
pessoas de atuação voluntária, associações e organizações não-
governamentais, para a execução de funções eminentemente sociais, sem
alvejar resultados lucrativos, como as pessoas empresariais em geral. É
possível classificar o regime de parceria em três grupos:
a) de convênios administrativos;
. Espécies ou Modalidades:
112
b) concessão administrativa - voltada a delegação de serviços
administrativos onde a usuária é a própria administração pública, logo, não
comporta remuneração pelo sistema de tarifas a cargo dos usuários, já que
o pagamento da obra ou serviço é efetuado diretamento pelo concedente.
. Características:
. Vedações:
. Procedimento:
. Licitação:
113
Público pretender celebrar concessão patrocinada, em que caiba à
Administração o pagamento de mais de 70% da remuneração a ser paga ao
concessionário. A exemplo do que ocorre no pregão, é permitida a inversão
da ordem das fases de habilitação e julgamento das propostas.
“Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
(...)
§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de
serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a
terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou
culpa. (grifo nosso)”
- Evolução histórica:
114
inexistência de qualquer desses elementos. Nesse momento, falava-se em
teoria da responsabilidade subjetiva pela culpa do agente, isto é, o
administrado deveria comprovar a culpa do agente causador do dano, que
por sua vez deveria, imprescindivelmente, ser identificado. Com a evolução
das teorias da responsabilidade do Estado chega-se à responsabilidade
pela falta do serviço, que nasceu no direito francês com a denominação
de “faute du service”. Essa teoria também é denominada de culpa
anônima da Administração, sendo que de acordo com ela basta a
comprovação de que o serviço haja sido prestado de forma ineficiente,
intempestiva ou não tenha sido prestado, não havendo necessidade de se
identificar o agente culpado pelo dano.
- Conceito:
. No Brasil adota-se a teoria do risco administrativo, segundo a qual,
existindo o fato do serviço e o nexo de causalidade entre o fato e o dano
ocorrido, presume-se a culpa da Administração (responsabilidade
objetiva), competindo a esta demonstrar, se for o caso, existência de caso
fortuito ou força maior, bem como de culpa exclusiva do particular ou ao
menos sua culpa concorrente, a fim de afastar sua obrigação ou mitigá-la. A
idéia exposta demonstra que a responsabilidade da Administração
pelos danos causados aos administrados é objetiva. Note-se que a
“teoria do risco administrativo” não se confunde com a do “risco integral”,
uma vez que esta última não prevê qualquer hipótese de exclusão ou
redução da responsabilidade do Estado, que nasce com o dano, ainda que
justo. Sua aplicação em nosso ordenamento é tema polêmico.
115
- Alcance da responsabilidade na teoria do risco administrativo:
- Aplicação:
Trata-se de ação indenizatória em que se busca do Estado a reparação de danos materiais e morais
decorrentes da morte de menor que foi atingido por “bala perdida” disparada por outro menor que se
encontrava foragido de estabelecimento destinado ao cumprimento de medida sócio-educativa de
semiliberdade. Assim, no caso, não há como afirmar que a deficiência do serviço do Estado, de
permitir que o menor que vinha cumprindo medida sócio-educativa em regime de semi-liberdade
permanecesse foragido, tenha sido causa direta e imediata do tiroteio durante o qual a “bala perdida”
resultou na morte de outro menor, nem que esse tiroteio seja efeito necessário da referida deficiência.
Logo, ausente o nexo causal, afasta-se a responsabilidade do Estado. Com esse entendimento, a
Turma, ao prosseguir o julgamento, por maioria, negou provimento ao recurso. REsp 858.511-DF,
Rel. originário Min. Luiz Fux, Rel. para acórdão Min. Teori Albino Zavascki, julgado em
19/8/2008.
116
relação direta entre a morte da criança e o disparo efetivado por um menor foragido há mais de uma semana
de estabelecimento onde cumpria medida sócio-educativa.
O ministro Teori Albino Zavascki explica em sua decisão que a imputação de responsabilidade civil do
Estado supõe a presença de dois elementos de fato – a conduta do agente e o resultado danoso – e um
elemento lógico normativo – o nexo causal. Sem o nexo causal não pode haver a responsabilização.
O nexo causal é o resultado lógico-normativo, segundo o ministro, que consiste num elo referencial, numa
relação de pertencialidade entre os elementos de fato; é normativo porque tem contornos e limites impostos
pelo sistema de direito.
Para o ministro, estabelecer nexo causal entre os fatos ocorridos significaria, na prática, atribuir ao Estado a
responsabilidade civil objetiva por qualquer ato danoso praticado por quem deveria estar sob custódia
carcerária e não está, seja porque se evadiu, seja porque não foi capturado pelos agentes estatais.
- Teoria subjetiva
117
ATRIBUÍDA AO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. INOPONIBILIDADE DO ARBÍTRIO ESTATAL À
EFETIVAÇÃO DOS DIREITOS SOCIAIS, ECONÔMICOS E CULTURAIS. CARÁTER RELATIVO DA
LIBERDADE DE CONFORMAÇÃO DO LEGISLADOR. CONSIDERAÇÕES EM TORNO DA CLÁUSULA DA
"RESERVA DO POSSÍVEL". NECESSIDADE DE PRESERVAÇÃO, EM FAVOR DOS INDIVÍDUOS, DA
INTEGRIDADE E DA INTANGIBILIDADE DO NÚCLEO CONSUBSTANCIADOR DO "MÍNIMO EXISTENCIAL".
VIABILIDADE INSTRUMENTAL DA ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO NO PROCESSO DE
CONCRETIZAÇÃO DAS LIBERDADES POSITIVAS (DIREITOS CONSTITUCIONAIS DE SEGUNDA
GERAÇÃO).
DECISÃO: Trata-se de argüição de descumprimento de preceito fundamental promovida contra veto, que, emanado do
Senhor Presidente da República, incidiu sobre o § 2º do art. 55 (posteriormente renumerado para art. 59), de proposição
legislativa que se converteu na Lei nº 10.707/2003 (LDO), destinada a fixar as diretrizes pertinentes à elaboração da lei
orçamentária anual de 2004. O dispositivo vetado possui o seguinte conteúdo material:
"§ 2º Para efeito do inciso II do caput deste artigo, consideram-se ações e serviços públicos de saúde a totalidade das
dotações do Ministério da Saúde, deduzidos os encargos previdenciários da União, os serviços da dívida e a parcela das
despesas do Ministério financiada com recursos do Fundo de Combate à Erradicação da Pobreza."
O autor da presente ação constitucional sustenta que o veto presidencial importou em desrespeito a preceito fundamental
decorrente da EC 29/2000, que foi promulgada para garantir recursos financeiros mínimos a serem aplicados nas ações e
serviços públicos de saúde.
Requisitei, ao Senhor Presidente da República, informações que por ele foram prestadas a fls. 93/144.
Vale referir que o Senhor Presidente da República, logo após o veto parcial ora questionado nesta sede processual, veio a
remeter, ao Congresso Nacional, projeto de lei, que, transformado na Lei nº 10.777/2003, restaurou, em sua integralidade,
o § 2º do art. 59 da Lei nº 10.707/2003 (LDO), dele fazendo constar a mesma norma sobre a qual incidira o veto
executivo.
Em virtude da mencionada iniciativa presidencial, que deu causa à instauração do concernente processo legislativo,
sobreveio a edição da já referida Lei nº 10.777, de 24/11/2003, cujo art. 1º - modificando a própria Lei de Diretrizes
Orçamentárias (Lei nº 10.707/2003) - supriu a omissão motivadora do ajuizamento da presente ação constitucional.
Com o advento da mencionada Lei nº 10.777/2003, a Lei de Diretrizes Orçamentárias, editada para reger a elaboração da
lei orçamentária de 2004, passou a ter, no ponto concernente à questionada omissão normativa, o seguinte conteúdo
material:
"Art. 1º O art. 59 da lei nº 10.707, de 30 de julho de 2003, passa a vigorar acrescido dos seguintes parágrafos:
'Art.59............................................
§ 3º Para os efeitos do inciso II do caput deste artigo, consideram-se ações e serviços públicos de saúde a totalidade das
dotações do Ministério da Saúde, deduzidos os encargos previdenciários da União, os serviços da dívida e a parcela das
despesas do Ministério financiada com recursos do Fundo de Combate à Erradicação da Pobreza.
§ 4º A demonstração da observância do limite mínimo previsto no § 3º deste artigo dar-se-á no encerramento do exercício
financeiro de 2004.' (NR)." (grifei)
Cabe registrar, por necessário, que a regra legal resultante da edição da Lei nº 10.777/2003, ora em pleno vigor, reproduz,
essencialmente, em seu conteúdo, o preceito, que, constante do § 2º do art. 59 da Lei nº 10.707/2003 (LDO), veio a ser
vetado pelo Senhor Presidente da República (fls. 23v.).
Impende assinalar que a regra legal em questão - que culminou por colmatar a própria omissão normativa alegadamente
descumpridora de preceito fundamental - entrou em vigor em 2003, para orientar, ainda em tempo oportuno, a elaboração
da lei orçamentária anual pertinente ao exercício financeiro de 2004.
Conclui-se, desse modo, que o objetivo perseguido na presente sede processual foi inteiramente alcançado com a edição
da Lei nº 10.777, de 24/11/2003, promulgada com a finalidade específica de conferir efetividade à EC 29/2000,
concebida para garantir, em bases adequadas - e sempre em benefício da população deste País - recursos financeiros
mínimos a serem necessariamente aplicados nas ações e serviços públicos de saúde.
Não obstante a superveniência desse fato juridicamente relevante, capaz de fazer instaurar situação de prejudicialidade da
presente argüição de descumprimento de preceito fundamental, não posso deixar de reconhecer que a ação constitucional
em referência, considerado o contexto em exame, qualifica-se como instrumento idôneo e apto a viabilizar a
concretização de políticas públicas, quando, previstas no texto da Carta Política, tal como sucede no caso (EC 29/2000),
venham a ser descumpridas, total ou parcialmente, pelas instâncias governamentais destinatárias do comando inscrito na
própria Constituição da República.
Essa eminente atribuição conferida ao Supremo Tribunal Federal põe em evidência, de modo particularmente expressivo,
a dimensão política da jurisdição constitucional conferida a esta Corte, que não pode demitir-se do gravíssimo encargo de
tornar efetivos os direitos econômicos, sociais e culturais - que se identificam, enquanto direitos de segunda geração, com
as liberdades positivas, reais ou concretas (RTJ 164/158-161, Rel. Min. CELSO DE MELLO) -, sob pena de o Poder
Público, por violação positiva ou negativa da Constituição, comprometer, de modo inaceitável, a integridade da própria
ordem constitucional:
.......................................................
- A omissão do Estado - que deixa de cumprir, em maior ou em menor extensão, a imposição ditada pelo texto
118
constitucional - qualifica-se como comportamento revestido da maior gravidade político-jurídica, eis que, mediante
inércia, o Poder Público também desrespeita a Constituição, também ofende direitos que nela se fundam e também
impede, por ausência de medidas concretizadoras, a própria aplicabilidade dos postulados e princípios da Lei
Fundamental."
(RTJ 185/794-796, Rel. Min. CELSO DE MELLO, Pleno)
É certo que não se inclui, ordinariamente, no âmbito das funções institucionais do Poder Judiciário - e nas desta Suprema
Corte, em especial - a atribuição de formular e de implementar políticas públicas (JOSÉ CARLOS VIEIRA DE
ANDRADE, "Os Direitos Fundamentais na Constituição Portuguesa de 1976", p. 207, item n. 05, 1987, Almedina,
Coimbra), pois, nesse domínio, o encargo reside, primariamente, nos Poderes Legislativo e Executivo.
Tal incumbência, no entanto, embora em bases excepcionais, poderá atribuir-se ao Poder Judiciário, se e quando os
órgãos estatais competentes, por descumprirem os encargos político-jurídicos que sobre eles incidem, vierem a
comprometer, com tal comportamento, a eficácia e a integridade de direitos individuais e/ou coletivos impregnados de
estatura constitucional, ainda que derivados de cláusulas revestidas de conteúdo programático.
Cabe assinalar, presente esse contexto - consoante já proclamou esta Suprema Corte - que o caráter programático das
regras inscritas no texto da Carta Política "não pode converter-se em promessa constitucional inconseqüente, sob pena de
o Poder Público, fraudando justas expectativas nele depositadas pela coletividade, substituir, de maneira ilegítima, o
cumprimento de seu impostergável dever, por um gesto irresponsável de infidelidade governamental ao que determina a
própria Lei Fundamental do Estado" (RTJ 175/1212-1213, Rel. Min. CELSO DE MELLO).
Não deixo de conferir, no entanto, assentadas tais premissas, significativo relevo ao tema pertinente à "reserva do
possível" (STEPHEN HOLMES/CASS R. SUNSTEIN, "The Cost of Rights", 1999, Norton, New York), notadamente
em sede de efetivação e implementação (sempre onerosas) dos direitos de segunda geração (direitos econômicos, sociais
e culturais), cujo adimplemento, pelo Poder Público, impõe e exige, deste, prestações estatais positivas concretizadoras
de tais prerrogativas individuais e/ou coletivas.
É que a realização dos direitos econômicos, sociais e culturais - além de caracterizar-se pela gradualidade de seu processo
de concretização - depende, em grande medida, de um inescapável vínculo financeiro subordinado às possibilidades
orçamentárias do Estado, de tal modo que, comprovada, objetivamente, a incapacidade econômico-financeira da pessoa
estatal, desta não se poderá razoavelmente exigir, considerada a limitação material referida, a imediata efetivação do
comando fundado no texto da Carta Política.
Não se mostrará lícito, no entanto, ao Poder Público, em tal hipótese - mediante indevida manipulação de sua atividade
financeira e/ou político-administrativa - criar obstáculo artificial que revele o ilegítimo, arbitrário e censurável propósito
de fraudar, de frustrar e de inviabilizar o estabelecimento e a preservação, em favor da pessoa e dos cidadãos, de
condições materiais mínimas de existência.
Cumpre advertir, desse modo, que a cláusula da "reserva do possível" - ressalvada a ocorrência de justo motivo
objetivamente aferível - não pode ser invocada, pelo Estado, com a finalidade de exonerar-se do cumprimento de suas
obrigações constitucionais, notadamente quando, dessa conduta governamental negativa, puder resultar nulificação ou,
até mesmo, aniquilação de direitos constitucionais impregnados de um sentido de essencial fundamentalidade.
Daí a correta ponderação de ANA PAULA DE BARCELLOS ("A Eficácia Jurídica dos Princípios Constitucionais", p.
245-246, 2002, Renovar):
"Em resumo: a limitação de recursos existe e é uma contingência que não se pode ignorar. O intérprete deverá levá-la em
conta ao afirmar que algum bem pode ser exigido judicialmente, assim como o magistrado, ao determinar seu
fornecimento pelo Estado. Por outro lado, não se pode esquecer que a finalidade do Estado ao obter recursos, para, em
seguida, gastá-los sob a forma de obras, prestação de serviços, ou qualquer outra política pública, é exatamente realizar
os objetivos fundamentais da Constituição.
A meta central das Constituições modernas, e da Carta de 1988 em particular, pode ser resumida, como já exposto, na
promoção do bem-estar do homem, cujo ponto de partida está em assegurar as condições de sua própria dignidade, que
inclui, além da proteção dos direitos individuais, condições materiais mínimas de existência. Ao apurar os elementos
fundamentais dessa dignidade (o mínimo existencial), estar-se-ão estabelecendo exatamente os alvos prioritários dos
gastos públicos. Apenas depois de atingi-los é que se poderá discutir, relativamente aos recursos remanescentes, em que
outros projetos se deverá investir. O mínimo existencial, como se vê, associado ao estabelecimento de prioridades
orçamentárias, é capaz de conviver produtivamente com a reserva do possível." (grifei)
Vê-se, pois, que os condicionamentos impostos, pela cláusula da "reserva do possível", ao processo de concretização dos
direitos de segunda geração - de implantação sempre onerosa -, traduzem-se em um binômio que compreende, de um
lado, (1) a razoabilidade da pretensão individual/social deduzida em face do Poder Público e, de outro, (2) a existência de
disponibilidade financeira do Estado para tornar efetivas as prestações positivas dele reclamadas.
Desnecessário acentuar-se, considerado o encargo governamental de tornar efetiva a aplicação dos direitos econômicos,
sociais e culturais, que os elementos componentes do mencionado binômio (razoabilidade da pretensão + disponibilidade
financeira do Estado) devem configurar-se de modo afirmativo e em situação de cumulativa ocorrência, pois, ausente
qualquer desses elementos, descaracterizar-se-á a possibilidade estatal de realização prática de tais direitos.
Não obstante a formulação e a execução de políticas públicas dependam de opções políticas a cargo daqueles que, por
delegação popular, receberam investidura em mandato eletivo, cumpre reconhecer que não se revela absoluta, nesse
domínio, a liberdade de conformação do legislador, nem a de atuação do Poder Executivo.
É que, se tais Poderes do Estado agirem de modo irrazoável ou procederem com a clara intenção de neutralizar,
comprometendo-a, a eficácia dos direitos sociais, econômicos e culturais, afetando, como decorrência causal de uma
injustificável inércia estatal ou de um abusivo comportamento governamental, aquele núcleo intangível consubstanciador
de um conjunto irredutível de condições mínimas necessárias a uma existência digna e essenciais à própria sobrevivência
do indivíduo, aí, então, justificar-se-á, como precedentemente já enfatizado - e até mesmo por razões fundadas em um
imperativo ético-jurídico -, a possibilidade de intervenção do Poder Judiciário, em ordem a viabilizar, a todos, o acesso
aos bens cuja fruição lhes haja sido injustamente recusada pelo Estado.
119
Extremamente pertinentes, a tal propósito, as observações de ANDREAS JOACHIM KRELL ("Direitos Sociais e
Controle Judicial no Brasil e na Alemanha", p. 22-23, 2002, Fabris):
"A constituição confere ao legislador uma margem substancial de autonomia na definição da forma e medida em que o
direito social deve ser assegurado, o chamado 'livre espaço de conformação' (...). Num sistema político pluralista, as
normas constitucionais sobre direitos sociais devem ser abertas para receber diversas concretizações consoante as
alternativas periodicamente escolhidas pelo eleitorado. A apreciação dos fatores econômicos para uma tomada de decisão
quanto às possibilidades e aos meios de efetivação desses direitos cabe, principalmente, aos governos e parlamentos.
Em princípio, o Poder Judiciário não deve intervir em esfera reservada a outro Poder para substituí-lo em juízos de
conveniência e oportunidade, querendo controlar as opções legislativas de organização e prestação, a não ser,
excepcionalmente, quando haja uma violação evidente e arbitrária, pelo legislador, da incumbência constitucional.
No entanto, parece-nos cada vez mais necessária a revisão do vetusto dogma da Separação dos Poderes em relação ao
controle dos gastos públicos e da prestação dos serviços básicos no Estado Social, visto que os Poderes Legislativo e
Executivo no Brasil se mostraram incapazes de garantir um cumprimento racional dos respectivos preceitos
constitucionais.
A eficácia dos Direitos Fundamentais Sociais a prestações materiais depende, naturalmente, dos recursos públicos
disponíveis; normalmente, há uma delegação constitucional para o legislador concretizar o conteúdo desses direitos.
Muitos autores entendem que seria ilegítima a conformação desse conteúdo pelo Poder Judiciário, por atentar contra o
princípio da Separação dos Poderes (...).
Muitos autores e juízes não aceitam, até hoje, uma obrigação do Estado de prover diretamente uma prestação a cada
pessoa necessitada de alguma atividade de atendimento médico, ensino, de moradia ou alimentação. Nem a doutrina nem
a jurisprudência têm percebido o alcance das normas constitucionais programáticas sobre direitos sociais, nem lhes dado
aplicação adequada como princípios-condição da justiça social.
A negação de qualquer tipo de obrigação a ser cumprida na base dos Direitos Fundamentais Sociais tem como
conseqüência a renúncia de reconhecê-los como verdadeiros direitos. (...) Em geral, está crescendo o grupo daqueles que
consideram os princípios constitucionais e as normas sobre direitos sociais como fonte de direitos e obrigações e
admitem a intervenção do Judiciário em caso de omissões inconstitucionais." (grifei)
Todas as considerações que venho de fazer justificam-se, plenamente, quanto à sua pertinência, em face da própria
natureza constitucional da controvérsia jurídica ora suscitada nesta sede processual, consistente na impugnação a ato
emanado do Senhor Presidente da República, de que poderia resultar grave comprometimento, na área da saúde pública,
da execução de política governamental decorrente de decisão vinculante do Congresso Nacional, consubstanciada na
Emenda Constitucional nº 29/2000.
Ocorre, no entanto, como precedentemente já enfatizado no início desta decisão, que se registrou, na espécie, situação
configuradora de prejudicialidade da presente argüição de descumprimento de preceito fundamental.
A inviabilidade da presente argüição de descumprimento, em decorrência da razão ora mencionada, impõe uma
observação final: no desempenho dos poderes processuais de que dispõe, assiste, ao Ministro-Relator, competência plena
para exercer, monocraticamente, o controle das ações, pedidos ou recursos dirigidos ao Supremo Tribunal Federal,
legitimando-se, em conseqüência, os atos decisórios que, nessa condição, venha a praticar.
Cumpre acentuar, por oportuno, que o Pleno do Supremo Tribunal Federal reconheceu a inteira validade constitucional
da norma legal que inclui, na esfera de atribuições do Relator, a competência para negar trânsito, em decisão
monocrática, a recursos, pedidos ou ações, quando incabíveis, estranhos à competência desta Corte, intempestivos, sem
objeto ou que veiculem pretensão incompatível com a jurisprudência predominante do Tribunal (RTJ 139/53 - RTJ
168/174-175).
Nem se alegue que esse preceito legal implicaria transgressão ao princípio da colegialidade, eis que o postulado em
questão sempre restará preservado ante a possibilidade de submissão da decisão singular ao controle recursal dos órgãos
colegiados no âmbito do Supremo Tribunal Federal, consoante esta Corte tem reiteradamente proclamado (RTJ
181/1133-1134, Rel. Min. CARLOS VELLOSO - AI 159.892-AgR/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.).
Cabe enfatizar, por necessário, que esse entendimento jurisprudencial é também aplicável aos processos de controle
normativo abstrato de constitucionalidade, qualquer que seja a sua modalidade (ADI 563/DF, Rel. Min. PAULO
BROSSARD - ADI 593/GO, Rel. Min. MARCO AURÉLIO - ADI 2.060/RJ, Rel. Min. CELSO DE MELLO - ADI
2.207/AL, Rel. Min. CELSO DE MELLO - ADI 2.215/PE, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.), eis que, tal como já
assentou o Plenário do Supremo Tribunal Federal, o ordenamento positivo brasileiro "não subtrai, ao Relator da causa, o
poder de efetuar - enquanto responsável pela ordenação e direção do processo (RISTF, art. 21, I) - o controle prévio dos
requisitos formais da fiscalização normativa abstrata (...)" (RTJ 139/67, Rel. Min. CELSO DE MELLO).
Sendo assim, tendo em consideração as razões expostas, julgo prejudicada a presente argüição de descumprimento de
preceito fundamental, em virtude da perda superveniente de seu objeto.
Arquivem-se os presentes autos.
Publique-se.
Brasília, 29 de abril de 2004.
120
seu não funcionamento. É aplicável aos danos decorrentes de caso fortuito
ou força maior + evento imprevisível + falta do serviço em uma de suas
modalidades. Assim, se houver dano, mas este não tenha sido causado por
falta do serviço, não há responsabilização.
- Ação Indenizatória
A 4ª Turma do STJ reconheceu a legitimidade passiva da diretora de uma escola estadual pública em ato que resultou na
exoneração da coordenadora de ensino da referida escola. O TJSE havia julgado o processo extinto sem apreciação do
mérito, por entender que a ação de indenização deveria ter sido proposta contra o Estado, já que a diretora é funcionária
pública estadual.
A ex-coordenadora propôs ação de indenização por danos morais contra a diretora da escola "Professora Áurea Melo",
alegando que foi ofendida em sua honra por correspondência subscrita enviada pela diretora à Diretoria de Educação de
Aracaju, que provocou sua exoneração do cargo. A diretora contestou a ação, enfatizando a negligência da coordenadora
no cumprimento de suas obrigações e a possibilidade de livre nomeação e exoneração de cargo de confiança.
121
O juízo de primeiro grau julgou o pedido procedente e condenou a diretora ao pagamento de R$ 5 mil de indenização por
danos morais. O TJSE reformou a sentença, sustentando que, diante da falta de comprovação do nexo causal entre a
conduta da apelante e o suposto prejuízo suportado pela recorrida, a diretora não pode figurar no pólo passivo da
demanda.
A ex-coordenadora recorreu ao STJ questionando a suposta ilegalidade e requerendo que o mérito do processo seja
analisado pela Justiça de Sergipe. Acompanhando o relator, ministro Luís Felipe Salomão, a 4ª Turma do STJ
entendeu que o particular que alega ofensa a seu direito individual por ato praticado por agente público pode
acionar o Estado ou o funcionário ou ambos.
De acordo com o relator, a legitimidade passiva dos servidores públicos em ação reparatória já foi apreciada pela 3ª
Turma do STJ quando reconheceu que membros do MP podem responder civilmente por atos que extrapolem suas
atribuições legais do cargo. Citando vários autores, o ministro ressaltou que a orientação também encontra amparo na
doutrina de que nenhum privilégio relacionado à qualificação pessoal do agente pode elidir sua responsabilização direta e
tampouco mitigar a garantia legal concedida à vítima.
Para Salomão, essa orientação jurídica deve ser aplicada mesmo em se tratando de agente público no exercício de
suas funções, como é a hipótese dos autos. Com esse entendimento, a Turma acolheu o recurso especial para
afastar a ilegitimidade passiva decretada pelo tribunal de origem e determinar a devolução dos autos para que o
mérito do recurso seja apreciado.
O ministro Aldir Passarinho Junior acompanhou o relator com a ressalva de que é imprescindível a identificação de
excesso ou de atuação abusiva que efetivamente extrapole o exercício da função pública. "Não é uma porta aberta, mas
isso evita o guarda-chuva do Estado em relação a atos impensados de determinados servidores públicos que, atuando
abusivamente em relação ao cargo, vêem-se protegidos financeiramente porque quem acaba arcando perante terceiros é o
Estado", ressaltou. (Resp 731746).
............
Fonte: STJ
122
. O prazo prescricional para a propositura dessa demanda é de 05 anos
(Dec 20910/32), destacando que o prazo civil de 03 anos é bem aceita em
relação às pessoas jurídicas de direito privado da Administração Pública
Indireta.
- Hipóteses especiais:
________________________________
16/02/2008 - Responsabilidade civil do Estado por atos jurisdicionais
(...)
123
“§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que
seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou
culpa.”
Conforme entendimento de nossa jurisprudência, o transcrito dispositivo consagra em nosso ordenamento a responsabilidade civil
objetiva do Estado na modalidade “risco administrativo”. Asseverar que a teoria encampada pelo nosso constituinte foi a do “risco
administrativo” significa dizer que, embora baste à pessoa que sofreu o dano demonstrar a existência desse dano e o nexo causal
entre ele e a atuação do agente público, pode o Estado eximir-se da responsabilidade (=da obrigação de indenizar) se conseguir
provar (o ônus da prova é do Estado) que o dano decorreu de culpa exclusiva da pessoa que o sofreu (utiliza-se, comumente, a
expressão “culpa exclusiva da vítima”).
Observem que o § 6º do art. 37 da Constituição não se aplica só às pessoas jurídicas de direito público. Ele alcança, também, as
pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos, isto é, empresas públicas e sociedades de economia mista
prestadoras de serviços públicos e mais as delegatárias de serviços públicos (concessionárias, permissionárias e autorizadas de
serviços públicos). Não incide, por outro lado, sobre as empresas públicas e sociedades de economia mista exploradoras de
atividades econômicas.
Outro ponto que precisamos abordar antes do assunto principal: nossa jurisprudência entende que a responsabilidade civil do
Estado pelos danos decorrentes de omissão é do tipo subjetiva, na modalidade “culpa administrativa”. Significa que, se um
particular sofre um dano que ele entenda ter sido ocasionado por uma omissão indevida do Estado, ou seja, por uma deficiência ou
ausência de atuação que deveria ter sido providenciada pela Administração Pública, ele, o particular, pode ajuizar uma ação
pleiteando indenização, mas, além de ter que provar a existência do dano e o nexo causal entre a omissão e o dano, terá que provar
que houve “falta do serviço”, ou seja, o Estado deixou de prestar um serviço público (em sentido amplo), de adotar determinada
conduta que tinha o dever de providenciar.
Afirmar que a responsabilidade é subjetiva na modalidade “culpa administrativa” significa não se exigir do particular a prova de
que um agente público determinado deixou de atuar; basta a quem sofreu o dano demonstrar que uma atuação estatal era devida e
não ocorreu, ou ocorreu deficientemente, ocasionando esse dano. Por isso – desnecessidade de individualizar um agente público
cuja omissão ocasionou o dano – a responsabilidade por “culpa administrativa” é também denominada responsabilidade por
“culpa anônima” (=não individualizada), ou por “falta do serviço” (uma atuação estatal obrigatória deixou de ocorrer, mas não
importa identificar a pessoa que deixou de atuar).
Tudo o que vimos acima é aplicável ao Estado na qualidade de “Administração Pública”, ou seja, diz respeito a condutas ou a
omissões do Poder Público no exercício de suas funções administrativas. Alcança, portanto, o Poder Executivo, precipuamente, mas
também as funções administrativas exercidas pelos Poderes Judiciário e Legislativo.
Diferentemente, a regra geral na atuação típica dos Poderes Judiciário e Legislativo é a irresponsabilidade, a ausência de
responsabilidade civil. Por outras palavras, os atos jurisdicionais e os atos legislativos, como regra, não criam, para o Estado, o
dever de indenizar quem quer que seja, ainda que possa algum dano decorrer de tais atos.
Certamente vocês perceberam que eu enfatizei que o dito acima é uma regra geral.
Logo, é possível, sim, atos jurisdicionais e os atos legislativos acarretarem responsabilidade civil para o Estado, mas só nos casos
excepcionais apontados pela Constituição e pela jurisprudência.
Não trataremos das exceções pertinentes aos atos legislativos. No que toca aos atos jurisdicionais, todos os livros de Direito
Administrativo enfatizam que só existe responsabilidade do Estado no caso do “erro judiciário”. A base direta dessa exceção é o
próprio texto constitucional, que, no inciso LXXV do art. 5º estatui:
“LXXV – o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença;”
Nessa hipótese, se o individuo é condenado (na esfera penal) em virtude de sentença que contenha erro judiciário, tem direito,
contra o Estado, à reparação do prejuízo. Observem que o “erro judiciário” a que a Constituição se refere é exclusivamente o erro
na esfera penal, em nenhuma outra. Por mais que se comprove erro em decisões judiciais pertinentes às esferas cível ou
administrativa, nenhuma responsabilidade extracontratual – em decorrência dessas decisões judiciais – advirá para o Estado.
Tormentoso, até recentemente, era saber com certeza se essa responsabilidade do Estado pelo erro judiciário (penal) era uma
responsabilidade objetiva ou uma responsabilidade em que fosse necessário a vítima do erro provar alguma espécie de culpa do
Estado, por exemplo, provar que o juiz foi negligente, por ter deixado de apreciar alguma prova explícita, constante dos autos.
Quando meus alunos me perguntavam em aula se a responsabilidade do Estado no caso do erro judiciário era regida pelo art. 37,
§ 6º, isto é, se se tratava de uma hipótese de responsabilidade objetiva, na modalidade risco administrativo, eu confessava não
saber responder, porque os livros que eu conheço ora dizem que tem que ter havido alguma culpa do Estado, ora que isso não é
necessário, ou – o que é mais comum – simplesmente não enfrentam a questão.
A rigor, a matéria não é pacífica. Há pouco tempo, o Supremo Tribunal Federal decidiu que a responsabilidade do Estado no caso
do erro judiciário é objetiva, ou seja, o Estado é obrigado a indenizar a pessoa que foi condenada na área penal, e depois consegue
provar sua inocência, independentemente de ter havido alguma culpa na prolação da sentença condenatória desconstituída em
revisão criminal. Foi, entretanto, uma decisão da Primeira Turma (e não do Pleno do STF), além de ter sido por maioria, tomada
depois de calorosas discussões entre os Ministros.
Trata-se do julgamento do RE 505.393, rel. Min. Sepúlveda Pertence, ocorrido em 26.06.2007, no qual estava em discussão o
124
alcance do art. 5º, LXXV, da Constituição, e a espécie de responsabilidade extracontratual do Estado que dele decorre. No aresto
prolatado, manifestou o Supremo Tribunal Federal, de forma expressa, o entendimento de que a indenização de que trata esse
dispositivo constitucional decorre de responsabilidade civil objetiva, conforme o excerto da ementa abaixo transcrito
(esclarecimentos e grifos meus):
“A regra constitucional [art. 5º, LXXV, da Constituição] não veio para aditar pressupostos subjetivos à regra geral da
responsabilidade fundada no risco administrativo, conforme o art. 37, § 6º, da Lei Fundamental: a partir do entendimento
consolidado de que a regra geral é a irresponsabilidade civil do Estado por atos de jurisdição, estabelece que, naqueles casos [do
condenado por erro judiciário e daquele que ficar preso além do tempo fixado na sentença], a indenização é uma garantia individual
e, manifestamente, não a submete à exigência de dolo ou culpa do magistrado.”
É importante sintetizar: a regra é a inexistência de responsabilidade civil por atos jurisdicionais. Especificamente em relação ao
erro judiciário, excepciona-se essa regra. Nessa hipótese, a responsabilidade extracontratual do Estado é objetiva, isto é,
independe de dolo ou culpa do magistrado. Deve-se enfatizar que o erro judiciário de que trata a Constituição Federal, em seu art.
5º, LXXV, restringe-se ao erro concernente à esfera penal. Enfim, no caso de revisão criminal julgada procedente, no caso de erro
judiciário cometido na esfera penal, independentemente de dolo ou culpa, pode o Estado ser condenado, na esfera cível, a indenizar
a vítima do erro. Aplica-se, à hipótese, o art. 37, § 6º, da Carta de 1988.
Outro ponto que merece análise diz respeito à possibilidade de as prisões preventivas ensejarem indenização ulterior por dano
moral, especialmente na hipótese de o réu, na decisão definitiva, vir a ser absolvido. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal
é fortemente majoritária quanto à ausência de direito a indenização, mormente quanto à inexistência de responsabilidade civil
objetiva do Estado pelo dano moral decorrente da prisão preventiva.
Sobre esse aspecto, vale citar a decisão abaixo, proferida no RE 429.518/SC, rel. Min, Carlos Velloso, 17.08.2004 (grifei):
“O decreto judicial de prisão preventiva, quando suficientemente fundamentado e obediente aos pressupostos que o autorizam, não
se confunde com o erro judiciário a que alude o inc. LXXV do art. 5º da Constituição da República, mesmo que o réu ao final do
processo venha a ser absolvido ou tenha sua sentença condenatória reformada na instância superior.
Interpretação diferente implicaria a total quebra do princípio do livre convencimento do juiz e afetaria irremediavelmente sua
segurança para avaliar e valorar as provas, bem assim para adotar a interpretação da lei que entendesse mais adequada ao caso
concreto.”
Finalmente, há que se destacar a regra constante do Código de Processo Civil, que estatui a responsabilidade do juiz quando
proceder com dolo, inclusive fraude, bem como quando recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providência que deva ordenar
de ofício ou a requerimento da parte (CPC, art. 133). Nesse caso, a responsabilidade é pessoal do juiz, a quem cabe o dever de
reparar os prejuízos que causou, mas só alcança suas condutas dolosas, e não eventuais erros decorrentes de culpa do magistrado
(negligência, imprudência ou imperícia), ainda que acarretem dano às partes.
____________________________________________________________
a) Quanto a origem:
125
- o controle interno é aquele exercido dentro de um mesmo Poder,
automaticamente ou por meio de órgãos integrantes de sua própria
estrutura. As entidades da Administração Indireta estão sujeitas a um duplo
controle interno: um efetuado por seus órgãos e outro efetuado pela
Administração Pública Direta.
126
d) Quanto à amplitude
127
b.2) recursos impróprios - a outro órgão sem relação hierárquica em
relação ao recorrido (depende de expressa previsão legal);
128
do valor da multa, como pressuposto de admissibilidade de recurso de caráter meramente administrativo,
transgride o art. 5º, LV, da Constituição da República. Revisão da jurisprudência: RE 390.513/SP (Pleno).
129
OBS.: Coisa julgada administrativa (inexistência de possibilidade de
reforma no âmbito da Administração);
130
decretar sua anulação com efeitos ex tunc sempre que constatada
ilegalidade ou ilegitimidade. O controle judicial será realizado através de
mandado de segurança (as decisões que comportam recursos
administrativos são passíveis de MS, ainda que suspensos os seus efeitos
administrativamente), ação popular (requisitos: condição de cidadão,
lesividade e ilegalidade do ato), ação civil pública, hábeas data, hábeas
corpus, mandado de injunção, etc.
“Admite-se o mandado de segurança contra ato administrativo, se o interessado deixou escoar o prazo de
recurso com efeito suspensivo e preferiu a impetração do ‘writ’ (TFR-RDA 170/130; RJTJESPm45/278,
JTJ 173/282). ‘O que se exige é que o ato impugnado seja operante e exeqüível. O que não pode ocorrer é
a utilização, ao mesmo tempo, do recurso administrativo com efeito suspensivo e do mandado de
segurança, por isso que, interposto o recurso administrativo com efeito suspensivo, o ato deixa de ser
operante e exeqüível’ (TFR-4ª Turma; MAS 89.104-RJ, rel. Min. Carlos Velloso, j. 15.12.80, v.u., DJU
26.2.81...
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Órgão Julgador T1 - PRIMEIRA TURMA
Data do Julgamento 20/11/2003 Data da Publicação/Fonte DJ 16.02.2004 p. 214
Ementa PROCESSUAL CIVIL. PENHORA. BENS DE SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA.
POSSIBILIDADE.1. A sociedade de economia mista, posto consubstanciar personalidade jurídica
de direito privado, sujeita-se, na cobrança de seus débitos ao regime comum das sociedades
em geral, nada importando o fato de prestarem serviço público, desde que a execução da
função não reste comprometida pela constrição. Precedentes. 2. Recurso Especial
desprovido.
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- Alienação de bens públicos (respeitado o requisito da desafetação) – se de
bens imóveis, não sendo caso de vedação de licitação previstos no art. 17,
da Lei 8666/93, deverá ser precedida de desafetação, autorização
legislativa, avaliação e licitação sempre na forma de concorrência (venda de
imóveis de EP e SEM não prescindem de autorização legislativa); se de
móveis públicos, será precedida apenas de avaliação e licitação, sendo que
a lei não especifica a modalidade.
133
- Caso a Administração camufle uma desapropriação, não adotando os
procedimentos exigíveis por ela, ocorrerá o que se denomina
“desapropriação indireta”.
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b) Ocupação temporária – Corresponde a uma intervenção ao caráter
exclusivo da propriedade, sendo espécie de atuação específica com
proprietário determinado. A ocupação é o uso transitório, em situação
normal ou cotidiana, remunerado ou gratuito, de imóveis privados,
como meio de apoio à execução de obras e serviços públicos. Gera dever
de indenizar desde que exista dano.
Ex.: art. 36, do Dec. Lei 3365/41 (terreno não edificado ao lado de obra
pública para guardar os materiais da obra); reversão – ocupação
provisória de material da contratada em caso de extinção do contrato
em prol da “continuidade do serviço público” (art. 58, da Lei 8666/93);
para pesquisa da existência de minério ou terreno arqueológico, a fim de
se evitar desapropriação desnecessária.
135
tombamento: o dever de conservação (qualquer obra realizada no bem
depende de prévia autorização do poder público); dever de suportar a
fiscalização; impossibilidade de exportação do bem tombado (não
impede que o bem saia do país por curto espaço de tempo); não
alienação do bem (no caso de poder público, poderá haver alienação par
aoutro ente); não colocação de placas ou cartazes que prejudiquem sua
visibilidade.
e) Desapropriação
- Conceito:
136
. Figura-se possível a desapropriação de bens públicos, desde que, além de
ser precedida de autorização legislativa da pessoa jurídica
expropriante, seja observada a direção vertical das entidades
federativas, isto é, a União pode desapropriar bens dos Territórios, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e os Estados podem
desapropriar bens do Município, desde que este esteja situado em sua
dimensão territorial, conforme previsto no art. 2º, §2º, do Decreto-Lei nº
3.365/41.
- Espécies de desapropriação:
“Art. 35. Os bens expropriados, uma vez incorporados à Fazenda Pública, não podem ser objeto
de reivindicação, ainda que fundada em nulidade do processo de desapropriação. Qualquer
ação, julgada procedente, resolver-se-á em perdas e danos.”.
137
“O apossamento irregular do bem imóvel particular pelo Poder Público, uma vez que não
obedeceu ao procedimento previsto pela lei. Esta desapropriação pode ser impedida por meio
de ação possessória, sob a alegação de esbulho. Entretanto, a partir do momento em que a
Administração Pública der destinação ao imóvel, este passa a integrar o patrimônio público,
tornando-se insuscetível de reintegração ou reivindicação.”
138
expedida, poderá produzir os efeitos de: a) submeter o bem à força
expropriatória do Estado; b) fixar o estado do bem, isto é, de suas
condições, melhoramentos, benfeitorias existentes; c) conferir ao Poder
Público o direito de penetrar no bem a fim de fazer verificações e medições,
desde que as autoridades administrativas atuem com moderação e sem
excesso de poder; d) dar início ao prazo de caducidade da declaração.
A caducidade a que se refere o parágrafo anterior ocorre após cinco
anos, nos casos de desapropriação por necessidade ou utilidade pública, e
dois anos, se fundada no interesse social. Isto significa dizer que a
Administração Pública possui desde a data da expedição da declaração até o
último dia do prazo para propor ação de desapropriação e promover a
citação conforme o artigo 219 do Código de Processo Civil. Todavia, vale
lembrar, que a caducidade não extingue o poder de desapropriar o bem em
questão, visto que a declaração pode ser renovada após um ano
contado da data em que caducou a última declaração (art. 10,
decreto-lei 3.365).
É importante salientar também que esta declaração não possui o condão de
transferir a posse do bem ao poder público de forma imediata, significando
apenas que a administração não precisa de título judicial para subjugar o
bem (auto executoriedade).
Outro ponto que merece destaque quanto aos efeitos da declaração, é que
ainda que ela autorize o Poder Público a penetrar no imóvel, tendo em vista
o princípio da inviolabilidade dos domicílios, é necessário o consentimento
do proprietário ou autorização judicial para tanto.
Destaque-se ainda que sempre que o particular verificar alguma ilegalidade
ou inconstitucionalidade no ato de desapropriação, poderá oferecer
impugnação judicial pelas vias ordinárias, ou até mesmo através de
mandado de segurança, sendo possível o pleito de liminar que suspenda o
procedimento até a decisão final.
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como título para a transcrição no Registro de Imóveis. Não havendo acordo,
o valor será fixado pelo juiz, após arbitramento.
Sublinhe-se também que a desapropriação somente se completa após o
pagamento de prévia indenização, nos casos de bens imóveis, tal como
preceitua a atual Constituição Federal.
- Intervenção do MP:
. O MP intervirá, obrigatoriamente, em qualquer processo de desapropriação
(art. 82, III, do CPC – envolve interesse público).
- Efeitos da sentença:
. A sentença na ação de Desapropriação autoriza a imissão definitiva na
posse e constitui título hábil para a transcrição da propriedade do bem no
registro imobiliário.
- Indenização:
. O direito de indenização está protegido pela nossa Constituição Federal,
que determina que ela seja prévia, justa e em dinheiro, salvo a hipótese
descrita nos artigos 182, §4º, III e 184, do mesmo diploma.
- Termos relevantes:
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de poder, na modalidade de desvio de finalidade, que enseja a anulação do
ato administrativo, tanto pela própria administração, quanto pelo judiciário.
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§ 1º - O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte mil
habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana.
§ 2º - A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de
ordenação da cidade expressas no plano diretor.
§ 3º - As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro.
§ 4º - É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor,
exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado,
que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:
(...)
“Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel
rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida
agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do
segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.
§ 2º - O decreto que declarar o imóvel como de interesse social, para fins de reforma agrária, autoriza a
União a propor a ação de desapropriação.
§ 3º - Cabe à lei complementar estabelecer procedimento contraditório especial, de rito sumário, para o
processo judicial de desapropriação.
§ 4º - O orçamento fixará anualmente o volume total de títulos da dívida agrária, assim como o
montante de recursos para atender ao programa de reforma agrária no exercício.
I - a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu proprietário não possua
outra;
II - a propriedade produtiva.
Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à propriedade produtiva e fixará normas para o
cumprimento dos requisitos relativos a sua função social.
Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo
critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:
Fontes de consulta:
1) Direito Administrativo – Vicente Alexandrino e Vicente Paulo – 12ª edição
2) Gustavo Barchet – Ponto dos Concursos – 2006
3) LFG – aulas – professora Fernanda Marinela
4) Artigos de internet
5) Sites do STF e STJ (jurisprudência, informativos e súmulas)
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