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Sexta-feira, 24 de Setembro de 2021 I Série – N.

º 181

DIÁRIO DA REPÚBLICA
ÓRGÃO OFICIAL DA REPÚBLICA DE ANGOLA
Preço deste número - Kz: 2.550,00
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SUMÁRIO Havendo a necessidade de aprovar os Procedimentos


Operacionais Padrão para o Atendimento da Criança e
Ministérios do Interior, da Justiça Adolescentes em contacto com o sistema de justiça e víti-
e dos Direitos Humanos, da Saúde, da Educação mas ou testemunhas de violência;
e da Acção Social, Família e Promoção da Mulher E considerando que com a institucionalização pelo
Decreto Executivo Conjunto n.º 455/21: Executivo Angolano deste serviço administrativo, nomea-
Aprova os Procedimentos Operacionais Padrão para o Atendimento damente de atendimento de crianças e adolescentes em
de Crianças e Adolescentes em conflito com o Sistema de Justiça,
conflito com o Sistema de Justiça, num formato integrado,
assim como o seu Manual.
tornar-se imperioso a aprovação dos procedimentos opera-
Ministério da Educação cionais a utilizar pelos operadores inseridos neste serviço
Decreto Executivo n.º 456/21:
de atendimento e, por forma, a realizar as atribuições dos
Cria a Escola do I e II Ciclos do Ensino Secundário Geral denominada
Complexo Escolar n.º 24 CCM2 — Hoji-ya-Henda, sita no Município Departamentos Ministeriais presentes nestes serviços;
de Menongue, Província do Cuando Cubango, com 25 salas de aulas, Em conformidade com os poderes delegados pelo Presidente
75 turmas, 3 turnos, e aprova o quadro de pessoal da Escola criada.
da República, nos termos do artigo 137.º da Constituição da
Decreto Executivo n.º 457/21: República de Angola, de acordo com o n.º 2 do artigo 35.º do
Cria a Escola do Ensino Primário denominada Escola Primária n.º 1 CCC4
— 4 de Fevereiro, sita no Município do Cuito Cuanavale, Província Decreto Legislativo Presidencial n.º 3/17, de 13 de Outubro,
do Cuando Cubango, com 6 salas de aulas, 12 turmas, 2 turnos, e republicado pelo Decreto Legislativo Presidencial n.º 8/19,
aprova o quadro de pessoal da Escola criada. de 19 de Junho, que aprova a Organização e Funcionamento dos
Órgãos Auxiliares do Presidente da República, conjugado com o
artigo 8.º da Lei n.º 9/96, de 19 de Abril — Lei Sobre o Julgado
MINISTÉRIOS DO INTERIOR, de Menores, e o disposto na alínea a) do artigo 2.º, conjugado
DA JUSTIÇA E DOS DIREITOS HUMANOS, com o n.º 1 do artigo 7.º do Decreto Presidencial n.º 224/20,
DA SAÚDE, DA EDUCAÇÃO E DA ACÇÃO SOCIAL, de 13 de Agosto, que aprova o Estatuto Orgânico do Ministério
da Justiça e dos Direitos Humanos, com o disposto no n.º 6 do
FAMÍLIA E PROMOÇÃO DA MULHER artigo 2.º do Decreto Presidencial n.º 32/18, de 7 de Fevereiro,
que aprova o Estatuto Orgânico do Ministério do Interior, com
Decreto Executivo Conjunto n.º 455/21 o disposto na alínea a) do artigo 6.º do Decreto Presidencial
de 24 de Setembro n.º 227/20, de 26 de Outubro, que aprova o Estatuto Orgânico
No quadro da implementação da Lei n.º 9/96, de 19 de do Ministério da Saúde, com o disposto nas alíneas e) e r) do
Abril — Sobre o Julgados de Menores; artigo 2.º do Decreto Presidencial n.º 226/20, de 4 de Setembro,
Considerando que a aprovação da referida lei visa asse- que aprova o Estatuto Orgânico do Ministério da Acção Social,
gurar a protecção dos menores sujeitos à acção judiciária e, Família e Promoção da Mulher, e com o disposto na alínea c) do
aplicação, de medidas tutelares, administrativas de vigilân- artigo 2.º, conjugado com o artigo 6.º do Decreto Presidencial
cia, assistência, educação e a defesa de direitos, interesses n.º 222/20, de 28 de Agosto, que aprova o Estatuto Orgânico do
legalmente e constitucionalmente protegidos; Ministério da Educação, determinam:
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ARTIGO 1.º SIAC — Serviço Integrado de Atendimento ao Cidadão


São aprovados os Procedimentos Operacionais Padrão SIC — Serviço de Investigação Criminal
para o Atendimento de Crianças e Adolescentes, assim como, SJM — Sala de Julgado de Menores
o seu manual que é parte integrante do presente Diploma. Introdução
ARTIGO 2.º Ao ratificar os principais tratados internacionais e ao
As dúvidas e omissões resultantes da interpretação do empreender várias iniciativas para propor um sistema eficaz
presente Decreto Executivo Conjunto são resolvidas pelos
de protecção da criança, Angola tornou claro o seu com-
Ministros do Interior, da Justiça e dos Direitos Humanos, da
promisso em melhorar o bem-estar das crianças1. Ao nível
Saúde, Educação e da Acção Social, Família e Promoção da
Mulher. nacional, o Governo procurou promover o respeito para
com os direitos das crianças, ao publicar e divulgar os Onze
ARTIGO 3.º
Compromissos em prol da Criança, os quais foram formal-
Este Decreto Executivo Conjunto entra em vigor na data
mente adoptados pelo Executivo (Resolução n.º 5/08, 18 de
da sua publicação em Diário da República.
Janeiro, do Conselho de Ministros).2 Neste âmbito, a Sub-
Publique-se. secretaria do Conselho Nacional da Acção Social (CNAS)
Luanda, aos 25 de Maio de 2020. para a Criança tem por missão coordenar o Sistema de
Protecção e Desenvolvimento Integral da Criança (artigo 53.º
O Ministro do Interior, Eugénio César Laborinho.
da Lei n.º 25/12). Por sua vez, compete ao Ministério da
O Ministro da Justiça e dos Direitos Humanos, Francisco
Justiça e Direitos Humanos (MJDH) coordenar o Sistema
Manuel Monteiro de Queiroz.
de Administração da Justiça para Crianças, através dos
A Ministra da Saúde, Sílvia Paula Valentim Lutucuta.
Compromissos n.os 3 e 6.
A Ministra da Educação, Luísa Maria Alves Grilo.
Os 11 Compromissos em prol da Criança constituem o
A Ministra da Acção Social, Família e Promoção da
pilar das políticas para a infância e foram consagrados na Lei
Mulher, Faustina Fernandes Inglês de Almeida.
n.º 25/12 (Lei sobre a Protecção e Desenvolvimento Integral
da Criança). De modo similar, a Estratégia Nacional de
PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS Prevenção e Combate da Violência Contra a Criança (2011)
PADRÃO PARA O ATENDIMENTO pretende contribuir para o desenvolvimento de políticas de
À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE (POP) protecção social e acelerar a aprovação de políticas e medi-
Sector da Educação das especiais de protecção das crianças vítimas de violência
Sector da Saúde de modo multidimensional. Em 2019 foram publicados os
Sector de Serviços Sociais «Fluxos e Parâmetros para o Atendimento de Crianças e
Sector da Justiça Adolescentes Vítimas de Violência» — documento este que
Sector do Interior detalha o sistema de referenciamento intersectorial entre os
Abreviaturas actores que integram o sistema de protecção.3
O presente documento — «Procedimentos Operacionais
CADBEC — Carta Africana sobre os Direitos e Bem-
Padrão» (POP) — é um passo para a realização destes com-
-Estar da Criança
promissos. O seu objectivo consiste em reforçar os Sectores
CASI — Centro de Acção Social Integrado
da Educação, Saúde, Serviços Sociais, Justiça e Interior,
CDC — Convenção dos Direitos das Crianças
no âmbito do Sistema de Protecção Integral da Criança sob
CNAS — Conselho Nacional de Acção Social
jurisdição angolana, mediante a expansão e a melhoria da
CPA — Código Penal Angolano
CRA — Constituição da República de Angola prestação de serviços. Este objectivo deverá ser atingido
CTM — Comissão Tutelar de Menores através da definição e a incorporação de conceitos e proce-
INAC — Instituto Nacional da Criança dimentos chave, em prol de uma abordagem sistemática e
MASFAMU — Ministério da Acção Social, Família e sistémica do papel e das responsabilidades dos Sectores da
Promoção da Mulher Educação, Saúde, Serviços Sociais, Justiça e Interior, ao nível
MED — Ministério da Educação do referenciamento e acompanhamento de todas as crianças
MINSA — Ministério da Saúde vítimas de violência e em situações de vulnerabilidade.
MININT — Ministério do Interior Em primeira instância, todas as crianças são vítimas,
MJDH — Ministério da Justiça e dos Direitos Huma- havendo diferentes denominações para as diversas catego-
nos rias de vulnerabilidade e violência. Tendo por referência o
ODS — Objectivo de Desenvolvimento Sustentável documento «Fluxos e Parâmetros para o Atendimento de
PDN — Plano de Desenvolvimento Nacional Crianças e Adolescentes Vítimas de Violência», este traba-
PNDS — Plano Nacional de Desenvolvimento Sani- lho baseia-se nas categorias de vulnerabilidade e violência
tário aí descritas. No intuito de facilitar a comunicação com o
POP — Procedimentos Operacionais Padrão utilizador, este documento utiliza as seguintes denomina-
SCC — Sala de Crimes Comuns ções: a) Crianças vítimas de violência sexual e maus-tratos;
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b) Crianças em conflito com a lei por serem alegadamente Os princípios estão relacionados com regras gerais, nacio-
autoras de acto tipificado como delito; c) Crianças vítimas de nais e internacionais, que deve guiar o comportamento, as
negligência e abandono (e, por conseguinte, susceptíveis de acções e as atitudes dos actores do Sistema de Protecção
cuidados alternativos, tais como as medidas de acolhimento, Integral das Crianças. Por outro lado, apresentam-se os
adopção e tutela) e d) Crianças em contacto ou sob o uso Procedimentos Operacionais Padrão, sendo estes os passos
de substâncias psicoactivas. Por fim, é de realçar que este específicos que cada Sector — Educação, Saúde, Serviços
POP destina-se, igualmente, a apoiar as crianças que enfren- Sociais, Justiça e Interior — devem respeitar conforme o
tam outros tipos de violência e situações de vulnerabilidade, mesmo objectivo de atenção integral das crianças e da sua
como é o caso do trabalho infantil, da criança migrante e da dignidade. Estes procedimentos iniciam-se no primeiro con-
criança acusada de feitiçaria, entre outras situações. tacto da criança com o Sistema de Protecção, e terminam no
Os objectivos específicos deste documento são: momento da sua reintegração social. É de referir que os pro-
1. Esclarecer os profissionais dos Sectores de Educação, cedimentos encontram-se organizados em cinco subsecções,
Saúde, Serviços Sociais, Justiça e Interior sobre
correspondendo cada uma a um sector específico, o que
os procedimentos para a identificação e registo,
facilitará a utilização deste documento. Esta segunda sec-
referenciamento e gestão de casos para todas as
ção, referente ao enquadramento específico, também aborda
crianças em situação de violência e vulnerabili-
diversas temáticas específicas, voltadas para as especifici-
dade. Mais particularmente, como já se indicou,
dades dos sectores como a luta contra a violência baseada
para as crianças vítimas de violência sexual e
no género (VBN), o direito à participação activa e as boas
maus-tratos, crianças em conflito com a lei, crian-
práticas para favorecer a reinserção social. Este POP inclui,
ças vítimas de negligência e abandono e crianças
em contacto com substâncias psicoactivas (para por fim, a CDC, bem como os 11 Compromissos em prol da
uma definição, ver o Quadro 1); Criança.
2. Dar a conhecer o funcionamento dos Sectores da Como a Figura 1 demonstra, o Sistema de Protecção
Educação, da Saúde, dos Serviços Sociais, da Integral da Criança, assim como outros sistemas de protec-
Justiça e do Interior, para que todos se conhe- ção ao redor do mundo, baseia-se e é centrado na própria
çam mutuamente em prol de uma interacção criança. Quando uma criança tem um problema, pode
sistémica e multissectorial; recorrer aos irmãos e aos amigos. Por isso, é importante dis-
3. Elucidar acerca dos procedimentos a serem respei- tingui-los como um grupo específico. A família é o ambiente
tados por todos os actores, tanto para aqueles de vida imediato. A comunidade inclui os camponeses, os
casos que necessitam de um acompanhamento comerciantes, os meios de comunicação, os sobas, os mais
dos Sectores da Justiça e do Interior, como para velhos, os vizinhos, os motoristas, as igrejas, as associa-
aqueles casos que merecem de medidas de acção ções locais, as escolas, etc. Em Angola, a comunidade pode
social; incluir Centros Sociais de Referência e Centros Sociais de
4. Capacitar os/as profissionais dos Sectores da Edu- Acolhimento da Criança Vulnerável. O Estado inclui legis-
cação, da Saúde, dos Serviços Sociais, da Justiça ladores, leis e ministérios (instituições). A comunidade
e do Interior para identificar e promover boas internacional é composta pelos actores humanitários e de
práticas institucionais no trato com a criança e desenvolvimento e doadores.
com a sua família, incluindo a reinserção social O POP é complementado por cinco manuais de formação
e a boa gestão de casos. sectorial que procuram desenvolver as oito competências
Este documento está dividido em três secções. Na identificadas a seguir. É altamente recomendável fazer esta
primeira, referente ao enquadramento comum, são apresen- formação, de uma duração variável de 9 a 12 horas, uma vez
tados os princípios básicos da Convenção sobre os Direitos
que esta prática permite compreender melhor os princípios e
das Crianças (CDC), um novo instrumento para a identifica-
procedimentos que devem ser respeitados por todos e todas.
ção de casos de violência, uma reflexão sobre a necessidade
Os manuais estão escritos de forma muito amigável e acessí-
de se evitar a revitimização e uma introdução a respeito da
vel para que qualquer pessoa interessada possa desenvolver
necessidade de activar medidas de acção social quando se
uma aprendizagem correcta e de qualidade. As actividades
verifica que a intervenção via sector judicial não é a mais
recomendável. A função geral do Sistema de Protecção da voltadas para a apropriação de conteúdos podem ser facil-
Criança é a de proteger todas as crianças vítimas de violên- mente reproduzidas e requerem pouca organização logística.
cia e em situação de vulnerabilidade. Frequentemente, folhas brancas de papel e algumas fotocó-
A segunda secção foca o Sistema Angolano de Protecção pias são suficientes para a sua realização. Cada actividade
das Crianças e está constituído por dois componentes. Por do manual de formação termina com uma mensagem-chave,
um lado, apresentam-se os princípios operacionais multis- sendo esta a ideia principal, a que devemos ter em mente
sectoriais que se deve adoptar para garantir um tratamento em todos os momentos. Essas mensagens-chave também são
protector, seguro e inclusivo para todas as crianças no País. reproduzidas no início das subsecções.
7564 DIÁRIO DA REPÚBLICA

QUADRO 1 n Quais são as capacidades necessárias para aplicar


correctamente este
QUADRO 1. Quais sãoPOP?
as capacidades necessárias para aplicar correctamente este POP?
A capacidade de reconhecer os mandatos básicos dos Sectores de Educação, Saúde, Serviços Sociais, Justiça e Interior, conse-
Aguindo
capacidade
promover ede reconhecer
cumprir osdemandatos
os princípios básicos
uma protecção dosdireitos
efectiva dos sectores de no
da criança educação,
seu trabalhosaúde,
quotidiano, de acordo
serviços
com a CDC.sociais, justiça e interior, conseguindo promover e cumprir os princípios de uma
protecção
A capacidade efectiva dosnasdireitos
de reconhecer crianças da criança
sinais no seu
de observação, de trabalho
preocupaçãoquotidiano, deimediata
e de intervenção acordonocom a CDC.
que diz respeito a
CompetênciasCompetências
necessárias para um trata- prováveis situações de violência sexual, maus-tratos, conflito com a lei, negligência e abandono e de contacto com substâncias
mento protector, seguro e inclusivo
necessárias para para Apsicoactivas,
capacidade de reconhecer
bem como nasagir
a capacidade para crianças sinais de observação, de preocupação e
convenientemente.
todas as crianças sob jurisdição angolana
um tratamento de intervenção
A capacidade imediata
de reconhecer no que
situações, diz respeito
atitudes a prováveis
e comportamentos situações
que conduzem de violência
à revitimização da criançasexual,
e adoptar estratégias
e acções adequadas.
maus-tratos, conflito com a lei, negligência e abandono e de contacto com substâncias
protector, seguro e
inclusivo para todas psicoactivas, bem como
A capacidade de diferenciar em a capacidade
que paraentra
qualidade a criança agiremconvenientemente.
contacto com o sistema de administração de justiça: crianças
vítimas e/ou testemunhas de crime, crianças que alegadamente se encontram em conflito com a lei e crianças envolvidas em
as crianças sob
jurisdição angolana Aprocessos
prestação
jurídico-familiares (como a tutela, adopção, regulação do exercício do poder paternal, estabelecimento da filiação,
capacidade de reconhecer
de alimentos, situações,
entre outras), tendo atitudes
por objectivo e comportamentos
saber quando que
é que é conveniente queconduzem à referenciada
uma criança seja
revitimização da criança
para medidas de protecção e social.
e acção adoptar estratégias e acções adequadas.
A capacidade de compreender o funcionamento multissectorial do Sistema Angolano de Protecção da Criança, de modo a preparar
Ao profissional
capacidade para de
umadiferenciar em que qualidade a criança entra em contacto com o sistema
interacção eficaz.
de administração de justiça : crianças vítimas e/ou testemunhas de crime, crianças que
A capacidade de encaminhar, através de expediente completo e ordenado, os casos de crianças possivelmente vítimas de violência
alegadamente
e/ou em situação dese encontrambem
vulnerabilidade, emcomo
conflito comaaquem
de crianças lei ealegadamente
crianças se envolvidas em processos
atribui acto tipificado como delito ao sector
da justiça.
jurídico-familiares (como a tutela, adopção, regulação do exercício do poder paternal,
estabelecimento da filiação,
O conhecimento necessário prestação
para assegurar de alimentos,
que os Sectores de Educação, entre
Saúde,outras), tendo Justiça
Serviços Sociais, por objectivo saber a
e Interior continuam
ter um papel
quando no acompanhamento
é que é conveniente de casos
queapós
umadecisão judicial,
criança sejabem como no processo
referenciada de reintegração
para medidas social.
de protecção
eAacção social.
capacidade de prevenir e resolver situações de desrespeito pelos direitos da criança em contextos profissionais específicos.
FIGURA 1 n ECOMAPA DO SISTEMA ANGOLANO
A capacidade de compreender o funcionamento multissectorial do sistema angolano de
1 — DE PROTECÇÃO DA CRIANÇA 4
protecção
FIGURA da criança,
Ecomapa dode modo aAngolano
Sistema preparar odeprofissional
Protecçãopara uma interacção
da Criança4 eficaz.

A capacidade de encaminhar, através de expediente completo e ordenado, os casos de


crianças possivelmente vítimas de violência e/ou em situação de vulnerabilidade, bem como
IDADE INTEseRatribui
UNalegadamente
de crianças a quem
NACIacto
ON tipificado como delito ao sector da justiça.
COM AL
ANG
Opara OL Oque os sectores de educação, saúde, serviços
ESTADcontinuam a terAN
O conhecimento necessário assegurar
sociais, justiça e interior um papel no acompanhamento de casos após
3 social.
decisão judicial, bem como no processo de reintegração
2
A capacidade de prevenir e resolver situaçõesSector de
de desrespeito pelos direitos da criança em
contextos
Comissão profissionais específicos.
Tutelar educação
NI
de Menores
COMU DADE
FAMÍLIA
4
PARES Sector
de justiça
1
Sector
de saúde
CRIANÇA

5
Sector do
6 interior
Sector dos serviços
sociais

MINSA 7
1
I SÉRIE –– N.º 181 –– DE 24 DE SETEMBRO DE 2021 7565

1. MINSA — Controlar, executar, supervisionar e fisca- 5. MININT — Executar as políticas e as medidas


lizar a Política Nacional de Saúde. legislativas destinadas a investigar indícios de crimes.
O Plano Nacional de Desenvolvimento Sanitário busca Adoptar os meios de prevenção e de repressão da cri-
assegurar «um Sistema Nacional de Saúde que responda minalidade de diversos tipos. Realizar a instrução
às expectativas da população, prestando cuidados de saúde preparatória dos processos-crime em todas as causas da
humanizados, de qualidade e com equidade». sua competência e efectuar detenções, revistas, buscas e
2. CTM — Órgão permanente e autónomo não jurisdi- apreensões nos termos da lei.
cional que coadjuva o Julgado de Menores, e exerce a sua Serviços Penitenciários;
actividade quer de forma preventiva, quer de forma exe-
Polícia Nacional;
cutiva das decisões judiciais.
3. MED — Definir, propor, conduzir, executar e contro- Serviço de Investigação Criminal.
lar a política pública, público-privada e privada, referente 6. MASFAMU/CASI — Conceber, propor e executar
ao Sistema de Educação e Ensino, nomeadamente nos a política social relativa aos grupos vulneráveis, ao
Subsistemas de Educação Pré-Escolar, Ensino Primário e combate à pobreza, à defesa e bem-estar da família, à
Ensino Secundário, e com equidade. promoção da mulher (igualdade de género) e ao desen-
4. MJDH — Propõe a formulação e tem a responsabili- volvimento das comunidades.
dade de conduzir, executar e avaliar as políticas de justiça e O Centro de Acção Social Integrada (CASI) regista e
de promoção e protecção dos direitos humanos. faz o acompanhamento da população vulnerável, facili-
É o Coordenador Nacional do Sistema Especializado de tando o acesso a serviços básicos e a programas de apoio
Administração da Justiça para Crianças. social.
Sistema de Administração da Justiça: INAC
Sala de Crimes Comuns; Promover a articulação das acções institucionais,
Sala de Família; garantindo as respostas sociais adequadas para a criança,
Sala de Julgado de Menores. sobretudo das mais vulneráveis.

1
ENQUADRAMENTO
COMUM
Uma criança pode O bem-estar da criança A revitimização pode
mostrar diversos sinais depende não só do surgir a qualquer
que representam Estado e da comunidade momento quer por
diferentes tipos de internacional, mas acção, quer por omissão
vulnerabilidade . Os/As também da própria e pode ser, por parte
profissionais devem ser criança, dos seus pares, do/a profissional, de
capazes de detectar e pais, família e da sua forma voluntária ou
reagir convenientemente . comunidade . involuntária .

Compreender estas

MENSAGENS CHAVE DO diferenças é fundamental


para garantir medidas
ENQUADRAMENTO COMUM adequadas de protecção
e evitar a revitimização .

A aplicação dos quatros princípios da CDC (ver Figura 2, pág 12) de modo
incondicional nas diferentes etapas de acompanhamento do caso, é a melhor
forma de garantir a efectividade dos direitos da criança . Não existe hierarquia
entre os princípios na Convenção

A protecção dos dados O risco de revitimização aumenta quando os/as


permite ter intervenções funcionários/as não são formados/as para actuar
mais respeitadoras, eficazes adequadamente na presença de crianças vítimas de
e que privilegiam o interesse violência ou em situação de vulnerabilidade ou das que
superior da criança . alegadamente se encontram em conflito com a lei .

Pode ser precisa também a intervenção dos sectores da justiça e do interior .


As crianças entram em contacto com o sistema de administração da justiça como
vítimas, testemunhas de crime ou porque alegadamente estão em conflito com
a lei . Em todos estes casos, as crianças devem ter o acompanhamento do sector
de serviços sociais do princípio até ao encerramento do caso .
PROTECTOR, SEGUROangolanos/as
venções dos/as funcionários/as E INCLUSIVO
junto às crianças devem garantir o respeito e a
aplicação dos quatro princípios seguintes :
Para adoptar um comportamento que respeite o interesse superior da criança, todas as inter-
n Analisar a situação geral da criança : o contexto prevalecente em que a criança se encontra
venções
7566dos/as funcionários/as angolanos/as junto às crianças devem garantir o respeito DIÁRIO eDA a REPÚBLICA
e as suas necessidades a curto e médio prazo .
aplicação dos quatro princípios seguintes :
n Assegurar a participação da criança : a criança deve ser mantida informada sobre a evolução
n Analisar adosituação
seupara
Princípios casogeral ada criança
ume Atendimento
sua opinião: o contexto ser prevalecente
deve Seguro
Protector, levada
e em que
em Tomar
conta aem acada
decisãocriança fase
mais se encontra
do casopara
apropriada (primeiro
a situação
e asInclusivo
suascontacto
necessidades a curto e médio
e acolhimento, prazo .
entrevista, detenção administrativa, transferência para os
da criança, de forma a escolher a solução mais tribunais,
n Assegurar a participação dacolocação
criança
exames
Para adoptar médicos,
um comportamento que: a criança
num
respeite centrodeve
ouser
o interesse mantida
numa família informada
substituta,
favorável aosobre a evolução
integração
seu em programa
desenvolvimento. Quando a
do seu caso
de e
apoio, a sua opinião
etc .) . deve ser
superior da criança, todas as intervenções dos/as funcio-levada em conta em cada fase
solução do
ideal caso
não for (primeiro
possível concretizar, deve
contacto e
nários/asacolhimento,
n Obter a colaboração
angolanos/as entrevista,
junto às de detenção
outros
crianças actores
devem administrativa,
envolvidos
garantir o transferência
ser priorizada
no sistema de para os tribunais,
a opção menos susceptível de
exames médicos,
protecção
respeito colocação
e a aplicação dados
criança . num
quatro centroseguintes:
princípios ou numa família substituta, integração
afectar negativamente em programa
o desenvolvimento da
de apoio, etc .) .
Analisar a Situação
n Respeitar Geral da Criança
a privacidade — o contexto
e a intimidade criança.
da criança em todas as
n Obter a colaboração
fasesprevalecente
do caso .de outros
em que aactores
criança seenvolvidos
encontra e asno sistema de Todos os manuais de
protecção da criança . formação incluem uma
suas necessidades
n Identificar as possíveis a curto soluções
e médio prazos;e avaliar o impacto de cada
actividade para desenvolver
n Respeitarsolução
a privacidade
Assegurar e a intimidade
a Participação
na situação dada Criançaeda
criança — criança
o seuem
a criança
para todas as
futuro .
Todos os manuais de formação incluem a capacidade parapara
uma actividade
fases do caso .
n Tomar devea ser mantida
decisão informada
mais sobre apara
apropriada evolução
a situação da criança,
desenvolver
Todos para
de
a capacidade
os manuais
reconhecer de os mandatos
reconhecer os mandatos básicos
formação
de todos os sectores. incluem
Nesta actividade, uma
aprende-se
básicos a aplicaros
de todos estes
n Identificar asdopossíveis
forma aseu caso e soluções
escolher aasua opiniãoe
solução deve ser levada
avaliar
mais em seu desenvolvimento .
o impacto
favorável ao de cada
princípios na prática.
actividade para desenvolver
sectores. Nesta actividade,
solução na Quandoconta aemsolução
situação dacada faseideal
criança doe caso
para
não (primeiro
ofor contactoconcretizar, deve ser
seupossível
futuro . a capacidade para a aplicar estes
aprende-se
Estes princípios são interdependentes, ou seja, a viola-
e acolhimento,
n Tomar a priorizada
decisão mais
a opção entrevista,
apropriada
menospara detenção adminis-
a situação
susceptível de da criança,
afectar de
negativamente reconhecer osprincípiosmandatosna prática.
ção de um terá um impacto sobre
básicos de todos os os outros. Estes princípios
forma a escolher trativa, transferência
a solução
o desenvolvimento maisdapara os tribunais,
favorável
criança . ao seuexames
desenvolvimento .
regulam todos ossectores.direitosNesta de que gozam as crianças. Por
actividade,
Quando a solução médicos,idealcolocação
não numfor centro
possívelou numa família
concretizar, deve ser
Estes princípios são interdependentes, ou seja,exemplo, a violação não ter em
umconsideração
deaprende-se terá aum aplicaro estes
interesse
impacto superior
sobre os da
substituta,
priorizada a opção integração
menos em programa
susceptível de apoio,
de afectar negativamente princípios na prática.
outros . Estes princípios regulam todos os direitos criança
de que podegozamresultaras no desrespeito
crianças . Pordo princípionão
exemplo, da sua
o desenvolvimentoetc.); da criança . sobrevivência. Além disso, não existe uma hierarquia entre
terObter
em consideração o interesse superior da criança pode resultar no desrespeito do princípio
a colaboração de outros actores envolvidos no os princípios. Nenhum é mais importante do que os outros.
Estes princípios
da suaSistemasão interdependentes,
sobrevivência . ou seja,
não a violação
umade um terá entre um impacto sobre os
de ProtecçãoAlém disso,
da Criança; existe hierarquia
Por último, estes princípios
os princípios .
são inseparáveis,
Nenhum é
uma vez que
outros . Estes
mais princípios
importante regulam
do que todos os direitos
os outros .daPor de que
último, gozam as crianças . Por exemplo, não
Respeitar a privacidade e a intimidade criança em estes princípios são inseparáveis, uma vez que
só em conjunto garantem a plena protecção de todos os
ter em consideração
só emtodasconjunto o interesse superior da criança pode resultar
todos osno desrespeito dogozam
princípio
as fasesgarantem
do caso; a plena protecção dedireitos direitos de que
de que gozam as crianças. É muito importante
as crianças .
da sua sobrevivência .
É muito Além
importante disso, não existe uma hierarquia entre os princípios . Nenhum é a pro-
Identificar as possíveislembrar
soluções que o registo
e avaliar o impactode nascimento é indispensável para reforçar
lembrar que o registo de nascimento é indispensável para
mais importante
tecçãodedas do que os outros .
crianças Porou
emsituação
risco último, estes
em situação princípios
e para o de reforçar
são inseparáveis,
vulnerabilidade uma1) . vez que
cada solução na da criança a protecção(ver anexo
das crianças em risco ou em situação
só em conjuntoseu garantem
futuro; a plena protecção de todos os direitos de que gozam
de vulnerabilidade (ver Anexo 1). as crianças .
É muito importante lembrar que o registo de nascimento é indispensável para reforçar a pro-
tecção das criançasFIGURA em risco 2 ounem PRINCÍPIOS
situação
FIGURA 2 —de PARApara UMA
vulnerabilidade
Princípios ATENÇÃO
(ver anexo
uma Atenção Protectora PROTECTORA
1) .

Interesse superior da criança Sobrevivência e desenvolvimento


FIGURA 2 n PRINCÍPIOS PARA UMA ATENÇÃO PROTECTORA
Todas as decisões que digam respeito à criança devem Toda a criança tem direito à vida, à protecção
ter plenamente em conta o seu interesse superior. contra abuso, negligência, maus-tratos,
O Estado deve
Interesse gerantir
superior à criança cuidados adequados
da criança Sobrevivênciaviolência e exploração (art. 6º).
e desenvolvimento
quando os pais ou outras pessoas responsáveis por Toda a criança tem direito à vida, à protecção
Todas as decisões quetenham
ela não digam respeito à criança
capacidade devem
de o fazer (artigo 3.º).
ter plenamente em conta o seu interesse superior. contra abuso, negligência, maus-tratos,
O Estado deve gerantir à criança cuidados adequados violência e exploração (art. 6º).
Convenção dos Direitos da Criança (CDC)
quando os pais ou outras pessoas responsáveis por
ela não tenham capacidade de o fazer (artigo 3.º).

Participação Não-discriminação
Convenção
As opiniões da criança dos
devem ser Direitos
levadas da Criança
em conta (CDC)
A idade, género, a etnia, a religião, o idioma, o estado de
em todas as decisões que digam respeito à criança, se saúde, a deficiência ou o estatuto social, entre outros,
a sua idade e maturidade o permitirem. Isto significa
Participação não Não-discriminação
devem ser barreiras à implementação dos direitos
que a criança tem o direito de se exprimir livremente das crianças. Isto significa que os direitos da criança não
As opiniões da criança
e de devem sersobre
ser informada levadas emcaso
o seu conta A idade, género,
(artigo 12.º). a etnia,
podem a religião,
ser negados o idioma,essas
evocando o estado de (artigo 2º).
razões
em todas as decisões que digam respeito à criança, se saúde, a deficiência ou o estatuto social, entre outros,
a sua idade e maturidade o permitirem. Isto significa não devem ser barreiras à implementação dos direitos
que a criança tem o direito de se exprimir livremente das crianças. Isto significa que os direitos da criança não
e de ser informada sobre o seu caso (artigo 12.º). podem ser negados evocando essas razões (artigo 2º).
12 Resposta Imediata a Factores de Risco graves pelos quais as nossas crianças passam (ver, por exem-
Para que possamos proteger as crianças, devemos ser plo, informação sobre a questão do castigo corporal nas
capazes de identificar os sinais de vulnerabilidade que elas escolas neste POP). Por isso, é importante conhecer as for-
12 mas de violência a que as crianças podem estar submetidas
possam estar a sofrer e, em função da gravidade desses sinais,
saber como actuar. Muitas vezes, por estarmos acostumados, para que possamos protegê-las. O Quadro 2 identifica, qua-
desde o nosso nascimento, a determinadas práticas, valores tro formas de vulnerabilidade que devemos identificar para
e comportamentos, não identificamos indícios ou problemas sabermos como proteger todas as crianças.
I SÉRIE –– N.º 181 –– DE 24 DE SETEMBRO DE 2021 7567

Uma vez adquirido um conhecimento mais geral acerca QUADRO 2 — A que situações se aplica este documento?
das quatro situações de vulnerabilidade a serem enfren- Este documento é aplicável a todos os casos de crianças em situação de vulnerabi-
tadas, devemos ser capazes de reconhecer sinais mais lidade, sobretudo para aqueles casos de:
NTO precisos que nos permitem identificar como podemos agir.
● Abuso sexual e maus-tratos: estes casos constituem um crime público punível
nos termos da lei (requerem a intervenção da polícia e dos tribunais). A
O O Quadro 4, «Como reconhecer sinais de riscos?», apre- violência sexual pode assumir várias formas: abuso sexual verbal sem
contacto físico (exemplos: assédio sexual verbal, linguagem obscena,
senta um conjunto de sinais específicos para cada situação crianças expostas a filmes e fotografias pornográficos), ou abuso
or da criança,detodas as inter- a que a criança pode estar subme-
vulnerabilidade sexual com contacto físico (exemplos: atentado ao pudor, sexo oral,
vaginal, anal, violação, instrumentalização da criança para prostituição
vem garantir o respeito
tida. Para cadae situação
a de vulnerabilidade, devemos ser e pornografia);
● Criança em contacto com o sistema de administração da justiça, que englo-
capazes de identificar a evidência e indícios, bem como a bam: (a) crianças vítimas e/ou testemunhas de violência; (b) crianças
gravidade
m que a criança desses sinais. Alguns sinais requerem observa-
se encontra em conflito com a lei e (c) crianças envolvidas em processos jurídico-
-familiares (como tutela e adopção, prestação de alimentos, estabeleci-
ção, outros preocupação, e por fim, outros demandam uma mento de filiação, regulação do poder paternal, etc);
intervenção
informada sobre imediata junto dos outros sectores do Sistema
a evolução
● Negligência: ocorre quando os funcionários (incluindo os profissionais
da saúde), pais, família ou tutores não prestam os devidos cuidados
de Protecção.
ada fase do caso (primeiro Lembre-se que um sinal de observação, ou à criança;
● Contacto com substâncias psicoactivas: situação de vulnerabilidade em que
preocupação
nsferência para os tribunais,pode-se tornar de intervenção imediata se criança é exposta à substâncias que quando introduzidas no organismo
verificado
ta, integração que a criança está a ser vítima de uma qualquer
em programa modificam uma ou mais das suas funções psicomotoras (álcool, liam-
ba, cocaína, gasolina, cola de sapateiro, etc.).
forma de violência.
Fontes: MASFAMU (2019). Fluxos e Parâmetros para o Atendimento de Crian-
e Todos os manuais de formação incluem uma actividade para desenvol- ças e Adolescentes Vítimas de Violência. Luanda: MASFAMU; MINSA (2015)
ver a capacidade de reconhecer nas crianças «sinais» no que diz respei- Manual de orientação para notificação, atendimento e encaminhamento dos casos
to a prováveis situações de vulnerabilidade, bem como a capacidade de suspeita ou confirmação de violência doméstica, sexual e/ou outras violências.
s para actuar convenientemente. Luanda, Dezembro de 2015)
Todos os manuais de
formação incluem uma
a Como Evitar a Revitimização? Aspectos Processuais (por exemplo, procedimentos
actividade para desenvolver COMO EVITAR A REVITIMIZAÇÃO?
O quepara
a capacidade é a revitimização e porque é importante evitá-la? morosos, repetição de depoimento, prazos não
e reconhecerUmaos mandatos
criança é submetida
O que à revitimização quando um fun-e porque érespeitados
é a revitimização importante e faltaevitá-la?
de protocolos de actuação
. básicos de todos os
cionário (professor/a, médico/a, enfermeiro/a, juiz/a, agente da
sectores. Nesta actividade, Uma criança é submetida à revitimização quando um claros);
funcionário (professor/a, médico/a, enfer-
r polícia,
aprende-se etc.),estes
a aplicar por meio meiro/a,
das suas juiz/a,
acçõesagente
ou omissões, consciente
da polícia, etc .), por meio das suas acções ou omissões, consciente ou
e ou inconscientemente,
princípios na prática. reforça as experiências
inconscientemente, reforça de Aspectos
vitimiza- de vitimização
as experiências Comportamentais
vividas e Relacionais
pela criança, expondo-a a (por
novas
ção vividas pela criança, violações
expondo-a dos seus
a novas direitos
violações dose seus
gerando danos adicionais . Isto as
exemplo, pode ter consequências
pessoas que estão a atender a
graves para a saúde física e mental das crianças . A revitimização é explicada por :
direitos e gerando danos adicionais. Isto pode ter consequências criança obrigam-na a passar por entrevistas, tes-
m terá um impacto sobre os n Aspectos físicos e logísticos (por exemplo, áreas de interrogatório e de exame inadequadas
graves para a saúde física e mental das crianças. A revitimização
crianças . Por exemplo, não e sem privacidade) tes, audiências muito prolongadas e repetidas ou
é explicada por:
no desrespeito do princípio n Aspectos processuais (por exemplo, procedimentos morosos, repetição de depoimento,
registam de forma incorrecta o depoimento da
Aspectos Físicosprazos
e logísticos (por exemplo,
não respeitados e falta áreas de
de protocolos de actuação claros)
re os princípios . Nenhum é n Aspectos comportamentais e relacionais (por exemplo,criança, ou não
as pessoas queconsideram a opinião
estão a atender a da criança
interrogatório e de exame inadequadas e sem
o inseparáveis, uma vez que criança obrigam-na a passar por entrevistas, testes, audiências muito prolongadas e repetidas
privacidade); e não a informam sobre o seu caso).
de que gozam as crianças . ou registam de forma incorrecta o depoimento da criança, ou não consideram a opinião da
criança e não a informam sobre o seu caso)
ensável para reforçar a pro- QUADRO 3
er anexo 1) .
QUADRO 3 n Exemplos de revitimização : o que não se deve fazer

PROTECTORA JUSTIÇA INTERIOR EDUCAÇÃO SAÚDE SERVIÇOS


SOCIAIS
O/A juiz/a não O/A agente da polícia O/A professor/a pede O/A médico/a O/A técnico/a
cia e desenvolvimento adapta a sua forma não contacta a família à criança vítima recusa-se a prestar social insiste que a
de comunicar com da criança, violou o que explique o que cuidados de saúde reunificação familiar
m direito à vida, à protecção a criança. seu direito ao silêncio ocorreu à frente dos reprodutiva a uma é sempre a única
negligência, maus-tratos, e não foi célere em colegas ou de outras adolescente com uma solução ou não
encaminhar o caso pessoas, ou divulga vida sexual activa. dedica tempo para
e exploração (art. 6º). para o Julgado de informação do caso explicar à criança
Menores. a terceiros. o que é que vai
acontecer durante
o tratamento do
seu caso.
Para saber o que se Para saber o que se Para saber o que Para saber o que se Para saber o que
DC) deve fazer no sector deve fazer no sector se deve fazer no deve fazer no sector se deve fazer no
da justiça, consulte do interior, consulte sector da educação, da saúde, consulte sector de serviços
as páginas 51 as páginas 61 consulte as as páginas 31 sociais, consulte
discriminação páginas 21 as páginas 41

a, a religião, o idioma, o estado de


ou o estatuto social, entre outros,
ras à implementação dos direitos Todos os manuais de formação incluem uma actividade para desenvolver a capacidade de reconhecer
fica que os direitos da criança não situações, atitudes e comportamentos que conduzem à revitimização da criança
vocando essas razões (artigo 2º).
QUADRO 4 7568

QUADRO 4 n Como reconhecer sinais de risco?


SINAIS DE OBSERVAÇÃO SINAIS DE PREOCUPAÇÃO SINAIS DE URGÊNCIA
Possível situação n Evita contactos sociais (isolamento/depressiva) n Tem medo de pessoas específicas, lugares ou actividades n Tem medo de ficar sozinha ou de voltar a casa
de violência n O desempenho e comportamento escolar torna-se mais n Tem um comportamento sexual inapropriado para a idade n Tem dor física
sexual e/ou fraco n Recusa falar ou justificar feridas ou lesões n Apresenta marcas no corpo
maus-tratos n Mostra agressividade ou está ansiosa e insegura n Explicação da causa da lesão incongruente com o tipo de lesão
EXEMPLOS As notas descem e a relação com os colegas e os professores Comportamento sexual inapropriado para a idade : demonstrar A criança apresenta contusões, queimaduras, cortes, hematomas,
piora ; luta com os/as outros/as ; desobedece ou desrespeita as conhecimento avançado sobre actos sexuais ou tocar insistentemente manca ou coxeia (mbuco), dentadas, lesões nos órgãos genitais,
figuras de autoridade ; está muito triste ou ansiosa nas partes íntimas dos adultos e de outras crianças ou tocar rupturas no tímpano, lesões em diferentes fases de cicatrização, tem
repetidamente nos próprios órgãos sexuais dor ao urinar ou ao defecar e dor na barriga, entre outros sinais.
Possível situação n Evita frequentemente figuras de autoridade n Apresenta lesões na cabeça, pescoço e extremidades que n Está envolvida em gangues e tem historial de confrontos
de criança em n Tem um comportamento que é incompatível ou desafia indicam confronto físico violentos com outros/as
conflito com a lei com as normas e regras sociais n Há sinais de que a criança sofre ameaças n Está na posse de armas e munições
n Teve conflito anterior com a lei n Está inserida em ambiente familiar/social organizado em torno n Está envolvida na prática de crimes
n Ostenta bens incompatíveis com a sua situação económica de práticas ilegais-criminosas n Tem historial de furtos
EXEMPLOS As figuras de autoridade são adultos como é o caso dos pais, avós, Por exemplo, restrições de circulação em determinados territórios onde Práticas ilegais ou criminosas são aquelas que estão definidas no
professores, enfermeiros, médicos, agentes de polícia, etc., que a criança pode estar envolvida com gangues rivais ou práticas ilegais Código Penal Angolano, como é o caso de furto, roubo, dano, ofensa à
as crianças devem respeitar. Fugir aos ‘magalas’ ou ‘poliangue’ integridade física, violação sexual, homicídio, entre outros.
(agentes de polícia)
Possível situação n Evita contactos sociais (isolamento/depressiva) n Apresenta sinais de desnutrição n Mendiga nas ruas
de negligência e/ n Tem uma aparência descuidada e sinais de falta de n Falta muito à escola ou desistiu da escola n Não tem convívio com progenitores e a família (desconhece
ou abandono higiene sua idade, pais, etc.)
n Pode ser mais crescida, mas anda sozinha ou n Criança mais nova que está sempre sozinha ou com outras
acompanhada por outras crianças, sem adultos crianças e sem nenhum adulto a acompanhar
n Tem fome n Dorme na rua
n Não tem registo de nascimento n Apresenta sinais evidentes de desnutrição
EXEMPLOS Criança mais crescida é aquela que tem sete ou mais anos e está ou Cabelo amarelo ; magreza, barriga inchada. Criança mais nova é aquela que tem até seis anos de idade e que se
deverá estar em estádios mais avançados de desenvolvimento encontra nos primeiros estádios ou etapas de desenvolvimento
Possível contacto n Evita contactos sociais (isolamento/depressiva) n Desaparecimento de objectos em casa de familiares ou n Mostra desequilíbrio físico e fala de maneira incoerente ou
com substâncias n Tem falta de atenção e mostra apatia ou indiferença amigos desordenada
psicoactivas n O desempenho e comportamento escolar torna-se mais n Tem consigo objectos que indicam consumo de sustâncias n Apresenta um cheiro forte a álcool, gasolina ou outras
fraco psicoactivas substâncias
n Tem alterações súbitas de humor n Tem frequentemente os olhos avermelhados com pupilas
dilatadas e lábios e unhas pretas ou manchados
n Está na posse de drogas
EXEMPLOS As notas descem e a relação com colegas e professores piora ; Objectos que indicam consumo : espelhos, mortalhas, liamba ou picas Está na posse de substâncias psicoactivas ; tem comportamento muito
luta com os/as outros/as ; desobedece ou desrespeita as figuras de e rolhas embebidas em gasolina ou bidons/ garrafas com gasolina ; alterado
autoridade ; está muito triste ou ansiosa apresenta um comportamento que vai do choro e tristeza à euforia
Fontes : (1) Workshops organizados pelo International Bureau for Children’s Rights (IBCR) no Lubango, Luanda, e Cazenga, com apoio da UNICEF e do Ministério de Justiça e dos Direitos Humanos de Angola (Setembro 2019) ; MINSA, Manual Orientador para
notificação, atendimento e encaminhamento dos casos de suspeita ou confirmação de violência doméstica, sexual e/ou outras violências (Angola, 2018). (2) UNICEF, Caring for child survivors of sexual abuse : guidelines for health and psychosocial service providers
in humanitarian settings (2012). (3) Código Penal Angolano (Tipificação de Crimes). (4) Wernham, Marie, and Eleanor Jackson. Child Protection Policies and Procedures Toolkit : How to Create a Child-Safe Organisation (Consortium for Street Children, 2005).

15
DIÁRIO DA REPÚBLICA
I SÉRIE –– N.º 181 –– DE 24 DE SETEMBRO DE 2021 7569

Privacidade e Protecção de Dados criança (e da sua família), os/as profissionais devem reve-
O cuidado com a utilização das informações sobre a lar apenas a informação necessária a um grupo restrito de
criança é um passo importante para evitar a sua revitimi- pessoas intervenientes no caso e apenas a informação que
zação5. O estabelecimento de uma relação de confiança for útil para garantir a segurança da criança e o seu bom
é crucial para o encaminhamento e tratamento apropriado acompanhamento.
do caso nas fases posteriores. Dessa forma, o serviço que A Importância da Celeridade
está a atender a criança deve respeitar sempre dois princí- O artigo 80.º da Constituição da República de Angola
pios básicos: a privacidade/confidencialidade e a protecção (CRA) estabelece o princípio do superior interesse da criança,
dos dados. Estes princípios dizem respeito à criança e à sua como forma de garantir o seu pleno desenvolvimento físico,
família6. A privacidade está directamente relacionada com psíquico e cultural. Na Lei n.º 25/12, «Lei sobre a Protecção
a confidencialidade das informações prestadas e exige, por- e Desenvolvimento Integral da Criança», é de destacar o
tanto, a protecção dos dados. Por isso, qualquer informação artigo 5.º, o qual assegura à criança «prioridade absoluta na
sobre a situação privada da criança e da família deve ser efectivação dos seus direitos». Isto significa que a criança
mantida de forma confidencial e ser utilizada apenas em tem primazia e prioridade em todos os serviços e a ela é
benefício da criança7. dada a preferência na formulação, orçamentação e execução
No que diz respeito à recolha de informações, cada sec- de políticas públicas em todas as áreas que estejam relacio-
tor deve ter apenas um processo por criança, o qual deve ser nadas com a protecção da criança. Significa também que os
confidencial. Ainda que a criação de uma base intersectorial procedimentos no tratamento e gestão dos casos devem ser
de dados de crianças em risco (Observatório da Criança) — céleres, desde que respeitadas as liberdades, os direitos e
cuja confidencialidade seja assegurada e que esteja sobre a garantias fundamentais. Refira-se também a Lei n.º 25/11 —
Lei sobre Violência Doméstica, onde se afirma que o Estado
guarda do INAC ou do MASFAMU — seja o ideal, o prin-
Angolano deve assegurar o atendimento, a protecção (poli-
cípio da confidencialidade aplica-se a todos os sectores
cial e jurisdicional) e a indemnização célere das vítimas de
envolvidos e intervenientes, como magistrados, oficiais de
violência doméstica.
justiça, jornalistas, forças de segurança, etc. Enquanto isso
não sucede, o processo sectorial só pode ser partilhado com Acompanhamento dos Sectores da Justiça e Interior
outros sectores do Sistema de Protecção da Criança quando vs Medidas de Acção Social
necessário e respeitando sempre a privacidade da criança. A Tal como indicado na Figura 1, o Sistema Angolano de
recolha de informações não deve ser intrusiva; só devem ser Protecção da Criança é composto por diferentes actores.
recolhidas informações úteis e relevantes para a eficácia e o Em alguns casos, é preferível a intervenção de determi-
sucesso do acolhimento e tratamento do caso. nados actores e noutros casos, de outros. O facto de uma
criança estar em contacto com o Sistema de Administração
QUADRO 5 — Protegendo a Privacidade das Crianças da Justiça não quer dizer que cometeu um delito e que está
Privacidade/confidencialidade: em conflito com a lei. Na realidade, todas as crianças são,
O respeito pela capacidade das crianças e das suas famílias de fazerem escolhas de em primeiro lugar, vítimas de diversas situações de vulnera-
maneira autónoma, sem interferências ou formas externas de intimidação. As crian- bilidade e, por isso, requerem medidas de protecção social.
ças e os seus familiares devem ter a sua privacidade respeitada no processo de deci-
são sobre o que estão dispostas ou não a revelar sobre a sua situação. A privacidade Se ela está a obter o registo de nascimento, se é vítima e/
oferece protecção contra intromissões nas casas, comunicações, opiniões, crenças e ou testemunha de um crime (maus tratos, trabalho infan-
identidade das pessoas. Significa que as crianças e as suas famílias devem ter con-
trolo sobre as informações que são recolhidas a seu respeito e sobre as decisões que
til, abuso sexual, entre outros) ou se o poder parental está
serão tomadas com base nessas informações. Nesse contexto, a confidencialidade a ser regulado (tutela, adopção, etc.), ela não está em con-
significa o respeito pelo sigilo. Significa que os/as profissionais devem proteger as flito com a lei. Mas quando uma criança alegadamente
informações que recolhem e registá-las de forma confidencial.
Protecção de dados
pratica acto tipificado como delito (exemplo: furto ou dis-
Significa aplicar os princípios da privacidade e confidencialidade na recolha,
tribuição de substâncias psicoactivas), estamos perante um
armazenamento e partilha de informações sobre a criança. Podem ter acesso aos caso de conflito com a lei (ver Figura 3 para uma definição
dados apenas aqueles profissionais que trabalham directamente no caso e aqueles
legal). Os casos devem ser objecto de uma análise cuidadosa
que possam vir a ser indispensáveis para garantir o superior interesse da criança.
Para garantir este direito, devem-se procurar formas de registo e armazenamento tendo em vista a aplicação de medidas de protecção social
de informações que não causem danos à reputação da criança e não contribuam de ou o accionamento de outras formas de resolução de con-
modo algum para a sua revitimização.
flito (por exemplo, mediação) ou de outros sectores (como
Por último, todos os/as profissionais devem estar vigilan- a educação, a saúde e os serviços sociais) para uma inter-
tes quanto à divulgação de informações. Salvo as excepções venção de cariz social ou de prevenção criminal. O Julgado
previstas na lei, as informações recolhidas sobre a criança de Menores pode aplicar Medidas de Protecção Social e
não podem ser transmitidas a ninguém sem o consentimento de Prevenção Criminal Cumulativa ou simultaneamente.
prévio da criança, ou seja, sem a sua permissão e a dos seus A título de exemplo: a criança cometeu um facto tipificado
pais. Se a criança não estiver em condições de fornecer um como delito (Medida de Prevenção Criminal), mas é simul-
consentimento válido8 ou for menor de 10 anos, devem ser taneamente vítima de maus tractos e de violência física
os pais a consentir. Uma vez obtido o consentimento da (Medida de Protecção Social).
está em conflito com a lei . Mas quando uma criança alegadamente pratica acto tipificado como
delito (exemplo : furto ou distribuição de substâncias psicoactivas), estamos perante um caso
de conflito com a lei (ver Figura 3 para uma definição legal) . Os casos devem ser objecto de

7570 DIÁRIO DA REPÚBLICA


FIGURA 3 n CRIANÇAS EM SITUAÇÃO DE RISCO QUE NECESSITAM DE
MEDIDAS DE PROTECÇÃO SOCIAL VS CRIANÇAS EM CONFLITO COM A LEI
FIGURA 3 — Crianças em Situação de Risco que necessitam de Medidas de Protecção Social vs Crianças em Conflito
QUE CARECEM comDEa LeiMEDIDAS DE
que carecem de PREVENÇÃO
Medidas de PrevençãoE/OU DE PROTECÇÃO
e/ou de Protecção Social SOCIAL

Julgado de Menores

NTO
O Crianças em situação de vulnerabilidade que Conflito com a lei :
necessitam de medidas de protecção social : As crianças necessitam de medidas de prevenção
or da criança, todas as inter- criminal aplicadas exclusivamente a crianças que
As crianças necessitam de medidas de protecção
evem garantir o respeito e a tenham cometido delitos tipificados pela lei (artigo 16º,
por serem vítimas de violência sexual, maus-
tratos, negligência, abandono, exploração laboral Lei de Julgado de Menores).
m que a criança sedegradante,
encontra mendicidade, prostituição ou uso As medidas de prevenção criminal visam reintegrar
de substâncias psicoactivas (artigo 14º da Lei de socialmente a criança, evitando novas situações de
informada sobre a Julgado
evoluçãode Menores). conflito com a lei.
ada fase do caso Sanções
(primeiro
devem ser aplicadas apenas àqueles/as
nsferência para os que
tribunais,
cometeram violência contra as crianças.
uta, integração em programa

e Todos os manuais incluem uma actividade para desenvolver a capacidade de diferenciar situações de contacto com o Sistema de Administração de Justiça, tendo
por objectivo saber quando é que é conveniente que uma criança seja acompanhada pelo Sector da Justiça, e quando deve ser coberta por medidas alternativas de
protecção.
s
Todos os manuais de 17
a
A violência
formação incluem uma sexual, os maus-tratos e o abandono volun- criança. Precisando ou não de uma intervenção do Sector
actividade para desenvolver
tário da criança
a capacidade para
constituem crimes graves e, por isso, são de Justiça, o Sector dos Serviços Sociais deve acompanhar
e casos
reconhecer os que necessitam de acompanhamento pelos Sectores da
mandatos todos os casos que envolvem crianças desde o princípio até
básicos de todos os
o . Justiça e Interior9. Os casos de negligência podem englobar o fim (encerramento do caso).
sectores. Nesta actividade,
r casos
aprende-se que requerem
a aplicar estes medidas de acção social (a falta de cui-
e princípios na prática. QUADRO 6 — Principais Fontes de Informação sobre
dados é motivada por situações de vulnerabilidade social)
Delitos
e casos que também requerem um acompanhamento do Código Penal Angolano;
m terá um impacto sobre
Sector da os e do Sector do Interior (a negligência é
Justiça Lei de Violência Doméstica;
s crianças . Por exemplo, não Lei do Combate ao Branqueamento de Capitais e de Financiamento ao
grosseira e constitui violação do dever de protecção social
no desrespeito do princípio Terrorismo;
da criança).
tre os princípios . Nenhum Quem
é deve ser judicialmente responsabili- Lei sobre o Tráfico e Consumo de Estupefacientes, Substâncias Psicotrópicas
e Precursores.
zadouma
o inseparáveis, por vez
estasque
situações são os pais ou os responsáveis pela
s de que gozam as crianças .
pensável para reforçar a pro-
ver anexo 1) .

O PROTECTORA

cia e desenvolvimento
em direito à vida, à protecção
negligência, maus-tratos,
e exploração (art. 6º).

DC)

-discriminação
ia, a religião, o idioma, o estado de
ou o estatuto social, entre outros,
iras à implementação dos direitos
ifica que os direitos da criança não
evocando essas razões (artigo 2º).
I SÉRIE –– N.º 181 –– DE 24 DE SETEMBRO DE 2021 7571
7572 DIÁRIO DA REPÚBLICA

Princípios Operacionais Multissectorial para o Sector As meninas, os meninos e os adolescentes devem


de Educação ser protegidos de forma célere, respeitando a
Uma gestão de casos necessita de um percurso orde- sua honra e privacidade e os seus direitos,
nado e evolutivo dos casos das crianças ao longo do Sistema liberdades e garantias fundamentais;
de Protecção Integral. O momento do acolhimento (iden- Os professores, directores de escola, inspectores
tificação e avaliação) pode ocorrer em várias instituições da educação e pessoal auxiliar e adminis-
e sectores do sistema, incluindo com especial atenção, a trativo, em coordenação com o/a técnico/a
escola. Uma vez identificada a situação, deve-se realizar o social, devem escutar a criança para deter-
encaminhamento multissectorial do caso (articulação com os minar e acordar sobre as necessidades que
serviços de apoio) para outros sectores para a elaboração de deverão ser respondidas por todos durante
um plano de intervenção. A colaboração intersectorial exige todo o procedimento.
um acompanhamento sistémico (planeamento individual de c) Acompanhamento Sistémico:
apoio) para garantir que a intervenção é constantemente ava- A escola deve aplicar as medidas protectoras
liada (para poder ser adaptada segundo a especificidade de aplicadas às crianças para promover o seu
bem-estar e desenvolvimento, não sendo jus-
cada caso e de cada criança). O acompanhamento comuni-
tificável a recusa de matrícula escolar;
tário é uma peça essencial para uma boa resolução do caso.
Não se pode permitir que as crianças sejam
Esses quatro passos estão regidos por vários princípios fun-
revitimizadas pelas acções ou omissões
damentais seguintes:
dos parceiros do Sistema de Protecção da
a) Identificação e Avaliação:
Criança, mesmo quando a sua intenção é de
Os/as professores/as, directores/as de escola,
fazer o bem;
inspectores de educação e pessoal auxiliar e
Os profissionais de educação devem estar cons-
administrativo sabem reconhecer sinais de
cientes das medidas aplicadas às crianças e
vulnerabilidade nas crianças e, a partir destes,
colaborar com os outros sectores na garantia
sabem como actuar para garantir o seu bem-
de seu bem-estar e pleno desenvolvimento;
-estar e desenvolvimento;
As necessidades da criança e da sua família
Os parceiros devem partilhar correctamente as
devem ser tidas em consideração pelos ser-
informações sobre as crianças com os actores
viços de maneira adequada. Esta acção vai
de outros sectores para garantir o seu bem-
desde o registo do caso até ao seu encerra-
-estar e desenvolvimento; mento. Os professores, directores de escola,
Os/as professores/as, directores/as de escola, inspectores da educação e pessoal auxiliar e
inspectores da educação e pessoal auxiliar e administrativo são intervenientes fundamen-
administrativo devem contactar os Serviços tais nesse sentido.
de Saúde para examinar o estado sanitário d) Acompanhamento Comunitário:
da criança e prestar-lhe tratamento quando Para que as crianças se possam desenvolver
necessário; plenamente, as suas necessidades especí-
Os/as professores/as, directores/as de escola, ficas devem ser respeitadas por todos nós.
inspectores da educação e pessoal auxiliar e Os professores devem reconhecer sinais de
administrativo, devem contactar os serviços vulnerabilidade;
de investigação criminal para investigar pos- As meninas, meninos e adolescentes devem ser
sível situação de práticas violentas contra a protegidos contra todos os estereótipos que
criança, investigar e/ou identificar os seus prejudicam o seu bem-estar e desenvolvi-
responsáveis e assegurar uma condenação e/ mento. A escola é um bom lugar para ensinar
ou reparação efectiva. o princípio da não-discriminação;
b) Encaminhamento Multissectorial (articulação com Os/as professores/as, directores/as de escola,
serviços de apoio): inspectores da educação e pessoal auxi-
Os/as professores/as, directores/as de escola, liar e administrativo devem promover todas
inspectores da educação e pessoal auxiliar as práticas que asseguram o bem-estar e o
e administrativo devem colaborar com os desenvolvimento das crianças;
actores de outros sectores para promover o Os/as professores/as, directores/as de escola,
bem-estar e o desenvolvimento das crianças; inspectores da educação e pessoal auxiliar e
As meninas, meninos e adolescentes devem ter administrativo devem assegurar o regresso da
as suas opiniões ouvidas e respeitadas. Os criança à escola e fomentar o seu bem-estar e
professores devem exercer uma escuta activa; desenvolvimento.
I SÉRIE –– N.º 181 –– DE 24 DE SETEMBRO DE 2021 7573
O PAPEL DOS EDUCADORES NO SISTEMA
DE PROTECÇÃO INTEGRAL
O Papel dos Educadores DASIntegral
no Sistema de Protecção CRIANÇAS
das Crianças

Direcção de Assistência e Reabilitação Penitenciária


Serviços 12 13
Penitenciários Direcção de Penas Alternativas e Reinserção Social

Condenado Inocente 11

Observação :
• A legenda dos números está na página seguinte.
10 Sentença
• As línhas pontilhadas são passos intermédios

Sala de Crimes Comuns do Tribunal 9


Provincial ou de Comarca
+16 Medidas de
Alegadamente protecção
delituosa –16 social
Vítima
8
Medidas de
(0-18 anos)
prevenção
7 Comissão Tutelar Serviço de criminal
de Menores Investigação Criminal

14
Decisão do caso

6
Caso que necessita Caso de criança 16
de acompanhamento vítima que necessita
Exame psicossomático da justiça e do de medidas de
interior acção social 15 Serviços Provinciais
do INAC ou Gabinete
5 Municipal de Acção
Conservatória Social ou CASI
e/ou Posto de (quando existente no
Registo município)
Sala do Julgado de Menores do
Tribunal Provincial ou de Comarca ou
Procurador de Menores
Sim
Verificar se tem registo Convocar
de nascimento a família
Não 17

4 3
Apoio a familia para Direcção da escola e/ou Brigada de Segurança Escolar Comunidade
obter o registo
2
Gabinete de Apoio Psicopedagógico
da Escola ou Comissão Disciplinar

1
Professores, directores de escola, inspectores da
PORTA DE
ENTRADA educação e pessoal auxiliar e administrativo das escolas

Crianças vítimas Adolescentes a quem se atribui Crianças vítimas de Crianças e adolescentes


de violência a autoria de acto tificicado negligência e abandono em sob o uso ou em
sexual e como delito (crianças em (passíveis de acolhimento, contacto com substâncias
maus-tratos conflito com a lei) adopção e tutela) psicoactivas
24
7574 DIÁRIO DA REPÚBLICA

Abreviaturas 6. Se se trata de uma criança vítima entre os 0 e os 18 anos


CASI — Centro de Acção Social Integrado de idade ou de uma criança alegadamente autora de acto tipi-
CTM — Comissão Tutelar de Menores ficado como delito entre os 12 e os 15 anos, o caso fica sob
INAC — Instituto Nacional da Criança
competência da SJM. Se se trata de uma criança alegada-
SCC — Sala de Crimes Comuns
mente autora de acto tipificado como delito com 16 anos
SJM — Sala de Julgado de Menores
ou mais, a SJM encaminha o caso para a Sala de Crimes
Comuns (SCC). A SCC deve informar a SJM para aplicação
SIC — Serviço de Investigação Criminal
de Medidas de Protecção Social;
O que se deve fazer? 7. Se o caso necessita de acompanhamento pelo Sector da
1. Todos os casos devem ser do conhecimento do Justiça e pelo Sector do Interior e a criança não tiver registo,
Gabinete de Apoio Psicopedagógico da Escola ou pela a SJM solicita, através da Comissão Tutelar de Menores
Comissão Disciplinar da Escola. Se estes órgãos não exis- (CTM), o registo de nascimento da criança. Quando não for
tirem, a criança que queira prestar declarações, pode ser possível apurar por outros meios a idade da criança, pode
ouvida pelo Professor ou Director da Escola num local reser- ser realizado o exame psicossomático junto dos Serviços de
vado, pelo Subdirector Pedagógico ou Director da Escola, o Saúde.
mais rapidamente possível. O Governo de Angola promove 8. No caso de uma criança alegadamente autora de acto
programas de formação para professores que trabalham com tipificado como delito com menos de 16 anos, a SJM deve:
crianças, salvaguardando o seu direito à participação. Realizar a entrevista à criança e enviar técnico
2. A Direcção da Escola deve ser alertada. Quando neces- social para averiguar as suas condições de
sário, deve-se alertar a Brigada de Segurança Escolar. vida no domicílio (inquérito social);
3. A Direcção da Escola deve: Solicitar ao Serviço de Investigação Criminal (SIC)
Convocar a família, se possível, para informar e para a investigação do caso, quando necessário;
recolher mais informações sobre a situação; Decretar as medidas provisórias e cautelares,
Verificar se a criança tem registo de nascimento e cuja implementação é acompanhada pela
utilizar uma lista de verificação de informação Comissão Tutelar de Menores;
relevante sobre a criança, contendo informação Realizar julgamento e decretar medidas defini-
sobre se tem ou não o registo de nascimento, tivas, que podem ser: medidas de protecção
disponibilizada neste POP; social (por exemplo, apoio psicossocial,
Notificar a Sala de Julgado de Menores do Tribunal envio a um centro de acolhimento ou família
Provincial ou de Comarca, se necessário, e substituta ou matrícula e frequência obrigató-
entregar o processo com as informações recolhi- ria em estabelecimento de ensino) e Medidas
das sobre o caso. de Prevenção Criminal (assistência por psi-
Se não tiver acesso ou não conseguir comunicar com cólogo ou terapeuta, liberdade assistida;
a Sala de Julgado de Menores (SJM), deve aler- prestação de serviços à comunidade; cura de
tar à Direcção Municipal de Acção Social (que desintoxicação de dependência alcoólica ou
deve notificar a SJM do Tribunal Provincial ou droga, participação em actividades desporti-
de Comarca, se necessário). vas, de protecção do ambiente, de contacto
4. Se a criança não tiver registo: a escola, em conjunto com a natureza, entre outras).
com os Serviços Sociais, deve informar e aconselhar a O acompanhamento do Sector Educativo é fundamental
família no processo de obtenção gratuita do registo de nasci- para garantir o direito à educação destas crianças: o Governo
mento para si e todos os seus filhos. A escola primária deve de Angola procura garantir a universalização da educação
matricular as crianças mesmo que não tenham registo de primária de qualidade para todas as crianças dos 6 aos 18
nacimento, com vista a evitar a sua revitimização. O quarto anos e a qualificação dos jovens.10
compromisso do Governo Angolano com as crianças é de 9. Se o caso necessita de acompanhamento pelo Sector
garantir o acesso à educação na 1.ª Infância. Neste âmbito, a da Justiça e pelo Sector do Interior e a criança tem 16 anos
massificação do registo de nascimento é assegurada por par- ou mais, a SCC do Tribunal Provincial ou de Comarca rea-
cerias sustentáveis entre a saúde e a educação com a justiça liza o julgamento e profere sentença. A decisão deve ser
e a Administração Local do Estado. Para mais informação, comunicada à SJM para aplicação de medidas de protecção
ver o Anexo I do POP. social.
5. A SJM determina se se trata de um caso que requer o ATENÇÃO: O direito à educação deve ser sempre assegurado, mesmo
acompanhamento do Sector da Justiça ou se pode ser refe- no caso de crianças privadas de liberdade. Estas devem frequentar a
escola do estabelecimento penitenciário ou a escola local.
renciado para aplicação de Medidas de Acção Social.
I SÉRIE –– N.º 181 –– DE 24 DE SETEMBRO DE 2021 7575

10. Se a criança for condenada à pena de privação de Reabilitação e reinserção social (Educação, Saúde,
liberdade, ela é remetida para os Serviços Penitenciários, Interior).
havendo a preocupação de assegurar, desde o primeiro ATENÇÃO: Para prevenir e combater a violência contra a criança,
momento, a sua reinserção social. O processo de acolhi- o Compromisso n.º 8 do Governo Angolano demanda a adopção
mento e de reintegração da criança são momentos cruciais de medidas pertinentes de carácter político, legislativo e educativo,
estabelecendo mecanismos de coordenação entre os sectores e os seus
de atenção ao adolescente. O adolescente está privado de sua
parceiros para prevenir e combater todas as formas de violência contra
liberdade (total ou parcialmente), mas todos os seus outros as crianças. Uma das estratégias mais relevantes é o reforço do acesso à
direitos devem ser assegurados, como o direito à saúde, à serviços essenciais, particularmente às famílias vulneráveis, reforçando
as competências parentais da família..
educação, ao contacto familiar, à protecção da sua dignidade
e integridade física, entre outros. 17. Toda a criança, independentemente do caso, deve
11. Se a criança for considerada inocente, devem ser ter acompanhamento contínuo por parte da comunidade.
contactados os Serviços Sociais, como os serviços provin- O papel de acompanhamento da criança por parte da famí-
ciais do INAC, a Direcção Municipal de Acção Social ou o lia, comunidade, CTM e da sociedade civil, como é o caso
Centro de Acção Social Integrado (CASI) (quando existente das igrejas, dos centros sociais de referência e dos centros
no município) e os parceiros da sociedade civil. de acolhimento e outros parceiros, é fundamental durante
12. Se a criança for condenada à pena de priva- todo o processo e muito importante para favorecer o direito à
ção de liberdade, ela é encaminhada para os Serviços sobrevivência e desenvolvimento da criança. Especialmente,
Penitenciários, que de imediato devem iniciar o processo a família deve acompanhar sempre o caso da criança e
de reinserção social. Nos Serviços Penitenciários, existem apoiar a sua reintegração social, a não ser que seja contra
serviços relevantes para o acompanhamento e elaboração o seu interesse superior. O Sector da Educação é um dos
do plano de reinserção social da criança, como a Direcção actores mais importantes. O Objectivo de Desenvolvimento
de Assistência e Reabilitação Penitenciária e a Direcção de Sustentável n.º 4 tem como meta assegurar uma educação
Penas Alternativas e Reinserção Social. O papel do Sector inclusiva e equitativa para todos e o Compromisso n.º 10 do
Educativo é fundamental para aumentar a escolarização, Governo de Angola em prol da criança salienta as seguintes
diminuindo a vulnerabilidade destas crianças e fomentando necessidades:
a sua reinserção social. Oferta de espaços, programas e planos para a
13. Depois de cumprir a sentença, a criança é libertada e difusão de temas específicos e de assuntos
o seu processo de reintegração social, já iniciado, deverá ser ligados à educação, cultura e aos direitos da
continuado no seio da comunidade. Neste âmbito, a integra- criança e da família;
ção escolar é crucial para garantir à criança o direito ao seu Promoção de acções condizentes com a forma-
próprio desenvolvimento. ção específica de adultos e crianças, para
14. Se se trata de uma criança vítima entre os 0 e os 18 anos profissionais de informação, sobre questões
ou uma criança alegadamente autora de acto de delito entre ligadas aos direitos e interesses da criança;
os 12 e os 15 anos, o caso fica sob competência da SJM Contribuição para a socialização, através da
que aplica Medidas de Protecção Social e/ou Medidas de cultura, mediante o desenvolvimento de pro-
Prevenção Criminal. gramas de generalização cultural;
15. Se o caso requer Medidas de Acção Social, a SJM Iniciação da criança às actividades de artes,
deve notificar os Serviços Provinciais do INAC, à Direcção literatura oral e escrita, línguas nacionais
Municipal de Acção Social ou o CASI (quando existente maternas e o acesso a locais históricos, como
no município) ou, ainda, os parceiros da sociedade civil monumentos e sítios;
(ex: igrejas, parceiros das redes de protecção). A escola deve Iniciação da criança ao conhecimento da histó-
continuar a desempenhar o seu papel de facilitador da inte- ria de Angola e ao conhecimento dos heróis e
gração social da criança e, por isso, trabalhar com a família dos símbolos nacionais.11
e os Serviços Sociais. Dizer Não ao Castigo Corporal: Melhores Práticas
16. Os Serviços Sociais devem estar no centro da arti- para Proteger a Criança no Contexto Escolar
culação da intervenção dos vários sectores: O Governo de Angola tem realizado vários esforços para
Apoio clínico e psicológico (Saúde); garantir a protecção das crianças. Apesar dos esforços do
Apoiar a família para obtenção de registo de nasci- governo, a utilização dos castigos corporais nas escolas é
mento se necessário (Justiça/Conservatórias e ainda uma prática comum e é considerada uma forma legí-
Postos de Registo); tima de disciplina12.
graves pelos quais as nossas crianças passam
imediata junto dos outros sectores do sistema de protecção . Lembre-se que um sin
do castigo corporal nas escolas na pág 28
vação, ou preocupação pode-se tornar de intervenção imediata se verificado que a
formas de violência a que as crianças podem
a 7576
ser vítima de uma qualquer forma de violência DIÁRIO DA REPÚBLICA
los/as . O Quadro 2 identifica, quatro formas
A quinta actividade do manual de educação pretende
sabermos como
adaptar ao modelo proteger
escolar. todas
Isso pode ocorrer as crianças .
em função de
Todos os manuais de formação incluem alguns
umaexemplos
desenvolver a capacidade de compreensão do funcio- como:para
actividade (a) a desenvolver
idade da criançaa (a criança
capacidade de rec
Umaainda évez adquirido
namento multissectorial do Sistema de Protecção Integral
pequena, uma sua
não desenvolveu conhecimento
habilidade de con- mais
crianças “sinais” no que diz respeitocentração
a prováveis
da Criança de modo a preparar o profissional da educação situações de vulnerabilidade, bem como a
e, por isso, tem dificuldades para se manter imóvel
para actuar convenientemente.
para uma interacção eficaz. dade a serem enfrentadas, devemos ser cap
e em silêncio por grandes períodos de tempo); (b) dificul-
QUADRO 7 — O Castigo Corporal no Sistema
permitem identificar
dades de aprendizagem como
(pode ocorrer podemos
em função de várias agir . O
causas como fome e/ou desnutrição; problemas de desenvol-
Educativo Angolano (pág 15), apresenta um conjunto de sinais es
vimento, não receber do seu ambiente familiar e de vizinhos
Numa pesquisa realizada, em 2015, em 15 escolas de ensino público
primário situadas em cinco províncias (Bié, Cunene, Huíla, Luanda e que a criança
incentivos pode
para estudar); (c) a estar
criança é submetida .
exposta a violência ePara cad
QUADRO 2 n A que situaçõeszes
Moxico), 242 crianças foram entrevistadas. Deste total, 76,4% declarou se de
mausaplica
tratos em este documento?
diversos
identificar
ambientes que ela frequenta fora da
ter sofrido, pelo menos, uma das seguintes agressões do professor: pu- escola e isso faz com que elaareproduza
evidência e indícios, bem
esse comportamento.
xões de orelha, tabefes na cabeça ou nas mãos e golpes com mangueira
castigo requerem observação, outros preocupação,
Em todos esses casos, a criança actua de forma indiscipli-
Este
ou pedaçodocumento
de pau. Além disso, 37,7%é aplicável a
relataram já ter ficado todos
de
na escola. Estas práticas baseiam-se na ideia de que a maneira correcta de
os casos
nada, porque de
não crianças
compreende as em
razões situação
para de vulner
estar na escola.
sobretudo para
disciplinar crianças envolve algumaqueles
tipo de castigo casos de : Na maioria das vezes, ela tenta chamar a atenção dos adul- sistem
corporal ou agressão imediata junto dos outros sectores do
tos de queou
vação, ela também precisa de atenção
preocupação e reconhecimento.
pode-secrimetornar de inte
verbal (Sacco et. al 2016, 15).
n Abuso sexual e maus-tratos : estes casos
A chave constituem
da conduta da escola deve serum o estabelecimentopúblico
de pu
Pese embora as boas intenções, a ideia de que implemen-
termos da lei (requerem a intervenção a ser
uma da vítima
relação de uma
de confiança
polícia e dos qualquer
entretribunais) . forma
os professores, asAcrianças de violê
violência se
tar castigos corporais ou agressões verbais irão combater as
e as suas famílias. O castigo corporal além de revitimizar a
causas da indisciplina,
assumir várias é umformas
mito13. Essas atitudes tendem
: abuso sexualcriança,
verbal sem contacto
dificulta a colaboração entrefísico (exemplos : asséd
ela e o professor.
a piorar a vulnerabilidade da criança. Por isso, é necessário
verbal,
pensar linguagem
em formas obscena
alternativas e positivas ; crianças expostas
de estabelecer A última a
Todos filmes
os manuais
actividade e para
do manual fotografias
deo Sector de Educaçãopornográ
formação incluem uma
a disciplina. procura prevenir e resolver situações de desrespeito
abusoDe forma geral,
sexual comas contacto
crianças indisciplinadas
físico (exemplospelos : crianças
atentado ao
“sinais” pudor ;
no escolar. sexo
que diz respeito oral,avag
prov
são aquelas que, por FIGURA 4 ntêmFORMAS
algum motivo, dificuldade de ALTERNATIVAS
se PARA FOMENTAR
direitos da criança no contexto

violação ; instrumentalização da criança para para actuar convenientemente.


prostituição e pornografia) .
BOAS
FIGURA 4 — Formas RELAÇÕES
Alternativas COM
para Fomentar BoasAS CRIANÇAS
Relações com as Crianças
n Criança em contacto com o sistema de administração da justiça, que englo
crianças vítimas e/ou testemunhas de violência ; (b) crianças em conflito com
Estabelecer uma relação de confiança e pedagógica com a
crianças envolvidas em processos criança : jurídico-familiares
éQUADRO A(como
2 n relações
necessário estabelecer que tutela
quesituações
se baseiame adopção,
se apl
de alimentos, estabelecimento de filiação, regulação do poder paternal, etc) .
na afectividade e respeito por si e pelos os outros. Se ela
recebe atenção, se se sente ouvida e valorizada, a criança
n Negligência : ocorre quando os funcionários Este documento
tende a colaborar com os(incluindo
professores.é aplicável a todos os
os profissionais da cas
saú
família ou tutores não prestam os devidos sobretudo para aqueles
cuidados à criança . casos de :
n Contacto com substâncias psicoactivas n Abuso sexualdee vulnerabilidade
: situação maus-tratos : estes cas
em que
exposta a substâncias
Para a prevenção eo que quando introduzidastermos da lei no(requerem
organismo a intervenção
modificam um da
Conhecer o historial dos alunos : saber quais são as suas
das suas funções
estabelecimento de psicomotoras condições deassumir
(álcool, liamba,
vida e do seu várias
cocaína,
ambiente formas : abuso
foragasolina,
da escola ajuda asexual
cola verba
de sapat
formas alternativas de estabelecer as estratégias
verbal, mais apropriadas para lidar com
Fontes : MASFAMU
combate (2019) . Fluxos easParâmetros
à indisciplina crianças. Isso para olinguagem
fortalece Atendimento obscena
de Crianças
os laços de confiança
; crianças exp
e tende a e Adolecen
Luanda abuso sexual decom contacto parafísico (exempl
de podemos
Violência .
pensar em : : MASFAMU ; aumentar
MINSA a(2015) Manual
colaboração da criança orientação
e de sua família. notificação, at
e encaminhamento dos casos de suspeita ouviolação confirmação ; instrumentalização
de violência doméstica, da criança
sexual p
e
violências . Luanda, Dezembro de 2015) n Criança em contacto com o sistema de
crianças vítimas e/ou testemunhas de vio
Estabelecer regras claras e simples. Devem-se criar
momentos para crianças envolvidas
que as razões dessas regrasem sejamprocessos jurídic
explicadas às crianças e deve-se permitir a participação
de alimentos, estabelecimento de filiação
da criança na sua definição. Se as crianças sabem a regra
n Negligência
e participaram da sua definição,:oocorre quando
professor tem maior os funcionár
legitimidade para esperar dos alunos o seu cumprimento.
família ou tutores não prestam os devido
n Contacto com substâncias psicoactivas :
exposta a substâncias que quando introd
das suas funções psicomotoras (álcool, lia
Fontes : MASFAMU (2019) . Fluxos e Parâmetros p
de Violência . Luanda : MASFAMU ; MINSA (2015
e encaminhamento dos casos de suspeita ou co
I SÉRIE –– N.º 181 –– DE 24 DE SETEMBRO DE 2021 7577

SECTOR DA SAÚDE
O sucesso do acompanhamento de uma criança vítima de violência e/ou
em situação de vulnerabilidade depende de uma colaboração eficaz entre os
diversos sectores do sistema de protecção da criança . Uma boa colaboração
favorece um maior respeito pelos direitos da criança .

Os médicos, A criança será mais e


psicólogos melhor protegida se houver
enfermeiros, técnicos uma atenção adaptada a
de laboratório, técnicos cada caso em particular,
administrativos e bem como a todas as
pessoal auxiliar são
MENSAGENS necessidades da criança
capazes de reconhecer CHAVE durante o seu processo de
e promover boas
práticas e de actuar
DO SECTOR reintegração social . O papel
do sector da saúde não
para prevenir e DE SAÚDE termina com o tratamento
resolver situações clínico e psicológico
de desrespeito pelos inicial e é preponderante
princípios de protecção para o bem-estar e o
da criança . desenvolvimento da criança .

Uma criança vítima de violência e/ou em situação de vulnerabilidade será tratada


com maior respeito e celeridade pelo sector da justiça quando o sector da saúde
interage de forma coordenada e complementar . Isto implica assegurar que, no
respeito para com o direito de privacidade e confidencialidade da criança, a Sala de
Jugado de Menores recebe toda a informação completa e pertinente para tratar do
caso eficazmente . O respeito pelo princípio de celeridade depende deste processo .

Princípios Operacionais Multissectorial para o Sector Uma vez identificada a situação, deve-se realizar o encami-
de Saúde nhamento multissectorial do caso (articulação com serviços
Uma gestão de casos eficaz necessita de um percurso de apoio) para outros sectores para a elaboração de um plano
ordenado e evolutivo dos casos das crianças ao longo do de intervenção. A colaboração intersectorial exige um acom-
Sistema de Protecção Integral. O momento de acolhimento panhamento sistémico (planeamento individual de apoio)
(identificação e avaliação) pode ocorrer em várias institui- para garantir que a intervenção seja constantemente avaliada
ções e sectores do sistema, incluindo com especial atenção, (para poder ser adaptada segundo a especificidade de cada
as Unidades Sanitárias e os Serviços de Urgência Hospitalar. caso e de cada criança). O acompanhamento comunitário é
7578 DIÁRIO DA REPÚBLICA

uma componente essencial para uma boa resolução do caso. Os médicos, psicólogos, enfermeiros, técnicos
Esses quatro passos estão regidos por vários princípios fun- de laboratório, técnicos administrativos e
damentais seguinte: pessoal auxiliar devem, em coordenação com
a) Identificação e Avaliação: o/a técnico/a social, escutar a criança para
Os médicos, psicólogos, enfermeiros, técnicos
determinar e acordar as necessidades que
de laboratório, técnicos administrativos e
deverão ser respondidas por todos, durante
pessoal auxiliar do Sector da Saúde devem
todo o procedimento;
saber reconhecer sinais de vulnerabili-
dade nas crianças e, a partir destes, saber O Sector da Saúde deve priorizar o acompanha-
como agir para garantir o seu bem-estar e mento psicológico e apoio psicossocial em
desenvolvimento; todos os casos de violência sexual e de maus
A saúde da criança inclui o bem-estar físico, mas tratos.
também mental e emocional; c) Acompanhamento Sistémico:
Os profissionais do Sector da Saúde devem As medidas protectoras devem ser sempre
saber partilhar correctamente as informa- aplicadas às crianças para promover o seu
ções sobre as crianças com os actores de
bem-estar e desenvolvimento. Os profissio-
outros sectores para garantir o seu bem-estar
nais de saúde estão em excelente posição
e desenvolvimento;
Os profissionais de saúde devem considerar para reforçar a saúde física, mental e emocio-
medidas de profilaxia nos casos de violên- nal das crianças;
cia sexual e de recolha de evidências (tipo Os médicos, psicólogos, enfermeiros, técnicos
de ferimento ou lesão, como foi provocado, de laboratório, técnicos administrativos e
recolha de sémen e outras evidências que pessoal auxiliar não podem permitir que as
possam ajudar a identificar o agressor, entre crianças sejam revitimizadas por acções ou
outros) e produção de laudos ou relatórios omissões, mesmo quando a intenção é fazer
médicos sobre o estado de saúde da criança;
o bem;
No entanto, a criança não deve ser sujeita a
O Sector da Saúde deve garantir o acompa-
exames médicos contra a sua vontade. A
realização de exames e outras intervenções nhamento da situação de saúde em toda e
médicas deve ser o menos invasiva possível, qualquer medida determinada pelo Sector de
e a criança deve ser informada permanente- Justiça;
mente do propósito e da necessidade dessas O Sector da Saúde deve assegurar que as neces-
intervenções; sidades da criança e da sua família são tidas
A Polícia ou Ministério Público deve ser con- em consideração pelos serviços de maneira
tactada pelo pessoal da saúde para investigar adequada. Esta etapa vai desde o início e
possíveis violências contra a criança e/ou registo do caso até ao seu encerramento.
identificar responsáveis.
d) Acompanhamento Comunitário:
b) Encaminhamento Multissectorial (articulação com
Os médicos, psicólogos, enfermeiros, técnicos
os serviços de apoio):
Os médicos, psicólogos, enfermeiros, técnicos de laboratório, técnicos administrativos e
de laboratório, técnicos administrativos e pessoal auxiliar devem colaborar para apoiar
pessoal auxiliar do Sector da Saúde devem o regresso da criança à sua comunidade;
exercer uma escuta activa: as crianças devem Os profissionais de saúde devem promover todas
ter as suas opiniões ouvidas e respeitadas; aquelas práticas que asseguram o bem-estar e
Os meninos, meninas e adolescentes devem ser o desenvolvimento das crianças;
protegidos de forma célere, respeitando a Para que as crianças possam desenvolver-se ple-
sua honra e privacidade. Os profissionais do namente, as suas necessidades específicas
Sector da Saúde desempenham um papel fun-
devem ser respeitadas pelos profissionais de
damental nesse sentido;
saúde;
Os médicos, psicólogos, enfermeiros, técni-
cos de laboratório, técnicos administrativos As crianças devem ser protegidas contra todos os
e pessoal auxiliar devem colaborar com os estereótipos que prejudicam o seu bem-estar
actores de outros sectores para promover o e desenvolvimento14 não devendo ser tole-
bem-estar e desenvolvimento das crianças; rada qualquer tipo de discriminação.
O PAPEL DOS FUNCIONÁRIOS DO SECTOR
I SÉRIE –– N.º 181 –– DE 24 DE SETEMBRO DE 2021 7579
DA SAÚDE NO SISTEMA DE PROTECÇÃO
INTEGRAL DA CRIANÇA
O Papel dos Funcionários do Sector da Saúde no Sistema de Protecção Integral da Criança

Serviços 14
Penitenciários

Culpada Inocente 15
Observação :
• A legenda dos
números está na
13 Sentença Sala de Crimes Comuns do Tribunal
página seguinte.
Provincial ou de Comarca
• As línhas
pontilhadas são
passos intermédios
12 Crianças alegadamente delituosas 16-18 anos

Crianças vítimas 0-18 anos Medidas de


8 protecção
Alegadamente social
delituosas
0-16 anos Medidas de
7 Comissão Tutelar
9 prevenção
de Menores (CTM) criminal
Serviços de
investigação
SAÚDE
criminal

Conservatória Decisão 10 Medidas definitivas 11


e/ou Posto de (aplicadas pela CTM)
Registo
6 Caso que necessita Caso de criança
de acompanhamento vítima que necessita 16
da justiça e do de medidas de acção
Exame psicossomático interior social

5
Esquadra local de 4 Serviços Provinciais
policia do INAC ou Direcção
Julgado de Menores do Tribunal Provincial ou de Municipal de Acção
Comarca ou Procurador de Menores Social ou CASI
(quando existente no
Sim município)
17
Verificar se tem registo Convocar
de nascimento a família
Não
18
3
Hospital Municipal ou Provincial

2 Comunidade
Posto Médico ou Centro de Saúde

1
Médicos, Enfermeiros, Técnicos de Laboratório,
PORTA DE
ENTRADA Técnicos Administrativos e Pessoal Auxiliar

Crianças vítimas Adolescentes a quem se atribui Crianças vítimas de Crianças e adolescentes


de violência a autoria de acto tificicado negligência e abandono em sob o uso ou em
sexual e como delito (crianças em (passíveis de acolhimento, contacto com substâncias
maus-tratos conflito com a lei) adopção e tutela) psicoactivas
34
7580 DIÁRIO DA REPÚBLICA

Abreviaturas O terceiro compromisso do Governo Angolano com as


CASI — Centro de Acção Social Integrado crianças é garantir o acesso ao registo de nascimento. A
CTM — Comissão Tutelar de Menores
massificação do registo de nascimento assegurada por par-
INAC — Instituto Nacional da Criança
cerias sustentáveis entre a saúde, educação com a justiça e a
Administração Local do Estado. Para mais informação, ver
SCC — Sala de Crimes Comuns
o Anexo I do POP.
SJM — Sala de Julgado de Menores
4. O Hospital deve avisar o piquete de polícia aí existente
SIC — Serviço de Investigação Criminal
e notificar o Serviço de Investigação Criminal ou a esquadra
O que se Deve Fazer? local, a qual deve encaminhar de imediato o caso para a Sala
1. O médico ou enfermeiro deve acolher a criança num de Julgado de Menores (SJM).
local calmo, com privacidade, e deve: 5. A SJM determina se se trata de um caso que requer
Prestar os prontos-socorros e realizar os primeiros acompanhamento por parte do Sector da Justiça e Sector
exames para proteger a sua vida; do Interior ou de um caso que requer de medidas de acção
Se possível, garantir a presença de um técnico ou social.
familiar adulto do mesmo sexo e da confiança 6. Se o caso necessita de acompanhamento por parte do
da criança; Sector da Justiça e do Sector do Interior e a criança não tiver
Fazer o registo do caso. registo, a SJM deve solicitar, através da Comissão Tutelar de
2. Todas as crianças atendidas inicialmente numa uni- Menores (CTM), o registo de nascimento na Conservatória
dade sanitária periférica devem ser encaminhadas para uma ou no Posto de Registo local. Para mais informação, ver o
Unidade de Referência. Os hospitais municipais e pro- Anexo I.
vinciais são também portas de entrada. Nestas unidades, 7. Um exame psicossomático pode ser necessário se a
existem equipas multidisciplinares de profissionais de saúde criança não tiver registo, quando não houver outros meios
que devem atender a criança e preparar um processo com para determinar e/ou se não se conhecer a sua idade. O
informação sobre o caso. Deve-se também: Estado deve facilitar todos os meios de prova da idade da
Realizar exames clínicos e laboratoriais; criança, incluindo testemunhos de parentes, vizinhos, auto-
Prescrever profilaxia pós-exposição nos casos de ridades tradicionais, entre outros. O exame psicossomático é
violência sexual e outros; solicitado pela SJM.
Recolher evidências e produzir laudo médico sobre 8. O registo de nascimento ou o resultado do exame
o estado de saúde da criança, incluindo a saúde psicossomático são entregues à CTM e esta remete os
mental; documentos à Sala de Julgado de Menores. Se se trata de
Prescrever o tratamento adequado ao caso (médico, uma criança vítima entre os 0 e os 18 anos ou uma criança
medicamentoso e psicológico/psicossocial). alegadamente autora de acto tipificado como delito entre os
Na medida em que este POP está dirigido à crian- 12 e os 15 anos, o caso fica sob competência da SJM.
ças vítimas de violência e em situação de vulnerabilidade, 9. A SJM solicita, se necessário, ao Serviço de
abrangendo também as crianças que alegadamente se encon- Investigação Criminal (SIC), a investigação do caso para a
tram em conflito com a lei e crianças institucionalizadas em obtenção de meios de prova.
orfanatos, lares de acolhimento, entre outras, é importante 10. A SJM profere a decisão e decreta medidas definiti-
lembrar que o Compromisso n.º 7 do Governo de Angola
vas, que podem ser:
com a criança foca a prevenção, tratamento, apoio e redu-
Medidas de Protecção Social (por exemplo, apoio
ção do impacto do VIH/SIDA nas famílias e crianças. Isso
psicossocial, assistência médica, envio a um
inclui:
centro de acolhimento ou família substituta ou a
Disponibilizar estruturas e serviços sanitários de
prevenção da transmissão vertical do VIH nas matrícula e a frequência obrigatória em estabe-
crianças; lecimento de ensino);
Acompanhar as mães seropositivas, na continuidade Medidas de Prevenção Criminal (como, por exemplo,
do tratamento medicamentoso e no cuidado dos compensação ou reparação, aplicação de regras
filhos, sobretudo entre os 0-18 meses de idade.15 de conduta, liberdade assistida, prestação de ser-
3. A equipa multidisciplinar do hospital deve: viços à comunidade, desintoxicação, etc.);
Convocar a família sempre que seja possível; Uma Combinação de Medidas de Protecção Social e
Verificar se a criança tem registo de nascimento e de Medidas de Prevenção Criminal.
utilizar uma lista de verificação de informação A CTM ou o técnico social deve garantir a aplicação
relevante sobre o caso disponibilizado neste e acompanhamento das medidas quer temporárias, quer
POP. definitivas.
I SÉRIE –– N.º 181 –– DE 24 DE SETEMBRO DE 2021 7581

A equipa multidisciplinar da saúde deve continuar a ATENÇÃO: No caso específico do Sector da Saúde, essa articulação
acompanhar o caso e a apoiar a aplicação das tem de assegurar em regime de permanência o acesso prioritário da
medidas decretadas judicialmente criança à assistência médica e medicamentosa e ao apoio psicossocial.
11. O Sector da Saúde deve coordenar com os Serviços 18. Toda a criança, independentemente do caso, deve
Sociais, tais como os Serviços Provinciais do Instituto ter acompanhamento contínuo por parte da comunidade.
Nacional da Criança (INAC), a Direcção Municipal de O papel de acompanhamento da criança por parte da famí-
Acção Social ou o Centro de Acção Social Integrado (CASI)
lia, comunidade, CTM e da sociedade civil, como é o caso
(quando existente no município), ou, ainda, os parceiros da
das igrejas, dos centros sociais de referência e dos centros
sociedade civil, para assegurar o acompanhamento clínico
de acolhimento e outros parceiros, é fundamental durante
da criança.
12. Se se trata de uma criança alegadamente autora de todo o processo e muito importante para favorecer o direito à
acto tipificado como delito com 16 anos ou mais, a SJM sobrevivência e desenvolvimento da criança. Especialmente,
encaminha o caso para a Sala de Crimes Comuns (SCC). a família deve acompanhar sempre o caso da criança. O
13. A SCC do Tribunal Provincial ou de Comarca rea- Sector da Saúde deve contribuir para a não revitimização da
liza o julgamento e profere a sentença. A decisão deve ser criança e colaborar ao nível do seu desenvolvimento e da sua
comunicada à SJM para aplicação de Medidas de Protecção reintegração quando necessário. As políticas de prevenção
Social. Quer quando a criança é declarada culpada, quer em matéria de saúde podem incluir:
quando a criança for considerada inocente, o Sector da
Saúde deve coordenar com os serviços sociais, tais como
RESPOSTA IMEDIATA A
Ofertas de espaços, programas e planos para a difusão
de temas específicos e de assuntos ligados ao
os Serviços Provinciais do INAC, a Direcção Municipal de
desporto e aos direitos da criança e da família;
Acção Social, ou o CASI para assegurar o acompanhamento Para que possamos proteger as crianças, d
Contribuição para a socialização, através do desporto,
clínico da criança e apoiar a prevenção de eventuais violên-
cias no futuro e a sua reintegração social.
vulnerabilidade que elas possam
mediante o desenvolvimento de programas estar de a s
generalização
14. Se a criança for condenada e lhe for aplicada uma saber como actuar . Muitas vezes, por estarm cultural e desportiva;
medida de privação de liberdade (internamento total ou Integração no Sistema Desportivo de Crianças no
parcial em Estabelecimento Prisional), ela é enviada para
determinadas âmbito da práticas,
iniciação desportivavalores
16
. e comportam
os Serviços Penitenciários. Nos Serviços Penitenciários, graves pelosa Dignidade
Respeitemos quais as nossas
Humana: Melhores crianças
Práticas passam
existem serviços para o acompanhamento e elaboração do para Proteger a Criança no Contexto do Atendimento
plano de reinserção social da criança, como a Direcção de Clínico
do castigo corporal nas escolas na pág 28
Assistência e Reabilitação Penitenciária e a Direcção de formas de violência
O Governo de Angola temarealizado que as crianças
vários esforços podem
Penas Alternativas e Reinserção Social.
los/as . O Quadro
para garantir a protecção das 2 identifica,
crianças sob suaquatro jurisdição. formas
ATENÇÃO: Durante o cumprimento da sentença, a criança tem sempre Desde a ratificação da CDC, estabeleceu uma série de leis
direito à assistência médica e medicamentosa quer dentro dos Serviços sabermos como proteger todas as crianças .
Prisionais, quer em Unidades de Saúde fora do Estabelecimento que visam combater as diversas formas de violência e de
Prisional. O Sector da Saúde deve estar em coordenação permanente maus-tratos em diferentes espaços, como abrigos, centros
com os Serviços Penitenciários para assegurar o acompanhamento Uma vez adquirido um conhecimento mais
clínico da criança, bem como o seu direito à saúde (incluindo mental) e de acolhimento, escolas, estabelecimentos penitenciários,
desenvolvimento saudável. dade
postos a de serem
saúde, centros enfrentadas,
de saúde e hospitais. devemos
A Lei sobre a ser cap
15. Após o cumprimento da pena e a emissão do mandato permitem identificar
Protecção e Desenvolvimento como
Integral podemos
da Criança estabelece agir . O
de soltura, a criança é libertada e a sua reinserção social deve que «nenhuma criança deve ser tratada de forma discrimi-
ser promovida desde o primeiro dia de privação da liberdade (pág 15), apresenta um conjunto de sinais es
natória, negligente e cruel, nem objecto de qualquer forma
e de contacto com o Estabelecimento Penitenciário. O Sector que a criança
de exploração pode(artigo
e opressão» estar 7.º). submetida .
Além disso, essa leiPara cad
da Saúde deve coordenar com os Serviços Sociais, tais como
estabelece que é dever de todos «zelar pela dignidade da
os Serviços Provinciais do INAC, a Direcção Municipal de zes de identificar a evidência e indícios, bem
criança, protegendo-a de qualquer tratamento desumano,
Acção Social ou o CASI para assegurar o acompanhamento requerem observação, outros preocupação,
cruel, violento, humilhante, constrangedor, discriminatório
clínico da criança e apoiar a prevenção de eventuais violên-
cias no futuro e a sua reintegração social. imediata
ou de qualquer junto dosqueoutros
outra forma sectores
atente a dignidade do sistem
da criança
(artigo 8.º) 17
. Especialmente
16. Se o caso não necessita de acompanhamento pelo vação, ou preocupação pode-se tornar de inte no Sector da Saúde, o Governo
Sector da Justiça e do Sector do Interior, a SJM deve noti- tem estabelecido leis e práticas que promovem o respeito
ficar imediatamente os Serviços Provinciais do INAC ou a a pela serdignidade
vítima de uma
humana qualquer
nos diferentes contactos das formacriançasde violê
Direcção Municipal de Acção Social ou o CASI (quando e dos seus familiares com os Serviços de Saúde.
existente no município) para o apoio social da criança e de A quinta actividade do manual de formação de saúde
sua família. pretende desenvolver a capacidade de compreender o
17. Os Serviços Provinciais do INAC ou a Direcção
Todos os manuais de formação incluem uma
funcionamento multissectorial do Sistema de Protecção
Municipal da Acção Social estão no centro da articulação do crianças
Integral da Criança“sinais” no que
de modo a preparar diz respeito
o profissional da a prov
Sistema de Protecção da Criança. para actuar convenientemente.
saúde para uma interacção eficaz.
A quinta actividade do manual de formação de saúde pretende desenvolver a capacidade de compreender
o funcionamento multissectorial do sistema de protecção integral da criança de modo a preparar o
profissional da saúde para uma interacção eficaz.

7582 DIÁRIO DA REPÚBLICA

FIGURAFIGURA
5 n BOAS PRÁTICAS
5 — Boas Práticas em EM SAÚDE
Saúde

Dever de prestar
assistência sem
discriminação de
qualquer natureza
Dever de garantir (artigo 9º)
o direito à
privacidade e à
intimidade (artigo
40º). Informação
adequada aos
Código
Código pacientes e suas
de Ética e famílias a respeito
Dever de prestar Deontológico
Deontologia dos da assistência,
esclarecimento e de Ética
Profissionais de seus possíveis
aos pacientes Médica benefícios, riscos
sobre os Enfermagem
e consequências
diagnósticos, (artigo 9º)
prognósticos
e tratamento a
serem realizados
(artigo 28º) Dever de respeitar
a privacidade
e intimidade do
paciente (segredo
profissional)
(artigo 9º)

Os Códigos Deontológicos de Profissionais da Saúde parte dessas práticas nocivas são resultado da discriminação
estabelecem princípios que valorizam práticas positivas e em relação às crianças e suas famílias, sobretudo em função
proíbem as práticas negativas que decorrem do mau atendi- de sua pobreza, identidade de género, condição educacional
mento das crianças e seus familiares. O Código Deontológico e de preconceitos associados a práticas e hábitos culturais
38e de Ética Médica de Angola destaca o dever do médico em das populações (por exemplo: crianças albinas, crianças
atender os pacientes sem discriminação18. Por mais claras acusadas de feitiçaria, o facto de o abuso sexual não ser visto
que essas regras possam parecer, a sua aplicação é compro- como uma violência, etc). Como são muitas vezes basea-
metida quando o profissional de saúde mantém uma atitude das em estereótipos, precisamos ser capazes de identificar
de indiferença em relação às crianças atendidas. Ele pode estas práticas nocivas para que os Serviços de Saúde não
ignorar ou menosprezar as queixas das crianças e dos seus cometam abusos e intensifiquem as vulnerabilidades que as
familiares, culpabilizar os pais ou as crianças, intimidar, crianças e os seus familiares vivenciam noutros contextos.
coagir, humilhar ou recusar atendimento ou tratamento. Boa

QUADRO 8 — Lei de Bases do Sistema Nacional de Saúde


Esta lei afirma que os utentes dos Serviços de Saúde devem ser tratados humanamente com «prontidão, correcção técnica, privacidade e respeito». Os utentes possuem o
direito de serem informados sobre a sua situação, bem como «as alternativas possíveis de tratamento e a evolução provável de seu estado. Além disso, os seus dados devem
ser utilizados de forma confidencial (artigo 13.º). Para garantir tais princípios, os profissionais de saúde estão submetidos aos seus respectivos estatutos profissionais e Códigos
de Ética e Deontologia (artigo 14.º).
I SÉRIE –– N.º 181 –– DE 24 DE SETEMBRO DE 2021 7583

SECTOR DE
SERVIÇOS SOCIAIS
Uma criança está melhor protegida quando os Serviços Sociais,
sendo o sector responsável pela articulação multisectorial do sistema
angolano de protecção da criança, recolhe e partilha informação de uma
maneira transparente para uma gestão de casos eficaz .

O sucesso do O género, da mesma


acompanhamento de uma forma que a etnia, a
criança vítima de violência religião, o idioma, o
e/ou em situação de
vulnerabilidade depende
MENSAGENS estado de saúde, a
deficiência ou o estatuto
de uma colaboração CHAVE social, entre outros, não
eficaz entre os diversos DOS é razão para discriminar
sectores do sistema de (negar ou desrespeitar
protecção da criança . SERVIÇOS direitos), no acesso
Uma boa colaboração SOCIAIS a serviços de saúde,
favorece um maior educação, serviços
respeito pelos direitos sociais e nos sectores da
da criança . justiça e do interior .

Uma criança vítima de violência e/ou em situação de vulnerabilidade ou que


alegadamente se encontra em conflito com a lei será tratada com maior respeito e
celeridade pelo sector da justiça quando o sector dos serviços sociais interage de forma
coordenada e complementar . Isto implica assegurar que, respeitando sempre o direito
de privacidade e confidencialidade da criança, a Sala de Jugado de Menores recebe
a informação completa e pertinente para acolher o caso eficazmente . O respeito pelo
princípio de celeridade depende deste processo .
7584 DIÁRIO DA REPÚBLICA

Princípios Operacionais Multissectorial para o Sector Os/as técnicos/as sociais devem, em coorde-
dos Serviços Sociais nação com outros sectores, interagir com a
Uma gestão de casos necessita de um percurso ordenado criança para determinar em conjunto as suas
e evolutivo dos casos das crianças ao longo do Sistema de necessidades que deverão ser respondidas por
Protecção Integral. O momento de acolhimento (identifica- todos, durante todo o procedimento;
ção e avaliação) pode ocorrer em várias partes e sectores do
Os/as técnicos/as sociais devem elaborar um
sistema. Uma vez identificada a situação, deve-se realizar o
plano de atendimento em parceria com a
encaminhamento multissectorial do caso (ligação com ser-
viços de apoio) para outros sectores para a elaboração de família, quando possível.
um plano de intervenção. A colaboração intersectorial exige c) Acompanhamento Sistémico:
um acompanhamento sistémico (planeamento individual Os/as técnicos/as sociais têm como prioridade
de apoio) para garantir que a intervenção é constantemente garantir que todas as crianças em situação de
avaliada (para poder ser adaptada segundo a especificidade vulnerabilidade recebam medidas de protec-
de cada caso). O acompanhamento comunitário é uma peça ção, incluindo as crianças em conflito com a
essencial para boa resolução do caso. Esses quatro passos lei;
estão regidos por vários princípios fundamentais seguintes:
Os/as técnicos/as sociais não podem permitir que
a) Identificação e Avaliação:
as crianças sob sua jurisdição sejam revitimi-
Os técnicos/as sociais devem saber reconhe-
cer indícios ou sinais de vulnerabilidade nas zadas pelas suas acções ou omissões, mesmo
crianças e, a partir destes, saber como agir para quando a intenção é fazer o bem;
garantir o seu bem-estar e desenvolvimento; Os/as técnicos/ as sociais garantem a aplicação
Os/as técnicos/as sociais devem partilhar cor- concreta de medidas de protecção social e de
rectamente as informações sobre as crianças prevenção criminal (decretadas pela SJM);
com os actores de outros sectores para garan- Os/as técnicos/as sociais devem garantir que a
tir o seu bem-estar e desenvolvimento; criança institucionalizada ou colocada em
Os/as técnicos/as sociais devem informar a
família substituta tem as mesmas oportu-
criança e a família sobre os passos que se
nidades de desenvolvimento que as outras
seguem;
crianças que não estão em situação de
Os técnicos sociais devem realizar o inqué-
rito social e apurar as condições de vida da vulnerabilidade;
criança e sua família e tomar acção com vista Os/as técnicos/as sociais devem assegurar que as
a reduzir a sua vulnerabilidade, por intermé- necessidades da criança e da sua família são
dio da assistência social e outra considerada tidas em consideração pelos serviços de forma
adequada; adequada. Esta etapa vai desde o registo ini-
Os técnicos/as sociais devem contactar a polí- cial do caso até ao seu encerramento.
cia para investigar possíveis ocorrências de
d) Acompanhamento Comunitário:
prática de violências contra a criança e/ou
Os/as técnicos/as sociais devem facilitar um
identificar responsáveis.
acompanhamento à criança pela comunidade,
b) Encaminhamento Multi-Sectorial (ligação com
serviços de apoio): sensibilizando os diferentes parceiros para as
Os/as técnicos/as sociais devem garantir em cada suas necessidades específicas;
uma de suas interacções com a criança, que Os/as técnicos/as devem assegurar que todas as
as suas opiniões são ouvidas e respeitadas nas soluções encontradas na comunidade com as
decisões que a afectem e determinantes para autoridades tradicionais respeitam o interesse
o seu futuro; superior da criança;
Os/as técnicos/as sociais devem referen- Os/as técnicos/as sociais devem promover todas
ciar rapidamente e correctamente os casos
as práticas que asseguram o bem-estar e o
das crianças, segundo as suas situações
desenvolvimento das crianças;
específicas;
Os/as técnicos/as sociais devem colaborar com As crianças devem ser protegidas contra todos os
os actores de outros sectores para promover estereótipos que prejudicam o seu bem-estar
o bem-estar e o desenvolvimento de todas as e desenvolvimento, não devendo ser tolerada
crianças; qualquer tipo de discriminação.
O PAPEL DOS PROFISSIONAIS DOS SERVIÇOS
I SÉRIE –– N.º 181 –– DE 24 DE SETEMBRO DE 2021 7585
SOCIAIS NO SISTEMA DE PROTECÇÃO
INTEGRAL DASdosCRIANÇAS
O Papel dos Profissionais Serviços Sociais no Sistema de Protecção Integral das Crianças

4
SECTOR SAÚDE
Direcção Municipal
Hospital municipal
de Acção Social
ou provincial
2 ou 3 Verificar se tem registo 6
de nascimento ou
Instituto Nacional
Centro de saúde
da Criança (INAC)
5
Contacto inicial 1

PORTA DE
ENTRADA Técnico social
municipal ou
provincial
Crianças vítimas de violência
sexual e maus-tratos SECTOR ACÇÃO
Adolescentes a quem se atribui SOCIAL
SECTOR EDUCAÇÃO
a autoria de acto tificicado
como delito (crianças em 14
conflito com a lei)
Crianças vítimas de negligência Observação :
e abandono (passíveis de • A legenda dos
acolhimento, adopção e tutela) números está na
página seguinte.
Crianças e adolescentes em
sob o uso ou em contacto com • As línhas
substâncias psicoactivas pontilhadas
são passos
intermédios
8

Ministério da Acção Social, Direcção


Família e Promoção da Mulher / Municipal de
Instituto Nacional da Criança Acção Social

7 Procurador de Menores
ou
Sala do Julgado de Menores do
Comunidade Tribunal Provincial ou de Comarca
Comissão Tutelar
de Menores
Caso de criança Caso que necessita
vítima que necessita de acompanhamento
de medidas de acção da justiça e do
13 social interior

Direcção de 9 –16
Reabilitação
Penitenciária
12 Sala de crimes 10 +16 Conservatória
ou comuns e/ou Posto de
Direcção de Registo
Reinserção e 11
Penas Alternativas

SECTOR DO INTERIOR SECTOR JUSTIÇA


44
7586 DIÁRIO DA REPÚBLICA

Abreviaturas 4. Se a criança não tiver registo de nascimento, a SJM


deve solicitar, através da Comissão Tutelar de Menores,
CASI — Centro de Acção Social Integrado
CTM — Comissão Tutelar de Menores o registo de nascimento na Conservatória ou no Posto de
INAC — Instituto Nacional da Criança Registo local. Para mais informação, ver o Anexo I do POP.
SCC — Sala de Crimes Comuns 5. O técnico social, através da Direcção Municipal de
SJM — Sala de Julgado de Menores
SIC — Serviço de Investigação Criminal
Acção Social ou do Serviço Provincial do INAC, deve noti-
MASFAMU — Ministério da Acção Social, Família e Promoção da ficar a SJM do Tribunal Provincial ou de Comarca ou o
Mulher Procurador de Menores. A Sala irá decidir se é um caso que
O que de se deve fazer? requer acompanhamento do Sector da Justiça e do Sector do
Interior ou se podem ser aplicadas medidas de protecção ou
1. Contacto Inicial — o técnico social deve proteger todas
mecanismos extrajudiciais de resolução de conflitos. Casos
as crianças. Quando identificar uma criança suspeita de ter
de extrema vulnerabilidade por situação de pobreza reque-
sido sexualmente violentada ou que é vítima de maus-tratos, rem medidas de acção social.
negligência/abandono/ uso de substâncias psicoactivas/ a
ATENÇÃO: Sempre que possível, a família deve acompanhar a criança
quem se atribui a autoria de acto tipificado como delito, deve à SJM. Se a criança tiver sido colocada num centro de acolhimento, o
conversar a sós com a criança, se possível, num sítio calmo técnico social desse centro deve acompanhar a criança à Sala de Julgado
de Menores..
e com privacidade, para determinar que tipo de caso se trata.
No entanto, a criança não deve ser forçada a prestar decla- 6. Ao mesmo tempo, o técnico social deve acompanhar a
rações. O técnico deve ser especialmente capacitado sobre criança até ao centro de saúde ou hospital municipal ou pro-
as diversas etapas de desenvolvimento da criança e sobre as vincial mais próximo para a realização de exames. O técnico
técnicas de entrevistas à crianças e adolescentes. Em caso de social deve prestar todas as informações à criança, aos pro-
violações graves, o técnico deve accionar de imediato à SJM fissionais de saúde e entregar toda a documentação ou cópia
ou os especialistas do Serviço de Investigação Criminal. da documentação da criança. Se o hospital tiver área social,
esta deve ser accionada.
ATENÇÃO: O técnico social, quer seja do Instituto Nacional da Criança
7. Se o caso não precisa de ter acompanhamento do
(INAC), da Sala do Julgado de Menores (SJM), ou dos Centros de Acção
Social Integrada (CASI), pode também realizar o inquérito social para Sector da Justiça e do Sector do Interior, o técnico social
averiguar sobre o tipo e o grau de vulnerabilidade da criança.. deve:
2. Após o contacto inicial ou após recolha de evidências, Ter contacto com o INAC Provincial ou a Direcção
testemunhos ou indícios de violação de direitos da criança, o Municipal de Acção Social e outros actores
técnico social deve referenciar o caso à Direcção Municipal sociais para dar e receber informações e coordenar
de Acção Social ou ao Serviço Provincial do INAC. acções (por exemplo, fazer visitas domiciliares ou
A Direcção Municipal de Acção Social presta assistência promover a integração da família em programas
social às pessoas em situação de vulnerabilidade, tais como de apoio);
Assegurar a obtenção do registo de nascimento junto
deficiência, violência familiar ou social, desemprego, sepa-
da Conservatória de Registo Civil do local de
ração da família, abandono, conflitos, entre outros. Cabe ao
residência ou nascimento;
Estado prestar os serviços e benefícios necessários, pontuais
Assegurar a realização de tratamentos médicos e
ou permanentes, para assegurar os direitos. Nas situações de
medicamentosos se necessário;
violência, as crianças e adolescentes têm direito a acompa-
Assegurar a reintegração escolar, familiar e comuni-
nhamento prioritário, individualizado e especializado. Para tária;
mais detalhe, consultar o documento Fluxos e Parâmetros Monitorar sistematicamente a evolução do caso.
para o Atendimento de Crianças e Adolescentes Vítimas de 8. Os serviços sociais do INAC, da Direcção Municipal
Violência (MASFAMU, 2019). de Acção Social e CASI (quando existente no município)
O INAC tem como objectivo promover a articulação das devem promover o acompanhamento familiar, social e
acções institucionais, visando garantir as respostas sociais comunitário dos casos que não necessitam de acompanha-
adequadas, com vista ao desenvolvimento da criança no mento pelo Sector da Justiça e do Sector do Interior.
geral e, em particular, das que se encontram em situação de 9. Se o caso necessita de acompanhamento pelo Sector
vulnerabilidade.19 da Justiça e do Sector do Interior e se a vítima é criança (dos
3. A Direcção Municipal de Acção Social, o Serviço 0 aos 18 anos), o técnico social deve:
Provincial do INAC, o CASI, bem como outros actores Acompanhar a criança em todos os trâmites legais20;
sociais, devem certificar-se que a criança tem registo de nas- Conhecer e acompanhar as medidas de protecção
cimento e preparar uma lista de verificação de informação social e de prevenção criminal;
de base sobre a mesma (nome; idade; residência; contactos Ter contacto com a CTM para dar e receber infor-
familiares; cópia de registo se disponível ou indicar se tem mações sobre o caso e coordenar acções (por
ou não tem registo de nascimento; matrícula escolar, bole- exemplo, fazer visitas domiciliares, promover a
tim de vacinas ou cartão de saúde, descrição do tipo de caso) integração da criança em programas socioedu-
disponibilizado neste POP. cativos);
RESPOSTA IMEDIATA A
I SÉRIE –– N.º 181 –– DE 24 DE SETEMBRO DE 2021 7587
Para que possamos proteger as crianças, d
Ter contacto com o INAC Provincial, a Direcção vulnerabilidade centros de acolhimento eque outros elas possam
parceiros, é fundamentalestar a s
Municipal de Acção Social e o CASI (quando durante todo o processo e muito importante para favore-
saber como actuar . Muitas vezes, por estarm
existente no município) para dar e receber infor- cer o direito à sobrevivência e desenvolvimento da criança.
mações e coordenar acções (por exemplo, fazer determinadas práticas,
Especialmente, a família valores
deve acompanhar sempreeo comportam
caso
visitas domiciliares, promover a integração da graves da criançapelos
e apoiar quais as nossas crianças
a sua reintegração social. O Sector dos passam
família em programas de apoio); Serviços Sociais deve contribuir para a não revitimização
Assegurar a reintegração escolar, familiar e comuni- do castigo corporal nas escolas na pág 28
da criança e estar no centro da articulação das intervenções
tária. formas
de todos osde violência
sectores a que
em prol de um as crianças
acompanhamento e uma podem
ATENÇÃO: Quando necessário, a Direcção de Atendimento ao Menor em los/as .
Conflito com a Lei e a Unidade de Prevenção do Crime contra a Mulher e
resoluçãoO Quadro
positiva do caso. 2 identifica,
Assim, quatro formas
segundo o Compromisso
n.º 9 do Governo Angolano com a criança, o Sector dos
Criança do Serviço de Investigação Criminal devem também desempenhar
aqui um papel, pois a sua missão inclui a prevenção, a investigação e a
sabermos como proteger
Serviços Sociais tem a seguinte missão:
todas as crianças .
instrução do caso e o «acompanhamento tanto das medidas aplicadas pelo
Julgado de Menores, como das medidas profiláticas»
Uma vez adquirido
Implementar um conhecimento
medidas multissectoriais para aumentar mais
10. Se o caso necessita de acompanhamento pelo Sector a oferta e o acesso aos serviços básicos essen-
dade a serem enfrentadas, devemos ser cap
ciais, particularmente às famílias vulneráveis;
da Justiça e pelo Sector do Interior e a criança é alegadamente
autora de acto tipificado como delito, e tem entre os 12 e os permitem Promoçãoidentificar
do acolhimento como podemos
familiar da criança agir . O
15 anos, o caso fica com a SJM. Se tiver 16 anos ou mais, ela (pág 15), vulnerável,
apresenta desencorajando a sua institucionali-
um conjunto de sinais es
é encaminhada para a Sala de Crimes Comuns (SCC). O téc- zação e reforçando a capacidade das famílias de
nico social deve:
que a criança pode estar submetida .
garantir o sustento, a protecção e a educação daPara cad
criança acolhida;
zes de identificar a evidência e indícios, bem
Acompanhar a criança em todos os trâmites legais;
Promoção da humanização no atendimento das
Informar a SJM para aplicação de medidas de protec- requerem observação,
crianças vulneráveis.21 outros preocupação,
ção social;
Conhecer a sentença da SCC e prestar apoio ou aconse-
imediata junto
14. O Sector dos outros
dos Serviços sectores
Sociais (Direcção do sistem
Municipal
de Acção Social, INAC e CASI’s) tem um papel transversal
lhamento à Direcção de Reabilitação Penitenciária vação, ou preocupação pode-se tornar de inte
no Sistema de Protecção da Criança, o que implica estar no
e à Direcção de Penas Alternativas quando soli- a ser vítima de uma qualquer forma de violê
centro da articulação de todos os serviços. A criança e a sua
citado. Se à criança for aplicada uma medida de
família devem ser sempre informadas sobre o caso.
privação total ou parcial de liberdade assegurar
A quinta actividade do manual de formação de Serviços
que a mesma cumpre o plano de reinserção social, Sociais procura desenvolver a capacidade de com-
realiza trabalho dignificante e/ou frequenta escola Todos os manuais de formação incluem uma
preender o funcionamento multissectorial do Sistema
ou centro de formação profissional; crianças “sinais” no que diz respeito a prov
Angolano de Protecção Integral da Criança de modo a
preparar o profissional dos serviços sociais para uma
Quando a criança for colocada em liberdade, trabalhar para actuar convenientemente.
interacção eficaz.
e colaborar com a equipa de acompanhamento Não Discriminemos: Género e Violência Baseada
pós-institucional e a família durante 6 a 14 meses. em Género (VBG)
11. A Sala de Crimes Comuns deve informar sempre a Geralmente tendemos a pensar que o sexo da pessoa,
SJM sobre a resolução do caso e para a aplicação de medidas ou seja, a presença de um órgão genital masculino ou femi-
de protecção social se for necessário. QUADRO 2 n A que situações se apl
nino, define muitas características que consideramos serem
12. Se à criança é aplicada uma sentença de privação exclusivamente de meninos ou meninas. No entanto, o sexo
de liberdade em Estabelecimento Prisional, a Direcção éEste
apenas documento é aplicável
uma característica biológica a todos
distinta entre homens os cas
de Reabilitação Penitenciária e a Direcção de Reinserção e mulheres. Todas as outras características relacionadas com
sobretudo para aqueles casos de :
o comportamento e a expressão cultural do que é ser homem
de Penas Alternativas dos Serviços Penitenciários devem
apoiar a criança no cumprimento da pena e no seu processo ou Abuso
n mulher, sexual
chamamos e maus-tratos
de Género. O Género é uma :cons- estes cas
trução social que varia entre as diferentes culturas humanas
de reintegração social desde o primeiro dia, com o apoio da termos da lei (requerem a intervenção da
que associa diferentes papéis e características ao que é ser
Comissão Tutelar de Menores. Devem ser assegurados o
assumir
homem e ao que évárias
ser mulherformas
(Quadro 9).: abuso sexual verba
direito à saúde, o direito à educação, o contacto regular com
A Violência Baseada no Género (VBG) refere-se a todas
a família, entre outros direitos. verbal, linguagem obscena ; crianças exp
as formas de violência física, psicológica, económica e
13. Toda a criança, independentemente do caso, deve ter abuso
sexual baseadasexual
no género com contacto
ou qualquer outra formafísico
de dis-(exempl
acompanhamento contínuo por parte da sua comunidade, criminação sofrida; com base no género ou sexo da criança.
a não ser que tal viole o princípio do seu interesse supe-
violação instrumentalização da criança p
Essa violência é geralmente encontrada no ambiente da
rior. O papel de acompanhamento da criança por parte da n Criança
criança em contacto
(família, escola, com
rua e outros) e tem o sistema de
consequências
família, comunidade, CTM e da sociedade civil, como é crianças
reais: vítimas
lesões, doenças, depressão,e/ou
complexotestemunhas
de inferioridade, de vio
o caso das igrejas, dos centros sociais de referência e dos baixa autoestima, mau desempenho escolar, entre outros22.
crianças envolvidas em processos jurídic
de alimentos, estabelecimento de filiação
n Negligência : ocorre quando os funcionár
7588 DIÁRIO DA REPÚBLICA

QUADRO 9 — Distinções entre Sexo e Género A Abordagem Sistémica


para Acompanhamento dos Casos
Sexo Género
Refere-se aos papéis e responsabilidades que a
A expressão «Sistema de Protecção das Crianças» refere-
Refere-se às caracte- sociedade atribui a mulheres e homens, meninos e -se à noção de «Sistema», a qual envolve vários componentes
rísticas fisiológicas (ou meninas;
biológicas) entre mulheres É uma construção social e ideológica em torno de que funcionam de forma coordenada. Uma série de actores
e homens valores e atitudes que podem ou não ser considera- que não comunicam entre si não pode ser considerada como
das apropriadas dependendo do género da pessoa.
um «Sistema». A ideia central é a interdependência: os ele-
É geralmente fixo e não Varia significativamente de acordo com as socieda-
varia no espaço e no des e ao longo do tempo;
mentos do sistema estão inter-relacionados e quando um
tempo O género está muito culturalmente relacionado. deles é afectado, todos os outros também são afectados23.
Pode mudar e evoluir de acordo com os valores que Desse modo, uma Abordagem Sistémica é um trabalho em
uma determinada sociedade adopta (por exemplo, a
É difícil mudar; conjunto que permite identificar e resolver as vulnerabilida-
É inato A ABORDAGEM
igualdade entre mulheres e homens);
SISTÉMICA
O género não é inato, é adquirido através da socia-
PARA
des da criança como um todo. Se um dos componentes do
ACOMPANHAMENTO DOS
lização.
sistemaCASOS
não cumpre o seu papel, é a eficiência de todo o sis-
Embora as meninas sejam as principais vítimas da das tema que é afectada. Por exemplo, sem acções coordenadas
vio-crianças”
A expressão “sistema de protecção refere-se à noção de “sistema”, a qual
lência de género, os meninos também são afectados e podem de entre os serviços dos Sectores da Educação, Saúde, Justiça,
envolve vários componentes que funcionam forma coordenada . Uma série de actores que
Interior e Acção Social no acompanhamento de uma criança,
ser vítimas de violência sexual. Esta
não comunicam entrerealidade
si não pode é mais serfre-
considerada como um “sistema” . A ideia central é a
interdependência : os elementos do sistema estãonão será possível satisfazer
inter-relacionados as suas necessidades.
e quando um deles é Se um sec-
quente do que pensamos, mas geralmente falta informação
tor falha na protecção
afectado, todos os outros também são afectados . Desse modo, uma abordagem sistémica
24 da criança, todos falham ao mesmo
sobre este assunto. Um menino que não está autorizado a tempo. O Sector da Acção Social tem justamente a função
é um trabalho em conjunto que permite identificar e resolver as vulnerabilidades da criança
expressar as suas emoções
como umpara todo .além
Se umda raiva, ou que adopta
dos componentes de fazer
do sistema nãocom que todos
cumpre o seuos sectores
papel, trabalhemde
é a eficiência de forma cola-
comportamentos todo atribuídos às meninas,
o sistema sendo os
que é afectada . Pormesmos
exemplo, sem borativa e coordenada.
acções coordenadas entre os serviços dos
associados à homossexualidade,
sectores da Educação, pode ser sujeito
Saúde, a abusos
Justiça, O Ministério
Interior e Acção da acompanhamento
Social no Acção Social, Família de umae Promoção da
psicológicos ou mesmo criança,físicos
não será porpossível
parte dasatisfazer
sua família as suasou necessidades . Se um sector
Mulher (MASFAMU) nafalha na protecção
determinação do dapapel da acção
criança, todos falham ao mesmo tempo . O sector da acção
social como social temagente
principal justamente
de a função dee articulação
coordenação
comunidade (humilhações, rejeição, etc.).
fazer com que todos os sectores trabalhem de forma colaborativa e coordenada .
A violência de género está ligada ao fenómeno do de acções para a protecção de grupos vulneráveis, dedica
abuso infantil, produzindo padrões de vitimização. Para os especial atenção às crianças. O MASFAMU tem sob sua
O Ministério da Acção Social, Família e Protecção da Mulher (MASFAMU) na determinação
do papel da acção social como principal agente tutela o Sistema dee articulação
de coordenação Informaçãodee acções
Gestão para
de Acção Social
meninos, as normas sociais relacionadas
a protecção à masculinidade
de grupos vulneráveis, dedica especial atenção às crianças . O MASFAMU tem
que deverá ser a base do futuro Cadastro Social Único.
expõem-nos à violência sob sua etutelaobrigam-nos
o Sistemaa de permanecer
Informaçãoem e Gestão de Acção Socialo que deverá Nacional
ser a basededoAcção Social
Da mesma forma, Conselho
silêncio sobre o abuso futurosexual.
Cadastro Para as meninas,
Social Único . Da esta violên-
mesma forma, o Conselho Nacional de Acção Social (CNAS)
(CNAS) e o Instituto Nacional da Criança (INAC) refor-
cia expressa-se através e o Instituto Nacionalprecoce,
do casamento da Criança (INAC) reforçam a centralidade do papel de coordenação e
da gravidez çam a centralidade do papel de coordenação e articulação
articulação da acção social no que tange à rede de protecção dos direitos das crianças (ver
na infância ou adolescência, da exploração sexual e domés- da acção social no que tange à rede de protecção dos direitos
Figura 6, página 44) .
tica do trabalho e da violação. das crianças (ver Figura 6).

FIGURA 6 n MISSÕES

Promover e participar Coordenar e apoiar as actividades


nas diferentes acções de entidades singulares e colectivas
multissectoriais no domínio reconhecidas, que tenham fins de
do bem-estar da criança. protecção social dos gupos vulneráveis24.

Ministério da
Instituto
Acção Social,
Nacional
Família e Protecção
da Criança
da Mulher
(INAC)
(MASFAMU)

Promover a articulação das acções Promover a articulação institucional Estabelecer parcerias, nos
institucionais, visando garantir para a criação de mecanismo mais variados domínios
as respostas sociais adequadas, de monitoria periódica de todos com instituições públicas
com vista ao desenvolvimento da os programas de assistência privadas e sociedade civil,
criança no geral e em particular das e protecção social da criança, com vista a prestar resposta
que se encontram em situação de visando o desenvolvimento de adequada e maximizar a
vulnerabilidade (em risco, vítimas de padrões de qualidade, tendo em qualidade dos serviços
violencia ou em conflito com a lei). atenção o seu superior interesse. destinados à criança25.

49
I SÉRIE –– N.º 181 –– DE 24 DE SETEMBRO DE 2021 7589

Para que o sistema funcione sob a coordenação da Acção passo a passo, desde a identificação de casos de vulnera-
Social, deve-se realizar o referenciamento e a coordenação bilidade e violência até a intervenção, monitoramento e
adequada dos casos entre os sectores. O referenciamento avaliação da intervenção e, finalmente, o encerramento do
consiste em identificar correctamente os serviços que devem caso, mantendo sempre uma perspectiva de género.
actuar num caso específico e garantir a activação em tempo Em cada fase, os profissionais do Sistema de Protecção
útil de cada um desses serviços, a fim de assegurar a protec- da Criança, sob a coordenação da Acção Social, trabalham
ção e a satisfação das diferentes necessidades da criança. A em conjunto para tentar obter respostas e informações sobre
coordenação é o trabalho realizado em conjunto (profissio- questões-chave de protecção da criança.26 Para acompanhar
nais e comunidade), de forma organizada e complementar (em adequadamente uma criança, não basta determinar a situa-
acções), para tomar colectivamente decisões que melhor respei- ção de violência ou as suas vulnerabilidades. É, igualmente,
tem o interesse superior da criança (ver Figura 6). Isto inclui a necessário desenvolver um plano de acompanhamento desde
divulgação das informações necessárias, a identificação dos a entrevista inicial até ao encerramento do caso (reintegração).
desafios a enfrentar, a definição de objectivos e planos de Como ferramenta de trabalho, o acompanhamento deve defi-
acompanhamento, a distribuição adequada dos papéis e res- nir as necessidades da criança (e da sua família), os objectivos
ponsabilidades de cada serviço, a mobilização de recursos a atingir a curto, médio e longo prazos através das medidas
necessários, a coerência das actividades, a avaliação das tare- postas em prática pelos diferentes sectores. Este plano deve
fas realizadas e dos resultados alcançados, etc. ser o resultado da participação activa da criança (e dos seus
Para que esse processo funcione de forma eficiente, a pais)27. O plano de acompanhamento necessita de ferramentas
Acção Social deve adoptar uma perspectiva de acompanha- de registo e de comunicação das acções, bem como reuniões
mento de casos. Esta perspectiva promove uma abordagem presenciais para a coordenação e ajuste das intervenções.

QUADRO 10 — Princípios de uma Colaboração Vencedora

Respeito por parte dos membros em colaboração, independentemente dos seus poderes e dimensões;
Igualdade Respeito dos mandatos, obrigações, independência e identidade;
O respeito não deve impedir os diferentes actores do sistema de protecção de expressarem as suas discordâncias de forma construtiva.

É alcançada através do diálogo (em pé de igualdade), com ênfase na consulta e na partilha de informações desde o início do processo,
Transparência garantindo a privacidade e confidencialidade;
A comunicação e a transparência aumentam o nível de confiança entre os diferentes actores do sistema de protecção.

Abordagem Orientada para A acção de protecção deve basear-se na realidade e centrar-se na acção (centrar a coordenação nos resultados, com base em competências
Resultados eficazes e capacidades operacionais concretas).

Obrigação ética de desempenhar as suas tarefas de forma responsável, íntegra e de forma relevante e adequada;
Os parceiros só se devem comprometer a executar as actividades quando dispõem dos meios, das competências, dos conhecimentos e das
Responsabilidades capacidades necessárias;
A prestação de contas é um elemento crucial para criar relações transparentes e de confiança entre os parceiros e responsabilizar os mesmos
pelas suas acções.

É um trunfo (cada sector desenvolve os seus aspectos fortes para complementar os dos outros);
Complementaridade
Aumenta as capacidades locais para melhorar as intervenções sobre as situações de vulnerabilidade.

Source: IBCR, Trousse TOGO.


7590 DIÁRIO DA REPÚBLICA

SECTOR DA JUSTIÇA
O seguimento dos casos até ao momento da reintegração social constitui
uma boa estratégia de prevenção de ocorrência de novas formas de
violência ou de revitimização, evitando que os mesmos casos retornem
aos sectores da justiça e do interior .

O direito de participação Um caso de criança


da criança não se limita vítima de violência e/
a ser ouvida pelas MENSAGENS ou em situação de
autoridades ; inclui
também a possibilidade de
CHAVE vulnerabilidade é melhor
gerido quando o sector
expressar as suas opiniões, DO SECTOR da justiça partilha de
preferências, receios e
aspirações e que a sua
DA JUSTIÇA forma rigorosa e célere,
a informação pertinente
opinião seja tida em conta . com os outros sectores .

O sucesso do acompanhamento de uma criança vítima de violência e/ou em situação


de vulnerabilidade ou que alegadamente se encontra em conflito com a lei depende de
uma colaboração eficaz entre os diversos sectores do sistema de protecção da criança .
Uma boa colaboração favorece um maior respeito pelos direitos da criança .

Princípios Operacionais Multissectorial acompanhamento comunitário é uma componente essencial


para o Sector da Justiça para uma boa resolução do caso. Esses quatro passos estão
Uma gestão de casos eficaz necessita de um percurso regidos por vários princípios fundamentais seguintes:
ordenado e evolutivo dos casos das crianças ao longo do a) Identificação e Avaliação:
Sistema de Protecção Integral. O momento de acolhimento Os advogados, procuradores, juízes, técnicos
(identificação e avaliação) pode ocorrer em várias institui- administrativos e pessoal auxiliar devem
ções e sectores do sistema. Uma vez identificada a situação,
zelar para que as crianças não vejam o seu
deve-se realizar o encaminhamento multissectorial do caso
desenvolvimento prejudicado pela situa-
(articulação com os serviços de apoio) para outros sectores
para a elaboração de um plano de intervenção. A colabo- ção de violência e/ou vulnerabilidade que as
ração intersectorial exige um acompanhamento sistémico vitimaram;
(planeamento individual de apoio) para garantir que a inter- As meninas, meninos e adolescentes devem ser
venção é constantemente avaliada (para poder ser adaptada protegidos de forma célere, respeitando a sua
segundo a especificidade de cada caso e de cada criança). O honra e privacidade;
I SÉRIE –– N.º 181 –– DE 24 DE SETEMBRO DE 2021 7591

Todas as crianças devem ter as suas opiniões com um/a técnico/a social e com a criança,
ouvidas e respeitadas; para determinar as necessidades que deve-
Os profissionais da justiça devem evitar a repe- rão ser respondidas por todos, durante todo o
tição de depoimentos e comunicar na língua procedimento;
da criança; Os profissionais de justiça devem priorizar o
Os profissionais de justiça devem informar a acompanhamento psicológico nos casos de
criança e a sua família sobre os passos que se violência sexual e maus tratos.
seguem (e opções disponíveis e consequên- c) Acompanhamento Sistémico:
cias da tomada de decisão); Os advogados, procuradores, juízes, técnicos
Os profissionais de justiça devem proibir qual- administrativos e pessoal auxiliar não podem
quer tipo de contacto (e opções disponíveis e permitir que as crianças sejam revitimizadas
consequências da tomada de decisão), com o por formalismos e procedimentos burocráti-
agressor e garantir apenas a presença de pes- cos excessivos, mesmo quando a intenção é
soas de confiança da criança durante qualquer fazer o bem;
procedimento;
Os profissionais de justiça devem garantir que o
Os profissionais de justiça devem garantir o res-
primeiro objectivo das medidas é assegurar a
peito dos direitos, liberdades e garantias quer
devida protecção das crianças vítimas e das
de crianças vítimas, quer daquelas que se
crianças que alegadamente se encontram em
encontram em conflito com a lei;
conflito com a lei. Neste último caso, a prio-
Os profissionais de justiça devem articular-se
ridade é sempre assegurar a sua protecção e
com seus homólogos de outros sectores para
não a punição;
trabalhar em conjunto para a protecção da
Os profissionais de justiça devem assegurar
criança.
que os outros sectores cumprem o seu traba-
b) Encaminhamento Multissectorial (ligação com
lho, respeitando a dignidade da criança e em
serviços de apoio):
tempo útil, contribuindo para o sucesso das
Os advogados, procuradores, juízes, técnicos
medidas decretadas, quer de protecção social,
administrativos e pessoal auxiliar devem
colaborar com os seus homólogos de outros quer de prevenção criminal.
sectores, para promover o bem-estar e o d) Acompanhamento Comunitário:
desenvolvimento das crianças; Os advogados, procuradores, juízes, técnicos
Os profissionais da justiça devem garantir a exe- administrativos e pessoal auxiliar devem cola-
cução de medidas de protecção social; borar e encetar todos os esforços para apoiar
Os profissionais de justiça devem garantir a exe- o regresso da criança à sua comunidade;
cução das medidas de prevenção criminal, Os profissionais de justiça devem assegurar-se
priorizando as medidas em meio aberto; de que as crianças em processo de reinserção
Os profissionais de justiça devem garantir a social não são discriminadas;
excepcionalidade e brevidade das medidas de Os profissionais da justiça devem levar em conta
restrição de liberdade; as necessidades concretas da criança no
Os advogados, procuradores, juízes, técnicos momento de definir o seu plano de reinserção
administrativos e pessoal auxiliar do Sector social, quer enquanto vítimas, quer como ale-
da Justiça, devem trabalhar, em conjunto gadamente infractoras.
7592 O PAPEL DOS PROFISSIONAIS DA JUSTIÇA DIÁRIO DA REPÚBLICA

NO SISTEMA DE PROTECÇÃO INTEGRAL


O Papel dos Profissionais da Justiça no Sistema de Protecção Integral das Crianças
DAS CRIANÇAS
Direcção de Assistência e Reabilitação Penitenciária
12 Condenada Serviços 13
Penitenciários
Direcção de Penas Alternativas e Reinserção

Inocente 14

Sentença
Observação :
Medidas de protecção social • A legenda
Sala de Crimes dos números
11 Medidas de prevenção criminal
Comuns está na página
seguinte
• As línhas
Julgamento e definição de
pontilhadas
medidas definitivas
são passos
intermédios
10 9
Procurador do Julgado de
+16 Menores (instrução do caso)

7 8

–16 Medidas provisórias e cautelares

Caso de criança
Caso que necessita vítima que necessita
de acompanhamento de medidas de acção
Diligências 5 da justiça e do interior social 15
Comissão Tutelar de Menores

Exame 4
psicossomático Criança não
está presente
Criança está
Inquérito social presente
3
por técnico social Familia
Registo de
nascimento
Sala do Julgado de Menores
do Tribunal Provincial ou de Comarca ou
6 Procurador de Menores 16
Serviços Provinciais
Conservatória do INAC ou Direcção
e/ou Posto de PORTA DE Municipal de Acção Social
Registo ENTRADA ou CASI (quando existente
no município)
17
Crianças vítimas de violência sexual
e maus-tratos
Adolescentes a quem se atribui a Esquadra de policia
autoria de acto tificicado como delito Hospital, Centro de
Comunidade
(crianças em conflito com a lei) Saúde, Posto Médico
2
Crianças vítimas de negligência e 1 Escolas
abandono (passíveis de acolhimento,
adopção e tutela) Serviços sociais
Crianças e adolescentes em sob o Sociedade civil
uso ou em contacto com substâncias
psicoactivas
54
I SÉRIE –– N.º 181 –– DE 24 DE SETEMBRO DE 2021 7593

Abreviaturas cionalmente a realização de exame psicossomático para


CASI — Centro de Acção Social Integrado determinar a idade da criança junto dos Serviços de Saúde.
CNAS — Conselho Nacional de Acção Social
CTM — Comissão Tutelar de Menores 7. Se a criança é vítima dos 0 aos 18 anos ou se é alega-
INAC — Instituto Nacional da Criança
SCC — Sala de Crimes Comuns damente autora de acto tipificado como delito e tem entre 12
SJM — Sala de Julgado de Menores e 15 anos de idade, o caso fica sob competência da SJM. O
SIC — Serviço de Investigação Criminal
Juiz decreta a aplicação as medidas provisórias, as quais são
O que se deve fazer? supervisionadas pela CTM. As medidas incluem:
1. As esquadras, os hospitais, centros de saúde, postos de Prescrição de regras de conduta;
saúde, escolas, serviços de acção social e a sociedade civil Acautelar a protecção da criança e a não discrimina-
constituem as portas de entrada da criança no Sistema de ção.
Protecção da Criança. Estas medidas pretendem assegurar a protecção ime-
2. Todas as portas de entrada podem encaminhar de ime- diata da criança.
diato o caso para a Sala de Julgado de Menores (SJM) do
8. Enquanto decorrem as medidas provisórias, aplicadas
Tribunal Provincial ou de Comarca.
à crianças em conflito com a lei, bem como à crianças víti-
3. O Procurador de Menores, enquanto representante
mas, o Juiz envia o processo ao Procurador de Menores para
legal da criança, recebe a participação (denúncia) e remete
instrução do caso. A instrução tem por objectivo obter mais
ao Juiz que ordena fazer o registo e a autuação. Se a criança
meios de prova. Não deve exceder os 60 dias.
estiver presente, o Juiz faz a entrevista na presença do
9. Após a instrução, o Procurador remete o processo ao
Procurador de Menores e do advogado/ defensor da criança
juiz para aplicação de medidas definitivas. Estas incluem:
e ordena a realização do inquérito social. Se a criança não
Medidas de Protecção Social (apoio psicossocial,
estiver presente, o Juiz envia o técnico social ao domicí-
colocação em família substituta, matrícula e
lio da criança para averiguar as suas condições de vida. Em
frequência obrigatória em estabelecimento de
ambos os casos, deve-se realizar o Inquérito Social.
ensino, requisição de assistência médica, de
4. A Sala de SJM determina se o caso deve ter um acom-
testes psicotécnicos ou outros);
panhamento por parte do Sector da Justiça e do Sector do
Medidas de Prevenção Criminal, no caso de haver
Interior ou se a criança pode ser reencaminhada para a apli-
julgamento (repreensão, imposição de regras
cação de medidas de acção social ou para um mecanismo
de conduta, condenação do menor ou do seu
não judicial de resolução dos casos.
representante legal em multas, indemnizações
5. Se o caso necessita de acompanhamento por parte
ou restituições, a liberdade assistida, cura por
dos Sectores da Justiça e do Interior, e após a entrevista da
criança, o Juiz ordena diligências e decreta medidas pro- desintoxicação de dependência alcoólica ou de
visórias, as quais podem incluir, entre outras, as seguintes droga, frequência de grupo de aconselhamento,
medidas: participação em práticas desportivas, de protec-
Realização do inquérito social por técnico social; ção do ambiente, de contacto com a natureza,
Fazer declaração para registo de nascimento quando entre outras actividades, medida de prestação de
ele for omisso; serviços à comunidade e internamento ou semi-
Colocação em família substituta; -internamento);
Matrícula e frequência obrigatória em estabeleci- Uma combinação de Medidas de Protecção Social e
mento de ensino; de Prevenção Criminal.
Inscrição em centro de formação profissional; A audiência do julgamento é realizada à porta fechada,
O exame psicossomático para determinação de idade; com acesso restrito.
Ao mesmo tempo, a SJM convoca o Conselho de 10. Tal como acontece com as medidas provisórias,
Família para melhor tomada de decisão e, se a CTM ou o técnico social deve garantir a aplicação e a
necessário, convoca também o Serviço de Inves- execução quer das medidas provisórias, quer das medidas
tigação Criminal para realizar a investigação no definitivas.
âmbito da instrução do processo. 11. Se a criança é alegadamente autora de acto tipificado
6. Se a criança não tiver registo, a SJM deve solicitar, como delito e tem 16 anos ou mais à data dos factos, o caso
através da Comissão Tutelar de Menores (CTM), o registo é encaminhado para a Sala de Crimes Comuns (SCC) do
de nascimento ou, sendo isto impossível, deve pedir excep- Tribunal Provincial ou de Comarca. A SCC marca o julga-
7594 DIÁRIO DA REPÚBLICA

mento e profere a sentença, devendo comunicar a sua decisão Contribuir para assegurar a consolidação do SJM
à SJM para aplicação de medidas de protecção social. como órgão jurisdicional Para a efectivação
12. Se a criança é condenada pela SCC à medida efec- de um Sistema Especializado de Justiça para
tiva de privação da liberdade, ela é encaminhada para
os Serviços Penitenciários Provinciais. Nos Serviços
RESPOSTA IMEDIATA A
Crianças que ofereça a devida protecção às
crianças vítimas e estabeleça um modelo de
Penitenciários, existem serviços relevantes para o acom- responsabilidade penal juvenil para o adoles-
Para quecentepossamos
em conflito com proteger
a lei; as crianças, d
panhamento e elaboração do plano de reinserção social
da criança desde o primeiro dia de institucionalização e vulnerabilidade que elas possam estar a s
Garantir a consolidação dos avanços conquistados
na legislação e rede de serviços de atendi-
acolhimento. Estes serviços são a Direcção de Assistência e saber como actuar . Muitas vezes, por estarm
mento na reintegração social dos menores de
Reabilitação Penitenciária e a Direcção de Penas Alternativas determinadas idade em práticas, valores e comportam
conflito com a lei;
e Reinserção Social. Adoptar medidas pertinentes, estabelecendo meca-
13. Após o cumprimento da pena e a emissão do man-
graves pelos quais as nossas crianças passam
nismos de coordenação multissectorial para
dato de soltura, a criança é libertada e a sua reinserção social do castigo corporal
prevenir e combater nas
todas asescolas na pág 28
formas de violên-
promovida anteriormente deve ser acompanhada. cia contra crianças;
formas de violência a que as crianças podem
14. Se a criança é considerada inocente, ela e a sua Adequar o Plano Nacional de Acção adoptado pelo
família devem ser igualmente apoiadas no processo de rein-
los/as . Quadro
O Governo, 2 identifica,
em 1997, para o combatequatrodo abuso formas
tegração social. sabermossexualcomo proteger
e comercial de menores todas asesta-
de idade, crianças .
belecendo mecanismos claros de denúncia,
15. Se o caso não requer o acompanhamento pelos
Sectores da Justiça e Interior, a SJM deve notificar ime- Uma vez adquirido um conhecimento mais
protecção e apoio à reintegração das vítimas;
Implementar a Estratégia Nacional de Prevenção
diatamente o Serviço Provincial do INAC ou a Direcção dade a serem enfrentadas, devemos ser cap
e Combate à Violência Contra a Criança, de
Municipal de Acção Social ou o Centro de Acção Social permitemacordo identificar como
com as cinco áreas podemos
propostas: (a) Negli- agir . O
Integrado (CASI) quando existente no município para assis-
tência social.
(pág 15), gência,
apresentaabuso, violência física, psicológica e
um conjunto de sinais es
discriminação; (b) Tráfico; (c) Instrumentali-
16. Os Serviços Sociais devem estar no centro da arti- que a criança pode
zação; (d) estar
Trabalho submetida .
infantil; e (e) ExploraçãoPara cad
culação da intervenção dos vários sectores: sexual de menores
zes de identificar de idade;
a evidência e indícios, bem
Apoio ou reintegração escolar (Educação); Implementar o Protocolo de Palermo relativo ao
requeremtráfico
observação,
de seres humanos, outros preocupação,
particularmente de
Apoio clínico (médico, medicamentoso e psicoló-
gico) (Saúde); imediata junto dos outros sectores do sistem
mulheres e de crianças;
Reforçar os mecanismos de monitoria, supervisão
Apoiar a família para obtenção de registo de nasci- vação, ou preocupação pode-se tornar de inte
e avaliação da implementação dos 11 Com-
mento se necessário (Justiça/Conservatórias e a ser vítima de uma
promissos qualquer
do Governo de Angola em forma
prol da de violê
postos de registo); Criança. .
28

Reabilitação e reinserção social (Saúde, Serviços


A quinta actividade do manual de formação de justiça
Sociais, Interior).
17. Toda a criança, independentemente do caso, deve ter
Todos os manuais de formação incluem uma
procura desenvolver a capacidade de compreensão do
funcionamento multissectorial do Sistema Angolano de
um acompanhamento contínuo por parte da comunidade.
crianças “sinais” no que diz respeito a prov
Protecção da Criança de modo a preparar o profissional

O papel de acompanhamento da criança por parte da famí-


para actuar convenientemente.
da justiça para uma interacção eficaz.

Colaboremos para a Reintegração Social: Melhores


lia, comunidade, CTM e da sociedade civil, como é o caso
Práticas para Proteger a Criança no Contexto
das igrejas, dos centros sociais de referência e dos centros do Sistema de Justiça
de acolhimento e outros parceiros, é fundamental durante
A reintegração social pode ser definida como um pro-
todo o processo e muito importante para favorecer o direito à QUADRO
cesso no qual uma 2 A que situações
n encaminhada
criança, pela Justiça e em se apl
sobrevivência e desenvolvimento da criança. Especialmente, regime de cumprimento de Medidas de Protecção Social e/
a família deve acompanhar sempre o caso da criança e Este
ou documento
de Prevenção é aplicável
Criminal, pode a todos os cas
beneficiar de intervenções
apoiar a sua reintegração social. No que se refere à criança, destinadas à sua protecção contra todas as formas de violên-
o principal objectivo do Sector da Justiça é a defesa e pro-
sobretudo para aqueles casos de :
cia. Todas as crianças devem receber um tratamento capaz
moção dos seus direitos, combatendo a discricionariedade, Abusoo seu
n favorecer
de sexual
sentido deedignidade
maus-tratos : estes
e valor, reforçar o cas
bem como situações que conduzam à revitimização e pro- seu termos da
respeito pelos lei (requerem
direitos a intervenção
humanos e liberdades fundamen- da
movendo a sua plena reintegração social. Particularmente, o tais de terceiros, e desenvolver as suas capacidades para
Sector da Justiça pode:
assumir várias formas : abuso sexual verba
que seja autónoma, cumpridora da lei e integrada em sua
verbal, linguagem obscena ; crianças exp
abuso sexual com contacto físico (exempl
violação ; instrumentalização da criança p
I SÉRIE –– N.º 181 –– DE 24 DE SETEMBRO DE 2021 7595

comunidade (artigos 19.º e 40.º da CDC)29. O processo de Porque é que a Participação Activa da Criança é Fun-
reintegração sociocomunitária é específico para cada criança damental?
e tem três dimensões: (a) organizacional (oferecer condições A CDC estabelece dois princípios para o direito de participa-
de habitação, alimentação, vestuário, etc.); (b) ocupacional ção das crianças: (a) a criança com capacidade de discernimento,
(oferecer formação académica e profissional, prática despor- e de acordo com a sua idade, tem direito de exprimir livremente
tiva, cultural, artística e ambiental); (c) relacional (promover a sua opinião sobre as questões que lhe respeitem e a mesma
relações de qualidade com a família, outras crianças e a deve ser tida em consideração; (b) para este fim, a criança tem
comunidade). que ter a oportunidade de ser ouvida nos processos judiciais e
administrativos que lhe dizem respeito, seja directamente, seja
QUADRO 11 — Obstáculos Associados aos Estereótipos
através de representante ou de organismo adequado, segundo as
Encontrar um emprego
Possuir poucos recursos financeiros modalidades previstas pela legislação nacional38.
Ter baixo nível educacional Tendo em vista estes princípios, a participação infantil
Ter dificuldades de relacionamento (com famílias, amigos, vizinhos)
Estar inserida em relações que valorizam práticas criminais (gangues ou refere-se a processos contínuos fundados no respeito mútuo e
familiares envolvidos em tais práticas) no direito à informação clara e relevante e caracterizados pelo
Rejeição da família em recebê-las e reintegrá-las; problemas de saúde (físicos ou
mentais) desenvolvidos durante a detenção em condições precárias diálogo entre crianças, mas também entre crianças e adultos39.
Isolamento social em função dos laços rompidos durante o período de É possível pensar num modelo de «participação infantil, do acto
encarceramento.
simbólico à cidadania», o qual opera num sistema de escala40.
Uma criança que passou por medidas de privação de O Quadro 12 foi baseado nesse modelo. Demonstra os graus
liberdade tem que lidar com os impactos negativos asso- de participação das crianças e oferece ferramentas para pensar
ciados ao encarceramento e enfrenta muitos obstáculos na quando é que as crianças estão, de facto, a participar.
sua reintegração. Muitas vezes, carrega o fardo dos erros QUADRO 12 — Exemplos de Diferentes Formas
cometidos na fase da adolescência (gravidez precoce, con- de Participação Infantil
sumo de drogas, prática de furtos, participação em rixa, etc.) As crianças iniciam o projecto e gerem-no em conjunto com os adultos:
▪ Um grupo de alunos de uma escola secundária decide criar um
para o resto da sua vida30. A essas crianças estão associa- «clube» dentro da sua escola a fim de informar e sensibilizar os
dos estereótipos negativos que frequentemente as retractam alunos sobre os seus direitos (caixa anónima para denunciar abusos
cometidos contra eles). O grupo procura o apoio de adultos para
como perigosas e, por isso, devem ser combatidas, porque Iniciativa
receber formação sobre a administração de um canal de escuta,
das Crianças
reforçam a exclusão e a discriminação. São frequentemente desenvolver uma estratégia de captação de recursos e facilitar a
aprovação da direcção;
percebidas como estando sujas e como sendo ignorantes. ▪ Um grupo de estudantes de uma escola secundária decide defen-
Como resultado, outros membros da sociedade tendem a der junto do Director medidas para eliminar as agressões sexuais
cometidas por professores contra estudantes do sexo feminino.
desprezá-las e excluí-las31. Isso torna o processo de reinte- O projecto é iniciado por adultos, mas as crianças e os adultos compar-
gração muito difícil32. tilham a direcção e gestão do projecto:
▪ Adultos e crianças colocados em centros de acolhimento e mem-
No processo de reintegração da criança, algumas medi- Parcerias bros de uma Comissão de Moradores estão mobilizando-se para im-
das podem ser fundamentais e devem ser realizadas desde o plementar uma estratégia de advocacia para melhorar as condições
de habitação das crianças acolhidas. Todas as acções e decisões são
início do processo da intervenção ou do contacto da criança tomadas numa base consensual por todos os membros.
com o sistema de justiça, tais como: (a) visitas familiares As crianças são consultadas quando são tomadas decisões, mas a
iniciativa de acção vem dos adultos:
regulares às crianças para assegurar que estão protegidas e ▪ A fim de criar espaços favoráveis às crianças nos tribunais, me-
poder encorajá-las a receber e a manter boas relações com ninas e meninos são consultados para decidir como esses espaços
serão organizados. As crianças são envolvidas na escolha e avalia-
as suas famílias e a sua comunidade33; (b) ter a supervisão Consulta ção do sistema posto em prática;
de apoio de um adulto34 (familiar, assistente social, membro ▪ As residentes de um centro de acolhimento para meninas vítimas
de casamentos forçados são informadas da criação de formação
da comunidade, professor); (c) realizar serviço comunitá- profissional no centro e depois consultadas sobre as áreas de for-
mação a serem priorizadas. Os adultos decidirão quais os cursos de
rio35 (trabalho não remunerado que beneficie a comunidade, formação a desenvolver.
demonstrando que a criança pode ser um indivíduo pro- As crianças são informadas sobre o projecto e realizam as tarefas que
dutivo); (d) evitar o seu envolvimento em gangues36; (e) lhes são atribuídas:
▪ Um grupo de adolescentes é formado para realizar uma pequena
acompanhamento e fiscalização de serviços locais (saúde e Voluntariado
pesquisa nos principais mercados da capital para registar os teste-
munhos dos meninos e meninas que ali trabalham. Os dados reco-
educação) para garantir o acesso igualitário à crianças em lhidos são depois fornecidos aos adultos para utilização.
conflito com a lei ou de crianças vítimas de violência. Exemplos de Não-Participação da Criança
Diante desses desafios, devemos sempre lembrar que os A participação das crianças é apenas simbólica:
▪ As crianças são convidadas a participar num workshop de lança-
Estados signatários da CDC devem assegurar a tomada de Simbólico mento da investigação em que participaram, mas não têm qualquer
todas as medidas necessárias (legislativas, administrativas, papel a desempenhar e não foram informadas dos resultados da
investigação ou dos possíveis resultados.
sociais e educativas) adequadas à protecção contra todas As crianças são utilizadas para dar uma boa imagem à organização:
as formas de violência e que «a apreensão, detenção ou ▪ As crianças de rua são seleccionadas aleatoriamente para apare-
Decorativo cerem na fotografia de grupo após formação em uma intervenção
prisão de uma criança ... seja utilizada apenas como medida com crianças de rua. Esta foto deve aparecer na primeira página do
de último recurso e pelo período de tempo mais curto relatório, o qual será distribuído aos parceiros.
As crianças são manipuladas:
possível» e que qualquer resposta a uma criança em conflito ▪ Uma organização cria uma parceria com uma associação de jovens
com a lei deve levar em conta a promoção da reintegração Manipulação
para incentivar o financiamento de projectos voltados para adoles-
centes. A organização exagera os papéis e responsabilidades que se-
da criança e a necessidade dela assumir um papel constru- rão atribuídos a esta associação para obter a sua adesão, por um lado,
tivo na sociedade37.» e o financiamento do doador, por outro.
7596 DIÁRIO DA REPÚBLICA

SECTOR DO INTERIOR
O género, da mesma forma que a etnia, a religião, o idioma, o estado de saúde,
a deficiência ou o estatuto social, entre outros, não é razão para discriminar a
criança (negar ou desrespeitar os seus direitos), especialmente na saúde, educação,
serviços sociais e nos sectores da justiça e do interior .

Um caso de criança O seguimento dos


vítima de violência casos até ao momento
e/ou em situação da reintegração social
de vulnerabilidade MENSAGENS constitui uma boa
é melhor gerido
quando o sector do
CHAVE estratégia de prevenção
de ocorrência de novas
interior partilha de DO SECTOR formas de violência ou de
forma rigorosa e célere,
a informação
DO INTERIOR revitimização, evitando que
os mesmos casos retornem
pertinente com os aos sectores da justiça
outros sectores . e do interior .

O sucesso do acompanhamento de uma criança vítima de violência e/ou em situação


de vulnerabilidade e da criança que alegadamente se encontra em conflito com a lei
depende de uma colaboração eficaz entre os diversos sectores do sistema de protecção
da criança . Uma boa colaboração favorece um maior respeito pelos direitos da criança .

Princípios Operacionais Multissectorial venção é constantemente avaliada (para poder ser adaptada
para o Sector do Interior segundo a especificidade de cada caso). O acompanhamento
Uma gestão de casos eficaz necessita de um percurso comunitário é uma peça essencial para uma boa resolução
ordenado e evolutivo dos casos das crianças ao longo do do caso. Esses quatro passos estão regidos por vários princí-
Sistema de Protecção Integral. O momento de acolhimento pios fundamentais seguintes:
(identificação e avaliação) pode ocorrer em várias institui-
a) Identificação e Avaliação:
ções e sectores do sistema. Uma vez identificada a situação,
Os agentes da polícia, do Serviço de Investigação
deve-se realizar o encaminhamento multissectorial do caso
(articulação com serviços de apoio) para outros sectores Criminal e agentes penitenciários, técnicos
para a elaboração de um plano de intervenção. A colabo- administrativos e pessoal auxiliar devem
ração intersectorial exige um acompanhamento sistémico observar atentamente os sinais ou indícios de
(planeamento individual de apoio) para garantir que a inter- vulnerabilidade nas nossas crianças e, a partir
I SÉRIE –– N.º 181 –– DE 24 DE SETEMBRO DE 2021 7597

destes, zelar para garantir o seu bem-estar e des da criança que deverão ser respondidas por
desenvolvimento; todos durante todo o procedimento.
Os/as agentes de polícia não podem deter numa c) Acompanhamento Sistémico:
cela uma criança; Os agentes da polícia, do Serviço de Investigação
Os/as agentes de polícia devem escutar respei- Criminal, os agentes penitenciários, técnicos
tosamente a opinião da criança e tomá-la em administrativos e pessoal auxiliar não podem
consideração, quando a criança quiser prestar permitir que as crianças sejam revitimizadas
declarações; por acções ou omissões, como por exemplo
Os agentes da polícia não devem fazer entrevis- formalismos excessivos e morosos, mesmo
tas (conhecidos por «interrogatórios») se a quando a intenção é fazer o bem;
criança não quiser prestar declarações; Os profissionais do interior devem garantir que
Os profissionais do interior devem evitar a repe- o cumprimento das medidas de privação
tição de depoimentos e comunicar na língua de liberdade não comprometem os outros
da criança; direitos da criança (saúde, educação, con-
Os profissionais do interior devem informar a
tacto com a família, etc), promovendo a sua
criança e a família sobre os passos que se
reabilitação;
seguem;
Os profissionais do interior devem assegurar que
Os profissionais do interior devem proibir qual-
as necessidades da criança e da sua família
quer tipo de contacto, mesmo que visual,
são levadas em consideração pelos servi-
com o agressor e garantir a presença de pes-
ços de maneira adequada. Esta etapa vai do
soas de confiança da criança durante qualquer
registo do caso até ao seu encerramento.
procedimento.
d) Acompanhamento Comunitário:
b) Encaminhamento Multissectorial (articulação com
Os agentes da polícia, do Serviço de Investigação
serviços de apoio):
Criminal, os agentes penitenciários, técni-
Os agentes da polícia, do Serviço de Investigação
Criminal e os agentes penitenciários, técnicos cos administrativos e pessoal auxiliar devem
administrativos e o pessoal auxiliar devem colaborar para apoiar o regresso da criança à
colaborar com os actores de outros sectores sua comunidade;
para promover o bem-estar e desenvolvi- Os agentes da polícia são, em primeiro lugar,
mento de todas as crianças; agentes de protecção das crianças e das
Os profissionais do interior devem fazer a reco- comunidades. São, por isso, parceiros de uma
lha de provas e evidências de delito; reinserção social bem-sucedida;
Os profissionais do interior devem solicitar pare- Os agentes de polícia devem proteger as crianças
cer psicológico ou avaliação psicossocial se contra todos os estereótipos, sobretudo os que
necessário: afectam aquelas crianças que já tiveram con-
Os agentes da polícia, do Serviço de Investigação tacto ou passaram pelo Sistema de Justiça;
Criminal e os agentes penitenciários, técnicos Os profissionais do interior devem promo-
administrativos e o pessoal auxiliar, em coor- ver todas aquelas práticas que asseguram o
denação como o/a técnico/a social e a criança, bem-estar e o desenvolvimento de todas as
devem reunir-se para determinar as necessida- crianças.
O PAPEL DOS PROFISSIONAIS DO SECTOR
7598 DIÁRIO DA REPÚBLICA
DO INTERIOR NO SISTEMA DE PROTECÇÃO
INTEGRAL DA CRIANÇA
O Papel dos Profissionais do Sector do Interior no Sistema de Protecção Integral da Criança

Início do processo Direcção de Assistência e


de internamento Reabilitação Penitenciária
8 9 Divisão especial 11
para reclusos
Classificação entre os 16 e Direcção de Penas
do recluso e os 21 anos Alternativas e
Serviços respectivo regime Reinserção Social
Penitenciários 10
Provinciais
Tribunal Provincial e Ministério Público 12
Procuradoria Geral da República Fim da pena e
7 mandato de soltura

Condenado Inocente 14 Acompanhamento 13


pós-institucional
entre 6 a 14 meses

6 Sentença
Observação:
• A legenda dos números está na página seguinte.
Sala de Crimes Comuns Serviço de • As línhas pontilhadas são passos intermédios
do Tribunal Provincial 5 investigação
ou de Comarca criminal

Caso que necessita Caso de criança


de acompanhamento vítima que necessita
da justiça e de medidas de
+16 do interior acção social 15 Serviços Provinciais
do INAC ou Gabinete
4 –16 Municipal de Acção
3 Social ou CASI
(quando existente
Sala do Julgado de Menores do Tribunal Provincial no município)
ou de Comarca ou Procurador de Menores

Direcção do Departamento Representante


Atendimento ao menor de Violência dos Serviços de
em conflito com a lei Doméstica Investigação Criminal 16

Conservatória e/ou
Posto de Registo 1 Comunidade
Esquadras da policia e Serviços
Verificar se tem 2 de Investigação Criminal
registo de nascimento

PORTA DE
ENTRADA Esquadras, Polícias e Serviços de Investigação

Crianças vítimas Adolescentes a quem se atribui Crianças vítimas de Crianças e adolescentes


de violência a autoria de acto tificicado negligência e abandono em sob o uso ou em
sexual e como delito (crianças em (passíveis de acolhimento, contacto com substâncias
maus-tratos conflito com a lei) adopção e tutela) psicoactivas
64
I SÉRIE –– N.º 181 –– DE 24 DE SETEMBRO DE 2021 7599

Abreviaturas 6. A SCC do Tribunal Provincial ou de Comarca realiza


CASI — Centro de Acção Social Integrado o julgamento e profere a sentença. A decisão deve ser comu-
CTM — Comissão Tutelar de Menores
INAC — Instituto Nacional da Criança nicada à SJM para a aplicação de Medidas de Protecção
SCC — Sala de Crimes Comuns Social.
SJM — Sala de Julgado de Menores
SIC — Serviço de Investigação Criminal 7. Se a criança tiver 16 ou mais anos e for condenada à
SP — Serviços Penitenciários
pena de privação de liberdade, ela é enviada para os Serviços
O que se deve fazer? Penitenciários Provinciais.
1. As esquadras são uma das portas de entrada principais ATENÇÃO: O recluso tem o direito de receber informação sobre o
e devem encaminhar de imediato os casos para a Sala do regime da vida prisional, sobre direitos e deveres e tem o direito de
informar a família sobre o seu ingresso no Estabelecimento Prisional,
Julgado de Menores (SJM) ou para o Serviço de Investigação bem como o direito a visitas familiares regulares.
Criminal (SIC). Consoante a natureza do caso, este pode ser
8. A Direcção do Estabelecimento Prisional:
encaminhado para um dos seguintes serviços:
Dá início ao processo de internamento:
Direcção do Atendimento ao Menor em Conflito com
Identificação civil, criminal, digital e fotográfica;
a Lei no caso de crianças alegadamente autoras Inscrição no livro de entrada do processo
de acto tipificado como delito; individual;
Direcção de Combate ao Crime contra as Pessoas, Director Prisional pode solicitar às autoridades
onde se encontra o Departamento da Violência judiciais informações complementares.
Doméstica para casos de violência contra a Procede à classificação do recluso em grau de trata-
criança e criança vítima dos 0 aos 18 anos. mento e respectivo regime de vida prisional:
2. Na recepção do caso, a esquadra deve: 1.º Grau — regime fechado;
Verificar se a criança tem registo de nascimento; 2.º Grau — regime ordinário;
Realizar o registo do caso; 3.º Grau — regime semiaberto ou aberto.
Não interrogar ou entrevistar a criança; Neste momento, inicia-se de imediato o processo de
Utilizar a lista de verificação com toda a informação reintegração social de forma individualizada a
relevante sobre o caso fornecida por este POP, cada criança.
9. Se a criança for condenada a uma pena de privação de
nomeadamente se tem ou não tem registo de
liberdade, ela é encaminhada para uma divisão especial den-
nascimento. Caso não tenha, o Procurador de
tro do Estabelecimento Prisional que atende a reclusos dos
Menores junto do SIC, ou outro magistrado,
16 aos 21 anos.
pode solicitar a realização de exame psicosso-
10. O Tribunal Provincial e Procuradoria Geral da
mático para determinar a idade da criança. República velam pelo bom cumprimento das medidas e
Se a criança estiver presente, acolhê-la em local pelo respeito pelos Direitos Humanos.
seguro. 11. Nos Serviços Penitenciários, existem serviços
3. A esquadra deve encaminhar o caso para a SJM que irá importantes:
decidir se se trata de um caso que requer acompanhamento Direcção de Assistência e Reabilitação Penitenciária
do Sector da Justiça e do Sector do Interior ou de Medidas — concebe e executa políticas de reabilitação
de Acção Social. e garante o respeito pelos Direitos Humanos,
4. Se for uma criança alegadamente em conflito com a lei nomeadamente ao orientar o recluso para o
entre os 12 e 15 anos ou se for uma criança vítima dos 0 aos ensino escolar e técnico-profissional. É o órgão
18 anos e o caso necessitar de acompanhamento pelo Sector responsável pela elaboração e implementação
da Justiça e pelo Sector do Interior, ela deverá ser encami- do plano de reintegração social de cada criança;
nhada para a SJM. Neste caso, o SIC apoia a execução das Direcção de Penas Alternativas e Reinserção Social
medidas decretadas pela SJM. — executa penas alternativas e políticas de
5. Os casos de crianças alegadamente autoras de acto tipi- reinserção social, especialmente em contexto
ficado como delito e que tenham 16 ou mais anos de idade pós-institucional e em articulação com os Órgãos
são encaminhados para a Sala de Crimes Comuns (SCC) da Administração Local do Estado. Só intervém
do Tribunal Provincial de Comarca. Ao mesmo tempo, os quando for aplicada medida de protecção social
Serviços de Investigação Criminal realizam a investigação como prestação de serviços à comunidade; pul-
e remetem o processo ao Ministério Público, junto da SCC. seira electrónica e liberdade condicional.
Para que possamos proteger as crianças, d
vulnerabilidade que elas possam estar a s
saber como actuar . Muitas vezes, por estarm
7600 DIÁRIO DA REPÚBLICA
determinadas práticas, valores e comportam
ATENÇÃO:
graves pelos quais
da sua reintegração. asé também
O seu papel nossas crianças
fundamental nas passam
Os reclusos têm direito a: doáreas
castigo corporal
de prevenção nas escolas
primária, secundária na pág 28
e terciária, desta-
▪ Assistência médica: sanitária e psiquiátrica no Estabele- cando-se os seguintes aspectos:
cimento Prisional, nos hospitais prisionais (por exemplo, formas de violência a que as crianças podem
Hospital Prisional Psiquiátrico de Luanda) ou nos hospi- Adoptar medidas pertinentes, estabelecendo
tais comuns a nível provincial; Quadro de2 coordenação
los/as . O mecanismos identifica, quatro formas
multissectorial
▪ Acção Social: podem ser celebrados acordos com insti-
tuições públicas e privadas para este fim; sabermospara como
prevenirproteger todas
e combater todas as de
as formas crianças .
▪ Assistência Laboral: deve ser assegurado trabalho econo-violência;
Uma vez
micamente produtivo e digno, não perigoso ou insalubre;
adquirido
Adequar
deve ser dada a oportunidade de frequentar cursos de for-
um
o Plano Nacional conhecimento
de Acção adoptado pelo mais
Governo, em 1997, para o combate do abuso
dade a serem
mação profissional ou actividade de ergoterapia se não
puder trabalhar;
enfrentadas, devemos ser cap
sexual e comercial de menores de idade, esta-
permitembelecendo
▪ Ensino e Formação Profissional — podem ser celebra-
dos acordos com instituições públicas e privadas:
identificar
mecanismoscomo claros podemos
de denúncia, agir . O
protecção e apoio à reintegração das vítimas;
(pág 15),
Se a criança estiver sujeita a regime fechado, deve fre- apresenta um conjunto de sinais es
Implementar a Estratégia Nacional de Prevenção
quentar a escola do Estabelecimento Prisional ou fora
do estabelecimento; que a criança pode
e Combate estar submetida .
à Violência Contra a Criança, Para cad
Se a criança estiver sujeita a regime aberto ou semia-
berto, deve frequentar a escola local. de acordo com as
zes de identificar a evidênciacinco áreas propostas: (a)
e indícios, bem
Negligência, abuso, violência física, psi-
12. Após o cumprimento da pena, o Ministério Público requerem observação, outros preocupação,
cológica e discriminação; (b) Tráfico; (c)
emite o mandato de soltura. Deve-se entregar ao recluso
declaração comprovativa da sua capacidade profissional, imediata Instrumentalização;
junto dos outros sectores
(d) Trabalho do sistem
infantil; e (e)
Exploração sexual de menores;
objectos pessoais apreendidos e proventos do trabalho remu- vação, ou preocupação pode-se tornar de inte
nerado realizado durante o cumprimento da pena. Implementar o Protocolo de Palermo relativo ao
13. Acompanhamento Pós-Institucional. Este acom- a ser vítima tráficode
de uma qualquer
seres humanos, forma
particularmente de de violê
panhamento tem sido apenas aplicado para os casos de mulheres e crianças 41
.
liberdade condicional e é realizado por uma comissão que
A quinta actividade do manual de formação do interior
integra a Direcção Nacional dos Serviços Prisionais, o
Ministério da Administração Pública, Emprego e Segurança
Todos os manuais de formação incluem uma
almeja desenvolver a capacidade de compreensão do
funcionamento multissectorial do Sistema Angolano de
Social e a Procuradoria Geral da República. Tem como crianças “sinais” no que diz respeito a prov
Protecção Integral da Criança de modo a preparar o pro-
objectivos: para actuar convenientemente.
fissional do interior para uma interacção eficaz.

Garantir a integração no mercado de trabalho; Colaboremos para a Reintegração Social: Melhores


Práticas para Proteger a Criança desde a Perspectiva
Garantir a formação académica ou profissional;
do Sector do Interior
Acompanhar a família. A reintegração social pode ser definida como um
14. Se o Tribunal considerar que a criança é inocente,
a criança e a sua família devem ser encaminhadas para
QUADRO 2 n A que situações se apl
processo no qual uma criança, encaminhada pela Justiça e
em cumprimento de Medidas de Protecção, pode beneficiar
os Serviços Provinciais do Instituto Nacional da Criança de intervenções destinadas a desenvolver as suas capacida-
(INAC) ou para a Direcção Municipal de Acção Social ou Este documento é aplicável a todos os cas
des para que seja autónoma, cumpridora da lei e integrada
outros actores sociais para que sejam tomadas medidas de sobretudo
em sua comunidade para
42
aqueles
. O processo, casos
significa uma de :
reinte-
apoio pertinentes e de não revitimização da criança. gração sociocomunitária e é específico
n Abuso sexual e maus-tratos : estes para cada criança e
cas
15. Se o caso necessita de Medidas de Acção Social, a tem três dimensões: (a) organizacional (oferecer condições
Sala de Julgado de Menores deve notificar imediatamente os termosalimentação,
de habitação, da lei (requerem a intervenção
vestuário, etc.); (b) ocupacional da
Serviços Provinciais do INAC ou a Direcção Municipal de (oferecer formação
assumir académica
várias e profissional);
formas : abuso(c) relacional
sexual verba
Acção Social ou o CASI (quando existente no município). (promover relações de qualidade com a família, outras crian-
16. Toda a criança, independentemente do caso, deve ças verbal,
e comunidade). linguagem obscena ; crianças exp
ter o acompanhamento contínuo por parte da comunidade. abuso
Uma criançasexual
que passoucom por contacto físicode(exempl
medidas de privação
liberdade passa por muitos obstáculos na sua reintegra-
ção.violação
Muitas vezes,; ela
instrumentalização da criança p
O papel de acompanhamento da criança por parte da famí-
carrega o fardo dos erros passados
lia, comunidade, CTM e da sociedade civil, como é o caso
n Criança
para o resto da sua emvidacontacto
43
com
. A essas crianças estãooassocia-
sistema de
das igrejas, dos centros sociais de referência e dos centros
dos estereótipos negativos que as retractam como perigosas
de acolhimento e outros parceiros, é fundamental durante crianças vítimas e/ou testemunhas de vio
e que, por isso, devem ser evitadas. Elas frequentemente são
todo o processo e é muito relevante para favorecer o direito à crianças
percebidas envolvidas
como estando emignorantes.
sujas e sendo processos Como jurídic
sobrevivência e desenvolvimento da criança. Especialmente, resultado, outros membros da sociedade tendem a desprezá-
a família deve acompanhar sempre o caso da criança e apoiar
de alimentos, estabelecimento de filiação
-las e excluí-las.44 Isso torna o processo de reintegração
a sua reintegração social. O Sector do Interior deve contri- n Negligência
muito : ocorre
difícil45. Esses estereótipos estãoquando os funcionár
fortemente associa-
buir para a não revitimização da criança e colaborar ao nível dos família
a outros obstáculos (ver Quadro 11).
ou tutores não prestam os devido
n Contacto com substâncias psicoactivas :
exposta a substâncias que quando introd
I SÉRIE –– N.º 181 –– DE 24 DE SETEMBRO DE 2021 7601

Na procura da reintegração da criança, algumas medi- m) Protocolo relativo à Prevenção, Repressão e


das podem ser fundamentais e devem ser realizadas desde o Punição do Tráfico de Pessoas em especial de
início do processo de acolhimento no sistema penitenciário, Mulheres e Crianças;
tais como: (a) visitas familiares regulares às crianças para n) Protocolo da Comunidade para o Desenvolvimento
encorajá-las a manter boas relações com as suas famílias e da África Austral sobre Género e Desenvolvi-
a sua comunidade46; (b) ter uma supervisão de apoio de um mento.
adulto47 (familiar, assistente social, membro da comunidade, A agenda dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável
professor); (c) realizar serviço comunitário48 (trabalho não dá particular realce a questões de relevância para as crianças,
remunerado que beneficie a comunidade, demonstrando que nomeadamente no que diz respeito à desigualdade social, à
a criança pode ser um indivíduo produtivo); (d) evitar o seu violência contra as crianças e à pobreza infantil.
envolvimento em gangues49; (e) acompanhamento e fiscali- 2. Ao nível nacional, a base legal engloba:
zação de serviços locais (saúde e educação) para garantir o a) Constituição da República de Angola (CRA);
acesso igualitário a estes serviços por crianças em conflito b) Lei n.º 9/96, do Julgado de Menores;
com a lei. c) Resolução n.º 24/99 que aprova o Plano Nacional e
Diante destes desafios, devemos sempre lembrar que Intervenção contra a Exploração Sexual Comer-
os Estados signatários da CDC devem assegurar que «a cial das Crianças;
apreensão, detenção ou prisão de uma criança...seja utilizada d) Decreto Presidencial n.º 169/14, de 23 de Julho,
apenas como medida de último recurso e pelo período de que aprova o Estatuto Orgânico do INAC;
tempo mais curto possível» e que qualquer resposta a uma e) Decreto Executivo Conjunto n.º 8/10, entre o
criança em conflito com a lei deve levar em conta a promo-
Ministério da Hotelaria e Turismo e o Ministério
ção da reintegração da criança e a necessidade dela assumir
da Assistência e Reinserção Social, que aprova o
um papel construtivo na sociedade50.»
Código de Conduta do Turismo contra o Abuso
REFERÊNCIAS
e Exploração Sexual da Criança;
1. Em termos internacionais, Angola ratificou os seguin-
f) Lei n.º 25/12, sobre a Protecção e Desenvolvimento
tes instrumentos:
Integral da Criança;
a) Carta Africana dos Direitos e Bem-Estar da Criança
g) Código de Processo do Julgado de Menores,
(2.03.1990);
Decreto n.º 6/03, de 28 de Janeiro;
b) Convenção dos Direitos da Criança (10.11.1990);
h) Decreto n.º 69/07, de 10 de Setembro, que esta-
c) Protocolos Facultativos à Convenção sobre os
belece o Regulamento da Comissão Tutelar de
Direitos da Criança Relativos ao Envolvimento
Menores;
de Crianças em Conflitos Armados e à Venda
i) Decreto Executivo Conjunto n.º 18/08, de 12 de
de Crianças, Prostituição e Pornografia Infan-
Fevereiro, sobre a Medida de Prestação de Ser-
tis (Resoluções n.os 21 e 22/02, da Assembleia
viço à Comunidade;
Nacional);
j) Decreto Executivo Conjunto n.º 17/08, de 12 de
d) Regras Mínimas para a Administração da Justiça
Fevereiro, sobre a Medida de Liberdade Assis-
Juvenil das Nações Unidas (Regras de Beijing,
tida.
11.1990);
São ainda de realçar os seguintes instrumentos:
e) Convenção n.º 6 da Organização Internacional do
k) Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN) 2018-
Trabalho (OIT) sobre Trabalho Nocturno das
2022;
Crianças;
l) Estratégia de Combate à Violência Contra a
f) Convenção n.º 182 sobre as Piores Formas de Tra-
Criança;
balho das Crianças e Acção Imediata para sua
m) Lei da Violência Doméstica;
Eliminação (17.06.1999); n) Código de Conduta de Hotelaria e Turismo;
g) Convenção n.º 138 sobre Idade Mínima de Adesão o) Lei n.º 7/15 — Lei Geral do Trabalho; e
ao Emprego (17.06.1999); p) Código Penal.
h) Directrizes das Nações Unidas sobre cuidados 3. Ministério da Acção Social, Família e Promoção
alternativos das crianças; da Mulher, «Fluxos e Parâmetros para o Atendimento de
i) Convenção de Haia sobre a Adopção Internacional; Crianças e Adolescentes Vítimas de Violência» (Fevereiro
j) Directrizes das Nações Unidas para Prevenção da 2019). Luanda.
Deliquência Juvenil (Directrizes de Riade); 4. Ann Hartman, «Diagratnmatic assessment of family
k) Regras das Nações Unidas para a Protecção dos relationships», Social Casework (October 1978):
Menores Privados de Liberdade; Desenvolvido em 1975, o ecomapa identifica as relações e
l) Objectivos do Milénio; ligações entre a família e meio envolvente.
7602 DIÁRIO DA REPÚBLICA

5. A nível internacional, o Governo de Angola ratificou envolve a utilização imprópria de palavras e gestos que
tratados internacionais que garantem às crianças e ado- humilham a vítima (Ministério da Saúde e União Europeia,
lescentes, o respeito a esses princípios. A CDC afirma a Manual de orientação para notificação atendimento e enca-
necessidade de garantir o respeito à privacidade da criança minhamento dos casos de suspeita ou confirmação de
de forma a não a sujeitar a intromissões ilegais na sua vida violência doméstica, sexual e/ou outras violências (Angola,
privada ou de sua família e a garantir a sua honra e reputação 2018) e Ministério da Saúde e União Europeia, Estratégias
(artigo 16.º) e reafirma que esses direitos também devem ser de Atenção Integral à Saúde de Adolescentes e Jovens 2016-
aplicados a crianças em conflito com a lei (artigo 40.º). Por 2020 (Luanda, Dezembro de 2015)).
sua vez, o artigo 10.º da CADBEC destaca o direito à priva- 10. República de Angola, 11 Compromissos com a
cidade da criança, reafirmando os princípios listados acima. Criança (Conselho Nacional da Criança, Junho de 2011).
6. As definições do conceitos de «privacidade» e «pro- 11. Ibid.
tecção de dados» provêm de United Nations Children’s Fund 12. International Bureau for Children Rights, report
(UNICEF), Privacy, Protection of Personal Information and on the justice for children system in Angola (Luanda, Bié,
Reputation: Discussion Paper Series: Children’s Rights and Huíla, Moxico, 2016), Sacco et. al 2016,17.
Business in a Digital World (March 2017). A definição de 13. Governo de Angola, «Lei sobre a Protecção e
«confidencialidade» provém de UK Foreign Commonwealth Desenvolvimento Integral da Criança», de 22 de Agosto
Office, International Protocol on the Documentation and 2012, artigo 7.º que «a criança não deve ser tratada de
Investigation of Sexual Violence in Conflict (2014). forma negligente, discriminatória, violenta ou cruel, nem ser
7. Lei n.º 9/96, de 19 de Abril, artigo 25.º afirma que «1. objecto de qualquer forma de exploração ou opressão, sendo
Os processos da competência do Julgado de Menores são punidos todos os comportamentos que se traduzam em vio-
de natureza confidencial e não podem ser usados em desfa-
lação a estas proibições». Além disso, em seu artigo 8.º, a
vor da pessoa do menor. 2. A sua consulta por terceiros pode
lei estabelece que é dever de todos «zelar pela dignidade
ser autorizada pelo juiz quando o fim, de natureza científica,
da criança, protegendo-a de qualquer tratamento desumano,
estatística ou outro, o justifique. 3. A violação da confiden-
cruel, violento, exploratório, humilhante, constrangedor,
cialidade dos processos e a utilização para fins diversos dos
discriminatório ou de qualquer outra forma atente a digni-
constantes no número anterior, constituem crime de desobe-
dade e integridade da criança». Por sua vez, a Lei contra
diência». É de salientar também que o artigo 18.º, alínea c),
a Violência Doméstica destaca que as violências cometidas
estabelece a proibição da identificação pelos meios de comu-
no interior de espaços como infantários e escolas são consi-
nicação social do menor a quem seja atribuída a prática de
deradas violência doméstica, e por isso, as crianças devem
facto tipificado na Lei Penal como crime ou que seja ofen-
ser protegidas no interior desses estabelecimentos. Estes são
dido em crime de natureza sexual. Além disso, o artigo 5.º
passíveis de punição caso cometem tais formas de violência
da Lei n.º 25/11, de 14 de Julho, também garante o princípio
(artigo 3.º).
da confidencialidade ao afirmar a necessidade de «manter
14. Os estereótipos podem ser considerados como repre-
em sigilo os dados obtidos no âmbito do processo de violên-
cia doméstica». sentações ou imagens rígidas e redutoras, muitas vezes
8. De acordo com as capacidades de desenvolvimento negativas, associadas a determinados grupos em função
da criança, o profissional deve obter a permissão da criança de características como idade, género, cor da pele, orien-
para transmitir a informação contida no seu arquivo, desde tação sexual, etnia, religião, entre outros. Os estereótipos
o início do processo de acompanhamento. O profissional são compartilhados pela maioria da população e são uma
informa a criança (e a sua família), desde o início, da exis- simplificação, muitas vezes infundada, do comportamento
tência do arquivo da criança e do que ele irá conter. Também e características das pessoas. Os estereótipos têm como
deve informar a criança (e sua família) sobre o uso que será função estabelecer uma diferença para regular as condu-
feito das informações contidas no seu arquivo e sobre a tas de indivíduos ou grupos. Portanto, quando dizemos que
necessidade de compartilhar certas informações com outros meninos são sempre racionais ou que meninas são sempre
actores do Sistema de Protecção da Criança que poderão ser emotivas, estamos ao mesmo tempo, criando uma imagem
envolvidos no processo de acompanhamento. rígida e simplificadora do que podem fazer as meninas ou
9. A violência sexual é qualquer conduta que obrigue a meninos, como também impedindo-os de se expressarem
ver, manter ou participar de relação sexual por meio da vio- livremente. No caso das situações de vulnerabilidade, os
lência, coacção, ameaça ou colocação da pessoa em estado estereótipos podem dificultar a percepção de situações que
inconsciente. A violência sexual é acompanhada por violên- podem ser vividas tanto por meninas como por meninos.
cia psicológica, porque causa danos emocionais, diminui a Miranda, Joana. «Estereótipos sociais: Definição e abor-
auto-estima e prejudica o desenvolvimento psíquico e social, dagens.» Psicologia 11.2/3(1996): 101-120; Estereótipo
por violência física, porque ofende a integridade e a saúde in Dicionário infopédia da Língua Portuguesa [em linha].
da criança e, frequentemente, por violência verbal, porque Porto: Porto Editora, 2003-2019. [consult. 2019-12-02
I SÉRIE –– N.º 181 –– DE 24 DE SETEMBRO DE 2021 7603

19:34:30], Disponível na Internet: https://www.infopedia.pt/ 27. Para aumentar a capacidade do sistema de protecção
dicionarios/língua-portuguesa/estereótipo para funcionar adequadamente ao longo do tempo, é neces-
15. República de Angola, 11 Compromissos com a sário saber como fazer recomendações no início, durante ou
Criança (Conselho Nacional da Criança, Junho de 2011). no final de um plano de acompanhamento de cada criança
16. Ibid. e depois avaliar como essas recomendações foram aplica-
17. Por sua vez, a Lei contra a Violência Doméstica das. Em suma, é necessário saber, por um lado, acompanhar
destaca que as violências cometidas no interior de institui- os casos das crianças e, por outro, avaliar a implementação
ções como centros de saúde, postos de saúde e hospitais dos planos de acompanhamento. Nunca devemos hesitar em
são considerados como violência doméstica, e por isso, chamar a atenção para as fragilidades do sistema de protec-
estes espaços estão submetidos às sanções previstas na lei ção da criança, pois isso permite identificar aspectos que
(Governo de Angola, «Lei de Protecção e Desenvolvimento precisam de ser melhorados.
Integral da Criança», Diário da República (22 de Agosto de 28. 11 Compromissos com a Criança, Conselho Nacional
2012), artigo 3.º da Lei n.º 25/12). da Criança, Junho de 2011.
18. Lei sobre a Protecção e Desenvolvimento Integral da 29. Marie-Ève Dubois, La réinsertion sociale: les défis
Criança, de 22 de Agosto 2012), artigo 6.º rencontrés à la suite d’une détention fédérale ou provinciale,
19. Lei sobre a Protecção e Desenvolvimento Integral Avril 2018, p. 10
da Criança, de 22 de Agosto de 2012), artigo 5.º e Estatuto 30. Association des services de réhabilitation sociale du
Orgânico INAC. Québec, impacts du casier judiciaire dossier thématique,
20. Em certos casos de regulação do exercício do poder (juin 2015), p.3 consulté à partir de https:// asrsq.ca/assets/
parental (por exemplo, prestação de alimentos), o caso pode files/casier-judiciaire.pdf
ser encaminhado para a Sala de Família, com conhecimento 31. Amanda Hilary Breen, The Effects of Labeling
da Sala de Julgado de Menores. É importante realçar que os and Stereotype Threat on Offender Reintegration, (2011),
casos das crianças em conflito com a lei são também casos p.4, consulté a partir de https://ir.library.dc-uoit.ca/ bits-
de vulnerabilidade. Por isso, a acção social deve estar sem- tream/10155/168/1/Breen_Amanda.pdf
pre presente. 32. Ibid, pp.6-7
21. 11 Compromissos com a Criança, Conselho Nacional 33. Association des services de réhabilitation sociale du
da Criança, Junho de 2011. Québec, la sphère familiale des délinquants dossier thémati-
22. Assembleia Geral das Nações Unidas, Declaração que, (décembre 2013), p.9, consulté à partir de https://asrsq.
sobre a Eliminação da Violência contra as Mulheres ca/assets/files/sphere-familiale-des-delinquants.pdf
(Resolução n.º 48/103, Nova York, 20 de Dezembro de 34. United Nations Office On Drugs and Crime,
1993), artigo 2.º: a violência contra as mulheres inclui, Introductory Handbook on the Prevention of Recidivism
entre outros, violência física, sexual e psicológica dentro da and the Social Reintegration of Offenders, (Vienna, 2018),
família, na comunidade ou tolerada pelo Estado, incluindo 2018, pp.91-93, consulté a partir de https://www. unodc.org/
espancamentos, abuso sexual de crianças do sexo feminino documents/justice-and-prison-re- form/18-02303_ebook.pdf
em casa, violência relacionada ao dote, estupro conjugal, 35. Ibid.
mutilação genital feminina, exploração do trabalho e outras 36. Ibid.
práticas tradicionais prejudiciais; intimidação no trabalho, 37. De acordo com as Regras Mínimas das Nações
em instituições educacionais e em outros lugares, prostitui- Unidas para a Administração da Justiça Juvenil (Regras de
ção forçada, entre outras. Pequim), o objectivo da formação e do tratamento ofereci-
23. David Easton, Analyse Du Système Politique (Paris: dos às crianças privadas de liberdade deve ser a prestação de
A. Collin, 1974). 23. cuidados, protecção, educação e competências profissionais,
24. Decreto Presidencial n.º 226/20, de 4 de Setembro. com vista a ajudá-las a assumir papéis socialmente constru-
25. Decreto Presidencial n.º 169/14, de 23 de Julho de tivos e produtivos na sociedade. Ver: Assembleia Geral das
2014. Nações Unidas, Convenção sobre os Direitos da Criança,
26. O apoio da criança em situação de vulnerabilidade ou (Treaty Series, vol. 1577, No. 27531, 20 de Novembro de
vítima de violência pode ser visualizado como uma cadeia 1989), artigo 37.º, parágrafo (b), e artigo 40.º, parágrafo 1;
ou um roteiro de etapas. É sempre necessário permanecer Assembleia Geral das Nações Unidas, «United Nations
vigilante para garantir que todos os integrantes do sistema Standard Minimum Rules for the Administration of Juvenile
possam desempenhar o seu papel de forma profissional, ou Justice (the Beijing Rules)», Resolução n.º 40/33, de 29 de
seja, no estrito cumprimento das respectivas regras éticas. O Novembro 1985, regras 24.1 e 26.1.
apoio da criança é um processo longo e deve ser assegurado 38. Assembleia Geral das Nações Unidas, Convenção
que o seu interesse superior seja respeitado durante todas as sobre os Direitos da Criança, (Treaty Series, vol. 1577, No.
fases do apoio. 27531, 20 de Novembro de 1989), artigo 12.º
7604 DIÁRIO DA REPÚBLICA

39. Esta definição é coerente com o princípio de que no nome, o direito a adquirir uma nacionalidade e o direito de
Sistema de Protecção, a criança deve estar no centro e pode conhecer os seus pais e de ser educada por eles. Estes direi-
ser envolvida em iniciativas destinadas ao seu pleno desen- tos também estão consagrados no artigo 32.º da CRA e no
volvimento e autonomia. Esta definição também destaca a artigo 21.º da Lei sobre a Protecção e Desenvolvimento
influência significativa que as crianças têm umas sobre as Integral da Criança. O direito de acesso ao registo de nas-
outras, integrando, para além do diálogo adulto-criança, o cimento está reflectido no ODS 16.9: até 2030, fornecer
diálogo criança-criança. identidade legal para todos, incluindo o registo de nas-
40. A ideia baseia-se nos modelos linear e circular de cimento. O acesso ao registo civil constitui o n.º 3 dos 11
Hardt (Centro de Pesquisas Innocenti Unicef, Florance). Compromissos com a Criança do Governo de Angola.
41. 11 Compromissos com a Criança, Conselho Nacional
ANEXO I
da Criança, Junho de 2011.
Como Fazer o Registo de Nascimento?
42. Marie-Ève Dubois, opt. cit., (Avril 2018), p. 10
O Compromisso n.º 3 do Governo Angolano com a
43. Association des services de réhabilitation sociale
criança enfatiza a necessidade de incrementar as medidas
du Québec, impacts du casierjudiciaire dossier thémaique,
favoráveis ao registo de nascimento, incluindo o registo
(juin 2015), p.3 consultar a partir de https:// asrsq.ca/assets/
gratuito para crianças abaixo dos cinco anos de idade,
files/casier-judiciaire.pdf
e expandir os serviços até à base, de forma a assegurar à
44. Amanda Hilary Breen, The Effects of Labeling and
criança o acesso facilitado e incondicional à cidadania, logo
Stereotype Threat on Offender Reintegration, (2011), p.
após o seu nascimento, através das seguintes acções:
4, consultar a partir de https://ir.library.dc-uoit.ca/ bits-
1. Continuar a institucionalização do registo civil, nas
tream/10155/168/1/Breen_Amanda.pdf
maternidades e nas Administrações Municipais e
45. Ibid, pp.6-7 Comunais;
46. Association des services de réhabilitation sociale du 2. Reforçar a capacidade dos técnicos envolvidos no
Québec, la sphère familiale des délinquants dossier thémati- processo de registo de nascimento, sejam brigadis-
que, (décembre 2013), p.9, consultar a partir de https://asrsq. tas ou funcionários fixos;
ca/assets/files/sphere-familiale-des-delinquants.pdf 3. Incrementar e reforçar as campanhas permanentes de
47. United Nations Office On Drugs And Crime, sensibilização e mobilização social para a massifi-
Introductory Handbook on the Prevention of Recidivism cação da prática do registo civil após o nascimento,
and the Social Reintegration of Offenders, (Vienna, 2018), identificando, para o efeito, parcerias sustentáveis,
como com a saúde e educação;
2018, pp.91-93, consultar a partir de https://www. unodc.org/
4. Definir um sistema de supervisão e de monitoria das
documents/justice-and-prison-re- form/18-02303_ebook.pdf
acções de massificação do registo do nascimento;
48. Ibid. 5. Definir uma estratégia de comunicação social para a
49. Ibid. informação da população sobre o registo de nas-
50. De acordo com as Regras Mínimas das Nações cimento
Unidas para a Administração da Justiça Juvenil (Regras de 6. Implementar o sistema de base de dados de registos
Pequim), o objectivo da formação e de tratamento ofereci- de nascimento a nível nacional.
dos às crianças privadas de liberdade deve ser a prestação de O Registo de Nascimento é um passo vital para proteger as crianças51
cuidados, protecção, educação e competências profissionais, O primeiro registo de nascimento de uma criança
1
é gratuito.
com vista a ajudá-las a assumir papéis socialmente constru- DOCUMENTOS
O registo pode ser efectuado nas maternidades, NECESSÁRIOS
tivos e produtivos na sociedade. Ver: Assembleia Geral das Conservatórias do Registo Civil, nos postos de Bilhete de Identidade
dos pais
Nações Unidas, Convenção sobre os Direitos da Criança, 2
registos das Administrações Municipais, na Loja
Cartão de vacinas, se
de Registo, Serviços Integrados de Atendimento
(Treaty Series, vol. 1577, No. 27531, 20 de Novembro de ao Cidadão (SIAC) da área de residência dos pais houver
e nas brigadas móveis de registo.
1989), artigo 37, parágrafo (b) e artigo 40, parágrafo 1);
Assembleia Geral das Nações Unidas, «United Nations 3
Os pais devem apresentar os respectivos Bilhetes de Identidade. Se não
tiverem têm que obter.
Standard Minimum Rules for the Administration of Juvenile
Se os pais não estiverem registados, devem fazer primeiro o seu registo e
Justice (the Beijing Rules)», Resolução 40/33, de 29 de 4
posteriormente realizar o registo da criança. É gratuito.
Novembro 1985, regras 24.1 e 26.1.
Se os pais são casados, basta a presença de um deles com o documento do
51. O Censo de 2014 revelou que apenas 53% das pes- 5
outro (BI) para registar a criança.
soas foram registadas e que somente 25% das crianças com Se os pais não são casados, a presença dos dois é obrigatória para se fazer o
6
menos de 5 anos de idade possuem registo de nascimento registo da criança.

— isto apesar do Decreto n.º 31/07, de 14 de Maio, defi-


7 A mãe solteira pode fazer o registo de nascimento da criança sozinha.
nir que o registo de nascimento de crianças com menos de
5 anos é gratuito em Angola. O artigo 7.º da Convenção sobre No caso de uniões de facto em que um dos progenitores morre, o caso deve
ser encaminhado para a Sala de Família, a qual estabelece a filiação maternal
os Direitos da Criança determina que a criança é registada 8
ou paternal da criança. Só com esta sentença, é que se pode fazer o registo de
nascimento.
imediatamente logo após o nascimento e tem o direito a um
ANEXO 2
LISTA DE VERIFICAÇÃO
I SÉRIE –– N.º 181 –– DE 24 DE SETEMBRO DE 2021 7605

ANEXO II
Lista de Verificação

LISTA A
Sectores : educação, saúde, serviços sociais, justiça e interior

M Nome M Residência (comuna ou


ponto de referência, caso
M Idade
não seja conhecida morada)
M Sexo
M Naturalidade
M Filiação
M Existência de registo
M Encarregados de educação de nascimento
M Contacto telefónico M Tipo de ocorrência
(breve descrição)

LISTA B
Sector : justiça

M Nome M Naturalidade
M Idade M Existência de registo
de nascimento
M Sexo
M Tipo de ocorrência
M Filiação
(breve descrição)
M Encarregados de educação
M Medidas de protecção social
M Contacto telefónico
M Residência (comuna ou
ponto de referência, caso
não seja conhecida morada)

ANEXO III sentido da sua manutenção numérica, tal como aprovado em


11 Compromissos com a Criança Fora anteriores; e ii) da alteração e ou actualização (con-
V Fórum Nacional Sobre a Criança Junho de 2017. forme os casos) dos Compromissos n.º 1, 2, 6, 7, 10 e 11,
Introdução: mantendo-se, por seu turno, a redacção, o alcance e o sen-
Sob o lema «Por um Futuro Melhor, Cuidemos da tido dos restantes compromissos.
Criança», foi levado a cabo o V Fórum Nacional Sobre a 1. Nesta perspectiva, os 11 Compromissos com as devi-
Criança, em Luanda, no Palácio dos Congressos, de 22 a 24 das alterações e actualizações ficam designados como se
de Junho do ano em curso. segue:
De entre os assuntos postos em discussão, neste Fórum, A) CRIANÇA DOS 0 AOS 5 ANOS DE IDADE
ressalta-se
74 a avaliação do grau de cumprimento dos 11 com- Compromisso n.º 1 — Esperança de Vida ao Nascer
promissos assumidos a favor da criança, relativamente aos Contribuir para a redução da mortalidade materna e
quais os participantes deliberaram e recomendaram: i) no infantil, garantindo a implementação do Plano Estratégico
7606 DIÁRIO DA REPÚBLICA

para a Redução Acelerada da Mortalidade Materno- a) Continuar a institucionalização do registo civil,


-Infantil e visando a sua cobertura universal, dentro de nas maternidades e nas Administrações Munici-
três modalidades: pais e Comunais;
1. Rede fixa de serviços públicos de saúde, das ONG’s b) Reforçar a capacidade dos técnicos envolvidos, no
e Igrejas; processo de registo de nascimento, sejam eles
2. Equipas avançadas e móveis de saúde para atenção a brigadistas ou funcionários fixos;
grupos vulneráveis, sem acesso aos Serviços de Saúde; c) Incrementar e reforçar as campanhas permanentes
3. Actividades de base comunitária e familiar, visando de sensibilização e mobilização social com vista
atingir as seguintes metas: à massificação da prática de registo civil, após
a) Reduzir em 50% a actual taxa de mortalidade de o nascimento, identificando, para o efeito, par-
crianças menores de 5 anos; cerias sustentáveis com a saúde, a educação e
b) Reduzir em 50% a taxa de desnutrição de crianças as igrejas;
menores de 5 anos; d) Definir um sistema de supervisão e monitoria das
c) Reduzir em 50% a taxa de mortalidade materna. acções de massificação do registo de nascimento;
4. Água, Saneamento e Ambiente para assegurar um e) Definir uma estratégia de comunicação social para
ambiente saudável e sustentável às crianças angolanas, atra- a informação da população, relativamente ao
vés dos seguintes objectivos estratégicos: registo de nascimento;
a) Aumentar o acesso da água potável, na ordem dos f) Implementar o sistema de base de dados de registos
80% até 2012, às populações urbanas e rurais, de nascimento, a nível nacional.
no quadro do Programa Água para Todos; Compromisso n.º 4 — Educação da Primeira Infância
b) Aumentar, em todo o País até 2012, a cobertura Expandir e melhorar, em todos os aspectos, os cuidados,
do saneamento para 85% das áreas urbanas e bem como a educação das crianças dos 0-5 anos de idade
50% das zonas rurais, alargando a Abordagem com vista a garantir que, em 2012 e a nível de cada municí-
Saneamento Total Liderado pela Comunidade pio, sejam atendidas, no mínimo, 30% de crianças, através
(STLC); do seguinte:
c) Promover a educação ambiental e práticas seguras a) Garantia de continuidade de funcionamento da
de higiene para 25% da população até 2012. classe de iniciação, nas escolas, priorizando,
Compromisso n.º 2 — Segurança Alimentar e desta feita, as crianças que não tiveram acesso
Nutricional às alternativas de educação Pré-Escolar;
Garantir que todas as crianças disponham, a todo o b) Ampliação da cobertura dos programas destinados
momento, de alimentos com qualidade e variedade, respei- à mobilização e à educação das famílias e das
tando os hábitos alimentares locais e assegurando o seguinte: comunidades, nas questões relativas à protecção
a) O apoio a programas de segurança alimentar e e ao desenvolvimento da primeira infância;
nutricional de base comunitária, utilizando pro- c) Criação de um programa de formação inicial e con-
cessos participativos de planificação e execução; tinuada de educadoras de infância e de vigilantes
b) A motivação das famílias e das comunidades, no de infância.
sentido de adoptarem tecnologias adaptadas, B) CRIANÇA DOS 6 AOS 18 ANOS DE IDADE
inovadoras e práticas; Compromisso n.º 5 — Educação Primária e Formação
c) O reforço da monitorização da disponibilidade de Profissional
alimentos, a nível nacional, particularmente nos Garantir a universalização de uma educação primária de
grupos vulneráveis; qualidade a todas as crianças dos 6 aos 18 anos, assim como
d) A disponibilização atempada de insumos agrícolas a qualificação profissional dos jovens, visando alcançar as
às famílias camponesas ou às Empresas Agríco- seguintes metas até 2015:
las Familiares (EAF), em todo o País; a) Aumentar a taxa líquida de escolarização para mais
e) O reforço dos programas de fomento pecuário, a de 90%;
nível das comunidades rurais e peri-urbanas. b) Aumentar, para mais de 90%, a taxa actual de alfa-
Compromisso n.º 3 — Registo de Nascimento betização das crianças, na faixa etária dos 12 aos
Incrementar medidas que favoreçam o registo de nasci- 18 anos;
mento, incluindo o registo gratuito de crianças com menos c) Reduzir, em 80%, a taxa de disparidade de género
de cinco anos de idade, e expandir tal serviço até à base. Isto nas escolas;
de forma a assegurar à criança angolana o acesso facilitado e d) Baixar a taxa de abandono para menos de 5%;
incondicional à cidadania, logo após o seu nascimento, atra- e) Aumentar a taxa de promoção escolar para mais
vés das seguintes acções: de 90%;
I SÉRIE –– N.º 181 –– DE 24 DE SETEMBRO DE 2021 7607

f) Assegurar, a pelo menos 90%, a distribuição atempada 2. Adequar o Plano Nacional de Acção adoptado pelo
dos kits escolares das crianças do ensino primário; Governo, em 1997, para o combate ao abuso
g) Expandir os cursos de formação profissional para sexual e comercial de menores, estabelecendo
atender 20% de jovens inscritos, nos programas mecanismos claros de denúncia, protecção e
de alfabetização e de aceleração escolar; apoio à reintegração das vítimas;
h) Implantar um sistema fiável de produção e de 3. Adoptar e implementar a Estratégia Nacional
difusão de informação relativa à educação, de de Prevenção e Combate à Violência Contra a
forma a melhorar a gestão e a monitorização do Criança, de acordo com as cinco áreas propostas:
sistema educativo. a) Negligência, abuso, violência física e psicoló-
Compromisso n.º 6 — Justiça Juvenil gica e discriminação;
1. Assegurar a consolidação do Julgado de Menores b) Tráfico;
como órgão jurisdicional para a efectivação de um c) Instrumentalização;
modelo de responsabilidade penal juvenil, face ao d) Trabalho infantil;
adolescente em conflito com a lei; e) Exploração sexual de menores.
2. Garantir a consolidação dos avanços conquistados, 4. Implementar o Protocolo de Palermo relativo ao trá-
na legislação e na rede de serviços de atendimento fico de seres humanos, particularmente mulheres
e na reintegração social dos menores em conflito e crianças;
com a lei; 5. Expandir e fortalecer o papel das redes de protecção e
3. Divulgação e sensibilização da Lei do Julgado de promoção dos direitos da criança como mecanismo
Menores. de articulação, de conciliação e de mediação;
C) TODAS AS CRIANÇA (DOS 0 AOS 18 ANOS 6. Aprovar, em diploma legal, a Estratégia Nacional
DE IDADE) de Prevenção e Combate à violência contra a
Compromisso n.º 7 — Prevenção, Tratamento, Apoio criança.
e Redução do Impacto do VIH/Sida nas Famílias e Crianças Compromisso n.º 9 — Protecção Social e Competências
1. Implementar políticas e acções destinadas à redução Familiares
da transmissão do vírus do VIH e SIDA da mãe para o filho, Adoptar um amplo programa para reforçar a protec-
durante a gravidez, o parto e a amamentação, incrementando: ção social e as competências familiares relacionadas com a
a) Acções de mobilização social para aumentar o criança, através da:
conhecimento das mulheres sobre os riscos da a) Regulamentação da Lei de Base de Protecção
transmissão vertical e sobre a disponibilização Social (Lei n.º 7/04), na vertente da protecção
social de base;
dos centros de saúde com programas de preven-
b) Implementação de medidas multi-sectoriais para
ção da transmissão da mãe para o filho;
aumentar a oferta e o acesso aos serviços essen-
b) Estruturas e serviços sanitários que disponibilizem ciais, particularmente às famílias vulneráveis;
os serviços de prevenção da transmissão vertical c) Capacitação de, pelo menos, 50% das lideranças
do VIH e SIDA nas crianças; das comunidades, lideranças tradicionais e
c) Acompanhamento das mães seropositivas, na dos parceiros sociais (organizações não gover-
continuidade do tratamento medicamentoso, no namentais, igrejas, sindicatos e organizações
cuidado dos filhos, sobretudo entre os 0-18 meses. comunitárias de base) com medidas vitais para
2. Apoiar a implementação do Plano Nacional de os cuidados apropriados da primeira infância,
Prevenção, Tratamento, Apoio e Redução do Impacto do incluindo a componente emocional;
VIH/SIDA nas Famílias e Crianças de forma a: d) Produção e disseminação gratuita de material
Promover políticas e acções para a protecção da criança educativo relacionado com a sobrevivência e o
desenvolvimento da primeira infância, através
infectada e afectada pelo VIH-SIDA, defendendo os
dos órgãos de comunicação social, bibliotecas,
seus direitos, apoiando as suas famílias, criando um
salas de leitura, canais de comunicação interpes-
ambiente de não discriminação da criança, garan-
soais e dos parceiros sociais, reforçando, deste
tindo o seu acesso aos serviços de cuidados básicos, modo, as competências familiares;
incluindo o apoio psicossocial. e) Criação, em cada província, de programas de rádio
Compromisso n.º 8 — Prevenção e Combate à Violência que contribuam para a divulgação de informa-
Contra a Criança ções edificantes rumo ao desenvolvimento pleno
1. Adoptar medidas pertinentes de carácter político, das competências familiares, usando as línguas
legislativo e educativo, estabelecendo mecanismos nacionais;
de coordenação multi-sectorial para prevenir e f) Promoção do acolhimento familiar da criança
combater todas as formas de violência; vulnerável, desencorajando a sua instituciona-
7608 DIÁRIO DA REPÚBLICA

lização, e reforçando a capacidade das famílias j) Promoção de competições desportivas inter-comu-


de garantir o sustento, protecção e educação da nitárias.
criança acolhida; Compromisso n.º 11: A Criança no Plano Nacional e
g) Promoção da humanização no atendimento das no Orçamento Geral do Estado
crianças vulneráveis de acolhimento; De modo a garantir a sustentabilidade dos compromis-
h) Divulgação da Lei contra a Violência Doméstica; sos, em prol do desenvolvimento integral da criança, em
i) Identificação de instituições académicas (Univer- Angola, torna-se imprescindível:
sidades/Institutos) para a realização de estudos a) Adequar, a todos os níveis, os Programas Executi-
sobre a situação da criança. vos do Governo aos Compromissos, bem como
D) GARANTIR A SUSTENTABILIDADE DAS ao exercício da planificação orçamental;
CONQUISTAS A FAVOR DAS CRIANÇAS b) Implementar o Sistema de Indicadores da Criança
Compromisso n.º 10 — A Criança e a Comunicação Angolana, em todas as províncias do País, de
Social, a Cultura e o Desporto modo a permitir a monitoria e a avaliação, assim
Aumentar a vinculação da comunicação social, da cultura
como facilitar a planificação dos programas para
e do desporto no desenvolvimento da criança através da:
a criança;
a) Dedicação de espaços, programas e planos para a
difusão de temas específicos e de assuntos ligados c) Reforçar a liderança dos Administradores Muni-
à saúde, à educação, à cultura, à recreação, ao cipais, na implementação dos 11 Compromissos,
desporto e aos direitos da criança e da família, bem a nível local, no âmbito da desconcentração e
como a cobertura de eventos de interesse da criança; descentralização administrativa;
b) Promoção de acções conducentes à formação espe- d) Avaliar o impacto da utilização dos recursos na
cífica de adultos e crianças para profissionais de melhoria da qualidade de vida das crianças;
informação sobre questões ligadas aos direitos e e) Espelhar, no Plano Bienal, as actividades, em prol
aos interesses da criança;
da criança e os respectivos orçamentos a serem
c) Garantia de espaços, nas rádios, na televisão e nos
afectados pelos Parceiros Sociais;
jornais para que as crianças possam exteriorizar
as suas habilidades e expressar as suas opiniões, f) Reforçar os mecanismos de monitoria, supervisão e
no quadro de um processo de participação inte- avaliação à implementação dos 11 Compromis-
ractiva; sos;
d) Contribuição para a socialização da criança, através g) Promover acções de mobilização de fundos
da cultura e do desporto, mediante o desenvolvi- adicionais, nomeadamente de OGE extra, de
mento de programas de generalização cultural e modo a assegurar a efectiva implementação das
desportiva «Despontar»; actividades de advocacia e dos programas de
e) Recuperação de infra-estruturas culturais e despor-
protecção à criança a nível do País, garantindo
tivas comunitárias e escolares, como premissas
a sua sustentabilidade. O Secretário Geral da
nucleares para o conhecimento da realidade social
e cultural, para o resgate dos valores culturais e Organização das Nações Unidas é designado
para o desenvolvimento da actividade desportiva; como depositário da presente Convenção.
f) Sensibilização e mobilização das famílias, no sentido Compromissos entre o Governo, Sistemas das Nações
de apoiarem as acções do programa de genera- Unidas, Parceiros Sociais e Criança, assumidos no encerra-
lização desportiva, mostrando as vantagens e os mento do V Fórum Nacional sobre a Criança, no dia 24 de
benefícios decorrentes da sua implementação no Junho de 2011.
seio das comunidades infanto-juvenis;
g) Promoção de acções de formação e capacitação de ANEXO IV
monitores, animadores e dirigentes culturais e Convenção sobre os Direitos da Criança
desportivos em todas províncias; Adoptada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em
h) Constituição de núcleos de desenvolvimento
20 de Novembro de 1989 e ratificada por Angola em 5 de
cultural e desportivo comunitário, em todos os
Dezembro de 1990.
municípios;
Preâmbulo
i) Integração da criança, no sistema desportivo (no
âmbito da iniciação desportiva), observando as Os Estados-Partes na presente Convenção.
regras de preparação desportiva (preliminar: Considerando que, em conformidade com os princípios
7-10 anos; especialização inicial: 11-13 anos; proclamados pela Carta das Nações Unidas, o reconheci-
especialização profunda: 14-16 anos; resultados mento da dignidade inerente a todos os membros da família
desportivos: 17-18 anos e manutenção: + de humana e dos seus direitos iguais e inalienáveis constitui o
18 anos); fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo;
I SÉRIE –– N.º 181 –– DE 24 DE SETEMBRO DE 2021 7609

Tendo presente que, na Carta, os povos das Nações de 1986), o Conjunto de Regras Mínimas das Nações Unidas
Unidas proclamaram, de novo, a sua fé nos direitos fun- relativas à Administração da Justiça para Menores («Regras
damentais do homem, na dignidade e no valor da pessoa de Beijing») (8) (Resolução n.º 40/33 da Assembleia Geral,
humana e que resolveram favorecer o progresso social e de 29 de Novembro de 1985) e a Declaração sobre Protecção
instaurar melhores condições de vida numa liberdade mais de Mulheres e Crianças em Situação de Emergência ou de
ampla; Conflito Armado (Resolução n.º 3318 (XXIX) da Assembleia
Reconhecendo que as Nações Unidas, na Declaração Geral, de 14 de Dezembro de 1974) (9);
Universal dos Direitos do Homem (3) e nos pactos interna- Reconhecendo que em todos os países do mundo há
cionais Relativos aos Direitos do Homem (4), proclamaram crianças que vivem em condições particularmente difíceis e
e acordaram em que toda a pessoa humana pode invocar os que importa assegurar uma atenção especial a essas crianças;
direitos e liberdades aqui enunciados, sem distinção alguma, Tendo devidamente em conta a importância das tradi-
nomeadamente de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião ções e valores culturais de cada povo para a protecção e o
política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, desenvolvimento harmonioso da criança;
nascimento ou de qualquer outra situação; Reconhecendo a importância da cooperação internacional
Recordando que, na Declaração Universal dos Direitos para a melhoria das condições de vida das crianças em todos
do Homem, a Organização das Nações Unidas proclamou os países, em particular nos países em desenvolvimento;
que a infância tem direito a uma ajuda e assistência especiais; Acordam no seguinte:
Convictos de que a família, elemento natural e funda-
PARTE I
mental da sociedade e meio natural para o crescimento e
bem-estar de todos os seus membros, e em particular das ARTIGO 1.º

crianças, deve receber a protecção e a assistência necessárias Nos termos da presente Convenção, criança é todo o ser
para desempenhar plenamente o seu papel na comunidade; humano menor de 18 anos, salvo se, nos termos da lei que
Reconhecendo que a criança, para o desenvolvimento har- lhe for aplicável, atingir a maioridade mais cedo.
monioso da sua personalidade, deve crescer num ambiente ARTIGO 2.º
familiar, em clima de felicidade, amor e compreensão; 1. Os Estados-Partes comprometem-se a respeitar e a
Considerando que importa preparar plenamente a criança garantir os direitos previstos na presente Convenção a todas
para viver uma vida individual na sociedade e ser educada no as crianças que se encontrem sujeitas à sua jurisdição, sem
espírito dos ideais proclamados na Carta das Nações Unidas discriminação alguma, independentemente de qualquer con-
e, em particular, num espírito de paz, dignidade, tolerância, sideração de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política
liberdade e solidariedade; ou outra da criança, de seus pais ou representantes legais, ou
Tendo presente que a necessidade de garantir uma pro- da sua origem nacional, étnica ou social, fortuna, incapaci-
tecção especial à criança foi enunciada pela Declaração de dade, nascimento ou de qualquer outra situação.
Genebra de 1924 sobre os Direitos da Criança (5) e pela 2. Os Estados-Partes tomam todas as medidas adequa-
Declaração dos Direitos da Criança adoptada pelas Nações das para que a criança seja efectivamente protegida contra
Unidas em 1959 (2), e foi reconhecida pela Declaração todas as formas de discriminação ou de sanção decorren-
Universal dos Direitos do Homem, pelo Pacto Internacional tes da situação jurídica, de actividades, opiniões expressas
sobre os Direitos Civis e Políticos (nomeadamente nos arti- ou convicções de seus pais, representantes legais ou outros
gos 23.º e 24.º) 4, pelo Pacto Internacional sobre os Direitos membros da sua família.
Económicos, Sociais e Culturais (nomeadamente o arti- ARTIGO 3.º
go 10.º) e pelos estatutos e instrumentos pertinentes das 1. Todas as decisões relativas a crianças, adoptadas por
agências especializadas e organizações internacionais que instituições públicas ou privadas de protecção social, por
se dedicam ao bem-estar da criança; tribunais, autoridades administrativas ou órgãos legislati-
Tendo presente que, como indicado na Declaração dos vos, terão primacialmente em conta o interesse superior da
Direitos da Criança, adoptada em 20 de Novembro de 1959 criança.
pela Assembleia Geral das Nações Unidas, «a criança, por 2. Os Estados-Partes comprometem-se a garantir à criança
motivo da sua falta de maturidade física e intelectual, tem a protecção e os cuidados necessários ao seu bem-estar,
necessidade de uma protecção e cuidados especiais, nomea- tendo em conta os direitos e deveres dos pais, representan-
damente de protecção jurídica adequada, tanto antes como tes legais ou outras pessoas que a tenham legalmente a seu
depois do nascimento» (6); cargo e, para este efeito, tomam todas as medidas legislati-
Recordando as disposições da Declaração sobre os vas e administrativas adequadas.
Princípios Sociais e Jurídicos Aplicáveis à Protecção e Bem- 3. Os Estados-Partes garantem que o funcionamento de
Estar das Crianças, com Especial Referência à Adopção e instituições, serviços e estabelecimentos que têm crianças
Colocação Familiar nos Planos Nacional e Internacional (7) a seu cargo e asseguram que a sua protecção seja conforme
(Resolução n.º 41/85 da Assembleia Geral, de 3 de Dezembro às normas fixadas pelas autoridades competentes, nomeada-
7610 DIÁRIO DA REPÚBLICA

mente nos domínios da segurança e saúde, relativamente ao de, por exemplo, os pais maltratarem ou negligenciarem
número e qualificação do seu pessoal, bem como quanto à a criança ou no caso de os pais viverem separados e uma
existência de uma adequada fiscalização. decisão sobre o lugar da residência da criança tiver de ser
ARTIGO 4.º tomada.
Os Estados-Partes comprometem-se a tomar todas as 2. Em todos os casos previstos no n.º 1 todas as Partes
medidas legislativas, administrativas e outras necessá- interessadas devem ter a possibilidade de participar nas deli-
rias à realização dos direitos reconhecidos pela presente berações e de dar a conhecer os seus pontos de vista.
Convenção. No caso de direitos económicos, sociais e cul- 3. Os Estados-Partes respeitam o direito da criança sepa-
turais, tomam essas medidas no limite máximo dos seus rada de um ou de ambos os seus pais de manter regularmente
recursos disponíveis e, se necessário, no quadro da coope- relações pessoais e contactos directos com ambos, salvo se
ração internacional. tal se mostrar contrário ao interesse superior da criança.
ARTIGO 5.º 4. Quando a separação resultar de medidas tomadas
Os Estados-Partes respeitam as responsabilidades, direi- por um Estado-Parte, tais como a detenção, prisão, exílio,
tos e deveres dos pais e, sendo caso disso, dos membros da expulsão ou morte (incluindo a morte ocorrida no decurso
família alargada ou da comunidade nos termos dos costu- de detenção, independentemente da sua causa) de ambos os
mes locais, dos representantes legais ou de outras pessoas pais ou de um deles, ou da criança, o Estado-Parte, se tal lhe
que tenham a criança legalmente a seu cargo, de assegurar for solicitado, dará aos pais, à criança ou, sendo esse o caso,
à criança, de forma compatível com o desenvolvimento das a um outro membro da família informações essenciais sobre
suas capacidades, a orientação e os conselhos adequados ao o local onde se encontram o membro ou membros da famí-
exercício dos direitos que lhe são reconhecidos pela presente lia, a menos que a divulgação de tais informações se mostre
Convenção. prejudicial ao bem-estar da criança. Os Estados-Partes com-
ARTIGO 6.º prometem-se, além disso, a que a apresentação de um pedido
1. Os Estados-Partes reconhecem à criança o direito ine- de tal natureza não determine em si mesmo consequências
rente à vida. adversas para a pessoa ou pessoas interessadas.
2. Os Estados-Partes asseguram na máxima medida pos-
ARTIGO 10.º
sível a sobrevivência e o desenvolvimento da criança.
1. Nos termos da obrigação decorrente para os Estados-
ARTIGO 7.º
-Partes ao abrigo do n.º 1 do artigo 9.º, todos os pedidos
1. A criança é registada imediatamente após o nasci- formulados por uma criança ou por seus pais para entrar
mento e tem desde o nascimento o direito a um nome, o
num Estado-Parte ou para o deixar, com o fim de reunifi-
direito a adquirir uma nacionalidade e, sempre que possível,
cação familiar, são considerados pelos Estados-Partes de
o direito de conhecer os seus pais e de ser educada por eles.
forma positiva, com humanidade e diligência. Os Estados-
2. Os Estados-Partes garantem a realização destes direi-
-Partes garantem, além disso, que a apresentação de um tal
tos de harmonia com a legislação nacional e as obrigações
pedido não determinará consequências adversas para os seus
decorrentes dos instrumentos jurídicos internacionais rele-
autores ou para os membros das suas famílias.
vantes neste domínio, nomeadamente nos casos em que, de
2. Uma criança cujos pais residem em diferentes
outro modo, a criança ficasse apátrida.
Estados-Partes tem o direito de manter, salvo circunstâncias
ARTIGO 8.º
excepcionais, relações pessoais e contactos directos regula-
1. Os Estados-Partes comprometem-se a respeitar o
res com ambos. Para esse efeito, e nos termos da obrigação
direito da criança e a preservar a sua identidade, incluindo a
que decorre para os Estados-Partes ao abrigo do n.º 2 do
nacionalidade, o nome e relações familiares, nos termos da
artigo 9.º, os Estados-Partes respeitam o direito da criança
lei, sem ingerência ilegal.
2. No caso de uma criança ser ilegalmente privada de e de seus pais de deixar qualquer país, incluindo o seu, e de
todos os elementos constitutivos da sua identidade ou de regressar ao seu próprio país. O direito de deixar um país só
alguns deles, os Estados-Partes devem assegurar-lhe assis- pode ser objecto de restrições que, sendo previstas na lei,
tência e protecção adequadas, de forma que a sua identidade constituam disposições necessárias para proteger a segu-
seja restabelecida o mais rapidamente possível. rança nacional, a ordem pública, a saúde ou moral públicas,
ARTIGO 9.º
ou os direitos e liberdades de outrem, e se mostrem com-
1. Os Estados-Partes garantem que a criança não é patíveis com os outros direitos reconhecidos na presente
separada de seus pais contra a vontade destes, salvo se as Convenção.
autoridades competentes decidirem, sem prejuízo de revisão ARTIGO 11.º
judicial e de harmonia com a legislação e o processo aplicá- 1. Os Estados-Partes tomam as medidas adequadas para
veis, que essa separação é necessária no interesse superior combater a deslocação e a retenção ilícitas de crianças no
da criança. Tal decisão pode mostrar-se necessária no caso estrangeiro.
7612 DIÁRIO DA REPÚBLICA

sexual, enquanto se encontrar sob a guarda de seus pais ou e) Promovem os objectivos deste artigo pela con-
de um deles, dos representantes legais ou de qualquer outra clusão de acordos ou tratados bilaterais ou
pessoa a cuja guarda haja sido confiada. multilaterais, consoante o caso, e neste domí-
2. Tais medidas de protecção devem incluir, consoante nio procuram assegurar que as colocações de
o caso, processos eficazes para o estabelecimento de pro- crianças no estrangeiro sejam efectuadas por
gramas sociais destinados a assegurar o apoio necessário
autoridades ou organismos competentes.
à criança e aqueles a cuja guarda está confiada, bem como
outras formas de prevenção, e para identificação, elaboração ARTIGO 22.º
de relatório, transmissão, investigação, tratamento e acom- 1. Os Estados-Partes tomam as medidas necessárias para
panhamento dos casos de maus tratos infligidos à criança, que a criança que requeira o estatuto de refugiado ou que
acima descritos, compreendendo igualmente, se necessário, seja considerada refugiado, de harmonia com as normas e
processos de intervenção judicial. processos de direito internacional ou nacional aplicáveis,
quer se encontre só, quer acompanhada de seus pais ou de
ARTIGO 20.º
qualquer outra pessoa, beneficie de adequada protecção
1. A criança temporária ou definitivamente privada do
e assistência humanitária, de forma a permitir o gozo dos
seu ambiente familiar ou que, no seu interesse superior, não
direitos reconhecidos pela presente Convenção e outros ins-
possa ser deixada em tal ambiente tem direito à protecção e
trumentos internacionais relativos aos direitos do homem ou
assistência especiais do Estado.
de carácter humanitário, de que os referidos Estados sejam
2. Os Estados-Partes asseguram a tais crianças uma pro-
Partes.
tecção alternativa, nos termos da sua legislação nacional.
2. Para esse efeito, os Estados-Partes cooperam, nos
3. A protecção alternativa pode incluir, entre outras,
termos considerados adequados, nos esforços desenvol-
a forma de colocação familiar, a kafala do direito islâ-
vidos pela Organização das Nações Unidas e por outras
mico, a adopção ou, no caso de tal se mostrar necessário,
organizações intergovernamentais ou não governamentais
a colocação em estabelecimentos adequados de assistência
competentes que colaborem com a Organização das Nações
às crianças. Ao considerar tais soluções, importa atender
Unidas na protecção e assistência de crianças que se encon-
devidamente à necessidade de assegurar continuidade à edu-
trem em tal situação, e na procura dos pais ou de outros
cação da criança, bem como à sua origem étnica, religiosa,
membros da família da criança refugiada, de forma a obter
cultural e linguística.
as informações necessárias à reunificação familiar. No caso
ARTIGO 21.º de não terem sido encontrados os pais ou outros membros da
Os Estados-Partes que reconhecem e ou permitem a família, a criança deve beneficiar, à luz dos princípios enun-
adopção asseguram que o interesse superior da criança será ciados na presente Convenção, da protecção assegurada a
a consideração primordial neste domínio e: toda a criança que, por qualquer motivo, se encontre privada
a) Garantem que a adopção de uma criança é autori- temporária ou definitivamente do seu ambiente familiar.
zada unicamente pelas autoridades competentes, ARTIGO 23.º
que, nos termos da lei e do processo aplicáveis
1. Os Estados-Partes reconhecem à criança mental e fisi-
e baseando-se em todas as informações credí-
camente deficiente o direito a uma vida plena e decente em
veis relativas ao caso concreto, verificam que a
condições que garantam a sua dignidade, favoreçam a sua
adopção pode ter lugar face à situação da criança
autonomia e facilitem a sua participação activa na vida da
relativamente a seus pais, parentes e represen-
tantes legais e que, se necessário, as pessoas comunidade.
interessadas deram em consciência o seu con- 2. Os Estados-Partes reconhecem à criança deficiente
sentimento à adopção, após se terem socorrido o direito de beneficiar de cuidados especiais e encorajam e
de todos os pareceres julgados necessários; asseguram, na medida dos recursos disponíveis, a prestação
b) Reconhecem que a adopção internacional pode ser à criança que reúna as condições requeridas e aqueles que
considerada como uma forma alternativa de pro- a tenham a seu cargo de uma assistência correspondente ao
tecção da criança se esta não puder ser objecto pedido formulado e adaptada ao estado da criança e à situa-
de uma medida de colocação numa família de ção dos pais ou daqueles que a tiverem a seu cargo.
acolhimento ou adoptiva, ou se não puder ser 3. Atendendo às necessidades particulares da criança
convenientemente educada no seu país de ori- deficiente, a assistência fornecida nos termos do n.º 2 será
gem; gratuita sempre que tal seja possível, atendendo aos recursos
c) Garantem à criança sujeito de adopção internacio- financeiros dos pais ou daqueles que tiverem a criança a seu
nal o gozo das garantias e normas equivalentes cargo, e é concebida de maneira a que a criança deficiente
às aplicáveis em caso de adopção nacional; tenha efectivo acesso à educação, à formação, aos cuidados
d) Tomam todas as medidas adequadas para garan- de saúde, à reabilitação, à preparação para o emprego e a
tir que, em caso de adopção internacional, a actividades recreativas, e beneficie desses serviços de forma
colocação da criança se não traduza num bene- a assegurar uma integração social tão completa quanto pos-
fício material indevido para os que nela estejam sível e o desenvolvimento pessoal, incluindo nos domínios
envolvidos; cultural e espiritual.
I SÉRIE –– N.º 181 –– DE 24 DE SETEMBRO DE 2021 7613

4. Num espírito de cooperação internacional, os Estados- ou tratamento físico ou mental, o direito à revisão periódica
-Partes promovem a troca de informações pertinentes no do tratamento a que foi submetida e de quaisquer outras cir-
domínio dos cuidados preventivos de saúde e do tratamento cunstâncias ligadas à sua colocação.
médico, psicológico e funcional das crianças deficientes,
ARTIGO 26.º
incluindo a difusão de informações respeitantes aos méto-
1. Os Estados-Partes reconhecem à criança o direito de
dos de reabilitação e aos serviços de formação profissional,
beneficiar da segurança social e tomam todas as medidas
bem como o acesso a esses dados, com vista a permitir que
necessárias para assegurar a plena realização deste direito,
os Estados-Partes melhorem as suas capacidades e qualifica-
nos termos da sua legislação nacional.
ções e alarguem a sua experiência nesses domínios. A este
2. As prestações, se a elas houver lugar, devem ser atri-
respeito atender-se-á de forma particular às necessidades
buídas tendo em conta os recursos e a situação da criança e
dos países em desenvolvimento.
das pessoas responsáveis pela sua manutenção, assim como
ARTIGO 24.º qualquer outra consideração relativa ao pedido de prestação
1. Os Estados-Partes reconhecem à criança o direito a feito pela criança ou em seu nome.
gozar do melhor estado de saúde possível e a beneficiar de
ARTIGO 27.º
serviços médicos e de reeducação. Os Estados-Partes velam
1. Os Estados-Partes reconhecem à criança o direito a
pela garantia de que nenhuma criança seja privada do direito
um nível de vida suficiente, de forma a permitir o seu desen-
de acesso a tais Serviços de Saúde.
volvimento físico, mental, espiritual, moral e social.
2. Os Estados-Partes prosseguem a realização integral
2. Cabe primacialmente aos pais e às pessoas que têm
deste direito e, nomeadamente, tomam medidas adequadas a criança a seu cargo a responsabilidade de assegurar, den-
para: tro das suas possibilidades e disponibilidades económicas,
a) Fazer baixar a mortalidade entre as crianças de as condições de vida necessárias ao desenvolvimento da
tenra idade e a mortalidade infantil; criança.
b) Assegurar a assistência médica e os cuidados de 3. Os Estados Partes, tendo em conta as condições
saúde necessários a todas as crianças, enfati- nacionais e na medida dos seus meios, tomam as medidas
zando o desenvolvimento dos cuidados de saúde adequadas para ajudar os pais e outras pessoas que tenham
primários; a criança a seu cargo a realizar este direito e asseguram, em
c) Combater a doença e a má nutrição, no quadro dos caso de necessidade, auxílio material e programas de apoio,
cuidados de saúde primários, graças nomea- nomeadamente no que respeita à alimentação, vestuário e
damente à utilização de técnicas facilmente alojamento.
disponíveis e ao fornecimento de alimentos 4. Os Estados-Partes tomam todas as medidas adequadas
nutritivos e de água potável, tendo em considera- tendentes a assegurar a cobrança da pensão alimentar devida
ção os perigos e riscos da poluição do ambiente; à criança, de seus pais ou de outras pessoas que tenham a
d) Assegurar às mães os cuidados de saúde, antes e criança economicamente a seu cargo, tanto no seu território
depois do nascimento; quanto no estrangeiro. Nomeadamente, quando a pessoa que
e) Assegurar que todos os grupos da população, nomea- tem a criança economicamente a seu cargo vive num Estado
damente os pais e as crianças, sejam informados, diferente do da criança, os Estados-Partes devem promo-
tenham acesso e sejam apoiados na utilização de ver a adesão a acordos internacionais ou a conclusão de tais
conhecimentos básicos sobre a saúde e a nutrição acordos, assim como a adopção de quaisquer outras medidas
da criança, as vantagens do aleitamento materno, julgadas adequadas.
a higiene e a salubridade do ambiente, bem como ARTIGO 28.º
a prevenção de acidentes; 1. Os Estados-Partes reconhecem o direito da criança à
f) Desenvolver os cuidados preventivos de saúde, os educação e tendo, nomeadamente, em vista assegurar pro-
conselhos aos pais e a educação sobre planea- gressivamente o exercício desse direito na base da igualdade
mento familiar e os serviços respectivos. de oportunidades:
3. Os Estados-Partes tomam todas as medidas eficazes e
a) Tornam o ensino primário obrigatório e gratuito
adequadas com vista a abolir as práticas tradicionais preju-
para todos;
diciais à saúde das crianças.
b) Encorajam a organização de diferentes sistemas de
4. Os Estados-Partes comprometem-se a promover e a
encorajar a cooperação internacional, de forma a garantir Ensino Secundário, Geral e Profissional, tornam
progressivamente a plena realização do direito reconhecido estes públicos e acessíveis a todas as crianças e
no presente artigo. A este respeito atender-se-á de forma par- tomam medidas adequadas, tais como a intro-
ticular às necessidades dos países em desenvolvimento. dução da gratuitidade do ensino e a oferta de
ARTIGO 25.º auxílio financeiro em caso de necessidade;
Os Estados-Partes reconhecem à criança que foi objecto c) Tornam o ensino superior acessível a todos, em
de uma medida de colocação num estabelecimento pelas função das capacidades de cada um, por todos
autoridades competentes, para fins de assistência, protecção os meios adequados;
7614 DIÁRIO DA REPÚBLICA

d) Tornam a informação e a orientação escolar e tica e encorajam a organização, em seu benefício, de formas
profissional públicas e acessíveis a todas as adequadas de tempos livres e de actividades recreativas,
crianças; artísticas e culturais, em condições de igualdade.
e) Tomam medidas para encorajar a frequência escolar ARTIGO 32.º
regular e a redução das taxas de abandono escolar. 1. Os Estados-Partes reconhecem à criança o direito de
2. Os Estados-Partes tomam as medidas adequadas para ser protegida contra a exploração económica ou a sujeição a
velar por que a disciplina escolar seja assegurada de forma trabalhos perigosos ou capazes de comprometer a sua educa-
compatível com a dignidade humana da criança e nos termos ção, prejudicar a sua saúde ou o seu desenvolvimento físico,
da presente Convenção. mental, espiritual, moral ou social.
3. Os Estados-Partes promovem e encorajam a coopera- 2. Os Estados-Partes tomam medidas legislativas, admi-
ção internacional no domínio da educação, nomeadamente nistrativas, sociais e educativas para assegurar a aplicação
de forma a contribuir para a eliminação da ignorância e do deste artigo. Para esse efeito, e tendo em conta as disposições
analfabetismo no mundo e a facilitar o acesso aos conheci- relevantes de outros instrumentos jurídicos internacionais,
mentos científicos e técnicos e aos modernos métodos de os Estados-Partes devem, nomeadamente:
ensino. A este respeito atender-se-á de forma particular às a) Fixar uma idade mínima ou idades mínimas para a
necessidades dos países em desenvolvimento. admissão a um emprego;
ARTIGO 29.º b) Adoptar regulamentos próprios relativos à duração
1. Os Estados-Partes acordam em que a educação da e às condições de trabalho;
criança deve destinar-se a: c) Prever penas ou outras sanções adequadas para
a) Promover o desenvolvimento da personalidade assegurar uma efectiva aplicação deste artigo.
da criança, dos seus dons e aptidões mentais e ARTIGO 33.º
físicos na medida das suas potencialidades; Os Estados-Partes adoptam todas as medidas adequa-
b) Inculcar na criança o respeito pelos direitos do das, incluindo medidas legislativas, administrativas, sociais
homem e liberdades fundamentais e pelos prin- e educativas para proteger as crianças contra o consumo ilí-
cípios consagrados na Carta das Nações Unidas; cito de estupefacientes e de substâncias psicotrópicas, tais
c) Inculcar na criança o respeito pelos pais, pela sua como definidos nas convenções internacionais aplicáveis, e
identidade cultural, língua e valores, pelos valo- para prevenir a utilização de crianças na produção e no trá-
res nacionais do país em que vive, do país de fico ilícitos de tais substâncias.
origem e pelas civilizações diferentes da sua;
ARTIGO 34.º
d) Preparar a criança para assumir as responsabili-
Os Estados-Partes comprometem-se a proteger a criança
dades da vida numa sociedade livre, num espírito
contra todas as formas de exploração e de violência sexuais.
de compreensão, paz, tolerância, igualdade entre
Para esse efeito, os Estados-Partes devem, nomeadamente,
os sexos e de amizade entre todos os povos, gru-
tomar todas as medidas adequadas, nos planos nacional,
pos étnicos, nacionais e religiosos e com pessoas
bilateral e multilateral para impedir:
de origem indígena;
a) Que a criança seja incitada ou coagida a dedicar-se
e) Promover o respeito da criança pelo meio ambiente.
a uma actividade sexual ilícita;
2. Nenhuma disposição deste artigo ou do artigo 28.º
b) Que a criança seja explorada para fins de prostitui-
pode ser interpretada de forma a ofender a liberdade dos
ção ou de outras práticas sexuais ilícitas;
indivíduos ou das pessoas colectivas de criar e dirigir esta-
c) Que a criança seja explorada na produção de espec-
belecimentos de ensino, desde que sejam respeitados os
táculos ou de material de natureza pornográfica.
princípios enunciados no n.º 1 do presente artigo e que a
educação ministrada nesses estabelecimentos seja conforme ARTIGO 35.º
às regras mínimas prescritas pelo Estado. Os Estados-Partes tomam todas as medidas adequadas,
nos planos nacional, bilateral e multilateral, para impedir o
ARTIGO 30.º
rapto, a venda ou o tráfico de crianças, independentemente
Nos Estados em que existam minorias étnicas, religio-
do seu fim ou forma.
sas ou linguísticas ou pessoas de origem indígena, nenhuma
ARTIGO 36.º
criança indígena ou que pertença a uma dessas minorias
Os Estados-Partes protegem a criança contra todas as
poderá ser privada do direito de, conjuntamente com mem-
formas de exploração prejudiciais a qualquer aspecto do seu
bros do seu grupo, ter a sua própria vida cultural, professar e bem-estar.
praticar a sua própria religião ou utilizar a sua própria língua.
ARTIGO 37.º
ARTIGO 31.º Os Estados-Partes garantem que:
1. Os Estados-Partes reconhecem à criança o direito ao a) Nenhuma criança será submetida à tortura ou a
repouso e aos tempos livres, o direito de participar em jogos penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou
e actividades recreativas próprias da sua idade e de partici- degradantes. A pena de morte e a prisão perpé-
par livremente na vida cultural e artística. tua sem possibilidade de libertação não serão
2. Os Estados-Partes respeitam e promovem o direito impostas por infracções cometidas por pessoas
da criança de participar plenamente na vida cultural e artís- com menos de 18 anos;
I SÉRIE –– N.º 181 –– DE 24 DE SETEMBRO DE 2021 7611

2. Para esse efeito, os Estados-Partes promovem a con- ARTIGO 17.º


clusão de acordos bilaterais ou multilaterais ou a adesão a Os Estados-Partes reconhecem a importância da função
acordos existentes. exercida pelos órgãos de comunicação social e asseguram o
ARTIGO 12.º acesso da criança à informação e a documentos provenientes
1. Os Estados-Partes garantem à criança com capaci- de fontes nacionais e internacionais diversas, nomeadamente
dade de discernimento o direito de exprimir livremente a sua aqueles que visem promover o seu bem-estar social, espiri-
opinião sobre as questões que lhe respeitem, sendo devida- tual e moral, assim como a sua saúde física e mental. Para
mente tomadas em consideração as opiniões da criança, de esse efeito, os Estados-Partes devem:
acordo com a sua idade e maturidade. a) Encorajar os Órgãos de Comunicação Social a
2. Para este fim, é assegurada à criança a oportunidade de difundir informação e documentos que revistam
ser ouvida nos processos judiciais e administrativos que lhe utilidade social e cultural para a criança e se
respeitem, seja directamente, seja através de representante enquadrem no espírito do artigo 29.º;
ou de organismo adequado, segundo as modalidades previs- b) Encorajar a cooperação internacional tendente
tas pelas regras de processo da legislação nacional. a produzir, trocar e difundir informação e
ARTIGO 13.º documentos dessa natureza, provenientes de
1. A criança tem direito à liberdade de expressão. Este diferentes fontes culturais, nacionais e interna-
direito compreende a liberdade de procurar, receber e cionais;
expandir informações e ideias de toda a espécie, sem con- c) Encorajar a produção e a difusão de livros para
siderações de fronteiras, sob forma oral, escrita, impressa crianças;
ou artística ou por qualquer outro meio à escolha da criança. d) Encorajar os Órgãos de Comunicação Social a
2. O exercício deste direito só pode ser objecto de restri- ter particularmente em conta as necessidades
ções previstas na lei e que sejam necessárias: linguísticas das crianças indígenas ou que per-
a) Ao respeito dos direitos e da reputação de outrem; tençam a um grupo minoritário;
b) À salvaguarda da segurança nacional, da ordem e) Favorecer a elaboração de princípios orientado-
pública, da saúde ou da moral públicas. res adequados à protecção da criança contra a
ARTIGO 14.º informação e documentos prejudiciais ao seu
1. Os Estados-Partes respeitam o direito da criança à bem-estar, nos termos do disposto nos arti-
liberdade de pensamento, de consciência e de religião. gos 13.º e 18.º
2. Os Estados-Partes respeitam os direitos e deveres dos ARTIGO 18.º
pais e, sendo caso disso, dos representantes legais, de orien- 1. Os Estados-Partes diligenciam de forma a assegu-
tar a criança no exercício deste direito, de forma compatível rar o reconhecimento do princípio segundo o qual ambos
com o desenvolvimento das suas capacidades. os pais têm uma responsabilidade comum na educação e no
3. A liberdade de manifestar a sua religião ou as suas desenvolvimento da criança. A responsabilidade de educar
convicções só pode ser objecto de restrições previstas na lei a criança e de assegurar o seu desenvolvimento cabe prima-
e que se mostrem necessárias à protecção da segurança, da cialmente aos pais e, sendo caso disso, aos representantes
ordem e da saúde públicas, ou da moral e das liberdades e legais. O interesse superior da criança deve constituir a sua
direitos fundamentais de outrem. preocupação fundamental.
ARTIGO 15.º 2. Para garantir e promover os direitos enunciados na
1. Os Estados-Partes reconhecem os direitos da criança presente Convenção, os Estados-Partes asseguram uma
à liberdade de associação e à liberdade de reunião pacífica. assistência adequada aos pais e representantes legais da
2. O exercício destes direitos só pode ser objecto de criança no exercício da responsabilidade que lhes cabe de
restrições previstas na lei e que sejam necessárias, numa educar a criança e garantem o estabelecimento de institui-
sociedade democrática, no interesse da segurança nacional ções, instalações e serviços de assistência à infância.
ou da segurança pública, da ordem pública, para proteger 3. Os Estados-Partes tomam todas as medidas adequadas
a saúde ou a moral públicas ou os direitos e liberdades de para garantir às crianças cujos pais trabalhem o direito de
outrem. beneficiar de serviços e instalações de assistência às crianças
ARTIGO 16.º para os quais reúnam as condições requeridas.
1. Nenhuma criança pode ser sujeita a intromissões arbi- ARTIGO 19.º
trárias ou ilegais na sua vida privada, na sua família, no seu 1. Os Estados-Partes tomam todas as medidas legisla-
domicílio ou correspondência, nem a ofensas ilegais à sua tivas, administrativas, sociais e educativas adequadas à
honra e reputação. protecção da criança contra todas as formas de violência
2. A criança tem direito à protecção da lei contra tais física ou mental, dano ou sevícia, abandono ou tratamento
intromissões ou ofensas. negligente; maus tratos ou exploração, incluindo a violência
I SÉRIE –– N.º 181 –– DE 24 DE SETEMBRO DE 2021 7615

b) Nenhuma criança será privada de liberdade de forma reintegração social e o assumir de um papel construtivo no
ilegal ou arbitrária: a captura, detenção ou prisão seio da sociedade.
de uma criança devem ser conformes à lei, serão 2. Para esse feito, e atendendo às disposições pertinentes
utilizadas unicamente como medida de último dos instrumentos jurídicos internacionais, os Estados-Partes
recurso e terão a duração mais breve possível; garantem, nomeadamente, que:
c) A criança privada de liberdade deve ser tratada a) Nenhuma criança seja suspeita, acusada ou reco-
com a humanidade e o respeito devidos à digni- nhecida como tendo infringido a lei penal por
dade da pessoa humana e de forma consentânea acções ou omissões que, no momento da sua
com as necessidades das pessoas da sua idade. prática, não eram proibidas pelo direito nacional
Nomeadamente, a criança privada de liberdade ou internacional;
deve ser separada dos adultos, a menos que, b) A criança suspeita ou acusada de ter infringido a
no superior interesse da criança, tal não pareça lei penal tenha, no mínimo, direito às garantias
aconselhável, e tem o direito de manter contacto seguintes:
com a sua família através de correspondência e i. Presumir-se inocente até que a sua culpabili-
visitas, salvo em circunstâncias excepcionais; dade tenha sido legalmente estabelecida;
d) A criança privada de liberdade tem o direito de ace- ii. A ser informada pronta e directamente das
der rapidamente à assistência jurídica ou a outra acusações formuladas contra si ou, se neces-
assistência adequada e o direito de impugnar a sário, através de seus pais ou representantes
legalidade da sua privação de liberdade perante legais, e beneficiar de assistência jurídica ou
de outra assistência adequada para a prepara-
um tribunal ou outra autoridade competente,
ção e apresentação da sua defesa;
independente e imparcial, bem como o direito a
iii. A sua causa ser examinada sem demora por
uma rápida decisão sobre tal matéria.
uma autoridade competente, independente e
ARTIGO 38.º imparcial ou por um tribunal, de forma equi-
1. Os Estados-Partes comprometem-se a respeitar e a tativa nos termos da lei, na presença do seu
fazer respeitar as normas de direito humanitário internacio- defensor ou de outrem, assegurando assis-
nal que lhes sejam aplicáveis em caso de conflito armado e tência adequada e, a menos que tal se mostre
que se mostrem relevantes para a criança. contrário ao interesse superior da criança,
2. Os Estados-Partes devem tomar todas as medidas pos- nomeadamente atendendo à sua idade ou
síveis na prática para garantir que nenhuma criança com situação, na presença de seus pais ou repre-
menos de 15 anos participe directamente nas hostilidades. sentantes legais;
3. Os Estados-Partes devem abster-se de incorporar iv. A não ser obrigada a testemunhar ou a confes-
nas forças armadas as pessoas que não tenham a idade de sar-se culpada, a interrogar ou fazer interrogar
15 anos. No caso de incorporação de pessoas de idade supe- as testemunhas de acusação e a obter a com-
rior a 15 anos e inferior a 18 anos, os Estados-Partes devem parência e o interrogatório das testemunhas
incorporar prioritariamente os mais velhos. de defesa em condições de igualdade;
4. Nos termos das obrigações contraídas à luz do direito v. No caso de se considerar que infringiu a lei
internacional humanitário para a protecção da população penal, a recorrer dessa decisão e das medidas
civil em caso de conflito armado, os Estados-Partes na pre- impostas em sequência desta para uma auto-
sente Convenção devem tomar todas as medidas possíveis ridade superior, competente, independente e
na prática para assegurar protecção e assistência às crianças imparcial, ou uma autoridade judicial, nos
afectadas por um conflito armado. termos da lei;
vi. A fazer-se assistir gratuitamente por um intér-
ARTIGO 39.º
prete, se não compreender ou falar a língua
Os Estados-Partes tomam todas as medidas adequa-
utilizada;
das para promover a recuperação física e psicológica e a
reinserção social da criança vítima de qualquer forma de vii. A ver plenamente respeitada a sua vida pri-
negligência, exploração ou sevícias, de tortura ou qualquer vada em todos os momentos do processo.
outra pena ou tratamento cruéis, desumanos ou degradan- 3. Os Estados-Partes procuram promover o estabelecimento
tes ou de conflito armado. Essas recuperação e reinserção de leis, processos, autoridades e instituições especificamente
devem ter lugar num ambiente que favoreça a saúde, o res- adequadas a crianças suspeitas, acusadas ou reconhecidas
peito por si própria e a dignidade da criança. como tendo infringido a Lei Penal, e, nomeadamente:
a) O estabelecimento de uma idade mínima abaixo da
ARTIGO 40.º
qual se presume que as crianças não têm capaci-
1. Os Estados-Partes reconhecem à criança suspeita,
dade para infringir a Lei Penal;
acusada ou que se reconheceu ter infringido a Lei Penal o b) Quando tal se mostre possível e desejável, a adop-
direito a um tratamento capaz de favorecer o seu sentido ção de medidas relativas a essas crianças sem
de dignidade e valor, reforçar o seu respeito pelos direitos recurso ao processo judicial, assegurando-se
do homem e as liberdades fundamentais de terceiros e que o pleno respeito dos direitos do homem e das
tenha em conta a sua idade e a necessidade de facilitar a sua garantias previstas pela lei.
7616 DIÁRIO DA REPÚBLICA

4. Um conjunto de disposições relativas, nomeadamente sorte, imediatamente após a primeira eleição, os nomes des-
à assistência, orientação e controlo, conselhos, regime de tes cinco elementos.
prova, colocação familiar, programas de educação geral e 7. Em caso de morte ou de demissão de um membro do
profissional, bem como outras soluções alternativas às ins- Comité ou se, por qualquer outra razão, um membro decla-
titucionais, serão previstas de forma a assegurar às crianças rar que não pode continuar a exercer funções no seio do
um tratamento adequado ao seu bem-estar e proporcionado Comité, o Estado-Parte que havia proposto a sua candida-
à sua situação e à infracção. tura designa um outro perito, de entre os seus nacionais, para
ARTIGO 41.º preencher a vaga até ao termo do mandato, sujeito a aprova-
Nenhuma disposição da presente Convenção afecta as ção do Comité.
disposições mais favoráveis à realização dos direitos da 8. O Comité adopta o seu regulamento interno.
criança que possam figurar: 9. O Comité elege o seu Secretariado por um período de
a) Na legislação de um Estado-Parte; dois anos.
b) No direito internacional em vigor para esse Estado. 10. As reuniões do Comité têm habitualmente lugar na
sede da Organização das Nações Unidas ou em qualquer
PARTE II outro lugar julgado conveniente e determinado pelo Comité.
ARTIGO 42.º O Comité reúne em regra anualmente. A duração das sessões
Os Estados-Partes comprometem-se a tornar amplamente do Comité é determinada, e se necessário revista, por uma
conhecidos, por meios activos e adequados, os princípios e reunião dos Estados-Partes na presente Convenção, sujeita à
as disposições da presente Convenção, tanto pelos adultos aprovação da Assembleia Geral.
como pelas crianças. 11. O Secretário Geral da Organização das Nações
ARTIGO 43.º Unidas põe à disposição do Comité o pessoal e as instala-
1. Com o fim de examinar os progressos realizados pelos ções necessárias para o desempenho eficaz das funções que
Estados-Partes no cumprimento das obrigações que lhes lhe são confiadas ao abrigo da presente Convenção.
cabem nos termos da presente Convenção, é instituído um 12. Os membros do Comité instituído pela presente
Comité dos Direitos da Criança, que desempenha as funções Convenção recebem, com a aprovação da Assembleia Geral,
seguidamente definidas. emolumentos provenientes dos recursos financeiros das
2. O Comité é composto de 10 peritos de alta autoridade Nações Unidas, segundo as condições e modalidades fixa-
moral e de reconhecida competência no domínio abran- das pela Assembleia Geral.
gido pela presente Convenção. Os membros do Comité são ARTIGO 44.º
eleitos pelos Estados-Partes de entre os seus nacionais e 1. Os Estados-Partes comprometem-se a apresentar ao
exercem as suas funções a título pessoal, tendo em conside- Comité, através do Secretário Geral da Organização das
ração a necessidade de assegurar uma repartição geográfica Nações Unidas, relatórios sobre as medidas que hajam
equitativa e atendendo aos principais sistemas jurídicos. adoptado para dar aplicação aos direitos reconhecidos pela
3. Os membros do Comité são eleitos por escrutínio Convenção e sobre os progressos realizados no gozo desses
secreto de entre uma lista de candidatos designados pelos direitos:
Estados Partes. Cada Estado-Parte pode designar um perito 2. a) Nos dois anos subsequentes à data da entrada em
de entre os seus nacionais. vigor da presente Convenção para os Estados-Partes;
4. A primeira eleição tem lugar nos seis meses seguintes
3. b) Em seguida, de cinco em cinco anos.
à data da entrada em vigor da presente Convenção e, depois
4. Os relatórios apresentados em aplicação do presente
disso, todos os dois anos. Pelo menos quatro meses antes
artigo devem indicar os factores e as dificuldades, se a eles
da data de cada eleição, o Secretário Geral da Organização
houver lugar, que impeçam o cumprimento, pelos Estados-
das Nações Unidas convida, por escrito, os Estados-Partes
-Partes, das obrigações decorrentes da presente Convenção.
a proporem os seus candidatos num prazo de dois meses. O
Devem igualmente conter informações suficientes para dar
Secretário Geral elabora, em seguida, a lista alfabética dos
ao Comité uma ideia precisa da aplicação da Convenção no
candidatos assim apresentados, indicando por que Estado
referido país.
foram designados, e comunica-a aos Estados-Partes na pre-
sente Convenção. 5. Os Estados-Partes que tenham apresentado ao Comité
5. As eleições realizam-se aquando das reuniões dos um relatório inicial completo não necessitam de repetir, nos
Estados-Partes convocadas pelo Secretário Geral para a relatórios subsequentes, submetidos nos termos da alínea b)
sede da Organização das Nações Unidas. Nestas reuniões, do n.º 1, as informações de base anteriormente comunicadas.
em que o quórum é constituído por dois terços dos Estados 6. O Comité pode solicitar aos Estados-Partes infor-
Partes, são eleitos para o Comité os candidatos que obtive- mações complementares relevantes para a aplicação da
rem o maior número de votos e a maioria absoluta dos votos Convenção.
dos representantes dos Estados-Partes presentes e votantes. 7. O Comité submete de dois em dois anos à Assembleia
6. Os membros do Comité são eleitos por um período Geral, através do Conselho Económico e Social, um relató-
de quatro anos. São reelegíveis no caso de recandidatura. O rio das suas actividades.
mandato de cinco dos membros eleitos na primeira eleição 8. Os Estados-Partes asseguram aos seus relatórios uma
termina ao fim de dois anos. O Presidente da Reunião tira à larga difusão nos seus próprios países.
I SÉRIE –– N.º 181 –– DE 24 DE SETEMBRO DE 2021 7617

ARTIGO 45.º 2. Para cada um dos Estados que ratificarem a pre-


De forma a promover a aplicação efectiva da Convenção sente Convenção ou a ela aderirem após o depósito do
e a encorajar a cooperação internacional no domínio coberto 20.º Instrumento de Ratificação ou de Adesão, a Convenção
pela Convenção:
entrará em vigor no 30.º dia após à data do depósito, por
a) As agências especializadas, o UNICEF e outros
órgãos das Nações Unidas podem fazer-se parte desse Estado, do seu Instrumento de Ratificação ou de
representar quando for apreciada a aplicação Adesão.
de disposições da presente Convenção que se ARTIGO 50.º
inscrevam no seu mandato. O Comité pode 1. Qualquer Estado-Parte pode propor uma emenda
convidar as agências especializadas, o UNICEF
e depositar o seu texto junto do Secretário Geral da
e outros organismos competentes considerados
Organização das Nações Unidas. O Secretário Geral trans-
relevantes a fornecer o seu parecer técnico sobre
a aplicação da Convenção no âmbito dos seus mite, em seguida, a proposta de emenda aos Estados-Partes
respectivos mandatos. O Comité pode convidar na presente Convenção, solicitando que lhe seja comuni-
as agências especializadas, o UNICEF e outros cado se são favoráveis à convocação de uma conferência de
órgãos das Nações Unidas a apresentar relató- Estados-Partes para apreciação e votação da proposta. Se,
rios sobre a aplicação da Convenção nas áreas nos quatro meses subsequentes a essa comunicação, pelo
relativas aos seus domínios de actividade; menos um terço dos Estados-Partes se declarar a favor da
b) O Comité transmite, se o julgar necessário, às
realização da referida conferência, o Secretário Geral con-
agências especializadas, ao UNICEF e a outros
organismos competentes os relatórios dos Esta- voca-la-á sob os auspícios da Organização das Nações
dos-Partes que contenham pedidos ou indiquem Unidas. As emendas adoptadas pela maioria dos Estados-
necessidades de Conselho ou de assistência téc- Partes presentes e votantes na conferência são submetidas à
nicos, acompanhados de eventuais observações Assembleia Geral das Nações Unidas para aprovação.
e sugestões do Comité relativos àqueles pedidos 2. As emendas adoptadas nos termos do disposto no
ou indicações; n.º 1 do presente artigo entram em vigor quando aprovadas
c) O Comité pode recomendar à Assembleia Geral
pela Assembleia Geral das Nações Unidas e aceites por uma
que solicite ao Secretário Geral a realização,
para o Comité, de estudos sobre questões espe- maioria de dois terços dos Estados-Partes.
cíficas relativas aos direitos da criança; 3. Quando uma emenda entrar em vigor, terá força vin-
d) O Comité pode fazer sugestões e recomendações culativa para os Estados que a hajam aceite, ficando os
de ordem geral com base nas informações outros Estados-Partes ligados pelas disposições da presente
recebidas em aplicação dos artigos 44.º e 45.º Convenção e por todas as emendas anteriores que tenham
da presente Convenção. Essas sugestões e reco- aceite.
mendações de ordem geral são transmitidas aos
Estados interessados e levadas ao conhecimento ARTIGO 51.º
da Assembleia Geral, acompanhadas, se neces- 1. O Secretário Geral da Organização das Nações Unidas
sário, dos comentários dos Estados-Partes. recebe e comunica a todos os Estados o texto das reservas
que forem feitas pelos Estados no momento da ratificação
PARTE III
ou da adesão.
ARTIGO 46.º
2. Não é autorizada nenhuma reserva incompatível com
A presente Convenção está aberta à assinatura de todos
o objecto e com o fim da presente Convenção.
os Estados.
3. As reservas podem ser retiradas em qualquer momento
ARTIGO 47.º
por via de notificação dirigida ao Secretário Geral da
A presente Convenção está sujeita a ratificação. Os
Organização das Nações Unidas, o qual informará todos os
instrumentos de ratificação serão depositados junto do
Estados-Partes na Convenção. A notificação produz efeitos
Secretário Geral da Organização das Nações Unidas.
na data da sua recepção pelo Secretário Geral.
ARTIGO 48.º
ARTIGO 52.º
A presente Convenção está aberta a adesão de todos os
Estados. A adesão far-se-á pelo depósito de um instrumento Um Estado-Parte pode denunciar a presente Convenção
de adesão junto do Secretário Geral da Organização das por notificação escrita dirigida ao Secretário Geral da
Nações Unidas. Organização das Nações Unidas. A denúncia produz efei-
tos um ano após a data de recepção da notificação pelo
ARTIGO 49.º
1. A presente Convenção entrará em vigor no 30.º dia após Secretário Geral.
à data do depósito junto do Secretário Geral da Organização ARTIGO 53.º
das Nações Unidas do 20.º Instrumento de Ratificação ou de O Secretário Geral da Organização das Nações Unidas é
Adesão. designado como depositário da presente Convenção.
7618 DIÁRIO DA REPÚBLICA

ARTIGO 54.º Cursos Ministrados: Ciências Físicas e Biológicas,


A presente Convenção, cujos textos em inglês, árabe, Ciências Económicas e Jurídicas, e Ciências Humanas.
chinês, espanhol, francês e russo fazem igualmente fé, será Zona Geográfica/Quadro Domiciliar: Urbana.
depositada junto do Secretário Geral da Organização das N.º de salas de aulas: 25.
Nações Unidas. N.º de turmas: 75.
(21-0459-A-MIA) N.º de turnos: 3.
N.º de alunos por sala: 36.
Total de alunos: 2.700.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO II
Quadro de Pessoal
Decreto Executivo n.º 456/21 Necessidades de Pessoal Categoria/Cargo
de 24 de Setembro
1 Director
Ao abrigo do disposto no artigo 119.º da Lei n.º 17/16,
2 Subdirector
de 7 de Outubro, que aprova a Lei de Bases do Sistema
de Educação e Ensino, conjugado com as disposições do 22 Coordenador
Decreto Presidencial n.º 104/11, de 23 de Maio, que define
181 Pessoal Docente
as condições e procedimentos de elaboração, gestão e con-
trolo dos quadros de pessoal da Administração Pública; 1 Chefe de Secretaria
Em conformidade com os poderes delegados pelo 10 Pessoal Administrativo
Presidente da República, nos termos do artigo 137.º da
12 Auxiliar de Limpeza
Constituição da República de Angola, e de acordo com as
disposições combinadas na alínea d) do n.º 2 do artigo 5.º, e 12 Operário Qualificado
n.º 1 do artigo 6.º, ambos do Decreto Presidencial n.º 222/20,
Total de Trabalhadores: 241
de 28 de Agosto, que aprova o Estatuto Orgânico do
Ministério da Educação, conjugado com os n. os 3 e 4 do Quadro de Pessoal da Carreira Docente
Despacho Presidencial n.º 289/17, de 13 de Outubro, Grupo de Lugares
Categoria/Cargo
determino: Pessoal Criados
1. É criada a Escola do I e II Ciclos do Ensino Secundário Director 1
Geral denominada Complexo Escolar n.º 24 CCM2 — Hoji-
Direcção

Subdirector Pedagógico 1
-ya-Henda, sita no Município de Menongue, Província do
Cuando Cubango, com 25 salas de aulas, 75 turmas, 3 turnos, Subdirector Administrativo 1
com 36 alunos por sala, e capacidade para 2.700 alunos em
Coordenador de Turno 1
regime de externato.
2. É aprovado o quadro de pessoal da Escola ora Coordenador de Curso 3

criada, constante dos modelos anexos ao presente Decreto


Chefia

Coordenador de Educação Física, Desporto Escolar e


1
Executivo, dele fazendo parte integrante. Círculo de Interesse

3. O presente Decreto Executivo entra em vigor na data Coordenador de Disciplina 17


da sua publicação. Chefe de Secretaria 1
Publique-se.
Professor do Ensino Primário e Secundário do 1.º Grau
Luanda, aos 20 de Julho de 2021. Professor do Ensino Primário e Secundário do 2.º Grau
Técnico Superior

A Ministra, Luísa Maria Alves Grilo. Professor do Ensino Primário e Secundário do 3.º Grau
Professor do Ensino Primário e Secundário

Professor do Ensino Primário e Secundário do 4.º Grau


CRIAÇÃO/LEGALIZAÇÃO DE ESCOLA
Professor do Ensino Primário e Secundário do 5.º Grau

I Professor do Ensino Primário e Secundário do 6.º Grau


Dados sobre a Escola Professor do Ensino Primário e Secundário do 7.º Grau 181
Província: Cuando Cubango.
Técnico

Professor do Ensino Primário e Secundário do 8.º Grau


Município: Menongue.
N.º/Nome da Escola: Complexo Escolar n.º 24 CCM2 Professor do Ensino Primário e Secundário do 9.º Grau
— Hoji-ya-Henda. Professor do Ensino Primário e Secundário do 10.º Grau
Nível de Ensino: I e II Ciclos do Ensino Secundário
Técnico Médio

Professor do Ensino Primário e Secundário do 11.º Grau


Geral.
Classes que Lecciona: 7.ª à 12.ª Classes. Professor do Ensino Primário e Secundário do 12.º Grau
N.º de Áreas do Saber: 3 — Ciências Exactas e da Natureza,
Professor do Ensino Primário e Secundário do 13.º Grau
Ciências Sociais e Aplicadas, e Ciências Humanas.

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