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2. Com o crescimento estimado da população, tende a 8. As pessoas com albinismo enfrentam diversas for-
aumentar o número de pessoas em situação de vulnerabi- mas de discriminação, que põem a segw-ança e as suas vidas
lidade social, sendo necessário reforçar a intervenção do em constante risco. Cabe ao Estado por meio de políticas e
Estado com programas e projectos voltados para respos- acções específicas assegw·ar as pessoas albinas o acesso e
tas sociais de cariz de desenvolvimento assentes no reforço atendimento aos serviços de saúde, programas e projectos
das competências das pessoas e agregados familiares, numa específicos adaptados a sua condição.
base previsível e sustentável. 9. Um número crescente de adolescentes, jovens e adul-
3. As famílias em situação de pobreza são geralmente tos, figw·am entre os gmpos de tóxico-dependentes, estando
de agregados numerosos e chefiadas por pessoas que tra- fora dos sistemas e mecanismos de socialização e educação,
balham por conta própria na agricultura ou no pequeno concon-endo para o aumento crescente do índice de crimina-
lidade juvenil.
comércio, com baixos níveis de escolaridade e rendimen-
1O. Os reclusos e ex-reclusos representam um índice
tos e, em alguns casos, de idade relativamente avançada.
potencial de vulnerabilidade para a sociedade. Desprovidos
Tendem a viver maioritariamente nas áreas mrais, embora o
dos direitos sociais básicos como educação, saúde, f01ma-
êxodo mm! tenha trazido as maiores bolsas de pobreza para
ção sócio-profissional, e actividades geradoras de renda com
as áreas urbanas e peri-w·banas, conf01me Censo Geral da
graves consequências na reabilitação e reintegração como
População e Habitação (INE 2014).
membro útil da sociedade.
4. As mulheres e crianças dos agregados familiares 11. Perante este quadro, está apresentado aos Serviços
pobres sãopaiticula1mentevulneráveis. As mulheres con-em da Acção Social o desafio de responder aos riscos de explo-
riscos acentuados em relação à saúde materna, sobretudo no ração, exclusão, violência, abuso, discriminação e outras
momento da gestação e do paito. Elas sofrem também de violações graves de direitos humanos.
uma sobrecarga de tarefas produtivas e cuidados familia- 12. A natureza da Acção Social deve, pois, evoluir para
res com consequências negativas na sua saúde e na dos seus dar resposta adequada aos desafios da redução da pobreza
filhos. A criança pobre tem uma probabilidade elevada de estmtural e da vulnerabilidade te1Tito1ial. A maior paite da
sofrer de desnutrição, falta de tratamento aproptiado quando assistência tem sido efectuada sob a fotma de distribuição
doente, dificuldade de aceder aos equipamentos sociais de de bens alimentares e não alimentares, numa base reac-
atendimento na primeira infância, atraso no ingresso ao tiva e pontual e quando justificado em algumas situações
Ensino Primário, abandono escolar precoce, bem como ser específicas (catástrofes ou outras w·gências) em que haja
vítima de trabalho infantil, entre outros riscos. necessidade de apoio em bens especializados para as c1ianças
5. Por outro lado, essas carências dw·ante a infância, desnutridas, pessoas com deficiência ou outras pessoas com
sobretudo a falta de registo de nascimento, a desnutrição e o necessidades especiais. Esse tipo de apoio não responde ao
fraco desempenho escolar impedem o desenvolvimento do desafio mais amplo de melhorar o nível e qualidade de vida
capital humano, com consequências sérias para a produti- dos gmpos mais carenciados da população numa perspectiva
vidade e o nível de vida na idade adulta, criam um ciclo de sustentabilidade.
13. Deste modo, a Política Nacional da Acção Social
contínuo de transmissão da pobreza para as gerações seguin-
propõe novas abordagens vocacionadas a providenciar
tes e constituem um constrangimento ao desenvolvimento
apoios mais sistemáticos e flexíveis para os beneficiários,
nacional, bem como a constmção de uma sociedade mais
em diferentes naturezas de transferências sociais, bem como
justa e coesa.
o acesso aos serviços.
6. As pessoas com deficiência, os doentes crónicos e os
14. O desenvolvimento de um Sistema Nacional da
idosos que vivem isolados, sem apoio familiar, encontram-se
Acção Social tem sido constrangido pela fraca capacidade
em situação de vulnerabilidade pa1ticulaimente acentuada
institucional, pela falta de estmturas integradas de acção
por causa dos riscos elevados de exclusão social e da fraca social a nível local e insuficiência de recw·sos humanos e
disponibilidade de serviços especializados. financeiros.
7. As pessoas pa1ticula1mente expostas a esses tipos de 15. Os recursos humanos afectos ao Sector da Área de
riscos incluem as c1ianças que vivem privadas do ambiente Acção Social são poucos e carecem de fotmação adequada
familiar (crianças de e na ma, crianças acolhidas em ins- e melhor enquadramento. Foi identificado, por outra, um
tituições) ou as que são expostas a riscos de maus-tratos desequilíbrio considerável na distribuição dos profissio-
dentro de famílias frágeis ou não funcionais; as mulheres que nais qualificados no País, sendo que os trabalhadores sociais
enfrentam riscos de disc1iminação no acesso as opo1tunida- estão maioritariamente concentra dos em Luanda e em alguns
des sociais e económicas, de violência e abuso (violência Gabinetes Provinciais.
doméstica, violação, exploração sexual), bem como as que 16. Assim, a existência e o sucesso do Sistema Nacional
passam por situações de casamento e gravidez precoce; ido- de Acção Social passa igualmente pela necessidade de se
sos em situação de vulnerabilidade acentuada que vivem adequar o paradigma actual, no sentido de possibilitar o
isolados, sem apoio familiar ou sem recursos para se mante- enquadramento de trabalhadores sociais de diferentes cate-
rem, assim como as viúvas. gorias no quadro de pessoal das Administrações Municipais.
1756 DIÁRIO DA REPÚBLICA
17. O Estado assume a sua responsabilidade como fonte 81.º); pessoas idosas (a1tigo 82.º); cidadãos com deficiência
principal de financiamento dos programas de acção social (a1tigo 83.º); e os antigos combatentes e veteranos da Pátria
e garante da distribuição equitativa (geográfica), de acordo (a1tigo 84.º). O princípio da igualdade e da não discrimina-
com as necessidades e disponibilidade dos recursos. Os pro- ção dos cidadãos, incluindo o que diz respeito à igualdade
gramas são financiados principalmente na base das receitas entre os sexos (attigo 23.º) e o respeito e apoio às minorias
do Estado, embora possam ser complementados por doações étnicas.
e outras fontes, previstas pela legislação aplicável à matéria. 7. A acção social constitui o ceine da protecção social
18. A Política contempla assim, refmmas estmturais e de base, de acordo com a Lei n.º 7/04, de 15 de Outubro
outras medidas de reforço institucional para assegurar com - Lei de Bases da Protecção Social. Esta lei organiza o
melhor eficácia a protecção social de base. dispositivo petmanente do sistema de protecção social em
três níveis: Protecção Social de Base, Protecção Social
CAPÍTULO III Obrigatória e Protecção Social Complementar. Os últimos
Fundamentos da Política Nacional da Acção Social dois níveis (Obrigatório e Complementar) assentam sob uma
1. A Política Nacional da Acção Social assenta nos prin- lógica de seguro social, ligado ao emprego e financiado por
cípios e direitos inscritos na Constituição da República de meio das contribuições dos trabalhadores e das entidades
Angola, de 5 de Fevereiro de 2010 e, em patticular, nos empregadoras.
direitos económicos, sociais e cultw·ais consagrados no seu 8. A Protecção Social Obrigatória beneficia na prática a
Capítulo III. minoria da população empregada no sector fo1mal da eco-
2. As fenamentas legais sobre as quais são constmídas nomia. Por sua vez, a Protecção Social de Base (primeiro
as soluções preconizadas na Política Nacional de Acção nível), que é financiada principalmente pelo Estado, através
Social constam mais especificamente da Lei n.º 7/04, dos impostos, assenta na solidariedade nacional, é de natu-
de 15 de Outubro, de Bases da Protecção Social, e demais reza universalista, consubstanciando-se na redistribuição da
instmmentos legais vigentes no Ordenamento Jurídico riqueza a favor de patte da população em situação acentuada
Angolano referentes à protecção dos gmpos vulneráveis. de pobreza e vulnerabilidade.
3. As soluções acolhidas pela Política consideram igual- 9. A Política Nacional de Acção Social concretiza o
mente a tendência em te1mos de apetfeiçoamento do quadro conteúdo do primeiro nível de protecção social (Protecção
legal, em consonância com as melhores práticas interna- Social de Base), que tem como objectivos a promoção do
cionais sobre a matéria, sendo que os objectivos e eixos da bem-estar das pessoas, das famílias e das comunidades; a
Política procuram responder às grandes prioridades defini- prevenção das situações de carência e de mmginalização e,
das em função da natureza e perfil da vulnei·abilidade. a garantia de níveis mínimos de subsistência e dignidade.
4. A Constituição da República de Angola - CRA, Abrange, assim, as categorias da população que se encon-
aprovada em 201 O, abriu uma nova fase de desenvolvi- tram em situação de vulnerabilidade económica e social,
mento da protecção social orientada para a redistribuição bem como risco de exclusão e dependência.
da riqueza em prol dos gtupos mais carenciados da popula- 1 O. A Política Nacional da Acção Social integra assim
ção, com referência a alínea a) do a1tigo 90.º que consagra medidas de protecção e de promoção dos direitos dos
a responsabilidade do Estado como agente promotor do agregados familiares mais vulneráveis que não têm condi-
desenvolvimento social, nomeadamente por meio da «adop- ções para superar, por si só, as dificuldades causadas pela
ção de critérios de redistribuição da riqueza que privilegiem pobreza, violação dos direitos, exclusão, fome, abandono,
os cidadãos e em pa1ticular os extractos sociais mais vulne- choques e oconências imprevisíveis. Além disso, a Política
ráveis e carentes da sociedade». Consta, ainda, da alínea f) promove as inteivenções de caráctei· preventivo para evitar
do attigo 89.º da CRA o princípio fundamental da «redução que as pessoas carentes sejam expostas a situações de maior
das assimetrias regionais e desigualdades sociais». vulnerabilidade. A Política promove, igualmente, a criação
5. É igualmente consagrada, na alínea d) do a1tigo 21. º, de condições para que cada cidadão exerça plenamente os
a tarefa fundamental do Estado de «promovei· o bem-estar, seus direitos sociais e económicos, eleve o nível e qualidade
a solidariedade social e a elevação da qualidade de vida do de vida e promova desse modo a melhoria dos índices de
povo angolano, designadamente dos gmpos populacionais desenvolvimento humano dos angolanos.
mais desfavorecidos» . Esses devei·es constitucionais do
CAPÍTULO IV
Estado orientam fundamentalmente o papel da acção social
Princípios que Regem a Política Nacional
delineado na Política como um dos mecanismos privilegia-
da Acção Social
dos de solidariedade social e de redistribuição da riqueza em
prol da pa1te mais vulnerável da população. A Política Nacional da Acção Social é regida pelos seguin-
6. A CRA consagra ainda os direitos de protecção rela- tes ptincípios:
tivamente a distintos grupos específicos em situação de a) Princípio da Umversalidade: - garantia do
vulnerabilidade, nomeadamente: crianças (mtigos 35.º e acesso aos Programas e Projectos da Acção
80.º), incluindo em pa1ticular as crianças órfãs, com defi- Social a todos quantos se encontrem em situação
ciência ou em estado de abandono; juventude (a1tigos 35.º e comprovada de pobreza e vulnerabilidade;
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3. O Sistema privilegia uma concepção sistémica, e) Da universalização dos direitos sociais e acesso
integrada e intersectaria! da actividade da Acção Social, univei·sal aos se1viços;
estabelecendo mecanismos, critérios e papéis dos diferentes d) Da concretização progressiva e i1Tevei·sível dos
Sectores, em função das matérias e especialidades, incluindo mecanismos de transferências sociais;
entidades de direito privado e do terceiro sector, assumindo, e) Da responsabilidade do Estado pela coordenação,
assim, as inte1venções da Acção Social um carácter plu- orientação, gestão, principal fonte de financia-
ral, perpassando o sector exclusivamente público como mento e controlo do Sistema Nacional de Acção
instmmento de política social do Estado, no contexto da pre- Social;
venção, protecção e promoção social de pessoas, famílias, f) Da progressividade na efectivação dos direitos
gmpos sociais e comunidades socialmente vulneráveis ou soc1a1s;
em situação de pobreza. g) Da paiticipação social, sectorialidade e intei·secto-
V. EIXO - Municipalização e Combate à Pobreza rialidade da Acção Social;
1. A municipalização dos se1viços tem como base a des- h) Da pa1ticipação comunitária eco-responsabilidade
concentração e descentralização dos se1viços públicos em social dos beneficiários da Acção Social;
i) Da integração e insei·ção social pelo trabalho e
geral e aproximação dos mesmos aos cidadãos com meca-
emprego;
nismos de referenciação céleres e desburocratizados.
j) Da prevenção, protecção e promoção da Acção
2. No quadro da Municipalização da Acção Social, as
Social;
Administrações Municipais são a «pmta de entrada» do
k) Da complementaridade entre seiviços e transfei·ên-
cidadão aos diferentes seiviços, programas e projectos de
cias sociais;
combate à pobreza, de cidadania e de promoção social, por
l) Do reforço da família como unidade básica da
meio dos Centros de Acção Social Integrados (CASI), asse-
sociedade;
gurando a focalização dos que mais necessitam do apoio
m) Da não discriminação;
do Estado em aiticulação com os distintos seiviços, actores
n) Da igualdade e equidade do género;
públicos, privados e parceiros sociais. o) Dajustiça social;
3. Os destinatários da Acção Social do Estado são cadas- p) Da desconcentração e descentralização da Acção
trados no Sistema de Info1mação para Gestão da Acção Social;
Social (SIGAS), que por sua vez alimentará o Cadastro q) Da livre iniciativa e paiticipação da sociedade
Social Único (CSU), Base de Dados Única de beneficiários civil;
e programas de Protecção Social, que pe1mitirá reduzir a r) Da priorização e flexibilidade da acção social;
sobreposição e duplicação de prestações e os custos admi- s) Da obrigatoriedade e vinculação dos planos de
nistrativos na execução das respostas. Acção Social.
III. Tipologia de Agentes da Acção Social
CAPÍTULO VIII
1. O Sistema Nacional de Acção Social concretiza-se
Sistema Nacional de Acção Social
através de acções administrativas de inte1venção pública, da
O Sistema Nacional de Acção Social é uma platafo1ma acção paiticipada e complementar de agentes privados, da
integrada de coordenação e aiticulação da inte1venção sociedade civil, cooperativas, organizações inteinacionais e
social, que matei·ializa os princípios da Intersectorialidade, de economia social.
Multisectorialidade e Multidisciplinaridade das respostas 2. A acção administrativa de inteivenção pública, directa
sociais, coordenada pelo Estado, integrando os difei·entes ou indirecta, é integrada pelos órgãos, se1viços e institutos
sectores públicos que actuam no domínio da Acção Social, públicos ou equiparados da administração do Estado ou dos
Organizações Não Goveinamentais, de economia social, entes autónomos locais, responsáveis pela gestão dos instm-
empresas do Sector Público e Privado, bem como as mentos de governação.
c oop ei·ativas. 3. A iniciativa privada de natureza associativa, institu-
1. Unidade Territorial da Acção Social cional ou empresarial, compreende os seguintes tipos de
O Sistema Nacional de Acção Social adopta o município agentes ou instituições de acção social:
como unidade teiTitorial básica para o planeamento, estm- a) Instituições de solidariedade social, designadamente
turação, implementação e gestão de projectos, programas e associações, fundações e instituições religiosas
se1viços a favor das famílias, indivíduos e gmpos em situa- que inteivenham em questões de acção social;
ção de vulnerabilidade, risco e pobreza. b) Organizações de economia social e comunitária,
II. Princípios Gerais designadamente cooperativas e unidades familia-
O Sistema Nacional de Acção Social rege-se pelos res produtivas do sector comunitário tradicional
seguintes princípios: ou outras fmmas de coopeic1ção produtivas admi-
a) Da dignidade da pessoa humana; tidas pelo Ordenamento Jurídico Nacional;
b) Do direito do cidadão à assistência e solidariedade e) Outras entidades de assistência ou doadoras divei·-
social; sas.
1760 DIÁRIO DA REPÚBLICA
3. A Acção Social Económico-Produtiva visa dinamizar 2. Assegurar a criação de condições para adaptação dos
o desenvolvimento de economias locais, através do Sector transpo1tes públicos de passageiros, para as pessoas com
Comunitário, Familiar e Cooperativo, tendo em vista a dificuldade de locomoção, bem como a criação de aco-
melhoria da qualidade de vida das famílias, pessoas e gm- modações para idosos, pessoa com deficiência e mulhei·es
pos em situação de vulnerabilidade económica, fomentar o gestantes.
trabalho e emprego, segurança alimentar e nutricional atra- 3. Assegurar a criação de condições de acessibili-
vés de hmtas comunitárias. dade nos demais se1viços de transpo1tes em confo1midade
4. Promover actividades ocupacionais e profissiona- com os demais instmmentos de operacionalização da polí-
lizantes susceptíveis de geração de renda para reclusos e tica de acessibilidade existentes no Ordenamento Jurídico
ex-reclusos. Angolano.
5. A Acção Social Económico-Produtiva visa, igual-
4. A Acção Social dos Transpmtes é da responsabilidade
mente, fo1talecer e potencializar as comunidades e famílias
especial do Ministério dos Transpmtes.
para o desenvolvimento de actividades geradoras de renda, o
SECÇÃO VII
fomento de organizações de economia solidária e o empreen-
Acção Social Ambiental
dedorismo social.
6. A Acção Social Económico-Produtiva é da responsa- Conteúdo e Beneficiários da Acção Social Ambiental
bilidade especial dos Sectores: Economia e Planeamento, 1. A Acção Social Ambiental visa promover a educa-
Agricultura e Pescas, Indústria e Comércio, Transpmtes, ção e sensibilização ambiental para a melhoria da qualidade
Saúde, Administração Pública, Trabalho e Segurança Social de vida, proporcionando feinmentas necessárias para uma
e Acção Social, Família e Promoção da Mulher: gestão sustentável dos recursos natw-ais, prese1vação das
SECÇÃO V espécies e combate a desmatação.
Acção Social de Obras Públicas e Ordenamento do Território 2. Compreende, igualmente, o desenvolvimento de apti-
Conteúdo e Beneficiários da Acção Social de Obras dões e habilidades para o empreendedorismo nas várias
Públicas e Ordenamento do Território áreas, como a gestão, tratamento e aproveito dos resíduos,
1. A Acção Social de Obras Públicas e Ordenamento do empregos verdes, utilização de energia renováveis.
TeiTitório visa assegurar as condições de acesso dos gmpos 3. A Acção Social Ambiental compreende educação e
sociais mais vulneráveis e pobres à habitação social com consciencialização ambiental das pessoas, famílias, comu-
custos controlados. nidades e empresas para promoção e adopção de políticas
2. Promoção de acções que conc01Tem para a melhoria de protecção e gestão ambiental, susceptíveis de criação de
de condições dos espaços e aglomei·ados habitacionais a par-
empregos verdes para pessoas em situação de vulnei·abi-
tir de iniciativas comunitárias, tendo em conta os recursos
lidade e pobreza, utilização racional dos recw·sos naturais
locais disponíveis.
para a sustentabilidade das comunidades, educação para
3. Assegurar a criação de condições de acessibilidade
nos edifícios públicos e nas vias públicas. a gestão de resíduos e promoção do ecotw"ismo nas zonas
4. A Acção Social de Obras Públicas e Ordenamento do pe1iurbanas e rurais.
TeiTitório compreende programas e acções de realojamento SE CÇÃO VIII
social, desenvolvidos directamente pelos órgãos locais, em Acção Social de Justiça e Promoção da Cidadania
consonância com os Planos Municipais, promoção de coo- Conteúdo e Beneficiários da Acção Social de Justiça e
pei·ativas de habitação social, promoção de políticas de Promoção da Cidadania
airendamento social, executados directamente pelas muni- 1. A Acção Social de Justiça e Promoção da Cidadania
cipalidades, bem como de políticas fiscais de incentivo à
destina-se a assegw·ar as famílias, indivíduos, gmpos sociais
constrnção habitação social.
mais vulnei·áveis e pobres a se1viços de cidadania, registo e
5. A Acção Social de Obras Públicas e Ordenamento do
identificação civil, que visam a sua paiticipação activa na
Te1Titório é da responsabilidade especial dos Sectores das
Obras Públicas e Ordenamento do Te1Titó1io, Administração sociedade, o acesso a direitos de natureza social, económica
do Tenitório, Cultw·a, Tw·ismo e Ambiente, e Acção Social, e política, bem como o acesso ao direito e à justiça.
Família e Promoção da Mulher: 2. A Acção Social de Justiça e Promoção da Cidadania
SECÇÃO VI
compreende medidas e políticas legislativas de protecção de
Acção Social dos Transportes menores, mulheres, de pessoas em situação de vulnei·abili-
Conteúdo e Beneficiários da Acção Social dos Trans- dade e pobreza, pessoa idosa, pessoa com deficiência, bem
portes como a protecção dos gmpos sociais vulnei·áveis contra a
1. A Acção Social dos Transpo1tes visa assegurar as discriminação, designadamente doentes pmtadores de HIV
condições de acesso e mobilidade dos gmpos sociais mais 3. Compreende igualmente o acesso aos seiviços jw·ídi-
vulneráveis e pobres, institucionalizando taxas bonificadas cos e judiciários, bem como adopção de medidas legais de
nos t:ranspo1tes públicos de passageiros. apoio jutidico às crianças e mulheres vítimas violência.
I SÉRIE- N.º 24 - DE 8 DE FEVEREIRO DE 2021 1763
SECÇÃO IX SECÇÃO XI
Acção Social de Gestão Integral de Risco de Calamidades Organizações Intemacionais
e Protecção Civil
As O1ganizações Internacionais garantem o apo10 e
Conteúdo e Beneficiários da Acção Social de Gestão patticipação na capacitação institucional dos Ótgãos da
Integral de Risco de Calamidades e Protecção Civil Administração Central e Local do Estado, de 01ganizações
1. A Acção Social de Gestão Integral de Risco de nacionais com responsabilidades na assistência e protecção
Calamidades e Protecção Civil destina-se a um conjunto de social, sendo igualmente uma fonte de financiamento dos
acções voltadas à identificação, análise, avaliação, controlo, programas e projectos de combate a pobreza, vulnerabili-
e redução do ,isco, considerando-o por sua origem multifac- dade e a promoção do desenvolvimento do bem-estar social.
tmial e em pe1manente processo de constrnção.
SECÇÃO XII
2. Envolve três níveis de governo, bem como os sec- Acção Social de Comwlicação Social
tores da sociedade, facilitando a implementação de acções Acção Social da Comunicação Social visa a dissemina-
voltadas para a fo1mulação e implementação de políticas, ção e sensibilização da Política Nacional da Acção Social,
estratégias e procedimentos integrados que visam o combate considerando que todos os integrantes da comunicação
as causas estmturais dos desastres e fmtalecimento da capa- social são encorajados a buscar experiências positivas de
cidade de resiliência ou resistência da sociedade com vista implementação da PNAS para a sua divulgação.
ao desenvolvimento sustentável.
3. A Acção Social de Gestão Integral de Risco de CAPÍTULO XII
Calamidades e Protecção Civil assegura a assistência e pro- Serviços e Equipamentos de Acção Social
tecção às vítimas de calamidades, em situação de crise ou SECÇÃO I
emergência, tendo em conta o grau de vulnerabilidade e Sen1ços de Acção Social
exposição das populações. 1. Princípio Geral
4. É da responsabilidade especial dos Sectores do 1. Os Se1viços de Acção Social constituem um conjunto
Interior, Acção Social, Administração do Te1ritório, Saúde de actividades ou inte1venções, de carácter pontual, tempo-
e Cultura, Turismo e Ambiente. Sendo que, os diferen- rário ou continuado, destinados a garantir a efectivação de
tes Depattamentos Ministeriais, também concoITem para a respostas, no âmbito da prevenção do risco, protecção e pro-
materialização desta acção. moção de pessoas, gmpos e comunidades em situação de
5. Assim, a Acção Social de Gestão Integral de Risco vulnerabilidade, pobreza e risco social.
de Calamidades e Protecção Civil deve obse1var a pre- 2. Os Se1viços de Acção Social abrangidos no presente
sente Política, procurando priorizar a assistência às pessoas, Diploma são assegurados directamente pelos Órgãos Locais,
famílias e gmpos sociais mais vulneráveis, buscando deste aos quais compete referenciar para as unidades especiali-
modo, o fo1talecimento das capacidades locais e o empode- zadas de acção social ou instituições de solidariedade que
ramento da população para a realização de acções de fo1ma integram a rede de seiviços e equipamentos de acção social,
p a1tic ipativa e inclusiva. de acordo com a catta social municipal.
SECÇÃO X 3. Os Setviços de Acção Social são assegw·ados em rede,
Acção Social de Cooperação Internacional de acordo com a sua tipificação, numa relação de intei·depen-
Conteúdo e Beneficiários da Acção Social de Coope- dência entre os difet·entes Ótgãos da Administração Pública
ração Internacional e as instituições de economia social e de solidariedade.
1. Factores resultantes de violência indiscriminada em II. Finalidade dos Serviços ele Acção Social
situações de conflito mmado internacional ou interno, cala- Sem prejuízo das suas especificidades os Setviços de
midades ou de violação generalizada e indiscriminada de Acção Social visam a prossecução dos seguintes objectivos:
direitos humanos, são susceptíveis de colocar cidadãos a) Garantir a universalização de respostas sociais que
nacionais e estrangeiros em situação de vulnerabilidade proporcionem às famílias o acesso às prestações
extrema, coITendo o risco de sofrer ofensa grave. sociais para a satisfação das respectivas necessi-
2. A Cooperação Intemacional visa obse1vância dos ins- dades vitais básicas;
trnmentos jurídicos internacionais de direitos humanos, b) Desencadear dinâmicas que levein a participação
direito humanitário intemacional e demais legislação inter- da comunidade na melhoria das suas condições
nacional relevante, nas situações que registam a violação de sociais, através do desenvolvimento de recursos
direitos de pessoas e grupos vulneráveis, nomeadamente de locais, programas e políticas sociais que petmi-
c1ianças, mulheres, pessoa com deficiência, pessoa idosas tam a satisfação das suas necessidades;
tráfico e abuso sexual. e) Proporcionar e oferecer respostas através de pro-
3. A Acção Social de Cooperação Internacional é gramas especializados, com fins de prevenção,
desenvolvida pelos Sectores responsáveis pela Relações protecção e promoção de indivíduos, famílias e
Exteriores, Defesa e Segurança e Acção Social. gmpos socrn1s;
1764 DIÁRIO DA REPÚBLICA
d) Prestar auxílio às pessoas e famílias no âmbito 2. Os Serviços Básicos de Acção Social compreendem a
das prestações sociais de apoio temporário ou seguinte tipificação:
eventual; a) S eiviç os de Educação Social, Apoio e Atendimento
e) Garantir, de fo1ma institucionalizada, condições Integral;
de maior confo1to, bem-estar fisico, psicológico b) Seiviços de Apoio à Convivência Familiar e da
e segurança aos gmpos de vulnerabilidade de Comunidade;
ordem social não económica, designadamente e) Se1viços de Integração Social e Autonomização
crianças, adolescentes, jovens, idosos, pessoas Económica de Famílias e Comunidades;
com deficiências e doenças infecto-contagiosas; d) Seiviços de Apoio Social ao Domicílio para os
j) Promover acções de mediação social, consciencia- Idosos e Pessoas com Deficiência;
lização e educação comunitária que garantam a e) Seiviços de Encaminhamento Social, Psicológico e
pmticipação dos cidadãos no desenvolvimento Pedagógico junto às Comunidades.
das respectivas comunidades; V. Serviços Especializados de Acção Social
g) Promover práticas de cuidados e de educação a 1. Os Se1viços de Acção Social Especializados abran-
crianças, baseadas em relações positivas e que gem acções de nível especializado e enquadram-se nas
respondam às necessidades do seu desenvolvi- inteivenções de protecção social, visando a reparação de
mento psicoafectivo; situações de vulnerabilidade e risco decoirentes de situa-
/~ Facilitar a inclusão dos gmpos sociais em situação ções de ameaça, violação de direitos ou mpttu·a de vínculos
de vulnerabilidade, risco ou marginalização; familiares e comunitários, associadas a fenómenos de exclu-
i) Acompanhar as pessoas, famílias e comunidades são e maiginalização social, que impõem respostas sociais
que tenham dificuldades em gerir as suas vidas concretas.
quotidianas relativamente aos riscos e às adver- 2. Os Se1viços Especializados de Acção Social com-
sidades que possam afectá-los; preendem a seguinte tipificação:
j) Favorecer processos de integração e inserção social a) Seiviços de Média Complexidade;
a nível familiar e comunitário; b) Seiviços de Alta Complexidade.
k) Responder a factores de exclusão social, decor- VI. Serviços de Acção Social de Média Complexidade
rentes de novas tipificações dos fenómenos de Os Serviços de Acção Social de Média Complexidade
marginalização e toxicodependência; compreendem a seguinte tipificação:
/) Oferecer e mobilizar apoio técnico, psicológico e a) Seiviços de Mediação Social, Unificação e Fortale-
acolhimento temporário ou pe1manente a pes- cimento de Vínculos Familiares e Comunitários;
soas em situação de risco; b) Se1viços de Abordagem Social eAcompanhamento
m) Promover e assegurar respostas a situações con- de Pessoas em Situação de Rua;
cretas contra violência, abuso ou outros riscos e) Serviços de Controlo, Tutela e Protecção de
e trabalho infantil, sempre que estas ocoITam e Crianças, Mulhei·es Vítimas de Violência, Pes-
sejam referenciadas a nível familiar ou comuni- soas Idosas, Pessoa com Deficiência e outros
tário; Segmentos da População que sejam Vítimas
n) Deteiminar e avaliar directamente com as pessoas de Violência ou Exclusão de Qualquer outra
as suas necessidades e problemas económicos, Natureza;
sociais e emocionais e proporcionar os se1viços d) Serviços de Apoio Socioeducativo de Menores em
julgados necessários de acordo com as especifi- Cumprimento de Medidas de Protecção Social e
cidades das suas necessidades e mecanismos de Prevenção Criminal;
resposta social existentes; e) Serviços de Apoio Socioeducativo para os Reclu-
III. Tipos de Serviços de Acção Social sos, Pessoas em Libei·dade Condicional, Prisão
Os Se1viços de Acção Social, abrangidos no âmbito do Domiciliária e Ex-Reclusos;
Sistema Nacional de Acção Social, são os seguintes: f) Serviços de Desenvolvimento de Infra-Estmtw·as
a) Se1viços Básicos de Acção Social; Essenciais ao Desenvolvimento Humano, como
b) Se1viços Especializados de Acção Social; sejam escolas, centros de formação, hospitais,
e) Se1viços Gei·ais de Acção Social. outros equipamentos sociais e saneamento.
IV. Serviços Básicos de Acção Social VII. Serviços de Acção Social de Alta Complexidade
1. Os Smriços Básicos deAcçãoSocial abrangem acções, 1. Os Seiviços de Acção Social de Alta Complexidade
inte1venções e actividades de se1viços sociais às famílias e enquadram-se as respostas sociais ligadas a situações de
comunidades, integrando-se no âmbito das inte1venções de grave pei·igo ou verificação, em concreto, de mptura dos vín-
prevenção de riscos e promoção social, destinando-se ao culos sociais, familiares ou comunitários, designadamente
potenciamento, fo1talecimento e melhoria das capacidades situações de abandono familiar, violência, que impõem
das famílias e das comunidades. medidas de acolhimento institucional ou tutelar cabível.
I SÉRIE- N.º 24 - DE 8 DE FEVEREIRO DE 2021 1765
2. Os Se1viços de Acção Social de Alta Complexidade 2. Constitui responsabilidade dos Órgãos da Adminis-
tipificam-se em: tração Local do Estado a promoção e constmção dos
a) Se1viço de Acolhimento Institucional; Equipamentos de Acção Social, de acordo com os planos
b) Se1viços de Acolhimento Tutelar e de Colocação municipais integrados nos Planos de Desenvolvimento
de Menores em Família Substituta; Provincial.
e) Se1viço de Protecção e Acolhimento em Situações 3. É pe1mitido que entidades privadas, nos te1mos de
de Calamidades Públicas e de Emergências; legislação específica, criem e explorem Equipamentos de
d) Se1viços de Apoio Psicossocial. Acção Social.
3. O acolhimento institucional ou tutelar pode ser de 4. Os Equipamentos de Acção Social são objecto de
carácter transitório ou definitivo, sendo dete1minado de mapeamento e geo-referenciação obrigatória, de acordo com
acordo com os factores de risco social, objecto de diagnóstico a caita social municipal e demais n01mas previstas no pre-
psicossocial pelos se1viços especializados de referenciação sente Diploma.
V. Criação dos Centros de Acção Social Integrados
a nível dos órgãos locais.
(CASI)
VIII. Agendamento Social
A criação dos Centros de Acção Social Integrados deve
1. Os Seiviços deAcção Social podem ser desenvolvidos
oc01Ter de acordo com o planeamento e critérios definidos
em regime de agenciamento social, no âmbito das relações
nos Planos de Desenvolvimento Provinciais, tendo em conta
de cooperação e parcei·ia com instituições privadas ou orga-
a disponibilidade de recursos.
nizações de economia social e de solidariedade.
2. A preiTogativa prevista no número ante1ior deve, tanto CAPÍTULO XIII
quanto possível, significar a redução do esforço financeiro Organizações de Economia Social e de Solidariedade
e institucional do Estado na garantia desses seiviços, não I. Princípio Geral
podendo em caso algum redundar no aumento desse esforço 1. O Estado reconhece, estimula, promove, valoriza e
ou na redução dos benefícios do se1viço de acção social apoia, no âmbito da Acção Social, as actividades desenvolvi-
junto da população alvo. das por organizações de economia social e de solidariedade,
SECÇÃO II visando o desenvolvimento e bem-estar das comunida-
Equipamentos Sociais des locais e famílias vulneráveis, no quadro do combate à
I. Princípio Geral pobreza e demais fenómenos de vulnei·abilidade social, em
1. Os Equipamentos Sociais são instituições especia- complementaridade às suas prestações sociais.
lizadas que desenvolvem seiviços destinados ao exei·cício 2. Constitui responsabilidade dos órgãos responsá-
da actividade de assistência social para o beneficio de indi- veis pela implementação da presente Política promovei· o
víduos, ou gmpos de pessoas, que necessitem de atenção desenvolvimento das organizações de economia social e de
individualizada, em situação de vulnerabilidade ou risco solidariedade para a satisfação das necessidades dos gmpos
vulneráveis.
social.
II. Organizações de Economia Social e de Solida-
2. Os Equipamentos Sociais da Acção Social são estrn-
riedade
turados em função de divei·sos públicos-alvo, nas áreas da
1. Estão abrangidas no âmbito do Sistema Nacional de
infância, juventude, população idosa, pessoa com deficiên-
Acção Social as seguintes entidades de economia social e de
cia e pessoas em situação de dependência, em razão do tipo
solidariedade:
de vulnerabilidade, pobreza e risco social, nos te1mos defi-
a) Cooperativas de fins sociais de solidariedade;
nidos por diploma próprio.
b) Associações mutualistas;
II. Tipologias de Equipamentos Sociais
e) Instituições religiosas e paiticulares de solidarie-
A tipologia e classificação dos Equipamentos Sociais de dade social;
Acção Social são definidas por diploma próprio. d) O1ganizações Não Governamentais;
III. Caracterização dos Eqtúpamentos Sociais e) Fundações com finalidades sociais;
Os Equipamentos da Acção Social podem ser urbanos, f) As associações com fins altmísticos, que actuam
peri-urbanos ou mrais, confo1me estejam inseridos em aglo- a nível comunitário, cultural, desp01tivo e do
merados w·banos, peri-urbanos ou mrais segundo as n01mas desenvolvimento social;
de ordenamento do te1Titório. g) As entidades do Sector Comunitário;
IV. Concepção, Dimensionamento e Construção h) As entidades privadas que respeitam os princípios
1. Constitui responsabilidade dos Depaitamentos e fins das entidades de economia social e de
Ministei·iais responsáveis pelas Políticas de Acção Social e solidaiiedade;
pelo Sector das Obras Públicas e Ordenamento do TeiTitório i) O1ganizações de microcrédito que estimulam
a criação de n01mas e critérios técnicos de concepção e actividades produtivas e económicas de pessoas
dimensionamento dos equipamentos da acção social. vulnei·áveis.
1766 DIÁRIO DA REPÚBLICA
2. A implementação da PNAS deverá ser assegurada desenvolvimento de acções, programas e projectos da Área
por actores do sector público, privado e da sociedade civil e de Acção Social.
pelas próprias famílias e comunidades. 4. Realizar campanhas de angariação de recursos e a sua
3. Cada actor é responsável por planificar e desenvolver disponibilização aos intervenientes da sociedade civil na
actividades para os gmpos alvos cobe1tos pela presente polí- Área de Acção Social.
tica, em função do seu mandato ou vocação.
5. Conceber, propor e executar políticas relativas aos
III. Acções Gerais dos Órgãos Responsáveis pelo
gmpos mais vulneráveis da população.
Sector Social
6. Desenhar, identificar e acompanhar a implementação
1. Advogar para a integração dos objectivos da PNAS e
de programas de acção social que petmitam a execução das
estratégia de sua implementação nas políticas, estratégias e
políticas definidas.
nos instn.nnentos de planificação sectoriais das instituições
públicas, privadas, ONG, associações, empresas públicas, 7. Impulsionar a Municipalização da Acção Social
privadas e cooperativas. (MAS), reforçando a capacidade programática, de plani-
2. Garantir o desenvolvimento de acções de assistência ficação e de orçamentação das Administrações Locais, na
e protecção social, com vista ao melhoramento da quali- implementação da Política da Acção Social, com vista a sua
dade de vida das pessoas, famílias e gmpos vulneráveis, nos sustentabilida de.
diversos domínios de interesse. 8. Garantir o apoio técnico e metodológico aos órgãos
3. Capacitar, assistir e monitorar outras instituições do locais, para salvaguardar a eficácia e eficiência na imple-
Governo, não governamentais, associações e empresas no mentação dos programas e projectos de acção social.
1768 DIÁRIO DA REPÚBLICA
viü. Sector que Superintende a Área da Justiça nomeadamente a criança a mulher, a pessoa
e Promoção da Cidadania com deficiência e o idoso vítimas de violência
A responsabilidade deste Sector é relativa: doméstica, de abuso sexual e de tráfico.
a) A promoção e fo1talecimento de um serviço de xi. Sector Empresarial Público e Privado
Acção Social do Sector da Justiça, onde se
a) O Sector Empresarial Público e P1ivado possui res-
destacam a municipalização dos serviços de
ponsabilidades pela adopção e implementação, a
assistência e Patrocínio Jurídico a pessoas e gm-
pos sociais mais vulneráveis, nomeadamente aos nível das respectivas Empresas da Acção Social
cidadãos em situação de carência económica; de Empresa e operacionalização de modelos e
b) A assistência psicossocial aos reclusos; programas de responsabilidade Social, em prol
e) Na promoção de uma Acção Social Prisional e dos trabalhadores e das comunidades afectadas
Penitenciária sólida que inclui a provisão de pelas actividades das empresas;
serviços cotTeccionais diferenciados para meno- b) Pela necessidade de apoio a acções, programas e
res em conflito com a lei; acompanhamento projectos da Acção Social desenvolvidos pelo
psicossocial durante o período de reclusão e no Governos, Organizações Não Governamentais e
período de reintegração social e comunitária
associações da Sociedade Civil.
após a soltura;
xii Organizações da Sociedade Civil e Confis-
d) A promover, a nível comunitário, acções de busca e
identificação de crianças, pessoas idosas ou com sões Religiosas
deficiência e outros gmpos populacionais vulne- Estes actores são de relevância fundamenta Ina implemen-
ráveis, para que tenham acesso aos serviços de tação da PNAS pelo papel preponderante que desempenham
registo e identificação civil; no processo de combate à vulnerabilidade e de seus efeitos
e) A promover junto das comunidades, em a1ticulação sociais junto das famílias e comunidades.
com os órgãos competentes, acções de conscien- xüi Órgãos de Comunicação Social
cialização e educação jw·ídica pela cidadania, Os Ótgãos de Comunicação Social são um parceu-o
respeito pela lei e justiça pública;
fundamental para a divulgação e disseminação da Política
j) A prestar, a nível comunitário, apoio e encaminha-
Nacional da Acção Social, devendo para o efeito divulgar os
mento aos ótgãos competentes de justiça, das
pessoas vitimas de violência, discriminação, programas e projectos implementação da Política da Acção
exploração, abusos e desamparo, em especial Social nos seus conteúdos infonnativos.
pessoas po1tadoras do HIV, mulheres, crianças, xiv. Organizações Internacionais
pessoas idosas ou com deficiência; a) A cooperação internacional, paiticula1mente o
g) A promover, em aiticulação com os órgãos compe- apoio e pa1ticipação na capacitação institucional
tentes em maté1ia de família, o acesso à justiça, do Governo e das 01ganizações nacionais com
perante situações de violência contra a criança, responsabilidades na assistência e protecção
pessoa idosa e com deficiência; social, bem assim, a ajuda financeira da Área da
h) A promover acções de educação comunitária pela
Acção Social, deverão fazer paite do conjunto
defesa da lei, respeito dos bens públicos e adop-
de prioridades nacionais no quadrado combate à
ção de práticas e compo1tamentos confmme a
dignidade da pessoa humana. pobreza, vulnerabilidade e promoção do desen-
ix. Sector que Superintende a Área de Gestão volvimento e do bem-estar social;
Integral de Risco de Calamidades e Protecção b) Assim, a cooperação internacional bilateral e mul-
Civil tilateral, inclusive com as Agências das Nações
Este Sector possui a responsabilidade de: Unidas e Instituições de Financiamento, deverá
Garantir a assistência e protecção às vítimas de calami- centrar-se na assistência técnica e no financia-
dades, procw·ando priorizar a assistência às pessoas, famílias mento de programas virados para o benefício
e gmpos sociais mais vulneráveis. dos gmpos vulneráveis.
x. Os Sectores que Superintendem as Áreas
VII. Estratégia de Coordenação
dos Negócios Estrangeiros e do Interior
1. O Ministério da Acção Social, Família e Promoção
a) Pela necessidade de obse1var a presente Política em
situações de registo de refugiados e regressados; da Mulher - MASFAMU, como órgão de coordenação
b) Pela necessidade de obse1vância da legalidade do Sistema Nacional da Acção Social, fará regula1mente o
nas situações em que se regista a violação dos acompanhamento da implementação da PNAS, pelos dife-
direitos de indivíduos e gmpos vulneráveis, rentes actores a todos os níveis.
I SÉRIE- N .º 24 - DE 8 DE FEVEREIRO DE 2021 1771
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Co1helho, da Ali-cultndio dil Comunidade.: Con, ellw, d<· Conc<'rtado
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QUADROn.º2
Disti·ibuição das Responsabilidades
Nivtl Rtsponsabilidadts
Nívtl R esponsabilidadt s
Facilitar o estab elecimento de tuna «antena» 011cle basear o p iloto na connuia (com
b ase na Achninisb·ação Comunal,jango ou capela) ;
S eivir como a base dosActivistas, Gmpos de Ajuda-Mútua e oub·as «for ças vivas»
da C01mu1a;
A dmin istt·ação Comtu1al S a.vir com o a base d o arquivo segum e confidencial d os casos individuais;
S a vir como a base d o arquivo do.s projectos com1u1itários;
Manter tod o o Sist ein a de Recolha de Dados para a m 011itor ização e ei1b·egar ao
n ível m tulicipal para consolidar;
Paiticip ar activamei1te as inteiv e11ções e proj ectos.
VIII. Intervenções de Reforço da Capacidade Institu- pação em projectos na área social (por ex. criar ceitificação,
cional da Acção Social responsabilidade Social Empresarial).
1. Implementação de mecanismos de coordenação da IX. Mecanismos de Monitorização e Avaliação
Acção Social, visado garantir a integração e participação 1. O Conselho Nacional de Acção Social - CNAS é
dos diferentes órgãos do Sistema Nacional de Acção Social. o ótgão responsável pela monitoria e avaliação da Política
2. Na base está o desenvolvimento do Conselho Nacional Nacional da Acção Social e fará regulaimente o acompanha-
de Acção Social e de um conjunto de relacionamentos ins- mento da implementação da PNAS pelos diferentes actores
titucionais que estimulem a pa1ticipação coordenada dos a todos os níveis.
ó1gãos do Sistema Nacional de Acção Social, aos vários 2. As acções de monitorização do processo da implemen-
níveis (central, provincial, municipal). tação da PNAS incluem:
3. Garantir a pa1ticipação activa, o engajamento dos dife- a) Realização de eventos, reuniões e seminários regula-
rentes actores, nos níveis central, provincial e municipal e res, seguindo uma pei·iodicidade pré-estabelecida,
a partilha das melhores práticas de intetYenção, bem como para a análise do grau de implementação da
a complementaridade de programas, como um elemento PNAS;
chave para o sucesso da Acção Social em Angola. b) Visitas de tt·abalho e actividades conjuntas de
4. Reforço do quadro institucional, inclui o reforço do supeiYisão, como resultado da supetYisão, sei·ão
quadro institucional a nível nacional e local, a fo1mação, produzidos relatórios que destacam os progres-
capacitação e melhor gestão dos quach-os. Incluí a criação sos e constt·angimentos na implementação da
dos Centros da Acção Social Integrados (CASI's), no âmbito política e recomendações sobre aspectos a cotTi-
do reforço da Acção Social, ao nível municipal e de um con- gir e outt·os que devem ser consolidados;
junto de iniciativas estmtw·antes que visem fo1talecer as e) Elaboração, preenchimento e análise regular de
diferentes componentes do quadro institucional, através do insttumentos (fichas) de monitorização siste-
reajustamento das estmtw·as existentes, de fmma a obter-se mática e elaboração de recomendações sobre
maior eficiência, eficácia e efectividade. as medidas cotTectivas ou de consolidação dos
5. Acções de promoção e apetfeiçoamento do diálogo progressos alcançados m execução da política;
e a cooperação entre a comunidade científica e os ptincipais d) A avaliação será assegurada att·avés de análise
actores incluindo aqueles que trabalham nas dimensões socioe- de planos de actividades, relatórios e outt·os
conómicas de redução de 1iscos, desastres e Protecção Civil. documentos de contt·olo dos graus de imple-
6. O objectivo é de criar um quadro institucional consis- mentação da PNAS;
tente com esttutura 01gânica e infra-esttutw·as adequadas. e) Estudos/pesquisas e avaliações específicas,
7. Inclui igualmente aiticulação com a Sociedade Civil, multidisciplinares, vão igualmente constituir
na implementação de mecanismos que potenciam a troca de mecanismos para avaliar o grau de implemen-
experiências, melhores práticas e mapeamento dos projectos tação da PNAS;
promovidos pela Sociedade Civil. f) A análise aos instmmentos de planificação estt·até-
8. Participação das empresas em temáticas sociais, desen- gica do Sector da Acção Social e dos relató1ios
volver medidas que potenciem a pa1ticipação das empresas ttimestt·ais, semestrais, anuais e outros, de activi-
no Sistema de Acção Social att·avés de doações ou partici- dades desenvolvidas, fazem pa1te dos principais
I SÉRIE- N.º 24 - DE 8 DE FEVEREIRO DE 2021 1773
mecanismos de avaliação dos processos, resul- 4. Os Técnicos das Direcções Municipais da Acção
tados e constrangimentos de implementação da Social são os primeiros responsáveis pelo reforço da acção
PNAS; social a nível do município.
g) A monitorização e avaliação da PAS deve ser 5. Os Técnicos das Direcções Municipais de Educação,
assegurada a todos os níveis (central, provincial, Saúde, Agricultw-a e Pescas e do Sector da Justiça e Direitos
municipal, distrital e comunal) pelos demais Humanos, dentre outros darão supotte e patticipam na
sectores que actuam na Área de Acção Social. implementação da PNAS.
X. Modelo de Flnanciamento
6. Os Activistas Sociais são um activo muito impottante
1. A fonte principal de financiamento das acções, pro-
ao nível municipal que trabalham na «linha da frente» nas
gramas e projectos da área da Acção Social é o Orçamento
Comunas. São responsáveis pelas intet-venções/projectos
de Estado.
específicos com base no Plano de Acção Social e deverão
2. Adicionalmente aos fundos do Estado poderão ser
mobilizados recursos a doadores bilaterais e multilaterais. receber de fo1ma regular capacitações especializadas para o
3. As contribuições de Empresas, associações e cumprimento das suas responsabilidades.
Organizações Não Governamentais constituem iguahnente 7. Os Agentes de Desenvolvimento Comunitário e
impo1tantes fontes de financiamento. Sanitário (ADECOS) são os soldados do desenvolvi-
4. Outras fontes de financiamento poderão ser equacio- mento ao nível local e garantem uma inte1-venção de grande
nadas como por exemplo a tributação de ceitas categorias proximidade com as famílias, p01ta-a-po1ta e têm um conhe-
produtos e actividades. cimento profundo da realidade dos baürns e aldeias, uma
XI. Recursos Hwnanos Necessários vez que vivem lá. Actualmente, sob tutela do Ministério
1. Para efectivação das intei-venções de acção social, da Administração do TeiTitório, através do Instituto de
junto dos indivíduos, famílias e comunidades, a provisão Desenvolvimento Local (FAS) estão mais de l .500ADECOS
e gestão de recursos humanos, capacitados e motivados é espalhados pelos vários municípios.
fundamental. Este impo1tante recurso deve ser provido nos 8. Estagiários, estudantes nas Áreas de Educadores
diferentes níveis central, provincial e municipal e nos dife- Sociais, Assistentes Sociais, Sociólogos podem reforçar as
rentes sectores, para petmitir a concretização da perspectiva
equipas locais temporariamente. Para o efeito deve sei· asse-
multissectorial e multidisciplinar.
gurada uma estratégia específica para o seu engajamento por
2. Uma equipa de pessoal técnico do nível central devei·á
via dos programas e projectos.
ser fotmada e treinada nas difei·entes temáticas, para garan-
9. Pessoal voluntário dos Parceiros Sociais devem
tir acompanhamento regular as estrnturas locais, incluindo
apoio técnico e metodológico, bem como acções de monito- promovei· giupos de ajuda-mútua, voluntários junto dos equi-
rização e avaliação. pamentos sociais, bem como trabalhar em intei-venções ou
3. Uma equipa de pessoal técnico do nível provincial projectos específicos.
deverá prestar assistência técnica na implementação das XII. Indicadores e Metas
inte1-venções aos municípios. As equipas provinciais são res- Os objectivos estratégicos definidos no presente
ponsáveis pelo apoio na planificação e implementação da Documento deverão ser alcançados com base em indicado-
inte1-venção dos municípios. res e metas que abaixo se apresenta.
QUADRON.º 3
Mapa Previsional de Indicadores e Metas da Acção Social
M etas Anuais
Domínios de Interven ç.ão Indicadores Total
2020 2021 2022...
Existência de Projectos Integrados de Acção Social nos Mtulicípios 164 40 Proj ectos 64 Projectos 60 Projectos
Metas Anuais
Donúnios de Int erven ção Inclir.adoi·es Total
2020 2021 2022...
h1sti tucionalizar o Sistema Nacional da Acção Social, assegtu·ando
o reforço da Mtulicipalização da Acção Social, com o p aite do 1 X X X
processo de desca1b11lização da Acção Social
Desenvolvimento do CNAS 1 X X X