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Sumário
Introdução ............................................................................................................................................. 1
Política de Habitação em Portugal ...................................................................................................... 2
Quais os principais documentos e regras que devem orientar o desenvolvimento do setor da
habitação? ........................................................................................................................................... 2
Quais foram os principais marcos da política de habitação em Portugal? .......................................... 5
Parque habitacional do Município de Loures .................................................................................... 7
Como é o parque habitacional do Município de Loures?.................................................................... 7
Qual a caracterização das tipologias do parque habitacional do Município de Loures? ..................... 9
Qual é o espaço de enquadramento urbano para cada das tipologias? .............................................. 10
Qual é a evolução do valor das hipotecas e rendas? ......................................................................... 13
Quais são os valores de sobreocupação, subocupação e alojamentos vagos? ................................... 14
Documentação relativa à habitação no Município de Loures ......................................................... 15
Propostas que constam do PDM para a habitação ............................................................................ 15
Documentação adicional que consta no site da Câmara Municipal, relativamente à habitação ....... 15
Avaliação final e recomendações ....................................................................................................... 16
Webgrafia e Bibliografia .................................................................................................................... 17

Resumo
O presente trabalho, no âmbito da disciplina de Geografia Humana, centra-se na habitação na
Área Metropolitana de Lisboa, mais precisamente, no Município de Loures, e na caracterização e analise
do mesmo, com o intuito de identificar possíveis problemas, carências e dificuldades, sugerindo uma
possível solução.

Palavras-chave: Habitação, Município de Loures, área Metropolitana de Lisboa

Introdução
A questão da habitação apresenta-se em Portugal como um dos maiores problemas herdados de
um passado recente, marcado pela falta de políticas promotoras de qualidade de vida. Na verdade, o
país chega até hoje com um parque habitacional onde a degradação e precariedade das habitações, em
muitos casos, sem infraestruturas básicas, se sabe possuir uma dimensão inaceitável.

Embora o direito a uma habitação condigna esteja estabelecido na Constituição da República


Portuguesa, nunca assumiu um consenso na sociedade portuguesa. Os efeitos da crise económica dos
últimos anos acentuaram a problemática da crise do setor da habitação em Portugal, subentendendo que
está relacionado com outros setores estruturantes na economia portuguesa, seja o da construção, o
imobiliário, bancário, etc… assim como as questões inerentes à governação (poderes local/municipal e
o central).

1
Política de Habitação em Portugal
Quais os principais documentos e regras que devem orientar o desenvolvimento
do setor da habitação?
Para assegurar o desenvolvimento do setor da habitação em Portugal e o cumprimento das
regras do mesmo, foram propostos, ao longo dos anos, diversos documentos que pudessem sustentar
essa pretendida evolução, tais como: o Artigo 65º da Constituição da República; Lei de Bases da
Habitação; Novas Políticas da Habitação; Estratégias Locais de habitação; e a Carta Municipal de
Habitação.

Artigo 65.º - (Habitação e urbanismo)

1. Todos têm direito, para si e para a sua família, a uma habitação de dimensão adequada, em condições
de higiene e conforto e que preserve a intimidade pessoal e a privacidade familiar;

2. Para assegurar o direito à habitação, incumbe ao Estado:

a) Programar e executar uma política de habitação inserida em planos de ordenamento geral do


território e apoiada em planos de urbanização que garantam a existência de uma rede adequada
de transportes e de equipamento social;
b) Promover, em colaboração com as regiões autónomas e com as autarquias locais, a construção
de habitações económicas e sociais;
c) Estimular a construção privada, com subordinação ao interesse geral, e o acesso à habitação
própria ou arrendada;
d) Incentivar e apoiar as iniciativas das comunidades locais e das populações, tendentes a resolver
os respetivos problemas habitacionais e a fomentar a criação de cooperativas de habitação e a
autoconstrução.

3. O Estado adotará uma política tendente a estabelecer um sistema de renda compatível com o
rendimento familiar e de acesso à habitação própria;

4. O Estado, as regiões autónomas e as autarquias locais definem as regras de ocupação, uso e


transformação dos solos urbanos, designadamente através de instrumentos de planeamento, no quadro
das leis respeitantes ao ordenamento do território e ao urbanismo, e procedem às expropriações dos
solos que se revelem necessárias à satisfação de fins de utilidade pública urbanística;

5. É garantida a participação dos interessados na elaboração dos instrumentos de planeamento


urbanístico e de quaisquer outros instrumentos de planeamento físico do território.

Lei de Bases da Habitação

1. Lei n.º 83/2019 - Diário da República n.º 168/201119-09-03: estabelece as bases do direito à
habitação e as incumbências e tarefas fundamentais do Estado na efetiva garantia desse direito
a todos os cidadãos, nos termos da Constituição;
2. Decreto-Lei n.º 89/2021 - Diário da República n.º 213/2021, Série I de 2021-11-03:
regulamenta normas da Lei de Bases da Habitação relativas à garantia de alternativa
habitacional, ao direito legal de preferência e à fiscalização de condições de habitabilidade.

2
Novas Políticas de Habitação

1. Garantir o acesso de todos a uma habitação adequada, entendida no sentido amplo de habitat e
orientada para as pessoas, passando por um alargamento significativo do âmbito de
beneficiários e da dimensão do parque habitacional com apoio público;
2. Criar as condições para que, tanto a reabilitação do edificado como a reabilitação urbana passem
de exceção a regra e se tornem nas formas de intervenção predominantes, tanto ao nível dos
edifícios como das áreas urbanas.

Objetivo 1

Dar respostas às famílias que vivem em situação de grave carência habitacional:

a) 1.º Direito – programa de apoio ao acesso à habitação;


b) Porta de entrada – programa de apoio ao alojamento urgente.

Objetivo 2

Garantir o acesso à habitação a todos os que não têm resposta por via do mercado.

Programa de arrendamento acessível:

a) Porta 65 – Jovens – sistema de apoio financeiro ao arrendamento por jovens;


b) Instrumentos de promoção da segurança e estabilidade no arrendamento;
c) Instrumentos de captação de oferta;
d) Indicadores de preços e acessibilidade habitacional.

Objetivo 3

Criar as condições para que a reabilitação seja principal forma de intervenção ao nível do edificado e
do desenvolvimento urbano;

Reabilitar para arrendar:

a) Plano estratégicos de desenvolvimento urbano/Plano de ação reabilitação urbana;


b) Plano estratégicos de desenvolvimento urbano/Plano de ação integrado para as comunidades
desfavorecidas;
c) Plano de reabilitação urbana de bairros sociais na vertente da edificação energético;
d) Projeto reabilitar como regra;
e) Medidas de promoção da manutenção regular e da plena utilização do edificado.

Objetivo 4

Promover a inclusão social e territorial e as oportunidades de escolha habitacional:

a) Chave na mão – programa de mobilidade habitacional para a coesão territorial;


b) Da habitação ou do habitat- programa de coesão e integração socio-territorial dos bairros de
arrendamento público;
c) Porta ao lado – programa de informação, encaminhamento e acompanhamento de proximidade
para acesso à habitação;
d) Programa de mobilidade habitacional no parque de arrendamento público.

3
Estratégias Locais de Habitação

As Estratégias Locais de Habitação (ELH) são um instrumento que define a estratégia de


intervenção em matéria de política de habitação. Tem por base um diagnóstico das carências existentes,
relativamente ao acesso à habitação, dos recursos e das dinâmicas de transformação das áreas a que se
referem, de forma a definir as metas e os objetivos a atingir no período da sua vigência, especificar as
soluções habitacionais a desenvolver e a sua priorização. Deve ainda articular os objetivos e as ações a
desenvolver em matéria de política de habitação com as outras políticas setoriais, nomeadamente, as
políticas urbanas, sociais, de emprego, educação, saúde, transportes, entre outras. Deve assim fornecer
um enquadramento estratégico e um modelo de intervenção, para a atuação em matéria de habitação,
transparente, simples, pragmático e mensurável, que oriente e articule as políticas públicas de habitação
e a atuação das entidades públicas e privadas no território em causa.

No âmbito da Nova Geração de Políticas de Habitação, as ELH são valorizadas como forma de
promover não só a adequação dos instrumentos de política nacionais às especificidades locais e a adoção
de uma abordagem integrada e estratégica na sua implementação, como de garantir que as soluções
habitacionais a desenvolver com apoio público são conducentes à integração socio-territorial das
comunidades menos favorecidas.

Com efeito, esta adequação e abordagem integrada é considerada particularmente crítica no


caso dos instrumentos de apoio ao acesso à habitação por parte das famílias que vivem em situação de
grave carência habitacional e que frequentemente enfrentam outros obstáculos mais profundos à sua
inclusão e autonomia, como sejam a pobreza, o desemprego, a discriminação, a falta de qualificações,
entre outros.

Por esta razão, a apresentação prévia, por parte do município, da ELH é obrigatória no caso do
apoio a conceder ao abrigo do 1.º Direito - Programa de Apoio ao Acesso à Habitação, que visa a
promoção de soluções habitacionais para pessoas que vivem em condições habitacionais indignas e que
não dispõem de capacidade financeira para suportar o custo do acesso a uma habitação adequada.

Carta Municipal de Habitação

A Carta Municipal de Habitação deve definir as necessidades de solo urbanizado e de


reabilitação do edificado que respondem às carências habitacionais, as situações que exijam
realojamento por degradação habitacional, a nível social ou urbanístico, do aglomerado ou do edificado,
a identificação dos agregados familiares em situação de manifesta carência de meios para acesso à
habitação, as intervenções a desenvolver para inverter situações de perda populacional e processos de
gentrificação, a identificação dos agentes, públicos ou privados, a quem compete a concretização das
intervenções a desenvolver, a identificação dos agentes do setor cooperativo, da rede social e das
associações ou comissões de moradores, chamados a cooperar para a concretização das intervenções a
desenvolver, bem como o modelo de acompanhamento, monitorização e avaliação da Carta Municipal
de Habitação.

4
Quais foram os principais marcos da política de habitação em Portugal?
Até se definirem os documentos e regras apresentados na questão anterior, houve uma evolução
das políticas de habitação em Portugal, que sempre tiveram o mesmo objetivo: tentar encontrar soluções
que garantam a habitação de uma forma digna para a população, para que consequentemente estas
possam ser implementadas.

No final do Séc. XIX, devido à pouca higienização e ao grande crescimento urbano, Portugal
vê-se forçado a implementar um projeto-lei que visa a construção de casas económicas, que apenas
oferecia vantagens a empresas privadas para a construção de alojamento para a classe operária, assim
como se viu noutros países europeus. Este projeto não foi muito eficaz, acabando por atrasar as
verdadeiras soluções de habitação social e de apoio a classes mais baixas. Mais tarde nesse século,
acabou por se agravar uma crise económica, trazendo ainda mais problemas em termos de habitação,
higiene e qualidade das cidades, principalmente na capital e no Porto. Começou a haver locais de muito
pouca qualidade onde a população se aglomerava, surgindo assim o termo de “pequenos bairros para as
classes pobres”.

A aparição do Estado Novo desenvolveu uma política pouco focada em aspetos de urbanização
e só a partir da década de 40 é que se viu algumas propostas de alojamento, exigidas por avanços
pequenos da industrialização, como por exemplo: congelamentos de rendas em 1943; aparecimentos de
bairros camarários no Porto, entre 1956-58; e outras promoções ao setor público de habitação, como é
o caso de bairros nos Olivais, em Lisboa, entre 1965-66; entre outras.

Após o 25 de Abril de 1974, nota-se uma enorme mudança social e política. Ocorrem diversos
movimentos sociais e manifestações que contestavam os graves problemas de habitação social. Foi
ainda no mesmo ano que se criou o SAAL (Serviço de Apoio Ambulatório Local) que pretendia ajudar
na mitigação de habitações pouco salubres. Eram feitas brigadas que interagiam com os moradores,
para debater a construção de novos bairros e também para melhorar a proximidade e participação da
população sobre estes assuntos. Este serviço foi perdendo força, à medida que a democracia
representativa se ia consolidando.

Em dezembro de 1974 foi publicado um diploma que visa apoiar as CHE (Cooperativas de
Habitação Económica). Estas cooperativas que tinham como objetivo a construção de habitação social,
no entanto, os modelos de financiamento e outros condicionamentos só se definiram com o Código
Cooperativo de 1980 pois, mesmo com explosão da criação de cooperativas, foram construídos muito
poucos fogos entre 1974-79. Após este código, houve um grande aceleramento na construção de novos
fogos, passando de cerca de 250 novos fogos construídos por ano para até 3000 por ano.

Mas no final da década de 80, com o retardar da construção de fogos, as entidades estavam já a
focalizar-se na classe média, ao mesmo tempo que “o crédito à habitação [se mantinha] destinado a
grupos sociais com alguma solvência” e ainda se notava uma grande quantidade de população mal
alojada, principalmente em fogos não clássicos. É com isto em mente que é depois criado, em meados
da década de 90, o PER (Plano Especial de Realojamento), que permite aos municípios a construção de
fogos ou a aquisição de alojamentos no mercado, desde que se enquadrem num determinado valor,
assim como apoios à aquisição, por famílias a realojar, de habitações, mesmo em casas na sua terra de
origem ou outros locais com habitações em reabilitação. Em consequência do PER, já foram
contratualizados até 33mil fogos, na AML. Isto, mesmo assim, trouxe consequências como a
concentração de homogeneidade social e a falta de espaços públicos de qualidade ou redes de transporte
nas novas habitações construídas.

5
Mais tarde, em 2004, surgiu o PROHABITA, um programa que vinha repensar o processo dos
realojamentos, que priorizava a reabilitação de edifícios em detrimento ou o melhoramento na sua
eficiência energética ao invés da construção de novas casas.

Finalmente, no âmbito da Nova Geração de Políticas de Habitação, foram propostos novos programas
e soluções, que já foram explicados na pergunta anterior.

6
Parque Habitacional do Município de Loures
Como é o parque habitacional do Município de Loures?

Loures

ANO EDIFÍCIOS ALOJAMENTOS FAMÍLIAS


2001 27.226 87.458 70.949
2011 31.219 99.322 80.464
EVOLUÇÃO (%) +14,67% +13.57% +13,41%

Área Metropolitana de Lisboa

ANO EDIFÍCIOS ALOJAMENTOS FAMÍLIAS


2001 395.350 1.307.577 1.005.671
2011 450.406 1.487.124 1.147.775
EVOLUÇÃO (%) +13,93% +13,73% +14,13%

Houve um aumento de 13,93% (55.056 edifícios) do número de edifícios em 10 anos – de 2001


para 2011 - na Área Metropolitana de Lisboa. Em Loures, o aumento foi de 14,67% (3.993 edifícios),
de 2001 para 2011. O acréscimo de edifícios de Loures, nesse período, representa 7,25% dos novos
edifícios da AML.

Ao estudarmos a evolução do número de alojamentos da Área Metropolitana de Lisboa,


percebemos que houve um aumento de 13,73% (179.547 alojamentos) do número de alojamentos ao
longo do tempo, entre 2001 e 2011, sendo que, em Loures, nesse mesmo período, o aumento foi de
13.57% (11.864 alojamentos). 6,61% dos 179.547 novos alojamentos na AML pertencem ao município
do Loures.

Quanto ao número de famílias, na AML, de 2001 para 2011, foi contabilizado um aumento de
mais 142.104 famílias, ou seja, deu-se uma subida de 14,13% no número de famílias. Em Loures, no
mesmo período de tempo, este aumento foi de 13,41% (9.515 famílias). Comparando a subida do
número de famílias da AML e de Loures, ao longo dos 10 anos referidos, podemos concluir que 6,70%
das 142.104 novas famílias da AML encontram-se em Loures.

7
Utilizando estes dados, conseguimos ainda relacionar o número de edifícios, alojamentos e
famílias entre si:

• Em 2001 havia uma média de 3,21 alojamentos por edifício na área de Loures, sendo que na
AML a média era de 3,31 alojamentos por edifício.
• Quanto ao ano de 2011, a média do número de alojamentos por edifício em Loures aumenta
para 3,18, enquanto na AML diminui para 3,03.
• Havia uma média de 0,81 famílias por alojamentos em Loures, em 2001; na AML a média era
de 0,77 famílias por alojamento, nesse mesmo ano. Desta forma, concluímos que o número de
alojamentos disponíveis era superior ao número de famílias.
• Em 2011 o número de família por alojamento manteve-se, tanto em Loures como na AML.

O aumento do número de edifícios, alojamentos e famílias, de 2001 para 2011, foi cerca de 14%
- não só na AML, mas também em Loures. Assim, estando estes valores equiparados, resta-nos inferir
que, com o aumento do número de famílias, deu-se o aumento do número de alojamentos e,
consequentemente, do número de edifícios, numa proporção similar.

8
Qual a caracterização das tipologias do parque habitacional do Município de
Loures?

Loures

ANO EDIFÍCIOS MORADIAS HABITAÇÃO FOGOS NÃO


COLETIVOS SOCIAL CLÁSSICOS
2011 7.461 22.314 551 202
2021 7.491 22.992 - -
EVOLUÇÃO (%) +0,4% +3,04%

AML

ANO EDIFÍCIOS MORADIAS HABITAÇÃO FOGOS NÃO


COLETIVOS SOCIAL CLÁSSICOS
2011 117.414 322.603 9.090 2.078
2021 116.561 329.112 - -
EVOLUÇÃO (%) -0,73% +2,02%

Visto que não foram encontrados os valores, tanto para o número de habitações sociais como para os
fogos não clássicos relativamente a 2021, foram feitas comparações apenas no ano de 2011.
Então, nesse ano:
• Os Edifícios Coletivos de Loures representavam 6,36% dos EC na AML;
• As Moradias de Loures eram 6,92% do total de moradias da AML;
• A Habitação Social de Loures representava 6,06% da habitação social na AML;
• Os Fogos Não Clássicos de Loures representavam 9,72% do total de fogos não clássicos na
AML.

Concluindo, através da análise dos dados, percebe-se que há um problema maior no controlo
de fogos não clássicos no concelho de Loures, visto que a percentagem dessa tipologia, dentro do seu
parque habitacional, chega a quase 10% do total de fogos não clássicos da AML. Ao mesmo tempo que
a sua proporção, em comparação às outras tipologias é muito maior, visto que o resto das tipologias
representam apenas até 7% do seu total na AML.

Nota: Não foram encontrados valores para o ano de 2001.

9
Qual é o espaço de enquadramento urbano para cada uma das tipologias?

Fig.1: Infantado - Edifícios de Alojamento Coletivo

Fig.2: Fetais – Moradias (Área Urbana de Génese Ilegal)

Fig.3: Serra da Amoreira – Moradias

Fig.4: Camarate – Fogos Não Clássicos

10
O município de Loures apresenta uma distribuição quase uniforme da eletricidade, do
abastecimento público de água e limpeza urbana, nomeadamente a recolha e o transporte de resíduos
sólidos urbanos (ambos serviços assegurados pela SIMAR - Serviços Intermunicipalizados de Águas e
Resíduos dos Municípios de Loures e Odivelas). Porém, comparando as diferentes tipologias de
habitação apresentadas nas imagens acima, observamos uma notável divergência no que toca aos
espaços de enquadramento em que as mesmas se inserem e, sobretudo, à sua organização e a alguns dos
serviços públicos/da população disponíveis nesses mesmos espaços.

Tanto os edifícios de alojamento coletivo como as moradias se encontram numa área


relativamente organizada e estruturada, no entanto, estas duas tipologias não são totalmente iguais: o
espaço onde se inserem os edifícios de alojamento coletivo está bastante próximo de estradas principais,
ao contrário do que se constata na imagem das moradias. Observando a imagem aérea que representa
moradias de cariz ilegal nas AUGI, entendemos uma maior falta de organização. Os fogos não clássicos
não têm qualquer tipo de planeamento e, por isso, carecem em ordem e regularidade.

Analisando mais detalhadamente cada uma das áreas de enquadramento das diferentes tipologias
referidas, foram obtidas as seguintes informações:

Edifícios de Alojamento Coletivo (Fig.1):

Esta tipologia encontra-se pouco isolada e está numa área onde os seus habitantes têm acesso a
farmácias, centros de saúde e a um espaço do cidadão. Têm também ao seu dispor zonas de comércio
(como, por exemplo, o Loures Shopping, supermercados e mercearias) e locais de restauração. Este
espaço permite o usufruto de alguns transportes públicos e de espaços de lazer como jardins e parques
(incluindo parques infantis e parques caninos). Tem ainda escolas básicas, um colégio, uma creche e
um jardim de infância. Os correios são mais um serviço disponível neste local.

Os edifícios de alojamento coletivo encontram-se num espaço permeabilizado por estradas ou


ruas municipais principais.

Moradias em Áreas Urbanas de Génese Ilegal (Fig.2):

No espaço onde se enquadram as AUGI apresentadas acima, existem vários serviços que se
encontram disponíveis à sua população, tais como uma farmácia, um shopping e algumas mercearias,
locais dedicados à restauração, um jardim, um jardim de infância e uma escola básica. Nesta zona,
podemos também encontrar o correio local e, ainda, usufruir de transportes públicos.

Fetais encontra-se na rede urbana de Loures perto de outros bairros e de uma zona relativamente
industrializada. É uma zona permeabilizada por estradas ou ruas municipais principais.

11
Moradias (Fig.3):

Na área onde se encontram inseridas moradias, conseguimos usufruir de vários serviços à


população. No caso específico da Serra da Amoreira, existe uma farmácia disponível e centros de saúde.
Nesta zona, há também supermercados, mercearias e comércio vário, bem como restaurantes; há
parques e correios também. Para além de haver uma creche, um jardim de infância, uma escola básica
e um externato, há ainda uma escola de condução. As pessoas desta zona têm ainda a possibilidade do
usufruto de transportes públicos.

A Serra da Amoreira está próxima de outras localidades, pelo que não se encontra numa zona
isolada. Torna-se permeável por estradas ou ruas municipais principais.

Fogos Não Clássicos (Fig.4):

Há falta de água (+ canalização) e eletricidade. Dependem de outras áreas para acederem a


serviços à população porque os mesmos são inexistentes nestas zonas e, para além de apenas se
rodearem por vias secundárias, têm poucos acessos.

12
Qual é a evolução do valor das hipotecas e rendas?

Loures

ANO HIPOTECAS RENDAS


2001 287€ -
2011 423,52€ 341,81€
% +47,57%

AML

ANO HIPOTECAS RENDAS


2001 314€ -
2011 475,10€ 360,07€
% +51,31%

Houve um aumento de 67,77€ no valor das hipotecas em Loures e de 66,00€ em AML, entre
2001 e 2011, o que seria de esperar devido ao aumento do salário mínimo e do número de famílias
residentes em ambas as áreas. No entanto, independentemente do tipo de encargo (rendas ou hipotecas),
o valor é menor em Loures do que na média da AML, como previsto.

Consideramos os valores de hipoteca e renda altos nos dois os anos estudados, visto que quase
coincidem com o valor do salário mínimo nacional em 2001 e em 2011, respetivamente (2001 – 334,2€;
2011 – 485,0€).

Nota: Não se obteve os valores médios das rendas, relativamente ao ano de 2001.

13
Quais são os valores de sobreocupação, subocupação e alojamentos vagos?

Loures

ANO SOBREOCUPAÇÃO SUBOCUPAÇÃO ALOJAMENTOS


VAGOS
2001 20.88% 46.06% 10.00%
2011 14.71% 56.17 11,78%

Grande Lisboa

ANO SOBREOCUPAÇÃO SUBOCUPAÇÃO ALOJAMENTOS


VAGOS
2001 17.47% 51.40% 11.90%
2011 13,47% 57.92% 12,77%

Analisando os dados e comparando:

• Os valores de sobreocupação desceram em ambas as zonas, descendo 6,17% em Loures, e


4,00% na Grande Lisboa;
• As percentagens de alojamentos subocupados aumentou, em Loures, um valor de 10,11% e na
Grande Lisboa subiu 6,52%;
• Os valores de alojamentos vagos aumentaram em Loures 1,78% enquanto na Grande Lisboa
aumentou 0,87%.

A diminuição de casos de alojamentos em sobreocupação pode ser vista como positiva, pois com um
grande número de pessoas a habitar coletivamente um mesmo alojamento que não as consegue albergar,
a probabilidade de vivências com menos qualidade ou conforto pode aumentar.

Ao mesmo tempo, os valores de subocupação e de alojamentos vagos aumentaram, em ambas as


localidades, o que pode, em certos contextos, trazer algumas desvantagens, seja através de uma maior
facilidade na degradação de edifícios, no caso dos alojamentos vagos, se estes não tiverem nenhum
tratamento e também a ocupação de espaço desnecessário de alojamentos subocupados, que podiam dar
habitação a mais famílias, que necessitem disso para viver com mais qualidade.

Nota: Não foram encontrados os valores para a AML nos anos selecionados, por isso a comparação tem
de ser feita com a Grande Lisboa, referente à NUTS – 2002.

14
Documentação relativa à habitação no Município de Loures
Propostas que constam do Plano Diretor Municipal (PDM) para a habitação
Não foram encontradas propostas para a habitação no Plano Diretor Municipal de Loures.

Documentação adicional que consta do site da Câmara Municipal, relativamente


à habitação

Fig.5: Site da Câmara Municipal de Loures (Urbanismo)

No site da Câmara Municipal de Loures, consta também informação sobre as Áreas de


Reabilitação Urbana (ARU), Áreas Urbanas de Génese ilegal (AUGI) e alguns estudos e estatísticas,
referentes ao ano 2011.

Na primeira secção do site da Câmara Municipal encontra-se a Proposta de Delimitação das


ARU.
As ARU (Áreas de Reabilitação Urbana) são áreas territorialmente delimitadas que, graças à
insuficiência e degradação dos edifícios, das infraestruturas, dos equipamentos de utilização coletiva e
dos espaços urbanos e verdes de utilização coletiva, designadamente no que se refere às suas condições
de uso, solidez, segurança, estética ou salubridade, justifique uma intervenção integrada, através de uma
operação de reabilitação urbana aprovada em instrumento próprio ou em plano de pormenor de
reabilitação urbana.

A segunda documentação presente no site é referente a informações sobre origens e delimitação


das chamadas AUGI (Áreas Urbanas de Génese Ilegal), assim como estratégias e objetivos para a
reconversão destas.
AUGI é uma designação atribuída a prédios ou conjunto de edifícios, predominantemente, ocupados
por construções não licenciadas, ou que tenham sido submetidos a uma operação de parcelamento
destinado à construção apesar de não ter sido emitida uma licença de loteamento aprovada pela Câmara
Municipal.

Na última secção de Estudos e Estatísticas, encontram-se dados relativos aos censos de 2011,
que são referentes tanto à habitação e parque habitacional, como também aos indivíduos e famílias, no
município de Loures.

15
Avaliação final e recomendações

Nota-se que a habitação e o urbanismo nunca foram uma grande prioridade a ser resolvida no
município de Loures, atendendo a alguns valores recolhidos e também, por exemplo, à falta de propostas
no Plano Diretor Municipal no que consta à habitação.

Recomendamos que o município se foque mais em soluções referentes ao urbanismo, como por
exemplo: Um processo de realojamento de habitantes, devido ao elevado número de fogos não clássicos,
assim como uma percentagem significativa de alojamentos vagos, para que estes possam ser utilizados
por famílias realocadas; também recomendamos um melhor desenvolvimento na rede de transportes
pelo concelho.

Com base no que foi analisado no presente trabalho, não identificámos outras possíveis
carências que se possam notar no município de Loures e que afetem gravemente a qualidade de vida
dos seus residentes.

16
Webgrafia e Bibliografia
Instituto Nacional de Estatística, Portal do INE. https://www.ine.pt/ [Novembro de 2022]

Fundação Francisco Manuel dos Santos, PORDATA Estatísticas Sobre Portugal e Europa.
https://www.pordata.pt/ [Novembro 2022]

Câmara Municipal de Loures. https://www.cm-loures.pt/ [Novembro de 2022]

Município de Lisboa, Lisboa. https://www.lisboa.pt/ [Novembro de 2022]

Portal da Habitação. https://www.portaldahabitacao.pt/ [Novembro de 2022]

Porto Editora, PER na Infopédia. https://www.infopedia.pt/$per [Novembro de 2022]

Gonçalo Antunes, “Política de habitação social em Portugal: de 1974 à actualidade” Forum


Sociológico. https://journals.openedition.org/sociologico/4662 [Novembro 2022]

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